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ISSN: 2595-6825
RESUMO
A Paralisia Cerebral (PC), também conhecida como Encefalopatia Crônica não
Progressiva da Infância, é caracterizada por uma desordem de movimento e postura,
acometendo crianças de até 2 anos de idade. A Tecnologia Assistiva (TA) é um termo
novo, utilizado para identificar todos os recursos, ampliando a habilidade funcional dos
indivíduos portadores de deficiências, levando à independência e inclusão. Este estudo
surgiu com base na necessidade de se proporcionar adequações e ferramentas para
melhora da satisfação e qualidade de vida dos pacientes com PC que fazem uso desse
recurso tecnológico. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a satisfação do usuário e sua
qualidade de vida relacionada ao uso da Tecnologia Assistiva. Trata-se de um estudo de
campo, do tipo transversal, utilizando uma abordagem quantitativa, realizado no Centro
de Reabilitação Ninota Garcia, na Clínica Novadapt, na Clínica Alessandra Silva e no
CREIA. Para a coleta de dados, foi utilizado o instrumento Quebec User Evoluation of
Satisfation with Assistive Technology (QUEST 2.0), a fim de avaliar a satisfação do
usuário, bem como sua qualidade de vida. Com esta pesquisa, observou-se que a maior
parte dos participantes (58,33%) adquiriram a TA por recursos próprios (Particular), com
o predomínio da órtese suropodálica adaptada. Quanto aos itens mais escolhidos pelas
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crianças do estudo, considerados por elas como mais importantes e necessários para a
tecnologia assistiva, nota-se que o item de maior destaque foi Conforto (92%). Além
disso, tornou-se notório que os participantes do estudo demonstraram-se satisfeitos com
os recursos disponíveis no mercado e criticaram os serviços oferecidos pela empresa.
ABSTRACT
Cerebral Palsy, also known as Childhood Non-Progressive Chronic Encephalopathy, is
characterized by movement and posture disorder, affecting children until 2 years old.
Assistive Technology (AT) is a new term used to identify all resources, enhancing the
functional ability of people with disabilities, causing independence and inclusion. This
study emerged based on the need to define adaptations and tools to improve the
satisfaction and quality of life of patients with cerebral palsy who make use of this
technological resource. The purpose of this research was to evaluate user satisfaction and
quality of life when using Assistive Technology. This is a cross-sectional and field study
using a quantitative approach, conducted at the Ninota Garcia Rehabilitation Center,
Novadapt Clinic, Alessandra Silva Clinic and CREIA. For data collect, Quebec User
Evolution of Satisfaction with Assistive Technology (QUEST 2.0) instrument will be used
in order to assess user satisfaction as well as their quality of life. With this research, it
was observe that most participants (58.33%) acquired TA by private resource, with the
predominance of suropodalic orthosis. Regarding the items most chosen by the children
of this study, considered by them as the most important and necessary for assistive
technology, it was observe that Comfort (92%) was the most prominent item. In addition,
it was seen or reported by the study participants which demonstrated satisfaction with the
resources in the market and they did not like services offered by the company.
1 INTRODUÇÃO
Paralisia Cerebral (PC) é uma lesão encefálica estática, definida como uma
desordem não progressiva do movimento e postura. Está comumente associada com
epilepsia e anormalidades da fala, audição, visão e retardo mental. O desenvolvimento
motor da criança com Paralisia Cerebral restringe-se à experimentação de padrões
normais de movimentos funcionais que são essenciais para o desenvolvimento motor
normal. Consequentemente, há diminuição da coordenação e controle dos movimentos
voluntários e da postura, ocasionando alterações no desenvolvimento motor (WINNICK,
2008; ROSA et al., 2008).
A forma mais frequente de PC é a espástica, que pode ser quadriplégica,
hemiplégica e diplégica. Trata-se de uma lesão do Sistema Nervoso Central (SNC) que
compromete o neurônio motor superior, levando a quadros bem característicos, como
espasticidade, reflexos profundos hiperativos, clônus, reflexo cutaneoplantar em extensão
(sinal de Babinski), lentificação dos movimentos, fraqueza, atrofia muscular, contraturas
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objetivo geral deste estudo foi avaliar a satisfação do usuário com a Tecnologia Assistiva
em diversos aspectos, justificando a necessidade do uso efetivo destes dispositivos.
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo do tipo transversal, observacional, de campo e de caráter
quantitativo, realizado mediante autorização e assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido pelos responsáveis legais da criança. A pesquisa foi realizada no
Centro de Reabilitação Ninota Garcia, na Clínica Novadapt, na Clínica Alessandra Silva
e no CREIA. Esses espaços foram selecionados para a coleta de dados por serem
referência no Estado no que diz respeito à reabilitação de crianças com Encefalopatia
Crônica Não Progressiva da Infância, além de possuírem infraestrutura adequada para a
execução do estudo.
A amostra foi por conveniência, constituída por 12 crianças na segunda infância,
ou seja, com faixa etária entre 8 e 12 anos, a fim de que as mesmas pudessem responder
satisfatoriamente aos questionamentos da pesquisa. Foram incluídas crianças com
diagnóstico de Paralisia Cerebral, de ambos os sexos, que fizessem uso de tecnologia
assistiva há pelo menos seis meses. Estabeleceu-se como critério de exclusão pacientes
que apresentassem comprometimento osteoarticular severo e que não mantivessem
cognição preservada para responder ao questionário proposto.
O presente projeto foi enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos (CEP), via Plataforma Brasil, para solicitação de liberação. As crianças foram
incluídas no estudo mediante a autorização do responsável legal pelas mesmas e posterior
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa seguiu
normas e resoluções Nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) do Ministério
da Saúde.
As crianças inseridas no estudo foram avaliadas, inicialmente, através de uma
ficha de avaliação elaborada pelas próprias pesquisadoras, contendo dados gerais, como
nome, idade, sexo e tempo de uso do dispositivo. Posteriormente, responderam ao
questionário Quebec User Evolution Of Satisfaction With Assistive Technology (Quest
2.0), o qual foi adaptado pelas próprias pesquisadoras para viabilizar a compreensão das
questões pelas crianças, otimizando as suas respostas.
O questionário tem como objetivo avaliar a satisfação do usuário com tecnologia
assistiva em diversos aspectos, justificando a necessidade do uso efetivo dos dispositivos.
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3 RESULTADOS
Fizeram parte do estudo 12 crianças, sendo 6 de cada sexo (50% do sexo
masculino e 50% do sexo feminino). A idade foi apresentada em anos por média e desvio
padrão (10,17±1,27). A média de tempo relacionada ao uso do dispositivo foi de 4,17 ±
1,34, conforme explicitado na Tabela 1.
Tabela 1. Variáveis gerais das crianças avaliadas. Dados apresentados em média ± desvio padrão.
Variáveis Média ± DP
Idade (anos) 10,17 ± 1,27
Tempo de uso do dispositivo (anos) 4,17 ± 1,34
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Tabela 2. Uso da Tecnologia Assistiva estratificado pelo meio de aquisição. Dados apresentados em
frequência absoluta (N) e relativa (%).
Tecnologia assistiva N (%)
Particular 7 (53,85%)
Cadeira de rodas adaptada 2 (15,38%)
Andador adaptado 2 (15,38%)
Órtese suropodálica adaptada 3 (23,08%)
Muletas canadense adaptada 1 (7,69%)
SUS 5 (38,46%)
Cadeira de rodas adaptada 2 (15,38%)
Órtese suropodálica adaptada 3 (23,08 %)
Total Geral 13 (100,00%)
15,38%
46,15%
30,77%
Muleta adaptada Andador adaptado Cadeira de rodas adaptada Órtese suropodálica adaptada
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Tabela 3. Itens escolhidos pelos pacientes entrevistados. Dados apresentados em frequência absoluta (N) e
relativa (%).
Itens escolhidos N (%)
Conforto 11 (92%)
Peso 5 (42%)
Segurança 5 (42%)
Eficácia 4 (33%)
Facilidade de uso 4 (33%)
Ajustes 3 (25%)
Durabilidade 2 (17%)
Dimensões 1 (8%)
Reparos/assistência técnica 1 (8%)
Tabela 4. Resultado do questionário Quest 2.0 (adaptado) das crianças avaliadas. Dados apresentados em
média ± desvio padrão.
Resultado Quest 2.0 (adaptado) Média ± DP
Subtotal de Recursos 4,31 ± 0,56
Subtotal de Serviços 2,77 ± 0,62
Escore Total 0,59 ± 0,06
4 DISCUSSÃO
Oliver (2013) afirma que o desenvolvimento tecnológico tem influenciado no
âmbito da reabilitação e nota-se um crescente investimento na produção de recursos que
passaram a compor a relação de ações terapêuticas destinadas a atender às necessidades
das pessoas com deficiência. A TA é um aspecto ambiental e inclui produtos e tecnologias
para uso pessoal na vida diária, facilitação da mobilidade e transporte pessoal,
comunicação, educação, trabalho, cultura, atividades recreativas e desportivas. O mesmo
declara ainda que a implementação de TA é fundamental para contribuir com as diferentes
etapas do seu desenvolvimento neuropsicomotor, oferecer condições para sua
participação social e auxiliar as famílias nas ações de cuidado.
De acordo com Ireno et al. (2019), existem diferentes recursos, métodos e
abordagens de intervenção terapêutica que buscam minimizar as dificuldades e facilitar a
funcionalidade e a participação de crianças com PC em atividades cotidianas. Dentre eles,
citam-se os recursos da Tecnologia Assistiva (TA) como adjuvantes no tratamento de
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reabilitação, tais como as órteses. Essas possuem um papel fundamental, pois têm a
função de manter e/ou promover a amplitude de movimento articular, a fim de substituir
ou aumentar a função, prevenir ou corrigir deformidades, oferecer repouso articular e
reduzir a dor.
Ferreira et al. (2012) relatam em sua pesquisa que, a partir da segunda infância, a
criança inicia a fase da leitura mais aprofundada e da escrita mais elaborada, sendo uma
das estratégias para as crianças com PC o uso da TA, havendo mais suporte para evoluir
intelectualmente, incluindo-se no meio social das outras crianças e acelerando o
desenvolvimento motor. No estudo vigente, estabeleceu-se como critério de inclusão a
faixa etária entre 8 e 12 anos cujas crianças não apresentavam comprometimento
cognitivo, a fim de torná-la hábil para responder aos questionamentos propostos pelo
instrumento de avalição utilizado.
Segundo Cavalcante et al. (2013), uma das principais dificuldades destacadas por
famílias de crianças com deficiência é a falta de condições materiais que possibilitem a
elas conforto e assistência. Diante dessa condição, é importante considerar que, para
muitas famílias, o acesso à TA limita-se aos recursos disponíveis no Sistema Único de
Saúde (SUS), o qual disponibiliza um arsenal limitado de dispositivos da TA.
Varela; Oliver (2013) consideram a TA como recurso para ajudar crianças a
obterem independência e autonomia nas atividades cotidianas. Esses mesmos autores
afirmam que uma das questões a ser discutida neste processo refere-se à probabilidade de
acesso desta parcela da população aos recursos produzidos pela comunidade científica e
ofertados no mercado de produtos. No Brasil, muitos recursos desenvolvidos nas
universidades não são incorporados ao mercado, a variedade de produtos fabricados no
país é pequena e grande parte dos dispositivos importados não dispõe de isenção
tributária, elevando significativamente o custo da TA disponível no mercado. Isso pode
ser observado na presente pesquisa, em que houve um predomínio de aquisição do
dispositivo decorrente de recursos próprios (58,33%), em detrimento dos recursos
disponibilizados pelo SUS (41,67%).
Mancini et al. (2006) identificaram as órteses de posicionamento, a exemplo das
surupodálicas, como as mais frequentemente utilizadas para auxiliar no tratamento de
crianças portadoras de Encefalopatia Crônica Não Progressiva da Infância. Essa órtese
visa minimizar ou corrigir o padrão equino de marcha assumido pela maioria dos
pacientes, proporcionando melhora da qualidade de deambulação e prevenindo
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REFERÊNCIAS
IRENO, J. M. et al. O uso de órteses em crianças com paralisia cerebral: percepção dos
cuidadores. Departamento de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Estadual
Paulista, São Paulo, 2019.
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MATOS, N.; DOMINGOS, M. Cerebral Palsy: how the child’s age and severity of
impairment affect the mother’s stress and coping strategies. Pontifícia Universidade
Católica de Goiás, Goiás: 2016.
SOUSA, D. S. et al. Respiratory functional profile of children with COVID-19 during the
hospitalization phase. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 10, p.
e573101018946, 2021.
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