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As Principais Tecnologias Assistivas para

Adultos com Doenças Neurológicas - Revisão


de Literatura
The Main Assistive Technologies For Adults With Neurological
Diseases: Literature Review
Las Principales Tecnologías de Asistencia para Adultos con
Enfermedades Neurológicas: Revisión de Literatura

Gabriela de Jesus Souza Pereira1, Letícia Simões Ferreira2, Francis Meire


Fávero3

1. Fisioterapeuta, Especialista, Departamento de Neurologia e Neurocirurgia/Setor de Investigação em Doenças


Neuromusculares, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo – SP, Brasil. ORCID: 0000-0002-9698-7430
2. Fisioterapeuta, Mestre, Departamento de Neurologia e Neurocirurgia/Setor de Investigação em Doenças
Neuromusculares, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo – SP, Brasil. ORCID: 0000-0001-6210-8445
3. Fisioterapeuta, Doutora, Departamento de Neurologia e Neurocirurgia/Setor de Investigação em Doenças
Neuromusculares, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo – SP. ORCID: 0000-0001-8063-8167

Resumo
Introdução: A tecnologia assistiva é um termo que indica todos os produtos, instrumentos,
estratégias, serviços e práticas que auxiliam nas funções do cotidiano dos indíviduos com
alguma deficiência ou incapacidade sendo dividida em categorias. Objetivos: Realizar uma
revisão sistemática de artigos para identificar os recursos de tecnologia assistiva existentes
para pacientes neurológicos adultos, destacar as mais utilizadas e ressaltar a importância da
prescrição correta. Métodos: Foi realizada uma revisão de literatura com a busca das
referências bibliográficas nas bases de dados Scielo, PubMed e Lilacs sendo adotadas as
palavras-chaves de acordo com os descritores em Ciência da Saúde da Bireme e o operador
booleanos AND, no período de 2016 até 2020 nos idiomas português e inglês, sendo avaliados
pela classificação PICO. Registro na plataforma Prospero com o
CRD42020189600. Resultados: A primeira categoria mais citada foi a de “Auxílios de
Mobilidade” seguida da categoria “Órteses e Próteses”, sendo a cadeira de rodas e as órteses
as mais utilizadas, respectivamente. Conclusão: As categorias das tecnologias assistivas mais
utilizadas foram “Auxílios de Mobilidade” e “Órteses e Próteses”, sendo importante a
prescrição e avaliação correta pelos profissionais qualificados para evitar complicações
futuras.

Palavras chaves: Equipamentos de autoajuda; Fisioterapia; Reabilitação neurológica; Neurologia;


Encefalopatias.

Abstract
Introduction: Assistive technology is a term that encompasses all products, instruments,
strategies, services, and practices that assist individuals with disabilities or impairments in
their everyday functions, and it is divided into categories. Objectives: Perform a literature
review of articles to identify the resources of assistive technology existing for adults
neurological patients, highlight the most used and emphasize the importance of your correct
prescription. Methods: It is a literature review that the bibliographic references were in Lilacs,
Medline, PubMed and Scielo with keywords according to the descriptors in Health Science of
Bireme and the booleanos operator AND, in the period from 2016 to 2020, in portuguese and
english and evaluated by the PICO classification. Registration on the Prospero platform with
the CRD42020189600. Results: The first category most cited was of “Mobility Aid” followed by
the category “Orthosis and Prostheses”, with wheelchairs and orthesis being the most used
respectively. Conclusion: The categories of assistive technology the most used were “Mobility
Aid” and “Orthosis and Prostheses”, being important the correct prescription and evaluation
by qualified professionals to avoid future complications.
Keywords: Self-Help Devices, Physiotherapy, Neurological Rehabilitation, Neurology, Encephalopathies.
Resumen
Introducción: La tecnología asistiva es un término que engloba todos los productos,
instrumentos, estrategias, servicios y prácticas que ayudan en las funciones diarias de las
personas con alguna discapacidad o incapacidad, dividiéndose en categorías. Objetivos:
Realizar revisión de literatura de artículos para identificar los recursos de tecnología asistiva
existentes para pacientes neurológicos adultos, resaltar los más utilizados y destacar la
importancia de una prescripción adecuada. Métodos: Se llevó a cabo revisión de literatura
mediante la búsqueda de referencias bibliográficas en las bases de datos Scielo, PubMed y
Lilacs, utilizando las palabras clave según los descriptores en Ciencias de la Salud de Bireme y
el operador booleano AND, en el período de 2016 a 2020 en los idiomas portugués e inglés,
evaluados mediante la clasificación PICO. Registro en la plataforma Prospero con el
CRD42020189600. Resultados: La primera categoría más mencionada fue "Ayudas para la
movilidad", seguida de la categoría "Ortesis y prótesis", siendo la silla de ruedas y las órtesis
las más utilizadas, respectivamente. Conclusiones: Las categorías de tecnologías asistivas más
utilizadas fueron "Ayudas para la movilidad" y "Ortesis y prótesis", siendo importante una
prescripción y evaluación adecuadas por parte de profesionales cualificados para evitar
complicaciones futuras.
Palabras clave: Equipos de autoayuda; Fisioterapia; Rehabilitación neurológica; Neurología;
Encefalopatías.

Trabalho realizado na Universidade Federal de São Paulo, São


Paulo-SP, Brasil.
Endereço para correspondência: Francis Meire Fávero, Rua
Embaú 67, francis.favero@unifesp.br
Recebido em: Aceito em: Conflito de interesse:

INTRODUÇÃO

A Tecnologia Assistiva (TA) é um termo utilizado para indicar


todos os produtos, instrumentos, estratégias, serviços e práticas
que têm o objetivo de contribuir, proporcionar e ampliar as
habilidades funcionais no cotidiano de pessoas que apresentam
alguma deficiência ou incapacidade, melhorando a autonomia e
qualidade de vida dos indivíduos1.

Estes recursos auxiliam em funções cotidianas, como no


manuseio de talheres, computadores, celulares, bem como na
deambulação, locomoção e comunicação, visando sua autonomia,
independência, inclusão social, qualidade de vida, melhora no
trabalho, mobilidade e na sua relação com o meio 2.
A Tecnologia Assistiva foi trazida para o Brasil em 1988,
porém apenas em 2006, por meio do Comitê de Ajudas Técnicas
(CAT) e a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência (CORDE) apresentou propostas de elaborar
de pesquisas e estudos relacionados ao tema. Com exemplos de
ações inclusivas, os programas “Viver sem Limites” e a Lei de
inclusão amplia a oferta de TAs por meio de seu desenvolvimento e
qualificação no país3,4.

A área que abrange a TA é ampla e, por este motivo, é


organizada conforme a necessidade dos pacientes e os seus
objetivos funcionais. Em 1988, José Tonolli e Rita Bersh
desenvolveram uma classificação original, que teve a sua última
atualização em 2017, organizando em tópicos cada recurso de TA
existente1.

Os tópicos são divididos em: auxílio para a vida diária e vida


prática; comunicação aumentativa e alternativa; recursos de
acessibilidade ao computador por meio de softwares especiais;
sistemas de controle de ambiente; projetos arquitetônicos para
acessibilidades por meio de adaptações ou reformas nos
ambientes; órteses e próteses; adequadores posturais; auxílios
para a mobilidade; auxílios para cegos ou com visão baixa; para
surdos ou com déficit auditivo; adaptações em veículos; recursos
que favorecem a prática de esportes; e em atividades de lazer 2.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1989 definiu


“deficiência” como toda perda ou anormalidade de uma estrutura
ou função anatômica, psicológica ou fisiológica; também
considerada uma incapacidade, restrição ou dificuldade de realizar
algum tipo de atividade na forma, ou na medida, considerada
normal para um ser humano. Pode ser entendida como uma
desvantagem prejudicial para este indivíduo, por limitar ou impedir
o desempenho da sua função de acordo com a idade, sexo, fatores
sociais e culturais. Atualmente, cerca de 10% da população possui
algum tipo de deficiência5.

As atividades de vida diária (AVDs) e a mobilidade são fatores


que influenciam diretamente na qualidade de vida podendo
comprometer a sua independência. Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, no Brasil,
8,9% da população acima de 2 anos de idade apresentava alguma
deficiência, sendo 3,4% com dificuldade para caminhar ou subir
degraus; 3,1% com dificuldade para enxergar; 1,2% com
dificuldade para ouvir; e 2,3% com dificuldades musculares, como
levantar uma garrafa de dois litros de água, da cintura até a altura
dos olhos6.

Considerando que 7,4% da população idosa apresenta algum tipo


de deficiência, e uma vez que as doenças neurológicas podem
causar deficiências e gerar diversos impactos negativos nas
atividades diárias dos indivíduos acometidos, foi proposto este
estudo para identificar as principais tecnologias assistivas utilizadas
por adultos desta população, mostrando a sua importância e os
seus benefícios na qualidade de vida, com os objetivos de realizar
uma revisão de literatura para identificar os recursos de TA mais
utilizados em pacientes neurológicos adultos.
MÉTODOS

Este é um estudo de revisão de literatura, realizado nas bases


de dados Scielo, PubMed e Lilacs. Este estudo foi realizado na
Universidade Federal de São Paulo – Campus São Paulo (Escola
Paulista de Medicina) e registrado na plataforma Prospero com o
código CRD42020189600.

Para a pesquisa dos artigos, foram escolhidas as bases de


dados Scielo, PubMed e Lilacs. Nesta busca, adotaram-se os
seguintes descritores: equipamentos de autoajuda; fisioterapia;
reabilitação neurológica; neurologia; aparelhos ortopédicos;
encefalopatias; e mielopatia, com uso do operador booleano AND.

Foram considerados como critérios de inclusão: estudos de


casos, estudos de intervenção do tipo transversal, longitudinal e
experimental; estudos publicados entre 2016 e 2020; que incluíam
doenças neurológicas com limitações motoras ou de comunicação
em adultos com idade acima de 20 anos; pulicados nos idiomas
inglês e português.

Foram excluídos os artigos que faziam uso de terapia com


realidade virtual sem auxílio de função; que incluíam doenças
neuromusculares; revisões sistemáticas e de literatura; que
envolviam indivíduos com Síndrome de Down, Alzheimer, Demência
e Autismo; artigos que não indicavam o tipo de TA utilizada; os
resumos que não forneciam os artigos por completo; e aqueles que
não se adequavam ao modelo PICO (Paciente, Intervenção,
Comparação e “Outcomes”/desfecho)7.

Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foi


realizada a extração de dados por meio de uma leitura dos artigos
na sua íntegra. Os artigos resultantes foram tabelados conforme
modelo PICO, acrescidos de colunas com os nomes dos autores do
estudo e o ano de publicação em ordem crescente.

RESULTADOS

A busca na literatura gerou 4.568 artigos, que após a


aplicação dos critérios de inclusão e exclusão resultou em 35
artigos legíveis para a análise. Sendo possível verificar na figura 1 8,
da busca dos artigos.

Na figura 2 é possível visualizar a relação das categorias de TA


com as doenças neurológicas encontradas nos artigos deste estudo,
sendo 20 tipos de TA nos “Auxílios de mobilidade”; 11 em “Órteses
e Próteses”; 2 em “Auxílios para vida diária e vida prática” e
“Adequações posturais” e 1 em “Comunicação alternativa e
aumentativa”, “Sistema de controle de ambiente”, “Projetos
arquitetônicos para acessibilidade” e em “Recursos de
acessibilidade para o computador” podendo apresentar mais de um
tipo de categoria no mesmo artigo.

Na análise dos artigos encontrados, foi identificado que as TAs


das categorias de “Auxílios de Mobilidade” e “Órteses e Próteses”
foram as mais utilizadas em indivíduos adultos com doenças
neurológicas, como mostra o gráfico 11.

Segundo o gráfico 1, a categoria mais mencionada foi dos


“Auxílios de Mobilidade”, sendo a TA mais utilizada nesta categoria
a cadeira de rodas manual ou motorizada (gráfico 2), sendo
mencionadas em 33% dos estudos que abordavam as TAs de
1
1 – As menções são as quantidades de vezes que cada TA foi mencionada nos estudos selecionados.
auxílio de mobilidade. Em seguida as bengalas, sendo mencionadas
em 16% dos artigos; metrônomos para auxílio no treino de
deambulação e os andarilhos, ambos mencionados em 8% dos
artigos. Já o fluxo óptico, luz, sapatos a laser, Google Glass,
scooter, robô e realidade virtual que auxiliam a mobilidade foram
mencionados em 3% dos artigos.

O gráfico 3 mostra que as órteses são as TAs mais utilizadas,


dentro da categoria “Órteses e Próteses”, sendo mencionadas em
40% dos artigos que citam as órteses e próteses. Em seguida, em
ordem decrescente, foram identificadas as seguintes TAs: pulseira
vibratória; robô; exotendão; luva e roupas com sensores que
auxiliam os membros superiores; e sapato ortopédico. Todos estes
foram mencionados apenas 1 vez.

DISCUSSÃO

As TAs são de extrema importância em diversos aspectos,


como na educação, na vida social e no trabalho 2. Observa-se que
existe uma demanda muito grande para o desenvolvimento de
novos produtos para pessoas com deficiência, principalmente
relacionados à mobilidade.

Em um levantamento realizado pelo Instituto Nacional da


Propriedade Industrial no Brasil, mostrou-se de todas as TAs dos
240 depósitos de auxílios de mobilidade, entre 1976 a 2016, 55%
eram cadeiras de rodas, 21% bengalas, 19% andadores e 5%
muletas4, coincidindo com a prevalência dessa categoria neste
estudo (gráfico 2).
Pessoas com deficiências motoras leves, geralmente, utilizam
bengalas, enquanto os andadores de rodas são mais utilizados por
indivíduos com deficiências moderadas. Os dispositivos motorizados
costumam ser utilizados pelos indivíduos mais graves, pois a perda
da deambulação aumenta a incapacidade, morbidade, uso e custos
de cuidados de saúde, institucionalização e risco de morte 9,10.

Estudos revelaram que dispositivos auxiliares e reabilitação


diminuem o impacto negativo que a dor, fadiga e fraqueza
muscular causam na participação de indivíduos nas atividades
diárias, proporcionando a eles outras maneiras de realizá-las 11.
Andadores, bengalas e outros dispositivos foram às formas mais
comuns de auxiliar na locomoção e na marcha 12.

O uso da cadeira de rodas é essencial para auxiliar na


mobilidade, transferência, nas AVDs e evitar quedas,
principalmente nos indivíduos com Acidente Vascular Cerebral
(AVC). As scooters são os tipos de cadeiras de rodas mais utilizadas
nos Estados Unidos, por exemplo. Estima-se que de 60-80% dos
indivíduos com LM e mais de 30% de pessoas com EM utilizem
esses dispositivos13. Em outro estudo com 882 canadenses com EM
no ano de 1997, os pesquisadores relataram que quase 50% dos
indivíduos utilizavam algum dispositivo auxiliar, sendo o mais
frequente os de mobilidade ou barras de apoio para a
deambulação14.
Vale ressaltar que além dos benefícios da locomoção, a cadeira
de rodas pode causa dores, desconforto e lesões se a posição
sentada do indivíduo estiver incorreta. Almofadas de assento têm
como objetivo reduzir esses tipos de lesões, distribuindo a pressão
de maneira uniforme e proporcionando maior conforto 15. Além das
almofadas, os suportes para membros inferiores das cadeiras de
rodas são necessários, principalmente, para auxiliar os indivíduos
com dor no ombro hemiplégico/hemiparético pós AVC 16.

Outros dispositivos auxiliares de marcha, como robôs e


estimulação elétrica funcional são utilizados nas sessões de
reabilitação, a fim de auxiliar os indivíduos com doenças
neurológicas durante os movimentos compensatórios na
deambulação17.

O treino com robôs, com diferentes estruturas mecânicas, tem


sido amplamente utilizado na prática clínica, como uma nova forma
de terapia intensiva na função motora, no aprendizado motor, na
especificidade da tarefa e na natureza funcional desejada do
exercício18.
Diante disso, pode-se entender que os dispositivos da
categoria “Auxílios de Mobilidade” apresentam benefícios
musculoesqueléticos, cardiorrespiratórios, endócrino-metabólicos,
fisiológicos, físicos e psicológicos, auxiliando também na redução de
quedas e do congelamento da marcha19,20.
No presente estudo, observa-se que as categorias mais
mencionadas estão interligadas, pelo fato de que as órteses e
próteses também auxiliam na deambulação/locomoção, por
exemplo as ankle foot orthosis (AFO) que estabilizam a região de
tornozelo e pé21,22. As órteses do tipo AFO ajudam no tratamento do
pé caído espástico, fornecendo estabilidade do tornozelo. Já as
órteses sensório-motora para a função da mão são essenciais para
a independência nas AVDs23.
As demais categorias apontadas neste estudo também são de
extrema importância, como por exemplo, dispositivos de
comunicação e amplificação24, sistema de controle ambiental,
interfaces que operam dispositivos externos e interfaces homem-
maquina25.

Sabendo da importância das pessoas com deficiência, o


Ministério da Saúde, em 2012, instituiu a Rede de Cuidados à
Pessoa com Deficiência, que tem como objetivo prevenir e
identificar, o mais cedo possível, as deficiências em todas as
idades, com cuidados em reabilitação, habilitação e inclusão social,
sendo especializada em reabilitação auditiva; física; intelectual;
visual; ostomia e outras5.

A Atenção Especializada em Reabilitação do Brasil tem como


objetivo produzir TAs e dispositivos que tragam a autonomia e a
independência das pessoas com deficiência visando melhorias para
o usuário, seus familiares, cuidadores e acompanhantes 4. Os
Centros Especializados em Reabilitação (CER) e oficinas ortopédicas
realizam os tratamentos destes indivíduos, bem como auxiliam na
adesão, adaptação e na manutenção das TAs.

Atualmente, existem mais de 230 CER, espalhados pelos


estados brasileiros com mais 37 oficinas ortopédicas, 259 serviços
de reabilitação em modalidade única, 293 veículos adaptados e
mais de 38,5 milhões de procedimentos relacionados a próteses,
órteses e auxiliares de mobilidade5.

A alta demanda de solicitação de TAs, na saúde pública,


resultam em demora na entrega, gerando listas de espera e
fazendo com que as pessoas com deficiência busquem as TAs de
maneira particular, por um alto custo; caracterizando um dos
principais empecilhos para o acesso às TAs1.

O custo elevado ocorre pelos seguintes motivos: por serem


produtos escassos, tanto no mercado nacional quanto no
internacional; pela baixa disponibilidade de fabricação, distribuição
e venda; manutenção pouco acessível; pouco incentivo às
pesquisas científicas e à produção nacional; alto custo da matéria-
prima; pouca divulgação e informação; baixa oferta de produtos de
baixo custo; falta de ambientes adaptados, entre outros 1.

Mesmo com estas dificuldades, os profissionais de saúde são


responsáveis pela indicação, treinamento e acompanhamento da
utilização dessas TAs. Em 2012 um estudo com terapeutas
ocupacionais, em relação com a recomendação das TAs evidenciou
que dos 14 profissionais, 86% recomendaram e avaliaram a
eficácia dos dispositivos por meio de julgamento clínico, entrevistas
e instrumentos padronizados, assim mostrando a importância da
utilização de avaliações objetivas durante a prescrição e a avaliação
da eficácia dos dispositivos3.

Muitos profissionais estão aprendendo a pensar diferente,


fazendo a diferença, principalmente, na questão de acessibilidade,
combatendo a exclusão das pessoas com deficiência, buscando uma
formação adequada para atender todas as demandas e
reconhecendo importância e a responsabilidade de cada um na
inclusão social2.

A equipe multiprofissional indica, prescreve e acompanha o


uso das TAs. A participação dos profissionais que a compõe pode
reduzir os custos dos serviços de saúde, melhorando então o apoio
para as pessoas com deficiência4.

Uma vez que dos indivíduos com doenças neurológicas


precisam de atenção e cuidados no seu dia a dia, este tipo de
suporte influencia diretamente na utilização da TA e na qualidade
de vida desses pacientes. Os membros da família, cuidadores e
profissionais também precisam estar atentos para auxiliar estes
indivíduos, diminuindo a sobrecarga.26.

CONCLUSÃO

Este trabalho identificou que de todas as categorias que


classificam os tipos de TAs, os indivíduos adultos com patologias
neurológicas utilizaram recursos das categorias de “Auxílio de
Mobilidade”, “Órteses e Próteses”, “Auxílio Para Vida Diária e Vida
Prática”, “Adequações Posturais”, “Comunicação Aumentativa e
Alternativa”, “Sistemas de Controle de Ambiente”, “Projetos
Arquitetônicos Para Acessibilidade” e “Recursos de Acessibilidade ao
Computador”.

Evidenciou-se que as categorias mais utilizadas foram “Auxílio


de Mobilidade”, com as cadeiras de rodas e bengala, e “Órteses e
Próteses”. Portanto é de extrema importância que os profissionais
da reabilitação sejam capacitados para prescrever, adaptar, treinar
e auxiliar no uso correto destes dispositivos de ajuda, a fim de
evitar o desuso, descondicionamento físico, compensações,
dispêndio e desconforto ao indivíduo.

REFERÊNCIAS
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Figura 1 - Identificação dos estudos através de base de dados e registros

Identificação
Registros removidos antes da
Registros identificados através
triagem
de*:
Duplicados (n = 140)
Base de dados (n = 3)
Assinados como não
Registros Scielo (n = 29)
elegíveis pelas ferramentas
Registros PubMed (n = 4487)
automatizadas (n = 0)
Registros Lilacs (n = 52)
Outras razões (n = 2331)

Triagem
Registros em triagem Registros excluídos**
(n = 2097) (n = 1542)

Publicações pesquisadas para se


manterem Publicações retiradas
(n = 555) (n = 400)

Publicações avaliadas para Publicações excluídas:


elegibilidade Data de publicação (n = 23)
(n = 155) Adultos (n = 25)
Doenças neuromusculares (n
= 39)
TAs (n = 5)
Modelo PICO (n = 28)
Incluído
Total de estudos incluídos na
revisão
(n = 35)

Fonte: PRISMA, 20208

Fonte: AUTOR DA PESQUISA, 2024

Fonte: AUTOR DA PESQUISA, 2021


Fonte: AUTOR DA PESQUISA, 2021

Fonte: AUTOR DA PESQUISA, 2021

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