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Acta Pediátrica ISSN 0803–5253

ARTIGO REGULAR

Andadores de bebê: uma perspectiva da Turquia

Derya Gumus Dogan (deryagumus@yahoo.com), Meki Bilici, Ayse Esra Yilmaz, Ferhat Catal, Nuran Keles
Departamento de Pediatria, Fatih University School of Medicine, Ancara, Turquia

Palavras-chave Resumo
Andador de bebê, Lesão, Mãe, Pediatra
Objetivo: Determinar, em uma população urbana na Turquia, a frequência do uso de andadores infantis (PN),
Correspondência crenças e atitudes das mães em relação ao PN, a frequência de lesões relacionadas ao PN e se as famílias
Derya Gumus Dogan, MD, Departamento de
recebem aconselhamento de seus pediatras sobre o PN ou não.
Pediatria, Faculdade de Medicina da Universidade
Fatih, Alparslan Turkes Cad. Nº 57, 06510 Ancara, Métodos: Crianças de 2 meses a 5 anos que frequentavam as clínicas de puericultura do Hospital Universitário
Turquia. Fatih, em Ancara, compuseram a amostra. Um questionário semiestruturado foi aplicado verbalmente.
Tel: +90-505-2550804 | Fax:
+90-312-2213276 | E-mail:
Resultados: De 495 crianças, constatou-se que 75,4% utilizavam PN. O sexo feminino [odds ratio (OR) = 1,82,
deryagumus@yahoo.com
intervalo de confiança (IC) de 95% = 1,19–2,78) e menor escolaridade materna (OR = 0,37, IC 95% =
Recebido
1,18–0,74) foram associados ao uso de peso corporal. As frequências de lesões associadas aos PN foram
em 2 de março de 2009; revisado em 25 de maio de
2009; aceito em 29 de maio de 2009. baixas (7,8%). Apenas 92 (18,6%) famílias receberam aconselhamento adequado dos seus pediatras.

DOI:10.1111/j.1651-2227.2009.01397.x

Conclusão: Os resultados do nosso estudo mostram que o uso do peso corporal é comum na Turquia urbana. As famílias não

são informadas sobre a falta de benefícios e riscos potenciais dos BWs e baseiam as razões de uso e não uso em crenças

culturais únicas, em vez de decisões informadas e baseadas em evidências. Os pediatras na Turquia e potencialmente em

outros países exigem informações sobre a necessidade de aconselhar as famílias sobre os perigos associados ao peso corporal
usar.

INTRODUÇÃO
Apesar da abundância de informações sobre as consequências prejudiciais do uso do
andador e da proibição total do andador infantil (BW) por organizações pediátricas como a
Academia Americana de Pediatria (AAP) em 2001 (1), sabe-se que os pais ainda compre BW
em todo o mundo.
Estudos realizados nas últimas três décadas descobriram que 47–83% dos bebés entre
os 5 e os 15 meses de idade utilizam andadores (2–6). É importante que a comunidade
pediátrica global conheça as razões do uso do andador e os correlatos do uso do peso
corporal em diversas culturas para adotar práticas de prevenção de lesões em todo o
mundo.
As razões para desencorajar o uso do andador estão relacionadas
principalmente à sua associação com lesões. O número de lesões atribuíveis
aos bebês de parto é maior do que as lesões causadas por outros equipamentos
do berçário, incluindo carrinhos de bebê, carrinhos, cadeiras altas, cercadinhos
e berços (7). Por exemplo, um estudo realizado na Grécia, mais de 36% das
lesões por quedas foram causadas por equipamentos de berçário, e destas
31,8% estavam associadas ao uso de peso corporal (8). Estudos sugerem que
12–94% das crianças que usam andadores sofrem alguma lesão (2,3,6). A
queda de escadas é o mecanismo mais comum para lesões relacionadas ao
andador (9–11), e outros mecanismos incluem
Abreviações
AAP, Academia Americana de Pediatria; PN, andador; OR, razão de chances; IC,
intervalo de confiança.
tombamento do andador, entalamento dos dedos e permissão para que o bebê
tenha acesso a perigos como portas de forno, objetos quentes e ÿ ou pesados
e substâncias venenosas (10,12,13).
Foi demonstrado que lesões relacionadas a Walker estão associadas a lesões
fatais e com risco de vida, como fraturas, lesões na cabeça fechada,
queimaduras, envenenamentos e outras lesões mais leves, como lesões
dentárias e lacerações (1,2,6,9, 10,13,14).
Estudos até o momento demonstraram que os andadores não têm efeito em
ajudar a criança a aprender a andar; na verdade, podem atrasar o
desenvolvimento motor e mental normal (14,15). Além disso, foi observado que
o andador pode ter efeitos prejudiciais no desenvolvimento motor de lactentes
com paralisia cerebral (16).
Apesar dos riscos conhecidos dos BWs para o bem-estar infantil e das
pesquisas não mostrarem nenhum efeito positivo no desenvolvimento, os pais
ainda compram BWs por vários motivos. Em estudos realizados na Irlanda,
Espanha, Iraque e Estados Unidos, os pais relataram que os BW promovem
caminhadas e proporcionam exercícios, mantêm a criança tranquila, feliz e
ocupada, enquanto os pais cuidam de outras tarefas domésticas (3,4,6,17).
Os estudos sobre intervenções para prevenir o uso de peso corporal
originaram-se principalmente dos Estados Unidos e do Canadá. Novos padrões
de fabricação nos Estados Unidos foram atribuídos à diminuição do número de
lesões relacionadas ao peso corporal em 1997 (18). Os andadores infantis
fabricados depois de 1997 exigiam que o andador atendesse a um dos dois
padrões: (i) a base do andador deve ser larga o suficiente para passar por uma
porta padrão de 36 polegadas ou (ii) o andador deve incorporar recursos para
parar o andador em a borda de um degrau para evitar quedas. Em

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Dogan et al.
Além disso, centros de atividades estacionários foram introduzidos em
mercado em 1994 como uma alternativa mais segura ao celular
andadores infantis. Estas intervenções tiveram sucesso em
reduzindo tanto o uso de peso corporal quanto as lesões relacionadas ao peso corporal (9). Apesar de
Após o declínio nas lesões relacionadas ao andador infantil em um relatório
publicado em 2001, a AAP concluiu que rótulos de advertência, informações públicas foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Fatih.
educação, supervisão de adultos sobre o uso do BW e portões instalados em
as escadas eram todas insuficientes para prevenir lesões de BW e
recomendaram a proibição da sua fabricação e venda. A AAP
também recomendou educar os pais sobre os perigos
e falta de benefícios dos caminhantes por meio de campanha na mídia
e orientação antecipatória. Além disso, a AAP sugere lesão
aconselhamento de prevenção como parte da supervisão de saúde de rotina
(1). Numa abordagem mais radical, o Canadá proibiu a
venda de BW (19).
A prevalência e os correlatos do uso do andador em diferentes
países, especialmente naqueles com rendimentos baixos e médios
como a Turquia, não foram estudados até agora. Especificamente,
as razões para o uso do PN pelos pais e as frequências de
lesões relacionadas podem ser diferentes em famílias de baixa e média renda
populações urbanas e rurais do que os países de rendimento elevado.
Além disso, não se sabe se os pediatras fornecem
orientação sobre o uso do peso corporal em vários países. Para que os
pediatras adotem práticas de prevenção de lesões conforme recomendado
pelas organizações pediátricas, são necessárias informações sobre o
prevalência e correlatos do uso de andadores em diferentes países.
A Turquia é um país de rendimento médio que faz fronteira com a Europa,
e no Médio Oriente e tem uma grande população infantil urbana
(20). Não existem padrões de fabricação para BWs na Turquia e os BWs
são facilmente vendidos nas cidades. O propósito disto
O estudo teve como objetivo determinar em crianças atendidas em três
clínicas ambulatoriais de cuidados infantis em Ancara: (i) a frequência de
Uso de PN; (ii) atitudes dos pais em relação ao uso de peso corporal;
(iii) frequência de lesões relacionadas aos BWs e (iv) se
pediatras discutem e desencorajam o uso de BWs com
pais.
MÉTODOS
Contexto
Este estudo foi realizado nas três clínicas pediátricas de atendimento
ambulatorial de crianças do Hospital Universitário Fatih em Ancara,
Peru. Ancara é a capital com uma população de 4,5
milhão. A Fatih University é uma universidade privada e atende
famílias de classe média baixa e média alta que vivem em três regiões
diferentes de Ancara: Pursaklar (média baixa), Bestepe (média alta) e Yukari
Ayranci (média alta).
Inscrição
Mães de crianças de 2 meses a 5 anos que frequentaram
clínicas de puericultura do Hospital Universitário Fatih em
agosto de 2007 foram convidados a participar do estudo e
inscritos se fornecessem consentimento informado. Um questionário
semiestruturado construído para os fins deste
estudo foi administrado verbalmente apenas às mães por um
de cinco pediatras gerais e as respostas foram diretamente
gravado. Como na maioria das vezes apenas as mães estão presentes
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Andadores para bebês
visita de saúde, se presente, pais ou outros cuidadores que
estavam presentes não foram incluídos como entrevistados. Evitar
preconceito de relato, foi feito um acordo para que a pessoa
que conduziu a entrevista não foi o próprio pediatra do
a criança cuja mãe estava sendo entrevistada. O estudo
Variáveis do estudo
As variáveis sociodemográficas incluíram sexo da criança, idade,
ordem de nascimento, escolaridade da mãe e nível socioeconômico familiar
determinado por região de residência.
As variáveis sobre o uso do andador incluíam se a criança
utilizaram PN, duração e frequência de uso de PN e motivos para usar ou
não PN.
As variáveis sobre lesões incluíram se houve
Lesões relacionadas ao BW, como e em que parte da casa o
ocorreram lesões, que parte do corpo estava envolvida e
se houve internação hospitalar.
Variáveis sobre o aconselhamento do pediatra sobre o peso corporal
o uso incluiu se os pediatras discutiram o uso de BWs
ou não, e se desencorajavam o uso do peso corporal.
Análise de dados
Os dados foram analisados utilizando o software SPSS 11.0 (21) e a
avaliação estatística incluiu análise qui-quadrado. As variáveis
significativamente relacionados ao uso de BW foram celebrados em um contrato a termo
modelo de regressão logística passo a passo para identificar variáveis que
foram independentemente relacionados ao uso de peso corporal. Regressão logística
foi usado para construir modelos preditivos para uso de BW. A variável
desfecho dicotômica foi codificada como: PN utilizado vs.
usar peso corporal. Variáveis inseridas na logística multivariada
modelo de regressão (sexo e escolaridade materna,
nível socioeconômico da família) foram selecionados pela inclusão de
variáveis que foram significativas a p £ 0,1 nos modelos univariados. Os
modelos univariados avaliaram a relação
do resultado para cada uma das variáveis independentes separadamente.
Razões de chances (OR) com intervalo de confiança (IC) de 95%
foram relatados para o modelo multivariado final.
RESULTADOS
Descrição da amostra
Das 504 mães convidadas a participar do estudo, nove
(1,78%) recusaram-se a participar. O sociodemográfico
características de toda a amostra e usuários de BW são mostradas
na Tabela 1. No total, 495 crianças, 255 meninos (51,5%) e 240
meninas (48,5%) compuseram a amostra. A idade média dos
crianças foi de 19,97 meses (IIQ: 12,18–34,66). A maioria das crianças
(65,6%) eram primogênitas. A maioria das mães tinha pelo menos
ensino médio (83,7%). Em termos sociais
estratificação para fins deste estudo, 19,8% dos
as famílias que viviam em Pursaklar eram de classe baixa, 32,5% viviam
em Bestepe e Yukari Ayranci era
famílias de classe média alta.
Uso de andador de bebê
A frequência total de uso de PN foi de 75,4%. As características
sociodemográficas dos usuários do BW são apresentadas em
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Andadores para bebês Dogan et al.

Tabela 1 Características sociodemográficas da amostra total e do andador infantil Tabela 3 Motivos apresentados por usuárias e não usuárias para usar ou não bebê
Usuários andador
Usuários
Amostra total Andador de bebê
Para poder fazer tarefas domésticas 214 (57,4)
Sociodemográfico (N = 495) usuários (N = 373)
características n (%) n (%) Para fazer o bebê andar mais cedo 69 (18,5)
Para manter o bebê ocupado e entretido 46 (12,3)
Gênero da criança
Para deixar as pernas do bebê mais fortes 19 (5.1)
Macho 255 (51,5) 240 179 (48,0) Outras razões 25 (6,7)
Fêmea (48,5) 194 (52,0) Total 373 (100,0)
Educação materna Não usuários
Analfabeto 0 (0,0) 0 (0,0) Atrasar o início da caminhada 50 (40,9)
Ensino fundamental (<8 anos) 81 (16,3) 71 (19,0) Causar danos aos órgãos genitais de seus filhos 24 (19,6)
Ensino médio ou superior 136 (27,5) 108 (29,0) Desnecessário 21 (17,2)
Universidade 278 (56,2) 194 (52,0) Associado a lesões 18 (14,7)
Região da família Pediatra não sugeriu 9 (7,6)
Classe baixa 98 (19,8) 80 (21,4) Total 122 (100,0)
Classe média alta 397 (80,2) 293 (78,6)
Os valores são dados como n (%).
'(N = 495)' e '(N = 373)' são o tamanho total da amostra.

resultando em um total de 58 eventos de lesão. Nove filhos (2,4%)

Tabela 1. Mais da metade (61,4%) das crianças começaram a usar
sofreram lesões corporais causadas pelas lesões. Dos 58
um PN antes dos 7 meses de idade (variação: 2,5–17 meses). O
eventos lesivos, 18 (31,0%) ocorreram quando o bebê estava indo
distribuição da duração foi distorcida para a direita, e a mediana
de uma área sem carpete para uma área com carpete, e o
o tempo de uso diário foi de 40 minutos, com mínimo de 5 minutos e
Walker tropeçou na borda de um tapete. Quatorze lesões (24,1%)
no máximo 4h.
aconteceu por causa de um problema no mecanismo do andador, como
As variáveis associadas ao aumento do uso de peso corporal estavam sendo um
quebra da roda em 10 casos e colapso do andador em quatro casos. Em 26
menina e menor escolaridade materna. Os BWs eram mais propensos a
casos (44,8%), a lesão foi
ser usado para meninas do que para meninos (OR = 1,823; IC 95%: 1,195–
relacionado a eventos que estavam na periferia do caminhante,
2.780; p = 0,005). Mães com escolaridade <8 anos
como a criança ter acesso ao fogão de aquecimento e queimar
eram mais propensos a usar PN (OR = 0,371; IC 95%: 0,184–
a mão, criança puxando o pano embaixo da televisão
0,747; p = 0,006). O menor nível socioeconômico não esteve associado ao
resultando em pequeno traumatismo cranioencefálico. A maioria dos eventos com lesões 44/58
uso de peso corporal (p = 0,107). A Tabela 2 mostra o OR para
(75,8%) aconteceram na sala. Outros eventos de lesão
que estavam significativamente relacionados ao uso de peso corporal.
aconteceu no corredor, cozinha ou varanda. Não havia
lesões relacionadas a escadas, já que apenas 1% das famílias morava em um
Opiniões dos pais/cuidadores sobre o uso do andador infantil
casa com escadas dentro de sua casa.
A seguir estão as razões declaradas pelas mães para usar o
Mais da metade (66,6%) dos eventos de lesão envolveram o
PN: 57,4% afirmaram que utilizavam o PN porque permitia
cabeça que incluía boca e olho em dois casos. Além do mais
para fazerem tarefas domésticas; 18,5% disseram que ajudou o bebê a andar
a cabeça, pernas (22,2%) e mãos (11,1%) ficaram feridas como
mais cedo; 12,3% afirmaram que mantinha o bebê ocupado e entretido;
lesões por abrasão. Com exceção de uma lesão que
5,1% afirmaram que fortalece as pernas do bebê; 6,7%
envolveu a criança acessando um objeto pontiagudo e arborizando o
declarou vários motivos. Mães que relataram não usar
olho, todos os ferimentos foram tratados em casa. A criança com olho
A BW apresentou vários motivos para a sua decisão; 40,9% afirmaram que
lesão foi levada a um pronto-socorro e
poderia atrasar a caminhada; 19,6% das mães disseram
o olho sarou sem complicações.
que o BW poderia prejudicar os órgãos genitais dos filhos; 17,2% afirmaram
Não houve variáveis que estivessem associadas significativamente
que poderia ser considerado desnecessário; 14,7% relataram
com frequência de lesões. A frequência de lesões em meninos foi
que os PN estavam associados a lesões e 7,6% disseram
maior do que nas meninas (62,1% vs. 37,9,9%), mas isso não
que seu pediatra havia recomendado contra isso. O
atingir o nível de significância estatística (p = 0,114). A escolaridade
os motivos para usar e não usar PN são mostrados na Tabela 3.
materna não foi associada ao aumento do número
de lesões (p = 0,466).
Lesões sofridas e mecanismo de lesão
Dos 373 lactentes que utilizaram PN, 29 (7,8%) crianças tiveram
Aconselhamento do pediatra sobre o uso do andador infantil
lesões. Doze (3,2%) crianças tiveram mais de uma lesão
Quando questionados se o pediatra já conversou com eles sobre
PN, 373 (75,4%) mães afirmaram que o pediatra nunca conversou com elas
Tabela 2 Fatores associados ao uso do andador infantil sobre PN; 92 (18,6%) afirmaram
Variável Razão de probabilidade IC 95% valor p
que os pediatras lhes disseram para não usarem um BW quando
perguntaram e 30 (6,1%) afirmaram que o pediatra sugeriu o uso do PN.
Gênero (referência: menino) 1.823 1.195–2.780 0,005
Vinte e seis (86,6%) das famílias
Educação materna 0,371 0,184–0,747 0,006
que foram orientados pelo pediatra a usar um BW começaram
(referência: <8 anos)
usando um BW. Em cinco (13,4%) casos em que o pediatra

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Dogan et al.
recomendou o uso de um peso corporal, as mães afirmaram que o peso corporal
poderia prejudicar os órgãos genitais de seus filhos.
DISCUSSÃO
Embora estudos tenham demonstrado que o uso do peso corporal representa riscos para a
saúde e o desenvolvimento infantil, os pesos vivos ainda são fabricados e usados em muitas
partes do mundo (2–6).
Para que os pediatras de diferentes países possam aconselhar os cuidadores
contra o uso do peso corporal, são necessárias informações sobre a frequência
e os correlatos do uso do peso corporal em diferentes culturas e países. Este
estudo forneceu informações sobre a frequência de uso de peso corporal,
motivos para o uso de peso corporal, frequência de lesões relacionadas ao peso
corporal e se os pediatras discutem e desencorajam o uso de peso corporal na
capital de um país de renda média, a Turquia. Nossos resultados mostraram que,
na população estudada, três em cada quatro crianças usaram peso corporal
durante a infância; Os BWs eram mais propensos a serem usados por meninas
do que por meninos e por famílias com menor escolaridade.
As frequências de lesões associadas aos PN foram inferiores às relatadas na
literatura. Apenas uma em cada cinco famílias recebeu aconselhamento adequado
dos seus pediatras.
A frequência do uso de peso corporal entre as famílias neste estudo é maior
do que a relatada na Áustria, Irlanda, Espanha, EUA (2–4,17). Houve menos
quedas associadas aos PNs, e a frequência de lesões associadas aos PNs foi
menor do que as frequências de lesões encontradas em estudos anteriores (2,3,6).
Pesquisas demonstraram que as lesões associadas aos BW são mais
frequentemente causadas por quedas de escadas (9–11). Atribuímos a diferença
nas lesões relacionadas ao peso corporal ao fato de que a grande maioria das
crianças, assim como a maioria das crianças em Ancara, moram em apartamentos,
onde, enquanto a porta de casa estiver fechada, a criança no andador não tem
acesso a escadas. Foi relatado que lesões por queda de escadas são quatro
vezes mais prováveis, e fraturas por queda relacionadas a escadas foram duas
vezes mais prováveis entre crianças que usam andadores em comparação com
crianças que não usam andadores (22). À medida que as casas privadas de nível
duplo e triplo nos subúrbios da Turquia urbana estão a ganhar popularidade, é
provável que as lesões por quedas relacionadas com o peso corporal aumentem
também nestas regiões. Embora a população do nosso estudo não tenha sofrido
lesões graves, os mecanismos de lesão (por exemplo, tocar no fogão a carvão
pelo acesso rápido do bebê, criança ferir o olho com objeto pontiagudo) mostram
que os BWs têm potencial para lesões graves.
Para que qualquer intervenção que mude as práticas de cuidado seja
construída, os fatores que afetam a prática precisam ser compreendidos. Há
informações muito limitadas sobre os correlatos do uso de peso corporal em
várias culturas. A amostra do nosso estudo foi composta por famílias residentes
em bairros com níveis socioeconômicos e educacionais diversos. O uso do
andador foi mais frequente quando as mães tinham menor escolaridade. Da
mesma forma, uma relação inversa significativa entre o nível de escolaridade da
mãe e o uso de PN foi relatada na Espanha, por outro lado, um estudo realizado
na Virgínia, Estados Unidos, o nível de escolaridade da mãe não foi identificado
como um fator de risco no uso de PN (4, 5).
Na análise de regressão, constatou-se que o sexo feminino estava associado
ao uso de peso corporal. As mães relataram que estavam relutantes em colocar
os meninos em andadores, pois se acreditava que os andadores
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Andadores para bebês
prejudicar os testículos. Em contraste com os resultados do nosso estudo, a
Associação Médica Americana afirmou que os rapazes têm duas vezes mais
probabilidades do que as raparigas de serem colocados num PN (23). Esta
descoberta interessante parece ser um fenómeno cultural único. No entanto, tais
efeitos nocivos não foram observados em textos científicos. Independentemente
de haver alguma verdade nesta crença, é óbvio que ela protege as crianças do
sexo masculino de outros efeitos negativos do peso corporal. Sabe-se que nas
populações não ocidentais o sexo masculino tem sido apontado como o gênero
favorecido (24). Mais pesquisas precisam ser realizadas sobre os correlatos do
uso de peso corporal para que intervenções eficazes possam ser direcionadas
para variáveis sociodemográficas, como educação materna, renda familiar,
crenças e atitudes.
Os resultados do nosso estudo mostram que os pais permanecem
desinformados ou mal informados sobre o uso do peso corporal. Apenas 15% das
mães da amostra sabiam que o peso corporal estava associado a lesões. Os
pediatras ocupam uma posição fundamental no fornecimento de informações
sobre a saúde e o desenvolvimento infantil e todas as crianças recebiam cuidados
regulares de saúde por parte dos pediatras. Apesar disso, a maioria das mães
afirmou que seus pediatras não forneceram informações sobre lesões que
poderiam ser causadas pelo uso do peso vivo e a falta de benefícios no uso do
peso vivo.
Pelo contrário, alguns pediatras aconselharam os pacientes a usarem BWs. Este
estudo destaca a necessidade de chamar a atenção dos pediatras para os perigos
do uso do peso corporal.
Este estudo mostra que diferentes elementos do design de interiores das
residências constituem diferentes mecanismos de lesão do peso corporal. Tapetes
grossos que não são de parede a parede, como os usados nas casas turcas,
criam oportunidades para tropeçar em BWs. O acesso rápido a fogões a carvão
por crianças que não conseguem gatinhar ou andar não seria possível sem o uso
do BW. Tais elementos representam riscos para lesões relacionadas ao peso
corporal mesmo em residências que não possuem escadas internas.
Este estudo também tem implicações importantes do ponto de vista do
desenvolvimento. Quase metade das mães relatou que o motivo do uso do PN foi
para manter o bebê ocupado, enquanto a mãe fazia as tarefas domésticas. Num
estudo anterior sobre uma população semelhante em Ancara, para 93,8% das
crianças pequenas, o ambiente doméstico carecia de estimulação adequada ao
desenvolvimento (25). As conclusões combinadas destes dois estudos implicam
que as famílias urbanas na Turquia e potencialmente noutros países podem
beneficiar de aconselhamento sobre formas adequadas ao desenvolvimento de
manter as crianças pequenas ocupadas em vez de utilizarem andadores
potencialmente prejudiciais.
Nossa confiança na lembrança materna e no relato de lesões passadas é a
principal limitação deste estudo. Os dados sobre a frequência de lesões podem
estar sujeitos a vieses de recordação e de notificação.
As mães que se sentem culpadas pelo uso do peso corporal e pelas lesões
associadas podem ter menos probabilidade de relatar tais lesões e as mães
podem ter esquecido as lesões anteriores. Como resultado do potencial desse
viés, a frequência de lesões relacionadas ao peso corporal relatada neste estudo
provavelmente será subestimada.
Estudos futuros são necessários para determinar que tipo de intervenções
podem impactar o uso do peso corporal em crianças turcas.
Estudos realizados em países de rendimento elevado relacionados com a
eficácia das intervenções forneceram resultados diversos. Um estudo
1659
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Andadores para bebês
do Reino Unido demonstrou que um pacote educativo ministrado por parteiras e
visitantes de saúde foi eficaz na redução da posse e utilização de BW (26).
Outro estudo realizado em Singapura concluiu que a formação de enfermeiros é
eficaz na redução do uso de andadores (27). Pelo contrário, um estudo realizado
nos Estados Unidos constatou que, apesar de serem informadas sobre
questões de segurança infantil pelos pediatras, 75% das famílias continuaram a
usar o peso corporal (5). Há evidências de que desencorajar o uso de peso
corporal não deve ser incorporado nas orientações antecipadas gerais sobre
segurança infantil, mas que o uso de peso corporal deve ser abordado
separadamente. As atitudes e crenças sobre a saúde, o desenvolvimento e a
segurança infantil diferem entre as culturas, e é necessária mais investigação
em países de baixo e médio rendimento para orientar as intervenções sobre o
uso do peso corporal. Num estudo realizado na Índia, 43% dos pediatras
acreditavam que os esforços de prevenção de lesões por parte dos pediatras
não produziriam resultados positivos sem medidas legislativas (28).
Melhorar a qualidade do peso corporal não parece ser uma intervenção
promissora, pois nosso estudo mostrou que a maioria das lesões não está
relacionada à qualidade de fabricação dos pesos vivos.
O Canadá é um exemplo de país que proibiu a fabricação e venda de BWs (19).
Esta abordagem radical a um aparelho sem benefícios e potenciais danos pode
ser a solução para as crianças que vivem em todos os países. Até que tais
abordagens legislativas possam ser instituídas, os pediatras e outros
prestadores de cuidados de saúde precisam de ser informados sobre a
necessidade de aconselhamento dos cuidadores sobre os perigos dos PN.
MENSAGENS-CHAVE
1 O uso do peso corporal é comum na Turquia urbana, como em outros países.
2 As famílias não são informadas sobre a falta de benefícios e riscos potenciais
dos BWs.
3 Os pediatras necessitam de informações sobre a necessidade de aconselhar
as famílias sobre os perigos associados ao uso do peso corporal.
Referências
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