Você está na página 1de 9

doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v101i5e-176782 Rev Med (São Paulo). 2022 set.-out.;101(5):e-176782.

Artigo Original

Ingestão cáustica pediátrica em Minas Gerais – Brasil: um estudo observacional


do Hospital Universitário de Uberlândia

Pediatric caustic ingestion in Minas Gerais – Brazil: an observational study at the


University Hospital of Uberlândia

Ana Flavia Ferreira dos Santos, Monique Arantes Pereira, Tatyana Borges Cunha Kock, Ana
Luísa Guedes de Oliveira, Ana Paula Pereira de Morais, Camila Amaro Guedes Santos, Fernanda
Miranda Moisés, Guilhane Maria Magalhães Assunção do Carmo, Hiléia Carolina de Oliveira
Valente, Isadora Barbosa Castro, João Pedro Rodrigues Gonçalves, Larissa Fernanda de Deus
Faria, Leonardo Tsuchida Terence, Marina de Lima Rodrigues, Máyra Bernardes Rocha,
Nathaniel Lucas Soares Lima, Suzenkelly Lúcia de Oliveira, Talissa Gomes Silva de Souza,
Thaís de Melo Baccega, William Nicoleti Turazza da Silva, Erica Rodrigues Mariano de Almeida
Rezende, Cristina Palmer Barros

 
Santos AFF, Oliveira ALG, Morais APP, Santos CAG, Barros CP, Rezende ERMA, Moisés FM, Carmo GMMA, Valente HCO, Castro
IB, Goncalves JPR, Faria LFD, Terence LT, Rodrigues ML, Rocha MB, Pereira MA, Lima NLS, Oliveira SL, Souza TGS, Baccega
TM, Kock TBC, Silva WNT. Ingestão cáustica pediátrica em Minas Gerais – Brasil: um estudo observacional do Hospital Universitário
de Uberlândia / Pediatric caustic ingestion in Minas Gerais – Brazil: an observational study at the University Hospital of Uberlândia.
Rev Med (São Paulo). 2022 set.-out.;101(5):e-176782.

RESUMO: Introdução: Crianças menores de cinco anos são as meses a 12 anos, sendo que 82,60% dos casos ocorreram em
principais vítimas de acidentes por ingestão de cáusticos, assim ambiente domiciliar. Entre as principais substâncias ingeridas
considerando a epidemiologia brasileira e dos riscos à exposição estão os produtos de limpeza, quanto à sua composição química
desses agentes ressalta-se a importância deste estudo que objetiva predominaram soda cáustica, hipoclorito de sódio e amoníaco. A
realizar uma análise descritiva dos casos de acidentes cáusticos endoscopia digestiva alta (EDA) foi realizada em 104 pacientes.
em pacientes pediátricos atendidos em um hospital universitário Quase 13% das crianças apresentaram estenose esofágica e
de Minas Gerais. Método: Este é um estudo transversal descritivo, necessitaram de dilatação esofágica. No período estudado, foram
de caráter quantitativo, a partir dos dados obtidos de prontuários realizados 296 procedimentos de dilatações, com média de 17,4
de pacientes pediátricos (0-13 anos) atendidos por ingestão de procedimentos por paciente. Discussão: Considerando que os
substâncias cáusticas, no Hospital de Clínicas da Universidade acidentes cáusticos são prevalentes em crianças menores de
Federal de Uberlândia (Minas Gerais, Brasil). Resultados: cinco anos e em ambiente domiciliar, as principais substâncias
Foram levantados 132 prontuários de crianças atendidas por ingeridas são aquelas de caráter alcalino, que causam lesão no
ingestão de substâncias cáusticas de janeiro de 2011 a abril de trato respiratório e gastrointestinal, sendo a principal consequência
2018. Os acidentes acometeram crianças na faixa etária de 08 a estenose esofágica. Ademais, não há protocolos bem definidos

Apresentado no 52º Encontro anual da Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN). Glasgow, United
Kingdom from the 5th to the 8th June, 2019.
Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Endereço para correspondência: Ana Flavia Ferreira dos Santos. Avenida João Pinheiro, 4474. Bairro Umuarama. CEP: 38.405-307

1
Santos AFF, et al. Ingestão cáustica pediátrica em Minas Gerais – Brasil: um estudo observacional do HU

para o manejo e a condução de pacientes que fizeram a ingestão of caustic substances from January 2011 to April 2018. The
dessas substâncias. As principais limitações do estudo foram accidents affected children aged between 8 months and 12 years,
o preenchimento incompleto dos prontuários analisados e os with 82.60% of the cases occurring in the home environment.
trâmites burocráticos para o acesso aos mesmos. Conclusão: Among the main substances ingested are cleaning products, as for
Predominaram os acidentes cáusticos domiciliares e em crianças their chemical composition, caustic soda, sodium hypochlorite,
menores de 2 anos, o que implica a necessidade de ações and ammonia predominated. Upper digestive endoscopy (UGE)
educativas e preventivas. was performed in 104 patients. Almost 13% of the children had
esophageal strictures and required esophageal dilation. During the
Palavras-chaves: Cáusticos; Saúde da criança; Estenose study period, 296 dilatation procedures were performed, with an
esofágica. average of 17.4 procedures per patient. Discussion: Considering
that caustic accidents are prevalent in children under five years of
ABSTRACT: Introduction: Children under five years old are the age and the home environment, the main substances ingested are
principal victims of accidents caused by the ingestion of caustics, those of an alkaline nature, which cause injury to the respiratory
so considering Brazilian epidemiology and the risks of exposure and gastrointestinal tract, the main consequence being esophageal
to these agents the importance of this study is emphasized. This stenosis. Furthermore, there are no well-defined protocols for the
study aims to carry out a descriptive analysis of cases of caustic management of patients who have ingested these substances. The
accidents in pediatric patients treated in a university hospital main limitations of the study were the incomplete filling of the
in Minas Gerais. Method: This is a descriptive cross-sectional medical records analyzed and the bureaucratic procedures for
study, with a quantitative character, based on data obtained from accessing them. Conclusion: Caustic accidents predominated in
medical records of pediatric patients (0-13 years old) treated children under two years old in the home environment, which
for ingestion of caustic agents at the Hospital of the Federal implies the need for educational and preventive actions.
University of Uberlândia (Minas Gerais, Brazil). Results: We
collected 132 medical records of children treated for ingestion Keywords: Caustic; Child health; Esophageal stenosis.

INTRODUÇÃO originalmente de outras substâncias, como garrafas


de refrigerante. Como são mais concentrados que os
detergentes de uso doméstico comum, são mais agressivos

C áusticos são substâncias que, quando em


contato com o tecido, afetam as membranas
celulares e causam lesões que podem levar à necrose.
e detêm maior potencial para gerar sérias lesões caso sejam
ingeridos4.
Com relação à gravidade das lesões, um dos fatores
Esses danos variam de acordo com a característica ácida ou importantes é o estado físico do cáustico ingerido. As
alcalina dos produtos1. Atualmente, sabe-se que as crianças substâncias líquidas costumam causar maiores danos, uma
menores de 5 anos são as principais vítimas de acidentes vez que são ingeridas em maior quantidade, sendo mais
por ingestão acidental dessas substâncias, gerando provável o envolvimento do estômago e do duodeno e há
agravos à saúde e a necessidade de acompanhamento maior facilidade em sua digestão. Ademais, é mais comum
médico especializado, além de realização de inúmeros a ingestão de substâncias alcalinas, em detrimento das
procedimentos como a endoscopia digestiva alta (EDA)2. ácidas, pois encontram-se na composição da maioria dos
No âmbito epidemiológico, um estudo realizado na Unidade produtos de limpeza4.
de Toxicologia do Hospital João XXIII da Fundação As lesões decorrentes de acidentes cáusticos
Hospitalar de Minas Gerais demonstra que dos 13.293 graves apresentam duas fases, a aguda que acontece nas
pacientes atendidos em 2015 decorrente da ingestão de primeiras horas após o acidente e apresenta grande risco de
cáusticos, 5.656 eram crianças ou adolescentes3. perfuração do esôfago; e a fase crônica que pode evoluir
No Brasil, inúmeros produtos domissanitários são para estreitamento e tortuosidade do órgão. Nesses casos
lançados anualmente para serem comercializados, inclusive são necessárias avaliações e condutas rápidas a fim de
sem a legislação adequada, o que gera riscos de ingestão minimizar as complicações e melhorar o prognóstico do
por crianças, uma vez que possuem rótulos atrativos ou paciente. Entretanto, não existe uma padronização de
embalagens ausentes de lacres de segurança. Além disso, condutas e tratamentos, além de o custo de internações e
nos domicílios, esses produtos podem ser armazenados a morbidade serem altos e os cuidados multidisciplinares
de forma incorreta, o que pode permitir o fácil alcance. O dos pacientes ocorrerem a longo prazo5,6,7.
reaproveitamento de embalagens de produtos alimentícios O quadro clínico de um indivíduo que ingeriu algum
para armazenamento de substâncias químicas representa produto cáustico é diversificado, podendo variar desde
outro fator favorável à ocorrência de acidentes cáusticos assintomático até a ocorrência de disfagia, sialorréia ou
com crianças3. mesmo choque no caso de perfuração esofágica4. Os custos
A maioria dos produtos ingeridos são de uso com procedimentos e tratamento de crianças e adolescentes
doméstico, geralmente cosméticos ou produtos de limpeza. que sofreram lesões por ingestão de cáusticos podem
Nesse contexto, muitas famílias ainda fazem o uso de ser altos, com necessidade de realização de dilatações
detergentes industriais e os armazenam em recipientes esofágicas, a depender do grau da lesão e da disfagia do

2
Rev Med (São Paulo). 2022 set.-out.;101(5):e-176782.

paciente. Portanto, é necessária a avaliação endoscópica sulfônico, amoníaco, hipoclorito de sódio, ácido oxálico,
sempre que haja forte suspeita de ingestão de cáustico, 12 a soda cáustica, ácido sulfúrico, substância não identificada];
24 horas após o acidente, permitindo a avaliação das lesões medidas pré-endoscópicas [vômito, lavagem gástrica,
e estabelecimento do plano terapêutico e do seguimento antiácido, analgésico, água, leite, antiemético, nada]; tempo
subsequente4. médio até a realização da endoscopia em horas; quantidade
A população da cidade de Uberlândia - Minas de endoscopias digestivas altas realizadas; evolução a óbito
Gerais - e região sofrem com acidentes relacionados à [sim, não].
ingestão de cáusticos, no entanto nota-se uma carência As lesões esofágicas encontradas foram classificadas
de estudos sobre o perfil epidemiológico e a prevalência com base na classificação de Zagar, conforme apresentado
desses acidentes. Portanto, esse estudo objetiva realizar na Tabela 1, a seguir. As lesões gástricas foram classificadas
uma análise descritiva dos casos de acidentes cáusticos de acordo com a classificação de Zagar adaptada, segundo
em pacientes pediátricos atendidos em um hospital de a Tabela 2, em sequência.
referência regional, em Uberlândia. Dessa forma, busca-
se identificar os principais grupos de risco, as fases de Tabela 1: Classificação endoscópica de Zagar de injúria esofágica
revisada por Zagar
apresentação das lesões, as condutas e os tratamentos
realizados, possibilitando a elaboração de estratégias GRAU Descrição endoscópica
preventivas, de investimentos em fiscalização e de políticas 0 Mucosa normal
públicas. Espera-se que a prevenção e o melhor manejo dos I Edema e hiperemia
pacientes vítimas de acidentes cáusticos possam diminuir Friabilidade, hemorragia, erosões, bolhas e úlceras
a morbidade, a mortalidade, os agravos à saúde, além dos IIa superficiais
gastos com internações e procedimentos. IIb IIa + lesão circunferencial
IIIa Áreas focais de erosão; áreas de necrose são raras
MÉTODO
IIIb Necrose extensa
Fonte: Zargar et al., 19892
Para esta pesquisa, realizou-se um estudo transversal
descritivo, de caráter quantitativo, a partir dos dados Tabela 2: Classificação endoscópica de Zagar adaptada para
obtidos de prontuários de pacientes pediátricos (0-13 anos) injúria gástrica
atendidos por ingestão de substâncias cáusticas, no Hospital Classificação Descrição endoscópica
de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC- Sem alteração Mucosa normal
UFU), Minas Gerais, Brasil. O hospital é referência regional Leve Edema ou hiperemia de mucosa
e os casos analisados provêm de pacientes recebidos de toda
Friabilidade, hemorragia, erosões, bolhas,
a Macrorregião de Saúde do Triângulo Norte, composta por membranas esbranquiçadas, ulceração
86 municípios8. O período analisado foi de janeiro de 2011 Moderada
superficial ou exsudato ou ulceração
a maio de 2018. Segundo o último levantamento censitário circunferencial
(2010) realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Áreas pequenas com erosões e raras áreas
Grave
e Estatística (IBGE), o número de habitantes de até 13 de necrose ou extensa necrose
anos no município de Uberlândia e na Macrorregião de Fonte: Zargar et al., 19892
Saúde do Triângulo Norte é de, respectivamente, 116.119
e 229.1279. No presente estudo, foram incluídos todos os O total de endoscopias pediátricas realizadas no
pacientes de até 13 anos que deram entrada no Hospital de hospital no período analisado foi obtido pelo setor de
Clínicas da Universidade Federal Uberlândia, entre janeiro Estatísticas e Informações Hospitalares do Hospital de
de 2011 e maio de 2018, registrados com o CID-10 T54.3 Clínicas de Uberlândia, dado utilizado na análise percentual
(Efeito tóxico de bases (álcalis) cáusticas(os) e substâncias de endoscopias por acidentes cáusticos em relação ao total
semelhantes). Foram excluídos os pacientes com registros de endoscopias realizadas.
ilegíveis ou incompletos. Todas as variáveis foram analisadas por meio
As variáveis analisadas foram: sexo [masculino, de estatística descritiva e foram apresentadas por meio
feminino]; ano do acidente [2011, 2012, 2013, 2014, 2015, de números brutos e medidas de frequência, incluindo
2016, 2017, 2018]; mês do acidente [janeiro, fevereiro, porcentagem, média, moda e mediana. Para análise
março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, estatística foi utilizado o sistema Microsoft Windows Excel.
outubro, novembro, dezembro]; idade do paciente em O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
anos e meses; local de ocorrência [domiciliar, fora do da Universidade Federal de Uberlândia e não identifica
domicílio, desconhecido]; produto ou substância ingerida nenhum dos pacientes avaliados.
[alvejantes, detergentes, amoníacos, sabão caseiro, baterias,  
não identificado]; substância química ingerida [ácido RESULTADOS

3
Santos AFF, et al. Ingestão cáustica pediátrica em Minas Gerais – Brasil: um estudo observacional do HU

Para a compilação de resultados foram levantados embora a curva apresente um padrão oscilatório, podemos
132 prontuários de crianças atendidas por ingestão perceber aumento do número de casos nos últimos anos,
de substâncias cáusticas de janeiro de 2011 a abril de conforme nota-se no Gráfico 1, a seguir. Além disso,
2018, no HC-UFU. Destes, apenas um foi excluído por não houve padrão específico de acometimento entre os
preenchimento incompleto e falta de informação. Na diferentes meses, mesmo que janeiro apresente maior
avaliação da distribuição dos casos ao longo do tempo, incidência.
Gráfico 1: Número de casos e prevalência em relação a população pediátrica que sofreu acidente por ingestão de substância cáustica,
por ano, de 2011 a abril de 2018, no HC-UFU

Fonte: Os autores
Os acidentes com ingestão de cáusticos acometeram eles todos eram produtos de limpeza de uso doméstico
crianças predominantemente na faixa etária de oito meses (alvejantes, detergentes, amoníacos e sabão caseiro). Em
a 12 anos, sendo 44,3% nos dois primeiros anos de vida, relação à classificação quanto à composição química,
conforme Gráfico 2, a seguir. A maioria das crianças predominaram soda cáustica, hipoclorito de sódio e
possuíam idade inferior a cinco anos. Houve discreta amoníaco. Dentre as medidas tomadas antes da realização
predominância do sexo masculino (55,73%). Em apenas da primeira endoscopia digestiva alta, predominaram
46 prontuários (35,10%) foi possível verificar o registro do administração de antiácido, analgésicos e indução de
local de ocorrência do acidente, sendo a maioria domiciliar vômito. A lavagem gástrica foi realizada em alguns casos.
(82,60%). Em 93 (71%) dos prontuários foi possível Do total de acidentes, 72 (54,96%) não possuíam registro
verificar o registro da substância cáustica ingerida, entre de realização de qualquer medida prévia à endoscopia.
Gráfico 2: Distribuição dos casos de acidentes por ingestão de cáusticos segundo faixa etária e sexo entre pacientes pediátricos internados
no Hospital das Clínicas de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil, entre janeiro de 2011 a abril de 2018

Fonte: Os autores

4
Rev Med (São Paulo). 2022 set.-out.;101(5):e-176782.

A endoscopia digestiva alta (EDA) foi realizada em Ademais, mais da metade das crianças apresentaram
104 (84,7%) dos pacientes. Dentre aqueles que realizaram algum grau de lesão esofágica. As lesões mais leves,
EDA, 86,53% fizeram o exame nas primeiras 24 horas após classificadas como grau I ou IIa, corresponderam a 30,2%
o acidente cáustico. A mediana do tempo até a realização e 14% respectivamente, como percebe-se na Tabela
do exame foi de 16 horas. Foram realizadas 350 EDAs ao 3, a seguir. Nota-se, também, que 11,3% das crianças
total, uma média de 3,36 EDAs por paciente. A quantidade apresentaram lesões esofágicas moderadas a graves
corresponde a 7,51% do total de EDAs e a 16,85% do total (graus IIb, IIIa e IIIb). Na sua maioria, estas lesões foram
gasto com esse procedimento no hospital durante o período causadas por soda cáustica. A única lesão grau 3a foi
do estudo para pacientes pediátricos. causada por ingestão de hipoclorito de sódio. Todas as
Os achados endoscópicos englobam desde a lesão crianças que apresentaram lesões esofágicas grau 4 eram
mínima ou ausência de lesão na orofaringe até lesão do sexo masculino, com média de idade de 28,5 meses no
transmural com grande área de necrose. Os prontuários momento de ocorrência do acidente. Os pacientes com
de 10 indivíduos não continham a descrição dos achados lesões esofágicas grau 4 somaram 79 EDAs realizadas
endoscópicos. Os dados analisados mostram que em (22,5% do total), uma média de 19,75 EDAs por paciente,
287 endoscopias (82%) foi possível classificar a lesão. 5,87 vezes superior à média geral dos pacientes analisados.

Tabela 3: Achados clínicos e epidemiológicos das crianças que ingeriram cáusticos, segundo grupo etário, sexo, produto químico ingerido
(cada criança pode ter sido exposta a mais de um agente), endoscopias realizadas, grau de lesão endotelial segundo a Classificação de
Zagar e dilatações esofágicas realizadas, de janeiro de 2011 a maio de 2018, segundo os dados do HC-UFU

Grupo etário
Idade - mínima-máxima (média) 8 – 145 (33)
≤ 5 anos - n (%) 120 (91,6%)
Sexo - n (%)
M 73 (55,7%)
F 58 (44,3%)
Produtos químicos - n (%)
Soda cáustica 65 (49,6%)
Hipoclorito de sódio 35 (26,7%)
Amônia 15 (11.5%)
Outros 10 (14,5%)
Sem informação 6 (4,6%)
Endoscopias
Número total de endoscopias 350
Número de crianças submetidas à endoscopia (%) 104 (84,7%)
Média do número de endoscopias por paciente 3,3
Tempo médio para realização da endoscopia pós-ingestão
16
(horas)
Lesão esofágica
Grau 0 47 (44,3%)
Grau I 32 (30,2%)
Grau IIa 15 (14,2%)
Grau IIb 7 (6,6%)
Grau IIIa/IIIb 5 (4,7%)
Sem informação 25 (19,1%)
Dilatação esofágica
Número total de dilatações esofágicas 296
Número de pacientes submetidos à dilatação esofágica 17
Média do número de dilatações esofágicas por paciente 17,4

Fonte: Os autores.

5
Santos AFF, et al. Ingestão cáustica pediátrica em Minas Gerais – Brasil: um estudo observacional do HU

Por fim, apenas 9 prontuários dentre os 131 paciente. Crianças com lesões graves (IIIa ou IIIb) tiveram
possuíam informações a respeito de lesões gástricas. uma quantidade maior de procedimentos endoscópicos
Dentre estes, dois não apresentavam alterações, quatro e tiveram um número mais significativo de dilatações,
foram classificados como leves, dois como moderados e como mostra a Tabela 4, a seguir. O único óbito ocorreu
um como grave. Quase 13% das crianças apresentaram 13 dias após o acidente de ingestão de soda cáustica, em
estenose esofágica e necessitaram de dilatação esofágica. um indivíduo do sexo feminino, de 39 meses, em domicílio
No período estudado, foram realizados 296 procedimentos da zona rural, cuja lesão esofágica fora classificada como
de dilatações, com média de procedimentos de 17,4 por grau II.

Tabela 4: Total de endoscopias, quantidade total de pacientes submetidos a dilatação esofágica e quantidade total de dilatações esofágicas
segundo o grau de lesão esofágica segundo a Classificação de Zagar, para os casos de crianças que ingeriram cáusticos, de janeiro de
2011 a maio de 2018, segundo os dados do HC-UFU
Classificação de Quantidade total de Quantidade total de pacientes Quantidade total de
Zagar endoscopias (%) submetidos a dilatação esofágica (%) dilatações esofágicas (%)
Grau 0 60 (20,9%) 1 (2,1%) 5 (3,6%)
Grau I 71 (24,7%) 1 (3,1%) 23 (16,8%)
Grau IIa 59 (20,6%) 5 (33,3%) 37 (27,0%)
Grau IIb 17 (5,9%) 2 (28,6%) 2 (1,5%)
Grau IIIa/IIIb 80 (27,9%) 4 (80%) 70 (51,1%)
Fonte: Os autores.

DISCUSSÃO Na região analisada neste estudo, é hábito a fabricação de


sabão nos domicílios utilizando a soda cáustica. Apesar
A ingestão acidental de substâncias corrosivas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
durante a infância permanece como um importante formular regulamentos técnicos que preveem requisitos
problema de saúde pública em países em desenvolvimento, para rotulagem de produtos comercializados contendo
relacionados a fatores socioeconômicos, questões compostos cáusticos, as informações contidas no rótulo
educacionais e a deficiência nas ações de prevenção6. são por vezes negligenciadas ou não promovem de forma
Entretanto, é difícil saber a real prevalência desses acidentes efetiva a conscientização dos consumidores. É obrigatório,
quando se considera a subnotificação dos casos. Desde por exemplo, que os rótulos de alvejantes à base de
1966, a Organização Mundial da Saúde tem demonstrado hipoclorito de sódio contenham o aviso “armazenar fora
altas taxas de injúrias por ingestão de cáusticos em menores do alcance de crianças” de forma visível ao consumidor.
de 5 anos3. No estudo realizado, a grande maioria das Contudo, informações como o que fazer no caso de
crianças tinham idade inferior a 5 anos, com predomínio exposição acidental estão dispostas em letras menores e
do sexo masculino conforme demonstrado na literatura3,7,10. pouco visíveis, bem como às consequências quando da
Destaca-se que os menores de 3 anos corresponderam a uma ingestão do produto, que sequer são obrigatórias11.
parte significativa, já que, nesta faixa-etária, as crianças Ingestão acidental de substâncias alcalinas ou ácidas
começam a explorar o ambiente e são muito curiosas, o que podem causar injúrias na boca, orofaringe, vias aéreas,
pode aumentar o risco acidental da ingestão de substâncias esôfago e estômago e menos comumente no duodeno.
corrosivas se essas estiverem em locais de fácil acesso. Dessa maneira, os agentes cáusticos quando ingeridos
Além disso, é comum o hábito de condicionar produtos de podem causar necrose celular por coagulação (ácidos) ou
limpeza em recipientes sem identificação e que chamam a liquefação (álcalis), com graus variáveis de acometimento
atenção da criança, o que favorece este tipo de acidente3. do trato gastrointestinal alto a depender da quantidade do
Logo, os acidentes costumam acontecer no domicílio. Um produto ingerido, do tempo de exposição e da extensão
estudo demonstrou que cerca de 86 a 90% ocorrem em do acometimento. Os achados endoscópicos podem ser
ambiente doméstico ou em arredores2, o que corrobora os classificados em diversas formas e as apresentações podem
dados encontrados pela presente pesquisa. variar desde ausência ou mínimas lesões orofaríngeas até
Os compostos químicos mais comumente ingeridos lesões transmurais com presença de necrose extensa12. Um
são substâncias alcalinas, sendo a soda cáustica o principal estudo com crianças mexicanas mostrou que, no exame
agente envolvido nos acidentes cáusticos3. No presente endoscópico do trato digestivo, as lesões esofagianas
estudo, a soda cáustica representou o principal agente mais comuns corresponderam aos graus I, IIa e IIb para a
de acidentes, seguido pelo hipoclorito de sódio. Essas soda cáustica e 20% das crianças apresentaram estenose
substâncias podem ser encontradas em produtos de limpeza esofágica3. Em relação ao presente estudo, a maioria
doméstica, principalmente em alvejantes e detergentes. das crianças apresentaram lesões I, IIa e IIb, conforme

6
Rev Med (São Paulo). 2022 set.-out.;101(5):e-176782.

já relatado. A rápida realização da endoscopia, na sua do Brasil reconheceu os CIATOX como estabelecimentos
maioria em menos de 24hs após a exposição, pode ter de saúde integrantes da Rede de Atenção às Urgências e
contribuído para o predomínio de lesões mais leves. Emergências do Sistema Único de Saúde. Portanto, essas
Um estudo de revisão demonstrou que o tempo médio informações ainda são pouco divulgadas tanto para os
de endoscopia após a ingestão cáustica foi de 30 horas, profissionais da área da saúde como para a população geral.
maior que o encontrado nesta pesquisa10. Entretanto, não Entende-se que o uso de protocolos para
há protocolos bem estabelecidos para manejo de acidentes atendimentos nas unidades de saúde é uma ferramenta
cáusticos que estabeleçam condutas quando da ingestão que viabiliza a agilidade e eficácia de tratamentos.
destas substâncias. Além disso, ações educativas para prevenção e manejo
Dentre as medidas tomadas antes da realização adequado dos pacientes voltadas tanto para familiares e/
da primeira endoscopia, observou-se a administração de ou responsáveis pela criança quanto para profissionais de
medicamentos como analgésicos e antiácidos. Por outro saúde, são fundamentais para diagnóstico precoce e para
lado, a indução do vômito, embora seja proscrito nestes medidas terapêuticas adequadas. Dessa forma, é possível
casos, ainda é observada, assim como lavagem gástrica, evitar complicações a longo prazo, entre elas a perfuração
administração de água, leite ou anti-emético 13. Isso e a estenose esofágica, bem como o desenvolvimento de
demonstra a falta de informação dos pais e até mesmo dos neoplasias17.
profissionais de saúde. A indicação da endoscopia também Existiram potenciais limitações para este estudo.
se mostra controversa, embora ajude a definir a localização Destaca-se, primeiramente, o fato de alguns prontuários
anatômica e a severidade da lesão. A National Poisons analisados não estarem preenchidos de forma integral
Information Service (NIPS) recomenda que a endoscopia e legível, dificultando ou impossibilitando a análise
seja realizada nas primeiras 24 horas, mesmo em pacientes de determinadas variáveis, inclusive o número total de
assintomáticos e sua indicação independe da presença de acidentes ocorridos. Além disso, trâmites burocráticos
lesões orais14. Já a Sociedade Europeia de Gastroenterologia causam demora no acesso a prontuários inativos de
Pediátrica Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN) e de pacientes que há mais de cinco anos não são atendidos
Endoscopia (ESGE), recomenda o acompanhamento no hospital ou foram a óbito, fatos que dificultaram a
minucioso destas crianças e a realização de endoscopia, análise dos dados. Diante disso, ressalta-se a importância
a depender dos sintomas, nas primeiras 24 horas15. Além de incentivar o preenchimento adequado dos prontuários
disso, pode ser necessária a repetição do exame para pelos profissionais responsáveis, assim como criar
avaliar o aparecimento de complicações e com objetivo medidas dentro das instituições que facilitem o acesso aos
terapêutico14. Alguns serviços defendem a realização de prontuários, visto que essa é uma ferramenta de extrema
endoscopia após 2 a 3 semanas, em pacientes sintomáticos utilidade para futuras pesquisas.
e que procuraram atendimento tardio (após 48 horas de Pode-se considerar que os resultados obtidos neste
exposição), para avaliação de possíveis complicações estudo não são dependentes da amostra analisada ou de
como estenoses. uma situação particular da pesquisa, pois apesar de serem
A ingestão de cáusticos é a causa mais comum de analisados apenas prontuários de crianças que sofreram
estenose esofágica em crianças, sendo, portanto, a sua acidente com cáusticos, os dados foram analisados
mais frequente complicação tardia. As taxas de incidência aleatoriamente, de modo a obter uma amostra representativa
de estenose esofágica podem variar de 2 a 49% e afeta da população infantil. Por fim, deve-se considerar que essa
predominantemente a porção média à distal do órgão7. pesquisa possui validação externa.
No presente estudo, a incidência foi de 13%. A terapia  
mais utilizada para as estenoses esofágicas são sessões de CONCLUSÃO
dilatação endoscópica que devem começar após 3 semanas
da exposição e continuar semanalmente até que se alcance
o calibre desejado. A maioria das crianças que desenvolvem Reforça-se que as injúrias esofágicas causadas pela
estenose vão precisar de dilatações inicialmente 2 vezes ingestão de cáusticos continuam sendo um importante
por semana, por cerca de 3 meses, com uma média de 12 problema de saúde pública em países subdesenvolvidos e em
dilatações por paciente, embora o número de dilatações desenvolvimento. As substâncias ingeridas acidentalmente
possa ser imprevisível e muito superior a este6,7. acometem em sua maioria, na pediatria, crianças menores
As atividades exercidas pelos Centros de Informação de 5 anos e podem causar agravos para saúde deles, com
e Assistência Toxicológica (CIATOX) no Brasil são muito grande impacto em sua qualidade de vida. Somado a isso,
importantes em casos como os de acidentes cáusticos16. Isso os gastos com procedimentos como dilatações, quando
porque esses centros são capazes de fornecer informações a necessário, e intervenções, como a EDA, oneram o sistema
respeito de quais produtos apresentam maior risco à saúde e de saúde de forma significativa.
quais as medidas que devem ser tomadas após um acidente Nesse contexto, a partir da análise descritiva feita
cáustico. Porém, somente em 2015 o Ministério da Saúde pelo presente estudo, acredita-se que é possível uma melhor

7
Santos AFF, et al. Ingestão cáustica pediátrica em Minas Gerais – Brasil: um estudo observacional do HU

compreensão epidemiológica dos acidentes cáusticos em tecnologia endoscópica quanto de profissionais capacitados
crianças, o que é de extrema importância para se estabelecer para tal.
medidas efetivas para prevenção e manejo adequado. Além disso, o estudo reforça a importância no acesso
A ingestão de cáusticos foi predominante em a informações acerca de formas de prevenção dos acidentes
crianças com menos de 2 anos no próprio domicílio, o que para os pais e agentes de saúde e auxilia na elaboração de
explica a necessidade de ações que protejam esse grupo políticas públicas. Dessa forma, isso permite a redução da
de risco dentro das próprias casas. Ademais, é importante prevalência dos acidentes com cáusticos e de seus danos.
ressaltar que a abordagem precoce pela EDA resultou Por fim, é dever da universidade produzir pesquisas que
no aparecimento de lesões de menor gravidade, fato que tragam resultados positivos para a comunidade, o que
demonstra a importância de serviços que saibam lidar com fortalece a responsabilidade do ensino público para com
os casos de acidentes cáusticos e que disponham tanto de a sociedade.
Participação dos autores:
Ana Flávia Ferreira dos Santos: https://orcid.org/0000-0002-2609-2009; anafdsantos@hotmail.com.br - acadêmica do curso de Medicina, participou
da coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita/edição do artigo.
Monique Arantes Pereira: https://orcid.org/0000-0003-3757-7527 - acadêmica do curso de Medicina, participou da coleta de dados, da escrita do
documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita/edição do artigo.
Camila Amaro Guedes Santos: https://orcid.org/0000-0003-2617-5848; camilaagsantos@yahoo.com.br - acadêmica do curso de Medicina, participou
da coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita do resumo do artigo.
Talissa Gomes Silva de Souza: https://orcid.org/0000-0002-0053-3590; talissagomess@gmail.com - acadêmica do curso de Medicina, participou da
coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita do resumo do artigo.
Hiléia Carolina de Oliveira Valente: https://orcid.org/0000-0003-3208-5291; hileiavalente@yahoo.com.br - acadêmica do curso de Medicina, participou
da coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da introdução do artigo.
Máyra Bernardes Rocha: https://orcid.org/0000-0003-2103-7091; mayrarocha01@outlook.com - acadêmica do curso de Medicina, participou da coleta
de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da introdução do artigo.
Suzenkelly Lúcia de Oliveira: https://orcid.org/0000-0001-7462-5706; suzen.lucia@gmail.com - acadêmica do curso de Medicina, participou da coleta
de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da introdução do artigo.
Fernanda Miranda Moisés: https://orcid.org/0000-0002-3891-169X; fernandammoises@hotmail.com - acadêmica do curso de Medicina, participou da
coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da metodologia da pesquisa no artigo.
Larissa Fernanda de Deus Faria: https://orcid.org/0000-0002-0173-4386; fdfaria@hotmail.com - acadêmica do curso de Medicina, participou da coleta
de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da metodologia da pesquisa no artigo.
Leonardo Tsuchida Terence: https://orcid.org/0000-0003-2867-1626; ltt54@hotmail.com - acadêmico do curso de Medicina, participou da coleta de
dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da metodologia da pesquisa no artigo.
William Nicoleti Turazza da Silva: https://orcid.org/0000-0001-6942-992X; williamnicolete@gmail.com - acadêmico do curso de Medicina, Faculdade
de Medicina, participou da coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita dos resultados da pesquisa
no artigo.
Marina de Lima Rodrigues: https://orcid.org/0000-0002-7826-1943; marina4rodrigues@gmail.com - acadêmica do curso de Medicina, Faculdade de
Medicina, participou da coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita dos resultados da pesquisa no artigo.
Guilhane Maria Magalhães Assunção do Carmo: https://orcid.org/0000-0003-4839-0098; guilhane.m@gmail.com - acadêmica do curso de Medicina,
participou da coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da discussão do artigo e da tradução do
resumo do artigo.
Ana Paula Pereira de Morais: https://orcid.org/0000-0001-5732-643X; anapaulapmorais@hotmail.com - acadêmica do curso de Medicina, participou
da coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da discussão do artigo.
Isadora Barbosa Castro: https://orcid.org/0000-0002-6325-7183; isadorabarbosac98@gmail.com - acadêmica do curso de Medicina, participou da coleta
de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da discussão do artigo.
João Pedro Rodrigues Gonçalves: https://orcid.org/0000-0001-7300-6508; joaopedrorg49@gmail.com - acadêmico do curso de Medicina, participou da
coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da discussão do artigo. 
Ana Luísa Guedes de Oliveira: https://orcid.org/0000-0002-0949-4022; anaduguedes04@gmail.com - acadêmica do curso de Medicina, participou da
coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da conclusão do artigo.
Nathaniel Lucas Soares Lima: https://orcid.org/0000-0002-9928-5098; nathanlucad15@gmail.com - acadêmico do curso de Medicina, Faculdade de
Medicina, participou da coleta de dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da conclusão do artigo.
Thaís de Melo Baccega: https://orcid.org/0000-0002-5724-8483; thaisbaccega@gmail.com - acadêmica do curso de Medicina, participou da coleta de
dados, da escrita do documento para submissão ao Comitê de Ética Médica e da escrita da conclusão do artigo.
Tatyana Borges Cunha Kock: https://orcid.org/0000-0003-3633-294X; tatyana.cunha@ufu.br - docente do curso de Medicina, orientou a pesquisa e a
construção do artigo. 
Erica Rodrigues Mariano de Almeida Rezende: https://orcid.org/0000-0003-2168-1944; ericamarianor@gmail.com - docente do curso de Medicina,
orientou a pesquisa e a construção do artigo.
Cristina Palmer Barros: https://orcid.org/0000-0002-6725-0587; cpalmerb@gmail.com -docente do curso de Medicina, Faculdade de Medicina, orientou
a pesquisa e a construção do artigo.
Todos os autores do artigo participaram ativamente da coleta dos dados e da confecção do mesmo, considerando suas deliberações previamente combinadas
para a estruturação do mesmo. Ademais, todos foram corresponsáveis pela correção e duas devidas edições adequadas.
Agradecimentos especiais: Às professoras Tatyana Borges Cunha Kock, Erica Rodrigues Mariano de Almeida Rezende e Cristina Palmer Barros
pela perseverança ao ensino de qualidade e ao estímulo incansável à pesquisa universitária, através da coordenação conjunta da Liga de Pediatria da
Universidade Federal de Uberlândia, a qual todos os escritores discentes foram membros.

8
Rev Med (São Paulo). 2022 set.-out.;101(5):e-176782.

REFERÊNCIAS doi.org/10.1016/j.jped.2013.08.011

1. Mencias, E. Intoxicación por cáusticos. In: Anales del 11. Zargar SA, Kochhar R, Nagi B, Mehta S, Mehta SK.
Sistema Sanitario de Navarra. Gobierno de Navarra: Ingestion of corrosive acids. Spectrum of injury to upper
Departamento de Salud; 2003. p.191-207. doi: https://doi. gastrointestinal tract and natural history. Gastroenterology.
org/10.4321/S1137-66272003000200012 1989;97:702-7.

2. Urganci N, Usta M, Kalyoncu D, Demirel E. Corrosive 12. Contini S, Scarpigiano C. Caustic injury of the upper
substance ingestion in children. Indian J Pediatr. gastrointestinal tract: a comprehensive review. World
2014;81(7):675-9. doi: https://doi.org/10.1007/s12098- Gastroenterol. 2013;19(25):3918-30. doi: https://doi.
013-1170-0 org/10.3748/wjg.v19.i25.3918

3. Bittencourt PFC, Carvalho SD. Acidentes cáusticos 13. Balderas AB, Aceves MR, Ramírez PC, Rodríguez EG,
na infância: uma proposta de atendimento nas fases and Marín JABM. Endoscopic findings of the digestive
aguda e crônica do acidente. Rev Med Minas Gerais. tract secondary to caustic ingestion in children seen
2018;28(Supl 6):S280615. doi: https://doi.org/10.5935/2238- at the Emergency Department. Arch Argent Pediatr.
3182.20180107 2018;116(6):409-414. doi: https://doi.org/10.5546/aap.2018.
eng.409.
4. Rego MHA. Ingestão de cáusticos–caracterização
e factores preditivos de complicações. Portuguese J 14. Rafeey M, Ghojazadeh M, Sheikhi S, Vahedi L. Caustic
Pediatr. 2014;45(1):26-31. doi: https://doi.org/10.25754/ ingestion in children: a systematic review and meta-
pjp.2014.2933 analysis. J Caring Sci. 2016;5(3):251-265. doi: https://doi.
org/10.15171/jcs.2016.027
5. Arnold M, Numanoglu A. Caustic ingestion in children: a
review. Sem Pediatr Surg. 2017;26:95-104. doi: https://doi. 15. Sanchez-Ramirez CA, Larrosa-Haro A, Vásquez-Garibay
org/10.1053/j.sempedsurg.2017.02.002 EM, Mácias-Rosales R. Socio-demographic factors
associated with caustic substance ingestion in children and
6. Kurowski J, Kay M. Caustic ingestions and foreign bodies adolescents. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2012;76(2):253-
ingestions in pediatric patients. Pediatr Clin North Am. 2017; 6. doi: https://doi.org/10.1016/j.ijporl.2011.11.015
64:507-24. doi: https://doi.org/10.1016/j.pcl.2017.01.004
16. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
7. Karaman I, Koç O, Karaman A, Erdogan D, Çavusoglu YH, RDC Nº. 109, de 6 de setembro de 2016. Aprova o
Afsarlar ÇE et al. Evaluation of 968 children with corrosive Regulamento Técnico que estabelece os requisitos mínimos
substance ingestion. Indian journal of critical care medicine: para o registro de produtos saneantes categorizados como
peer-reviewed. Indian Soc Crit Care Med. 2015;19(12):714-8 alvejantes à base de hipoclorito de sódio e hipoclorito
doi: https://doi.org/10.4103/0972-5229.171377 de cálcio, nos termos desta Resolução. Diário Oficial da
União - DOU; Poder Executivo, de 8 de setembro de 2016.
8. Hospital de Clínicas de Uberlândia: Universidade Federal Disponível em: http://www.in.gov.br/autenticidade.html
de Uberlândia. Institucional. Uberlândia, MG; 2020 [citado COD 00012016090800038
25 out. 2020]. Disponível em: https://www.hc.ufu.br/pagina/
institucional 17. Lamireau T, Rebouissoux L, Denis D, Lancelin F,
Vergnes P, Fayon M. Accidental caustic ingestion in
9. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Censo children: is endoscopy always mandatory? J Pediatr
demográfico: 2010. 12º Recenseamento Geral do Brasil. Gastroenterol Nutrition. 2001;33(1):81-4. doi: https://doi.
org/10.1097/00005176-200107000-00014
10. Silva AAR, Passos RS, Simeoni LA, Neves FAR, Carvalho
E. Use of sanitizing products: safety practices and risk Recebido: 27.10.2020
situations. J. Pediatr (Rio J). 2014;90(2):149-54. doi: https:// Aceito: 14.06.2022

Você também pode gostar