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22/04/2016

U N I V E R S I DA D E F E D E R A L DA BA H I A
ESCOLA DE NUTRIÇÃO

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGIOS DA
DIARREIA NA INFÂNCIA
Mestrandas: Gabriela Santos e Wilanne Pinheiro
Docentes: Ana Marlucia Oliveira Assis e Patrícia Quadros
Disciplina: NUT 136 - Nutrição Materno Infantil

CONCEITOS

• DIARREIA: 3 ou mais dejeções líquidas e ou semilíquidas (pastosas) nas 24 horas

• EPISÓDIO DE DIARREIA: Intervalo de 72 horas ou mais (três ou mais dias sem


diarreia) entre os eventos

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CONCEITOS

• Normalmente a diarreia é um sintoma de infecção do trato intestinal, causada por

variedade de bactéria, vírus ou parasito, cuja transmissão ocorre por água ou alimentos
contaminados, transmitida de pessoa a pessoa ou resulta de inadequada prática de higiene
(WHO, Fact sheet n. 330, 2009).

Aula - AMOS, 2013

CONCEITOS
• Classificação quanto a DURAÇÃO:

- Diarreia aguda episódios em < que 14 dias

- Diarreia persistente – episódios ≥ 14 dias

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CONCEITOS

• Quanto à ORIGEM:

OSMÓTICA: hidrolise e absorção de nutrientes [diminuição


da quantidade e da função enzimática] [lesão da mucosa
intestinal]

Ativa
- Quanto ao
INFECCIOSA: vírus, bactéria e
parasitos. MECANISMO da Passiva
DIARREIA INFECCIOSA:

FATORES DE RISCO

o Alimentação inadequada;
o Curta duração do aleitamento materno;
o Estado nutricional deficiente - deficiência de micronutrientes;
o Inadequado comportamento de higiene;
o Condições sanitárias e ambientais precárias.

SANTOS et al., 2011

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ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS

• Segundo estimativas da OMS e Unicef aproximadamente 2,5 bilhões de episódios


de diarreia ocorram anualmente em menores de 5 anos em países em
desenvolvimento;

• 2ª causa de morte entre as crianças menores de 5 anos de idade.

(BHUTTA, 2014 in: KLIEGMAN et al., 2014 )

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS

• A mortalidade global está em declínio, mas a incidência global permanece sem


alteração, com aproximadamente 3,6 episódios por criança-ano (BHUTTA, 2014 in:
KLIEGMAN et al., 2014 );

• Em 2009 somente 39% das crianças com diarreia dos países em desenvolvimento
recebem o tratamento recomendado. Parece que o progresso é limitado desde o ano de
2000 (WHO/UNICEF, 2009);

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ETIOLOGIA DA DIARREIA INFECCIOSA

Causada por infecção via fecal-oral ou ingestão de alimentos e/ou


água contaminados com microrganismos.

• Shigella – parece ter diminuído, porém ainda respondem por aproximadamente


160.000 mortes/ano no mundo;

(BHUTTA, 2014 in: KLIEGMAN et al., 2014 )

ETIOLOGIA DA DIARREIA INFECCIOSA

• Escherichia coli enterotoxigenica (ETEC) – responsável por 300.000 – 500.000 mortes em


menores de 5 anos/ano;

• Infecções por rotavírus – responsáveis por 527.000 morte/ano ou 29% de todas as


mortes por diarreia em <5 anos ( sendo que > 50% das mortes por rotavírus acontecem
nos seguintes países: Índia, China, Paquistão, Nigéria, Etiópia e Congo.

(BHUTTA, 2014 in: KLIEGMAN et al., 2014 )

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Óbitos por doenças infecciosas intestinais em menores de 5 anos – Brasil, 2009-2013.

2009 2010 2011 2012 2013 Total


Casos de Doenças
1.258 1.005 756 793 839 4.651
infecciosas intestinais

DATASUS, 2016

(BHUTTA, 2014 in: KLIEGMAN et al., 2014 )

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CAUSAS DE DIARREIA CRÔNICA

(BHUTTA, 2014 in: KLIEGMAN et al., 2014 )

(WHO, 2009 )

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(WHO, 2009 )

REFERÊNCIAS
• World Health Organization. Diarrhoea : why children are still dying and what can be
done. Geneva : World Health Organization, 2009.
• SANTOS, C. A. S. T. et al. Individual and contextual determinants of the duration of
diarrhoeal episodes in preschool children: a longitudinal study in an urban setting.
Epidemiol. Infect., 2011.
• KLIEGMAN, R. M. et al. Nelson, Tratado de Pediatria, 19° edição, ed. Saunders, vol. 2.,
2014.

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U N I V E R S I DA D E F E D E R A L DA BA H I A
ESCOLA DE NUTRIÇÃO

DIARREIA

Carla Magalhães
Docentes: Ana Marlucia Oliveira Assis e Patrícia Quadros
Disciplina: NUT 136 - Nutrição Materno Infantil

CARACTERÍSTICAS
• Alteração da função gastrintestinal  Aumento da frequência de fezes;
Aumento do volume das fezes;
Diminuição da consistência das fezes.

NÃO ESQUECER!
• Aumento da quantidade de fluidos nas fezes nas 24 horas:
• Variando de 5 a 10ml/kg/dia
a eliminação (aproximadamente
de fezes formadas não normal) a >200 diarreia,
constitui ml/kg (WHO,
2005)
independentemente do número
• Perda de água e eletrólitos (Na, Cl, HCO3- , K)
 de
• Perda a eliminação defezes
líquidos nas três ou mais dejeções
+ febre, liquidas
suor, urina e ouamolecidas
e vômito em
Desidratação.
crianças aleitadas ao peito pode não ser diarreia
AMOS, 2013.2

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CLASSIFICAÇÃO

• Agente etiológico:
• Diarreia Osmótica;
• Diarreia Infecciosa:
• Mecanismo Ativo e Passivo.

• Duração:
• Diarreia Aguda;
• Diarreia Persistente.

MECANISMO FISIOPATOLÓGICO:
DIARREIA OSMÓTICA
• Absorção de água no intestino  dependente do adequada
absorção de solutos;

• Presença de solutos osmoticamente ativos  atração de água para


o lúmen;
Má absorção:
Redução da atividade/quantidade de enzimas
Lesão da mucosa intestinal
Redução da capacidade absortiva
Sobrecarga de nutrientes.
Bhutta, Z.A. in Kliegman et al. 2011

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MECANISMO FISIOPATOLÓGICO:
DIARREIA OSMÓTICA

MECANISMO FISIOPATOLÓGICO:
DIARREIA OSMÓTICA

• Características das fezes:


• Ácidas  irritação perianal;
• Volumosas  líquidas;
• Explosivas  presença de gases;
• Dor em cólica;
• Cessa na ausência do excesso do soluto.

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MECANISMO FISIOPATOLÓGICO:
DIARREIA INFECCIOSA
• Patogênese e gravidade:

• Presença de toxinas pré-formadas:


• Secretoras ou citotóxicas.

• Mecanismo invasivo do epitélio intestinal.

Bhutta, Z.A. in Kliegman et al. 2011

MECANISMO FISIOPATOLÓGICO:
DIARREIA INFECCIOSA (MEC. ATIVO)
• Infecção pelo patógeno  sobrevive aos mecanismos de defesa;
• Colonização e reprodução  liberação de toxinas;

• Enterotoxinas  alterações intracelulares que repercutem em


alteração dos fluxos hidroeletrolíticos do enterócito;
• Aumento do AMPc  ↓ Absorção de Na e Glicose;
↑ Excreção de Cl.

Bhutta, Z.A. in Kliegman et al. 2011

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MECANISMO FISIOPATOLÓGICO:
DIARREIA INFECCIOSA (MEC. ATIVO)

Bhutta, Z.A. in Kliegman et al. 2011

AMOS, 2013.2

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MECANISMO FISIOPATOLÓGICO:
DIARREIA INFECCIOSA (MEC. PASSIVO)
• Infecção pelo patógeno  sobrevive aos mecanismos de defesa;
• Colonização e reprodução  invasão celular;

• Invasão da mucosa  lesão de borda em escova  reação


inflamatória com migração de macrófagos e liberação de
mediadores pró-inflamatórios  migração de neutrófilos  quebra
da barreira epitelial e destruição da mucosa.
Fezes sanguinolentas, mucoídes, com presença de
leucócitos e piócitos
Bhutta, Z.A. in Kliegman et al. 2011

MECANISMO FISIOPATOLÓGICO:
DIARREIA INFECCIOSA (MEC. PASSIVO)
• Comprometimento da integridade da vilosidade:
• Enzimas;
• Bombas de Na+ /H+ , Na+ Glicose, HCO3- /Cl-;

Digestão e Absorção?
• Processo Inflamatório;

• Recuperação lenta da integridade da mucosa.

Bhutta, Z.A. in Kliegman et al. 2011

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Bhutta, Z.A. in Kliegman et al. 2011

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MECANISMO HIDROSTÁTICO

LÚMEN

COMPARTIMENTO DE
MATURAÇÃO
ÁGUA
VILOSIDADE
COMPARTIMENTO DE
DIFERENCIAÇÃO

COMPARTIMENTO
PROLIFERATIVO

CÉLULAS BASAIS OU DE PANNET


Origina :
CRIPTA Célula absortiva
Célula Caliciforme
Enteroendócrina

AMOS, 2013.2

MECANISMO FISIOPATOLÓGICO:
DIARREIA INFECCIOSA (MEC. PASSIVO)

AMOS, 2013.2

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FEBRE
• Febre é a elevação controlada da temperatura do corpo acima dos
valores normais para o indivíduo;

• Local de medição: a temperatura retal é maior do que a bucal, e esta é


maior do que a axilar;

• Febre  temperatura axilar acima de 37,2 ºC; Leve: Até 38,5º C


retal acima de 38 ºC. Moderada: 38,5 a 39,4º C;
OMS (2005) >38,5º C Grave: > 39,5º C.

• Hipotermia  abaixo de 36 ºC.


Jornal de Pediatria - Vol.79, Supl.1, 2003

FEBRE

Bhutta,
Medicina,
Z.A. in
Ribeirão
Kliegman
Preto
et al.
. v. 2011
27, n. 1/2, p. 7-48, jan./jun. 1994

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ATIVA OU PASSIVA?

DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE DIARREA POR


MECANISMOS ATIVO E PASIVO
Características Ativa Passiva
Leucocitos Negativo Positivo
Sangue Negativo Positivo
Febre Geralmente ausente Presente
Vomito Ausente Presente
Leucócitos Traços Positivo
Antitripsina Negativo Positivo

AMOS, 2013.2

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MECANISMOS HIDROSTÁTICOS E OSMÓTICOS

• IMPORTÂNCIA CLÍNICA

Eletrólitos (Cl, Na, K)


Independente da Alimentação
Bhutta, Z.A. in Kliegman et al. 2011

PERSISTÊNCIA DA DIARREIA
• Duração igual ou superior a 14 dias;
Importante contribuição do mecanismo
osmótico para a manutenção do quadro.
• Etiologia:
• Infecciosa aguda: E.coli, Cryptosporidium parvum, C. difficile, Rotavirus, CMV;
• Processos Digestivos Anormais: Fibrose Cística, Pancreatite, etc.
• Deficiência congênita de enzimas ou de outros mecanismos envolvidos no processo de
hidrólise;
• DEP;
• Imune e Inflamatório: Doença celíaca, APLV,
• Tumores;
• Outros: Defeitos estruturais, distúrbios de motilidade, defeitos no transporte
Bhutta, Z.A. in Kliegman et al. 2011

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DIARREIA PERSISTENTE

• Infecção do patógeno  persiste;


• Mecanismo hidrostático + Mecanismo osmótico.

PROCESSO INFLAMATÓRIO:
Manutenção do quadro inflamatório Anorexia, febre,
+ hipoatividade, irritabilidade
Continuidade da lesão da mucosa
+
Menor recuperação da integridade LESÃO NA MUCOSA:
intestinal Intolerância a carboidratos,
disabsorção, desidratação,
maior risco de APLV.
Bhutta, Z.A. in Kliegman et al. 2011

DIARREIA PERSISTENTE

• Infecção do patógeno  Ausente; Síndrome Pós-Enterite


• Mecanismo osmótico >> Mecanismo hidrostático.

INFLAMAÇÃO EM REMISSÃO:
criança mais ativa, afebril,
apetite conservado
Recuperação mais lenta da integridade
intestinal
MUCOSA EM RECUPERAÇÃO:
menor disabsorção,
Responsáveis pela intolerância a carboidratos e
manutenção do APLV secundária.
quadro
Bhutta, Z.A. in Kliegman et al. 2011

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DIARREIA PERSISTENTE – INTOLERÂNCIA A


CARBOIDRATOS

DIARREIA PERSISTENTE

• Células lesadas se dividem mais rapidamente  mitose:


• Tentativa de recuperação rápida da integridade;

• Considerar:
• Estado de desnutrição
• Restrição alimentar X oferecimento de alimentos

AMOS, 2013.2

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DIARREIA PERSISTENTE
• EM CASO DE AUMENTO DA GRAVIDADE DA DIARRÉIA...

• Considerar:
• Manipulação inadequada dieta
• Estado nutricional comprometido
• Baixa capacidade de resposta imunológica
• Virulência do agente causal
• Intolerância primária ou secundária a nutrientes
• Alergia primária ou secundária a proteína
• Considerar outras doenças de base.

AMOS, 2013.2

TRATAMENTO

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AVALIAÇÃO DA DESIDRATAÇÃO

PLANO A: Tratamento em Domicílio


1) OFERECER OU INGERIR MAIS LÍQUIDO QUE O HABITUAL PARA PREVENIR A DESIDRATAÇÃO:
• O paciente deve tomar líquidos caseiros (água de arroz, soro caseiro, chá, suco e sopas) ou SRO após cada evacuação
diarreica. (não utilizar refrigerantes e não adoçar o chá ou suco).
2) MANTER A ALIMENTAÇÃO HABITUAL PARA PREVENIR A DESNUTRIÇÃO:
• Continuar o aleitamento materno.
• Manter a alimentação habitual para as crianças e os adultos.
3) SE O PACIENTE NÃO MELHORAR EM DOIS DIAS OU SE APRESENTAR QUALQUER UM DOS SINAIS ABAIXO, LEVÁ-LO
IMEDIATAMENTE AO SERVIÇO DE SAÚDE: SINAIS DE PERIGO
• Piora na diarreia • Recusa de alimentos • Vômitos repetidos • Sangue nas fezes • Muita sede • Diminuição da diurese
4) ORIENTAR O PACIENTE OU ACOMPANHANTE PARA:
• Reconhecer os sinais de desidratação.
• Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral. • Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem
adequada das mãos, tratamento da água e higienização dos alimentos).
5) ADMINISTRAR ZINCO UMA VEZ AO DIA, DURANTE 10 A 14 DIAS:
• Até seis (6) meses de idade: 10mg/dia. • Maiores de seis (6) meses de idade: 20mg/dia
WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005; MS, Manejo do Paciente com Diarreia, 2005

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PLANO A: Tratamento em Domicílio


• RECOMENDAR A MÃE:
1. DAR LÍQUIDOS ADICIONAIS (tanto quanto a criança aceitar)
• Amamentar com maior frequência e por tempo mais longo a cada vez;
- se a criança se alimenta exclusivamente de leite materno, pode-se dar SRO além do leite
materno com colher ou copo;
- se a criança não estiver em regime exclusivo de leite materno, dar um ou mais dos seguintes
líquidos: solução SRO, líquidos caseiros (caldos, água de arroz, soro caseiro) ou água potável.
É especialmente importante dar SRO em caso quando:
- durante esta consulta a criança recebeu o tratamento do Plano B ou do Plano C.
- a criança não puder retornar a um serviço de saúde se a diarreia piorar.
ENSINAR À MÃE PREPARAR A MISTURA E A DAR SRO, ENTREGAR UM PACOTE DE SRO A MÃE PARA
UTILIZAR EM CASA, SE NECESSÁRIO.

WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005; MS. Manual integrado de vigilância, prevenção e controle de doenças transmitidas por alimentos, 2010’

PLANO A: Tratamento em Domicílio


MOSTRAR A MÃE A QUANTIDADE DE LÍQUIDOS ADICIONAIS A DAR EM CASA ALÉM DOS LÍQUIDOS DADOS
HABITUALMENTE:
Até 2 anos 50 a 100ml depois de cada evacuação aquosa.
2 anos ou mais 100 a 200ml depois de cada evacuação aquosa.
Recomendar a mãe ou o acompanhante. - administrar frequentemente pequenos goles de líquidos em uma
xícara; - se a criança vomitar, aguardar 10 minutos e depois continuar, porém mais lentamente; - continuar
a dar líquidos adicionais até a diarreia parar.
2. DAR SUPLEMENTO DE ZINCO:
Até 6 meses: ½ tablete por dia por 14 dias;
Tablete (20mg de Zn) dissolvido em água
Maior que 6 meses: 1 tablete por dia por 14 dias;
2. CONTINUAR A ALIMENTAR
3. ORIENTAR A MÃE SOBRE QUANDO RETORNAR
WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005; MS. Manual integrado de vigilância, prevenção e controle de doenças transmitidas por alimentos, 2010

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Oferta de Zinco

• Importante nutriente para a saúde e desenvolvimento da criança;

• Há perda em grande quantidade durante a diarreia;


• Reposição  recuperação e manter a saúde;
• Redução da duração e severidade dos episódios;
• Redução da incidência de diarreia nos próximos 2 a 3 meses;
• Importante para sistema imunológico;
• Melhora do apetite e crescimento.

WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005

SOLUÇÃO DE REIDRATAÇÃO ORAL

• SRO - cura a desidratação (indicação desidratação leve e moderada);


• Favorece o transporte ativo de sódio e glicose através da borda em
escova da membrana do enterócito, resultando em aumento da
competência da absorção de água e eletrólitos pela mucosa do intestino
delgado;
• Solução de reidratação intra venosa – indicada na desidratação grave
(SRO pode ser oferecido concomitantemente)

• Soro caseiro - previne a desidratação.

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SOLUÇÃO DE REIDRATAÇÃO ORAL


Cada envelope: G
Cloreto de sódio 3,5
Cloreto de potássio 1,5
Citrato de sódio dihidratado 2,9
Glicose anidra 20

Cada envelope deve ser dissolvido em 01 litro de água: fornece

Sódio 90 mEq
Potássio 20 mEq
Cloreto 80 mEq
Citrato 30 mEq
Glicose 111 mMol

100 a 150 ml por quilo de peso


Obs: referência à marca babydrax – ver distribuição de sódio e glicose da formula nova de baixa osmolaridade do
WHO – UNICEF (Who, 2005)

PLANO B: Tratamento na UBS


1) ADMINISTRAR SOLUÇÃO DE REIDRATAÇÃO ORAL:
• A quantidade de solução ingerida dependerá da sede do paciente.
• A SRO deverá ser administrada continuamente, até que desapareçam os sinais de desidratação.
• Apenas como orientação inicial, o paciente deverá receber de 50 a 100ml/kg para ser administrado no período de 4-6
horas.
2) DURANTE A REIDRATAÇÃO REAVALIAR O PACIENTE SEGUINDO AS ETAPAS DO QUADRO “AVALIAÇÃO DO ESTADO
DE HIDRATAÇÃO DO PACIENTE”
• Se desaparecerem os sinais de desidratação, utilize o PLANO A.
• Se continuar desidratado, indicar a sonda nasogástrica (gastróclise).
• Se o paciente evoluir para desidratação grave, seguir o PLANO C.
3) DURANTE A PERMANÊNCIA DO PACIENTE OU ACOMPANHANTE NO SERVIÇO DE SAÚDE ORIENTAR A MÃE:
• Reconhecer os sinais de desidratação.
• Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral.
• Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e higienização dos
alimentos).
WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005; MS, Manejo do Paciente com Diarreia, 2005

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PLANO C: Tratamento Hospitalar

• Contempla 2 fases para todas as faixas etárias:

WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005; MS, Manejo do Paciente com Diarreia, 2005

PLANO C: Tratamento Hospitalar


• AVALIAR O PACIENTE CONTINUAMENTE. SE NÃO HOUVER MELHORA DA
DESIDRATAÇÃO, AUMENTAR A VELOCIDADE DE INFUSÃO
• Quando o paciente puder beber, geralmente 2 a 3 horas após o início da reidratação
venosa, iniciar a reidratação por via oral com SRO, mantendo a reidratação
endovenosa.
• Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente puder
ingerir SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado. A quantidade de
SRO necessária varia de um paciente para outro, dependendo do volume das
evacuações.
• Lembrar que a quantidade de SRO a ser ingerida deve ser maior nas primeiras 24
horas de tratamento.
• Observar o paciente por pelo menos seis (6) horas.

WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005; MS, Manejo do Paciente com Diarreia, 2005

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ANAMNESE

• Questione:
• Número de dejeções líquidas por dia;
• Por quanto tempo a criança apresenta o quadro;
• Presença de sangue nas fezes;
• Episódio de vômito associado (volume e frequência);
• Aptidão para aceitar líquidos.

WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005

ANAMNESE
• Avalie:
• Condição geral da criança;
• Estado de alerta;
PINÇA DA PELE DO ABDOME:
• Irritação; Desidratação / Desnutrição
Pele demora mais que 2s para
• Letargia ou inconsciência; retornar ao normal.
• Estado nutricional;
• Perda de peso:
• <25g/KgPA;
• 25 a 100g/kgPA; Perda de fluidos
• >100g/kgPA.
• Olhos normais/encovados;
WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005

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ALIMENTAÇÃO

• Ofertar com frequência pequenas porções de alimentos:


• Fácil digestibilidade.
• Se amamentação  aumentar a frequência e duração das mamadas.

Alimentação durante a diarreia:


Oferta de nutrientes que a criança precisa pra o crescimento;
Prevenir a perda de peso;
Fluidos ofertados não devem substituir a alimetação;
• Após cessar a diarreia:
• Adição de uma refeição extra na rotina por uma semana  recuperação do peso perdido.

WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005

ALIMENTAÇÃO

• PREFIRA:
• Mix de cereais e leguminosas localmente disponíveis;
• Mix de cereais e carne ou peixe.
• Adição de óleo na preparação (↑DC);
• Produtos diários (pães, raízes, ovos);
• Sucos de frutas frescas e bananas (↑K).

WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005

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ALIMENTAÇÃO

• EVITE:
• Ricos em fibras;
• Grande volume (frutas grossas e legumes);
Digestibilidade
• Frutas e verduras com casca;
• Grãos integrais;
• Sopas diluídas;
• Ricos em açúcar  piora do quadro.

WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005

ALIMENTAÇÃO

• Alimentos amassados, bem


cozidos, triturados  fácil
digestão;
• Cuidados no preparo dos
alimentos;
• Atenção a qualidade da água
utilizada no domicílio.

MS. Capacitação em monitorização das doenças diarreicas agudas – MDDA : manual do treinando, 2010.

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ALIMENTAÇÃO

• Incentivar consumir máximo tolerável;


• Ofertar alimentos a cada 3/4h (6x/dia);
• Maior fracionamento em crianças mais novas;
• Pequenos volumes  mais bem tolerados;
Oferta contínua de alimentos:
Recuperação do peso e estado nutricional;
Não promove efeito de aumentar a diarreia;
Fornecimento de nutrientes para crescimento e fortalecimento do SI;
Maioria dos nutrientes será absorvido;
Fluidos x Alimentos.
WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005

LÍQUIDOS

• Amamentação mais frequente e prolongada


• + SRO ou água limpa;
• Crianças não amamentadas:
• SRO, líquidos (sopas, água de arroz, iogurtes**) ou água limpa.

LÍQUIDOS ISENTOS DE SAL LÍQUIDOS COM SAL


Água SRO
Água de arroz sem sal de adição Sopa salgada
Água de coco Iogurte adicionado de sal
Chá Água de arroz salgada
Suco de fruta
WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005

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LÍQUIDOS

• Não oferecer:
• Refrigerantes;
• Chá adoçado/artificial;
• Suco de fruta adoçado/artificial;
• Café;
• Infusões medicinais.

WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005

DIARREIA PERSISTENTE

• Tratamento individualizado caso:


• Sintomas e estado nutricional;
• Suplementação de Zn;
• Hidratação garantida;
• Intervenção clínica  Medicamentosa;
• Exames de sangue, coprológico, etc.;
• Manutenção da alimentação.

WHO, The treatment of diarrhoea, 2005; WHO, Diarrhoea Treatment Guidelines, 2005

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DIARREIA PERSISTENTE

• Persistência do quadro  integridade vilositária;

• Déficit de enzimas da BEE  dissacaridases e peptidases;


• Intolerância a carboidratos // lactose;
• Fermentados, lacfree e FL isentas de lactose;
• Efeito osmótico.
• Risco de APLV:
• Limitar o consumo de LV e derivados em 50ml/kg/dia;

WHO, The treatment of diarrhoea, 2005

RECOMENDAÇÕES GERAIS
• Considerar a conduta dietoterapica anterior
• Isentar a lactose da dieta – ver conduta
• Usar leite fermentado (considerar o uso mesmo a partir do 7°° dia da diarreia) – Observar a indicação
• Usar leite isento de lactose (considerar o uso mesmo a partir do 7°° dia da diarreia) – Observar a indicação
• Controlar o uso de sacarose (oferecer a 5%) – considere a possibilidade de isentá-la da dieta
• Amido: dextrina maltose, arroz, tapioca, araruta (3%)
• Glicose - até 5%
• Frutas: banana e maçã, goiaba (frutas obstipantes)
Manter essa recomendação por mais ou
• Carnes: peito de frango, rã, coelho, carneiro, carne bovina menos 15 dias – avaliar o paciente
• Usar proteína de baixo poder alergênico - hidrolisado proteico (olho!)
• Usar mamadeira de carne ou frango – ver restrições
• Usar TCM ou TCC (controvérsia) e TGL poliinsaturado
• Baixo teor de fibra - modificar fibra
AMOS, 2013.2

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DIARREIA E DESNUTRIÇÃO

DIARREIA
SE A CRIANÇA É DESNUTRIDA CONSIDERAR:
baixa produção hormônios entéricos
baixa produção de suco pancreático
baixa atividade enzimática – dissacaridases
baixa produção de IgA secretária
aumento da permeabilidade da mucosa
apetite diminuído

DESNUTRIÇÃO
AMOS, 2013.2

PROBIÓTICOS

• Mecanismos de Ação: Pode se associar:


Prevenção da DIA por C. difficile
• Interação com a microflora do hospedeiro ; em pacientes em ATB;

• Inativação de toxinas bacterianas; Redução do processo inflamatório


• Inibe a ligação de toxinas com receptores intestinais; intestinal;

• Efeito Anti-secretório; Diminuição da mortalidade e


severidade das lesões provicadas
• Estimula o Sistema Imune hospedeiro; por Shiguella e Salmonella.
• Inibe a resposta inflamatória induzida por enterotoxinas;
• Efeito trófico na mucosa intestinal;
• Produz substâncias antimicrobianas?
Buts JP. Gastroenterol Clin N Am 2005; 34:515-32

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