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ALEGRIAS E SOFRIMENTOS
Autor : Dieter Centmayer
Extraído de Arte de Educar abril/07
Manifestações repreensivas
É possível ler dentro de um boletim que a criança tem letra feia e não executa seu
caderno de forma bonita. Isso escreve o professor de classe. Formulação semelhante se
encontra com os professores de matéria. Um ano depois a observação é repetida. E
assim alguns anos em seguida. Talvez os professores da criança sejam da opinião de que
é importante comunicar isso repetidamente aos pais e esperam obter ajudas e a tomada
de medidas sobre a criança.
Neste caso desconhece-se a possibilidade dos pais de atuar verdadeiramente de forma
decisória sobre os seus filhos. Pais podem zelar para que a criança aprenda a arrumar
seu quarto, porém, elaborar os cadernos de época e a letra são principalmente
competências do âmbito escolar. O resultado de repetidas formulações negativas no
boletim fazem com que os pais fiquem chateados com os seus filhos, sem poder resolver
o problema.
Em um segundo estágio muitos pais deixam de reagir a tais observações e passam por
cima delas. Em um estágio seguinte começam a se chatear com os professores, pelo fato
de estes não serem capazes de passar as habilidades para a criança, que eles esperam
dela. Por esta razão é sensato refletir sobre quão forte e quão freqüente, expressões
negativas podem ser formuladas no boletim.
"Quando não individualizamos bem o que é difícil, então, ao formular frases
demasiadamente severas, muitos pais ficarão ressentidos. No caso de se tratar de algum
mandrião, que se escreva, que seria premente desejar que no próximo ano ele possa se
ativar melhor. Depende muito da formulação. Mesmo insuficiências devem ser
expressas de forma positiva, mas severas na sua formulação".4
Também poderia fazer efeito caracterizar com humor algo no boletim. Talvez um dia ou
ano não mencionar mais um determinado mau hábito, porém abordar outros aspectos.
Boletins são especialmente bem aceitos pelos pais quando logra ao professor
caracterizar a criança na moldura de uma imagem: "Como um viandante que trouxe as
pedras preciosas de regiões desconhecidas, assim ele se apresenta. As pedras mais
preciosas ele ainda mantém guardadas para somente distribuí-las quando chegar o
tempo certo... Claro como um sino e forte soa a voz ao recitar, como um pequeno
cristal... Diversas pedras naturalmente ainda precisam ser polidas e trabalhadas. Essa
impressão nós temos ao olhar o último caderno de época. Sempre novamente as letras
escorregam para abaixo da linha. Às vezes até dá medo de que elas rolem para fora do
caderno..."
Podemos considerar essa explanação capaz de ser melhorada. Porém o leitor tem a ajuda
do fio vermelho da imagem que aqui foi utilizada, a fim de manter o relato na memória
e compreender a criança. A descrição tem algo amoroso e se mantém objetiva, mesmo
nas coisas que ainda devem ser melhoradas. Acrescido ainda de um humor bem sutil
que se expressa através da formulação.
Não está escrito que a letra não é boa, porém, livre de avaliação, é descrito o que de
fato é possível observar na letra.
Isso em verdade é a chave fundamental para a caracterização nos boletins: a descrição
objetiva da observação a partir do amor pela criança. As avaliações por sua vez podem
passar para a retaguarda.
"Sobre isso nós precisamos dispensar o maior cuidado, de incluir mais fantasia na
formulação. É preciso dispensar mais atividade e amor para que a coisa não escape,
assim, se alguém, por exemplo, escrever: <mesmo que ainda nada sabe, mas no final
pode melhorar>, <comporta-se de maneira bastante inadequada> e assim por diante.
Não vale mais a pena, não tenho nada em contrário; quando for sentido como um peso
demasiadamente grande, temos que - morder a maçã verde - e apresentar o boletim
tradicional. Mas seria pena. Se evidentemente nos últimos oito dias é escrito qualquer
coisa, isso não deveria acontecer. Não é possível elaborar regras, senão deveria haver
uma regra especial para cada aluno. [...]" 5
Essas expressões de Steiner são bem claras e comoventes. Sempre é frutífero para nós
professores o pensamento, que a criança, com cada ano escolar, passa ou passou o ano
mais importante da sua vida na escola. É bom quando no boletim se torna claro como,
de maneira geral, de ano escolar para ano escolar a criança se desenvolveu. Quando isso
não for perceptível se, por exemplo, no próximo ano problemas semelhantes aparecem
em primeiro plano como no ano anterior, então forçosamente deve surgir a pergunta: - o
que o professorado, durante um ano inteiro, fez para a criança?
Métodos práticos
O autor: Dieter Centmayer, ano 1952, professor de classe desde 1980 em Braunschweig.
Docente no seminário de formação de professores em Kiel.
Notas:
1 Steiner, Rudolf: O desenvolvimento saudável do ser humano, palestras de 30.12.1921
GA303, Dornach 1987.
2 Idem: Conferência com os professores da escola livre Waldorf 1919 até 1924, Conferência
para professores de 23.12.19, GA 300/1, Dornach
3 Idem: Conferências de 14.6.20. GA 300/1
4 Idem: Conferência de 26.5.21, GA 300/1
5 Idem: o vol. III, Conferência de 2.6.24, GA 300/3