Você está na página 1de 2

DIRETOR: MARIA ADELANE NASCIMENTO

PROFESSORA: JARDANE ROCHA


DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA E SUAS LITERATURAS
SÉRIE: 2ª TURNO: TURMA:

O Romantismo no Brasil: aspectos gerais Essa reconfiguração social do país foi


concomitante ao auge do Romantismo na Europa, o
O processo que resultou na Independência do
que estimulou a arte nacional em variadas
Brasil iniciou-se em 1808, quando a Família Real
manifestações, como as artes plásticas, a música e a
portuguesa transferiu-se para o Rio de Janeiro para
literatura. Sintonizados com a atitude contestadora e o
fugir das tropas napoleônicas que haviam invadido
espírito livre do movimento, os intelectuais e os artistas
Portugal. Em território brasileiro, o rei dom João VI
brasileiros elaboraram um projeto capaz de, ao mesmo
iniciou uma gestão que atendia aos interesses da elite
tempo, alinhar a arte brasileira às produções europeias
local – os proprietários de terras. Com o retorno do rei
e colocá-la a serviço da nação que se formava,
a Portugal em 1821, o Brasil voltava à condição de
rompendo com os padrões europeus. Assim, a
colônia, o que gerou insatisfação da elite. Pressionado,
tendência nacionalista do Romantismo foi muito
o príncipe regente dom Pedro I declarou a
aproveitada na busca por uma identidade brasileira e
independência e iniciou um regime imperial já no ano
por uma independência cultural.
seguinte.
O novo cenário social também favoreceu a
Dom Pedro II deu continuidade a esse regime,
produção romântica, sobretudo graças a dois fatores: a
mas também não efetuou uma real ruptura com a
imprensa e o público. Liberada no Brasil por dom João
tradição colonial, pois manteve os latifúndios, a
VI, a imprensa ofereceu os meios de produção e
produção de gêneros primários para exportação e a
divulgação das obras, as quais eram consumidas por
escravidão. Apesar disso, a ampliação dos privilégios
um novo público, formado principalmente por jovens
das elites rurais resultou em transformações no cenário
estudantes e mulheres, que haviam abandonado a
nacional, sobretudo nas cidades. A crescente
exclusividade do convívio familiar para ocupar as ruas
urbanização – principalmente no Rio de Janeiro, sede
e frequentar o comércio e os espaços culturais.
do poder –, aliada à necessidade de consolidar a
independência, favoreceu o surgimento e o
desenvolvimento do Romantismo no país.

O Romantismo brasileiro, entretanto, não


serviu à expressão da burguesia, como ocorreu nos
países da Europa, pois essa classe apenas começava
a se formar por aqui. Assim, o Romantismo no Brasil
correspondeu à expressão da classe rural, formada
por exportadores de produtos agrícolas, que,
procurando ampliar sua participação nas decisões do
governo, estabeleciam-se nos centros urbanos.

Uma sociabilidade inédita


Debret, Jean-Baptiste. O jantar no Brasil, 1827. Aquarela sobre papel,
Com o deslocamento dos grandes proprietários
21,9 cm × 15,9 cm. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro.
de terras para as cidades, estas se modernizaram a fim
de acomodá-los e também os novos segmentos sociais Em 1816, dom João VI contratou um grupo de artistas franceses
para fundar a Academia de Belas Artes, na qual os alunos
– comerciantes e seus empregados, artesãos, brasileiros poderiam aprender a pintar, desenhar e esculpir à moda
profissionais liberais, funcionários públicos, entre neoclássica europeia. Jean-Baptiste Debret destacou-se entre os
outros. O fortalecimento desse novo grupo de artistas desse grupo. Suas obras retratavam cenas do cotidiano no
profissionais vinha sendo estimulado desde 1808, Brasil, muitas delas mostrando as diversas atividades executadas
por negros escravizados. Neste quadro, no entanto, percebe-se a
graças a medidas tomadas por dom João VI, como a idealização das relações entre brancos e negros: a sinhá alimenta
abertura dos portos para o comércio internacional, a cordialmente crianças negras em seu momento de refeição,
criação de indústrias e a fundação de instituições contradizendo a realidade violenta vivida pela população escrava.
educacionais. Tais ações também marcaram os
governos de seus descendentes – dom Pedro II, por
exemplo, trouxe para o Brasil novas tecnologias,
como o telégrafo e o telefone.

Rua Fernando Ferrari, 321 Centro Santa Luzia do Pará-Pa


O sistema literário Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Poesia e prosa são os gêneros de maior
Nossos bosques têm mais vida,
destaque da literatura romântica brasileira. A produção
Nossa vida mais amores.
poética do período costuma ser dividida em três
gerações: nacionalista, ultrarromântica e
Em cismar, sozinho, à noite,
condoreira. Já na prosa, a exemplo do Romantismo
Mais prazer encontro eu lá;
europeu, a grande expressão foi o romance,
Minha terra tem palmeiras,
privilegiando quatro eixos temáticos: indianista,
Onde canta o Sabiá.
histórico, urbano e regionalista.

A poesia: três sensibilidades Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
A primeira das gerações poéticas, a Em cismar – sozinho, à noite –
nacionalista, introduziu o movimento Romântico no Mais prazer encontro eu lá;
país e cultivou os temas necessários à construção de Minha terra tem palmeiras,
um ideário nacional. São frequentes temas como Onde canta o Sabiá.
saudade da pátria, exaltação da natureza local e
idealização do indígena, a quem são atribuídos valores Não permita Deus que eu morra,
como coragem, honra e generosidade. O principal autor Sem que eu volte para lá;
dessa geração é Gonçalves Dias. Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Já a geração seguinte, ultrarromântica ou
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
byroniana, caracteriza-se pelo individualismo
Onde canta o Sabiá.
confessional extremado. Os temas mais recorrentes Coimbra, julho de 1841.
são o apego à morte, a fuga para a infância ou para a * Conheces o país onde os limoeiros florescem,
natureza e a relação ambígua com a mulher (a um só E na folhagem escura os frutos dourados abrasam?
tempo sexualizada e inatingível). Essas características Tu o conheces? – Para lá, para lá,
Gostaria de ir…
estão muito presentes na obra de Álvares de Azevedo,
o principal poeta ultrarromântico. 1. Como indica o título do poema, trata-se de uma
canção, forma poética que explora intensa mente as
A geração condoreira, por sua vez, destoa das
relações entre palavra e música. Leia o poema em
duas anteriores por ter como propósito o engajamento
silêncio e depois em voz alta e, em seguida, responda
social, ou seja, a ideia de que a arte deveria contribuir
às questões.
para o progresso da humanidade, cabendo ao poeta –
privilegiado por sua visão superior e distanciada, como a) Que elementos contribuem para a musicalidade e
a de um condor – orientar os indivíduos comuns. para a fixação do conteúdo do poema?
Nascida na Europa, essa concepção de poesia ganhou
força no Brasil na luta pela abolição da escravatura, b) Com base na resposta dada ao item anterior, indique
como revelam os versos de Castro Alves, “Poeta dos em qual outra forma poética da tradição em língua
Escravos” e maior nome de sua geração. portuguesa estão presentes esses recursos musicais.

c) Que canto brasileiro remete à segunda estrofe de


“Canção do exílio”?
Sua leitura
2. Epígrafes são citações colocadas no início de textos
Nesta aula, você vai ler o poema de Gonçalves Dias para resumir seu sentido ou indicar uma motivação.
que se tornou célebre pelo conteúdo nacionalista. Releia o poema “Canção do exílio” e depois sua
epígrafe, que foi extraída de um poema do escritor
Canção do exílio
alemão Johann Wolfgang von Goethe. Qual é a relação
Kennst du das Land, wo die Zitronen blühn,
entre o conteúdo dessa epígrafe e o poema de
Im dunkeln Laub die Goldorangen glühn?
Gonçalves Dias?
Kennst du es wohl? – Dahin, dahin!
Möcht’ ich ziehn.* 3. No poema, o eu lírico lamenta estar longe da pátria.
Goethe Que argumento ele utiliza para justificar sua dor e seu
sentimento de saudade?
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá; 4. O eu lírico não menciona o nome da terra de exílio
As aves, que aqui gorjeiam, nem o da terra natal. Que palavras foram empregadas
Não gorjeiam como lá. para distingui-las?

Você também pode gostar