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GESTÃO DE CUSTOS

Elaborada pôr

Professor Marco Antônio Pereira


Conceitos

Sistemas de custos e sua finalidade

Sistemas de custos – Compreende todo o material e mão de obra gastos na apuração e na


análise do custo, seja por setor, produto ou serviço. Exemplos: Formulários, manuais de
apropriação.

Finalidades de um sistema de custos : Fornecer detalhes de custos para a contabilidade


geral, estabelecer preços de venda, fornecer elementos para tomadas de decisões, etc.

Finalidades de uma análise de custos : Estabelecer preços de venda de acordo com as


condições de mercado: determinação do lucro por produto, etc.

Elementos para análise de custos : Margem de contribuição, ponto de equilíbrio,


comparação com orçamento, comparação com o padrão.

Terminologia aplicada à Contabilidade de Custos:

Gasto – é o valor arcado pela entidade para obter um produto ou serviço, representado
pela entrega ou promessa de entrega de algum ativo (dinheiro, bens). Ex.: Gastos com
mercadorias, gastos com pessoal etc.

Investimento – é um gasto efetuado em bens ou serviços com benefícios futuros. Os


ativos são estocados na empresa e têm maior vida útil, sendo consumidos ou vendidos em
maior tempo. Ex.: Máquinas, ações de empresas etc.

Custo – é o gasto efetuado em um bem ou serviço que é utilizado na produção de outros


bens ou serviços ou revendido com lucro. Ex.: Matéria-prima de um produto, energia
elétrica na produção de bens e serviços etc.

Despesa – são bens ou serviços consumidos para se auferir receitas. O dinheiro (ativo) é
consumido ao se pagar os salários dos empregados. Ex.: comissões sobre vendas,
despesas financeiras etc.

Desembolso – é o pagamento efetuado ao se adquirir um bem ou serviço.

Perda – é o bem ou serviço que se consome de modo involuntário e anormal.

Observações:

 As despesas reduzem o patrimônio líquido da entidade;


 O custo de um produto vendido representado pelo seu valor de compra ou valor
de produção não é uma despesa, e sim, um custo de vendas ou custo de
produção. O custo se refere ao gasto na compra ou na produção;
 Todas as despesas são gastos. Porém, nem todos os gastos incorridos pela
empresa são despesas. Um terreno comprado, por exemplo, é gasto mas não é
despesa;
 O desembolso pode ser antes, durante ou após a compra do bem ou serviço;
 A perda não pode ser confundida com despesa ou custo para a empresa. Ela
não é previsível. Ex.: perdas por incêndios, deterioração de produtos perecíveis
etc.

Terminologia em entidades não-industriais:


O custo em empresas não produtoras representa, muitas vezes, o preço de aquisição de
um bem ou produto destinado à revenda. Ex.: Custo de mercadorias vendidas. Em uma
empresa de serviços, o custo representa o sacrifício financeiro dispendido para obtenção e
prestação daquele serviço. Ex.: Custos dos serviços prestados, custo das consultas etc.

Classificação de custos: custos diretos, custos fixos e variáveis. Separação entre


custos e despesas

Custos diretos e indiretos:

Custos diretos – São custos diretos aqueles relacionados diretamente com a produção do
produto (bem ou serviço), no qual podemos ter uma medida fiel do gasto realizado. Por
exemplo, a quantidade de matéria-prima utilizada na produção de um bem é algo
mensurável. Podemos determinar o custo da matéria-prima utilizada na produção, mesmo
que tenhamos vários produtos.

Exemplos de custos diretos: Matéria-prima, embalagens, materiais de consumo, mão-de-


obra etc.

Custo indireto – É o custo que não podemos determinar com precisão sobre cada
produto, por isso ele é rateado ou alocado com base em algum critério. Por exemplo, não
sabemos quanto de energia elétrica cada produto consome ao ser produzido. A energia
elétrica da fábrica pode, então, ser rateada pelos produtos fabricados, com base nas
quantidades produzidas ou em outro critério, como número de horas de mão-de-obra, por
exemplo.

Exemplos de custos indiretos: Energia elétrica da fábrica, água consumida na fábrica,


lubrificantes das máquinas, salários dos supervisores ou gerentes da fábrica etc.

Custos fixos e variáveis:

Custos fixos – São os custos incorridos para se fabricar o produto (bem ou serviço), que
não têm relação com a quantidade produzida, ou seja, seu valor não varia mesmo que se
produza mais ou menos bens ou serviços. Ex.: Aluguel da fábrica, manutenção, limpeza da
fábrica etc.

Custos variáveis – São custos que variam conforme a produção. Uma maior quantidade
produzida implica em maiores custos, assim como uma menor quantidade produzida
implica em uma redução dos custos. Ex.: Matéria-prima, mão-de-obra, energia elétrica da
fábrica etc.

Separação entre custos e despesas

Custos – São os gastos relacionados à produção, como matéria-prima, energia elétrica da


fábrica, aluguel da fábrica, mão-de-obra destinada à produção etc. Em empresas não
industriais, são os gastos efetuados com mercadorias compradas para revenda ou serviços
prestados.

Despesas – São gastos de administração, vendas, financiamento etc. não diretamente


relacionados à atividade produtiva. Assim, o aluguel dos escritórios da empresa, ao
contrário do aluguel da fábrica, é despesa. Os salários dos administradores e funcionários
do escritório da empresa são despesas, assim como a energia elétrica do escritório,
materiais de escritório etc.
Métodos de Custeio

Os métodos de custeio objetivam identificar os gastos inerentes ao processo


produtivo, acumulando-os de forma organizada aos produtos.
Estes custos podem ser aplicados a diferentes objetos tais como: produtos,
departamentos, atividades, processos, ordem de produção, ou outras formas que o gestor
possa demonstrar interesse.
Os métodos existentes são: pleno, absorção, variável/direto e por atividade.

O custeio pleno, ou integral, é aquele que se caracteriza pela apropriação de todos


os custos e despesas aos objetos.

O custeio por absorção objetiva a apropriação de todos os gastos decorrentes


somente do processo produtivo aos produtos, identificando os fixos, variáveis, diretos e
indiretos.

O custeio variável, ou direto, tem o propósito de alocar aos produtos somente os


custos identificados como variáveis, normalmente compostos pela matéria-prima e a mão-
de-obra direta, consumidos no processo produtivo.
O Custeio Baseado em Atividades (ABC - Activity Basead Costing) procura
identificar quais os custos das atividades e não dos produtos, pois defende a óptica de que
os produtos consomem atividades e, são estas atividades, e não os produtos, que
consomem recursos.

Além desses métodos, na formação de preço de venda também são utilizados os


custos de transferências e os valores praticados no mercado. Os custos de transferências
são aqueles utilizados nos relacionamentos entre as áreas de responsabilidade existentes
nas empresas. Já os valores de mercado são aqueles praticados por outras empresas do
mesmo ramo.

Exercício
1) Utilizando os dados da Companhia Industrial Mineira de Laminados S/A, efetue a contabilização.

Comissão de vendedores $ 80.000,00


Salários da fábrica $ 120.000,00
Matéria-prima $ 350.000,00
Salários da Administração Geral $ 90.000,00
Depreciação da Fábrica $ 60.000,00
Seguros da Fábrica $ 10.000,00
Despesas Financeiras $ 50.000,00
Honorários da diretoria $ 40.000,00
Materiais Diversos - Fábrica $ 15.000,00
Energia Elétrica - Fábrica $ 85.000,00
Manutenção da Fábrica $ 70.000,00
Despesas de Entrega $ 45.000,00
Despesas de Escritório $ 5.000,00
Material de Consumo Escritório $ 5.000,00
Total dos Gastos $ 1.025.000,00
Separação de Custos de Produção e Despesas

Custos de Produção
Salários da Fábrica $ 120.000,00
Matéria-prima Consumida $ 350.000,00
Depreciação da Fábrica $ 60.000,00
Seguros da Fábrica $ 10.000,00
Materiais Diversos - Fábrica $ 15.000,00
Energia Elétrica - Fábrica $ 85.000,00
Manutenção da Fábrica $ 70.000,00
Total dos Custos de Produção $ 710.000,00

Despesas de Vendas
Comissões de Vendedores $ 80.000,00
Despesas de Entrega $ 45.000,00
Total de Despesas de Vendas $ 125.000,00

Despesas Administrativas
Salários da Administração Geral $ 90.000,00
Honorários da Diretoria $ 40.000,00
Despesas de Escritório $ 5.000,00
material de Consumo - Escritório $ 5.000,00
Total de Despesas Administrativas $ 140.000,00

Despesas Financeiras $ 50.000,00

Apropriação dos Custos Diretos

A empresa produz três tipos diferentes de produtos :

Produto A  Laminados de aço CA 25


Produto B  Laminados de aço CA 40
Produto C  Laminados de aço CA 50

São custos diretos:

Matéria - Prima:

Produto A  $ 75.000,00
Produto B  $ 135.000,00
Produto C  $ 140.000,00
Total  $ 350.000,00

Mão-de-Obra:

Mão de Obra Indireta $30.000,00

Mão-de-Obra Direta
Produto A  $ 22.000,00
Produto B  $ 47.000,00
Produto C  $ 21.000,00 $ 90.000,00
Total  $120.000,00
Energia Elétrica:
Produto A  $ 18.000,00
Produto B  $ 20.000,00
Produto C  $ 7.000,00 $ 45.000,00

Energia Elétrica Indireta: $ 40.000,00

Total de Energia Elétrica $ 85.000,00

Quadro de apropriação dos gastos Diretos e Indiretos


CUSTOS DIRETOS CUSTOS
RUBRICAS INDIRETOS TOTAL
A B C
Matéria Prima 75.000 135.000 140.000 350.000
Mão-de-Obra 22.000 47.000 21.000 30.000 120.000
Energia Elétrica Fabril 18.000 20.000 7.000 40.000 85.000
Depreciação Fabril 60.000 60.000
Seguro Fabril 10.000 10.000
Materiais Diversos 15.000 15.000
Manutenção 70.000 70.000
Total 115.000 202.000 168.000 225.000 710.000

Rateio dos Custos Indiretos


1º modelo  Rateio proporcional aos custos diretos que cada produto recebeu:

Produto Custos Diretos Custos Indiretos Total Custos de


$ % $ Produção
A 115.000,00 23,712 53.350,51 168.350,51
B 202.000,00 41.649 93.711,33 295.711,33
C 168.000,00 34.639 77.938,16 245.938,16
Total 485.000,00 100,00 225.000,00 710.000,00

Formação de Preços

A História e a Evolução do Preço

Antes do advento da moeda: ECONOMIA DE ESCAMBO

• O valor de um produto dependia do objeto de troca, e era expresso em quantidades


deste;
• O preço era extremamente vulnerável à necessidade e ao momento da compra;
• As operações envolviam compra e venda simultâneas;
• Economia com pouca dinâmica.

Com o surgimento da moeda: ECONOMIA MONETÁRIA

• A moeda assume papel de intermediário nas trocas;


• Passa a ser possível acumular riquezas;
• Cada produto passa a ter um valor de referência para todas as trocas;
• Operações de compra e venda desvinculadas;
• Neste primeiro momento, prevalece o preço estabelecido pelo ofertante.

Com o aumento da oferta: ECONOMIA DE MERCADO

• A partir do acúmulo de riquezas, tornado possível com o advento da moeda, passa


a ser possível o aumento da produção;
• Equilíbrio de mercado: OFERTA X PROCURA;
• “Quem define o preço é o mercado”;
• Especialização e Globalização dos Mercados.

Penetração de Mercado

Preço com Base no Mercado

Nos métodos de formação de preço de venda para o mercado, a empresa poderá


decidir pela fixação com base nos preços praticados pelo mercado, deixando, como
prioridade, uma menor atenção aos seus próprios custos ou à procura de seus produtos.
Desta forma, o preço de venda praticado pela empresa poderá ser igual, menor ou
maior do que o praticado no mercado, dependendo dos objetivos e das inferências que
deduz sobre as possíveis influências que podem lhe causar os componentes do sistema
que está inserida.
Quando a empresa decide adotar este procedimento, ou desconhece quase por
completo sua estrutura interna, ou aparenta confiar nesta estrutura, ou então, seu sistema
de informações baseia-se apenas nos custos integrais e históricos em lugar dos custos
incrementais (aumento de volume), ou futuros (derivados dos planos existentes).
Sobre a formação do preço baseado no mercado, Motta (1997:35), considera que:
As preocupações seguintes sejam tomadas para compatibilizar a formulação de uma
estratégia de preço, quais sejam:
1. Identificar os custos incrementais e evitáveis que são aplicáveis a uma alteração de
vendas.
2. Calcular a margem de contribuição e variação das vendas em equilíbrio relativas à
mudança de preço proposta.
3. avaliar a sensibilidade ao preço por parte dos compradores, com a finalidade de estimar
a plausibilidade de eles alterarem suas compras, acima ou abaixo da variação das vendas
em equilíbrio.
4. Identificar os concorrentes e avaliar suas prováveis reações.
5. Identificar compradores para os quais os custos, sensibilidade ao preço e concorrência
são significativamente diferentes, e segmentá-los com base no preço, onde for possível.
6. Calcular as consequências em termos de lucro, aritmética ou graficamente, para
diversas e prováveis alterações das vendas.
7. Aceitar ou rejeitar as modificações de preço propostas, considerando os benefícios de
resultados favoráveis, em comparação com os riscos percebidos de consequências
desfavoráveis.

Quando formado com base no mercado, o preço de venda poderá ser determinado
pelos seguintes fatores: monopólios, oligopólios, convênios e concorrenciais (agressivos
e/ou promocionais).
Existe também aquele que busca envolver tanto os custos, as decisões de
concorrência, e as características do mercado, chamado de Método Misto, para o qual
Santos (1991:125) chama a atenção, afirmando que “seria bastante temeroso para a
administração de uma empresa estabelecer preços sem a combinação desses fatores.
Cedo ou tarde ela teria de arcar com as consequências de sérios erros que poderiam
deixar de ser cometidos.
Outros fatores a serem considerados na formação de preços com base no mercado
é que há setores em que os preços são geralmente ditados apenas pelo mercado, tais
como:
- setores de alta tecnologia, devido aos curtos ciclos de vida dos produtos.
- setores em que os preços de mercado sejam facilmente conhecidos, como no caso de
commodities; e,
- setores em que os custos dos produtos são difíceis de determinar.

Ao adotar essa política, a empresa estabelece para o seu produto um preço relativamente
baixo, quando comparado ao custo do mesmo. O seu objetivo, nesse caso, é estimular a
venda do produto e captar para si uma parcela do mercado. A adoção dessa política resulta
em sucesso, quando o consumidor é altamente sensível a preço (o preço é que influi na
sua opção de compra) e quando o preço baixo desencoraja a entrada de novos
concorrentes no mercado de atuação da empresa.

Market-skimming (Desnatamento do Mercado)

Quando a empresa adota a política de market-skimming, ela se beneficia através da


determinação de um preço elevado para o seu produto, alcançando uma margem de lucro
superior, ainda que seja possível ofertar esse mesmo produto a um preço inferior. Desta
forma, a empresa acaba por obter um retorno superior ao encontrado no mercado. Através
dessa política, a empresa realiza uma seleção de clientes (aqueles dispostos a pagar um
preço elevado pelo produto), obtendo retorno financeiro através da margem de lucro e não
do volume de vendas. Para que essa política tenha sucesso é necessário que a empresa
crie barreiras para a entrada de novos concorrentes no mercado e, além disso, que cuide
para que sejam bem perceptíveis para o consumidor, as diferenças entre o seu produto e o
da concorrência.

Recuperação de Caixa o Mais Rápido Possível

Essa estratégia é largamente utilizada naqueles casos em que a empresa possui grande
incerteza acerca do seu futuro. Essas empresas incorporam o fator incerteza aos seus
preços, principalmente quando o mercado no qual pretendem atuar apresenta uma
demanda restrita e difícil de cativar, que é bem característico da fase de introdução do
produto. Uma vez que o mercado desconhece, ou sabe muito pouco sobre o produto,
fazendo com que sua avaliação seja incerta, a empresa procura minimizar o risco,
buscando a recuperação do investimento no menor prazo possível.

Preço Competitivo

Quando empresa adota essa estratégia, estabelece o preço do seu produto em nível
semelhante ao praticado pela concorrência, que, por sua vez, já definiu o seu preço com
base no praticado pela empresa líder de mercado. O motivo para adoção de tal política é o
receio de uma acirrada competição de preços, que poderia levar à falência todas as
empresas.

Formação do Preço de Venda com Base no Custo do Produto

A abordagem orientada no CUSTO tem como objetivo a determinação do preço do produto


através de uma margem sobre o custo do mesmo. O preço estabelecido através desse
método é conhecido como PREÇO-META e tem embutido em seu valor, a expectativa de
retorno sobre o investimento. Por esse método, a empresa poderá definir qual o preço ideal
de venda para a sua estrutura de custo.
Formação de Preços

Equação Básica do Preço

Estrutura do Preço de Venda

Entende-se como preço de venda o valor monetário que a empresa cobra de seus
clientes em uma transação comercial. Este valor deverá ser suficiente para que a empresa
cubra todos os gastos que foram necessários para colocar o produto, mercadoria ou
serviço, à disposição do mercado, até a transferência da propriedade e da posse destes,
incluindo o lucro desejado ou possível.
Estes gastos normalmente incluem a aquisição de matérias primas, mercadorias,
serviços, como a mão-de-obra direta e indireta, além dos gastos com estocagem,
financeiros, tributos e outros.
Para aglutinar estes gastos pode-se utilizar os seguintes elementos: preço de
venda, custo, despesas variáveis, despesas fixas e margem de lucro.
Até decorrente da quantidade de estudos sobre o tema, o custo pode ser o principal
elemento que impacta a formação do preço de venda, por isso no item 6 será realizada a
análise deste.
Despesas variáveis são entendidas como os gastos decorrentes das vendas. Por
exemplo: tributos diretos e indiretos, comissões, fretes, propagandas etc.
Despesas fixas são conceituadas como os gastos que obrigatoriamente existirão,
mesmo que não haja vendas. Por exemplo: alugueis das edificações, parte fixa dos salários
dos vendedores, remuneração dos sócios gerentes, salários administrativos etc.
Margem de lucro é o valor que a empresa entende ser suficiente para atender as
seguintes finalidades: remuneração do capital investido, reinvestimento na própria
empresa, outros investimentos de curto e longo prazo, distribuição aos sócios e
empregados, a remuneração pelo risco do empreendimento, e também para compor o
patrimônio da empresa.
Normalmente apenas os sócios, ou a alta administração, e quem define esta
margem de lucro.
Como custo poderá ser o primeiro elemento que impacta o preço de venda, são
apresentadas a seguir algumas óticas e formas de influências.

PREÇO BASEADO NO CUSTO

Nas empresas que possuem sistema de custos e, adotando-os como base na

formação dos preços de vendas, o processo desta formação poderá se tornar prática e

simples, evidenciando os seguintes aspectos: preço e continuidade, competitividade, rotina

das decisões e estrutura formal do preço.

Nesse procedimento, o conhecimento da estrutura do processo produtivo poderá se


constituir como vantagem competitiva.

Colocado em processos rotineiros, qualquer alteração para reavaliação do preço de


venda torna-se fácil e estruturada, economizando tempo e esforços.

A estruturação formal é simplificada, bastando apenas a definição de um mark-up


(taxa de marcação).

Desta forma, quando os preços de venda utilizam o custo como base de sua
formação, o objetivo passa a ser a definição de um mark-up divisor ou multiplicador.

Esse mark-up é um valor ou percentual que aglutina os elementos que compõem o


preço de venda, ou seja, o custo, as despesas e o lucro.
QUADRO 02 – FORMAÇÃO PERCENTUAL DO PREÇO DE VENDA
Preço de Venda 100,00 %
ICMS da Venda 17,00 %
PIS / COFINS 3,65 %
Despesas 10,00 %
Lucro Antes dos Tributos 15,00 %
TOTAL 45,65 %

O mark-up divisor será: 100 % - 45,65 % = 0,5435


100

O mark-up multiplicador será: 1 = 1,8399264


0,5435

Como exemplo, têm-se o valor de $100,00 como custo unitário e o preço de venda,
utilizando o mark-up divisor, será $183,99, e pelo mark-up multiplicador será também de
$183,99, resultando em lucro de $27,60, ou seja, 15% do preço de venda.

O exemplo citado não destaca qual o método de custo utilizado.

No entanto, existem discordâncias quanto à identificação do custo unitário.

Em relação a estes custos unitários, vários conceitos podem ser utilizados na


fórmula para determinação de preços. Em geral, os custos podem ser: custo atual, custo
previsto ou o custo padrão.

O custo atual refere-se aos valores históricos mais recentes.

O custo previsto é aquele que se refere a valor futuro, ou de reposição, para


determinado período.

O custo padrão é o valor estimado para um determinado grau de eficiência, que


poderá ser um grau ótimo ou simplesmente normal.
Outro fator que impacta o custo unitário utilizado na formação do preço de venda é
acerca da metodologia utilizada.

Em razão disso, serão apresentados exemplos de formação de preço de venda com


base nos custeios por absorção, custeio variável, custeio ABC e os valores de
transferência.

Com Base no Custeio por Absorção

O Custeio por Absorção define que os custos dos produtos serão constituídos por
todos os gastos no processo produtivo, desta forma, o preço de venda deverá cobrir os
custos totais (somatória da matéria prima consumida, mão-de-obra direta e os custos
indiretos alocados), obtendo-se o lucro bruto, e este deverá cobrir as despesas fixas e
variáveis, além de proporcionar o lucro líquido.

O objetivo deste cálculo é uma primeira aproximação do preço; ele poderá sofrer
modificações posteriores, decorrentes das alterações no mercado.

Quaisquer alterações nas condições de mercado impactam este cálculo, forçando a


empresa até a reprojetar o produto, adequando seus custos aos preços aceitos.

A utilização do custeio por absorção é alvo de críticas, tais como:

1. Ignora a procura por parte do mercado, atendo-se à estrutura interna da empresa, o que
provoca uma certa omissão quanto aos procedimentos da concorrência e, por isso,
poderão não auxiliar na obtenção de vantagens em relação ao mercado que atua.
2. Baseando-se somente em custos históricos, o preço de venda encontrado poderá
prejudicar a reposição dos estoques, além de, no longo prazo, agir negativamente sobre os
lucros.
3. Utilizando a absorção de todos os gastos no processo produtivo, não evidencia os
diferentes aspectos intrínsecos a cada elemento dos custos, pois, a compreensão das
diferenças existentes entre os vários tipos de custo, está, cada vez mais, sendo fator
importante neste processo.
Entendendo que poderá atender com eficiência as análises de custos e sua
influência na formação do preço de venda, têm-se procurado utilizar outros métodos na
identificação dos custos.

Com Base no Custeio Direto

O quadro abaixo demonstra, de forma simplificada, as diferenças entre o Custeio


Direto e o Custeio por Absorção:

ABSORÇÃO X DIRETO NO PREÇO PELO PREÇO PELO


PREÇO DE VENDA ABSORÇÃO DIRETO
PREÇO DE VENDA 90,00 90,00
MATERIAIS 18,00 18,00
MÃO-DE-OBRA DIRETA 12,00 12,00
CIF TOTAL 30,00 10,00
IDENTIFICADO 10,00 10,00
NÃO IDENTIFICADO 20,00 --
CUSTO DE PRODUÇÃO 60,00 40,00
MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 30,00 50,00 *
DESPESAS FIXAS E VARIAVEIS 10,00 30,00
LUCRO LIQUIDO 20,00 20,00
MARK-UP MULTIPLICADOR 1,50 2,25
*Acumula $20,00 dos CIF não identificado.

Verifica-se que a definição do mark-up dependerá do método de custeio utilizado.


A forma que se demonstrou os custos diretos e sua relação com o preço de venda
neste exemplo, indica como as informações podem ser utilizadas como na formação do
preço de venda. É importante ressaltar que o mark-up é somente um guia, não constituindo
no único indicador para todos os produtos. É fato que as empresas não possuem, sempre,
um só produto, sendo que, na formação dos preços e a avaliação da lucratividade por linha
de produto, não se deve trabalhar com um fator de mark-up único ou médio, e sim, com
diversos fatores individuais, os mais adequados a cada um dos produtos.
Embora a utilização somente dos custos diretos “retrata de alguma forma a variação
dos custos pelo volume de atividades ”(Cia & Cia - 1998:289), a utilização gerencial do
Custeio Variável permite o destaque dos custos variáveis, fato que contribui nas análises
sobre o desempenho destes elementos quanto aos aspectos qualitativos e quantitativos
obtidos no processo produtivo.
Por outro lado, a utilização somente do Custeio Variável faz com que sejam
desconsideradas outras atividades, as quais poderão estar ligadas aos custos fixos, como
parâmetros de variação no custo unitário.
Para as empresas que descentralizarão suas fases operacionais, na forma de
divisões distintas, ou mesmo constituindo controladas ou coligadas, os chamados Preços
de Transferências é que deverão ser um dos fatores que mais impactam os preços de
vendas de cada área de responsabilidade.

Com Base nos Preços de Transferência

Segundo Limberg et al (1997:69): “um preço de transferência é a quantia cobrada


por uma companhia por um produto ou serviço que forneceu a uma companhia
relacionada, como uma transferência entre uma matriz e sua filial, ou subsidiária”
Esta situação se aplica aos relacionamentos entre as áreas de responsabilidade.
Ele aparece quando uma empresa descentraliza suas operações, segregando em
unidades fisicamente separadas, embora possam, cada uma, realizar apenas uma das
fases do processo produtivo.
De outro modo, a descentralização também poderá acontecer caso a empresa
objetive atuar em outros segmentos do mesmo mercado, ou até em outros mercados.
Normalmente quando uma área de responsabilidade não for inteiramente
independente e separável, os bens e serviços que produz serão transferidos pelo custo de
produção, podendo prejudicar uma análise mais eficiente do processo produtivo e o
resultado geral desta área.
De outra forma, com as possibilidades de tecnologia de processamento de dados
existente, a identificação do preço de transferência ampliou-se para um conjunto complexo
de procedimentos.
Um destes procedimentos é aquele que busca medir o desempenho dos segmentos
divisionais, através do relacionamento entre o Capital Investido e o Lucro obtido, fato que
provoca a compreensão e análise do conceito de lucro por parte de todos os envolvidos,
contribuindo para aumentar o interesse em alcançar uma adequada taxa de lucro.
Adotando-se o conceito de lucro nas transferências, torna necessária a definição da
receita, sendo esta, então, parcela do custo da unidade receptora. Assim, o preço com o
qual se fazem as transferências obriga a análise periódica sobre todos os processos
incorridos, o que pode revelar pontos fracos em algum processo que ocorra em alguma das
áreas que se relacionam.
Os métodos mais utilizados para a definição dos preços de transferências são:
custo real, custo padrão, custo padrão mais margem, preço de mercado e preço
administrado.
Aqueles baseados nos custos podem não contribuir para empresas com estrutura
descentralizada que precisam medir o desempenho de suas unidades, além dos fatores já
citados quanto aos métodos de acumulação dos custos. Outro aspecto sobre custos é a
responsabilidade, pois, a controlabilidade destes custos causa alguma confusão entre os
gestores divisionais e, entre estes e a Alta Administração da empresa.
Diante destes aspectos, a opção mais indicada por vários autores constantes na
Bibliografia pesquisada para a formação dos Preços de Transferência são os valores
praticados pelo mercado, desde que exista um mercado externo bem desenvolvido do
produto que se procura transferir. O principal obstáculo é que nem sempre este mercado
existe, principalmente para produtos intermediários e os semiacabados.
Estudo de Caso
Indústria de Borrachas Sabó

INDÚSTRIA DE BORRACHAS SABÓ apresentou os seguintes dados:

CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS


Salários da fábrica mão de obra $ 71.000, CI CD
Matéria prima direta $ 176.900,
Matéria prima indireta $ 800, CI
Energia elétrica - fábrica $ 5.000, CI CD
Depreciação dos equipamentos fábrica $ 22.000, CI
Gastos com limpeza fábrica $ 600, CI
Gastos com seguro fabril $ 700, CI
Materiais diversos consumo - fábrica $ 6.000, CI
Manutenção da fábrica $ 3.000, CI

DESPESAS FIXAS
Salários da administração geral $ 25.000,
Honorários da diretoria $ 8.000,
Despesas de escritório $ 3.500,

Custos

Matéria Prima: já deduzida dos impostos na aquisição

Produto A  $ 43.700,
Produto B  $ 76.500,
Produto C  $ 56.700,

Mão de Obra Direta $ 67.000, Mão de Obra Indireta $ 4.000,

Produto A  $ 19.162,
Produto B  $ 23.048,
Produto C  $ 24.790,

Energia Elétrica:

Consumo Direto:
Produto A  $ 1.300,
Produto B  $ 2.300,
Produto C  $ 1.000, $ 4.600,
Indireto $ 400,

Critério de Rateio – Matéria Prima


Variáveis
IMPOSTOS %
ICMS 18,00
PIS 1,65
COFINS 7,60
DESPESAS VARIÁVEIS %
Comissões 3
PDD 3
Fretes 2
Gastos com Mídias 4,5
Margem de lucro antes dos impostos 12
Preços unitários em campanha
A= $ 10,50 B= $ 17,50 e C = $ 13,50

Crescimento de 5% para todos os produtos e Trade de R$ 5.000,00 para


cada produto

ALOCAÇÃO DOS CUSTOS

DADOS CUSTOS DIRETOS CUSTOS


INDIRETOS DESPESAS

Custos Diretos

Total de Custos Diretos

Custos Indiretos Fabricação

Total de Custos Indiretos

Custos de Produção

Despesas Fixas

Total das Despesas

Custos e Despesas Totais


Formação de Preço – Fórmula

Com efeito cumulativo dos impostos sobre despesas e margem

Sem efeito cumulativo dos impostos sobre despesas e margem


CUSTO – VOLUME - LUCRO

Margem de Contribuição Unitária

Ponto de Equilíbrio

• O equilíbrio, do latim aequilibrĭum, é o estado em que duas forças que se cruzam se


compensam e se destroem mutuamente. O equilíbrio é a harmonia entre coisas
diversas e a equanimidade.

• Ponto de equilíbrio é um conceito das finanças que faz referência ao nível de


vendas em que os custos fixos e variáveis se encontram cobertos.
Fórmula do Ponto de Equilíbrio

Estudo aplicado do Custo/volume/lucro combinado no comércio e indústria

Selta Indústria de Artefatos de Acrílico LTDA, apresentou os seguintes dados abaixo:

Dados da produção

Matérias Primas

Produto YY 8090

Zinco R$ 349.000,00 Manganês R$ 262.000,00

Produto JZ 2040

Silício R$ 251.000,00 Cobre R$ 285.000,00

Mão de Obra Direta

Produto YY 8090 R$ 32.822,00 Produto JZ 2040 R$ 36.300,00

Custos Indiretos de Fabricação R$ 89.585,00

Despesas Fixas R$ 51.650,00

Dados para os dois produtos

IMPOSTOS %
PIS - Programa de Integração Social 1,65
COFINS – Contrib. Para Financiamento da Seguridade Social 7,60
ICMS - Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços 18,00
Comissões 3
PDD 3
Fretes 2
Margem de LUCRO LÍQUIDO (IRPJ e CSLL 34%) 8

Calcule os Preços Justo Lucro Real para os produtos YY 8090 e JZ 2040


Critério de rateio a ser adotado
MP ( PARA CIF)
MOD ( PARA DESPESAS)

Preço campanha produto YY 8090 = $ 8,50;


Quantidade: 100.000 unid
Verba de Trade $ 5.000,00
Crescimento 8%
Solução

CUSTOS
DADOS CUSTOS DIRETOS INDIRET
YY 8090 JZ 2040 OS DESPESAS
Custos Diretos
MOD 32.822 36.300
Matéria Prima 611.000 536.000

Total de Custos Diretos 643.822 572.300


Custos Indiretos
Depreciação
Gastos com Limpeza
Gastos com Seguro
Materiais de Consumo

Manutenção 89.585

Total de Custos Indiretos 47.721 41.864 89.585


Custos de Produção 691.543 614.164
Despesas
Despesas Escritório
Salários da Administração

Despesas Gerais 51.650

Total das Despesas 24.526 27.124 51.650


Custos e Despesas Totais 716.069 641.288
PRODUTO A YY 8090 Preço Limpo Preço N F

896.444 1.232.226
Impostos - 335.782
Preço Limpo 896.444
Custos - 691.543
Lucro Bruto 204.901
Despesas Fixas - 24.526
Despesas Variáveis - 71.716
Lair 108.660
IRPJ / CSLL - 36.944
Lucro Liquido 71.716

PRODUTO B JZ 2040 Preço Limpo Preço N F


802.826 1.103.542
Impostos - 300.715
Preço Limpo 802.826
Custos - 614.164
Lucro Bruto 188.663
Despesas Fixas - 27.124
Despesas Variáveis - 64.226
Lair 97.312
IRPJ / CSLL - 33.086
Lucro Liquido 64.226

Campanha
Margem Monetária Total Atual Proposto

Crescimento
Crescimento Crescimento
Trade
Trade Trade
BIBLIOGRAFIA
PADOVEZE, Clovis Luis, Controladoria estratégica e operacional: conceitos, estrutura,
aplicação – 2ª ed. SP – Cengage Learning, 2009
ASSAF NETO, Alexandre, Lima Fabiano Guasti, Curso de administração financeira, SP, Atlas,
2009
FLEURIET, Michael, Kehdy Ricardo, Blanc Georges, O Modelo Fleuriet: a dinâmica financeira
das empresas brasileiras: um novo método de análise, orçamento e planejamento financeiro,
Rio de Janeiro: Campus, 2003
NEVES, Silvério e Vicenconti, Paulo E. V.; Contabilidade Avançada; 9ª ed; São Paulo; Ed
Frase;2000
SANVICENTE, Antônio Zoratto; Administração Financeira; 3ª ed; São Paulo; Ed. Atlas; 1987
MATARAZZO, Dante C.; Análise Financeira de Balanços; 5ª ed; São Paulo; Ed. Atlas; 1998
BRASIL. Haroldo Vinagre e Brasil, Haroldo Guimarães, Gestão Financeira das Empresas - Um
Modelo Dinâmico; 4ª ed; Rio de Janeiro, Qualitymark; 2001
MARION. José Carlos. Análise da Demonstrações Contábeis – Contabilidade
Empresarial, 1ª ed; São Paulo; Atlas; 2001

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