1) O acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul se baseou na teoria dos sistemas autopoiéticos de Niklas Luhmann para interpretar a Constituição e garantir o direito à moradia como direito fundamental.
2) Para Luhmann, o direito é um sistema social autopoiético que se auto-organiza a partir dos princípios constitucionais para reduzir a complexidade social e resolver conflitos.
3) A Constituição conecta o direito e a política ao delimitar as competências de cada um e garantir os direitos
Descrição original:
Título original
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
1) O acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul se baseou na teoria dos sistemas autopoiéticos de Niklas Luhmann para interpretar a Constituição e garantir o direito à moradia como direito fundamental.
2) Para Luhmann, o direito é um sistema social autopoiético que se auto-organiza a partir dos princípios constitucionais para reduzir a complexidade social e resolver conflitos.
3) A Constituição conecta o direito e a política ao delimitar as competências de cada um e garantir os direitos
1) O acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul se baseou na teoria dos sistemas autopoiéticos de Niklas Luhmann para interpretar a Constituição e garantir o direito à moradia como direito fundamental.
2) Para Luhmann, o direito é um sistema social autopoiético que se auto-organiza a partir dos princípios constitucionais para reduzir a complexidade social e resolver conflitos.
3) A Constituição conecta o direito e a política ao delimitar as competências de cada um e garantir os direitos
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, à unanimidade de sua
15ª Câmara Cível, apreciando a apelação cível número 70055271456 , cujo
relator foi o Des. Otávio Augusto de Freitas Barcellos, traz, desde a ementa do acórdão publicado aos 17/09/2013, referência ao sociólogo NIKLAS LUHMANN. Confira: “Ementa: (...). 1. A regra do art. 3º, inciso VII, da Lei nº 8.009/90, com a redação dada pelo art. 82 da Lei nº 8.245/91, lei do inquilinato, ao excepcionar a impenhorabilidade do bem de família como forma de garantir o acesso à habitação ao afiançado, está consentânea com o mandato constitucional que alçou a moradia (art. 6º da CF) à condição de direito fundamental. 2. Neste ponto, o intérprete e aplicador do direito deve buscar a compreensão que dê concretude à Constituição Federal e seus postulados básicos, na medida em que, no Estado Democrático de Direito, os princípios maiores inscritos na Carta Magna não podem ser restringidos pela lei ordinária. 3. Portanto, impõe-se a releitura da norma de regência a partir do paradigma constitucional, e não ao contrário. Preservação dos princípios constitucionais que autorizam a construção de um conceito de impenhorabilidade do bem de família que resguarde a moradia como direito fundamental. 4. O status constitucional conferido à moradia com base no seu poder auto-organizativo faz com que seus titulares sejam destinatários da proteção estatal mínima e eficiente no contexto social. 5. Essa estrutura reflete a perplexidade interpretativa que demanda a construção de alicerces argumentativos teóricos capazes de justificar o processo decisório que refoge da trivialidade. Estaríamos diante do que Ronald Dworkin e Robert Alexy denominariam de hard case. 6. A solução não prescinde de uma releitura dos fundamentos do direito à moradia e da reconstrução da jurisprudência então dominante a partir da teoria dos sistemas autopoiéticos (capacidade de "engendrar a si próprio") inserida por NIKLAS LUHMANN no quadro epistemológico (teoria do conhecimento) das ciências sociais e jurídicas e dos princípios constitucionais que regem a proteção da moradia como direito social fundamental. 7.(...). (Apelação Cível, Nº 70055271456, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Otávio Augusto de Freitas Barcellos, Julgado em: 11-09-2013, publicação 17-09-2013, recortada, negritada e sublinhada pelo professor).
1ª QUESTÃO A(o) aluna (o) deverá identificar e explicar, caso haja , uma possível correlação entre as interpretações da teoria sistêmica de Niklas Luhmann em distintos panoramas: o da arena judiciária (e, portanto, envolvendo apreciação factual, como no caso que gerou a ementa acima) e o da arena acadêmica - como no artigo do Professor Adriano Ferreira, estudado em classe, páginas 38/41 da apostila. Para o intento equiparativo (correlacional) tenham-se em paralelismo o item 6 da ementa e o seguinte excerto: “(...) Para Luhmann, o direito é um sistema social. Como dito, seu código é lícito x ilícito (ou direito x não-direito). As comunicações produzidas por ele têm por finalidade indicar se um fato ou um ato é lícito ou não, estabelecendo eventuais sanções. Seu funcionamento segue um programa: “se… então…”. Caso uma hipótese prevista em lei ocorra (“se”), deve ocorrer uma consequência ou uma determinada decisão deve ser tomada (“então”). Trata- se, como os demais, de um sistema operacionalmente fechado. A Constituição Federal, no caso do sistema jurídico brasileiro, que é sua parte integrante, define sua estrutura e suas fronteiras, estabelecendo os princípios dos quais partirão todas as demais decisões que criam normas jurídicas (em leis, sentenças e contratos). A teoria geral do direito estabelece os mecanismos gerais de funcionamento do sistema, indicando critérios de validade e interpretação das normas (auto-organização). Toda nova norma jurídica (que é um texto comunicativo) deve ser criada a partir de elementos contidos em outras normas superiores ou nos princípios constitucionais (autopoiese). Uma marca do direito moderno, para Luhmann, é a positividade. As normas jurídicas (em leis, sentenças e contratos) derivam de decisões tomadas por pessoas competentes e/ou capazes. Cada norma criada deriva de uma decisão tomada por uma autoridade que se comunica partindo de outras decisões anteriores que foram tomadas e comunicaram normas superiores. Assim, o legislador decide (por votação) e cria uma lei; essa decisão pressupõe decisões que foram tomadas pelo poder constituinte originário, criando o próprio poder legislativo e lhe atribuindo, dentro de limites, competência para criar leis. O conteúdo dessa lei deve seguir o conteúdo da Constituição (...)”. Disponível em < https://direito.legal/sociologia-do-direito/12-luhmann-e-o-direito/ > Acesso: 2.janeiro.2021.
Na hipótese de o aluno concluir pela inexistência de conexões, deverá justificar. A resposta para ambas as possibilidades (existência ou inexistência de conexões) deverá estar contida no mínimo de 5 e máximo de 10 linhas, letra tamanho 12. Para a Luhmann, o direito são sistema sociais nascendo para reduzir a complexidade do ambiente, permitindo que conflitos sejam evitados e resolvidos, se alterando de acordo com as mudanças ocorridas no tempo. A Constituição gera acoplamento entre o direito e a política. A partir do momento em que ela delimita cada um desses sistemas, organizando a representação política e delimitando as competências judiciais, ela os conecta ao pertencer a ambos. Portanto existe há conexão, pois, constituição tem como foco um direito social fundamental, CF prevalecera mantendo o direito à moradia conforme o artigo 6, mais o direito do credor será atendido, apenas será postergado até que possa ser atendido não ferindo nenhum direito fundamental. 2ª QUESTÃO Na fundamentação da apelação cível número 70055271456, lê-se: “Apesar de se tratar de um hard case (caso difícil ou complexo), Niklas Luhmann identifica ‘complexidade como a totalidade das possibilidades de experiências ou ações, cuja ativação permita o estabelecimento de uma relação de sentido’ (LUHMANN, Niklas. Sociologia do Direito I. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1983. p. 12)”.
O (a) aluno(a) deverá assistir o vídeo “Luhmann e a fábula do 12º camelo. Uma análise comparativa entre os pensamentos de Luhmann e Kelsen”. YouTube - Novo Liceu - 18 min e 11 seg., 12/10 /2017, apresentada pelo Professor Thiago Rodrigues Pereira. A fábula do 12º camelo traduz algo como o “estabelecimento de uma relação de sentido”?
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