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1.

0 INTRODUÇÃO

No nosso dia a dia estamos rodeados de problemas que começam ao levantarmos


que exigem decisões. Algumas decisões são relativamente fáceis de resolver , mas
muitos apresentam uma complexidade crescente com conseqüências ao longo de
nossas vidas.
Um problema simples seria por exemplo: Devo parar de fumar? Devo trocar de
carro? Devo me cuidar na comida?
Um problema menos simples seria por exemplo: Devo comprar ou alugar o próximo
carro?. Devo investir na compra de um terreno ou num apartamento?
Um problema mais complexo poderia ser: Como o governo brasileiro pode terminar
com a corrupção e o analfabetismo?
Nos três problemas enumerados nota-se que o problema mais simples refere-se a
questões mais sociais e psicológicas. No problema intermediário as questões são
econômicas e nos problemas mais complexos as questões são econômicos, políticos
e humanísticos.
O que a Engenharia Econômica pode contribuir para resolver estes problemas?
Quer nos parecer que os problemas mais simples são facilmente resolvidos por
qualquer pessoa sem necessidade de técnicas analíticas para auxiliar sua resolução.
Os problemas mais complexos são um misto de problemas com pessoas, de
economia e decisões políticas. Não é de se esperar que a análise na engenharia
econômica preste grande auxilio na resolução de problemas complexos. É na
solução dos problemas intermediários onde os aspectos econômicos dominam o
problema.
O processo de tomada de decisão deve ser sempre racional sendo um processo
complexo que envolve vários elementos:
2.0 A TOMADA DE DECISÃO

O processo de tomada de decisão deve ser sempre racional sendo um processo


complexo que envolve vários elementos:
- Reconhecimento de um problema
- Definição do objetivo
- Coleta de dados relevantes
- Identificação de alternativas viáveis
- Escolha do critério de julgamento da melhor alternativa
- Construção de inter-relações entre o objetivo, as alternativas, os dados e o critério
- Predição dos resultados para cada alternativa
- Escolha da melhor alternativa para atingir o objetivo.

Reconhecimento do problema
Somente após o reconhecimento de um problema podemos iniciar de maneira lógica
a tarefa para uma solução.
Quando o problema é a falta de um determinado material na obra, o motor queimado
da betoneira ou o cheque sem cobertura, o problema está claro. Nestas condições
podemos tomar as providências para resolvê-lo da melhor forma possível.

Definição do objetivo
A definição de um objetivo é o ato de descrevê-lo claramente. Exemplo: Pretendo
concluir a reforma da minha casa até final de junho de 2007.

Coleta de dados relevantes


Para tomarmos uma decisão devemos ter uma boa informação. Se o objetivo é
construir apartamentos para vender, devemos saber que tipo de apartamento
construir. As vezes os dados podem ser obtidos em forma de publicação, muitas
vezes exigem pesquisas que as vezes são dispendiosas.
Quando a coleta de dados é de custos, o mercado fornece os preços das matérias-
primas, mão de obra, custo dos equipamentos etc. Existem outros itens que não tem
seu preço diretamente fixado no mercado, mas é possível por meios indiretos
atribuir valores. Como exemplo teríamos o custo de um acidente. Alguns itens são
mais complexos para definir a relevância. Como exemplo poderíamos ter a
influência do valor em uma avaliação na ausência de uma variável não considerada
no modelo estatístico.

Identificação de alternativas viáveis


Não teria sentido considerar alternativas que não possam ser postas em prática.
Existem alternativas que são inviáveis pos várias razões, tais como violar leis, usar
materiais que não possam ser obtidos etc.

Escolha do critério para determinar a melhor alternativa


Como se lida com termos relativos e não com valores absolutos, a escolha recairá na
alternativa que seja a mais conveniente. Por exemplo: consideremos um motorista
julgado culpado por excesso de velocidade, a quem se oferecem as alternativas de
uma multa ou três dias de cadeia. Em termos absolutos , nenhuma das duas
alternativas é desejável. Mas, em base relativa, escolhemos simplesmente a melhor
das duas alternativas indesejáveis.
Dentre das diversas alternativas que poderíamos citar alguns critérios:
- Causar menor dano ao meio ambiente
- Adequar melhor a distribuição de renda entre as pessoas
- Otimizar o gasto do dinheiro
- Otimizar o tempo
- Minimizar o desemprego
- Utilizar o dinheiro economicamente eficiente
Este, é o critério normalmente adotado pela engenharia na tomada de decisão.
Em toda decisão queremos sempre: maximizar o beneficio, minimizar os custos e
maximizar o lucro.

A construção do modelo
Em algum momento os diversos elementos de decisão devem ser reunidos, dados
relevantes, alternativas viáveis, critério de seleção ou outros. Se por exemplo
estivéssemos pensando em efetuar um empréstimo para adquirir um automóvel, há
uma relação matemática evidente entre as seguintes variáveis: valor do empréstimo,
taxa de juro, prazo e prestação mensal. Em um laboratório pode haver um modelo
físico, mas em uma decisão econômica o modelo é, em geral, matemático.
Se por exemplo, a construção de um modelo matemático expressando a capacidade
de alunos em uma sala de aula da pós-graduação, poderia ser:

Capacidade = a . b/m

Onde: a= comprimento da sala


b= largura da sala
m= fator de arranjo da sala

Este é um modelo simples, outras situações exigem modelos matemáticos mais


complexos.
Se formos construir um modelo matemático-estatístico, a partir de uma amostra de
dados de terrenos na cidade de Chapecó usando dez variáveis , teremos um modelo
mais complexo que o anterior, como veremos no decorrer deste curso.

Escolha da melhor alternativa


Após o resultado de cada alternativa as decisões na maioria dos problemas
econômicos tem conseqüências de mercado, extramercado e conseqüências
intangíveis. Estas, por ficarem fora dos cálculos numéricos devem ser introduzidos
na decisão. Na engenharia estas tem menos importância do que as conseqüências
econômicas.
A tomada de decisão em engenharia na maioria das vezes se relaciona com
problemas de projetos, métodos ou materiais alternados. Adotando o critério
econômico adequado, podemos identificar a melhor alternativa. Podemos ilustrar
através de um exemplo, como se segue:

EXEMPLO
Um agregado de concreto deve conter ao menos 31% de areia por volume para uma
composição adequada. Um tipo de material, que apresenta 25% de areia e 75% de
agregado bruto, é vendido a R$ 30,00/m3. Outro tipo, tem 40% de areia e 60% de
agregado bruto, é vendido a R$ 44,00 /m3. Determine o custo mínimo, por metro
cúbico, da mistura dos dois agregados?
Solução:

O custo mínimo da mistura dos dois agregados resulta da utilização máxima do


material de custo mais baixo. O material de custo mais elevado será usado para
aumentar a proporção de areia até o nível mínimo de 31% especificado.

Denominando de x = parcela de agregado de R$ 30,00/m3


1- x = parcela de agregado de R$ 44,00/m3

Quantidade de areia:

x(0,25) + (1 – x )(0,40) = 0,31


0,25x + 0,40 – 0,40x = 0,31
x(0,40 – 0,25) = 0,40 – 0,31
x = (0,40 - 0,31)/ ( 0,40 – 0,25)

x = 0,60

logo os agregados misturados conterão:


60% de material de R$ 30,00/m3
40% de material de R$ 44,00/m3

Custo mínimo da mistura:


Custo = 0,60(R$30,00) + 0,40(R$44,00) = 18,00 + 17,60 = R$35,60
3.0 INTRODUÇÃO À MATEMÁTICA FINANCEIRA

A Matemática Financeira é a principal ferramenta da Engenharia Econômica. As


operações matemáticas usadas são relativamente simples. Um conceito
imprescindível para a solução de problemas é a representação gráfica do fluxo de
caixa.

3.1 FLUXO DE CAIXA

Quando instalamos um equipamento caro na nossa empresa isto tem conseqüências


econômicas que perduram por um considerável período de tempo. Se a máquina é
adquirida a crédito, o simples processo de pagá-la pode levar vários anos.
Todas decisões que envolvem quantias de dinheiro, além da quantia propriamente dita,
devem também considerar o momento no tempo em que esta quantia será desembolsada
ou recebida.
O fluxo de caixa é um diagrama que mostra os pagamentos e recebimentos ao
longo de período considerado na análise. Este diagrama é composto de uma reta
horizontal, que constitui-se na escala de tempo , e por flechas verticais, que representam
as entradas e saídas de dinheiro.

F1 F2 F3 F4 Fn

1 2 3 4 n

Figura 3.1 Fluxo de caixa

Os períodos de tempo são representados em intervalos contínuos , progredindo


da esquerda para a direita, iniciando no instante 0 ( início do primeiro período a ser
considerado na análise) e terminando no instante n (fim do último período a ser
considerado na análise). Assim, cada número representa o período de tempo acumulado
até aquele ponto.
Por convenção, as saídas de dinheiro são representadas por flechas para baixo,
abaixo da linha de tempo, e as entradas de dinheiro são representadas por flechas para
cima, acima da linha de tempo. As flechas não precisam representar em escalas as
quantias de dinheiro.
Por hipótese, os valores ocorrem num único momento em cada período
considerado. O valor inicial é desembolsado (ou recebido) no instante zero. E os demais
recebidos (ou desembolsos) dão-se no fim de cada período em que ocorrem , a menos
que indicado de outro modo.
Não existe uniformização de simbologia na bibliografia disponível. Variando de
autor para autor. A simbologia apresentada a seguir é a mais comum, e será adotada
neste texto.
Quando todos os valores futuros são iguais , eles são comumente representados
pela letra A (de Anuidade, embora nem sempre os períodos considerados tenham esta
periodicidade). Estes valores constituem uma série uniforme de pagamentos (ou
recebimentos), iniciando no período 1 e terminando no período n (Figura 1.2)

0 1 2 3 n

A
Figura 3.2 Série Uniforme de Pagamentos

Se os valores uniformes forem antecipados em um período, iniciando no instante


zero, tem-se uma série uniforme antecipada representada por A (figura3.3). Observe
que esta série termina no período n-1.

0 1 2 3 n-1 n

A’

Figura 3.3 Série uniforme antecipada

Uma série de pagamentos (ou recebimentos) que cresce a uma razão constante G
em cada período, iniciando com o valor G no período 2, e terminando com o valor (n-1)
no período n, é denominada de série em gradiente. ( Figura 3.4). observe que esta série
não apresenta nenhum valor no período 1.

0 1 2 3 4 n

G 2G 3G (n-1 )G

Figura 3.4 Série gradiente de pagamentos


EXERCICIOS DE FLUXO DE CAIXA

1- Considerando prestações iguais, represente sob a forma de fluxo de caixa as


seguintes alternativas:
a)- compra a vista de um bem
b)- compra em quatro vezes , com uma entrada e acréscimo de 10%
c)- sem entrada em cinco vezes com acréscimo de 25%

2- Uma escola está considerando dois planos alternativos para a construção de um


ginásio de esportes. Um engenheiro fez as seguintes estimativas de custo para
cada um deles, considerando para tanto sua utilização perpétua:
a)- Arquibancada de concreto que necessita de um custo inicial de R$
140.000,00 e custo anual de manutenção da ordem de R$ 8.000,00
b)- Arquibancada de madeira com custo inicial de R$ 80.000,00; custo de
manutenção anual de R$ 2.000,00; custo de pintura R$ 8.000,00 a cada 3 anos;
custo de novos assentos de R$ 32.000,00 a cada 12 anos e custo de uma nova
estrutura de R$ 40.000,00 a cada 36 anos.

3- Certa empresa alugou um galpão para a instalação de um depósito e pagou adian-


tados 24 meses de aluguel referentes ao primeiro período de locação. Nos termos
do contrato será permitido à empresa renova-lo por outro período de 2 anos,
pagando de aluguel R$ 2.000,00 no início de cada mês do segundo período de 2
anos. Passados 12 meses do segundo período de locação, o locador, necessitando
de dinheiro, propôs à empresa o adiantamento dos pagamentos referentes aos
alugueis do segundo período de 2 anos.

3.2 JUROS SIMPLES E COMPOSTOS

Os juros são a remuneração do capital. Representam o dinheiro pago pelo uso de


dinheiro emprestado ou o ganho de dinheiro gerado pelo capital empregado num
investimento. A especificação dos juros é feita pela taxa de juros, definida como razão
entre os juros que serão cobrados no fim de período e o capital inicialmente empregado .
O instante do tempo no qual o juro é devido é o seu Período de capitalização . A taxa
deve sempre especificar este período.

EXEMPLO 3.1. Seja uma quantia de R$ 1.000,00 que rendeu R$ 120,00 de juros após
um ano. A taxa de juros foi de R$ 120,00/R$ 1.000,00 = ou 12% a.a.

Define-se o montante (F) como sendo o principal (P) mais os juros (J) devidos:

F=P+J (3.1)

EXEMPLO 3.2. Para o Exemplo 1.1 , F = R$ 1.000,00 + R$ 120,00 = R$ 1.120,00

O cálculo dos juros pode dar-se de duas maneiras:

• Juros Simples: apenas o principal rende juros.


J = Pi n (3.2)

F = Principal + juros = P + Pin = P(1 + i n ) (3.3)

Onde: J – Juros
i _ taxa de juros
P – principal
n_ número de períodos de capitalização
F – montante

*Juros Compostos : a cada período de capitalização, os juros são incorporados


ao capital e passam também a render juros.

F = P(1 + i) n (3.4)

Onde: J – juros
i – taxa de juros
P – principal
n – número de períodos de capitalização
F – montante

A equação 3. 4 permite calcular o montante F que se obtém a partir de


um investimento P à taxa i, após n períodos. Esta é uma das mais importantes
equações da Matemática Financeira.

EXEMPLO 3.3 Seja R$ 1.000,00 aplicados a 15 % a.a , o total a receber no


final do quinto ano, empregando a fórmula.

Solução:
Período Montante Montante

Juros simples Juros compostos

0 1.000,00 1.000,00
1 1.000,00 + 0,15 x 1.000,00 = 1.150,00 1.000,00 = 0,15x1.000,00 = 1.150,00
2 1.150,00 + 0,15 x 1.000,00 = 1.300,00 1.150,00 + 0,15x1.150,00 = 1.322,50
3 1.300,00 + 0,15 x 1.000,00 = 1.450,00 1.322,50 + 0,15x1.322,50 = 1.520,88
4 1.450,00 + 0,15 x 1.000,00 = 1.600,00 1.520,88 + 0,15x1.520,88 = 1.749,01
5 1.600,00 + 0,15 x 1.000,00 = 1.750,00 1.749,01 + 0,15x1.749,01 = 2.011,36

Fórmula 1.000,00 x (1+0,15x5) = 1.750,00 1.000,00 x (1+0,15)5 = 2.011,36


Na prática, em estudos econômicos são utilizados apenas os juros
compostos. Neste texto , daqui para frente, sempre será considerada a hipótese
dos juros compostos , salvo quando mencionados o contrário.
No exemplo 3.3 , R$ 1.000,00 hoje são equivalentes a R$ 2. 011,36 daqui
a cinco anos, à taxa de 5 % a.a (juros compostos). Assim, a taxa de juros
estabelece um fator de conversão para tornar equivalentes duas quantias de
dinheiro, consideradas em diferentes pontos no tempo.

EXEMPLO 3.4 Qual é o fator de conversão para tornar equivalentes as


quantias do exemplo 3.3, considerando juros compostos?

Solução: R$ 2.011,36 / R$ 1.000,00 = 2, 01136

Obs.: Este fator de conversão está tabelado. Hoje pela facilidade operacional das
calculadoras , aquelas não são mais tanto usadas.

3.3 TAXAS EQUIVALENTES

Duas taxas de juros podem ser equivalentes quando produzem o mesmo


montante num mesmo período de tempo , porém com períodos de capitalização
diferentes.
Por exemplo, a taxa mensal( imensal )é equivalente à taxa anual ( ianual ) quando:

P(1+ ianual ) = P(1+ imensal )12 (3.5)

donde

(1+ ianual ) = (1+ imensal )12 (3.6)

ianual = (1+ imensal )12 -1 (3.7)


para determinar a taxa anual conhecida a taxa mensal

i mensal = 12 (1 + i anual ) − 1 = (1+ ianual )1/12 – 1 (3.8)


para determinar a taxa mensal quando se conhece a anual.

EXEMPLOS:

3.5 – Determinar a taxa anual equivalente a 2% ao mês.

Solução:
ianual = (1+ imensal )12 -1 = (1+0,02)12 – 1 = 1,2682 – 1 = 0,2682 ou 26,82%

3.6 – Determinar a taxa mensal equivalente a 60, 103% ao ano.

Solução:

imensal = (1+ ianual )1/12 – 1


imensal = (1+ 0,60103 )1/12 – 1 = 1,04 – 1= 0,04 ou 4% ao mês

3.7 – Determinar a taxa anual equivalente a 0,19442% ao dia.


Solução:

ianual = (1+ idia )360 -1 = ( 1 + 0,19442 )360 -1 = 1,0122 ou 101,22%

Observação: Pode ser usada uma fórmula genérica para qualquer caso (Vieira
Sobrinho, José Dutra, 1986).

iq = ( 1 + it )q/t – 1 (3.9)

donde: iq é taxa para o prazo que eu quero


it é taxa para o prazo que eu tenho
q é o prazo que eu quero
t é o prazo que eu tenho

Exemplo
Determinar para 183 dias, equivalente a 65% ao ano.
Solução:

iq = ( 1 + it )q/t – 1

i183 = ( 1 + 0,65 )183/360 – 1 = 0,2899 ou 28,99%

EXERCICIOS PROPOSTOS

1 – Determinar a taxa para 491 dias, equivalente a 5% ao mês.


Resp.: 122,23%

2 – Determinar a taxa para 27 dias, equivalente a 13% ao trimestre.


Resp.: 3,73%

3 – Em 154 dias uma aplicação rendeu 41,123%. Calcular as taxas mensal e


equivalentes.
Resp.: 6,94% ao mês e 123,722% ao ano.

4 – Um banco cobra 20% a.a. de juros numa operação de capital de giro. Quanto
cobrará para uma operação em 182 dias? ( considerar o ano 360 dias)
Resp.: 9,656%

3.4. TAXA NOMINAL E EFETIVA

Uma taxa de juros efetiva é aquela na qual o período referido na taxa


coincide com o período de capitalização. Mas nem sempre o período referido na
taxa coincide com o período de capitalização. Muitas vezes uma taxa de juros é
assim enunciada para aparentar um rendimento maior , ou aparentar uma
cobrança de juros mais baixa. Nesta situação , tem-se uma taxa de juros nominal.

3.5 CONVERSÃO DE TAXA NOMINAL EM EFETIVA

Para uma taxa nominal ( in ) capitalizada k vezes por período, a taxa


efetiva equivalente i é:

in k
i = (1 + ) −1 (3.10)
k
Um outro modo de solucionar o problema consiste em transformar
primeiro a taxa nominal numa taxa efetiva, considerando o período de
capitalização enunciado, e a seguir aplicar a Equação 3.10.

EXEMPLO 3.8 Qual a taxa anual equivalente a taxa de 30 % a.a. com


capitalização mensal?

in k 0,3 12
Solução1: i = (1 − ) − 1 = (1 + ) − 1 = 0,3449 = 34,49% a.a.
k 12

3.6 CONVERSÃO ENTRE TAXAS EFETIVAS

Para a transformação de taxas efetivas, relativos a períodos distintos utilizam-se


as expressões:

i = (1+ik)k -1

onde:

i é a taxa do período maior


ik é a taxa do período menor
k é o número de vezes que o período menor ocorre no maior

Quando é dado uma taxa “i” para um período maior, calcula-se a taxa ik para um
período menor através da expressão:

ik = (1+i)1/k -1 (3.11)

EXEMPLO 3.9. Qual a taxa mensal efetiva equivalente a taxa de 4 % a.m. com
capitalização anual?
Solução

i k = (1 + i )1 / k − 1 = (1 + 0,48)1 / 12 − 1 = 0,0332 = 3,32%a.m.

3.7. TAXAS COBRADAS ANTECIPADAMENTE

Em alguns empréstimos costuma-se cobrar antecipadamente os juros. Ou


seja, os juros são pagos no momento em que se recebe o dinheiro emprestado,
sendo devolvido no final apenas o principal emprestado. Nestas situações, a taxa
de juros real é maior do que aquela enunciada.

EXEMPLO 3.10. Calcule a taxa efetiva anual e mensal de um empréstimo de


R$ 10.000 por um ano a uma taxa de 30 % a.a. , sendo os juros cobrados
antecipadamente.

Solução: Juros: J = R$ 10.000 x 0,3 = R$ 3.000,00


Dinheiro efetivamente recebido: R = R$ 10.000,00 – R$ 3.000,00 = R$ 7.000,00
Dinheiro devolvido: F = R$ 10.000,00

7.000

1
0

10.000

Figura 3.5

F = P (1 + i ) n
10.000 = 7.000(1 + i )1
i =(10.000/7.000) -1
i =0,4286 = 42,86 % a.a.
i = (1 + i )1 / m − 1 = (1 + 0,4286)1 / 12 − 1 = 0,0302 = 3,02% a.m.

3.8. TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)

A taxa interna de retorno expressa a rentabilidade de um projeto. A TIR é


a taxa que torna equivalente os desembolsos e as receitas. No Exemplo 3.10. a
taxa encontrada é a taxa interna do fluxo de caixa ali representado.
EXEMPLO 3.11. Um banco emprestou R$ 50.000,00 para uma construtora,
para financiar seu capital de giro. Esta quantia deve ser devolvida em quatro
meses. Se o banco cobrou antecipadamente R$ 7.000,00 a título de juros, qual a
taxa interna de retorno mensal deste empréstimo?

50.000

0
1 2 3 4

43.000

Figura 3.6

Solução:

F = P (1 + i ) n
50.000 = 43.000(1 + i ) 4
i = (50.000 / 43.000)1 / 4 − 1

i = 0,0384 = 3,84% a.m

Neste caso , a TIR encontrada é também a taxa de juros real paga pela
construtora.

EXEMPLO 3.12 Qual é a taxa de retorno do fluxo de caixa abaixo:

600 600 600 2000

0 1
2 3 4 5

2.000 1.000

Figura 3.7
Solução:
Uma solução é arbitrar taxas até zerar o fluxo de caixa entre despesa e receita.
Primeira tentativa:
Seja i=7%

VP=-2000 –1000(1+0,07)-1 + 600(1 + 0,07)-2 + 600(1 + 0,07)-3 + 600(1 + 0,07)-4


+ 2000(1 + 0,07)-5
VP=-37,09

Segunda tentativa:
Seja i=6%

VP=-2000 –1000(1+0,06)-1 + 600(1 + 0,06)-2 + 600(1 + 0,06)-3 + 600(1 + 0,06)-4


+ 2000(1 + 0,06)-5
VP= 64,09
Fazendo uma interpolação aritmética, temos:

(64,09+37,00) ------ 1%
37,09 ------- X%

X = 0,3669%
Donde: 7% - 0,3669% = 6,6331%

-37,09

6% 6,63% 7%

64,09

Figura 3.8

Terceira tentativa:

Adotando i = 6,63%
VP=-2000 –1000(1+0,0663)-1 + 600(1 + 0,0663)-2 + 600(1 + 0,0663)-3 +
600(1 + 0,0663)-4 + 2000(1 + 0,0663)-5
VP = - 0,21

Esta estimativa já pode ser aceita.


Obs.: A resposta exata seria 6,6279%.

Para fluxos com menos de 40 períodos de capitalização,de uma série uniforme,


pode-se calcular a taxa interna de retorno pela fórmula de Baily: (Dantas, 1998)

2
12 − (n − 1) β n.R n +1
i= β (3.12) β= −1 (3.13)
12 − 2( n − 1) β A

Onde n é o número de receitas R da série uniforme e A o valor atual ( valor


presente) correspondente.

EXERCICIO 3.13 Calcular a taxa interna de retorno para um investimento de


R$ 200 mil com uma previsão de receita em cinco prestações anuais de R$
60.000,00.

60 60 60 60 60

0 1 2 3 4 5

200

Figura 3.9

Solução:

Fórmula:

2
n.R n +1 12 − (n − 1) β
β= −1 i= β
A 12 − 2( n − 1) β

2
5.60 5+1
β= − 1 = 0,14471
200

12 − (5 − 1)0,14471
i= .0,14471 = 0,1524 ou 15,24%
12 − 2(5 − 1).0,14471
3.9. TAXA MINIMA DE ATRATIVIDADE (TMA)

A taxa mínima de atratividade é a taxa que um investidor se propõe a ganhar


quando faz um investimento ou o máximo que um tomador de dinheiro se
propõe a pagar ao fazer um financiamento.
Um dos pontos que influenciam em determinar a TMA é denominado Custo de
Oportunidade , representa a remuneração que teríamos pelo nosso capital caso
não o aplicássemos em nenhuma alternativa. Seria por fim nossa expectativa de
ganho mínimo ou de pagamento máximo na hipótese de financiamento a serem
analisados. O segundo componente da TMA passa a ser o Risco do Negócio. Por
exemplo, se investirmos na Caderneta de Poupança , o risco não existe, uma vez
que a caderneta é garantida pelo Governo Federal. Entretanto a remuneração é
condizente com o risco. Se usarmos nosso dinheiro num negócio produtivo , o
ganho será condizente com os riscos que iremos correr. A terceira componente
da TMA é a liquidez do negócio, é a facilidade, a velocidade com que
conseguimos sair de uma posição no mercado para assumir outra.

EXEMPLO 3.14. Uma construtora está avaliando a possibilidade de construir


um edifício comercial. Para tal, dispõe de 40 % de capital necessário, devendo
financiar os 60 % restantes, a um custo de 10 % a.a. Os acionistas exigem uma
remuneração de 12 % a.a. do capital investido na empresa. Caso a construtora
desista deste negócio, ela pode aplicar seu dinheiro em papéis do governo, a um
rendimento de 10,5 % .a.a. Qual a TMA que a construtora deve adotar na análise
deste investimento?

Solução: Custo do dinheiro: (0,40 x 0,12) + (0,60 x 0,10) = 0,108 = 10,8 % a.a
Remuneração do investimento alternativo: 10,5 % a.a.

Logo , para a análise de viabilidade econômica deste empreendimento deve ser


adotada uma TMA de 10,8 % a.a.

3.10 RELAÇÕES DE EQUIVALENCIA FINANCEIRA

3.10.1 Relação entre valor presente e valor futuro


F
0 n 0 n

Figura 3.10. Dado P determinar a F, e vice-versa


Conforme visto no exemplo 3.3, obtínhamos a seguinte expressão:

F = P (1 + i ) n
O termo entre parênteses na Equação 2.1 representa um fator conversão ,
denominado de “ achar F dado P”, e tem a seguinte notação e significado:

( F / P; i.n) = (1 + i ) n (3.14)

Obs.: A notação aqui adotada é a notação internacional. A exemplo do que já foi


comentado sobre a simbologia, também não existe uniformização de notação
para fatores de conversão, na bibliografia existente.
Estes fatores, e os que serão apresentados a seguir , podem ser facilmente
tabelados, em função de i e n . O uso destas tabelas apresenta utilidade quando
se dispões de apenas uma calculadora não financeira para resolver problemas de
matemática financeira. Embora não teremos a resolução de problemas através
destes fatores , por serem de mais fácil memorização do que fórmulas
respectivas. Além disto, interessa destacar o raciocínio aplicado na resolução dos
problemas propostos, mais do que “ fazer contas”. Calculadoras financeiras e
planilhas eletrônicas dispõe de rotinas para fazer cálculos respectivos. Caso não
se disponha destes instrumentos , deve-se calcular o valor dos fatores usando as
respectivas fórmulas ou consultando as já referidas tabelas.
Obs.: No nosso curso estaremos usando as fórmulas.

EXEMPLO 3.15. Uma empresa contraiu um empréstimo R$ 30.000,00 para ser


devolvido em 5 meses. Qual o montante a ser desenvolvido, se a taxa de juros
deste empréstimo é de 4,5 % a.m.? Solução:
30.000

Figura 3.11.

F = P(1+i)n
F=30.000 (1 + 0,045)5
F= R$ 37.385,46

EXEMPLO 3.16. Uma empresa precisa adquirir uma matéria-prima para


atender um pedido especial, no valor de R$ 8.000,00, que será necessário daqui a
6 meses. Quanto ela deve investir hoje em papéis que rendem 2,2 % a.m. , para
ter este dinheiro disponível necessário?
8.000

Figura 3.12

Solução:
F
P = F ( p / F ; i; n) =
(1 + i ) n
8.000
P = 8.000( P / F ;2,2%;6) =
(1 + 0,022) 5

3.11 VALOR PRESENTE DE UMA SÉRIE UNIFORME


A

0 n 0 n

Figura 3.12 Valor presente equivalente a uma série uniforme A e vice –


versa

O valor presente ( P )ou valor atual é obtido ,no caso, somando-se o valor atual
de cada receita (A) pela equação:

F
F = P (1 + i ) n donde P=
(1 + i ) n
Onde : fizemos F=A ( valores futuros uniformes)

A A A A
P= + + +•••+ que representa a soma dos
(1 + i ) 1
(1 + i ) 2
(1 + i ) 3
(1 + i ) n
(3.15)

termos de uma progressão geométrica , onde

A A 1
a1 = (3.16) ; an = (3.17); q = (3.18)
1+ i (1 + i ) n 1+ i

A fórmula da soma dos termos de uma PG é:

a n • q − a1
S= (3.19) donde, temos:
q −1
A 1 A A 1
• − −1
(1 + i ) (1 + i ) (1 + i ) (1 + i ) (1 + i )
n
n
1 − (1 + i ) − n
P= = =A
1 1−1− i i
−1
1+ i 1+ i

1 − (1 + i) − n
P=A (3.20)
i

Pi
Donde: A= (3.21)
1 − (1 + i ) −n

1 − (1 + i ) − n
O termo (3.22) pode ser tabelado e denomina-se fator de valor
i
atual de uma série uniforme.

EXEMPLO 3.17 – Calcular o valor máximo que se pagaria por um


empreendimento que em uma previsão de retorno de 10 receitas anuais de R$
10.000,00 e mais 10 receitas de R$ 15.000,00 anuais conforme fluxo de caixa
abaixo. Considerar uma taxa mínima de atratividade de 9% ao ano. (Dantas,
1988)

10.000 15.000
. . . . . .
0 1 2 3 10 11 12 13 14 20

P=?

Figura 3.13

Solução:

Cálculo do valor presente (P) da série uniforme de R$ 10.000,00:

1 − (1 + i) − n 1 − (1 + 0,09) −10
P=A = 10.000 = 64.176,57
i 0,09
Cálculo do valor presente (P) da série uniforme de R$ 15.000,00:

1 − (1 + i) − n 1 1 − (1 + 0.09) −10 1
P=A . = 15.000 . = 40.663,32
i (1 + i ) n
0,09 (1 + 0,09)10

Cálculo do valor presente do fluxo de caixa:

P= 64.176,57 + 40.663,32 = 104.839,89

EXEMPLO 3.18 As condições de financiamento de uma máquina exigem


como entrada a quantia de R$ 20.000,00. Um comprador está interessado no
negócio, mas precisa parcelar esta quantia em 5 meses, iniciando os pagamentos
em 30 dias. Se a TMA da empresa vendedora é de 2 % a.m. , de quanto deve ser
a prestação?

Solução:

0
1 2 3 4 5

20.000,00

(1 + i ) n − 1
A=P
i (1 + i ) n

0,02(1 + 0,02) 5
A = 20.000
(1 + 0,02) 5 − 1

A= R$ 4.243,17

EXEMPLO 3.19. As condições de compra de uma máquina são: uma entrada


mais 12 prestações mensais fixas de R$ 1.200,00, com vencimentos iniciando
em 30 dias. Um potencial comprador propõe pagar a entrada solicitada mais R$
12.000,00 hoje, para liquidar a parte parcelada. Se a TMA do vendedor é de 2,5
% a.m. , ele deve aceitar este negócio?
1.200

1 12
P

(1 + i ) n − 1
Solução: P = A
i (1 + i ) n

(1 + 0,025)12 − 1
P = 1.200
0,025(1 + 0,025)12

P = R$ 12.309,32

O vendedor não deve aceitar a proposta do comprador uma vez que o valor
equivalente das parcelas vincendas é superior a proposta de R$ 12.000,00.

3.12 VALOR FUTURO DE SÉRIE UNIFORME

0 1 n 0 1 n-1 n

Figura 3.14

O montante(F) (valor futuro) pode ser obtido capitalizando-se o valor presente


(P) para o n-ésimo período da capitalização.

Temos que:

F = P(1 + i) n

Como o valor presente de uma série uniforme é dado pela expressão:


1 − (1 + i ) − n
P=A
i

Substituindo na expressão 3.4, temos:

1 − (1 + i ) − n (1 + i ) n − (1 + i ) − n+ n
F=A • (1 + i ) = A
n

i i
donde:

(1 + i ) n − 1
F=A (3.23)
i

EXEMPLO 3.20. Se um investidor aplicar R$ 1.000,00 por mês , durante 2


anos numa aplicação que lhe renderá 12 % a.a., capitalizados mensalmente, qual
a quantia que ele terá disponível em 2 anos?

Solução:

0 1 24

1000

i =12 % a.a./ 12 meses = 1 % a.m.

(1 + i ) n − 1
F=A (F/A;i;n) =A
i

F=1.000(F/A;1 %;24)
(1 + 0,01) 24 − 1
F = 1.000
0,01
F= R$ 26.973,47

EXEMPLO 3.21. Uma empresa necessitará comprar um carro novo daqui a um


ano. Nesta ocasião, dará um carro usado como parte do pagamento, mas mesmo
assim estima que precisará desembolsar R$ 15.000,00 para efetuar o negócio.
Quanto ela deverá aplicar por mês num fundo de investimento que lhe renderá
1,8 % neste período, para ter disponível esta quantia?

Solução:

15.000,00

0 1 12

i
A = F ( A / F ; i; n) = F
(1 + i ) n − 1
A=F ( A/F;1,8 %;12)
0,018
A = 15.000
(1 + 0,018)12 − 1

A = R$ 1.131,03

3.13 SÉRIE GRADIENTE

3.13.1 Valor presente de série gradiente

0 1 2 n 0 n

Figura 3.15
(1 + i ) n − 1 n 1
P = G{[ − ] } (3.24)
i 2
i (1 + i ) n

EXEMPLO 3.22. Um determinado veículo tem um custo anual de manutenção


de R$ 2.000,00. Estima-se que , a partir do segundo ano de uso, devido ao
crescente desgaste este custo aumente em R$ 200,00 ao ano. Considerando que
este veículo em 6 anos de vida útil, calcule o valor presente dos custos de
manutenção , para uma TMA de 10 % a.a.

Solução:
O fluxo de caixa pode ser representado em uma série uniforme mais uma série
gradiente

0 1 2 6 0 1 6 0 1 2 6
A=2.000
2.000 200
200
1.000
1.000

(1 + i ) n − 1 (1 + i ) n − 1 n 1
P=A + G{[ − ] }
i (1 + i ) n
i 2
i (1 + i ) n

(1 + 0,01) 6 − 1 (1 + 0,10) 6 − 1 6 1
P = 2.000 + 200{[ − ] }
0,10(1 + 0,10) 6
0,10 2
0,10 (1 + 0,10) 6

P = 2.000 x 4,3552607 + 200 x 9,6841712 = 8.710,52 + 1.1936,83

P = R$ 10.647,35

3.13.2. Série uniforme equivalente a uma série gradiente

1 n i
A = G[ − x ] (3.25)
i i (1 + i ) n − 1

Representação sob a forma de fluxo de caixa:


A

0 1 2 n 0 1 n

Figura 3.16

EXEMPLO 3.23. Com os dados do exemplo anterior calcule a série uniforme


equivalente.

Solução:

1 n i
A = G[ − x ]
i i (1 + i ) n − 1

1 6 0,10
A = 2.000,00 + 200[ − x ]
0,10 0,10 (1 + 0,10) 6 − 1
A = 2.000,00 + 200 x 2,2235572 = 2000,00 + 444,71

A = R$ 2.444,71

3.14 SÉRIES PERPÈTUAS

Uma série perpétua é aquela na qual os pagamentos (ou recebimentos), não


tem um horizonte de tempo finito, ou o número de períodos no qual eles
ocorrem é muito grande.

O valor presente de uma série perpétua é:

(1 + i ) n − 1 1
P = lim n→∞ A =A
i (1 + i ) n
i
A
P= (3.26)
i
A= iP (3.27)

EXEMPLO 3.24. Quanto deve ser depositado numa caderneta de poupança


que rende 0,5 % a.m , para fazer-se retiradas perpétuas de R$ 3.000,00 a
cada seis meses?

Solução: i=(1+0,005)6 -1 = 0,030378 a.s


3.000
P= = R$98.755,68
0,030378

EXEMPLO 3.25. Qual é o custo , em termos de valor presente , de uma


máquina que tem vida útil muito longa, cujo valor aquisição é R$ 10.000,00
e que consome anualmente R$ 2.000,00 em despesas de operação e
manutenção? Considere uma taxa de juros de 15 % a.a.

A 2.000
Solução: P = 10.000,00 + = 10.000,00 + = 10.000,00 + 13.333,33
i 0,15

P = R$ 23.333,33

EXEMPLO 3.26. Quanto pode-se retirar a cada doze meses de um fundo de


investimento que rende 1 % a.m , de forma a que ele sempre permaneça com
o mesmo valor do investimento inicial, que foi de R$ 50.000,00?

Solução: i = (1+0,01)12-1 = 0,126825 a.a.


A = i P = 0,3126825 x 50.000,00
A = R$ 6.341,25

Ou seja, a série perpétua correspondente aos rendimentos da aplicação.

3.15 SÉRIES ANTECIPADAS

Nas transações comerciais , onde tem-se uma série uniforme de pagamentos


, exige-se que o primeiro pagamento da série seja feito no momento de
fechamento do negócio, servindo como entrada. Tem-se então uma série
uniforme antecipada. Observa-se no fluxo de caixa abaixo que a série
antecipada A inicia no período 0(zero) e termina no período (n-1). Uma
outra situação prática é aquela na qual faz-se depósitos regulares num fundo
que rende juros i, iniciando na data 0 (zero) e terminando na data (n-1), para
retirar um valor F na data n. Também nesta situação tem-se uma série
uniforme antecipada.
F

0
n-1 n 0 n-1 n


P

Figura 3.17 Valor presente e valor futuro de série uniforme antecipada

A relação entre uma série antecipada A e uma série antecipada uniforme


A’ é a seguinte:
A
A'= (3.28)
(1 + i )

3.15.1 Valor presente de série antecipada

(1 + i ) n − 1
P = A' (3.29)
i (1 + i ) n −1

i (1 + i ) n −1
A'= P (3.30)
(1 + i ) n − 1

EXEMPLO 3.27. A entrada de um equipamento é de R$ 15.000,00. Um


comprador propõe parcelar esta entrada em 6 vezes, iniciando os
pagamentos hoje. Se a TMA da empresa vendedora é de 2 % a.m. de quanto
deve ser a prestação exigida?

Solução:
i (1 + i ) n −1
A'= P
(1 + i ) n − 1
0,02(1 + 0,02) 6−1
A'= 15.000
(1 + 0,02) 6 − 1
A’ =15.000 x 0,1750253
A’ = R$ 2.625,38

3.15.2. Valor futuro de série antecipada


[(1 + i ) n − 1(1 + i )
F = A' (3.31)
i
i
A'= F (3.32)
[(1 + i ) − 1(1 + i )
n

EXEMPLO 3.28. Num financiamento de compra de uma máquina , uma


parcela de R$ 6.000,00, referente ao ato de sua entrega , vence daqui 5
meses . O comprador propõe parcelar esta quantia em 5 parcelas iguais,
iniciando hoje. Se a TMA do vendedor é de 2,5 % a.m de quanto deve ser a
prestação exigida do comprador?

Solução:

6.000

0 4 5

i
A'= F
[(1 + i ) − 1](1 + i )
n

0,025
A'= 6.000
[(1 + 0,025) 5 − 1](1 + 0,025)
A’ = 6.000 x 0,1856066
A’ = R$ 1.113,64

EXERCICIOS PROPOSTOS

1 – Resolva os seguintes fluxos de caixa em relação às incógnitas R, S e T


respectivamente considerando uma taxa de 10% de juro.
100 100 100 100 0 50 100 150
a) b)

R
S
120
90
30 60
c)

T T T T T

Resp.: R = 64,10; S = 218,90 ; T = 54,30

2 – Uma financeira empresta R$ 10.000,00 a um proprietário. O empréstimo


deve ser liquidado em 24 prestações mensais de R$ 499,00 cada. O primeiro
pagamento vênce trinta dias após a concessão do empréstimo. Qual a taxa
mensal cobrada?
Resp.: 1,5%

3 – Foram elaborados quatro planos para pagamento de R$ 5.000,00 à taxa


de 8%. Outra maneira de pagar seria fazer quatro pagamentos anuais de R$
1.000,00 ao fim de cada ano e um pagamento final ao fim do quinto ano.
Qual seria o valor desse pagamento final?

4 – Um engenheiro contraiu um empréstimo de R$ 30.000,00, pagável em


seis pagamentos anuais iguais, ao final de cada ano, à taxa de 8%. O banco
concordou em rever o juro sobre o empréstimo no caso de haver uma
redução da taxa , no sistema financeiro, antes do empréstimo estar
inteiramente pago. Ao final de três anos, por ocasião do terceiro pagamento
, o banco concordou em reduzir de 8% para 7% am taxa do juro sobre o
saldo devedor. Qual foi o valor dos pagamentos anuais em cada um dos três
primeiros anos? Qual o valor de cada um dos pagamentos iguais dos três
últimos anos?

5 – Para um carro novo, estima-se em $40 o custo de manutenção no


primeiro ano. Em cada ano subseqüente, espera-se um aumento de $10
sobre o custo do ano anterior . Se você comprou um carro novo , quanto
deve reservar para pagar todos os custos futuros de manutenção , se pensa
em manter o carro por sete anos? Suponha uma taxa de juro de 5% ao ano.
Resp.: $393,76.
6 – Um casal está abrindo uma conta de aposentadoria individual em um
banco. Seu objetivo é ter R$ 1.000.000,00 na conta por ocasião de seu
afastamento do trabalho, daqui a quarenta anos. O gerente do banco avalia
em 8% a taxa de juro anual nominal, capitalizada trimestralmente, durante
os quarenta anos. Por outro lado, o casal admite que sua renda aumente 7%
ao ano durante a sua vida ativa. Eles pretendem começar agora com o menor
depósito possível em sua conta de aposentadoria, aumentando-o em 7%
cada ano. Supondo que os depósitos sejam feitos no final de cada ano,
quanto eles devem depositar no primeiro ano?

7 – Um estudante precisa de R$50.000,00 para comprar um carro novo em


sua formatura daqui a quatro anos. Seu avo lhe deu R$ 15.000,00 como
presente de conclusão do curso secundário. Quanto deve o estudante
economizar cada ano, se ele deposita R$ 15.000,00 hoje e pode ganhar 12%
de taxa de juro não só sobre os R$ 15.000,00 mas também sobre o fundo
mútuo que seu avô recomenda?

8 – Um caminhão basculante custa $29.000,00. Uma companhia propõe


compra-lo, pagando de uma só vez o valor devido daqui a três anos. O
vendedor concorda com a transação e oferece dois esquemas deferentes de
juro. O primeiro esquema se baseia em uma taxa de juro anual, efetiva, de
13%. O segundo esquema prevê uma taxa de juro de 12,75% capitalizada
continuamente.
a) Qual esquema a companhia deve aceitar?
b) Qual será o montante do pagamento único?

9- Há dez anos , João fez um investimento de R$ 10.000,00 em uma


poupança. Esta conta pagou juro à taxa de 5,5% durante os primeiros 4 anos,
e 6,5% durante os últimos seis anos. O juro era capitalizado trimestralmente.
a) Quanto vale este investimento agora?
b) Qual a taxa anual efetiva equivalente sobre este invstimento?

4.0 FINANCIAMENTO

4.1 FONTES DE RECURSOS

Para a execução de um projeto de investimento imobiliário , nem sempre os


recursos próprios são suficientes , devendo uma parte ser financiada.De
qualquer forma. O aporte de capital próprio é muito importante, dado que
quase sempre as instituições só emprestam até certos limites capital próprio.
A decisão de financiar o projeto implica em modificações no custo do
capital para a empresa, este custo é uma média ponderada do custo dos
recursos próprios e dos custos dos recursos de terceiros. O retorno de um
projeto deve, no mínimo, cobrir estes custos.
O dinheiro proveniente de empréstimos, ao contrário do capital próprio,
não participa no risco empresarial associado ao projeto. Por isso,
normalmente é remunerado a um custo mais baixo do que o capital dos
acionistas( quotistas). Além disso, os juros são considerados como despesas
para efeito de tributação, ou seja, diminuem o imposto de renda a pagar. A
desvantagem dos empréstimos é que eles tem datas de vencimentos
prefixadas , para serem restituídos. Além disto, os direitos dos credores tem
preferência sobre os direitos dos proprietários da empresa , numa eventual
liquidação.
O capital próprio não tem data de vencimento, salvo nos casos de
sociedade constituídas por tempo limitado. Por participarem no risco de
projeto, os proprietários recebem uma remuneração média maior e tem o
controle administrativo do empreendimento.
Para obter créditos junto às instituições financeiras, as empresas precisam
atender requisitos . Entre outras condições , elas devem:

• aportar uma parcela mínima de recursos próprios;


• oferecer garantias reais;
• demonstrar que tem condições de cumprir os compromissos assumidos;
• demonstrar que o projeto é rentável.

O endividamento excessivo pode provocar um risco financeiro elevado, que


pode comprometer a viabilidade do projeto. A capacidade financeira do projeto
corresponde à capacidade dele gerar receitas que cubram, pelo menos, os custos
de produção , as despesas financeiras ( juros) e gerar recursos para devolver os
empréstimos.
Define-se como risco associado de que o fluxo de caixa gerado pelo
projeto não seja para pagar os juros e as amortizações das dívidas (incluindo as
debêntures e dividendos obrigatórios dos acionistas preferenciais). A
possibilidade de que os proprietários ( possuidores de ações ordinárias ou
quotistas) não sejam remunerados é definido como risco secundário .(Woiler &
Mathias, 1985).

4.1.1. Fatores a serem considerados na seleção das fontes de financiamento

Para a análise dos recursos necessários à implementação de um projeto,


deve-se prever o volume total de investimentos e o correspondente cronograma
de desembolsos. Com estes dados, pode-se fazer a busca e seleção das fontes de
recursos necessários à execução do projeto.(Woiler & Mathias, 1985 ),
recomendam analisar os seguintes fatores na seleção de financiamento:

a) Compatibilidade: os fundos devem ser adequados às aplicações previstas.


Deve-se considerar que os financiamentos de curto prazo são normalmente
mais caros que os longo prazo.Daí a recomendação de que eles sejam
utilizados apenas para financiar parte do atiço circulante.
b) Risco: fontes que participam do risco do negócio exigem uma remuneração
maior. Para otimizar seu custo de capital, a empresa deve balancear
adequadamente a participação das diferentes fontes de recursos.
c) Rendimento: quanto mais elevado for o risco do empreendimento, maior
será a remuneração exigida do projeto de investimento.
d) Controle: um endividamento excessivo pode levar a perda do controle da
empresa. Os credores podem querer interferir na sua administração , de
modo a garantir a restituição dos empréstimos.
e) Flexibilidade: um endividamento elevado pode dificultar a concessão de
novos empréstimos à empresa, mesmo que existam recursos a custos baixos.
Isto dificulta a flexibilidade da empresa de alterar a composição dos fundos
que a financiam.
f) Época: a disponibilidade de recursos e os seus custos dependem da liquidez
existente na economia. Assim, em termos de obtenção de recursos, um
projeto pode ser viável numa época e inviável em outra.

4.1.2. Classificação das fontes de financiamento

As fontes de financiamentos podem ser classificadas ( Holanda, 1975;


Woiler & Mathias, 1985):

a) Quanto ao prazo:
• curto prazo: empréstimos bancários em conta corrente; créditos mercantil ,
operações de desconto de duplicatas;
• médio prazo: empréstimos e créditos diversos:
• longo prazo: empréstimos bancários , debêntures, aporte próprio ( lucros retidos,
ações).
b) Quanto à origem:
• fontes internas: reservas (depreciações , exaustão, outras reservas, etc.), lucros
retidos, outros fundos e provisões;
• fontes externas: aportes novos de capital próprio ( ações), e empréstimos (
instituições financeiras, fornecedores, debêntures, etc.).
ou ainda:

• recursos próprios: lucros retidos, reservas diversas e ações;


• recursos de terceiros: empréstimos diversos.

4.1.3. Seleção das fontes de financiamento

Evidentemente, procura-se sempre obter recursos nas fontes que representam os


menores custos de financiamento.
Na maior parte das vezes, os custos especificados pelas instituições financeiras
são nominais. Para chegar-se aos custos afetivos, deve-se calcular as tacas efetivas
de juros e a cobrança de diversas taxas ( administrativas, de abertura de créditos, de
aval, etc.), comissões , além do imposto sobre operações financeiras (IOF). Também
as contra – partidas exigidas pela instituição financeira, como saldo médio em conta
corrente e/ou aplicações, seguros, etc , representam um custo adicional.
O problema da seleção da fonte de financiamento resume-se pois a selecionar
aquela que tem o menor custo efetivo dentre as opções disponíveis. O custo efetivo
de um empréstimo é obtido através do cálculo da taxa de juros reais do
empreendimento, que corresponde a taxa interna de retorno do fluxo de caixa do
empréstimo.
Além do critério econômico acima mencionado, deve-se também considerar o
critério financeiro, ou seja, a questão ligada à disponibilidade de caixa da empresa.
O sistema de amortização, que determina o fluxo de caixa da devolução do
empréstimo e do pagamento dos juros correspondentes, fornece elementos para este
estudo.
Os principais sistemas de amortização são:

• sistema francês ou tabela price (TP);


• sistema de amortização constante (SAC);
• sistema de amortização misto (SAM);
• sistema de amortização crescente (SACRE);
• sistema americano;
• pagamento único com juros postecipados;
• pagamento único com juros antecipados;
• sistema de amortização variável.

4.2 AMORTIZAÇÃO DE DÍVIDAS

Muitas vezes para viabilizar um empreendimento imobiliário faz-se necessário


financiar uma parte dos recursos necessários. A devolução do empréstimo dá-se
através de prestações, que são compostas de uma parcela de amortização e de uma
parcela de juros.

p=a+j (4.1)

Onde: p – prestação
a – amortização
j – juros

A amortização corresponde à devolução do dinheiro (principal) emprestado . Os


juros são remunerações deste dinheiro. Os juros incidem sobre o saldo devedor do
período.

J = SD x i (4.2)

Onde:
J – juros
SD – saldo devedor
i – taxa de juros

O saldo devedor do t- ésimo período é obtido mediante a subtração da parcela de


amortização de período, do saldo devedor anterior.

SDt = SD(t-1) -at (4.3)


Onde:
SD – saldo devedor
a – amortização

Os juros variam com o saldo devedor; à medida que este vai decrescendo, os
juros também vão ficando menores.
Alguns financiamentos incluem um prazo de carência durante o qual não há
devolução do principal emprestado. Duas situações podem ocorrer:

• durante o prazo de carência ocorre o pagamento de juros;


• durante o prazo de carência não há necessidade de pagamento de juros, que são
capitalizados ( somados ao saldo devedor, passam a também render juros).

A seguir serão apresentados as principais modalidades de amortização de


dívidas.

4.2.1. SISTEMA FRANCÊS (Tabela PRICE)

O sistema francês de amortização também é conhecido como “ tabela


PRICE” o nome é devido ao matemático inglês Richart Price“ conhecido como “
sistema de prestações constantes”. Este sistema de amortização caracteriza-se
por ter suas prestações constantes. Foi popularizado pelos financiamentos para
aquisição de casa (moradia) própria. Atualmente, é utilizado comumente no
crédito direto ao consumidor e em alguns financiamentos de curto prazo.
Como a prestação é constante, a amortização é variável, crescendo
exponencialmente, seguindo o movimento dos juros ( Figura 4.1).

Prestação Saldo devedor

Juros

Amortização
Período Peiodo
1 n 1 n
(a) (b)
Figura 4.1. Evolução da prestação (a) e do saldo devedor (b) no Sistema Francês
de amortização.

O valor da prestação p ( que corresponde ao valor A de uma série


uniforme, conforme visto no capitulo 3) é dado por:

i (1 + i ) n
p=P ou (4.4)
(1 + i ) n − 1
i
p=P (4.5)
1 − (1 + i ) − n

Onde:
p – valor da prestação ( constante)
P – principal ( divida inicial)
i – taxa de juros
n – número de períodos para amortização da dívida.

A amortização é obtida subtraindo-se da prestação paga o valor


correspondente aos juros de período:

A=p–j (4.6)
Após o pagamento a t –ésima parcela, o saldo devedor é o valor presente
das prestações que ainda faltam pagar ( Casarotto & kopitke, 1994), conforme
mostra a Figura 4.2.

Sdk

. . .
k k+1 n

Figura 4.2 Saldo devedor no sistema francês.


(1 + i) ( n − k ) − 1 1 − (1 + i ) − ( n − k )
Sd k = p Sd k = p
i(1 + i) ( n − k ) ou i
(4.7)

Para acompanhar a evolução do pagamento da divida, costuma-se montar uma


planilha onde aparecem, período a período , a prestação, juros, amortização e saldo
devedor.

EXEMPLO 4.1. Fazer a planilha de amortização, utilizando o sistema francês ( tabela


PRICE), de um empréstimo de R$ 10.000, a ser pago em 10 parcelas mensais . A taxa
de juros é de 1 % a.m. Calcule também o saldo devedor após pagamento da sexta
prestação , usando a fórmula.

Solução:
i (1 + i ) n i
p=P =P
(1 + i ) − 1
n
1 − (1 + i ) − n
0,01(1 + 0,01)10
p = 10.000 = R$1.055,82
(1 + 0,01)10 − 1

(1 + 0,01) (10− 6) − 1
SD6 = 1.055,82 x[ P / A;1%; (10 − 6)] = 1.055,82 x
0,01(1 + 0,01) (10−6 )
SD6 = 1.055,82 x3,9019655 = R$4.119,77

Período Prestação juros Amortização Saldo Devedor


0 10.000,00
1 1.055,82 100,00 955,82 9.044,18
2 1.055,82 90,44 965,38 8.078,80
3 1.055,82 80,79 975,03 7.103,77
4 1.055,82 71,04 984,78 6.118,98
5 1.055,82 61,19 994,63 5.124,35
6 1.055,82 51,24 1.004,58 4.119,78
7 1.055,82 41,20 1.014,62 3.105,15
8 1.055,82 31,05 1.024,77 2.080,38
9 1.055,82 20,80 1.035,02 1.045,37
10 1.055,82 10,45 1.045,37 0,00
Total 10.000,00

EXEMPLO 4.2 . Fazer a planilha de amortização, utilizando o sistema francês ( tabela


PRICE), de um empréstimo de R$ 10.000, a ser pago em 10 parcelas mensais, com
carência de três meses, durante a qual serão pagos apenas os juros A taxa de juros de 1
% a.m.

Solução: Valor dos juros durante a carência : j = 10.000,00 x 0,01 = R$ 100,00


Os demais cálculos são idênticos ao Exemplo 4.1 A planilha é mostrada abaixo:

Período Prestações Juros Amortização Saldo devedor

0 10.000,00
1 100,00 100,00 0,00 10.000,00
2 100,00 100,00 0,00 10.000,00
3 100,00 100,00 0,00 10.000,00
4 1.055,82 100,00 955,82 9.044,18
5 1.055,82 90,44 965038 8.078,80
6 1.055,82 80.79 975,03 7.103,77
7 1.055,82 71,04 984,78 6,118,98
8 1.055,82 61,19 994,63 5.124,35
9 1.055,82 51,24 1.004,58 4.119,78
10 1.055,82 41,20 1.014,62 3.105,15
11 1.055,82 31,05 1.024,77 2.080,38
12 1.055,82 20,80 1.035,02 1.045,37
13 1.055,82 10,45 1.045,37 0,00
Total 10.000,00

EXEMPLO 4.3. Fazer a planilha de amortização, utilizando o sistema francês ( tabela


PRINCE), de um empréstimo de R$ 10.000, a ser pago em 10 parcelas mensais, com
carência de três meses , sendo os juros capitalizados durante este período. A taxa de
juros é de 1 % a.m.

Solução: valor da dívida após capitalização dos juros:

F = 10.000(1+0,01)3 = R$ 10.303,01

Este é o novo saldo devedor ( R$ 10.303,01), que deve ser devolvido em dez
prestações.

Valor da prestação:
i (1 + i ) n
p=P
(1 + i ) n − 1

0,01(1 + 0,01)10
p = 10,303,01 = R$1.087,81
(1 + 0,01)10 − 1

Segue abaixo a planilha de amortização. Observe que os juros dos meses de


carência , por não serem pagos neste período , constituem amortizações negativas.
Período Prestações juros Amortização Saldo Devedor
0 10.000,00
1 0,00 100,00 (100,00) 10.000,00
2 0,00 101,00 (101,00) 10.201,00
3 0,00 102,01 (102,01) 10.303,01
4 1.087,811 103,03 984,78 9.318,23
5 1.087,811 93,18 994,63 8.323,60
6 1.087,811 83,24 1.004,58 7.319,02
7 1.087,811 73,19 1.014,62 6.304,40
8 1.087,811 63,04 1.024,77 5.279,63
9 1.087,811 52,80 1.035,02 4.244,61
10 1.087,811 42,45 1.045,37 3.199,24
11 1.087,811 31,99 1.055,82 2.143,42
12 1.087,811 21,43 1.066,38 1.077,04
13 1.087,811 10,77 1.077,04 0,00
Total 10.000,00

4.2.2. Sistema de Amortização Constante (SAC)

Como o nome indica , o sistema de amortização constante caracteriza-se por ter


suas amortizações constantes. Neste sistema , a prestação e o saldo devedor decrescem
linearmente ( Figura 4.3).

Prestação Saldo Devedor

Juros

Amortização
Período Periodo
1 n 1 n
(a) (b)
Figura 4.3. Evolução da prestação ( a ) e do saldo devedor (b) no Sistema a amortização
constante.

O valor da primeira prestação é dado pela relação:

P
p1 = + iP ( amortização + juros do saldo devedor) (4.8)
n
onde:

P- principal (dívida inicial)


n – número de períodos para amortização da dívida
i – taxa de juros

Como os juros são sempre calculados sobre o saldo devedor, a prestação tende a
diminuir a cada prestação uma vez que a amortização é fixa.

O valor da segunda prestação será:

P
p2 = [i( P − a)] (4.9)
n
onde:
a- amortização (constante)
P- principal (dívida inicial)
n – número de períodos para amortização da dívida
P
a=
n (4.10)
Os juros referentes ao t-ésimo período obtém-se fazendo:

jt = Sdev ( t −1) × i (4.11)

onde: j– juros
Sdev – saldo devedor
i- taxa de juros
Como o saldo devedor no t-ésimo período é dado por:

S .devt = P − a × t (4.12)

jt = [ P − a × (t − 1)] × i (4.13)
(t − 1)
jt = [1 − ]× P × i (4.14)
n

EXEMPLO 4.4. Fazer a planilha de amortização , utilizando o sistema de


amortização constante (SAC), de um empréstimo de R$ 10.000 , a ser pago em
10 parcelas mensais. A taxa de juros é de 1 % a.m. Calcule também o saldo
devedor após o pagamento da sexta prestação usando a fórmula .

Solução: pt = a + jt
P 10.000
a= = = R$1.000,00
n 10

Para o primeiro período tem-se: jt = [ P − a × (t − 1)] × i


jt = [10.000 − 1.000(1 − 1)] x0,01 = R$100,00
Então: p1 = a − j1 = 1.000,00 + 100,00 = R$1.100,00
E o saldo devedor é: Sdev t = P − a × t
Sdev1 = 10.000 − 1.000 × 1 = R$9.000,00
Período Prestação Juros Amortização Saldo devedor
0 10.000,00
1 1.100,00 100,00 1.000,00 9.000,00
2 1.090,00 90,00 1.000,00 8.000,00
3 1.080,00 80,00 1.000,00 7.000,00
4 1.070,00 70,00 1.000,00 6.000,00
5 1.060,00 60,00 1.000,00 5.000,00
6 1.050,00 50,00 1.000,00 4.000,00
7 1.040,00 40,00 1.000,00 3.000,00
8 1.030,00 30,00 1.000,00 2.000,00
9 1.020,00 20,00 1.000,00 1.000,00
10 1.010,00 10,00 1.000,00 0,00
Total 10.000,00

4.2.3. Sistema de amortização Misto (SMA)

O sistema de amortização misto (SMA) é uma composição entre e


sistema francês e o sistema de amortização constante. Assim sendo, apresenta
amortizações crescentes e juros decrescentes.
Suas prestações correspondem à média aritmética das prestações
calculadas pelo sistema francês e pelo sistema de amortização constante.

P i (1 + i ) n 1
p= [( + ( + i )] (4.15)
2 (1 + i ) − 1 n
n

P i 1
Ou p = [( −n
+ ( + i )] (4.16)
2 1 − (1 + i ) n
Onde: p- valor da prestação inicial
P- divida inicial (valor presente)
i- taxa de juros
n- número de períodos para amortização da dívida.

O valor da prestação em qualquer período é dado por:

1 i (1 + i ) n P
p = [P + ( + ( P − (a (t − 1)i ))] (4.17)
2 (1 + i ) − 1 n
n

P i (1 + i ) n 1 t −1
Ou p = [ + ( + (1 − )i )] (4.18}
2 (1 + i ) − 1 n
n
n

Cálculo da amortização do primeiro período:

P
( p − j) +
a= n
( média da amortização do Price e Sac) (4.19)
2

Pi
Como: p= e j = P × i temos:
1 − (1 + i) − n

Pi P
−n
− Pi +
1 − (1 + i ) n
a= (4.20)
2

P i 1
a= − i +
2 1 − (1 + i ) −n n (4.21)

Para calcular os juros, e o saldo devedor para cada período segue-se o já


exposto anteriormente.

EXEMPLO 3.5. Fazer a planilha de amortização , utilizando o sistema de


amortização misto , de um empréstimo de R$ 10.000, a ser pago em 10 parcelas
mensais. A taxa de juros é de 1 % a.m.

Solução: Valor da prestação inicial:

P i (1 + i ) n 1 t −1
p= [ + ( + (1 − )i )]
2 (1 + i ) − 1 n
n
n
10.000 0,01(1 + 0,01)10 1
p1 = [( + ( + 0,01)]
2 (1 + 0,01) − 1 10
10

p1= 5.000(0,105582+0,01) = R$ 1.077,91

Valor da segunda prestação:

10.000 0,01(1 + 0,01)10 1 2 −1


p2 = [( + ( + (1 − )0,01)] = 1.072,91
2 (1 + 0,01) − 1 10
10
10

Valor da terceira prestação:

10.000 0,01(1 + 0,01)10 1 3 −1


p3 = [( + ( + (1 − )0,01)] = 1.067,91
2 (1 + 0,01) − 1 10
10
10

Valor da quarta prestação:

10.000 0,01(1 + 0,01)10 1 4 −1


p4 = [( + ( + (1 − )0,01)] = 1.062,91
2 (1 + 0,01) − 1 10
10
10

Valor da quinta prestação:

10.000 0,01(1 + 0,01)10 1 5 −1


p5 = [( + ( + (1 − )0,01)] = 1.057,91
2 (1 + 0,01) − 1 10
10
10

Valor da sexta prestação:

10.000 0,01(1 + 0,01)10 1 6 −1


p6 = [( + ( + (1 − )0,01)] = 1.052,91
2 (1 + 0,01) − 1 10
10
10

Valor da sétima prestação:

10.000 0,01(1 + 0,01)10 1 7 −1


p7 = [( + ( + (1 − )0,01)] = 1.047,91
2 (1 + 0,01) − 1 10
10
10
Valor da oitava prestação:

10.000 0,01(1 + 0,01)10 1 8 −1


p8 = [( + ( + (1 − )0,01)] = 1.042,91
2 (1 + 0,01) − 1 10
10
10

Valor da nona prestação:

10.000 0,01(1 + 0,01)10 1 9 −1


p9 = [( + ( + (1 − )0,01)] = 1.037,91
2 (1 + 0,01) − 1 10
10
10

Valor da décima prestação:

10.000 0,01(1 + 0,01)10 1 10 − 1


p10 = [( + ( + (1 − )0,01)] = 1.032,91
2 (1 + 0,01) − 1 10
10
10

Período Prestações Juros Amortização Saldo devedor


0 10.000,00
1 1.077,91 100,00 977,91 9.022,09
2 1.072,91 90,22 982,69 8.039,40
3 1.067,91 80,39 987,52 7.051,88
4 1.062,91 70,52 992,39 6.059,49
5 1.057,91 60,59 997,32 5.062,18
6 1.052,91 50,62 1.002,29 4.059,89
7 1.047,91 40,60 1.007,31 3.052,58
8 1.042,91 30,53 1.012,38 2.040,19
9 1.037,91 20,40 1.017,51 1.022,68
10 1.032,91 10,23 1.022,68 0,00
Total 10,000,00
4.2.4. Sistema de amortização crescente (SACRE)

Este é o sistema mais usado atualmente pela Caixa Econômica Federal.


O sistema de amortização crescente, é uma variação do sistema de amortização
constante (SAC). No SACRE, a prestação é calculada como no SAC, mas é
mantida constante. Normalmente, esta prestação permanente congelada por
períodos determinados em contrato ( geralmente 1 ano), após os quais recalcula-
se prestação.
O cálculo dos juros, das amortizações e do saldo devedor para cada
período seguem os princípios já expostos anteriormente. No SACRE, as parcelas
de amortização são crescentes e os juros são decrescentes.
a) Exemplo 3.6. Fazer a planilha de amortização , utilizando o sistema de
amortização crescente (SACRE), de um empréstimo de R$ 10.000 , a ser
pago em 10 parcelas mensais. A taxa de juros é de 1 % a.m.

Valor da prestação do período 1 até o período 9:

Pt = a + jt ( amortização + juros do saldo devedor)


Sdev 10.000
p1 = ... = p9 = + Sdev × i = + 10.000 x0,01 = R$1.100,00
10 10

Período Prestação Juros Amortização Saldo devedor


0 10.000,00
1 1.100,00 100,00 1.000,00 9.000,00
2 1.100,00 90,00 1.010,00 7.990,00
3 1.100,00 79,90 1.020,10 6.969,00
4 1.100,00 69,90 1.030,30 5.939,60
5 1.100,00 59,90 1.040,60 4.898,99
6 1.100,00 48,99 1.051,01 3.847,98
7 1.100,00 38,48 1.061,52 2.786,46
8 1.100,00 27,86 1.072,14 1.714,33
9 1.100,00 17,14 1.082,86 631,47
10 1.100,00 6,31 1.093,69 - 462,21
Total 10.462,21

Valor da última prestação

p10 = 1.100,00 − 462,21 = R$637,79


ou p10 = 631,47 + 631,47 x0,01 = 637,78

O cálculo da amortização da primeira prestação:


a = prestação-juros do saldo devedor

a1 = 1.100,00 – 10.000,00 x 0,01 = 1.100,00 – 100,00 = 1.000,00

Cálculo do saldo devedor após primeira prestação:

Sdev01 = volor do empréstimo - amortização

Sdev01 = 10.000,00 – 1.000,00 = 9.000,00

4.16 Comentários sobre os sistemas de amortização

Qual é o melhor sistema de amortização? A resposta a esta pergunta depende de


uma série de fatores e da forma com que estes pesam na análise: velocidade de
recuperação do capital, valor das prestações, quantia de juros pagos , risco
envolvido na transação etc. Cada situação apresenta particularidades que devem
ser cuidadosamente estudadas. Além disto, há que se considerar que o ponto de
vista do credor nem sempre coincide com o ponto de vista do devedor.
Qual sistema que mais cobra juros? Para responder esta pergunta, deve-se
calcular o valor presente dos juros pagos em cada sistema. Para exemplificar, a
Tabela 4.1, mostra os resultados destes cálculos para os exemplos resolvidos
neste capítulo, para os principais sistemas de amortização utilizados em
empréstimos de longo prazo. Não foi considerado nenhum prazo de carência e a
taxa utilizada foi a mesma dos exemplos ( 1% a.m).

Sistema de Amortização Valor presente dos juros pagos


Sistema Francês(TP) R$ 536,43
Sistema de amortização constante (SAC) R$ 528,70
Sistema de amortização misto (SAM) R$ 532,56
Sistema de amortização crescente R$ 517,44
(SACRE)

Tabela 4.1. Juros pagos em diferentes sistemas de amortização

A tabela 4.2 e a Figura 4.6 mostram o comportamento das prestações nos sistemas SP,
SAC , SAM , e SACRE, para os exemplos vistos.

PERIODO PRESTAÇÃO PRESTAÇÃO PRESTAÇÃO PRESTAÇÃO


(meses)
TP SAC SAM SACRE
1 1.055,82 1.100,00 1.077,91 1.000,00
2 1.055,82 1.090,00 1.072,91 1.000,00
3 1.055,82 1.080,00 1.067,91 1.000,00
4 1.055,82 1.070,00 1.062,91 1.000,00
5 1.055,82 1.060,00 1.057,91 1.000,00
6 1.055,82 1.050,00 1.052,90 1.000,00
7 1.055,82 1.040,00 1.047,91 1.000,00
8 1.055,82 1.030,00 1.042,91 1.000,00
9 1.055,82 1.020,00 1.037,91 1.000,00
10 1.055,82 1.010,00 1.032,91 637,79

Tabela 4.2. Prestação nos sistemas de amortização apresentados


1110
1100
1090
1080
1070 SP
1060 SAC
1050 SAM
1040 SACRE
1030
1020
1010
1000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 4.6. Prestação nos sistemas de amortização apresentados

A tabela 4.3 mostra os saldos devedores nos sistemas SP, SAC, SAM, e
SACRE, para os exemplos estudados.

PERIODOS SALDO SALDO SALDO SALDO


(meses) DEVEDOR DEVEDOR DEVEDOR DEVEDOR

TP SAC SAM SACRE


0 10.000,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00
1 9.044,18 9.000,00 9.022,09 9.000,00
2 8.078,80 8.000,00 8.039,40 7.990,00
3 7.103,77 7.000,00 7.051,88 6.969,90
4 6.118,98 6.000,00 6.059,46 5.939,60
5 5.124,35 5.000,00 5.062,18 4.898,99
6 4.119,78 4.000,00 4.059,89 3.847,98
7 3.105,15 3.000,00 3.052,58 2.786,46
8 2.080,38 2.000,00 2.040,19 1.714,33
9 1.045,37 1.000,00 1.022,68 631,47
10 0,00 0,00 0,00 0,00

Tabela 4.3. Saldo devedor nos sistemas de amortização estudados


10000
9000
8000
7000
6000 SP
5000 SAC
4000 SAM
3000 SACRE
2000
1000
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Figura 4.7. Saldo devedor nos sistemas de amortização estudados

A menor prestação é do sistema francês . É o sistema no qual se pagam os maiores


juros. Utilizado em empréstimos de curto prazo, pois evidencia ao tomador do
empréstimo se ele poderá cumprir o compromisso assumido. Este sistema continua
sendo usado em algumas linhas de créditos imobiliários, normalmente para pequenos
valores.
O sistema de amortização constante (SAC), normalmente empregado em
empréstimos de longo prazo, permite uma recuperação mais rápida, por parte do credor,
do dinheiro emprestado. Com isso, ele tem seu risco diminuído. Para o tomador do
empréstimo, apesar de exigir uma maior capacidade de pagamento nos períodos iniciais,
a vantagem está no pagamento de menos juros.
O sistema de amortização misto (SAM) é exatamente o meio termo entre a
tabela price e o sistema de amortização constante.
O sistema de amortização crescente (SACRE) é atualmente muito utilizado pela
Caixa Econômica Federal em suas linhas de créditos imobiliário. È o sistema que
permite a mais rápida recuperação do capital emprestado. Outro fator de diminuição do
risco do credor é o modo de cálculo da prestação, que dilui significativamente o impacto
negativo da inflação sobre o saldo devedor e no recálculo das prestações.

4.4 CORREÇÃO MONETÁRIA DOS EMPRÉSTIMOS

A correção monetária dos empréstimos é feita para compensar a inflação ou uma


variação cambial, no caso de empréstimos em moeda estrangeira.
Duas situações podem ocorrer: a prestação é calculada após a
incorporação da correção monetária ao saldo devedor, ou, a prestação é
calculada antes da incorporação da correção monetária ao saldo devedor. Neste
último caso, a correção monetária, por não ser paga no período , é incorporada
ao saldo devedor.

4.4.1. Prestações calculadas após a incorporação de correção monetária ao saldo


devedor
Nesta situação, o saldo devedor deve ser recalculado considerando-se a
taxa de correção monetária relativa ao período transcorrido. Calculam-se então a
prestação , os juros e a amortização em função do saldo devedor corrigido.
Na montagem da planilha de amortização é conveniente inserir uma
coluna para o cálculo do saldo devedor corrigido.
O saldo devedor corrigido é obtido pela Equação

Sdevt = Sdevt −1 × (1 + ωt ) (4.22)

Onde: taxa de correção monetária para o período t


t
Sdevt _ saldo devedor corrigido, relativo ao inicio do período t (final do
período t – 1 )

Para o sistema Price tem-se as seguintes relações:

i (1 + i ) n −(t −1)
pt = Sdevtcorrig
(1 + i) n −(t −1) − 1
jt = Sdev tcorrig .i
at = pt − jt
Sdevt = Sdevtcorrig − at

onde os elementos das fórmulas tem mesmo significado já apresentando em


fórmulas anteriores.
Para os demais sistemas de amortização, o procedimento é análogo.

EXEMPLO 4.9. Fazer a planinha de amortização de Exemplo 4.1 (sistema


francês), considerando o seguinte comportamento para as taxas de correção
monetária:

PERIODO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Correção 1,2 1,4 1,7 2,0 2,1 1,9 2,3 2,2 1,8 2,0
Monetária % % % % % % % % % %
(%)

A prestação devida é calculada após a incorporação da correção monetária ao


saldo devedor.

Solução:
Dados:
P = R$ 10.000,00 i = 1 % a.m. n = 10 meses

Período Taxa de Sdev Prestação juros Amortização Saldo


CM(icor) corrig. devedor
0 10.000,00
1 1,2% 10.120,00 1.068,49 101,20 967,29 9.152,71
2 1,4% 9.280,85 1.083,45 92,81 990,64 8.290,21
3 1,7% 8.431,14 1.101,87 84,31 1.017,56 7.413,58
4 2,0% 7.561,85 1.123,91 75,62 1.048,29 6.513,57
5 2,1% 6.650,35 1.147,51 66,50 1.061,00 5.569,35
6 1,9% 5.675,17 1.169,31 56,75 1.112,56 4.562,61
7 2,3% 4.667,55 1.196,20 46,68 1.149,53 3.518,02
8 2,2% 3.595,42 1.222,52 35,95 1.186,57 2.408,85
9 1,8% 2.452,21 1.244,53 24,52 1.220,00 1.232,20
10 2,0% 1.256,85 1.269,42 12,57 1.256,85 0,00

Cálculo do saldo devedor corrigido:


Sdev1corrig . = Sdev 0 × (1 + iω1 ) = 10.000,00 × (1 + 0,012) = 10.120,00

i (1 + i ) n
p=P
(1 + i ) n − 1
0,1(1 + 0,1)10
p1 = 10.120,00 x = 1.068,49
(1 + 0,1)10 − 1

j1 = 10.120,00 x 0,01 = 101,20

a1 = p1 − j1 = 1.068,49 − 101,20 = 967,29

Sdev1 = Sdev1corrig − a1 = 10.120,00 − 967,29 = 9.152,71

Sdev 2.corrig = Sdev1 (1 + ω 2 ) = 9.152,71 × (1 + 0,014) = 9.280,85

0,1(1 + 0,1) 9
p 2 = 9.280,85 × = 1.083,45
(1 + 0,1) 9 − 1

j 2 = Sdev2.corrig × i = 9.280,85 × 0,01 = 92,81

a 2 = p 2 − j 2 = 1.083,45 − 92,81 = 990,64


Sdev 2 = Sdev 2.corrig − a 2 = 9.280,85 − 990,64 = 8.290,21

4.4.2. Prestação calculada antes da incorporação da correção monetária ao


saldo devedor

Neste caso, as prestações são calculadas sobre o saldo devedor sem


correção, havendo um resíduo no final dos pagamentos das prestações, devido a
correção monetária.
A correção monetária, que é calculada sobre a parcela de juros, é
incorporada ao saldo devedor do período em questão, que se mantém desta
forma atualizado. Assim, a amortização efetiva (real) deve considerar o efeito
negativo da correção monetária. As equações 4.23 a 4.26 mostram como se fazer
estes cálculos:

Cmont = Sdevt −1 .ω t + jt .ω t = ( Sdevt −1 + jt ).ω t (4.23)

at −efetiva = at −no min al − Cmont (4.24)

Sdevt = Sdevt −1 − at .efetiva = Sdevt −1 − at .no min al + Cmont


(4.25)

Onde: Cmont _ Correção monetária do período t


t _ taxa de correção monetária de período t
Sdev, j ,a - saldo devedor, juros, amortização

Lembrando que pt = at − no min al + jt (4.26)

Onde a t , no min al e j
t − no min al são ditos nominais porque no seu
calculo não foi considerada a correção monetária.

EXEMPLO 3.11. Fazer a planilha de amortização do Exemplo 4.1 (sistema


francês), considerando o seguinte comportamento para as taxas de correção
monetária:

PERIODO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Correção 1,2 1,4 1,7 2,0 2,1 1,9 2,3 2,2 1,8 2,0
Monetária
(%)
A prestação devida é calculada antes da incorporação monetária ao saldo
devedor.
Solução:
P =R$10.000,00 i=1 % a.m n = 10 meses

Período Taxa Prestação Amortização Correção Amortização Saldo


Cmon Juros Nominal Monetária Efetiva Devedor
0 10.000,00
1 1,2% 1.055,82 100,00 955,82 121,20 834,62 9.165,38
2 1,4% 1..069,97 91,65 978,32 129,60 848,72 8.316,66
3 1,7% 1.086,91 83,17 1.003,74 142,80 860,94 7.455,72
4 2,0% 1.108,13 74,56 1.033,57 150,61 882,97 6.572,75
5 2,1% 1.134,12 65,73 1.068,39 139,41 928,98 5.643,77
6 1,9% 1.162,84 56,44 1.106,40 180,30 998,10 4.645,67
7 2,3% 1.190.60 46,46 1.144,14 107,92 1.036,22 3.609,45
8 2,2% 1.227,29 36,09 1.191,20 80,20 1.111,00 2.498,45
9 1,8% 1.268,00 24,98 1.243,01 45,42 1.197,59 1.3000,86
10 2,0% 1.313,87 13,01 1.3000,86 26,28 1,274,59 26,28

Cálculo da primeira prestação:

i
pt = P para t = 1, temos:
1 − (1 + i ) −n−( t −1)
0,01
p1 = 10.000 = 1.055,82
1 − (1 + 0,01) −10−(1−1)

Calculo do juro do primeiro período (saldo devedor):

jt = Sdevt −1 × i

j1 = 10.000 × 0,01 = 100,00


Cálculo da amortização nominal:

a t .no min al = pt − jt

a1.no min al = p1 − j1 = 1.055,82 − 100,00 = 955,82


Cálculo da correção monetária:

Cmont = Sdevt −1 .ω t + jt .ω t = ( Sdevt −1 + jt ).ω t

Cmon1 = (10.000 + 100).0,012 = 121,20


Cálculo da amortização efetiva:

a t − afetiva = at − no min al − Cmon t

a1.afetiva = 955,82 − 121,20 = 834,62

Cálculo do saldo devedor:

Sdevt = Sdevt −1 − at .efetiva = Sdevt −1 − at .no min al + Cmont

Sdevt = Sdevt −1 − at .efetiva = 10.000,00 − 834,62 = 9.165,38

Cálculo da segunda prestação (sobre o saldo devedor)

0,01
p2 = 9.165,38 = 1069,97
1 − (1 + 0,01) −10−( 2−1)

Cálculo da décima prestação:

p10 = 1.313,87 + 26,28 = 1.340,15

Muitos contratos de financiamento prevêem reajustes com uma


periodicidade maior, por exemplo, um ano, entre quais se mantém constante.
Observe-se que , apesar das prestações serem reajustadas somente após
um período de tempo maior do que de capitalização dos juros, o saldo devedor é
reajustado a cada pagamento de prestação.

EXEMPLO 4.12. Fazer a planilha de amortização, utilizando o sistema de


amortização crescente (SACRE), de um empréstimo de R$ 30.000, a ser pago
em 36 parcelas mensais. A taxa de juros é de 1 % a.m, mais a variação da TR,
estimada em 0,5 % a.m. Considere que haverá recalculo da prestação a cada 12
meses.

Solução:
Os cálculos referentes à planilha de amortização da página seguinte, são
explicados abaixo, para os períodos em que há mudança de cálculo da prestação.
Os demais cálculos seguem os princípios já expostos.

Prestação 1 a 12:
Sdev0 30.000
p1 = + Sdev0 × i = + 30.000 x0,01 = R$1.133,33
36 36

Correção monetária no período1: Cmon1 = Sdev 0 × TR + j1 × TR

Cmon1 = 30.000 × 0,005 + 300 × 0,005 = R$151,50

Saldo devedor no perído1:


Sdev1 = Sdev0 − a1−efetiva = Sdev0 − a1− no min al + Cmon1

Sdev1 = 30.000 − 681,83 = 30.000,00 − 833,33 + 151,50 = R$29.318,17

Prestações 13 a 24:

Sdev12 21.105,58
p13 = + Sdev12 × i = + 21.105,58 × 0,01 = R$1.090,45
24 24
Correção monetária no período 13: Cmon13 = Sdv12 × TR + j13 × TR

Cmon13 = 21.105,58 × 0,005 + 211,06 × 0,005 = R$106,58

Saldo devedor no período 13:

Sdev13 = Sdev12 − a no min al13 + Cmon13 = 21.105,58 − 897,40 + 106,58 = R$20.332,76

Prestações de 25 a 35:

Sdev24 11.024,30
p 25 = + Sdev 24 × i = + 11.024,30 × 0,01 = R$1.028,94
12 12

Correção Monetária no período 25: Cmon25 = Sdev24 × TR + j 25 × TR

Cmon 25 = 11.024,30 × 0,005 + 110,24 × 0,005 = R$55,67

Saldo devedor no período 25:


Sdev25 = Sdev24 − a no min al 25 = Cmon25 = 11.024,30 − 918,69 + 55,67 = R$10.161,28

Período Prestação juros Amortização Correção Amortização Saldo


Nominal Monetária Efetiva devedor
0 30.000,00
1 1.133,33 300,00 833,33 151,50 681,83 29.318,17
2 1.133,33 293,18 840,15 148,06 692,09 28,626,07
3 1.133,33 286,26 847,07 144,56 702,51 27.923,56
4 1.133,33 279,24 854,10 141,01 713,08 27.210,48
5 1.133,33 272,10 861,23 137,41 723,82 26.486,66
6 1.133,33 264,87 868,47 133,76 734,71 25.751.95
7 1.133,33 257,52 875,81 130,05 745,77 25.006,19
8 1.133,33 250,06 883,27 126,28 756,99 24.249,20
9 1.133,33 242,49 890,84 122,46 768,36 23.480,81
10 1.133,33 234,81 898,53 118,58 779,95 22.700,87
11 1.133,33 227,01 906,32 114,64 791,69 21.909,18
12 1.133,33 219,09 914,24 110,64 803,60 21.105,58
13 1.090,45 211,06 879,40 106,58 772,82 20.332,76
14 1.090,45 203,33 887,13 102,68 784,45 19.548,32
15 1.090,45 195,48 894,97 98,72 796,25 18.752,06
16 1.090,45 187,52 902,93 94,70 808,24 17.943,83
17 1.090,45 179,44 911,02 90,62 820,40 17.123,43
18 1.090,45 171,23 919,22 86,47 832,75 16.290,68
19 1.090,45 162,91 927,55 82,27 845,28 15.445,40
20 1.090,45 154,45 936,00 78,00 858,00 14.587,40
21 1.090,45 145,87 944,58 73,67 870,91 13.716,48
22 1.090,45 137,16 953,29 69,27 884,02 12.832,46
23 1.090,45 126,32 962,13 64,80 897,33 11.935,14
24 1.090,45 119,35 971,10 60,27 910,83 11.024,30
25 1.028,94 110,24 918,69 55,67 863,02 10.161,28
26 1.028,94 101,61 927,32 51,31 876,01 9.285,28
27 1.028,94 92,85 936,08 46,89 889,19 8.396,09
28 1.028,94 83,96 944,97 42,40 902,57 7.493,51
29 1.028,94 74,94 954,00 37,84 916,16 6.577,35
30 1.028,94 65,77 963,16 33,22 929,95 5.647,41
31 1.028,94 56,47 972,46 28,52 943,94 4.703,47
32 1.028,94 47,03 981,90 23,75 958,15 3.745,32
33 1.028,94 37,45 991,48 18,91 972,57 2.772,75
34 1.028,94 27,73 1.001,21 14,00 987,21 1.785,55
35 1.028,94 17,86 1.001,08 9,02 1.002,06 783,48
36 1.028,94 7,83 1.021,10 3,96 1.017,14 -233,66

O valor da última prestação é:

p36 = 1.028,94 − 233,66 = R$795,27


ou p 36 = 783,48 + 783,48 × 0,01 + (783,48 + 7,83) × 0,005 = 795,27

Exemplo 4.13. Refaça o exercício anterior, considerando agora que a variação


da TR seja de 1,5 % a.m.
Solução:

Principal Juros Prazo TR


30.000,00 1% 36 1,50 %

Período Prestação juros Amortização Correção Amortização Saldo


Nominal Monetária Efetiva Devedor
0 30.000,00
1 1.133,33 300,00 833,33 454,50 378,83 29.621,17
2 1.133,33 296,21 837,12 448,76 388,36 29.232,81
3 1.133,33 292,33 841,01 442,88 398,13 28.834,68
4 1.133,33 288,35 844,99 436,85 408,14 28.426,54
5 1.133,33 284,27 849,07 430,66 418,41 28,008,13
6 1.133,33 280,08 853,25 424,32 428,93 27.579,20
7 1.133,33 275,79 857,54 417,82 439,72 27.139,48
8 1.133,33 271,39 861,94 411,16 450,78 26.688,71
9 1.133,33 266,89 866,45 404,33 462,11 26.226,60
10 1.133,33 262,27 871,07 397,33 473,73 25.752,86
11 1.133,33 257,53 875,80 390,16 485,65 25.267,21
12 1.133,33 252,67 880,66 382,80 497,86 24.769,35
13 1.279,75 247,69 1.032,06 375,26 656,80 24.112,55
14 1.279,75 241,13 1.038,62 365,31 673,32 23.439,23
15 1.279,75 234,39 1.045,36 355,10 690,25 22.748,98
16 1.279,75 227,49 1.052,26 344,65 707,61 22.041,37
17 1.279,75 220,41 1.059,34 333,93 725,41 21.315,96
18 1.279,75 213,16 1.066,59 322,94 743,65 20.572,30
19 1.279,75 205,72 1.074,03 311,67 762,36 19.809,95
20 1.279,75 198,10 1.081,65 300,12 781,53 19.028,42
21 1.279,75 190,28 1.089,47 288,28 801,19 18.227,23
22 1.279,75 182,27 1.097,48 276,14 821,33 17.405,90
23 1.279,75 174,06 1.101,69 263,70 841,99 16.563,90
24 1.279,75 165,64 1.114,11 250,94 863,17 15.700,74
25 1.465,40 157,01 1.308,39 237,87 1.070,53 14.630,21
26 1.465,40 146,30 1.319,10 221,65 1.097,45 13.532,76
27 1.465,40 135,33 1.330,07 205,02 1.125,05 12.407,70
28 1.465,40 124,08 1.341,33 187,98 1.153,35 11.254,35
29 1.465,40 122,54 1.352,86 170,50 1.182,36 10.072,00
30 1.465,40 100,72 1.364,68 152,59 1.212,09 8.859,91
31 1.465,40 88,60 1.376,80 134,23 1.242,58 7.617,33
32 1.465,40 76,17 1.389,23 115,40 1.273,83 6.343,51
33 1.465,40 63,44 1.401,97 96,10 1.305,86 5.037,64
34 1.465,40 50,38 1.415,03 76,32 1.338,71 3.698,94
35 1.465,40 36,99 1.428,41 56,04 1.372,37 2.326,56
36 1.465,40 23,27 1.442,14 35,25 1.406,86 919068
37 942,80 9,20 933,61 13,93 919,68 0,00

P37 = 919,68 + 919,68 × 0,01 + (919,68 + 9,19) × 0,015 = 942,80

5 ENGENHARIA ECONÔMICA

5.1 Introdução:

A Matemática Financeira mostrou a importância de considerar o valor do dinheiro


no tempo, onde podíamos deslocar importâncias monetárias ao longo do tempo de
forma que nos for mais conveniente.
Uma vez absolvido o conceito do dinheiro no tempo, estamos aptos a fazer usoda
Engenharia Econômica , que se presta para analisar investimentos produtivos,
geralmente de longo prazo.
Vale ressaltar que qualquer tomada de decisão de um profissional, irá refletir no
futuro do negócio. Muitas vezes, na busca de melhores resultados a longo prazo, faz-se
necessário o sacrifício de benefícios mais imediatos, o que traz uma dúvida: Como é
possível saber se vale a pena esse sacrifício presente para obter um lucro maior no
futuro?
É neste contesto que a Engenharia Econômica se apresenta com um conjunto
de técnicas que permitem a comparação, de forma científica, entre os resultados de
tomada de decisão referentes a alternativas diferentes.
Alguns aspectos devem ser levados em consideração quando da tomada de decisão em
Engenharia Econômica:
a) Só se toma uma decisão tendo diversas alternativas

b) Só podemos comparar alternativas homogêneas. Na análise de alternativas


heterogêneas deve-se proceder a uma homogeneização.
Por exemplo, podemos ter como opção de investimento dois apartamentos
distintos: um apartamento em um bairro nobre por R$ 350.000,00 e um
apartamento em um bairro popular por R$ 90.000,00. Se pudermos admitir que
os dois apartamentos são idênticos em acabamento, área, cômodos, disposição,
com mesmo índice de valoração e que não há vantagem em se morar em um
bairro nobre ou popular, então se pode dizer que a segunda alternativa é melhor
que a primeira.
Outros exemplos seriam investimentos iniciais diferentes, investimentos com
vidas diferentes.

c) Apenas as diferenças de alternativas são relevantes.

d) As decisões econômicas devem sempre levar em consideração o valor do


dinheiro no tempo.

e) Deve-se sempre atribuir certo peso para os graus relativos de incertezas


associados às previsões efetuadas.
Como em qualquer tipo de decisão a ser tomada na empresa, na vida pessoal,
estarão presentes estimativas de valores, conduta, prazos, etc. Deve-se ter o
cuidado de atribuir a cada um dessas variáveis um certo grau de incerteza.
f) As decisões devem levar também em consideração os eventos qualitativos
não quantificáveis monetariamente. Imagine, a titulo de exemplo, que os
carros dos vendedores de uma empresa que ficam em poder dos mesmos no
final de semana devam doravante ficar na empresa. Se esta questão for
analisada apenas pelo prisma econômico, provavelmente seja uma solução
acertada. para a redução de custos. Será que o moral dos vendedores
continuará o mesmo ? Será que o tempo perdido entre as tarefas de ida e
volta à empresa não é um tempo em que eles poderiam estar atendendo um
cliente, prospectando um novo negócio? São perguntas, cujas respostas, com
certeza, você não conseguirá aquilatar economicamente.
g) Realimentação de informações.
Os métodos de Análise de Investimentos funcionarão como um processo
decisório quando são acompanhados. Como exemplo, precisamos saber se a
taxa de juro esperada para um determinado investimento está surtindo efeito,
se está sendo atingida; para tanto, devemos acompanhá-la mês a mês, ano a
ano, para termos a certeza de que o projeto atingirá o retorno esperado.
h) Dados econômicos
Os dados que nos interessam são sempre econômicos. Os dados contábeis só
são importantes na avaliação após o Imposto de Renda.

5.2 Limitações do estudo:

É também evidente que, como todo modelo matemático que se possa criar para
representar a realidade, existem restrições, ou limitações, que devem ser consideradas.
Segundo Hummel e Taschner as limitações mais importantes que podem ser apontadas
podem assim ser descritas:
- É impossível trabalhar com todas as variáveis encontradas na vida
- Taxas de retorno e taxas de juros, que na realidade, não são as mesmas.( Os
modelos de Engenharia Econômica, que aqui serão estudados pressupõem, a
priori, que as taxas de juros e taxas de retorno existentes no mercado são iguais.
Os retornos sobre investimentos advindos de aplicações fenanceiras
normalmente são menores que o custo do dinheiro para captação no mercado
financeiro)
- O modelo pressupõe que as taxas não variam durante a vida.
- O modelo pressupõe que o fluxo de caixa real é sempre viável.
- Só serão analisados altrnativas de ação tecnicamente viáveis.
- Só serão analisados alternativas de ação para as quais tenhamos capacidade
financeira.

5.3 Métodos clássicos de análise de investimentos.

Basicamente são três os Métodos Clássicos de análise de Investimentos, e que são


equivalentes entre si, isto é, se forem aplicados de maneira correta conduzirão sempre à
mesma alternativa de ação como sendo a melhor. São eles:
O Método do Valor Atual
O Método do Custo do Valor Anual
O Método da Taxa de Retorno.
Tempo de recuperação do Capital
Tempo de recuperação do Capital Descontado

5.3.1 - Método do Valor Atual ou Valor Presente Líquido

O valor Presente Líquido (VPL) de um fluxo de caixa pela soma de todos os


valores do fluxo de caixa , trazidos para a data presente, Ou seja, desconta-se os
valores futuros para a data presente e soma-se estes valores descontados com o
valor que o fluxo de caixa apresenta na data inicial. Como taxa de desconto,
utiliza-se a TMA do investidor.

n Ft
VPL = P + t =1
(1 + i ) t

Observação: O projeto é viável quando VPL> ou =0

EXEMPLO 5.1. Determine o valor presente líquido (VPL) do investidor


caracterizado abaixo . A TMA é de 12 % a.a.

Período 0 1 2 3 4 5 6
Investimentos -200.000,00
Receitas 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00
Valor Residual 20.000,00
Fluxo de caixa -200.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 76.000,00

20.000

56.000

0 1 6

200.000
Solução:

Cálculo do valor presente líquido:

(1 + i ) n − 1 F
VPL = P + A +
i.(1 + i ) n
(1 + i ) n

Obs.: O valor investido P deverá ser considerado de valor negativo na soma


algébrica.

(1 + 0,12) 6 − 1 20000
VPL = −200.000 + 56.000. +
0,12.(1 + 0,12) 6
(1 + 0,12) 6

VPL = 200.000,00 + 230.238,81 + 10.132,62 = 40.371,43

5.3.2 Método do custo Anual uniforme ou Valor Anual Uniforme Equivalente

O valor Anual uniforme equivalente (VAUE) ou simplesmente Valor Uniforme


Equivalente (VUE), é o método que consiste em achar a série uniforme
equivalente (A) ao fluxo de caixa do investidos em análise , a TMA do
investidor. Se VAUE > 0 projeto é viável.

EXEMPLO 5.2. Determine o valor anual uniforme equivalente (VAUE) do


investidor caracterizado abaixo. A TMA do investidor é de 12 % a.a.

Período 0 1 2 3 4 5 6
Investimentos -200.000,00
Receitas 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00
Valor Residual 20.000,00
Fluxo de caixa -200.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 76.000,00
20.000

56.000

0 1 6

200.000

Solução:

Cálculo do valor anual uniforme equivalente:

i.(1 + i ) n i
VAUE = P. + A + F.
(1 + i ) − 1
n
(1 + i ) n − 1

Obs.: O valor uniforme investido (despesa) deverá ser considerado negativo.

VAUE = -48.645,14 + 56.000,00 + 2.464,51

VAUE = 9.819,37

5.3.3 Método da Taxa Interna de Retorno (TIR)

5.3.3.1 O método

A taxa interna de retorno (TIR) é a taxa que iguala os recebimentos futuros aos
investimentos feitos no projeto, ou seja, é a taxa de desconto para a qual tem-se
VPL = 0.
È determinada por tentativas, testando-se diversas taxas de desconto. Se
para uma tentativa tiver-se VPL > 0, deve-se aumentar a taxa ; se VPL < 0,
deve-se diminuí – la. A taxa final pode ser obtida por interpolação linear entre
uma taxa que fornece VPL > 0 e outra taxa que fornece VPL <0. Na realidade, o
decréscimo do VPL quando se aumenta a taxa de desconto não acontece de
forma linear, por isso, quando mais próximas forem estas duas taxas, melhor
será a interpolação.
n F1
Como: VPL = P + t = 0
(1 + i ) t
Então. A TIR é a taxa i para a qual
n FT
=0
t =0
(1 + i ) t

Um projeto é considerado viável se TIR ≥ TMA.

EXEMPLO 5.3. Determine a taxa interna de retorno (TIR) do investimento


caracterizado abaixo. A TMA do investidor é de 12 % a.a.

Período 0 1 2 3 4 5 6
Investimentos -200.000,00
Receitas 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00
Valor Residual 20.000,00
Fluxo de caixa -200.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 76.000,00

20.000

56.000

0 1 6

200.000

Solução:

Cálculo do valor presente:

(1 + i ) n − 1 F
VPL = − P + A + =0
i.(1 + i ) n
(1 + i ) n

(1 + i ) 6 − 1 20000
− 200000 + 56000. + =0
i.(1 + i ) 6 (1 + i ) 6

Para i = 15 % ---- VPL = 20.577,58


Para i = 20 % ---- VPL = -7.7073,47
Para i = 19 % ----VPL =-589,37
Para i = 18 % ---- VPL = 936,18
Portanto a TIR está entre 18 % a.a. e 19 % a.a. O valor pode ser obtido por interpolação
linear:

936,18

18% 19%
x

X % a.a. - 936,18
1 % a.a. ( 19 % - 18 %) -1525,55 (=936,18+589,37)

x 936,18
=
1 1525,55

x = 0,61 % a.a.

Então: TIR = 18+0,61 = 18,61 % a.a.


Teste: para i = 18,61 % ------ VPL = 24,27~ 0

5.3.4 Casos especiais

A Equação:

n FT
=0
t =0
(1 + i ) t

Pode não apresentar solução no domínio dos números reais. Neste caso, sua solução
será um número imaginário.
Esta equação também pode ter mais de uma solução, pois segundo a regra de
sinais de Descartes, podem existir tantas raízes quantas forem o número de variações de
sinais na equação. Neste caso, utiliza-se o artifício apresentado no exemplo abaixo.
EXEMPLO 4.4. Verifique a viabilidade do investimento abaixo, para um investidor
que tem uma TMA de 20 % a.a, ( Fleischer, 1973).

1.600 10.000

0 1 2

10.000

Há duas soluções possíveis: TIR = 25 % a.a. e TIR = 400 % a.a. O problema


pode ser resolvido capitalizando-se o adiantamento recebido no período 0 até o período
1, pela TMA do investidor.

Tem-se então:
F1 = 1600.(1,2) − 10000 = 1920 − 10000 = −8080

E a equação para calculo da TIR passa a ser:

1.920 10.000 10.000

0 1 2 = 0 1 2

10.000 8.080

− 8.080 + 10.000(1 + TIR ) −1 = 0

Que tem como solução TIR = 23,8 % a.a.

5.4. Tempo de recuperação do capital (PAYBACK – PB)

O tempo de recuperação do capital (TRC), também chamado de período de


recuperação do investimento (PRI) e payback (PB), mede o tempo necessário para
recuperar o capital investido. O payback é um método não exato de análise de
investimento, mas é muito usado por permitir uma avaliação do risco através do tempo
necessário para recuperar o capital investido.
EXEMPLO 5.5. Determine o tempo de recuperação do capital (TRC) ou payback (PB)
do investimento caracterizado abaixo.

Período 0 1 2 3 4 5 6
Investimentos -200.000,00
Receitas 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00
Valor Residual 20.000,00
Fluxo de caixa -200.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 76.000,00

20.000

56.000

0 1 6

200.000

Solução: Recuperação do capital (RC):

No período 3: RC = 3 x 56.000,00 = 168.000,00 <200.000,00

No período 4: RC = 4 x 56.000,00 = 224.000,00 > 200.000,00

Então o payback é de 4 anos.

Contudo , no Exemplo 4.5 não foi considerado o valor do dinheiro no tempo, o


que está incorreto. Para contornar esta deficiência, foi criado o Tempo de Recuperação
do Capital Descontado (TRCD) ou PAYBACK descontado (PBD), que leva em conta a
TMA do investidor.
EXEMPLO 5.6. Determine o tempo de recuperação do capital descontado (TRCD) ou
payback descontado (PBD) do investimento caracterizado abaixo. A TMA do investidor
é de 12 % a.a.

Período 0 1 2 3 4 5 6
Investimentos -200.000,00
Receitas 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00
Valor Residual 20.000,00
Fluxo de caixa -200.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 56.000,00 76.000,00

20.000

56.000

0 1 6

200.000

Solução:
56000
PBD1 = = 50.000,00 < 200.000,00
(1 + 0,12)
56000
PBD2 = PBD1 + = 50.000,00 + 44.642,86 = 94.642,86 < 200.000,00
(1 + 0,12) 2
56000
PBD3 = PBD2 + = 94.642,86 + 39.859,69 = 134.502,55 < 200.000,00
(1 + 0,12) 3
56000
PBD4 = PBD3 + = 134.502,55 + 35.589,01 = 170.091,56 < 200.000,00
(1 + 0,12) 4
56000
PBD5 = PBD4 + = 170.091,56 + 31.775,90 = 201,867,46 > 200.000,00
(1 + 0,12) 5
Então p pay-back descontado é de 5 anos.
5.7 Seleção de alternativas de investimentos

5.7.1. Valor presente Líquido

Para ser viável, um projeto deve ter VPL ≥ 0 No caso de escolha entre mais de
uma alternativa, a melhor será aquela que apresenta o maior VPL.
Quando compara-se dois projetos, deve-se sempre considerar um mesmo
horizonte de planejamento.

5.7.1.1. Projetos com vidas iguais

Neste caso , o horizonte de planejamento a ser considerado corresponde a vida


dos projetos.

EXEMPLO 5.7. Dadas as duas opções de investimento abaixo, determine a melhor


delas, para um investidor cuja TMA é de 14 % a.a. Utilize o método do VPL.

17.000 20.000

0 1 4 0 1 4

35.000 42.000
Investimento A Investimento B

(1 + 0,14) 4 − 1
VPL A = −35000 + 17000. = 14.533,11
0,14.(1 + 0,14) 4

(1 + 0,14) 4 − 1
VPL B = −42000 + 20000. = 16.274,25
0,14.(1 + 0,14) 4

Logo , a melhor opção é o investimento B.

5.7.1.2. Projetos com vidas diferentes


Neste caso, duas situações são possíveis: os projetos podem ser repetidos quando
sua vida acabar, ou não podem ser repetidas. Cada caso tem um procedimento de análise
que será exposto a seguir.

5.7.1.2.1. Projeto com repetição

Se dois projetos tem vidas diferentes , utiliza-se na análise como horizonte de


planejamento, o mínimo múltiplo comum da duração dos mesmos.

EXEMPLO 5.8. Calcular pelo VPL, qual das alternativas abaixo para a compra de um
equipamento , é mais econômica, supondo que haja repetição. A TMA do investidor é
de 12 % a.a..

Equipamento A Equipamento B
Custo inicial 30.000,00 51.000,00
Vida útil 3 anos 6 anos
Economias Anuais 14.000,00 15.000,00
Valor residual 10.000,00 12.000,00

10.000 12.000
14.000
15.000

0 1 3 0 1 6

30.000 51.000
Equipamento A Equipamento B

Solução:
10.000 10.000 12.000

14.000 15.000

0 1 3 6 0 1 6

30.000 30.000 51.000


Investimento A Investimento B

VPL A = −30000 + 14000( P / A;12%;¨) − 20000( P / F ;12%;3) + 10000( P / F ;12%;6)

(1 + 0,12) 6 − 1 20000 10000


VPL A = −30000 + 14000. − + = 18.390,4
0,12.(1 + 0,12) 6
(1 + 0,12) 3
(1 + 0,12) 6

VPLB = −51000 + 15000( P / A;12%;6) + 12000( P / L;12%;6)

(1 + 0,12) 6 − 1 12000
VPL B = −51000 + 15000. + = 16.750,68
0,12.(1 + 0,12) 6
(1 + 0,12) 6

A melhor opção é o Equipamento A, pois apresenta o maior VPL.

5.7.1.2.2. Projetos sem repetição:

Neste caso , cada projeto será analisado tomando-se como horizonte de


planejamento a sua respectiva vida útil. Considera-se que na diferença entre os
horizontes de tempo analisados, os recursos do projeto de menor vida sejam aplicados à
TMA. Como o valor presente de um fluxo de caixa de qualquer quantia à TMA é nulo, a
contribuição desta parcela é nula, podendo-se pois, desconsiderá-la na análise. Então,
calcula-se o VPL para cada um dos projetos com sua vida, e escolhe-se o projeto com
maior valor.

EXEMPLO 5.9 Considere os mesmos dados do exemplo anterior, supondo agora que
não haja repetição ( caso o investidor opte pela alternativa A, ele sairá do mercado após
3 anos, reaplicando seus ganhos à TMA).

Equipamento A Equipamento B
Custo inicial 30.000,00 51.000,00
Vida útil 3 anos 6 anos
Economias Anuais 14.000,00 15.000,00
Valor residual 10.000,00 12.000,00
10.000 12.000
14.000
15.000

0 1 3 0 1 6

30.000 51.000
Equipamento A Equipamento B

VPL A = −30000 + 14000( P / A;12%;¨) − 20000( P / F ;12%;3) + 10000( p / F ;12%;6)

(1 + 0,12) 6 − 1 20000 10000


VPL A = −30000 + 14000. − + = 18.390,4
0,12.(1 + 0,12) 6
(1 + 0,12) 3
(1 + 0,12) 6

VPLB = −51000 + 15000( P / A;12%;6) + 12000( P / L;12%;6)

(1 + 0,12) 6 − 1 12000
VPL B = −51000 + 15000. + = 16.750,68
0,12.(1 + 0,12) 6
(1 + 0,12) 6

A melhor opção agora é o equipamento B, pois apresenta o maior VPL.

5.7.1.3 – Técnica da Capitalização infinita ( Pilão, Nivaldo Elias , 2002)

É usada para solucionar a questão de vidas úteis diferentes no Método do Valor Atual.
Considera-se que os eventos se repitam infinitas vezes, ou seja, as vidas úteis dos
investimentos em questão serão consideradas perpétuas, logo, terminado o tempo de ida
útil do primeiro investimento, este continuará se repetindo, de maneira idêntica,
infinitamente. Para sua operacionalização devemos conhecer o valor uniforme (A) ao
longo da vida e trazer este ao valor presente.
Sabemos da Matemática Financeira que o valor atual de uma série infinita ( 3.26) é
expresso pelo modelo matemático:

A
P=
i
Na grande maioria dos casos a Capitalização Infinita poderá ser usada indistintivamente
para comparar alternativas excludentes de ação. É importante ressaltar que os
resultados numéricos obtidos com uma ou outra técnica são diferentes mas a melhor
alternativa não se modificará.
EXEMPLO 5.10: Determinada empresa deseja substituir a frota de veículos a serem
utilizados para o trabalho de seus vendedores. Em uma reunião com o pessoal de
Marketing ficou definido que o veículo mais apropriado seria um carro popular e que
para o serviço a que se prestaria poderia ser utilizado tanto um veiculo zero quilômetro,
como um até cinco anos de vida. Estudos preliminares realizados pelo setor Operacional
determinaram que os custos das manutenções anuais, de acordo com o tempo de vida do
veículo, a serem realizadas ao longo do ano e alocadas ao final de cada ano, são os
expressos na tabela abaixo, bem como a cotação dos veículos, desde que em perfeito
estado de conservação. ( Nivaldo E. Pilão, 2002)

Idade Cotação Custo de manutenção/ano


0 km 15.000,00 0
1 ano 12.500,00 2.500,00
2 anos 10.200,00 2.800,00
3 anos 8.500,00 3.500,00
4 anos 7.000,00 3.000,00
5 anos 6.200,00 3.700,00

OPÇÃO 1:
Solução:

- Comprar um carro zero e trocá-lo a cada 2 anos:

10.200,00

0 1 2

15.000,00 2.500,00 2.800,00

Transformando o fluxo de caixa numa série uniforme, temos:

Cálculo da série uniforme do valor de 15.000,00 com a fórmula (3.21)

Pi 15.000 × 0,10
A= −n
= = 8.642,86
1 − (1 + i ) 1 − (1 + 0,10) −2

Cálculo da série uniforme de ( 10.200,00 – 300,00) com a fórmula (3.23)

(1 + i ) n − 1 F ×i
F=A donde A=
i (1 + i ) n − 1
9.900 × 0,10
A= = 4.714,29
(1 + 0,10)2 − 1

4.714,29

0 1 2 = 0 1
2

2.500,00 6.28,57

8.642,57

Transformando numa série infinita, pela repetição infinita, temos:

0 1
6.428,57

Valor atual = ( - 8.642,57 – 2.500,00 – 4.714,29 )/ 0,10 = -6.428,57 / 0,10 = -64.285,70

Obs.: O valor de -64.285,70 representa o valor necessário para manter a


“Opção 1” funcionando infinitamente.

OPÇÃO 2: - Comprar um carro com um ano e trocá-lo a cada 3 anos

Solução:

7.000,00

0 1 2 3

12.500,00 2.800,00 3.500,00 3.000,00


Calculando o valor presente dos valores do fluxo de caixa e depois transformando numa
série contínua, temos:

− 12.500,00 − F1 (1 + i ) −1 − F2 (1 + i ) −2 + F3 (1 + i ) −3
VA =
i

− 12.500,00 − 2.800(1 + 0,1) −1 − 3.500(1 + 0,1) −2 + 4.000(1 + 0,1) −3


VA = = −60.046,80
0,1

Obs.: O valor de -60.046,80 é o dinheiro necessário para manter a “Opção 2”


funcionando infinitamente.

Comentário: Em função de os resultados obtidos para ambas as alternativas de ação,


para cobrirem um tempo de vida comum, perpétua, serem de um VA de -64.285,70 para
a primeira Opção, contra um VA de -60046,80 para a segunda opção, e considerando-se
que resultados negativos para o Método do Valor Atual identificam os custos associados
a cada alternativa de ação, caso se constituam em alternativas excludentes, devemos
escolher a segunda Opção, que proporciona um menor Valor Atual de custo.

EXERCICIO 5.11: Uma fábrica dispõem de duas alternativas para solucionar seu
problema de produção. Ambas podem solucionar o problema e ainda aumentar a
produção atual, que é de 1.000 unidades por mês, insuficientes para atender à demanda.
No caso da primeira alternativa a produção mensal será alavancada em 200 peças; por
sua vez, a segunda possibilitará um aumento na produção atual em 250 unidades.
Considerando-se que cada peça poderá ser vendida por R$ 300,00 e que os custos a
seguir serão os incrementais de cada alternativa, a uma TMA de 20% a. a. , demonstre
qual das duas é a melhor opção.

Opção A:
Comprar uma máquina com 5 anos de uso ao preço de R$1.000.000,00 à vista, com
custos adicionais de mão-de-obra de R$ 3.000,00 por mês, custos extras de energia de
R$ 8.000,00 mensais e gastos adicionais de matéria-prima de R$ 13.000,00 mensais,
considerando-se que após 5 anos de uso seu valor residual e de mercado será nulo?

Opção B:
Comprar uma máquina nova ao preço de R$ 2.000.000,00, com custos adicionais de
mão-de-obra de R$ 3.000,00 por mês? Considerar que nesse caso os custos mensais de
manutenção, energia e matéria prima serão acrescidos respectivamente em R$ 2.000,00,
R$ 6.000,00 e R$ 16.250,00 e que após dez anos o equipamento possuirá um valor
residual e de mercado de R$ 500.000,00.

Considerações iniciais:
1- Tanto a TMA como a vida útil das duas alternativas possuem unidade de medida
anual, enquanto os custos e a produção são medidos mensalmente. Isso nos
obriga a transformar a taxa de juro e a vida útil para mensais, ou a produção e os
custos para anuais. Obtando pelo mês iremos trabalhar com um horizonte de
planejamento de 60 meses para a máquina usada e de 120 meses para a nova,
bem como a taxa de juros anual, que transformada em mensal, conforme
fórmula (3.9) passa a ser:

iq = ( 1 + it )q/t – 1

1
i mes = (1 + 0,20) 12
− 1 = 1,0153095 − 1 = 0,0153095

ou 1,531% a.m.
2- As alternativas em questão podem ser analisadas por qualquer método, no caso será
usado o método do Valor Atual ou Valor Presente. Podemos resolver a questão usando a
Técnica do MMC ( mínimo múltiplo comum) das opções ou a Técnica da Capitalização
Infinita, já que as vidas úteis são de 5 e 10 anos, ou 60 e 120 meses respectivamente
para as opções A e B. No caso do MMC entre as vidas em questão seria de 120 meses.

3- Para esta análise só devem ser consideradas as diferenças de custos e receitas, já que
a s receitas existentes são sustentadas pelos custos existentes, portanto, só será
importante para análise aquilo que exceder o processo atual, tanto em termos de custos,
como em termos de receitas.

Solução da Opção A: - Máquina usada

60.000,00
0 1 60

24.000,00

1.000.000,00

Pelo MMC ( vidas diferentes) temos que repetir este fluxo inicial
60.000,00

0 1 120

24.000,00

1.000.000,00 1.000.000,00

−n 1 − (1 + i ) − n 1 − (1 + i ) − n
VA = − P − P(1 + i ) −A +A
i i
1 − (1 + 0,01531) −120 1 − (1 + 0,01531) −120
VA = −1.000.000 − 1.000.000(1 + 0,01531) −60 − 24.000 + 60.000
0,01531 0,01531

VA= 569.798,16
Solução da Opção B: - Máquina nova

500.000,00

75.000,00

0 1 120

27.250,00
2.000.000,00

1 − (1 + i) − n 1 − (1 + i ) − n
VA = − P − A +A + F (1 + i ) −n
i i

1 − (1 + 0,01531) −120 1 − (1 + 0,01531) −120


VA = −2.000.000 − 27.250 + 75.000 + 500.000(1 + 0,01531) −120
0,01531 0,01531

VA = 695.939,83
Comentário: Os resultados obtidos para um horizonte de planejamento de 120 meses,
respectivamente, para os equipamentos usados e novo, demonstram que ambas as
opções de ação são interessantes e podem ser implementadas. Entretanto, se forem
mutuamente excludentes, a opção deverá recair sobre o equipamento novo, que possui
um VA positivo maior, possibilitando , portanto, em valores de data zero, um ganho
maior de 20% ao ano ou 1,531% ao mês.

É evidente que se utilizarmos o VA para capitalização Infinita, os valores não será os


mesmos, mas a melhor opção não será alterada.

Solução pelo Método da repetição infinita:

Opção A:

Por este Método iremos transformar o Fluxo de Caixa numa série uniforme

Cálculo da série uniforme para o valor inicial:

P×i
Formula:
A=
1 − (1 + i ) − n

1.000.000 × 0,01531
A= = 25.596,22
1 − (1 + 0,01531) −60

60.000,00 10.403,78
0 1 60 0 1 60 0 1 60 0 1 60
- - + =

25.596,22 24.000,00

Cálculo do Valor Atual para a série infinita:

A 10.403,78
VA = = = 679.541,47
i 0,01531
Opção B:
Cálculo da série uniforme do valor principal (P=2.000.000,00) :

P×i
Fórmula
A=
1 − (1 + i ) − n

2.000.000 × 0,01531
A= = 36.517,39
1 − (1 + 0,01531) −120

Cálculo da série uniforme do valor Futuro (F=500.000,00):

F ×i 500.000 × 0,01531
Fórmula A= = = 1.474,35
(1 + i ) n − 1 (1 + 0,01531)120 − 1

Transformando o Fluxo de Caixa numa série uniforme, temos a seguinte representação:

47.750,00 1.474,35 12.706,96


0 1 120 0 1 120 0 1 120 0 1 120
- + + =

36.517,39

Cálculo do valor Atual para a Série Infinita:

A 12.706,96
VA = = = 829.977,79
i 0,01531
Consideração final: Portanto ficou claro, independente do método a decisão é sempre a
mesma, se utilizarmos de maneira correta . No caso, a Opção B, o equipamento novo,
continuou sendo sempre a melhor alternativa de ação.

Exercícios de aplicação:

1- Suponha que uma empresa que possua uma Taxa de Expectativa (TMA) de 5% ao
mês esteja pensando em abrir uma loja para venda direta de seus produtos aos
consumidores, e que para esse fim existam duas oportunidades: abrir uma loja na Rua
ou uma loja no shopping e que, para tanto, levantou as variáveis envolvidas com cada
uma das opções cujos custos e receitas associados podem ser expressos conforme segue:

Itens Loja de Rua Loja de Shopping


Investimentos iniciais 230.000,00 270.000,00
Tempo de utilização 5 anos 5 anos
Valor residual 50.000,00 50.000,00
Receitas mensais 35.000,00 50.000,00
Custos mensais 24.000,00 36.000,00

Obs.: Faça o fluxo de caixa das alternativas acima.

2 – Dois equipamentos são examinados. Considerando ser a taxa mínima de atratividade


i=20% a. a. , qual o equipamento que deve ser adquirido?

Itens Equipamento A Equipamento B


Custo 50.000,00 80.000,00
Custo anual de manutenção 20.000,00 15.000,00
Valor residual para venda 4.000,00 8.000,00
Duração em anos 10 10

Obs.: Representar em fluxo de caixa os dados do quadro acima.

3- Dois Bancos oferecem as seguintes opções:


-Deposita-se no Banco “X” a importância de R$ 20.000,00 recebendo-se anualmente a
quantia de R$ 2.000,00 durante 10 anos, após os quais se recebe R$ 200.000,00.
- No Banco “Y” é depositado R$ 10.000,00 recebendo-se anualmente R$ 1.000,00
durante 10 anos, após os quais se recebe R$ 120.000,00
Considerando ser a taxa mínima de atratividade igual a 15% a. a. , qual dos dois Bancos
deve ser preferido?
Obs.: Fazer o Fluxo de Caixa.

4- Suponha as seguintes alternativas, sendo a taxa mínima de atratividade igual a 10% a.


a.

Itens Equipamento A Equipamento B


Vida útil 3 anos 2 anos
Custo inicial 300.000,00 200.000,00
Valor risidual Nulo 25.000,00

Obs.: Admita a repetitividade dos ciclos.


Representar em fluxo de Caixa os valores do quadro acima apresentados.

5- Qual o equipamento que deve ser escolhido entre as alternativas (1) e (2),
considerando-se ser 10% a.a. a taxa mínima de atratividade? Admite-se a repetitividade
dos ciclos.
Ìtens Alternativa (1) Alternativa (2)
Custo inicial 100.000,00 200.000,00
Custo anual de manutenção 30.000,00 40.000,00
Valor residual 10.000,00 20.000,00
Duração em anos 6 9

Obs.: Fazer o fluxo de caixa.

6- Pretende-se escolher a melhor alternativa entre duas seguintes possíveis compra:


a) Compra de um equipamento por $ 10.000,00, com custo de manutenção de
$1.000,00 cada final de seis meses, durante cinco anos e um valor residual de
$4.000,00.
b) Compra de outro equipamento, para o mesmo fim, por $8.000,00, com custo
anual de manutenção de $2.000,00, durante cinco anos e um valor residual “R”.
Considerando ser a taxa de juros igual a 5%, qual o valor de R para que as duas
alternativas sejam iguis? Resolver pelo valor presente líquido.
Resp.: 437

7- Uma empresa de fornecimento de água deve decidir entre dois diâmetros de uma
adutora. A adutora de 1,00m de diâmetro terá um custo inicial de $3.000.000,00,
enquanto que a de 1,20m custará $5.000.000,00. Considerando que a adutora de 1,20m
há menos perda de carga, seu custo de manutenção anual é $300.000,00 menor do que o
da adutora de 1,00m. Considerando que a adutora deve durar vinte anos, qual delas deve
ser selecionada, considerando ser a taxa mínima de atratividade igual a 10% ao ano?
Utilizar a análise por valores presentes.

8- Uma empresa construtora deseja escolher um sistema de aquecimento central entre


duas alternativas: “sistema a gás” e “sistema elétrico”. O sistema a gás tem uma duração
de 5 anos, um investimento inicial de $700.000,00 e um custo de manutenção igual a
$100.000,00 por ano. O sistema elétrico tem uma duração de 10 anos , um investimento
inicial de $900.000,00 e um custo de manutenção de $90.000,00 por ano. Qual o
sistema a ser escolhido, considerando ser a taxa mínima de atratividade igual a 20% a.
a.? Resolver por valor presente líquido.

9- Uma empresa decidiu obter os serviços de uma rede de computadores. Os


equipamentos poderão ser comprados ou alugados. Dada a natureza da instalação
necessária, o aluguel mensal deverá alcançar $12.200,00 ( esse valor inclui o custo de
manutenção). Se o computador for comprado. Poderá ser firmado um contrato de
manutenção com o fabricante no valor de $20.000,00 por ano. O custo de preparação do
local a ser ocupado pelo computador é o mesmo para as duas alternativas. Do mesmo
modo, qualquer que seja a alternativa escolhida, ocorrerão custos iguais de
programação, pessoal operacional, etc. Estima-se em três anos a vida útil dos
equipamentos caso sejam comprados. Considerando-se uma TMA de 3% ao mês, qual o
valor máximo que a empresa deverá pagar hoje pelos equipamentos para que ambas
alternativas se tornem iguais?

10- Uma companhia está estudando as possibilidades de solução para um problema de


isolamento de canos condutores de vapor. Duas são as alternativas existentes:
a) utilizar isolamento com espessura de 1”
b) utilizar isolamento com espessura de 2”
As perdas anuais de vapor, deixando-se o encanamento sem isolamento, atingiriam
$9,00 por metro de encanamento. O isolamento de 1” de espessura reduzirá tais perdas
em 89% e custará $1,96 por metro linear de encanamento. O isolamento de 2” de
espessura reduzirá as perdas em 92% e custará $3,04 por metro. Levante os custos
atuais de isolamento para 10.000 metros de tubulação ( incluindo os custos relativos às
perdas de vapor) para os dois tipos propostos, levando-se em consideração uma vida útil
de 10 anos para a tubulação, uma TMA de 20% ao ano e valor residual nulo após esse
período.

5.2. Valor anual uniforme equivalente:

Se um projeto apresenta VAUE > ou = 0, ele é viável. Entre dois projetos, deve-
se escolher aquele que apresenta o maior VAUE.

O processo de operacionalização do Método do Valor anual Uniforme consiste em


distribuir ao longo da vida útil todos os valores existentes no fluxo de caixa,
transformando-os em uma única série uniforme de pagamentos ou recebimentos.
A seleção da melhor alternativa é aquela que apresentar o maior valor uniforme líquido
de seus fluxos de caixa, ou seja, aquela que apresentar o maior valor algébrico da soma
de todos os valores uniformes , considerando-se que o dispêndio tenha sinal negativo e
qualquer receita tenha sinal positivo.
Tratando-se apenas de custos, poderíamos adotar a convenção contrária , a dos
custos uniformes líquidos, evitando-se que surjam valores uniformes líquidos, com
sinais negativos. Tal adoção de sinais permite escolher, como melhor alternativa, aquela
que apresentar o menor custo, o que é mais cômodo e mais lógico.
Quando o VAUE = 0, há uma igualdade dos valores uniformes dos benefícios
com os valores uniformes dos custos. Isto significa que os custos investidos renderam
exatamente, uma taxa característica de juro, que poderia ser, por exemplo, a taxa
mínima de atratividade.

5.2.1. Projetos com vidas iguais:

O horizonte de planejamento a ser considerado é o tempo de vida dos projetos.

EXEMPLO 5.12. Calcule a alternativa mais econômica entre as duas mostradas abaixo,
para aquisição de um equipamento. A TMA da empresa e de 30 % a.a. ( Casarotto &
Kopitke, 1994).
5.000,00 6.500,00

0 1 7 0 1 7

14.000,00 18.000,00
Investimento A Investimento B

Solução:

0,30.(1 + 0,10) 7
VAUE A = −14000. + 5000 = 3,77
(1 + 0,10) 7 − 1

0,30.(1 + 0,10) 7
VAUE B = −18.000. + 6500 = 76,77
(1 + 0,10) 7 − 1

A melhor opção é o investimento B, por proporcionar o maior retorno.

EXERCICIO 5.13 – Suponha que uma empresa que possua uma Taxa de Expectativa
(TMA) de 5% ao mês esteja pensando em abrir uma loja, para venda direta de seus
produtos aos consumidores, e que para esse fim existam duas oportunidades – abrir uma
loja na rua ou uma loja no schopping e que , para tanto, levantou as variáveis envolvidas
com cada uma das opções cujos custos e receitas associados podem ser expressos
conforme seguem:

Itens Loja de rua Loja de Schopping


Investimentos iniciais 230.000,00 270.000,00
Tempo de utilização 5 anos 5 anos
Valor residual e de mercado 50.000,00 130.000,00
Receitas mensais 35.000,00 50.000,00
Custos mensais 24.000,00 36.000,00

Solução:

OPÇÃO – ABRIR LOJA NA RUA

Fluxo de Caixa:
50.000,00

35.000,00

0 1 60

24.000,00

230.000,00

Cálculo do valor (A) da série uniforme do valor P= 230.000,00:

P×i
Formula:
A=
1 − (1 + i ) − n

230.000 × 0,05
A= = 12.150,48
1 − (1 + 0,05) −60

Calculo do valor (A) da série uniforme do valor F=50.000,00:

Fórmula:
F ×i 50.000 × 0,05
A= donde A= = 141,41
(1 + i ) n − 1 (1 + 0,05) 60 − 1
Fluxo de caixa da série uniforme:

0 1 60

1.009,07

VAUE = -1.009,07

OPÇÃO – ABRIR LOJA NO SCHOPPING


130.000,00
50.000,00

0 1 60

36.000,00

270.000,00

Cálculo do valor (A) da série uniforme de P=270.000,00:

P×i
Formula:
A=
1 − (1 + i ) − n

270.000 × 0,05
A= = 14.263,61
1 − (1 + 0,05) −60

Calculo do valor (A) da série uniforme do valor F=130.000,00:

Fórmula:
F ×i 130.000 × 0,05
A= donde A= = 367,66
(1 + i ) n − 1 (1 + 0,05) 60 − 1

104,05

0 1 60

VAUE = 104,05
Consideração final: Os resultados obtidos para a “Loja de Rua” de – $1.009,07 e +
$104,05 para a “Loja de Schopping” representam, na prática, que, embora se obtenha
lucro com a “Loja de Rua” , ela não oferece aos investidores a remuneração mínima
aceitável da TMA não se configurando um investimento interessante. Por outro lado a
“Loja de Schopping” oferece um ganho acima da TMA.

5.2.2. Projetos com vidas diferentes:


Também neste caso, duas situações são possíveis: os projetos podem ser
repetidos quando sua vida acabar, ou não podem ser repetidos. Os procedimentos para
cada caso serão expostos a seguir.

5.2.2.1. Projetos com repetição:

Determina-se diretamente os VAUE’s sem necessidade de calcular o mínimo


múltiplo comum das vidas das alternativas.

EXEMPLO 5.14. Calcule a alternativa mais econômica entre as duas mostradas abaixo,
supondo uma TMA = 10 % .a.a. ( Casarotto & Kapitke, 1994).

90 90 64

0 1 2 0 1 3

118 120
Investimento A Investimento B

Solução:

VAUE A = −118( A / P;10%;2) + 90 VAUE B = −120( A / P;10%;3) + 64

0,10.(1 + 0,10) 2
VAUE A = −118. + 90 = 22,00
(1 + 0,10) 2 − 1

0,10.(1 + 0,10) 3
VAUE B = −120. + 64 = 15,75
(1 + 0,10) 3 − 1

5.2.2.2. Projetos sem repetição:

Neste caso, transforma-se um dos fluxos em fluxo equivalente de mesmo


horizonte de tempo do outro, utilizando-se a TMA do investidor.
EXEMPLO 5.15. Resolva o Exemplo 5.5 considerando que os projetos não podem ser
repetidos .

Solução 1: Neste caso , transforma-se o fluxo de dois anos num fluxo equivalente de
três anos.

Cálculo do Valor Uniforme (X):

90 X

0 1 2 0 1 2 3

118 118

Investimento A

O Valor Presente da série de 90,00 deve ser igual ao Valor Presente da série de “X”,
temos:

1 − (1 + 0,10) −2 1 − (1 + 0,10) −3
90 × =X× donde X= 62,8
0,10 0,10
90 62,80

0 1 2 0 1 2 3

118 118

Investimento A

VAUE A = −118( A / P;10%;3) + 62,8

0,10.(1 + 0,10) 3
VAUE A = −118. + 62,8 = 15,4
(1 + 0,10) 3

Como a VAUEB = 15,75, a melhor opção agora é o investimento B.

Solução 2 – Transformando o fluxo de caixa de três anos para dois anos, temos:

64 X

0 1 3 0 1 2

120 120

O Valor Presente da série de 64,00 deve ser igual ao Valor Presente da série de “X”,
temos:

1 − (1 + 0,10) −3 1 − (1 + 0,10) −2
64 × =X× donde X= 91,70
0,10 0,10

VAUE B = −120( A / P;10%;3) + 91,70


0,10.(1 + 0,10) 2
VAUE B = −120. + 91,70 = 22,56
(1 + 0,10) 2

Como a VAUEA = 22,00, a melhor opção agora é o investimento B.

Consideração final: Independente da transformação do fluxo de caixa de dois anos para


três anos ou vice-versa, a decisão será sempre a mesma.

Exercícios de fixação:
1- Dois processos de tratamento de água estão em estudo. Os custos dos mesmos
estão resumidos a seguir:

Item Processo A Processo B


Investimento inicial 100.000,00 140.000,00
Custo anual de manutenção 20.000,00 15.000,00
Renovação dos equipamentos 50.000,00 40.000,00
Duração dos equipamentos 10 anos 11 anos

Faça uma análise econômica dos processos considerando um horizonte de planejamento


infinito e uma TMA de 10% ao ano. Utilize ambos os métodos (VAUE e VP)
Resp.: VPA = 331.373 VPB = 311.585 (Casarotto e Kopitke, 1984)

2- O proprietário de uma pedreira está em dúvida sobre qual o processo mais


econômico de sua propriedade . Pelo processo acelerado ele obteria uma renda
anual de UM 400.000 durante três anos e pelo processo normal a renda anual
seria de UM 250.000 durante seis anos. Ambos os casos a pedreira seria
esgotada e não teria valor residual.Para uma TMA de 15% ao ano, qual a melhor
alternativa? Quanto vale a pedreira para seu proprietário? (Casarotto e Kopitke,
1984)
Resp.: segunda alternativa, UM 946.120,50
3- Uma empresa estuda o lançamento de um novo produto, o que implicará os
seguintes custos:

Compra e instalação do equipamento UM 1.700.000,00


Imposto sobre produtos industrializados 20% sobre o valor de vendas
Outros custos anuais indiretos UM 150.000,00
Custos anuais de M. O. e matéria prima UM 10,00 por unidade

O equipamento poderá ser utilizado por cinco anos no final dos quais terá um valor
residual de UM 200.000,00. O produto deverá ser vendido por 25,00 a unidade. Qual
deverá ser a demanda mínima anual para compensar o investimento a uma TMA de
10% a. a.? (Casarotto e Kopitke, 1984)
Resp.: 56.583

4- Os gastos anuais para operação e manutenção de certo tipo de caminhão são


$.000,00 para o primeiro ano e, sob certas condições específicas de operação que
existem para esta empresa, sofrem um acréscimo de %1.000,00 por ano nos primeiros 5
anos de operação. O custo inicial do caminhão é d $80.000,00. O valor de revenda
estimado para o veículo após 4 anos de uso será de $40.000,00 e, após 5 anos, de
$32.000,00. Considerando-se uma TMA de 20% ao ano, decida, pelo método do
VAUE, qual será a melhor opção: manter o caminhão por 4 ou por 5 anos?
Resp.: VAUE (4 anos) = -30.725,78
VAUE (5 anos) = - 30.090,73

5- Suponha que uma empresa, cuja Taxa de Expectativa (TMA) seja de 25% ao ano,
esteja pensando em adquirir uma nova loja para vender seus produtos. Existem dois
locais prováveis: Região Central e Multishop. Os custos e receitas associados a cada
uma das alternativas podem ser descritos da seguinte forma:

Local Região Central Multishop


Investimento 250.000,00 180.000,00
Vida útil 10 anos 10 anos
Valor residual e de mercado 100.000,00 20.000,00
Receitas anuais 200.000,00 230.000,00
Custos operacionais anuais 160.000,00 180.000,00

Considerando-se os dados propostos, responda:

a) Qual o VAUE de cada alternativa?


b) Qual dos dois locais é o melhor?
c) O investimento deverá ser feito neste local? Justifique.
Resp.: VAUE (central) = -27.010,88
VAUE (Multishop) = 188,38

6- Uma empresa do ramo alimentício, querendo substituir seu sistema de seleção e


processamento de frutas, defronta-se com as sguintes opções:

Estrutura X Y
Custo inicial dos equipamentos 450.000,00 350.000,00
Vida útil 20 anos 10 anos
Valor de revenda no final da vida útil 50.000,00 40.000,00
Despesas anuais de conservaçã 5.000,00 10.000,00

Considerando-se que a taxa de juros pretendida pela empresa seja de 10% ao ano, qual a
melhor alternativa pelo método do VAUE.

Resp.: VAUE (X) = - 56.988,85 ( melhor alternativa)


VAUE (Y) = - 64.451,07

7- Os gastos anuais para operação e manutenção de certo processo produtivo são de


$56.000,00 para o primeiro ano; sob certas condições específicas de operação que
existem para esta empresa, sofrerão um acréscimo de $8.000,00 por ano nos primeiros 6
anos de operação. O custo inicial é de $800.000,00. Seu valor de mercado estimado
após 5 anos será de $420.000,00 e, após 6 anos, de $357.000,00. Sendo a taxa de juros
de 20% ao ano, compare os custos anuais para o processo, sendo vendido após 5 anos e
após 6 anos de uso.
Resp.: VAUE (5 anos) = - 280.196,40
VAUE ( 6 anos) = -276.446,50

8- Como administrador de uma industria, você se deparou com o seguinte problema:


1.Aumentar a produção anual em 40% com um investimento de $480.000,00 em
um novo equipamento, que possui vida útil de 10 anos, valor de revenda de
$80.000,00 ao final da vida útil e com gastos de manutenção de $35.000,00 por
ano.
2. Aumentar a produção em 25% com a aquisição d um equipamento usado, que
custa $120.000,00 e tem vida estimada de 5 anos, ao final dos quais não haverá
valor de revenda, mas cuja manutenção será de $45.000,00.
Sabendo-se que:
- o capital disponível hoje para a compra é de $600.000,00
- a indústria possui reserva de mercado para 40 anos
- a produção atual é de 500.000 unidades por ano
- cada unidade é vendida com margem de lucro de $1,70
- a taxa mínima de atratividade é de 25% ao ano
- a empresa pode gastar anualmente até $150.000,00 com manutenção
- o excedente de capital pode ser investido à mesma TMA
Pergunta-se:
a) Qual equipamento possui menor VAUE, não considerando a receita?
b) Considerando-se o percentual de aumento da produção proporcionado por
tipo de equipamento em comparação com o seu custo, qual a melhor
escolha?
c) Das combinações possíveis de equipamentos , qual delas proporciona maior
lucro? ( Respeitando-se as limitações de capital disponível e de gastos de
manutenção)

5.3. TAXA INTERNA DE RETONO (TIR)

O Método da Taxa Interna de Retorno (TIR) ,( Pilão e Hummel, 2002) é aquele que nos
permite obter a remuneração do investimento em termos percentuais. Em termos
práticos é encontrar a taxa de juros que iguala receitas e despesas na data zero, isto é,
transformando o Valor Atual do investimento em zero.Ao deslocarmos os valores do
fluxo de caixa para a data zero, estamos na verdade, subtraindo daqueles valores os
juros embutidos dede a data zero até seu vencimento efetivo. Se, por exemplo, um valor
de R$ 10.000,00 previsto para vencer daqui a um mês e se submetermos esse valor a
uma taxa de juros qualquer, ao deslocarmos o valor para a data zero
Portanto , para efeito de análise, devemos comparar a TIR encontrada com a
TMA. Se a TIR for maior ou igual à TMA, o investimento deve ser aceito; se for menor,
deve ser recusado.
Para o Método da Taxa de retorno (TIR) existe outro fator que deve ser levado em
consideração quando os investimentos iniciais são diferentes – a questão Incremental,
como veremos a seguir.

EXEMPLO 5.16 – Determinada empresa está estudando a possibilidade de substituir


parte de seu processo produtivo atual por um mais moderno, que permitirá sua operação
por um único empregado, proporcionando uma economia anual de mão-de-obra da
ordem de $15.000,00. Sabe-se que para colocar o novo processo em funcionamento
deverá ser feita a aquisição de uma nova máquina no valor de %60.000,00 , bem como
de equipamentos complementares no valor de $25.000,00. Ambos os desembolsos serão
feitos à vista, na data zero. Se a empresa insistir em um retorno de 15% ao ano,
considerando-se que o processo poderá operar por 15 anos e que após esse período a
máquina poderá ser vendida por $25.000,00, o investimento deverá ser feito? Decidir
pelo método da TIR.

25.000,00

15.000,00

0 1 2 3 13 14 15

85.000,00

Aplicando a TMA de 15% ao fluxo veremos se o investimento vale a pena, com a


determinação do valor atual (VA):

−n 1 − (1 + i ) − n
VA = − P + P(1 + i ) +A
i

1 − (1 + 0,15) −15
VA = −85.000 + 25.000(1 + 0,15) −15 + 15.000 = 5.782,91
0,15

Com o valor atual acima exposto vimos que se trata de um bom investimento pois paga
$5.782,91 a mais que os 15% ao ano pretendidos pela empresa, mas não sabemos ainda
qual a sua remuneração ao período em termos de taxa de juros. Para saber qual a taxa de
juros (TIR) do investimento, deveremos encontrar uma taxa de juros que, deslocando os
valores do fluxo para a data zero, resulte em um VA = 0.

Sabemos que a taxa é maior que 15%, adotando uma taxa de 17% na primeira tentativa,
temos:

−15 1 − (1 + 0,17) −15


VA = −85.000 + 25.000(1 + 0,17) + 15.000 = −2.764,98
0,17

Logo, sabemos que a taxa está compreendida entre 15% e 17%. Fazendo uma
interpolação aritmética, temos:
X 5.782,91
= donde X = 1,353 e a taxa será 15% + 1,353%=16,353%
2 8.547,89

5.782,91

15% 16,353 17%

Se formos refinar mais o nosso cálculo chegaríamos a um valor de 16,31579%, o que é


obtido com uma calculadora financeira ou com o Excel.

5.3.1. Análise incremental:

O critério para análise de viabilidade de um projeto é a comparação da TIR com


a TMA do investidor. Sempre que a TIR for maior do que a TMA, o projeto é viável.
Mas, se um projeto A apresentar uma TIR maior do que um projeto B (TIRA > ou
=TIRB), não significa necessariamente que o projeto A é melhor do que o projeto B. Na
comparação entre diversas alternativas deve-se fazer uma análise incremental.
A análise incremental consiste em determinar a TIR do fluxo de caixa do projeto
incremental, obtido pela diferença entre o projeto que exige o maior investimento e o
projeto que necessita de menos recursos. O projeto que exige mais recursos será melhor
do que o outro somente se a TIR do projeto incremental for maior do que a TMA do
investidor.

EXEMPLO 5.17. Usando o método da TIR, determine qual o melhor investimento.


Faça a análise incremental. A TMA do investidor é de 6 % a.a. ( Casarotto & Kopitke.
1994).
3.116,00 1.628,00

0 1 10 0 1 10

20.000,00 10.000,00
Investimento A Investimento B

Solução:
-20.000+3.116(P/A;TIR;10) = 0 -10.000+1.628(P/A;TIR;10)

(1 + TIR )10 − 1 (1 + TIR )10 − 1


− 20.000 + 3.116. =0 − 10.000 + 1.628. =0
TIR.(1 + TIR )10 TIR.(1 + TIR )10

TIR A = 9%a.a. ≥ TMA viável TIRB = 10%a.a ≥ TMA viável

VPL(TMA=6%) A = 2.933 VPL(TMA ¨ =6%) B = 1.982

A TIR do investidor A é menor do que a TIR do investimento B, porém VPL do


investimento A é maior do que o VPL do investimento B. Como o método de Valor
presente liquido e o método da taxa interna de retorno são equivalentes, devem conduzir
ao mesmo resultado, ou seja, os dois métodos devem apontar ao mesmo investimento
como sendo o melhor dos dois.
A aparente contradição entre os VPLs e TIRs calculados pode ser resolvido pela
análise incremental. Nesta análise é determinada a TIR de um investimento fictício,
obtido tomando-se o fluxo de caixa do investimento maior e diminuindo-se dele o
fluxo de caixa do investidor menor.

1.488 (3.116 – 1.628)

0 1 10

10.000 (20.000-10.000)
Projeto incremental (A-B)
Então:
-10.000+1.488(P/A;TIR;10) = 0

(1 + TIR)10 − 1
− 10.000 + 1.488.
TIR.(1 + TIR)10 = 0

TIR( A− B ) = 8% a.a ≥ TMA viável

Se a empresa optasse por investir em B, teria que aplicar o saldo num projeto que
rendesse 8 % a.a. para equivaler ao projeto A. Como a outra alternativa que a empresa
tem é investir a TMA ( 6 % a.a.) , sua melhor opção é investir em A. Investir em A,
neste caso , traz um retorno equivalente a investir em B e no projeto incremental ( A-B).

EXEERCICIO 5.18 – A Companhia Distribuibem S/A está estudando a possibilidade


de adquirir um entre os três processos de distribuição a seguir, que lhe foram oferecidos.
Decida-se pelo melhor meio do Método da Taxa de Retorno, considerando-se: uma
TMA de 6% ao ano, um horizonte de tempo para análise perpétuo e que, embora
companhia tenha disponibilidade de recursos para adquirir qualquer dos três processos,
só irá implantar um.

Itens Processo A Processo B Processo


Investimento inicial 130.000,00 200.000,00 100.000,00
Receitas líquidas 13.800,00 18.000,00 11.200,00
Vida útil infinita infinita Infinita

Solução:
Se não levássemos em consideração que estamos lidando com investimentos diferentes,
portanto heterogêneos, e passássemos a analisa-los apenas pela TIR, teríamos:

ProcessoA:

13.800,00

0 1

130.000,00

VA= -130.000,00 + 13.800,00=0


Lembrando que o conceito de Capitalização Infinita pressupõe que o valor de
$13.800,00 referente às parcelas de receitas anuais constitui apenas juros, já que a
capitalização infinita não prevê o pagamento do principal, teremos:
TIRA = 13.800,00/ 130.000,00=0,106138 ou 10,61538% a. a.

Processo B:

18.000,00

0 1

200.000,00

VA= -200.000,00 + 18.000 =0

TIRB = 18.000,00/ 200.000,00=0,09 ou 9% a.a.

Processo C:

11.200,00

0 1

100.000,00

VA = -100.000,00+ 11.200,00=0

TIRC = 11.200,00/ 100.000,00=0,112 ou 11,2% a.a.

Como os investimentos iniciais são diferentes não podemos comparar as TIR’s obtidas,
obrigatoriamente devemos utilizar a Taxa de Retorno Incremental, com segue:

Obs.:
Devemos ordenar de maneira crescente, em função dos investimentos iniciais, todas as
alternativas de ação existentes.
Encontrar a TIR da alternativa que possua o menor investimento iniciale:
- Se a TIR encontrada for menor que a TMA, rejeitar o investimento e analisar, ainda
pelo Método da TIR , a alternativa de ação seguinte, e assim sucessivamente, até que
alguma delas seja aceita.
- Se a TIR encontrada for maior ou igual à TMA , aceitar o investimento e analisar a
viabilidade de se fazer a mudança desse investimento para aquele que, por ordem
crescente de investimento inicial, constituir-se como o investimento seguinte,
analisando-se a mudança em função do incremento de investimento necessário à sua
implantação e do incremento de receita que possibilitará a mudança, ou seja, calcular a
taxa de retorno incremental (TRI)
- Agir da mesma maneira com relação à TRI, ou seja, calcular a TRI, comparar com a
TMA; se TRI<TMA, rejeitar a mudança e analisar a viabilidade da mudança desta
opção para a alternativa de ação seguinte; se a TRI>ou= TMA, aceitar a mudança e
analisar a viabilidade de se mudar desta nova posição assumida para a alternativa de
ação seguinte. E assim sucessivamente, até que se esgotem as alternativas de ação
possíveis.

Temos por ordem crescente de investimento inicial: “C”, “A”, “B” :

A mudança do investimento “C”, que possui o menor investimento inicial , para o


investimento “A”, que possui o segundo menor investimento inicial, pressupõe que
tenhamos que investir um incremento de $30.000,00, para que possamos receber
$2.600,00 a mais por ano durante infinitos períodos, já que a mudança irá gerar um
incremento de receitas dessa ordem. Portanto a TRI de C para A, que nada mais é que a
TIR do incremento, que será:

C>>>A

2.600,00

0 1

30.000,00

Para VA=0 temos TRI=TIR

TIR(C>>A) = 2.600,00/30.000,00=0,08667 ou 8,667%

Como a TRI>TMA o investimento do incremento interessa, a mudança se justifica. Para


otimizarmos o ganho, a mudança deve ser feita, pois embora o investimento “A” pague
10,61538% a.a., contra uma remuneração de 11,2% prevista para o investimento “C”,
para a companhia o investimento é mais interessante que o “C”e deve ser a opção da
empresa até que analisemos a viabilidade de mudança de A>>B.

A>>B
4.200,00

0 1

70.000,00

TIR(A>>B) = 4.200,00/70.000,00=0,06 ou 6%

Como a TRI é exatamente igual a TMA a mudança se justifica, embora todas as três
alternativas de ação sejam interessantes, como são mutuamente excludentes, pelos
cálculos ficou demonstrado que a melhor delas é a alternativa “B”.
Vale ressaltar que a alternativa “B”, escolhida como melhor, paga uma taxa de juros
anual de 9%, contra 10,6153% ao ano oferecida por “A” e 11,2% ao ano por “C”.
É fácil justificar esta decisão. Quando afirmamos que iremos optar pela alternativa “B”
estamos na verdade, afirmando que embora como um todo seremos remunerados a uma
taxa de 9% ao ano sobre os $200.000,00 investidos em “A”, seria como se sobre
$100.000,00 desses $200.000,00 estivéssemos recebeno 11,2% a.a., sobre $30.000,00
dos $200.000,00 8,667% a.a. e sobre os $70.000,00 restantes, 6% a.a., que montariam,
dessa forma, aos 9% .a. propostos pelo investimento.

5.3.2. Intersecção de Fischer.

A TIR do investimento incremental identifica a taxa para qual o VPL deste


investimento é nulo.

Como Invest ( incremental) = invest ( maior-menor) = invest maior – invest


menor

Então VPL(incremental) = VPL ( maior-menor) = VPL maior – VPL menor

Ou VPL maior = VPL menor + VPL (maior-menor)

Quando VPL (maior-menor) = 0

Tem-se que VPL maior = VPL menor

Num gráfico VPL x TMA, o ponto no qual as curvas de dois investimentos se


cruzam , é denominado de Interseção de Fisher ( figura 5.1). Este ponto identifica a taxa
para qual os VPLs dos dois investimentos são iguais. Assim, a interseção de Fischer é
dada pela taxa para qual o VPL do investimento incremental é nulo, ou seja, pela TIR
do investimento incremental.
VPL

B
A

Intersecção de Fischer

VPLA=VPLB

7 8 9 10 taxas

Escolher A Escolher B

Figura 5.1. Intersecção de Fischer.

No exemplo 5.17 a interseção de Fischer é dada pela taxa de 8 % a.a.. Para


investidores que tenham uma TMA menor do que esta taxa , o investimento A é melhor
, para investidores que tenham uma TMA menor do que esta taxa, o investimento A é
melhor, para investidores que tenham uma TMA maior do que 8 %, B é a melhor opção
de investimento, conforme mostrado na Figura 10.1.

5.3.3. Projetos com vidas diferentes.

Na aplicação do método da taxa interna de retorno, quando compara-se dois


projetos que tenham vidas diferentes , o procedimento a adotar é o mesmo que para o
método do Valor Presente:
a) Projetos com repetição: utiliza-se como horizonte de planejamento o
mínimo múltiplo comum das vidas dos dois projetos.
b) Projetos sem repetição: calcula-se diretamente as TIRs de cada
investimento.

Obs.: Nos dois casos, deve-se fazer a análise incremental.

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