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3.

O que é dinâmica/técnica de grupo, enquanto psicoterapia

Enquanto as dinâmicas de grupo referem-se ao fluxo e à interação entre os membros


de um grupo e é influenciada por fatores como a comunicação, as relações interpessoais, os
papéis desempenhados pelos participantes, as normas do grupo e os objetivos comuns
(compreender as dinâmicas de grupo é essencial para facilitadores, líderes de grupo e
profissionais que buscam criar um ambiente positivo e produtivo). As técnicas de grupo são
métodos específicos utilizados para atingir objetivos determinados no contexto grupal. Elas
podem incluir exercícios, jogos, discussões estruturadas, simulações entre outras atividades. O
propósito das técnicas de grupo varia, desde promover a coesão do grupo até explorar
questões emocionais, resolver conflitos, desenvolver habilidades sociais ou atingir metas
educacionais e terapêuticas (Robbins, 2005).

Em âmbito de desenvolvimento teórico, Jacob Levy Moreno, precursor das


intervenções grupais, enfatiza a importância da interação social e do papel do terapeuta como
catalisador de mudanças (Moreno, 1975). De acordo com Kurt Lewin, a dinâmica de grupo
permite a compreensão e transformação de padrões comportamentais por meio da
experimentação e da reflexão coletiva (Lewin, 1947). Já Carl Rogers, contribuiu
significativamente para a compreensão das dinâmicas de grupo, destacando a necessidade de
um ambiente terapêutico empático e genuíno (Rogers, 1981). Nas palavras de Rogers, "o
grupo é um microcosmo da sociedade, um campo de crescimento interativo" (Rogers, 1981, p.
112).

3.1. Como surgiram as dinâmicas de grupo

O surgimento das dinâmicas de grupo remonta às contribuições de teóricos que


moldaram essa abordagem terapêutica. Jacob Levy Moreno, considerado o pai do psicodrama,
é uma figura central nesse contexto. Moreno introduziu o conceito de psicodrama na década
de 1920, enfatizando a importância da expressão espontânea e da dramatização como formas
de explorar questões psicológicas em um contexto grupal (Moreno, 1975). Sua visão pioneira,
centrada na utilização do grupo como um espaço dinâmico para a expressão criativa e a
exploração psicológica, estabeleceu as bases para o desenvolvimento posterior das dinâmicas
de grupo.

Kurt Lewin, psicólogo social, também desempenhou um papel crucial no


desenvolvimento das dinâmicas de grupo. Na década de 1940, Lewin propôs a ideia de que
grupos sociais poderiam ser estudados como sistemas dinâmicos, com a introdução de suas
teorias sobre a mudança social e a dinâmica de grupo (Lewin, 1947).

Carl Rogers, por sua vez, contribuiu com sua abordagem centrada na pessoa,
destacando a importância do ambiente terapêutico para o crescimento individual. Rogers
enfatizou a necessidade de um clima psicológico seguro e de apoio, fornecendo a base para a
utilização das dinâmicas de grupo como ferramentas terapêuticas (Rogers, 1981).

A convergência dessas influências teóricas proporcionou o terreno fértil para o


desenvolvimento e a evolução das dinâmicas de grupo, que, ao longo do tempo, se tornaram
uma abordagem consolidada na psicoterapia grupal, abrindo caminho para uma compreensão
mais profunda das interações humanas e do potencial terapêutico inerente às experiências
compartilhadas em um contexto grupal.
3.2. Pioneiros das dinâmicas de grupo no Brasil

O desenvolvimento das dinâmicas de grupo no Brasil foi marcado por figuras


proeminentes que desbravaram o cenário da psicoterapia grupal, introduzindo inovações
significativas e contribuindo para a consolidação dessa abordagem terapêutica no contexto
brasileiro. Entre os pioneiros, destaca-se Nise da Silveira, notável psiquiatra brasileira,
desempenhou um papel revolucionário ao integrar as dinâmicas de grupo em suas práticas
terapêuticas. Em seu trabalho no Hospital Pedro II, no Rio de Janeiro, Nise adotou abordagens
inovadoras para o tratamento de pacientes psiquiátricos. Sua experiência culminou na criação
do Museu de Imagens do Inconsciente, onde os pacientes podiam expressar suas emoções e
conflitos internos por meio de atividades artísticas, proporcionando uma abordagem
terapêutica única que valorizava a criatividade como ferramenta de expressão e cura (Silveira,
2002). O filme "Nise: O Coração da Loucura" (2015) retrata sua história e sua luta contra
métodos tradicionais de tratamento psiquiátrico.

Outro precursor fundamental foi Wilfred Bion, psicanalista britânico cujas ideias
influenciaram psicoterapeutas brasileiros na década de 1950. Bion introduziu conceitos como
"grupo operativo", inspirando profissionais a explorar as dinâmicas grupais como ferramenta
terapêutica. Essa abordagem ganhou destaque com o trabalho de Pichon-Rivière, psiquiatra
argentino cuja teoria do grupo operativo se difundiu no Brasil, contribuindo para a formação
de terapeutas grupais.

Nos anos seguintes, os ensinamentos de Jacob Levy Moreno, criador do psicodrama,


também encontraram solo fértil no Brasil. Moreno influenciou diversos profissionais na
aplicação das dinâmicas de grupo, estimulando a utilização do teatro e da dramatização como
meios terapêuticos. O trabalho de Moreno foi essencial para a expansão das dinâmicas de
grupo em contextos clínicos e comunitários.

Bibliografia

MORENO, J. L. Psicodrama. 10. edição. São Paulo: Cultrix, 1975.

LEWIN, K. Resolving Social Conflicts. Harper & Row, 1947.

ROGERS, C. Um Jeito de Ser. 13. edição. São Paulo: Martins Fontes, 1981.

BECK, A. T. et al. Terapia Cognitivo-Comportamental e a Emoção. Porto Alegre: Artmed,


1997

ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice


Hall, 2005.

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