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PSICOLOGIA

SOCIAL

Daiane Duarte Lopes


O estudo dos pequenos
grupos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar as teorias que contribuem para o estudo e a compreensão


dos pequenos grupos.
„„ Reconhecer as influências teórico-metodológicas e comunicacionais
nos pequenos grupos.
„„ Analisar como os processos grupais se desenvolvem nos pequenos
grupos.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os pequenos grupos, como eles se ar-
ticulam e se desenvolvem conforme os processos grupais específicos e
as suas características. Primeiramente, você vai acompanhar as teorias
que contribuem para o estudo e a compreensão dos pequenos grupos,
além de se apropriar de dados sobre os autores que, com base em seus
conhecimentos, desenvolveram um ampliado panorama sobre o fun-
cionamento dos pequenos grupos.
A seguir, você compreenderá os diversos atravessamentos propor-
cionados por influências teórico-metodológicas e comunicacionais nos
pequenos grupos, conhecendo as bases que fundamentaram os olhares
teóricos científicos sobre os pequenos grupos. Por fim, você também
vai analisar como os processos grupais se desenvolvem nos pequenos
grupos, considerando suas características e especificidades.

Teorias sobre os pequenos grupos


O estudo dos pequenos grupos foi desenvolvido a partir da contribuição das
teorias de diversos autores, como Bion, Lewin, Moreno, Pichon-Rivière,
2 O estudo dos pequenos grupos

Seminotti, entre outros, embora nem sempre nos estudos desses autores o foco
principal estivesse nos pequenos grupos propriamente. Tais autores pesquisadores
oportunizaram uma ampliação na concepção de pequenos grupos, inserindo
conhecimentos advindos de uma diversidade de teorias, entre as quais estão
as teorias psicanalítica, gestáltica, humanista, psicossociológica, cognitivista-
-comportamental, psicodramática, entre outras (SEMINOTTI, 2016).
Cada autor, a partir da sua linha contextual, aprofundou suas pesquisas na
busca pela formulação de teorias e ampliação dos conhecimentos que acabaram
por contribuir significativamente para as teorias sobre os pequenos grupos.
Os estudos desses autores conceberam uma sistemática de organizadores
psicológicos para os pequenos grupos, como idealizações e fantasias indivi-
duais e coletivas, representações, configurações psíquicas, representatividade
e a imagem de si no mundo no qual o sujeito habita e as possibilidades que o
pequeno grupo o projeta (SEMINOTTI, 2016).
Para Wilfred Bion (1897-1979), cada grupo possui sua própria mentalidade,
atuando de maneira conjunta como uma única unidade a partir de uma atividade
mental coletiva, o que pode gerar conflito quando essa unidade se depara com
aspectos individuais dos componentes do todo grupal. Bion (1970) refere que
os grupos atuam em níveis simultâneos opostos e interativos, como nos grupos
que funcionam como grupos de trabalho, nos quais o grupo está focado em
uma tarefa e todos os membros atuam a partir de aspectos conscientes.
Bion (1970) fez referência em seus estudos a dois outros aspectos sig-
nificativos para a compreensão do funcionamento dos pequenos grupos, o
conceito de valência e os supostos básicos grupais. Valência, para Bion (1970),
diz respeito à disposição individual de cada componente grupal para fazer
combinações com os demais membros e contribui fortemente para a análise
da coesão grupal.
Os supostos básicos ou pressupostos básicos, o autor, atuam de maneira
inconsciente como mediadores do funcionamento grupal com base em três
maneiras: dependência; luta e fuga; e acasalamento. A dependência é uma
característica em que o grupo elege um líder que possa ofertar proteção, se-
gurança e contribuir material ou afetivamente. A luta e a fuga dizem respeito
a movimentos nos quais o grupo luta contra uma possível rejeição ou foge
dela. No acasalamento ou pareamento, o grupo acredita e cultiva esperanças
de que uma pessoa, acontecimento ou ideia poderá “salvá-lo” e dissipar toda
e qualquer dificuldade (BION, 1970).
Kurt Lewin (1890-1947) fez referência, em seus estudos, à estrutura di-
nâmica dos grupos, o que contribui para o entendimento do funcionamento
dos pequenos grupos. Assim, ainda na década de 1940, Lewin colabora para
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a compreensão dos pequenos grupos propondo que cada grupo possui uma
estrutura própria, com objetivos e relacionamentos estabelecidos com outros
grupos. Para Lewin (1948), a essência de um grupo não é a semelhança ou
a diferença entre seus membros, mas sua interdependência. Nesse sentido,
o sujeito é visto, de acordo com as teorias de Lewin (1948), como função
do grupo e seu comportamento é visto como resultante da dinâmica grupal.
Jacob Levy Moreno (1892-1974) criou o psicodrama e inaugurou o termo
psicoterapia de grupo, contribuindo para a compreensão dos pequenos grupos
dispondo, em um palco, as atenções, a cena, o cenário e a atuação de papéis,
possibilitando a constituição de um organizador expressivo (MORENO 1972).
Enrique Pichon-Rivière (1907-1977) realça a tarefa como ferramenta cons-
tituinte do funcionamento grupal e contribui acentuadamente para a compre-
ensão dos pequenos grupos com suas teorias sobre os grupos operativos, nos
quais, a partir da tarefa, os membros se reúnem e possibilitam um ambiente
de trocas e crescimento mútuos. Pichon-Rivière (1988) insere para os estudos
dos grupos o conceito de porta-voz, com o qual o sujeito atua de maneira a
anunciar ou denunciar os conteúdos latentes da grupalidade.
Nedio Seminotti (2001) discute sobre organizadores do pequeno grupo, tais
como: a tarefa do grupo, os papéis, as lideranças, as comunicações, os padrões
de relações, o enquadramento e a coordenação do grupo. O enquadramento e
a coordenação organizadores são formalmente instituídos, enquanto os demais
organizadores tendem a ser informais e a constituir a singularidade de cada
grupo em seu momento presente.
A diversidade de teóricos que contribuíram e ainda contribuem para uma
concepção mais ampla, baseada em uma honesta compreensão acerca dos
processos que constituem os pequenos grupos, levou em conta, significati-
vamente, a característica mais proximal e pessoal dos pequenos grupos. Nos
pequenos grupos, conforme Seminotti (2001), oportuniza-se que os sujeitos
possam ver-se e ouvir-se simultaneamente, conhecendo e se reconhecendo em
suas singularidades e diversidades devido ao número reduzido de participantes.

Embora os pequenos grupos atuem em contextos similares aos dos grandes grupos,
seu funcionamento e efetivação são singulares. Nos pequenos grupos, os componentes
conseguem desenvolver uma relação mais íntima e direta, sendo motivados por processos
internos, como, por exemplo, em grupos de atenção, promoção e prevenção em saúde.
4 O estudo dos pequenos grupos

Influências teórico-metodológicas e
comunicacionais nos pequenos grupos
Ao longo do desenvolvimento do grupo, cada sujeito, com suas particularidades,
identifica-se com esse grupo de maneiras diversas. O funcionamento do grupo
acaba por refletir em âmbitos e contextos para além do movimento e enquadre
grupal, podendo estender-se na vida profissional, social, afetiva e espiritual
de maneira individual e única em cada membro do grupo. O grupo infere no
sujeito tanto quanto é inferido por ele. Nos pequenos grupos, essa relação
flui de maneira ainda mais estreita, sensível e ágil devido a características
proximais e comunicacionais específicas e ainda de acordo com as influências
teórico-metodológicas que os conduzem (ZIMERMANN, 1993).
Muitas abordagens teóricas contemplaram o estudo dos pequenos grupos,
dentre as quais se destacam as teorias psicanalíticas, a gestáltica, a humanista,
a psicossociológica, a cognitivista-comportamental e a psicodramática. Além
disso, cada uma dessas teorias, de acordo com o contexto histórico e com o
interesse dos estudiosos pesquisadores, desenvolveu metodologias específicas
para os pequenos grupos (SEMINOTTI, 2016).
Os pequenos grupos, sob a perspectiva teórico-metodológica psicanalí-
tica, constituem-se como grupos de análise construídos a partir de um mo-
delo conceitual que tece o grupo como um objeto próprio de investigação,
diferenciando-se ao mesmo tempo em que é transpassado por representações
individuais dos seus componentes. Segundo Bion (1970), um dos principais
autores dessa perspectiva, o grupo não se constitui como mera soma dos
membros do grupo, de modo que o sujeito carrega, em si mesmo, um grupo,
um todo grupal ou a soma da expressão de grupos (BION, 1970).
Com inspirações da abordagem psicanalítica, a teoria da Gestalt compreende
os pequenos grupos em uma representação ampla e singular, concomitantemente
referindo que o todo é mais do que a soma das partes (PICHON-RIVIÈRE,
1988). Essa perspectiva teórico-metodológica discute sobre grupos operativos,
que, ainda que focados em uma tarefa específica, estão comprometidos com
desenvolvimento emocional, afetivo e na promoção da autonomia (LEWIN,
1948). Entre os autores que mais produziram sob a luz da perspectiva da Gestalt
estão Pichon-Rivière e Lewin.
A perspectiva humanista ou fenomenológico-existencial compreende o
sujeito como pessoa e como destino de si mesmo, contemplando o pequeno
grupo em permanente construção, em uma concepção dos sujeitos/pessoas
como um conjunto de potencialidades, com capacidade de autorregulação e
autoatualização. E é essa perspectiva, de autorregulação e autoatualização, que
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vai conduzir o pequeno grupo como um organismo, como totalidade biopsíquica


integrada (GUERRA, 2006). Nesse sentido, destaca-se Carl Rogers, autor que
desenvolveu consideráveis contribuições para a compreensão de grupos sob
a perspectiva humanista.
A psicossociologia, ancorada nos conhecimentos da sociologia, inseriu a
perspectiva de que, nos pequenos grupos, pode ser identificada uma instância
para além da visível, uma instância oculta, que reflete um campo de forças
com dimensões institucionais e sociais em permanente constituição dialética
(BERGER; LUCKMANN, 1985). Entre os principais colaboradores dessa
perspectiva estão Emile Durkhein e Georges Lapassade.
A abordagem teórico-metodológica da teoria cognitivista-comportamental
é uma das mais comumente utilizadas no manejo e na condução de pequenos
grupos. A perspectiva cognitivo-comportamental utiliza a psicoeducação a
partir do compartilhamento de experiências, buscando reduzir a atuação de
crenças disfuncionais e melhorar a funcionalidade psicossocial nos domínios
da autonomia e dos relacionamentos interpessoais. Visa promover a construção
da autogestão das consequências de um comportamento na construção de
crenças, valores, sentimentos e na repercussão destes na vida de cada sujeito
(BERGER; LUCKMANN, 1985).
A perspectiva psicodramática visa ampliar o estado de consciência dos
sujeitos com base no desenvolvimento da espontaneidade, de modo que os
pequenos grupos são o palco principal para sua fluidez e conduzem a um
estado de ampla consciência grupal. Sob essa abordagem, os fenômenos
psíquicos revelam-se flexíveis e inovadores, sendo-lhes conferida a qualidade
de momentaneidade. Nos pequenos grupos, o caráter transformador do ato
espontâneo garante ao sujeito sua condição de criador, possibilitando-lhe
alterações e ressignificações em sua relação com o mundo (MORENO, 1972).
Jacob Moreno foi o principal promovedor dessa teoria.
Nos pequenos grupos, os aspectos comunicacionais atuam como fio
condutor, de maneira que se torna importante compreender a comunicação
enquanto instância de acolhimento. Nesse sentido, a comunicação deixa de
ser compreendida de maneira restrita, como sinônimo de informação, sendo
concebida, também, como processo decorrente do encontro (ZIMERMAN;
OSORIO, 1997).
Os aspectos comunicacionais circulam como processos articuladores,
conduzindo percepções, interpretações, racionalizações, invenções e lógicas
acionadas, muitas vezes, assumindo um caráter transferencial e de trocas a par-
tir dos encontros, implicando reinterpretações e novas percepções (GUERRA,
2006).
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Os pequenos grupos são constituídos por pessoas com um objetivo comum, existindo
no cotidiano como uma estratégia coletiva para a sistematização e resolução de
problemas, promovendo reflexões, trocas e aprendizagens. Seminotti (2016) destaca
características comumente constatadas no funcionamento dos pequenos grupos, tais
como a presença de um facilitador ou coordenador; ser constituído por um número
reduzido de pessoas, não menos que quatro e no máximo doze; disponibilizar-se em
formato circular, possibilitando que todos os membros se vejam e se ouçam simulta-
neamente; ser constituído para um fim específico e com determinado regramento;
entre outros.

Processos grupais nos pequenos grupos


Um processo grupal se refere à maneira como um grupo se comporta, como
se organiza, com quais objetivos e perspectivas. No pequeno grupo, existem
especificidades a serem levadas em consideração para a compreensão de seu
processo: as motivações individuais que levaram ao encontro entre os membros
que compõem os pequenos grupos e a pessoalidade ofertada pela proximidade
entre esses membros se destacam como fatores principais para a configuração
dos processos grupais nos pequenos grupos (SEMINOTTI, 2016).
Nos pequenos grupos, cada membro tem sua identidade conhecida, de
maneira que são explicitadas características específicas de identificação, como
nome, sobrenome, profissão e motivação individual para a participação no
grupo. Com potencial para a auto-organização, o pequeno grupo se constitui
por meio de trocas constantes com o ambiente e com os demais membros
do grupo e, dessa forma, com base na circulação das informações, ocorre
o desenvolvimento de processos internos em cada membro (ZIMERMAN;
OSORIO, 1997).
Os processos grupais característicos nos pequenos grupos são movidos
por singularidades e diversidades dos sujeitos a partir das inter-relações.
De acordo com Berger e Luckmann (1985), o sistema de funcionamento do
pequeno grupo atua em meio às relações produzidas, gerando processos de
organização, desorganização e reorganização, assim como de subjetivação e
sujeição e de ordem e caos.
Conforme Zimerman (1993), as relações dos sujeitos caracterizam uma
organização que possibilita contorno ao processo grupal, afirmando uma
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interdependência entre os componentes do pequeno grupo e definindo, dessa


maneira, uma relação de compromisso baseada em valores, objetivos e normas
construídas coletivamente, e, ainda assim, respeitando a singularidade e a
identidade do processo do pequeno grupo.
No pequeno grupo, as ações, as inter-relações e os recursos implica-
dos da organização grupal resultam em uma cultura própria e específica
de cada grupo. O tempo para os movimentos de mudanças, organização,
subjetivação, construção e desconstrução é produzido conforme uma rede
de sistemas interdependentes, construídos a partir das relações desenca-
deadas pelo processo grupal no pequeno grupo. Tais relações possibilitam
a coexistência de noções antagônicas, concorrentes e, ao mesmo tempo,
complementares sobre um determinado movimento grupal (SEMINOTTI;
LONDERO; BORGES, 2004).
Dessa maneira, os sujeitos que compõem um pequeno grupo e a socie-
dade, os sujeitos e o grupo, estabelecem uma relação de interdependência,
produzindo-se na transversalidade de diferentes lógicas (GUERRA, 2006).
Igualmente, o desenvolvimento individual ocorre de maneira mais fluídica
e singular dentro dos pequenos grupos, pois o grupo produz os sujeitos da
mesma forma em que é produzido por ele.
Desse modo, conforme Berger e Luckmann (1985), a proximidade entre os
componentes dos pequenos grupos os define como singular – característica que
é composta mediante a produção de ações com caráter sistêmico. Permite-se,
assim, a problematização e o reconhecimento das diferenças nas relações,
articulações e interlocuções entre os sujeitos que compõem o pequeno grupo e
se possibilita que o pequeno grupo apresente sua singularidade para o sistema
social em um movimento de ampliação das aprendizagens e trocas, criando
espaços para a conscientização de demandas sociais.

Na atualidade, podemos acompanhar a criação de dias instituídos para a conscien-


tização e discussão de demandas sociais, tais como: dia azul, para a conscientização
sobre as condições das pessoas com transtornos do espectro autista, ou dia lilás, para
a conscientização sobre as condições das pessoas com epilepsia. Esses dias para a
conscientização foram criados a partir da formação de pequenos grupos de portadores
de tais patologias e familiares que, a partir de sua união, puderam estabelecer suas
demandas e levá-las para outras instâncias da sociedade, objetivando a promoção
e a conscientização.
8 O estudo dos pequenos grupos

BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1985.


BION, W. R. Experiências com grupos: os fundamentos da psicoterapia de grupo. Rio
de Janeiro: Imago, 1970.
GUERRA, I. Participação e acção colectiva: interesses, conflitos e consensos. Estoril:
Principia, 2006.
LEWIN, K. Problemas de dinâmica de grupo. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1948.
MORENO, J. L. Psicodrama. 2. ed. Buenos Aires: Hormé, 1972.
PICHON-RIVIERE, E. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
SEMINOTTI, N. O grupo como ambiente de fomento e enterro dos sonhos. In: ENCON-
TRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA SOCIAL. 11., 2001, Florianópolis.
Anais... Belo Horizonte: ABRAPSO, 2001.
SEMINOTTI, N. (Org.). O pequeno grupo como um sistema complexo: uma estratégia
inovadora para produção de saúde na Atenção Básica. Porto Alegre: Rede UNIDA, 2016.
SEMINOTTI, N.; LONDERO, J.; BORGES, B. O grupo como organizador do ambiente de
aprendizagem. Revista Psico USF, v. 9, n. 2, p. 181-189, 2004. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S1413-82712004000200009&script=sci_abstract&tlng=pt>.
Acesso em: 30 maio 2018.
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos básicos das grupoterapias. Porto Alegre: Artes Médicas,
1993.
ZIMERMAN, D. E.; OSORIO, L. C. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1997.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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