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Plano de Urbanização de Almada Nascente

Guia de Desenho Urbano

ATKINS SANTA-RITA RICHARD ROGERS


arquitectos LDA partnership
Histórico do Documento

Trabalho/Proposta Nº JRB0420-003 Refª do Documento: GuiaDesenhoUrbano_Ago09

Revisão Descrição Editado Verificado Autorizado Data


PU - Almada Nascente
1 Guia de Desenho Urbano
27-02-06
Proposta de Plano

PU - Almada Nascente
2 Guia de Desenho Urbano 30-01-09

PU - Almada Nascente
Agosto
3 Guia de Desenho Urbano
2009

3
4
Guia de Desenho Urbano

1.0 Introdução............................................................................................................7

2.0 Visões e Aspirações.............................................................................................11

3.0 Ilustração do Plano..............................................................................................12

4.0 Princípios de Desenho Urbano ...........................................................................14

5.0 Estratégias ..........................................................................................................20

6.0 Guia de Desenho Urbano.....................................................................................30

• Praça Lisnave ..........................................................................................30

• Praça do Tejo ...........................................................................................36

• Docas e Canais ........................................................................................42

• Mutela ......................................................................................................50

• Praça da Cova da Piedade ......................................................................56

• Cacilhas ...................................................................................................62

7.0 Adenda ........................................................................................................70

Índice
6 Introdução
A elaboração do Estudo de Caracterização Geológica, Ambiental e Geotécnica (ECAGG) e do
Plano de Urbanização de Almada Nascente (PUAN) foi atribuída ao consórcio Atkins, Richard
Rogers partnership e Santa-Rita Arquitectos pelo município de Almada com o objectivo de criar
um desenvolvimento urbano ribeirinho, sustentável e exemplar, no contexto de uma estratégia
global para a Área Metropolitana de Lisboa.

Os vários documentos do PUAN integram os conteúdos formais deste tipo de instrumento.


Confirmam os objectivos de criar uma nova comunidade multifuncional e incluem um conjunto
de definições chave relativas a infra-estruturas e equipamentos que determinarão o futuro
do Plano. Para suportar a sustentabilidade da solução urbana, o PU define ainda estratégias
relativas a transporte público e infra-estruturas energéticas, de abastecimento de água e
drenagem.

Para complementar o PU, o consórcio desenvolveu um conjunto de documentos com vista a


fornecer indicações para o desenvolvimento futuro da nova área urbana de forma a contribuir
para a sustentabilidade, sucesso e vitalidade deste processo de urbanização. Estes incluem
o próprio ECAGG, avaliações ambientais, objectivos para as componentes energia, água e
resíduos, paisagem e ecologia bem como as análises financeiras do projecto.

O presente documento, o Guia de Desenho Urbano, cobre aspectos como a hierarquia espacial,
a multifuncionalidade e o tratamento do espaço público, dando igualmente indicações relativas
à volumetria e imagem do edificado bem como considerações relativas aos espaços privados
exteriores. Pretende definir, de forma escrita e gráfica, os critérios chave a observar durante
o desenvolvimento das diferentes zonas do Plano. Estes critérios devem ser entendidos
como orientações e, caso se verifiquem contradições com os documentos centrais do Plano,
nomeadamente o Modelo de Gestão Urbanística, nunca se poderão sobrepor a eles.

Esta versão do Guia evidencia a evolução que se registou ao longo do processo de concertação
em torno das propostas de ocupação e desenho urbano. Efectivamente, contêm uma parte
central que traduz a revisão da solução base proposta em 2005 à qual se acresce uma adenda
que ilustra as alterações integradas na fase final do processo de elaboração do Plano de
Urbanização.

O Plano será desenvolvido ao longo de um período alargado de tempo e a sua concretização deve
assegurar alguma flexibilidade, admitindo desenvolvimentos compatíveis com ajustamentos às
dinâmicas de mercado. Assim, pretende-se com este Guia estabelecer as bases de referência
para o processo de planeamento e gestão urbanística da responsabilidade dos serviços
municipais. A intenção não é limitar a expressão arquitectónica mas assegurar a coerência e
consistência da globalidade do Plano durante o seu processo de preenchimento.

Note-se, no entanto, que o futuro sucesso deste desenvolvimento dependerá também do


enquadramento governamental e municipal em termos de investimento público no domínio dos
transportes públicos e infra-estruturas de acessibilidade.

Introdução 7
Lisboa

Tejo Rio Tejo


Almada

Barreiro
Seixal

Área Ribeirinha da AML Sul

8 Introdução - Localização
LISBOA

km
10

No
va
Montijo

Po
nt
e
TEJO

ais
il Barreiro
ALMADA
Seixal

Area
Protegida

Coina

Localização estratégica de Almada no Estuário do Tejo

Praia de Caparica

Situação Actual

Area Protegida

Praia de Sesimbra

Introdução - Localização e Situação Actual 9


Fotografia aérea

10 Visões e Aspirações
• Criar um novo destino principal na Área Metropolitana de Lisboa
aproveitando integralmente a localização única da área em estudo e os
seus aspectos físicos

• Constituir uma nova entrada regional no Estuário do Tejo, na Península de


Setúbal e na Cidade de Lisboa

• Criar uma nova comunidade urbana baseada nos princípios da


sustentabilidade ambiental e do crescimento social e económico durável

• Reforçar o emprego local através da criação do pólos de actividades


terciárias, atractivos e bem interligados

• Promover um novo modelo de vida urbana através do envolvimento


das pessoas com a água, os espaços exteriores de alta qualidade e a
paisagem

• Criar uma comunidade baseada no transporte público e nas deslocações


em modos suaves através da restrição ao uso de veículos particulares

• Valorizar o significado histórico do estaleiro através da introdução de


actividades e usos marítimos

• Promover a aprendizagem, disponibilizando novas instalações de


educação e reforçando as existentes na Mutela

• Devolver um sentido de comunidade da Cova da Piedade pela revitalização


das estruturas tradicionais e intensificação das suas actividades

• Fornecer elementos para o processo de reestruturação urbana a longo


prazo para a regeneração de Cacilhas

Visões e Aspirações 11
12 Ilustração do Plano
Perspectiva aérea da intervenção

Ilustração do Plano 13
1. Identidade do lugar
A nova área de desenvolvimento urbano foi
concebida de forma a valorizar as características do
local, tirando partido dos marcos e referências pré-
existentes, naturais e construídos, e dos elementos
notáveis na paisagem como as docas, o pórtico, os
silos, o morro, as vias principais de circulação, os Cova da Piedade
espaços verdes e os edifícios históricos. Margueira

Alfeite

2. Vento e exposição solar


As ruas e espaços públicos têm em consideração
Cacilhas
as orientações solares e os ventos predominantes,
definindo uma implantação fluida das áreas
construídas que potencie a ventilação transversal
e longitudinal e permita tirar partido da circulação
de ar fresco e vento para arrefecimento. A malha Cova da Piedade
Margueira
urbana será orientada de modo a maximizar o
aproveitamento da luz solar e das sombras ao longo Alfeite
das diferentes horas do dia.

3. Vistas
A estrutura espacial define corredores visuais
potenciadores das relações com a envolvente e
entre as diversas zonas da área de intervenção. Cacilhas

Todos os principais espaços públicos têm vistas


para o rio Tejo, Lisboa e Almada. Os arruamentos
principais definem enfiamentos visuais sobre o Cova da Piedade Margueria
pórtico e a praça junto à Doca 13. Todos os edifícios
residenciais terão vistas directas para a água ou
espaços verdes. Alfeite

4. Espaços Públicos
Uma grande percentagem da área de
desenvolvimento será reservada para espaços Cacilhas

públicos de grande escala, incluindo uma série de


canais e espaços verdes lineares, um Ecoparque,
um grande plano de água central, jardins e praças. Margueira

Propõe-se uma alternância entre zonas de utilização Cova da Piedade

predominantemente pública e privada de modo a


conferir autonomia a cada uma delas.
Alfeite

14 Princípios de Desenho Urbano


5. Pólos de Desenvolvimento
Procura-se criar uma forte articulação entre a
ocupação urbana e a instalação das principais Cacilhas
infra-estruturas de acessibilidade, definindo áreas
Equipamento e usos académicos
de maior densidade junto dos nós de transporte
público. O objectivo é promover a implantação de Media

diversos pólos de desenvolvimento multifuncionais Cova da Piedade


Margueira
que permitam o surgimento de centros com grande
vitalidade.
Alfeite

Cultura e Lazer

6. Transportes Públicos
Será promovido o transporte público, criando uma
MST Cacilhas
rede de corredores de autocarros e metropolitano
de superfície (MST), complementada por terminais
de ferry e táxis fluviais. As ligações com Lisboa MST (opção) Interface

poderão vir a ser fortemente melhoradas com MST


MST
Metro

uma futura ligação de metropolitano. Definem- Cova da Piedade


Margueira
se traçados que minimizem as distâncias às
áreas limítrofes, localizando todas as actividades Alfeite
principais a uma distância de cinco minutos a pé a
partir das paragens de transportes públicos.

7. Acessibilidade rodoviária
O transporte individual privado será condicionado de
forma a favorecer uma vivência pedonal do espaço Cacilhas

urbano e a minimizar as áreas e necessidades de Interface


parqueamento. As áreas de estacionamento à
superfície serão reduzidas e irão criar-se parques Terminal de cruzeiros

subterrâneos que aproveitam as estruturas das Cova da Piedade


Margueira
docas. Define-se um conjunto diversificado de
percursos pedonais e cicláveis, tirando partido Marina
Alfeite
da topografia e da diversidade de ambientes
propostos.

8. Acessibilidade pedonal
Será valorizada a frente ribeirinha de 1,5 km, em
articulação com uma série de percursos pedonais Cacilhas

que estabelecem ligações visuais e funcionais entre


os diversos planos de água, áreas verdes e espaços
públicos. Pretende-se potenciar a orientação E/W,
Margueira
explorando as variações da luz ao longo do dia Cova da Piedade

para conferir diversidade ao espaço urbano. Estes


percursos prolongam-se pela Cova da Piedade, por Alfeite
Cacilhas e pela encosta, até ao centro de Almada. Passeio ribeirinho

Princípios de Desenho Urbano 15


9. Praças públicas
Será criada uma estrutura hierarquizada de
praças públicas ao longo das infra-estruturas Cacilhas

e equipamentos chave, estações do MST, ruas


pedonais e corredores verdes. As praças terão vistas
sobre Lisboa e o estuário, sendo garantido o acesso Margueira
visual e proximidade a todas as áreas construídas,
espaços públicos, áreas verdes e planos de água. Cova da Piedade

Alfeite

10. Corredores de água e verde


Uma série de corredores de água e verde
Cacilhas
desenvolvem-se paralelamente às docas, formando
uma rede de espaços públicos, com identidade
própria, que acentua as especificidades de cada um
(topográficas, geográficas, geométricas) e garante
uma desejável diversidade de ambientes. Esta rede Cova da Piedade

assegura a articulação entre todos os espaços Margueira

verdes, existentes e previstos, potenciando futuras Alfeite


ligações com a envolvente.

11. Malha urbana


A nova malha urbana reflecte as características
estruturantes do lugar: linearidade das docas,
Cacilhas
vistas, clima, usos e densidades, ligações com a
zona central de Almada e envolvente. Constituem-
se faixas de espaços públicos (corredores, docas,
canais, áreas verdes) distribuídas equilibradamente Cova da Piedade

de forma a compensar as zonas mais interiorizadas Margueira

e distantes dos principais planos de água. Alfeite

12. Volumetrias
Define-se um conjunto de edifícios e conjuntos
referenciáveis na AI que reforcem a leitura dos
principais espaços e percursos, associando Cacilhas

programas de referência à volumetria e carácter


singulares. A percepção do lugar, ordem e escala
serão criadas pela localização estratégica de Cova da Piedade
Margueira

estruturas ícones. Estas estruturas poderão ser


serviços públicos ou edifícios privados que, não só
definirão espaços públicos chave e ruas pedonais, Alfeite

como também criarão uma nova linha do horizonte


para Almada.

16 Princípios de Desenho Urbano


13. Usos
A área de intervenção é constituída por diferentes
zonas de desenvolvimento, cada uma com usos Cacilhas
dominantes específicos. Existem sensivelmente Transportes /
Misto Comercial
quatro tipologias distintas: cultura e lazer, Residencial
Cultura e Lazer

comércio e serviços, residencial e equipamentos Académico Misto Comercial /


residencial Terminal de
colectivos. No entanto, a estrutura urbana proposta Misto Media /
Misto Comercial Cruzeiros
Residencial
será multifuncional e flexível no que se refere à Cova da Piedade
Misto
Residencial
Misto
Residencial
implantação dos diferentes usos.
Marina
Alfeite
Cultura e Lazer

14. Marcos urbanos


Uma série de corredores, de água e verde,
desenvolvem-se paralelamente às docas existentes
Cacilhas
formando uma série de espaços públicos
chave, com identidade própria, acentuando
as características e especificidades de cada
um (topográficos, geográficos, geométricos) e Cova da Piedade Margueira

garantindo uma desejável diversidade de ambientes.


Estes corredores garantem a interligação entre os
novos espaços verdes, bem como entre estes e Alfeite
os existentes, potenciam futuras ligações (Alfeite,
Almaraz) e tornar-se-ão ligações pedonais principais
com orientação Norte-Sul.

15. Articulação com o centro de


Almada
Define-se uma estrutura integradora das áreas Cacilhas

adjacentes, valorizando a sua identidade e


especificidade. Entre Almada Nascente e a zona
central de Almada serão estabelecidas ligações Margueira
Cova da Piedade
físicas e funcionais, através de uma série de
percursos pedonais em terraços, corredores verdes
e canais de transportes públicos que potenciarão
Alfeite
a utilização dos espaços públicos, equipamentos e
áreas construídas.

16. Quarteirões Urbanos


O desenvolvimento será organizado numa série de
quarteirões urbanos que poderão ser faseados de Cacilhas

diversas formas. Cada quarteirão irá envolver usos


mistos, uma série de espaços urbanos, acessos
a corredores verdes e água, e transporte público. Margueira
Cova da Piedade
Promovem-se estruturas urbanas diversificadas
com um carácter linear ou ainda centralizado e
centralizador. Alfeite

Princípios de Desenho Urbano 17


A MAQUETA DE BLOCOS
REPRESENTA APENAS AS
DENSIDADES BRUTAS E A
DEFINIÇÃO DE QUARTEIRÕES

LOGRADOUROS + INTERIORES
VERDES DOS QUARTEIRÕES
NÃO SÃO MOSTRADOS

Ocupação dos Quarteirões

18 Ilustração do Plano
500m 5 50 200m

0 10 100

MST Projectado Usos existentes e propostos :


MST Proposto Escolas Rio Tejo
Cultura
M Potencial ligação ao metro
de Lisboa Desporto
Percursos de autocarros Segurança Social
eléctricos
Saúde
Principais corredores verdes / CACILHAS
percursos cicláveis Administração Pública
Lisboa
Espaços verdes públicos
GINJAL
P Estacionamento centralizado
Potencial
miradouro

P
Elevador

Centro
de Arte
Terminal de Terminal de
Ferry Cruzeiros
Quarteirão
residencial
Câmara existente
Municipal P

Mercado
Quarteirão
residencial Bombeiros
existente P
Frente
LI
Ribeirinha
SN
Passeio
Elevador
AV
E
ribeirinho
ALMADA
Museu de
Indústria Naval
P
Potencial Espaço
Praça São miradouro Público
João Baptista

Hotel/ Centro de
P
Conferências Táxis fluviais
Centro de MARGUEIRA
Conferências
/ Biblioteca P

Quarteirão misto P

MUTELA Passeio
Quarteirão Quarteirão ribeirinho
Universitário e de residencial
Marina
Quarteirão Investigação
residencial
Teatro

Quarteirão Escola
residencial
existente

Hospital
Seixal
EcoParque
P
ETAR

Centro
COVA DA cultural
PIEDADE Quarteirão
dos Media

Quarteirão ALFEITE
residencial
BREJO BARROCAS
Museu

PARQUE
DA PAZ

Área verde
protegida

Ilustração do Plano 19
2-3 Pisos
4 Pisos
6 Pisos
8 Pisos
10 Pisos
12 Pisos
14 Pisos
16 Pisos
20 Pisos
25 Pisos
30 Pisos

20 Estratégias - Volumetrias
Residencial
Escritórios
Comércio
Cultura + Lazer
Uso académico
Ensino
Usos fluviais
Desporto
Terminal de cruzeiros
Silos automóveis
Escola
Escola
Escola
Escola
Creche
Centro comunitário
Centro de dia
Quartel de Bombeiros
Biblioteca
Mercado
Lar de Idosos
Centro de Saúde
Polidesportivos
Pista de atletismo
Equipamento desportivo
Pavilhão
Piscina coberta

Usos do Piso Térreo - Estratégias 21


Residencial
Escritórios
Comércio
Cultura + Lazer
Uso académico
Ensino
Usos fluviais
Desporto
Terminal de cruzeiros
Silos automóveis
Escola
Escola
Escola
Escola
Creche
Centro comunitário
Centro de dia
Quartel de Bombeiros
Biblioteca
Mercado
Lar de Idosos
Centro de Saúde
Polidesportivos
Pista de atletismo
Equipamento desportivo
Pavilhão
Piscina coberta

22 Estratégias - Usos dos Pisos Superiores


Vias Principais
Estradas Principais
Vias Secundárias
Estradas Secundárias
Ligações
Ligações viárias
viáriaslocais
locais
Acessos
Acessos locais
locais
Acesso
Acesso restrito
restritoaaautomóvel
automóvel
Vias principais
Estradas em desenvolvimentos
principais futuros
em desenvolvimentos futuros
Vias secundárias
Estradas em desenvolvimentos
secundárias futuros
em desenvolvimentos futuros
Túnel
Túnel

Hierarquia Viária - Estratégias 23


MST
Autocarro

Funicular
Espaços públicos
Espaços verdes públicos

24 Estratégias - Transportes Públicos


Parque de
Estacionamento

Residenciais

Não residenciais

Residenciais e não residenciais

Número de lugares de estacionamento

Estacionamento - Estratégias 25
Principais
Secundários
Estações de Funicular
Elevadores
Espaços públicos
Espaços verdes públicos

26 Estratégias - Percursos Pedonais


Docas
Marina
Terminal para cruzeiros
Espaços públicos
1 Espaços verdes públicos

Hierarquia dos espaços verdes


Primários
Secundários
Terciários

Hierarquia dos planos de água


Primários
Secundários
Terciários

Espaços Exteriores - Estratégias 27


Percursos cicláveis
Faixas de ciclovia
Ciclovia e passeio
Suporte mecânico
Espaços públicos
Espaços verdes públicos

28 Estratégias - Percursos Cicláveis


Docas Existentes 29
Praça Lisnave
GINJAL
A Praça Lisnave irá constituir uma nova entrada em Almada e actuará como a maior área exterior comercial na nova área urbana. Está
localizada estrategicamente no final da doca 13, adjacente à doca 12, na proximidade de um novo interface de transportes constituído pela
Potencial
estação fluvial, uma estação de metropolitano de superfície (MST) e um novo terminal de autocarros. O singular pórtico “LISNAVE”, visível
ao longo do rio Tejo, dominará a praça e será o foco central do espaço público, celebrando a história dos estaleiros navais. A partir deste
pórtico serão estruturados corredores estratégicos de vistas para o centro de Lisboa. miradouro
A praça irá articular, na direcção norte/sul, o novo parque central (Jardins da Margueira) com a doca 13, estabelecendo a ligação entre os
espaços de verde e a água. A área dos Jardins da Margueira irá formar uma barreira verde de protecção entre a antiga estrada nacional,
Preforçar a presença e a linearidade
situada no extremo da área do estaleiro, e as áreas multifuncionais. A implantação do parque central irá
das docas, cuja geometria definirá a estrutura geratriz do desenho urbano. Será criada uma malha diagonal secundária que estabelece
acesso directo da zona residencial, a sul, ao centro de transportes.

A densidade em torno da Praça Lisnave será elevada, culminando no limite sul da doca 13 e diminuindo em direcção às extremidades
do estaleiro. Serão colocadas à volta da praça uma série de instalações de fins múltiplos - comerciais, residenciais e culturais, de forma a
encorajar actividades anuais, sazonais ou provisórias. O acesso de veículos à praça será restringido exclusivamente a transportes públicos
e veículos de emergência. O estacionamento será instalado em infra-estruturas subterrâneas.

Guia de Desenho Urbano


Espaços Exteriores Termin
Hierarquia Espacial Ferry
A Praça Lisnave será o centro simbólico da área de
desenvolvimento. Este espaço constituir-se-á como articulação
entre a zona do estaleiro, a sua área envolvente e Almada central.
A praça será localizada na proximidade imediata do interface de Docas existentes
transportes e terá uma escala semelhante à Praça do Comércio,
em Lisboa. Será um espaço público activo, projectado para
acomodar eventos ao ar livre e actividades comunitárias de larga P
escala em Almada.

Usos
A Praça Lisnave será a área de maior densidade do estaleiro,
devido à sua proximidade ao interface de transportes. Os edifícios
à volta da praça terão várias utilizações, incluindo instalações
culturais de importância nacional, tais como o Museu da Indústria
Naval, instalações de entretenimento, como cinemas e teatros,
Bombeiros
Principais espaços públicos
zonas comerciais, cafés e restaurantes ao nível do piso térreo,
escritórios e residências em pisos superiores. Os usos mistos
diminuirão na direcção da área dos Jardins da Margueira que
serão ladeados por edifícios de escritórios administrativos e
espaços para empresas, no perímetro poente mais ruidoso do
parque, e ainda por unidades residenciais ao longo do perímetro LI
nascente do parque. O interface incluirá instalações servindo o
SN
Pa
Elevador
AV
terminal fluvial ao nível térreo e espaços comerciais/escritórios em
pisos superiores.
E
rib
MADA
Acessos Pedonais e Viários
A Praça Lisnave será totalmente pedonal, com acesso
condicionado a serviços específicos, fora das horas de actividade.
Prevêem-se uma série de vias pedonais transversais através da Museu de
praça que ligarão a área do estaleiro, o novo passeio da frente
ribeirinha e o morro da Margueira. Numa das intersecções Indústria Naval
propõe-se a instalação de um elevador/funicular para permitir a
ligação para peões entre a praça e o centro de Almada. O MST e
os transportes públicos implantam-se num arruamento adjacente P
Potencial
de forma a minimizar os conflitos entre os eventos ao ar livre na
praça e o movimento de veículos. O ruído da Av. Aliança Povo
miradouro
MFA será filtrado para a praça através de uma série de edifícios
comerciais. Todo o estacionamento será subterrâneo, localizado
sob os edifícios ou sob a praça.

30 Praça Lisnave
Plantações
É importante que as plantações nesta área reflictam a função e
escala cívica da praça. Deve dar-se ênfase à escala, proporção,
sombra, perfis de coberturas, local de origem e necessidades
de água para as plantas seleccionadas. O lado virado a sul da
praça será densamente plantado de forma a fornecer áreas
exteriores sentadas com sombra, enquanto os outros extremos
serão plantados com árvores altas de folhagem mais leve e clara.
Esta plantação irá estender-se até aos Jardins da Margueira e
rede de arruamentos adjacentes através de um sistema espacial
integrado. Não haverá plantação na zona central da praça de
forma a acomodar grandes eventos de exterior.
Os Jardins da Margueira serão projectados como uma série de
‘quintais paisagísticos’ criando diversidade no tratamento dos
espaços verdes e proporcionando uma paisagem sustentável
ao centro da nova área urbana. A plantação consistirá numa
combinação de grandes árvores de ensombramento, árvores de
floração sazonal e espécies herbáceas.

Elementos de Água
Os elementos de água, arrojados e diferenciadores, constituirão
um elo simbólico de associação da nova área urbana à actividade
do estaleiro. Estes elementos serão também utilizados para criar
som e movimento quando não estiver a decorrer nenhum evento
na praça. São propostas fontes com jactos musicais para a placa
central, que poderão ser alimentados por painéis fotovoltaicos, e
serão instalados pequenos canais de água nas ruas adjacentes.
O abastecimento de água terá essencialmente origem na
água reciclada da ETAR da Mutela (rede de água não potável). Espaços exteriores com sombra e elementos de água
Sugerimos que artistas locais possam participar na concepção
dos elementos de água reforçando a identidade da cidade de
Almada.

Praça Lisnave

Praça Lisnave 31
Pavimentos Iluminação, Mobiliário Urbano e Sinalética
A Praça Lisnave será predominantemente um espaço impermeável. Em toda a área do plano será adoptado um sistema coerente de
Propomos que seja criado na praça um ligeiro declive em direcção iluminação, mobiliário urbano e sinalética. Contudo, é importante
ao pórtico, formando um anfiteatro natural. Contudo, o projecto a que a distinção da praça seja evidenciada através da utilização de
desenvolver terá que assegurar cotas que não induzam riscos de sistemas mais específicos. Por exemplo, a escala das unidades de
cheias. Poderão ser construídos degraus no perímetro da praça iluminação deve complementar a escala e a multifuncionalidade da
para acentuar a noção de recinto e definir uma área de fronteira praça. A expressão visual do sistema deverá reflectir a identidade
com esplanadas de cafés e zonas pedonais. e simplicidade do pórtico da Lisnave. Durante os períodos sem
eventos, a iluminação será indirecta, utilizando reflectores. Durante
Os materiais seleccionados para pavimentar a praça serão os eventos, a iluminação será adaptada para providenciar quer
preferencialmente de fornecedores locais. Deverá ser dada ênfase iluminação geral, quer iluminação forte direccionada. Poderá ser
à minimização das necessidades de manutenção, à existência instalado na praça um pórtico flexível para providenciar luzes
de apoios para deficientes (rampas etc.), luz e cor naturais. As cénicas, admitindo-se simultaneamente que daí seja suspensa
zonas em torno das áreas plantadas deverão ser formadas por uma grande cobertura que forme um palco temporário. Podem
uma combinação de pedra, granito e gravilha. Estas superfícies também ser aplicadas luzes laser neste pórtico. Deve acautelar-se
deverão ser parcialmente permeáveis para reforçar a recarga das que a iluminação e sinalética seja energeticamente auto-suficiente.
águas subterrâneas. Para mais informações sobre mobiliário urbano e sinalética, ver
Docas e Canais.

Anfiteatro exterior

Museu da Indústria Naval Exemplos de iluminação

LISNAVE

Corte da Praça Lisnave e do Museu da Indústria Naval

32 Praça Lisnave
Guia de Desenho Urbano
Edifícios
Espaço Solar

Tipologia dos Edifícios


Os edifícios à volta da praça serão relativamente amplos para
acomodar uma diversidade de grandes utilizações. Os edifícios
podem ser classificados, na generalidade, em três grandes
categorias: edifícios culturais e de entretenimento de grande
escala com empenas de 30 a 40 metros; edifícios comerciais de
média escala com empenas de 15 a 18 metros de profundidade;
Ensombramento na
e edifícios residenciais de média escala com empenas de 12 a Praça Lisnave
15 metros.

Volumetria e Altura MST Comércio


Esplanadas

Estacionamento
A densidade à volta da Praça Lisnave será a maior da área do
estaleiro pelo que a volumetria e a escala atingirão o seu ponto
Fachadas e Pavimentos de um edíficio tipo
alto nesta zona, reduzindo gradualmente em direcção às margens
do rio. Os edifícios terão cerca de 50 metros de altura e 8 a 10 A colocação de uma torre residencial de 30 pisos na zona Este da
pisos. Estes edifícios definirão as três extremidades da praça praça ajudará a reforçar o corredor visual na direcção do centro
enquanto o pórtico da Lisnave definirá a quarta, actuando como de Lisboa.
enquadramento visual da doca 13. Serão colocadas estruturas
mais altas em pontos estratégicos da praça para funcionarem Na generalidade, os edifícios à volta dos Jardins da Margueira
como marcos de terreno e referências visuais. atingem os 6 a 8 pisos, devendo ser recuados nas traseiras a
partir do 5º piso para reduzir o impacto visual e criar espaços
verdes exteriores nos pisos superiores.

Frentes e Tardoz
As fachadas dos edifícios contribuem de forma fundamental
para a vivência urbana. No caso dos edifícios públicos principais
deverão ser transparentes, animadas com cor e movimento
vertical. As fachadas do grande complexo marítimo e cultural
(Museu da Indústria Naval) deverão ter uma frente transparente
para ligar visualmente a praça e o edifício. O interior será visível
a partir da praça bem como da doca 12 e do passeio das
docas. A praça poderá ser então vista como uma extensão das
instalações culturais. Serão criadas colunatas e ensombramentos
para protecção das áreas sentadas e dos percursos pedonais da
chuva e do vento. Está prevista uma colunata com 3 metros de
As diagonais enfatizam as
conexões entre o interface/ largura para o extremo oriental sul, virado para a praça, abrigando
Praça Lisnave e a frente
ribeirinha nascente
cafés e áreas sentadas. Para as ruas adjacentes estão propostos
percursos de ligação mais estreitos com coberturas de cerca de
Abordagem Volumétrica 1.5 a 2 metros de profundidade.

Parcelamento dos Usos Galeria paralela ao Parque Central

Praça Lisnave 33
Parcelamento e Implantação
A distribuição das parcelas irá reflectir o tipo de implantações e
usos mistos na área em estudo. De forma a abranger um leque
alargado de actividades, o parcelamento será de grande escala. A
dimensão das parcelas irá variar entre 100x60m para o complexo
cultural principal e 60mx60m para empreendimentos comerciais
ou mistos. O índice de ocupação será também bastante elevado
nesta área central, variando entre 2.5 a 2, promovendo a
densificação do tecido urbano. Assim, a utilização do solo varia
entre 60 a 80% para manter um perfil estreito dos arruamentos.
Haverá relativamente pouca quantidade de espaços livres em
cada parcela. Contudo esta redução será compensada pela
grande praça e pelas áreas verdes na proximidade.

Skyline e forma dos edifícios


A linha de horizonte e a forma dos edifícios serão cuidadosamente
estudadas por forma a criar uma sensação coerente de recinto. Em
princípio, a singularidade do Museu providenciará uma interessante
inserção na linha do horizonte. Este edifício irá desempenhar um
importante papel para a amenização visual da Praça Lisnave. O
ligeiro aumento da volumetria ao longo dos Jardins da Margueira Praça Lisnave
será dramatizado por uma torre localizada no extremo Este da
doca 12. A forma dos edifícios comerciais e residenciais deverá
ser simples e legível, interrompida ocasionalmente pela presença
de elementos verticais.

Vistas e Orientações
Num ambiente urbano de tecido compacto é difícil atingir um
bom equilíbrio na valorização das vistas e orientações. Contudo,
a maioria desta área urbana usufruirá das vistas da Praça Lisnave,
das docas ou das áreas verdes. O complexo cultural deverá ser
suficientemente transparente para permitir uma ligação visual
entre a Praça Lisnave e a doca 12, beneficiando das vistas de
ambos os lados. Os edifícios implantados ao longo da Av. Aliança
Povo MFA repartem-se por fachadas viradas a poente com vista
para a rua e as fachadas norte com vista para os Jardins. Os
pisos superiores destes edifícios e das torres beneficiarão de
vistas panorâmicas sobre o estuário e o rio Tejo.

Edifícios Multiusos e de referência

Cultural

Comercial

34 Praça Lisnave
Controlo Climático
A praça e edifícios serão projectados de forma a criar um ambiente
confortável ao longo de todo o ano que encoraje a realização
de eventos e actividades de exterior. A arborização bem como
a criação de elementos de água e de coberturas flexíveis serão
utilizados com vista à redução da temperatura exterior. Uma rede
de ruas diagonais ajudará a canalizar o vento permanente no
verão através da praça. A plantação de árvores e a disposição dos
edifícios irá ajudar a abrigar este espaço do vento de inverno.

Será importante a utilização de meios passivos e energias


renováveis para reduzir as necessidades de energia em todos os
edifícios públicos. Poderá ser criado um sistema de arrefecimento
utilizando a massa de água das docas 12 e 13 para reduzir as
necessidades de arrefecimento do complexo marítimo/cultural. A
fachada virada a sul deverá ter uma superfície envidraçada de alta
performance, enquanto que a fachada virada a norte para a Praça
Lisnave poderá ser mais transparente. O edifício será iluminado a
partir da fachada norte para evitar raios solares directos.

Para o controlo climático dos edifícios, ver Docas e Canais.

Materiais de Construção
Ver Docas e Canais

Esboço ilustrativo da Praça Lisnave e Docas existentes Ensombramento exterior, elementos de água, ruas envidraçadas

Misto / Residencial Cultural

Estacionamento

Praça Lisnave 35
P

Praça do Tejo
A Praça do Tejo representará um novo espaço cívico e cultural. Será o local com melhores vistas panorâmicas, ininterruptas para o estuário
do Tejo e centro de Lisboa. Esta praça será um grande espaço público ao longo de 1,5 km de passeio ribeirinho e também um destino
turístico muito especial para a Área Metropolitana de Lisboa. Devido às suas características, o valor dos terrenos poderá ser optimizado
neste espaço. Contudo, serão intensificadas as ocupações associadas a actividades públicas para garantir a qualidade da sua vivência.
Este espaço constituirá um complemento único à Praça do Comércio no centro de Lisboa, reforçando desta forma as ligações simbólicas
e visuais entre as duas cidades.

Terminal de Terminal de
A praça terá como ponto de referência um grande edifício multiusos para actividades diversas como exposições, espectáculos e conferências
e um hotel de 5 estrelas. A densidade à volta da praça será limitada para evitar a obstrução de vistas pelas ocupações exteriores à praça.

de dia e de noite.
Ferry
As actividades de carácter público e as necessidades comerciais serão equilibradas de forma a assegurar que a praça permaneça activa
Cruzeiros
A praça será parcialmente pedonalizada de forma a encorajar as actividades de rua ao longo do passeio ribeirinho. Será promovido um
calendário de actividades e eventos utilizando o rio Tejo como cenário nomeadamente, cinema ao ar livre e exposições. Existirá uma rede
de autocarros que ligará a praça ao interface de transportes e será instalado um terminal de táxis fluviais para fornecer transporte directo
ao centro de Lisboa.

P
Guia do Desenho Urbano
Espaços Exteriores

Hierarquia Espacial

iroslocalizados
A nova Praça do Tejo será um dos três maiores espaços
na frente ribeirinha de Almada. As ligações visuais,
físicas e funcionais entre a Praça do Tejo e os outros espaços
públicos são a chave para o sucesso desta nova rede de espaço
público. Cada uma destas três praças possui uma identidade e
Frente
Vistas potenciais da Praça do Tejo

Ribeirinha
função únicas. A Praça do Tejo será o novo símbolo representativo
da identidade pública e cívica de Almada. A praça deverá também
L I como uma extensão das instalações públicas e culturais
ser vistaSN
que constituirão
A V o seu cenário. Passeio
Usos
E
ribeirinho
A nova praça será dominada por um grande complexo multiusos
que poderá ser usado para eventos comunitários, exposições, Exemplo de Passeio Ribeirinho
eventos artísticos e teatrais, conferências e congressos. Este
complexo será complementado por um hotel de 5 estrelas,
Museu de
oferecendo uma vista panorâmica excepcional sobre o rio Tejo
Indústria Naval
e o centro de Lisboa, equipamentos locais que sirvam a área
residencial envolvente, comércio local, uma série de unidades
residenciais ao longo do rio e uma torre de usos residenciais,
de volumetria média, localizada na extremidade norte da praça.
P
Os usos múltiplos irão assegurar que a praça é um local activo
durante todo o dia. Espaço
Acessos Pedonais, Viários e Táxis Fluviais Público
A praça fará parte de uma rede pedonal e ciclável tendo o
passeio ribeirinho como destino principal. O espaço público será
totalmente pedonal, com acesso limitado a serviços, deficientes

Hotel/ Centro de
e largada de VIP. Será encorajada a existência de cafés com
esplanadas ao longo do lado sul da praça. O acesso de veículos
ao complexo multiusos será feito pelas traseiras dos edifícios. O
Conferências Táxis fluv
EIRA estacionamento será subterrâneo. Os transportes públicos, sob
a forma de autocarros eléctricos, circularão pelas traseiras do
complexo com uma paragem na extremidade norte deste local
para evitar conflitos com actividades de exterior. Será criado na
praça um terminal de táxis fluviais para fornecer acesso rápido e
directo ao centro de Lisboa.

o P 36 Praça do Tejo
Plantações
A Praça do Tejo será predominantemente um espaço impermeável,
com árvores de ensombramento ao longo da vertente sul da
praça. Este local é relativamente exposto, pelo que a escolha das
espécies a plantar deverá ser influenciada pela sua capacidade
intrínseca de adaptação. A copa das árvores deverá permitir
evidenciar a brisa de verão e amenizar o vento do inverno para
criar um ambiente com melhores condições de habitabilidade. Autocarros eléctricos e táxis fluviais
Serão plantadas árvores de flor sazonal nas ruas adjacentes.
Também está proposto que a cobertura do pavilhão multiusos
seja um terraço verde criando um jardim suspenso que também
poderá ser utilizado para exposições.

Elementos de água
As margens do rio na área do estaleiro terão que ser
cuidadosamente tratadas, intensificando as ligações entre a terra
e a água. Será criada uma nova obra marginal, utilizando uma
combinação de murete e balaustrada, por razões de segurança.
A área central da praça será ligeiramente elevada para que as
vistas panorâmicas do rio, a partir da praça, não sejam cortadas
pela protecção ribeirinha. O tratamento dessa protecção será
Esplanadas exteriores e avenidas com vistas
robusto e convidativo ao repouso e contemplação. Ao longo
deste passeio, nomeadamente como apoio a equipamentos
locais, poderá avaliar-se a colocação de varandas salientes com
decks de madeira, criando pequenos miradouros.

Elementos de água

Praça do Tejo

Praça do Tejo 37
Pavimentos Iluminação, Mobiliário Urbano e Sinalética
A superfície da Praça do Tejo deverá formar uma extensão do Sugere-se que o complexo multiusos seja iluminado à noite de
complexo multiusos adjacente. Assim sendo, os materiais modo a enfatizar o seu estatuto de ícone. A estrutura actuará
utilizados na praça deverão também ser utilizados no piso térreo como um farol e um destino principal quando avistado do centro
dos edifícios. Parte dos edifícios poderão ser totalmente abertos de Almada e ao longo do rio Tejo. A rede de iluminação utilizada
para o exterior para reforçar a ligação entre o interior e o exterior. nesta área necessitará portanto de ser um complemento e
Poderá ser utilizado um pavimento de grande escala com um não ofuscar a luminosidade do edifício. Serão utilizadas luzes
padrão especial para diferenciar o espaço do passeio ribeirinho. embutidas no pavimento da praça e do passeio ribeirinho para
Este jogo de padrões é usado frequentemente noutros locais acentuar o espaço público e os padrões de desenho das zonas
públicos em Lisboa. O passeio ribeirinho será pavimentado com pedonais. A iluminação e sinalética deverão ser robustas, fazendo
uma combinação de pequenos blocos de granito e estrados de parte integrante dos sistemas de mobiliário urbano podendo
madeira que poderá evocar uma sensação semelhante ao convés ser alimentadas por energia fotovoltaica. Propõe-se que sejam
de um navio. Sempre que possível, os materiais terão origem em utilizadas peças escultóricas criadas por artistas locais, tais como
fontes locais e deverão ser pouco exigentes em manutenção. esculturas animadas pelo vento, para enriquecer a vivência da
praça.

Passeio ribeirinho

Praça do Tejo Exemplos da estratégia de


iluminação

Corte entre o Complexo Multiusos e a Praça do Tejo

38 Praça do Tejo
Guia de Desenho Urbano
Cércea aumenta do túnel à
Edifícios Praça da Lisnave

Tipologia dos Edifícios


Cércea reduz
Existem na generalidade três tipos de edifícios na zona à volta da no sentido do
EcoParque
Praça do Tejo: um edifício de grande escala, flexível, que acomode Densidade mais
elevada em torno da
o multiusos; edifícios lineares de utilização comercial/residencial Praça da Lisnave

com 12 a 15 metros de profundidade de empena; uma torre de Cércea aumenta da frente Torres de referência de
altura média para o hotel. ribeirinha para a Praça
Lisnave
média altura para rematar
a intervenção e definir um
skyline distintivo

Volumetria e Altura
Estruturas
icónicas para
A volumetria ao longo do rio deverá ser baixa em comparação definir as praças
públicas
com a restante área do estaleiro. O pavilhão multiusos, com 4 a
5 pisos, formará uma barreira num dos extremos do passeio e a Abordagem volumétrica
altura dos edifícios irá decrescendo gradualmente ao longo do rio
em direcção ao extremo sul do estaleiro. Em média a altura dos
Frentes e Tardoz
edifícios lineares será de 6 a 4 pisos. O hotel será de 15 pisos As fachadas dos pisos inferiores do complexo multiusos deverão
de altura e constituirá uma estrutura vertical singular numa das ser transparentes para tirar partido da vista de rio. O complexo
esquinas da praça. será na realidade uma caixa fechada. Contudo, o espaço de
circulação público, deverá implantar-se nos perímetros do edifício
para aumentar as ligações visuais com o espaço envolvente.
Na vertente oriental sul do complexo multiusos, deverão ser
proporcionadas projecções generosas das fachadas a tardoz de
forma a criar sombras exteriores.
As fachadas da torre do hotel e edifícios residenciais deverão
ser abertas e articuladas através de jardins verticais, varandas e
espaços com luz solar. O primeiro piso dos edifícios residenciais
ao longo do passeio ribeirinho deverá ser sobrelevado em relação
aos passeios pedonais para aumentar a privacidade. As fachadas
deverão, tanto quanto possível, ser utilizadas para animar as
Principais edíficios de referência e espaços públicos exteriores frentes ribeirinhas.

Cobertura ajardinada Cobertura extensível

Edifícios residenciais ribeirinhos

Complexo multiusos

Biblioteca
Esplanadas

Praça do Tejo
Estacionamento

Parcelamento de usos Cobertura extensível sobre a praça pública

Praça do Tejo 39
Parcelamento e Implantação
A maior parcela a desenvolver para o complexo multiusos será
aproximadamente de 100mx60m. Os edifícios adjacentes terão
parcelas de dimensão inferior, variando entre 30mx30x e os
50mx50m. O índice de ocupação nesta área manter-se-á baixo
em comparação com o resto da área urbana do estaleiro. O índice
irá variar entre 1 a 1.5 para assegurar que a volumetria e altura
dos edifícios se mantêm numa escala mais reduzida.

Skyline e forma dos edifícios


O complexo multiusos será um edifício formalmente singular. As
directrizes não impõem uma forma arquitectónica rígida mas este
elemento deve ser emblemático e, ao mesmo tempo, respeitar
o perfil suave dos edifícios ao longo do passeio ribeirinho. Uma
parte da cobertura poderá ficar suspensa sob o espaço público
formando um véu exterior de sombra. O hotel e as torres irão
formar um complemento visual à estrutura mais baixa do
complexo multiusos. Este skiline irá transformar-se na nova linha
de horizonte representativa da cidade de Almada.
Praça Tejo
Vistas e Orientações
A praça usufrui de uma paisagem panorâmica ininterrupta
do rio Tejo, de Lisboa central e do Seixal. Os usos dentro dos
edifícios deverão ser posicionados de forma a tirar vantagem
desde ambiente único. Por este motivo, propõe-se que todas as
instalações de serviços e usos secundários sejam instalados nas
traseiras dos edifícios. A esquina do complexo multiusos deverá
ser explorada de forma a criar espaços para restaurantes ou cafés
que ofereçam uma vista panorâmica da paisagem envolvente em
cerca de 270 graus. Deverá dar-se preferência à ocupação das
frentes dos edifícios pelas instalações públicas. Uma área da
praça terá sombra do pavilhão multiusos durante a tarde devido
à orientação da praça. Contudo, a geometria do edifício pode
ser explorada de forma a minimizar o excesso de sombra desse
espaço.

Vista da cobertura ajardinada do Complexo Multiusos Praça Tejo

ResidenCial

Corte do Passeio Ribeirinho

40 Praça Tejo
Controlo Climático
Poderá existir um conflito entre a necessidade de sombra e o
desejo de abrir as fachadas para obtenção de vistas e luz de dia.
Devido à exposição deste espaço, o controlo climático dentro dos
edifícios nesta área, em particular o dos grandes edifícios públicos,
será analisado cuidadosamente para não comprometer a tomada
de vistas e a iluminação natural. Deverão ser utilizados vidros de
alta performance e sombras exteriores, sempre que possível,
para minimizar o aquecimento solar. No complexo multiusos, o
espaço habitável será isolado de um outro espaço comum de
transição, que funciona como um forte regulador térmico do
edifício. O espaço habitável permitirá ainda o aproveitamento do
arrefecimento por ventilação nocturna no verão. Pode ser prevista
a utilização de um sistema de arrefecimento com água do rio e
introduzidas clarabóias viradas a norte para maximizar a utilização
de luz natural dentro do complexo

Para o controlo climático dos edifícios comerciais e residenciais


ver especificações das Docas e Canais.

Materiais de Construção
Ver referências de Docas e Canais. Água, sombra e isolamento térmico

Controlo de luz natural Espaços solares dos edifícios residenciais virados a Sul

Misto Residencial
Hotel

Praça Tejo 41
miradouro

Docas e Canais P

A área do estaleiro é dominada por docas, o pórtico e gruas existentes. As docas serão utilizadas como foco visual principal da nova
área urbana. Novos canais serão introduzidos para formar uma rede de planos de água complementar das docas existentes. Toda a
ocupação se desenvolve num raio de 50 metros (a pé) de um elemento de água. A utilização e características das massas de água irão
variar dependendo da sua localização. Alguns elementos de água serão aproveitados para instalações enquanto outros serão ao ar livre e
em espaços verdes.

A zona residencial e comercial principal será desenvolvida à volta das docas 10 e 12. As docas serão animadas por barcos e pavilhões
flutuantes, produzindo um ambiente urbano vibrante, favorável a actividades e usos mistos. Estes novos empreendimentos serão
Terminal de
configurados de forma a reforçar a definição espacial das docas, criando uma sensação de continuidade ao longo do passeio público.
Ferry
A densidade e volumetria diminuirão à medida que nos afastarmos das docas principais em direcção aos novos canais e ao rio Tejo. O
arteirão
tecido urbano ao longo dos canais será organizado em quarteirões residenciais, com áreas comuns semi-privadas, localizadas ao nível
do embasamento e abertas aos Jardins de Água. Assim, a maioria das unidades residenciais terá vista directa para os espaços verdes
dencial
dos jardins de água. Dentro da nova área urbana será criada uma rede verde horizontal e vertical bem como coberturas ajardinadas que

stente
constituirão um ambiente paisagístico integrado.

Guia de Desenho Urbano


do Espaços Exteriores
Hierarquia Espacial
Poderão ser encontrados nesta zona três tipos de espaços
Bombeiros
exteriores de várias escalas e identidades: uma primeira avenida de
docas com direcção norte-sul, uma avenida secundária de canais
com direcção norte-sul e uma série de praças locais. A avenida
das docas terá uma escala e perfil semelhantes à Avenida da
Área de docas existente
Liberdade em Lisboa e será a espinha dorsal do desenvolvimento LI
do estaleiro. A avenida dos canais será a zona residencial
SN
Passeio
Elevador
AV
principal da nova área urbana e a sua escala será menor e mais E
ribeirinh
ALMADA
semelhante à da Rua Augusta. As praças locais serão espaços
públicos singulares, relacionados com as instalações adjacentes,
permitindo a descompressão visual e amenização da vivência do
espaço público.

Usos Museu de
A multifuncionalidade desta área urbana é maximizada junto
Indústria Naval
Espaços públicos da Avenida das Docas
à zona adjacente ao interface de transportes e envolvente. Na
generalidade, a avenida das docas terá utilização terciária, P
comercial, cultural e residencial. Deverão ser encorajadas as
Potencial
instalações verticais mistas de comércio, escritórios e habitações.
miradouro
Contudo as áreas residenciais deverão instalar-se apenas nos
pisos superiores, particularmente quando os pisos inferiores
sejam especialmente ruidosos. As áreas ao longo da avenida dos
canais serão essencialmente residenciais, com comércio local e
estúdios ao nível do piso térreo. Assim, poderão ser inseridos nos
quarteirões residenciais espaços para equipamentos colectivos
locais como infantários e centros de dia, para aumentar o

MARGUEIRA
movimento e vivacidade do local. As instalações de pequeno
comércio e equipamentos locais serão localizadas à volta das
praças públicas locais.

Acessos Pedonais e Viários


P
A nova área urbana será projectada de forma a dar prioridade aos
peões e a limitar o acesso de viaturas particulares. Os caminhos
pedonais serão claramente definidos pelo pavimento, mobiliário
urbano e tratamento paisagístico. Propõe-se que o passeio das

admitindo transportes públicos e cargas e descargas fora


Quarteirão misto
docas na sua vertente oriental/sul seja dominantemente pedonal,
P
das horas de maior actividade. O lado virado a norte e as ruas
MUTELA
residenciais irão funcionar com um sistema partilhado, pedonal
e rodoviário. Contudo, o tráfego nestes arruamentos deve ser
pouco intenso já que será limitado a residentes locais e visitantes.
Quarteirão
O estacionamento será subterrâneo. Todas as entradas pedonais
Quarteirão
Universitário e de
serão localizadas nas avenidas principais (norte/sul) ao longo das residencial
docas e dos canais. O acesso de veículos será limitado a vias Marina
uarteirão Investigação
transversais em que o acesso pedonal é minimizado.

sidencial
42 Docas e Canais
a focal area for Woolston. • Create a massing concept that integrates with vehicular travel within the area.
public routes through the site. Woolston and responds to the scale of the River
the unique aspects of the waterfront. Itchen.
a permeable urban grain. • Create sites for landmark buildings that
a safe and pleasant environment for signal Woolston and its redevelopment within
rians and cyclists. Southampton.
te and extend public transport within and
Plantações • Promote sustainability in the broadest sense.
h the site.
a vibrant A Avenida
mix of highdas Docas
density será um dos principais percursos pedonais
employment
da área do estaleiro. A malha de plantação será regular e
idential uses.
bem definida, criando um ambiente de urbanidade. O tipo de
espécies será escolhido de forma a fornecer sombras no verão
e uma cobertura contínua, definindo e limitando em simultâneo
os corredores e enfiamentos visuais. Estas árvores deverão ser
densas e plantadas de modo a que o crescimento das copas
garanta a sobreposição entre si. Também poderão ser efectuados
cortes e/ou podas específicos na base das árvores de forma a
permitir a visibilidade ao nível do pequeno comércio local e das
actividades públicas.
Farão parte integrante deste ambiente paisagístico os jardins MST Bancadas das docas
European housing expo, Malmö, Sweden
verticais e horizontais. Estas superfícies terão um grande impacte
visual no ambiente urbano quando avistados, quer das zonas
mais altas de Almada, quer ao nível das ruas. Deverá ser dada Extend public routes through the site
especial atenção às fachadas plantadas, aos átrios semi-privados
e às coberturas dos edifícios residenciais, de modo a formar The proposals include opening up the riverfront
uma extensão natural das colinas. Estes elementos plantados
fornecerão sombras adicionais no Verão e reduzirão a temperatura the first time since the development of the site o
exterior. a century ago. This could potentially link the exis
riverwalk from Weston Shore in the south to Pea
As ruas residenciais mais pequenas serão plantadas com árvores Green in the north. Previously the site has been a
de flor ou folhagem original, o que produzirá uma diversidade de walled enclosure, cutting off Woolston from the r
escala, cor e aroma aos quarteirões residenciais e aos canais. and the opportunity to re-create a relationship w
A escala dessas árvores será mais pequena que a utilizada
na Avenida das Docas. A folhagem clara e as árvores de flor the river is to be exploited.
fornecerão sombra sazonal às ruas e irão encorajar a utilização Átrios paisagísticos
dos espaços exteriores.
Port Vell, Barcelona

, Birmingham Street market, Sydney, Australia Bicycle racks, Copenhagen

Rogers Partnership

Corte das docas principais

Docas e Canais 43
Elementos de água Iluminação, Mobiliário Urbano e Sinalética
A água será uma das referências no desenvolvimento da área Todo o mobiliário urbano e elementos de sinalética serão
do estaleiro. São propostos três tipos de planos de água: docas projectados de forma integrada com o pavimento. Deverão
existentes, novos canais e elementos de água urbanos. As docas ser utilizados materiais robustos e de reduzida exigência de
serão reestruturadas e redimensionadas de modo a proporcionar manutenção. A madeira e o aço serão os materiais predominantes
instalações de ancoragem para pequenas embarcações. Os
passeios e escadas para as docas podem ser projectados de que complementarão os materiais utilizados nos edifícios. Propõe-
modo a proporcionar uma maior sensação de ligação entre o se que sejam utilizados diferentes tipos de sinalética de ruas e
ambiente urbano e a água. Os canais serão fundamentalmente mobiliário urbano para evidenciar as diferentes características
utilizados como espaço de descanso animado por cafés, jardins da área. Deverão ser contratados artistas locais para projectar o
e piscinas flutuantes. Propõem-se pequenos elementos de água mobiliário urbano necessário aos espaços exteriores públicos.
criando ambientes de rua interessantes, actuando como estímulos
pedagógicos associados à preocupação com a racionalização
do uso de água. Será essencial minimizar a estagnação da água
nestes elementos, podendo utilizar-se sistemas de arejamento
com aproveitamento de energia fotovoltaica. Localmente, as
águas de drenagem superficial serão reutilizadas para alimentar
os elementos de água.

Elementos de água, pontes e bebedouros

Pavimentos
As condições do piso representam um importante papel
na formação da nossa percepção do ambiente urbano. A
pavimentação na nova urbanização será utilizada de forma a criar
uma superfície contínua e integrada, realçar espaços e eventos
públicos, reflectir as edificações, indicar as entradas dos edifícios,
enfatizar a prioridade dada aos peões e deficientes, definir e
controlar os locais de circulação de veículos bem como locais de
largada de passageiros. Será usada uma combinação de pedra,
granito, madeira e gravilha para as avenidas principais, de modo
a reforçar a hierarquia do movimento, dos padrões e do esquema
de plantação, enquanto nos arruamentos locais se prevê um
pavimento de granito de menor dimensão. Sempre que possível,
os materiais de pavimentação deverão ter origem em fontes locais
e serão utilizados materiais reciclados da área ou envolvente.
Serão optimizadas as superfícies permeáveis para recarregar as Elementos de água, assentos, sinalética e iluminação
águas subterrâneas.

Corte do canal

44 Docas e Canais
Guia de Desenho Urbano
Edifícios

Tipologia de Edifícios
Na generalidade, estão propostos dois tipos de edifícios para
esta área, dependendo da sua utilização. Para definir as docas
10 e 11 serão utilizados edifícios lineares com 12 a 18 metros de
profundidade de empena, com usos mistos comerciais, enquanto
nos quarteirões residenciais serão utilizados edifícios de 9 a 15
metros de profundidade de empena, com espaços semi-privados
ocupando áreas adjacentes aos novos canais.

Volumetria
A volumetria aumentará das margens do estaleiro em direcção Docas e canais
ao centro de transportes. A altura dos edifícios de usos mistos
ao longo das docas irá variar entre 10 a 6 pisos, enquanto os
Frentes e Tardoz
edifícios residenciais adjacentes ao canal e ao passeio ribeirinho Na generalidade, as fachadas dos edifícios deverão ser localizadas
serão de 8 a 4 pisos. Os edifícios com mais de 6 pisos deverão o mais perto possível dos elementos de água. A variação da escala
ter terraços nas traseiras para reduzir o volume visual. Alguns e transparência das fachadas dependerá do grau da intervenção
edifícios residenciais terão também terraços mais baixos a todo o pública. A vertente oriental sul do passeio das docas será
comprimento para permitir mais luminosidade nos átrios. dimensionada de forma generosa para acomodar a linha de MST,
transportes públicos, esplanadas e cafés, uma avenida coberta
e passeios pedonais. Os edifícios neste lado serão instalados de
forma a criar uma rua de comércio em arcada. Os edifícios no lado
oriental/norte do passeio das docas terão espaços traseiros mais
pequenos. Os edifícios residenciais ao longo dos canais terão 2 a
3 pisos de embasamento que definirão o alinhamento das ruas.
Os átrios serão utilizados para reforçar a privacidade, as vistas e
a entrada de luz natural.

Espaços públicos ribeirinhos

Parcelamento dos usos Diagonal de ligação do passeio ribeirinho à Praça da Lisnave

Docas e Canais 45
Parcelamento e Implantação
Cada lote de terreno é dimensionado de modo a reflectir
a multiplicidade de usos e a densidade da parcela. A zona
terciária será constituída por parcelas variando de 100mx100m
a 50mx50m. A maior parcela deverá ser reservada para as
instalações culturais orientadas para a marina. Serão também
localizadas grandes parcelas de terreno para as torres de modo
a que o piso térreo possa ser mantido como espaço exterior. Os
quarteirões residenciais terão parcelas menores variando entre
50mx50m e 30mx30m. A dimensão das parcelas dependerá do
tipo de residências. A área a norte terá parcelas de terreno mais
pequenas para as unidades residenciais de menor escala.

O índice de utilização para esta área irá seguir o padrão existente


no centro de Almada, com excepção dos casos em que sejam
necessários elementos mais altos para reforçar focos visuais. O
índice de utilização varia de 2.5, na área adjacente ao cento de
transportes, e 0.5 perto da margem norte do estaleiro. Prevê-se
que a utilização do solo nesta área não ultrapasse os 60%, na
maioria dos casos, para salvaguardar uma considerável área de
espaços exteriores ao nível térreo. Na zona central, as ocupações
poderão aumentar para 70% favorecendo o aproveitamento dos
espaços exteriores nas coberturas.

Skyline e Forma dos Edifícios


É fundamental que toda a urbanização seja percepcionada como
um todo, com um skyline coerente. Embora as directrizes não
imponham uma forma arquitectónica rígida, aconselha-se que
os edifícios sigam o alinhamento geral de cérceas que aumenta
ligeiramente das margens do estaleiro até ao centro de transportes.
A altura dos edifícios pode ser interrompida por estruturas
distintas que definam espaços públicos e vias principais. A forma
de transporte vertical nos edifícios pode ser colocada no exterior
para animar as fachadas e espaços exteriores. Os edifícios chave,
tais como o complexo marítimo e a torre no final da doca 11 irão
requerer imagens distintivas, enquanto os edifícios indiferenciados
precisam de respeitar as estruturas envolventes e não ultrapassar
os alinhamentos de fachadas.

Vistas e Orientações
As vistas e enquadramentos visuais são aspectos importantes
a considerar no ambiente urbano, de forma a maximizar o Praça local ao longo do canal
equilíbrio visual, minimizar a obstrução de vistas pela presença
de obstáculos edificados, permitir a entrada de luz solar nos
edifícios, minimizar o excesso de sombra, maximizar a entrada
de luz de dia, aumentar a segurança e auto-policiamento das
comunidades. Na generalidade, os espaços habitados das
unidades residenciais serão virados de S-E a S-W. As instalações
comerciais e escritórios ficarão localizados nas zonas viradas a
norte. As unidades residenciais deverão repartir-se pelos espaços
mais habitados, virados para espaços exteriores e elementos
de água, e os espaços de serviço virados para os arruamentos.
Poderão ser utilizados solários ou grandes varandas que forneçam
vistas oblíquas para as docas e canais. Átrios sobreelevados

Misto Residencial Misto Comercial

Corte entre a Avenida das Docas e as Docas #11 e #10

46 Docas e Canais
Controlo Climático Materiais de Construção
O objectivo é a redução das necessidades energéticas – e As directrizes não são restritivas quanto aos materiais a utilizar.
consequentemente de emissão de GEE - através de meios passivos, Contudo, na construção deverão ser privilegiados processos e
em primeira mão, e ainda através da utilização de tecnologias de elementos construtivos “amigos do ambiente”, com baixa energia
energia renovável (ver Vol. II). Na generalidade, os edifícios de incorporada, materiais recicláveis, preferencialmente originários
usos terciários e comerciais irão necessitar essencialmente de de fontes nacionais. Os materiais leves no interior do edifício,
arrefecimento e algum aquecimento ao durante largos períodos com baixa inércia térmica, deverão ser aplicados criteriosamente
do ano. Entre outras possíveis estratégias bioclimáticas, todos os devido às condições climáticas desta área.
edifícios serão projectados de forma a minimizar o aquecimento
no verão através da volumetria adequada, das soluções de Com excepção das torres, os edifícios na área em estudo
pormenorização construtiva, cores claras ou caixas de ar variam de 4 a 12 pisos. Não se fornecem recomendações
ventiladas nas paredes exteriores, considerando ainda a inércia específicas sobre métodos de construção mas deve ser
térmica, o uso de ventilação natural obtida pela colocação de encorajado o uso de construção de baixo consumo energético.
aberturas estratégicas, a redução da carga de luz artificial de A escolha da construção de aço, betão e alvenaria dependerá
boas práticas construtivas. Desejavelmente, grande parte das de uma série de factores incluindo projecto, tradição local,
coberturas será ajardinada para reduzir o sobreaquecimento. O análises de custo-benefício. Deverá ser explorado o método
aquecimento artificial no inverno poderá ser reduzido através da de unidades pré-fabricadas nos edifícios residenciais para
introdução de isolamentos adicionais na envolvente do edifício. minimizar os estaleiros de construção e salvaguardar a qualidade.
No inverno, quando orientados a sul, estes deverão maximizar o
potencial de energia solar incidente e no verão será assegurado
um controle adequado da penetração solar.

Os serviços, normalmente, necessitam de mais fontes de


energia activa para arrefecimento e aquecimento. Contudo,
deverão ser utilizados meios passivos e activos para redução
das necessidades de arrefecimento, tais como a utilização de
iluminação de alta eficiência, forte isolamento térmico e sistemas
de arrefecimento com tecnologias de ponta. Serão usados
elementos fixos e/ou móveis para sombreamento das frentes
envidraçadas, proporcionando a protecção das áreas exteriores
de maior permanência.

As unidades residenciais bem projectadas terão necessidades


mínimas de arrefecimento e aquecimento. Os edifícios poderão
depender ligeiramente de meios activos de arrefecimento e
aquecimento. A maioria das fachadas viradas a Oeste terão sombra
projectada pelos edifícios adjacentes o que diminuirá a intensidade
da exposição solar. Serão utilizados grandes vãos nas zonas mais
habitadas para favorecer as condições de conforto e salubridade
interior. As grandes áreas de verde e água na proximidade serão
factores de amenização climática exterior que promovem a
qualidade do ar para ventilação dos edifícios. Os espaços solares
virados a sul poderão ajudar a aumentar o aquecimento passivo,
podendo dispensar qualquer apoio complementar para atingir as
temperaturas de conforto desejadas no inverno.

Será equacionada a instalação de centrais de co-geração de


forma a minimizar a utilização de fontes de energia não renovável e
poderão utilizar-se tecnologias como painéis solares térmicos para
aquecimento de água e aquecimento/arrefecimento do ambiente,
painéis fotovoltaicos e aproveitamento do potencial térmico das
águas fluviais. Para o conforto dos espaços exteriores adjacentes
aos edifícios de grande altura, sugere-se a integração de palas
horizontais bem dimensionadas na periferia baixa dos mesmos,
para deflexão dos ventos fortes criados por esses edifícios, muito
incomodativos em qualquer estação. Exemplos de materiais, sombras, painéis solares e torre de ventilação

Misto Comercial

ResidenCial

Docas e Canais 47
Picture caption

48 Docas e Canais
Docas e Canais 49
Mutela
Quarteirão
residencial
Esta área desenvolve-se maioritariamente em torno de um facto histórico e urbano – a estrada da Mutela/R.Manuel Febrero. Esta via
constitui o eixo de desenvolvimento de uma área tradicional, actualmente muito degradada, mas cuja memória local interessa valorizar

Febrero manter-se-á como existente


pelo papel que desempenhou no desenvolvimento do contacto da cidade de Almada com a sua área ribeirinha nascente. A R.Manuel
Câmara
eixo de articulação entre o novo desenvolvimento urbano e o centro da cidade e, numa escala local, constituirá

ao Palácio Mesquitela e Municipal


um espaço urbano central de ligação entre a praça de topo da Av. Rainha Dona Leonor – a Praça da Mutela, um novo largo local junto
o encontro com a Av. Aliança Povo MFA. A legibilidade de todas as relações e ligações entre o centro de Almada
e a zona ribeirinha será enfatizada para reforçar a integração desta área na envolvente e o reforço do seu papel de charneira na área de
intervenção.
Mercado
Será mantido o alinhamento e perfil tradicional da rua mas a sua pedonalização no troço entre o largo do Palácio, a recuperar e reutilizar
como edifício público, e a Praça da Mutela implicará uma transformação radical na sua utilização. Pretende-se que esta rua assuma uma
função urbana adequada às suas características físicas e à sua origem tradicional, constituindo-se como um espaço de escala local, de
vivência intensa, associada a uma nova banda edificada de usos comerciais de pequena escala, a implantar em substituição da frente
edificada actual.

Novos edifícios serão implantadosP a nascente da rua de forma a criar uma nova frente que proporcione espaços construídos e coberturas
orientadas a sul e nascente. Uma rede de percursos pedonais transversais será desenvolvida para optimizar as vistas para a área da
Margueira e Lisboa e a topografia será transposta através de escadarias e/ou meios mecânicos. O desenvolvimento desta área acompanhará
a topografia existente formando uma série de terraços verdes de utilização pública ao longo de um corredor verde que articula e enquadra
toda a zona poente da área de intervenção.

Guia de Desenho Urbano


Espaços Exteriores
Hierarquia Espacial
ALMADA
Atendendo à topografia da área e aos seus acidentes, são
Área existente
estabelecidos fundamentalmente três tipos de espaços com
características diferentes mas relacionados entre si: a rua,
elemento de ligação com a cidade, ao longo da qual se localizam os
principais equipamentos; os espaços localizados nas plataformas
a poente e nascente da rua, que se constituem como esplanadas/
miradouros sobre a paisagem; as praças/largos de articulação
entre a rua e a sua envolvente, destacando-se o espaço junto P
do Palácio Mesquitela e ainda o espaço de charneira com a Av.
Praça São
Aliança Povo MFA, junto do Hospital Particular da Mutela. m
Usos
João Baptista Instalações académicas e de educação

O local tem como principal estrutura a rua, preservando-se o


seu carácter e o seu uso habitacional complementado com a
instalação ou preservação de equipamentos escolares e de saúde
bemPcomo com localização de pequenos espaços para comércio
e serviços que definirão a nova frente poente da rua. Ao longo
Centro de
da rua, do lado nascente, desenvolvem-se as áreas ajardinadas
e arborizadas que se estendem até ao morro da Margueira, nas
Conferências
quais se localizam alguns equipamentos desportivos.

/ Biblioteca
Acessos Pedonais e Viários
É uma área muito marcada pelos acentuados desníveis, sendo
também um local de articulação entre a área ribeirinha e a cidade.
Estabeleceu-se, assim, um conjunto de percursos transversais
que favoreçam essas ligações, podendo alguns destes vir a ser
mecanizados. Para além destes percursos, é ainda de referir
todos os que se propõem ao longo dos espaços ajardinados
e arborizados que se estendem até ao morro da Margueira.
Serão igualmente importantes nesta área os atravessamentos
e percursos de menor escala que correspondem a ligações
ajustadas a um tecido muito particular.
MUTELA
O troço central da Rua Manuel Febrero será dominantemente
Quarteirão
pedonal, admitindo-se apenas a circulação automóvel para
veículos de emergência e cargas e descargas fora das horas de
Universitário e de
Quarteirão Investigação
maior actividade. O troço sul mantém-se viário definindo um novo
quarteirão em torno do Hospital Particular de Almada.

50 Mutela residencial
ENFOQUE CON
A principal ligação automóvel com as restantes áreas é estabelecida
através de uma nova via paralela à Rua Manuel Febrero, a sul, que
assegura a ligação à Av. Rainha Dona Leonor. O parqueamento
automóvel será essencialmente resolvido nos edifícios.

Plantações
Distinguem-se três tipos de espaços cuja vegetação poderá
revestir-se de características particulares,
Croquis del Concepto acentuando
/ Concept Sketchnalguns
casos a singularidade dos locais: os largos de pequena escala; as
esplanadas a nascente e poente da R. Manuel Febrero, instaladas
em diferentes níveis com vocação para locais de estadia; as
Art Institute of Chicago
áreas verdes que se estendem até ao morro da Margueira. Este
terá um revestimento vegetal predominantemente herbáceo e
subarbustivo, recorrendo-se às espécies espontâneas típicas
da zona, que concorram, por um lado, para uma estabilização
das encostas com declives mais acentuados e, por outro, para
a criação de habitats de maior valor ecológico. Ainda nesta
encosta, nos locais onde a topografia e geomorfologia existentes
o permita, deverão plantar-se pequenos grupos arbóreos que
pontuem a encosta e amenizem esses espaços do ponto de vista
da sua utilização contemplativa e de circulação.

Elementos de Água Terrasson-la-Villedieux park, France

É uma área instalada a uma cota


Oportunidades superior à do rio
de Ajardinamiento e distanteOpportunities (D. Kiley)
/ Landscape
do mesmo. Poderão vir a localizar-se alguns canais de água de
Richard Rogers Partnership

pequena dimensão em largura, funcionando como elementos que


restituam ao local a ligação ao rio e à água que conheceu no
passado. Estes elementos funcionam ainda do ponto de vista do
ambiente dos diversos espaços como sistemas de refrescamento
natural.

Quiet Garden

Elementos de água e pequenos ensombramentos

Maison Carré, Nimes


Madrid Arena
January 2002

Mutela 51
Pavimentos
Sendo uma área com características muito diversas, desde a rua
às áreas ajardinadas, será importante que os pavimentos a utilizar
constituam um elemento unificador do local. A pedra e seus
derivados (lajes, calçadas, gravilhas, etc.) poderão ser utilizados
consoante os usos (pedonais, automóveis, praças/largos, áreas
verdes) sendo um material que deverá ainda referenciar uma
articulação com as construções do passado a preservar.

Iluminação, Mobiliário Urbano e Sinalética


Todo o mobiliário e equipamento de iluminação e sinalética
deverão ser robustos na sua constituição apostando numa
linguagem e desenho contemporâneos. Poderão ser, em princípio,
considerados dois sistemas do ponto de vista do desenho e dos
materiais: um associado aos arruamentos e espaços públicos
adjacentes e um outro em toda a área verde que se estende até
ao morro da Margueira. Aqui poderão considerar-se sistemas
de iluminação e de mobiliário integrados no próprio desenho
e topografia do espaço. Serão importantes os sistemas de
iluminação que garantam a sua referenciação na paisagem e a
sinalética dos edifícios e conjuntos com particular valor histórico.

Percursos paisagísticos e áreas públicas de recreio

Vista do novo corredor verde na Mutela

Corte entre os quarteirões residenciais e académicos

52 Mutela
Guia de Desenho Urbano

Edifícios

Tipologia de Edifícios
Atendendo às características desta área, as tipologias de edifícios
serão variadas. As tipologias existentes (de diversa natureza
e dimensão) mantêm-se e novas tipologias serão propostas.
Salientem-se: os edifícios a manter em parte da R.Manuel Febrero,
com valor de conjunto; a nova edificação a poente, que servirá de
suporte a uma das esplanadas e que terá, na sua grande maioria,
apenas uma frente aparente; as construções a nascente da rua,
que se constituem como edifícios lineares com uma profundidade
entre 14 e 12 metros e que permitem, pelo modo como se
implantam, a abertura de vistas sobre a paisagem estuarina.

Volumetria e Altura
Sendo uma área na qual parte do edificado é mantido, as
construções propostas pretendem naturalmente articular-se
com o existente, dando continuidade às altimetrias e volumetrias
actuais. De um modo geral, a altura dos edifícios varia entre os 2
e os 6 pisos, verificando-se uma grande continuidade de cérceas
no lado poente da R. Manuel Febrero que mantém a escala actual
da ordem dos 2 pisos e um acréscimo das alturas do edificado no
lado nascente. Aqui, procura-se dar continuidade às volumetrias
da malha de edifícios colectivos, já exteriores à área de intervenção
do plano, mas com a qual se pretende desenvolver articulações
no sentido de promover uma transição equilibrada entre o tecido
existente e a nova área urbana.

Frentes e Tardoz
O carácter do local é hoje muito marcado pelo tipo de edificação
e pelo carácter e imagem dos planos de fachada que delimitam
a R.Manuel Febrero. Será fundamental preservar esse sentido
na redefinição da rua. Os novos edifícios que se prevêem no
alinhamento poente, possuindo apenas uma frente, deverão
constituir o suporte para uma área de estar/esplanada a implantar
ao nível da rua superior, devendo garantir-se um conjunto de
ligações entre a R.Manuel Febrero e este espaço a uma cota mais
elevada. Por outro lado, os novos edifícios a nascente da rua, que Exemplos de átrios interiores
se estabelecem perpendicularmente a esta, deverão tirar partido
da sua relação com a paisagem e espaços verdes adjacentes Unidades Residenciais
através da criação de varandas e terraços. Ligação Verde Painéis Solares
Espaço Solar

Corredor Verde

Átrios interiores residenciais

Wind scoop
Átrio

Painéis Solares

Parcelamento de usos Quarteirões académicos

Mutela 53
Parcelamento e Implantação
Considerando que uma grande parte do edificado existente
será preservada, o dimensionamento das parcelas nesta área
será necessariamente marcado por esta realidade. No entanto,
na frente poente do arruamento, a banda a implantar deverá
considerar um parcelamento que estabeleça uma passagem
equilibrada para uma escala de maior dimensão, uma vez que
o edificado existente decorria de parcelas de dimensão muito
reduzida, dificilmente adaptáveis a programas actuais.

No lado nascente da via, a modulação será adaptada aos


programas dominantemente residenciais a implantar. O índice de
utilização será baixo de forma a respeitar o índice de ocupação
existente na área, que variará entre 1 a 1.5. A utilização do solo
situa-se entre 50% e 60% para salvaguardar uma alta percentagem
de espaços suficientemente abertos que permitam a definição de
corredores visuais para o estuário. O edificado desenvolver-se-á,
então com orientação N/S, com implantações da ordem de 15
metros de empena por 75 de fachada.

Skyline e Forma dos Edifícios


É importante, para a definição da forma e da altura dos edifícios,
as características altimétricas das construções envolventes a
preservar. Deverão os edifícios propostos dar continuidade ao
skyline existente, acentuando as variações altimétricas próprias
da ocupação antiga e, ainda, o acompanhamento da topografia
natural.
Exemplos de edífícios educacionais e a implantar no morro

Vista dos quarteirões académicos na área da Mutela a partir da Avª Aliança Povo Unido - MFA

LISNAVE

Misto Residencial
Comercial

Corte pela Mutela e Estaleiro

54 Mutela
Vistas e Orientações
As vistas assumem particular relevância atendendo à topografia
do local e à possibilidade de estabelecimento de panorâmicas a
partir dos edifícios e dos principais espaços públicos. Deste modo,
deverá dar-se particular atenção à implantação do edificado de
modo a permitir a constituição de corredores visuais.

Os edifícios novos a nascente da R.Manuel Febrero deverão


preferencialmente dispor-se no sentido nascente/poente de
modo a permitir a permeabilidade visual sobre o rio. As restantes
construções, sempre que possível, deverão tirar partido das
orientações solares mais favoráveis.

Controle Climático
Os novos edifícios na zona da Mutela serão, na generalidade,
de baixa altura e necessitam de poucos meios de controlo
climático em comparação com os edifícios terciários da área do
estaleiro. Deverão ser explorados, tanto quanto possível, meios
passivos como a utilização de isolamentos térmicos e sombras.
Em princípio, na área da Mutela poderão ser encontrados dois
tipos de novas configurações de edifícios: os edifícios residenciais
Área da Mutela
e equipamentos. Os primeiros, próximos do topo da colina,
geralmente com orientação Norte-Sul de forma a manter os
corredores de vistas para o rio, devem organizar-se para que
a fachada virada a sul possa beneficiar do aquecimento da luz
solar no inverno. Poderão ser utilizados elementos sombreadores
exteriores para minimizar o aquecimento no verão. Os quartos
e as cozinhas serão voltados a Norte e poderão ser instalados
painéis solares para reduzir a necessidade de aquecimento de
água.

Os edifícios de equipamentos colectivos localizados no morro da


Mutela serão na generalidade orientados SW, de frente para o rio,
e NW, de frente para o morro. As fachadas SW terão palas para
sombreamento no verão. Os espaços orientados a Norte serão
idealmente escolas e estúdios que requerem luz solar difusa. As
coberturas dos edifícios serão ajardinadas de modo a fornecer
espaços verdes exteriores, interligados com pequenos terraços
com elementos de água. Este cenário providenciará uma rede de
vias de verde ao longo da base da colina. A maioria dos edifícios é
parcialmente abrigada permitindo, desta forma, que o isolamento
térmico possa reduzir as variações da temperatura no interior dos Ensombramentos e amenização do espaço
edifícios.

Materiais e Construção
Esta é uma área muito particular, atendendo a que se prevê
manter algumas das construções mais antigas do local. Deverão
ser, nestes casos, estudados processos de reabilitação das
edificações, avaliando o grau de manutenção das estruturas
e materiais, em função do seu estado de conservação e das
condições de estabilidade. A reabilitação dos edifícios deverá
ser efectuada com os materiais idênticos no que se refere aos
acabamentos exteriores. A escolha do tipo de estruturas (sistemas
e material) dependerá do tipo de reabilitação a efectuar (mais ou Persianas e painéis solares
menos profundo).

Misto Residencial

Marina

ESTACIONAMENTO

Mutela 55
P
Praça da Cova Da Piedade
Centro de
Conferências
A área da Cova da Piedade sofreu um longo período de abandono o que originou uma falta de vitalidade e a desintegração da vivência
/ Biblioteca
urbana. A proposta baseia-se numa ocupação de usos mistos, aproveitando as estruturas e os percursos tradicionais. Será introduzida
na Cova da Piedade uma hierarquia de espaço público de modo a reforçar a sua urbanidade local. Mantêm-se o jardim público no centro
e será formada uma nova praça frontal aos silos, sendo ainda reservadas áreas para implantação de diversos equipamentos colectivos. O
tecido urbano irá reflectir os alinhamentos existentes e a rede de ruas sinuosas, contrastando com o padrão ortogonal do estaleiro.

Os silos históricos serão preservados para se transformarem no novo fórum cultural da Cova da Piedade. A praça formada em frente aos
silos, será um novo espaço de cultura e nos edifícios à volta e armazéns existentes será encorajada a ocupação por livrarias, galerias de arte
e espaços de exposição e cafés. O conceito de ocupação da nova praça aposta na diversidade de actividades culturais. A arborização será
escolhida cuidadosamente de forma a obter uma continuidade no tratamento da paisagem entre a praça e as pequenas ruas envolventes.
Prevê-se uma utilização viária de baixa intensidade.
MUTELA
Quarteirão
Universitário
Guia de Desenho Urbano Quarteirão Investigação
Espaços Exteriores residencial
o Hierarquia Espacial
A recuperação da área da Cova da Piedade terá um impacto

Quarteirão
significativo no seu próprio espaço público. A proposta visa

Esco
revitalizar os edifícios históricos e espaços exteriores existentes
de modo a criar uma série de instalações públicas distintas. Os Área envolvente aos silos
residencial
silos tiveram um papel muito importante no desenvolvimento
económico e a sua importância histórica nesta área deve ser
existente
tomada em consideração. Além disso, os silos estão colocados
num corredor visual estratégico, alinhado com as docas principais.
Também será criado um novo espaço exterior para assinalar o
significado dos silos e formar um novo centro cultural na Cova
da Piedade. Esta praça será o alvo principal para artistas locais e
pequenas empresas de comunicação sendo também um ponto-
chave de intercâmbio cultural situado entre o centro de Almada e
a zona do Alfeite.
Hospital
Usos Reutilização de praças e edifícios históricos

Dependendo da avaliação estrutural, os silos históricos serão


mantidos com vista à sua transformação num pólo cultural da
Cova da Piedade. Situações precedentes demonstram que o
sucesso na reabilitação de estruturas históricas podem renovar P
a identidade local bem como devolver vitalidade à área. Os silos
poderão incluir uma série de galerias públicas e privadas de alto ETAR
nível, espaços multiusos para artistas e grupos locais, unidades
para pequenas empresas culturais e de entretenimento, livrarias e
restaurantes nos últimos pisos.

Nos edifícios à volta da praça e dos armazéns existentes será


encorajada a ocupação dos pisos inferiores por livrarias, galerias,
ateliers de arte e cafés. Os armazéns serão usados para escritórios,
estúdios e pequenas empresas. Esta área será constituída por Centro
COVA DA
quarteirões residenciais inseridos na comunidade existente, com
distâncias pedonais razoáveis ao jardim público e ao complexo
desportivo.
cultural
PIEDADE Quarteirão
dos Media

56 Praça da Cova Da Piedade


Acessos Pedonais e Viários
A praça será pedonal de forma a encorajar eventos ao ar livre tais
como feiras de livros, exposições, pequenas actuações musicais
e teatrais. Os percursos pedonais irão estender-se para norte até
ao morro na área da Mutela e até ao centro de Almada. Haverá
uma ligação pedonal ao longo do paredão do Alfeite até ao novo
parque ecológico. Será permitida a circulação a veículos de
emergência e cargas e descargas na estrada principal da praça,
está proposta uma via de MST que atravesse a estrada principal
norte-sul e será providenciado um serviço de autocarros local
para ligar esta área do estaleiro e ao centro de Almada.

Com a excepção da via de acesso viário principal norte-


sul, o tráfego será limitado a residentes locais e visitantes. O
estacionamento será efectuado em sub-caves ou em silo-autos.
Será providenciada no futuro uma ligação (potencial) entre o
Alfeite e Almada.

Plantações
O projecto paisagístico para esta nova praça será simples e Percursos pedonais ensombrados e de animação nocturna
permitirá a ocorrência de uma variedade de actividades. As
Elementos de água
plantações serão escolhidas cuidadosamente de forma a obter
uma continuidade no tratamento da paisagem entre a praça e as Os elementos de água deverão ser utilizados sempre que for viável
pequenas ruas envolventes. A escala deste espaço não permitirá a indução de som, movimento e redução da temperadutra exterior
a utilização de grandes árvores. Contudo, poderão ser plantadas através do arrefecimento por evaporação. As águas pluviais com
árvores de flor e fruto à volta do perímetro da praça o que fará um origem nas coberturas dos silos e dos edifícios adjacentes serão
bom contraste com a natureza industrial dos silos. Esta rede de recolhidas para recarga das reservas de água no solo e para rega.
árvores de fruto poderá estender-se para o quarteirão residencial A escala dos elementos de água deverá adequar-se à identidade
e potencialmente para a área do Alfeite. dos espaços exteriores. Poderão ainda ser utilizadas pequenas
fontes e jactos de água para animação das ruas locais.

Vista da Praça da Cova da Piedade e dos silos

Praça da Cova Da Piedade 57


Pavimentos
O novo tratamento do pavimento da área da Cova da Piedade
deverá ter em consideração a identidade local e a escala
apropriada aos edifícios históricos. Enquanto o pavimento
pode ser contemporâneo nos novos espaços públicos na área
do estaleiro, na praça poderá ser aplicado um padrão mais
tradicional para complementar as características tradicionais dos
silos e armazéns. Assim, será utilizado um pavimento de grandes
placas de pedra simples, enquanto nas ruas adjacentes pode ser
aplicado um pavimento mais miúdo de granito. Deverão existir,
sempre que possível, superfícies permeáveis para a recarga das
águas subterrâneas.

Está previsto que, à excepção da via principal norte-sul e do


túnel proposto, o acesso a veículos dentro da área seja limitado a
visitantes e residentes locais. Assim, a maioria das ruas deverão
ser pavimentadas de forma homogénea utilizando pedra e granito
e enfatizando a prioridade dada aos peões.

Iluminação, Mobiliário Urbano e Sinaléctica


Exemplos de pavimento, degraus e iluminação de rua
Deverá ser utilizado, tanto quanto possível, um sistema integrado
para toda a área da Cova da Piedade. Os edifícios históricos
serão evidenciados através de iluminação especial. Por exemplo,
os silos poderão ser animados por efeitos de luz especiais
produzidos por artistas de iluminação. Existem exemplos de
sucesso onde se faz a passagem de slides nas paredes dos
edifícios em espaços públicos chave. Por razões financeiras
deverá ser difícil a substituição dos sistemas de iluminação e
mobiliário urbano nos quarteirões residenciais existentes pelo
que deverá ser definida uma estratégia de renovação gradual dos
antigos sistemas. Será dada prioridade à implementação de uma
nova rede de iluminação, mobiliário urbano e sinalética ao longo
das vias principais e novos espaços públicos. Para maior detalhe,
ver Docas e Canais.

Estratégia de Iluminação para edifícios históricos e Espaços públicos

Corte entre a nova praça e os silos re-utilizados

58 Praça da Cova da Piedade


Guia de Desenho Urbano
Edifícios

Tipologia de Edifícios

A maior parte dos edifícios à volta da praça são históricos. Estes


deverão ser renovados cuidadosamente, utilizando materiais de
origem local de uma forma contemporânea. É importante alcançar
um equilíbrio entre as inserções modernas e a identidade histórica.
A estrutura e cobertura dos silos e dos armazéns precisam
de ser cuidadosamente analisadas antes de serem tomadas
decisões quanto à extensão da renovação e alteração. Os novos
edifícios serão principalmente um misto de edifícios comerciais e
residenciais de 10m a 12m de empena, formados à volta de átrios
de modo a criar espaços semi-privados.

Volumetria
A abordagem volumétrica será no sentido de manter a escala
existente no tecido urbano da Cova da Piedade. A justaposição
entre os silos, de altura importante, e os baixos armazéns formarão
um interessante cenário à nova praça.

Átrios residenciais

A altura dos edifícios à volta da praça irá variar entre os 4 a 6


pisos. Isto permitirá uma adaptação confortável à topografia na
área do Alfeite.

Frentes e Tardoz
As fachadas dos edifícios públicos chave deverão ser transparentes
ao nível do piso térreo e pisos inferiores. Estas deverão poder ser
abertas durante os meses de Verão para encorajar a instalação
de actividades como cafés e galerias exteriores. Desta forma, as
ligações entre o interior e o exterior serão aumentadas. Poderão
ser criadas novas aberturas nas coberturas dos silos e armazéns
para aumentar as ligações visuais. As outras fachadas dos
edifícios necessitam de respeitar os edifícios vizinhos quanto a
transparências e materiais.

Terraço na cobertura e salas de teatro

Índice de ocupação Vista das ruas locais para os silos

Praça da Cova da Piedade 59


Parcelamento e Implantação
O parcelamento, à excepção dos edifícios existentes, irá variar
de 50mx50m a 60mx60m, o que dará espaço suficiente para
implantação de quintais ou jardins nos logradouros. O índice de
utilização será baixo de forma a respeitar a densidade existente
na área, que variará entre 1 a 1.5. A ocupação irá variar entre
50% e 60% para, dependendo dos usos, salvaguardar uma alta
percentagem de espaços exteriores.

Vistas e Orientações
Devido à escala e topografia do tecido urbano desta área, as
vistas serão limitadas. Contudo, deverão ser mantidos corredores
de vistas estratégicos para os silos, colinas de Almada e rio. Os
arruamentos e espaços públicos serão alinhados e estruturados
focalizando estes corredores específicos. O tipo de quarteirões
residenciais permitirá aos edifícios ter espaços virados a sul no
interior de logradouros sossegados. Restaurante na cobertura

Controlo de Cheias
Devido à topografia da área da Cova da Piedade, é necessário
efectuar uma avaliação detalhada dos riscos de cheias, de modo
a perceber a sua implicação. As caves profundas serão muito
dispendiosas e deverão ser evitadas, sempre que possível. A
nova urbanização deve ser elevada para minimizar os riscos de
cheia. Poderão ser utilizadas sub-caves para estacionamento, no

Vista do novo empreendimento a partir do topo dos silos

Corte da Praça da Cova da Piedade

60 Praça da Cova da Piedade


sentido de elevar os pisos térreos actuais dos edifícios. Poderá vir
a ser necessário implementar um sistema de defesa contra cheias
à volta da margem do rio.

Controlo Climático
Devido ao estreito tecido urbano na Cova da Piedade, é provável
que a escala dos edifícios seja menor. Existirão algumas sombras
próprias devido à existência de ruas mais iluminadas. No Verão
serão necessárias sombras e água para arrefecimento por
evaporação nos espaços públicos. A construção em alvenaria
pesada poderá fornecer estabilidade térmica e arrefecimento
nocturno nos edifícios. Serão necessários alguns meios de
ensombramento e arrefecimento activo durante o Verão.

Para uma descrição mais detalhada sobre controlo climático, ver


Docas e Canais.

Materiais de Construção
Todos os edifícios históricos da área de intervenção deverão ser
recuperados, integrando a preservação da sua imagem original Pequenos espaços locais e espaços públicos semi-exteriores
com a sua adaptação a novas funções, mediante a utilização de
tecnologias actuais de construção. A iluminação natural deverá
ser introduzida nos edifícios mais antigos e os materiais de
construção serão cuidadosamente seleccionados para responder
às necessidades de controlo climático.

Para uma descrição mais detalhada, ver acima ‘Tipologia de


Edifícios’ relativamente aos edifícios históricos e ver Docas e
Canais para novas tipologias de edifícios.

Reutilização de edifícios históricos utilizando materiais modernos

Praça da Cova da Piedade 61


Cacilhas
Ri
A zona da freguesia de Cacilhas que integra a área de intervenção abrange um tecido urbano consolidado, de muito elevada densidade e
dominado pelo edifício conhecido como Canecão que, pelo seu posicionamento e volumetria, referencia toda a frente ribeirinha nascente
de Almada. Corresponde a uma área com grandes problemas de funcionalidade urbana, decorrentes por um lado, da malha não comportar
a ocupação física imposta, e por outro, da desqualificação visual do edificado existente.

É fundamental desenvolver aqui uma intervenção de qualificação urbanística e arquitectónica que permita devolver equilíbrio a este
conjunto, favorecendo a sua relação com os novos desenvolvimentos propostos. Será muito importante assegurar a articulação com o
corredor verde (Corredor Verde do Morro) que fará a ligação, a uma cota de meia encosta, entre Cacilhas e a Mutela e corresponde a uma
área pública de descompressão. Por outro lado, será possível estabelecer uma forte conexão com a ocupação proposta ao longo da Av.
Aliança Povo MFA e, em particular, com as edificações de programas mistos a implantar ao longo da doca 13 que integrarão a gare fluvial
do interface de transportes.

CACILHAS
Pretende-se ainda promover uma intervenção de qualificação de fachadas nos edifícios desta área alterando substancialmente a imagem e
dignidade das frentes orientadas a sul/nascente de toda esta área de Cacilhas. O terminal fluvial deve também evidenciar-se como um pólo
de toda a zona norte do plano, tanto do ponto de vista visual como vivencial, e nessa medida, assegurar a referenciação do local.

GINJAL
Guia de Desenho Urbano
Espaço Exterior

Hierarquia Espacial Potencial


Esta é uma área na qual os espaços públicos estão acima de tudo
miradouro
associados à vivência da rua: de menor dimensão, no caso da área
envolvente do edifício do Canecão, e de maior dimensão, no caso Área existente
da Av. Aliança Povo MFA, ambos com um carácter muito diverso, P
com maior privacidade ou mais expostos respectivamente.

A avenida/alameda detêm um importante papel como espaço de


ligação entre Cacilhas e a Cova da Piedade, percorrendo toda a
área e, como tal, definindo um conjunto de pontos de acesso,
sendo também um importante elemento de ligação entre as
áreas planas e de cota mais baixa da área de intervenção e as de
declive mais acentuado (morro) e instaladas à cota mais elevada.
Terminais de ferry e de cruzeiros
As ruas envolventes do Canecão deverão sofrer uma substancial
requalificação de modo a ordenar a sua utilização e a melhorar
significativamente a sua imagem e funcionalidade.

Usos Terminal
Esta área é marcada pela presença de grandes edifícios de
habitação, alguns equipamentos (quartel de bombeiros), pelo
Ferry
futuro interface de transportes (fluviais, rodoviários e ferroviários)
e ainda pelos espaços de comércio e serviços a este associados.
Os edifícios do interface poderão, assim, albergar espaços para
instalação de áreas comerciais nos pisos inferiores e escritórios
nos pisos superiores.

Acessos Pedonais e Viários P


Atendendo à proximidade do interface de transportes, é uma
área muito particular do ponto de vista do tráfego e circulação,
convergindo aqui os diversos modos de transporte – metro de
superfície, transporte público rodoviário, bicicleta e automóvel.

Deverão estabelecer-se percursos pedonais claros e seguros nas


áreas de maior confluência de trânsito automóvel. A Av. Aliança
Povo MFA deverá constituir-se também, para além de eixo viário de Bombeiros
grande significado, como um importante percurso pedonal linear,
favorecendo e facilitando as ligações com o morro da Margueira.
Pelo carácter enclausurado de todo este local, na área envolvente
do Canecão deverá ser incentivada a utilização pedonal.

LI
SN
Pass
Elevador
AV
62 Cacilhas E
ribeir
Plantações
Atendendo à escala e diversidade de espaços, as espécies
arbóreas a associar a estes deverão ter em conta a escala e
dimensão dos mesmos. No caso das áreas envolventes do
Canecão, espécies altas e esguias de folhagem luminosa e caduca
permitindo uma maior incidência solar no outono e inverno. No
caso da Av. Aliança Povo MFA, árvores de grande porte e que
garantam sombra e protecção durante o maior período de tempo.
Será também fundamental reflectir sobre a localização de algumas
espécies de enquadramento do tardoz dos edifícios envolventes
do Canecão.
Percursos pedonais com sombra Exemplo de via de MST
Elementos de Água
Nesta área é de realçar a existência da doca 13 como elemento
de grande expressão, muito embora afecto quase totalmente
à utilização do interface de transportes. Poderá constituir um
importante referencial para os edifícios fronteiros e para as
construções lineares que delimitam esse grande elemento.

Avenida pedonal

Vista para Cacilhas e terminais de ferry

Cacilhas 63
Pavimentos
Distinguem-se duas áreas com características muito diferenciadas:
a envolvente do edifício do Canecão, na qual os pavimentos
deverão contribuir para uma humanização da escala do local e
para uma clara leitura do espaço exterior onde a continuidade
do plano dos pavimentos deverá constituir um objectivo; a Av.
Aliança Povo MFA, a qual deverá possuir uma pavimentação que
reforce a diferenciação dos diversos tipos de circulação pedonal,
ciclável, ferroviária e rodoviária. Deverá, no entanto, ser estudado
o seu remate junto ao Largo de Cacilhas de modo a garantir no
futuro a constituição deste local como um espaço público de
grande qualidade, para a qual contribuirá também a natureza das
soluções a implementar ao nível da sua pavimentação.
Animação ribeirinha
Iluminação, mobiliário urbano, sinalética
Todas as soluções a implementar serão desenhadas de modo a
integrarem-se e a perfazer um todo com as soluções de pavimento.
Deverão ser escolhidas soluções de grande durabilidade e com
fracas exigências de manutenção.

As soluções deverão ter em conta o tipo de tráfego e acima de


tudo a escala dos diferentes locais (ruas, avenidas ou largos/
praças). Poderão igualmente vir a considerar-se diferentes
tipologias ao nível do desenho e, no caso do remate da Av. Aliança
Povo MFA junto de Cacilhas, será fundamental o estudo conjunto
das soluções para este local de modo a garantir a sua desejável Passeio ao longo do terminal de ferry
e expectável unidade.

Novos terminais de ferry

Corte entre o morro da Margueira e o terminal de ferry

64 Cacilhas
Guia de Desenho Urbano
Edifícios

Tipologias de Edifícios
No que se refere à sua configuração, nestas áreas são consideradas
três tipologias de edifícios: os edifícios existentes (envolventes
do Canecão) de implantação livre e de configuração linear; os
edifícios lineares do interface que acompanham a Av. Aliança
Povo MFA, a partir do Largo de Cacilhas, e se desenvolvem ao
longo da doca 13; os edifícios que se implantam a poente, de
implatação poligonal, acomodam áreas de estacionamento de
apoio ao terminal rodoviário e quartel dos bombeiros e a sua
configuração pretende resolver a articulação entre a avenida e o
tardoz dos edifícios junto do Canecão.

Volumetria e Altura
Os edifícios existentes, envolventes do Canecão de grande altura,
atingem cerca de 20 pisos e grande expressão volumétrica,
constituem um marco na paisagem próxima e distante. Os
edifícios afectos ao interface desenvolvem-se ao longo da doca
13 com uma expressão volumétrica menor, evoluindo de norte
para sul de 2 para 6 pisos, formando um escadeado e definindo
um conjunto de terraços sobre o rio orientados no sentido do
Largo de Cacilhas e de Lisboa. Os edifícios que se desenvolvem Vista da Av. 25 de Abril e da nova linha do MST
a poente da Avenida Aliança Povo MFA definem um conjunto de
plataformas que progridem em altura no sentido do morro da
Margueira.

Frentes e Tardoz
Para os edifícios existentes na envolvente do Canecão seria
importante repensar os planos de fachadas no âmbito de uma
intervenção disciplinadora bem como anular a leitura de frente e
tardoz ainda presente em alguns casos, valorizando as fachadas
orientadas a nascente. Os novos edifícios de acompanhamento
da doca 13 deverão reforçar o sentido de remate da nova área a
urbanizar de articulação com o Largo de Cacilhas, assumindo-se
como um ponto de viragem e de charneira de grande expressão.
Deverá também este conjunto assumir-se como elemento de
transição entre a avenida e a doca 13, permitindo a leitura do rio
através da permeabilidade visual do piso térreo. Exemplos de edifícios residenciais de altura média

Parcelamento de usos Exemplo de uma via do MST semi-pedonal

Cacilhas 65
Parcelamento e implantação
A área de Cacilhas, no topo norte da área de intervenção, integra
uma ocupação muito heterogénea, albergando pequenas parcelas
existentes ocupadas por edifícios de habitação com índices de
utilização muito altos e equipamentos. A proposta actual integra
o preenchimento desta malha junto à área de contacto com o
Corredor Verde do Morro, com índices de cerca de 1.5, e para
nascente, junto à doca 13, com a criação de uma frente que
acompanha a doca com edifícios lineares. Estes, apesar da
baixa volumetria, ocupam a quase totalidade da parcela pelo que
induzem a criação de índices mais elevados, situando-se entre 3
e 5.

Skyline e Forma dos Edifícios


É uma das áreas de maior relevância no skyline da cidade. O
conjunto dos edifícios em torno do Canecão contrasta fortemente
com a escala e altimetrias da cidade. A nova construção,
sobretudo a que se desenvolve ao longo da Avenida Aliança Povo
MFA e da doca 13 a partir de Cacilhas, pretende estabelecer um
limite, uma parede que vai progredindo em altura desenhando a
inctiveumQuarters - Main Route
nível mais baixo uma importante referência na leitura do local
pelo seu carácter singular em termos volumétricos.

Vistas e Orientações
Atendendo à relação dos novos edifícios com a doca 13, será
fundamental que os programas a instalar tirem partido dos
planos de água adjacentes e das vistas para nascente. De igual
modo, os patamares/terraços definidos pela variação altimétrica
dos edifícios, permitem a constituição de espaços interiores
protegidos, privilegiados na sua relação com as vistas sobre o
estuário e Lisboa.

2
Por outro lado, o carácter escadeado deste conjunto, que se
desenvolve a partir de Cacilhas com dois pisos, permite a tomada Main routes are animated by ground floor uses Main rout

de vistas para quem desce a Av. 25 de Abril. A solução referida


permite ainda, para quem habita os edifícios envolventes do
Canecão, a tomada de vistas e boa exposição solar.

Plan and section of Primary route

Percursos paisagísticos e pedonais com sombra

Routes benefit from adjacent A mix of transport modes adds Illustrative view of street scene within Woolston Riverside
public uses vitality
The pr
Scheme brings two main roads into the site; will experience the spatial characteristics of the new and more public uses at ground level and the use pedest
ria Road and Weston Grove Road. Analysis buildings and public square and the relationship of appropriate materials the ground level should be pedest
hown that these two roads form a natural route with the river is specifically intended to enhance and highly active and open. and co
gh Woolston and as a result, the incorporation reinforce the identity of the new development as an to acco
w carriageway design and orientation for these intrinsic part of Woolston itself. Access to ground floor units will be level with the (lightin
assists significantly in the integration of the site streets and gardens. Parking will be either fully continu
he existing District Centre. A new main route is also incorporated in the Scheme underground or set back to allow appropriate depth routes
which proceeds south from the main square. This to the ground uses. Servicing of commercial units will has be
th cases, the orientation of these main roads is intended to act as a distributor road for the dense be carried out from the designated areas adjacent to thereb
s clear vistas from the street at the site residential quarter at the southerly end of the site. main routes and possibly managed during restricted levels.
eter, down to the river, thus reinforcing the ideal This road can also accommodate bus routes (which hours. all inte
blic access to the waterfront that the Scheme at present use the old Victoria Road), linking with edge a
otes. Swift Road near Weston Shore. Design Principles: Public Realm lined e

oute formedCorte
byentre o terminal of
the connection deWeston
ferry e Grove
Cacilhas Design Principles: Building Scale and Design Given the importance of these routes as access to For mo
and Victoria Road flanks the new Main Square the site by a range of vehicles, there is the potential Design
will form the main public transport route, as well Building edges along the main route could be set for heavy use. As a consequence high quality, durable accom
e main route for Cacilhas
66pedestrians, cyclists, cars and back at ground level to provide a wider pedestrian materials are essential.
ce vehicles. Through traffic using the new routes zone. Through the location of building entrances
Housing
Housing in Wapping
in Wapping - Architect:
- Architect: Ian Ian Ritchie
Ritchie
Controle Climático
No caso de se desenvolver uma intervenção de qualificação nos
edifícios existentes em Cacilhas, poderão ser introduzidas medidas
de melhoria do seu desempenho ambiental. Os novos edifícios Ma
de usos terciários e/ou comerciais necessitam de sistemas de
arrefecimento e aquecimento pelo que serão projectados tendo
em consideração a minimização destas necessidades através
de meios passivos associados ao projecto de arquitectura
nomeadamente, a organização do espaço, a proporção e
localização da fenestração, o isolamento e os materiais de
construção. Estas medidas poderão vir a ser complementadas
com sistemas específicos de arrefecimento e aquecimento que
deverão tirar partido de fontes de energia disponíveis.

Materiais e Construção
Átrios públicos
Será Platz,
Potsdamer
Potsdamerimportante
Berlin
Platz, Berlinreforçar
- residential ascheme,
- residentialconveniência
scheme, de
Architect:
Architect: um
Richard estudo
Rogers
Richard de
Rogers Housing in Paris
Housing - Architect:
in Paris Renzo
- Architect: Renzo Private gardens
Private within
gardens highhigh
within density
density Hou
fachadas para os edifícios envolventes do Canecão, propondo
Partnership
Partnership Piano
Piano housing - Darmstadt,
housing Germany
- Darmstadt, Germany
eventualmente materiais e cores que de algum modo enobreçam
e dignifiquem a sua imagem.

Nos novos edifícios, a nascente e poente da Av. Aliança Povo MFA,


para além das opções de grande durabilidade e fácil manutenção,
será importante, no caso dos planos verticais, a definição de
soluções de elevada qualidade. Ao nível das coberturas poderão
ser incorporadas soluções ajardinadas tendo em conta que estes
planos constituem uma importante referência para quem habita
os edifícios da envolvente do Canecão e para quem desce a Av.
25 de Abril.

Habitações com espaços exteriores habitáveis

Cacilhas 67
68
69
Adenda
INTRODUÇÃO
O processo de acompanhamento do Plano de Urbanização DE Almada Nascente originou a realização de alguns ajustamentos à solução
base proposta em 2005 que incidiram exclusivamente no topo norte da área do estaleiro. Estas alterações decorreram de vários factores,
uns de natureza ambiental, outros associados aos aspectos de navegação fluvial e outros ainda decorrentes da estratégia e modelo de
implementação do Plano.

A conjugação e interacção destes vários aspectos suscitaram a necessidade de se reequacionar os seguintes aspectos da proposta de
ocupação e desenho urbano:

l A localização do terminal de cruzeiros – não dispondo de elementos de projecto que permitissem assegurar a utilização do
cais exterior da doca 13, a incerteza quanto à tipologia e dimensão do terminal a instalar e as limitações impostas quanto a estes
aspectos por essa localização inicial bem como a potencial conflitualidade, no caso de se optar por um novo terminal do Porto de
Lisboa nesta área, com o tráfego fluvial de transporte de passageiros, aconselhou a que se admitisse uma hipótese de localização
alternativa para o terminal de cruzeiros, com acostagem ao longo de um novo cais a construir no prolongamento do cais nº 2, a norte
da Praça do Tejo;

l A dimensão do complexo museológico da Praça Lisnave – não tendo sido questionada a importância deste equipamento
cultural, a sua valia simbólica, nem a sua localização apoiada na doca 12, entendeu-se contudo prudente conter a sua expressão
edificada, reduzindo a sua área de implantação e, consequentemente, a sua edificabilidade;

l As condicionantes de ocupação edificada dos espigões norte – na sequência da análise dos dados técnicos relativos aos
riscos de cheia e delimitação das zonas inundáveis, para os quais contribuíram aspectos associados às previsões das alterações
climáticas no estuário do Tejo, em constante evolução, foi determinado pelas autoridades competentes da Administração Central não
admitir a edificação sobre os espigões norte do Plano, facto que gerou a necessidade de redistribuição dessa edificabilidade pelo
restante tecido urbano integrado na área do estaleiro;

l A linearidade da ocupação da doca 13 – o facto da Praça Lisnave constituir o centro simbólico da nova área urbana de Almada
Nascente bem como a sua alavanca estratégica de desenvolvimento, conduziram a uma opção de concentração da edificabilidade,
inicialmente prevista no alinhamento da face poente da doca 13 em complemento do interface fluvial, no topo da Praça Lisnave,
reforçando o papel deste grande espaço público na viabilização e na celebração da nova área urbana de Almada Nascente.

Com base nestes novos dados, mas mantendo todos os princípios e metas estratégicas construídos e defendidos ao longo de todo o
processo de elaboração do PU, a solução encontrada integra as alterações que se traduzem na presente Adenda a este Guia. Uma vez que
se mantêm válidas a grande maioria das suas orientações, apenas se transcrevem os aspectos que merecem destaque na nova solução
para a Praça Lisnave e da Praça do Tejo, áreas que sofrem alterações.

70 Adenda
Praça Lisnave
A Praça Lisnave irá constituir uma nova entrada em Almada e actuará como a maior área exterior comercial na nova área urbana. Está
localizada estrategicamente no final da doca 13, na proximidade de um novo interface de transportes constituído pela estação fluvial, uma
estação de metropolitano de superfície (MST) e um novo terminal de autocarros.

A Praça será enquadrada nos seus limites por um conjunto de edifícios que na sua forma e implantação potenciam as ligações pedonais e
enfiamentos visuais, reforçando o carácter central deste espaço relativamente ao conjunto no qual se insere. O edifício que define o remate
com a doca 13 adquire uma particular singularidade, tendo em conta os cerca de cinco pisos vazados que se suspendem sobre a água
e dominam a Praça, constituindo um local foco central da Praça Lisnave, emoldurando as vistas para o centro de Lisboa. Este conjunto
constituirá um elemento de referência na paisagem desta nova área. A partir da Praça é ainda possível visualizar parte do pórtico “LISNAVE,
o qual se instalará no início da doca 13, celebrando a história dos estaleiros navais e constituindo uma referência visual na paisagem do
estuário.

A doca 13 poderá constituir uma alternativa para a localização e instalação do Terminal de Cruzeiros. Neste caso, o edifício sobre a doca
poderá albergar parte das necessidades geradas por esse equipamento, constituindo um factor de animação e de reforço das vivências
na Praça Lisnave.

A densidade em torno da Praça Lisnave será elevada, uma vez que esta é envolvida por uma série de instalações de fins múltiplos -
terciários, residenciais, de forma a encorajar actividades anuais, sazonais ou provisórias. A partir da Praça poder-se-á ainda aceder ao
equipamento cultural localizado na sua proximidade, contribuindo também este facto para potenciar a utilização deste grande espaço.

Guia de Desenho Urbano


Espaços Exteriores

Usos
A Praça Lisnave será a área de maior densidade do estaleiro,
devido à sua proximidade ao interface de transportes. Os
edifícios à volta da praça terão várias utilizações, instalações de
entretenimento, como cinemas e teatros, zonas comerciais, cafés
e restaurantes ao nível do piso térreo, escritórios, residências e
áreas comerciais (edifício sobre a doca 13) em pisos superiores.
Na sua proximidade localizar-se-á ainda um equipamento de
importância nacional, o Museu da Indústria Naval.

Caso se venha a localizar o Terminal de Cruzeiros junta da doca


13, este equipamento poderá funcionar em complementaridade
com o edifício sobre a referida doca.

Os usos mistos diminuirão na direcção da área dos Jardins


da Margueira que serão ladeados por edifícios de escritórios
administrativos e espaços para empresas, no perímetro poente do
parque, mais ruidoso, e ainda por unidades residenciais ao longo
do perímetro nascente. O interface incluirá instalações servindo o
terminal fluvial ao nível térreo e espaços comerciais/escritórios em
pisos superiores.

Adenda 71
Edifícios Vistas e Orientações
Num ambiente urbano de tecido compacto é difícil atingir um
Volumetria e Altura bom equilíbrio na valorização das vistas e orientações. Contudo,
a maioria desta área urbana usufruirá das vistas da Praça Lisnave,
A densidade à volta da Praça Lisnave será a maior da área do
das docas ou das áreas verdes. Os pisos vazados do edifício
estaleiro pelo que a volumetria e a escala atingirão o seu ponto
sobre a doca 13 permitirão uma ligação visual entre a Praça
alto nesta zona, reduzindo gradualmente em direcção às margens
Lisnave e a doca, beneficiando as vistas sobre e a partir do rio
do rio. Os edifícios terão cerca de 50 metros de altura e 8 a 10
Tejo. Os edifícios implantados ao longo da Av. Aliança Povo MFA
pisos. Estes edifícios definirão as quatro extremidades da praça,
repartem-se por fachadas viradas a poente com vista para a
sendo que um dos edifícios definirá um pórtico que actua como
rua e as fachadas nascente com vista para os Jardins. Os pisos
enquadramento visual da doca 13. Serão colocadas estruturas
superiores destes edifícios e das torres beneficiarão de vistas
mais altas em pontos estratégicos da praça para funcionarem
panorâmicas sobre o estuário e o rio Tejo.
como marcos de terreno e referências visuais. A colocação de um
edifício de 30 pisos, na zona Este da praça, ajudará a reforçar o
corredor visual na direcção do centro de Lisboa.

Frentes e Tardoz
As fachadas dos edifícios contribuem de forma fundamental
para a vivência urbana. No caso dos edifícios públicos e
comerciais principais deverão ser transparentes, animadas com
cor e movimento vertical. Num plano mais recuado, mas que
se adivinha a partir da Praça, as fachadas do grande complexo
marítimo e cultural (Museu da Indústria Naval) deverão ter uma
frente transparente para o ligar visualmente com a sua envolvente.
Serão criados elementos de ensombramento para protecção das
áreas sentadas e dos percursos pedonais da chuva e do vento.
Está prevista um elemento de ensombramento com 3 metros de
largura para o extremo oriental sul, virado para a praça, abrigando
cafés e áreas sentadas. Para as ruas adjacentes estão propostos
percursos de ligação mais estreitos com coberturas de cerca de
1.5 a 2 metros de profundidade.

Skyline e forma dos edifícios


A linha de horizonte e a forma dos edifícios serão cuidadosamente
estudadas por forma a criar uma sensação coerente de recinto. Em
princípio, a singularidade do edifício sobre a doca 13 providenciará
uma interessante inserção na linha do horizonte. Este edifício irá
desempenhar um importante papel para a referenciação visual
da Praça Lisnave. O ligeiro aumento da volumetria ao longo dos
Jardins da Margueira será dramatizado por uma torre localizada
no extremo Este da doca 12. A forma dos edifícios comerciais
e residenciais deverá ser simples e legível, interrompida
ocasionalmente pela presença de elementos verticais.

72 Adenda
Praça do Tejo
A Praça do Tejo representará um novo espaço cívico e cultural. Será o local com melhores vistas panorâmicas, ininterruptas para o estuário
do Tejo e centro de Lisboa. Esta praça será um grande espaço público ao longo de 1,5 km de passeio ribeirinho e também um destino
turístico muito especial para a Área Metropolitana de Lisboa. Devido às suas características, o valor dos terrenos poderá ser optimizado
neste espaço. Contudo, serão intensificadas as ocupações associadas a actividades públicas para garantir a qualidade da sua vivência.
Este espaço constituirá um complemento único à Praça do Comércio no centro de Lisboa, reforçando desta forma as ligações simbólicas
e visuais entre as duas cidades.

A praça terá como ponto de referência um grande edifício multiusos para actividades diversas como exposições, espectáculos e conferências
e ainda um hotel de 5 estrelas. A densidade à volta da praça será limitada para evitar a obstrução de vistas pelas ocupações exteriores à
praça. As actividades de carácter público e as necessidades comerciais serão equilibradas de forma a assegurar que a praça permaneça
activa de dia e de noite.

No caso de se vir a localizar na envolvente desta praça o Terminal de Cruzeiros, este será formado por um esporão/pontão, que se
construirá para Norte sobre o rio Tejo. Este equipamento necessitará para o desenvolvimento das actividades inerentes ao seu uso diário de
espaços que garantam as chegadas e partidas de passageiros bem como toda uma rede de espaços associados, parte dos quais poderão
ser integrados no edifício multiusos e outra parte junto da área de acostagem dos navios.

A praça será parcialmente pedonalizada de forma a encorajar as actividades de rua ao longo do passeio ribeirinho. Será promovido um
calendário de actividades e eventos utilizando o rio Tejo como cenário nomeadamente, cinema ao ar livre e exposições. Existirá uma rede
de autocarros que ligará a praça ao interface de transportes e poderá ser instalado um terminal de táxis fluviais para fornecer transporte
directo ao centro de Lisboa.

Guia de Desenho Urbano


Espaços Exteriores

Usos
A nova praça será dominada por um grande complexo multiusos
que poderá ser usado para eventos comunitários, exposições,
eventos artísticos e teatrais, conferências e congressos. Este
complexo será complementado por um hotel de 5 estrelas,
oferecendo uma vista panorâmica excepcional sobre o rio Tejo
e o centro de Lisboa, equipamentos locais que sirvam a área
residencial envolvente, comércio local, uma série de unidades
residenciais ao longo do rio e uma torre de usos residenciais,
de volumetria média, localizada na extremidade norte da praça.
Os usos múltiplos irão assegurar que a praça é um local activo
durante todo o dia.

Este conjunto poderá ainda ser reforçado, em termos dos seus


usos, no caso de se verificar a localização do referido Terminal
de Cruzeiros junto desta Praça. Neste caso, dever-se-á tirar
partido da complementaridade e das sinergias que poderão ser
estabelecidas com o edifício multiusos.

Acessos Pedonais, Viários e Táxis Fluviais


A praça fará parte de uma rede pedonal e ciclável tendo o
passeio ribeirinho como destino principal. O espaço público será
totalmente pedonal, com acesso limitado a serviços, deficientes
e largada de VIP. Será encorajada a existência de cafés com
esplanadas ao longo do lado sul da praça. O acesso de veículos
ao complexo multiusos será feito pelas traseiras dos edifícios. O
estacionamento será subterrâneo. Os transportes públicos, sob
a forma de autocarros eléctricos, circularão pelas traseiras do
complexo com uma paragem na extremidade norte deste local
para evitar conflitos com actividades de exterior. Será criado na
praça um terminal de táxis fluviais para fornecer acesso rápido e
directo ao centro de Lisboa.

Caso se verifique a localização do Terminal de Cruzeiros na


proximidade desta área será fundamental a criação de acessos
a autocarros para tomada e largada de passageiros, bem como
infraestruturas de transportes necessárias ao abastecimento do
Terminal.

Adenda 73
Edifícios As fachadas da torre do hotel e edifícios residenciais deverão
ser abertas e articuladas através de jardins verticais, varandas e
espaços com luz solar. O primeiro piso dos edifícios residenciais
Tipologia dos edifícios ao longo do passeio ribeirinho deverá ser sobrelevado em relação
aos passeios pedonais para aumentar a privacidade. As fachadas
Existem na generalidade três tipos de edifícios na zona à volta da
deverão, tanto quanto possível, ser utilizadas para animar as
Praça do Tejo: um edifício de grande escala, flexível, que acomode
frentes ribeirinhas.
o multiusos; edifícios lineares de utilização comercial/residencial
com 12 a 15 metros de profundidade de empena; uma torre de
15 pisos de altura para o hotel. Vistas e Orientações
A praça usufrui de uma paisagem panorâmica ininterrupta
Frentes e Tardoz do rio Tejo, de Lisboa central e do Seixal. Os usos dentro dos
edifícios deverão ser posicionados de forma a tirar vantagem
As fachadas dos pisos inferiores do complexo multiusos deverão
desde ambiente único. Por este motivo, propõe-se que todas as
ser transparentes para tirar partido da vista de rio. O complexo
instalações de serviços e usos secundários sejam instalados nas
será na realidade uma caixa fechada. Contudo o espaço de
traseiras dos edifícios. A esquina do complexo multiusos deverá
circulação público deverá implantar-se nos perímetros do edifício
ser explorada de forma a criar espaços para restaurantes ou cafés
para aumentar as ligações visuais com o espaço envolvente.
que ofereçam uma vista panorâmica da paisagem envolvente em
Na vertente oriental sul do complexo multiusos deverão ser
cerca de 270 graus. Deverá dar-se preferência à ocupação das
proporcionadas projecções generosas das fachadas a tardoz de
frentes dos edifícios pelas instalações públicas. Uma área da
forma a criar sombras exteriores.
praça terá sombra do pavilhão multiusos durante a tarde devido
à orientação da praça. Contudo, a geometria do edifício pode
No caso do edifício Multiusos vir a integrar alguns dos espaços
ser explorada de forma a minimizar o excesso de sombra desse
necessários ao funcionamento do Terminal de Cruzeiros, os
espaço.
circuitos pedonais mecanizados (rampas e escadas), bem como
os grandes espaços de recepção e estadia poderão constituir
A possível localização do Terminal de Cruzeiros junto desta
modos de animar e enriquecer a relação do edifício com o
área deverá ser efectuada de modo a que o mesmo não venha
exterior.
a constituir uma barreira visual no sentido Norte, devendo ser
asseguradas as vistas sobre a cidade de Lisboa.

74 Adenda
Adenda 75
76

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