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INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS

DA SAÚDE I
FICHA TÉCNICA

Preparação de Conteúdo:
Professor César Souza

Formatação e Normalização (ABNT):


Ediane Souza

Revisão Gramatical, Semântica e Estilística:


Ediane Souza

Capas:
Aporte Comunicação
Folhas de Rosto: Thomas Arraes

Editoração e Revisão Técnica/Final:


Ediane Souza

Diagramação:
Ediane Souza

Impressão:
Provisual Gráfica e Editora

Avenida Conde da Boa Vista, 1209


Soledade – Recife/PE – Brasil
CEP: 50060-003
Telefone: (81) 4062-9222
www.grautecnico.com.br

Este material é exclusivo para uso do aluno Grau Técnico.


Para dúvidas ou sugestões, envie-nos um e-mail:
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Módulo 1 Técnico em Farmácia


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REGULAMENTO INTERNO – VERSÃO 20181

Caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a)! Para que possamos desenvolver as atividades de formação técnica com
profissionalismo e excelência, se faz necessário o cumprimento de algumas normas, as quais estão
descritas a seguir.

1 MATRÍCULA
1.1 O(a) aluno(a) deverá, no ato da matrícula, fazer a leitura do regulamento interno e do contrato de
prestação de serviços com bastante atenção, para que possa conhecer seus direitos e deveres no
decorrer do curso.

2 DIAS/HORÁRIOS
2.1 Turmas de segunda, quarta e sexta-feira, nos turnos da manhã, tarde e noite.
2.2 Turmas de terça e quinta-feira, nos turmas da manhã e noite, e aos sábados, pela manhã e
tarde.
2.3 O curso de Enfermagem, exclusivamente, tem turmas de segunda à sexta, nos turnos da manhã,
tarde e noite. Em breve, terá o formato de três dias, assim como os demais cursos.
2.4 A pontualidade e a assiduidade, bem como a postura pessoal serão pontuadas como indicadores
do processo de avaliação.
Atenção: observe em seu contrato os dias e horários das aulas.

3 ATIVIDADES COMPLEMENTARES
3.1 As atividades extraclasses (palestras, seminários, Visitas Pedagógicas Orientadas (VPOs) serão
obrigatórias para o complemento da carga horária, sendo realizados nos mesmos horários das
aulas, em dias alternados ou de acordo com a disponibilidade da escola ou da empresa (no caso
das VOPs).
3.2 As visitas pedagógicas orientadas acontecerão de acordo com a disponibilidade da escola e das
empresas parceiras. Cabe ao aluno interessado realizar o pagamento da taxa de transporte na
secretaria, se houver.
3.3 O uso do fardamento é obrigatório para todas as visitas e aulas práticas (dentro e fora da
instituição).

4 CERTIFICAÇÃO
4.1 A frequência nas aulas deve ser igual ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) em cada
disciplina.
4.2 A média em cada disciplina deve ser igual ou superior a 7,0 (sete).
4.3 O(a) aluno(a) que for reprovado(a) em alguma das disciplinas deverá pagar o valor de uma
parcela para cursar novamente a disciplina, a fim de obter frequência e nota necessárias para a
aprovação e para o recebimento do certificado.
4.4 Estar com todas as parcelas pagas.
4.5 Estar com toda documentação exigida pela Secretaria Estadual de Educação, conforme
orientado no ato da matrícula.
4.6 Solicitar, por escrito, a emissão do diploma. O prazo de entrega, após solicitação, será de até 60
(sessenta) dias.
4.7 Os cursos que possuem estágio obrigatório terão os seus diplomas entregues após o

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O regimento em vigor será sempre a última versão, informada no título deste documento.

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cumprimento da carga horária total, incluindo estágio.

5 REPOSIÇÃO DE AULA
5.1 Em caso de falta justificada, o(a) aluno(a) terá o direito de realizar a aula ou atividade perdida
em outra turma, de acordo com a disponibilidade da escola, sem custo adicional.
5.2 A falta só poderá ser justificada perante atestado médico ou documento comprovando o motivo
da ausência.
5.3 Em caso de falta sem justificativa, o(a) aluno(a) poderá requerer na secretaria a reposição da
aula ou atividade, efetuando o pagamento referente à taxa do serviço.
5.4 Observa-se que a justificativa não anula a falta, apenas faz valer o direito de reposição da aula
ou atividade.

6 CONSERVAÇÃO
6.1 No caso de danos ao espaço da escola ou a equipamentos pertencentes à mesma, o(a) aluno(a)
ou seu representante legal será responsabilizado pelos gastos com o reparo, bem como, se
necessário, submetido(a) às medidas disciplinares quando for cabível.
6.2 Ao término de cada aula, teórica ou prática, a sala ou laboratório utilizado deverá ser deixado
organizado para a próxima turma.

7 SAÚDE E BEM-ESTAR GERAL


7.1 Não será permitida a utilização de aparelhos celulares ou fones de ouvido na sala de aula.
7.2 Não será permitida a permanência de pessoas em salas de aula e dependências internas da
escola, a não ser alunos, instrutores ou funcionários em seus respectivos horários.
7.3 Não será permitida a entrada de alimentos ou bebidas nas salas de aula, laboratórios ou
biblioteca.
7.4 Deve-se manter a limpeza, organização e conservação da escola como um todo. Devem-se
utilizar os cestos de lixo disponibilizados em cada ambiente.
7.5 A escola não se responsabilizará por perdas ou danos de pertences dos alunos.
7.6 É obrigatório tratar os demais alunos, docentes e funcionários com respeito e civilidade, sob
pena de aplicação de medida disciplinar de advertência, suspensão ou expulsão, a depender da
gravidade da infração.
7.7 Temos câmeras sendo utilizadas em toda escola, a fim de proporcionar maior segurança aos
nossos alunos.

8 BIBLIOTECA/ACESSO À INTERNET
8.1 A utilização da biblioteca será mediante agendamento com a coordenação pedagógica, fora do
horário normal, com apresentação de documento para uso de livros.
8.2 O uso desta sala é exclusivo para estudo e pesquisa, portanto deverá ser mantido o silêncio e a
disciplina, para não interferir na concentração dos demais alunos.
8.3 O uso dos computadores para pesquisa tem o tempo máximo de 30 minutos.
8.4 Não é permitida a retirada de livros para empréstimo.

9 AVALIAÇÃO
9.1 As provas serão realizadas durante o turno que o aluno estuda e sempre na última aula da
disciplina, tendo a duração média de 1h30.
9.2 O(a) aluno(a) que faltar à prova deverá comparecer à coordenação pedagógica da escola para
requerer a avaliação em segunda chamada, agendar uma data para a realização desta, bem
como efetuar o pagamento da taxa na secretaria.

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9.3 As provas de recuperação ou segunda chamada acontecem na última semana de cada mês,
conforme informado pela coordenação, no site e nos quadros de avisos.

10 CANCELAMENTO DO CONTRATO
10.1 O cancelamento do contrato poderá ocorrer a qualquer momento, sob autorização da diretoria
da escola, em caso de indisciplina por parte do(a) aluno(a). Quanto a sua defesa, caberá aos
dispositivos legais vigentes.
10.2 O cancelamento por parte do(a) aluno(a) deverá ser feito na coordenação da escola, mediante
requerimento e pagamento da multa de cancelamento, conforme contrato de prestação de
serviços.
10.3 O(a) aluno(a) que cancelar e desejar retornar ao curso poderá reverter sua multa em
pagamentos de parcelas, sendo o valor descontado das últimas parcelas restantes.
10.4 Para o(a) aluno(a) retornar, deverá ser efetuado o pagamento do valor de uma parcela.
10.5 O aluno que for cancelado por motivo de indisciplina não poderá voltar a estudar no Grau
Técnico.

11 PORTAL ACADÊMICO
11.1 Todos os informativos, notas, oportunidades e materiais extras serão disponibilizados Portal
Acadêmico, no Website do Grau Técnico.
11.2 O acesso ao portal acadêmico é por meio do endereço eletrônico: www.grautecnico.com.br, no
qual o(a) aluno(a) colocará o seu número de matrícula tanto no campo ‘usuário’, como naquele
referente à ‘senha’.
11.3 Para a solicitação de declarações, deve-se respeitar o prazo de até 05 dias.

12 TRANSFERÊNCIA DE TURMA/SALA/INSTRUTOR/UNIDADES
12.1 A transferência de turma estará sujeita à disponibilidade de vagas nas turmas em andamento.
12.2 A transferência de Unidade terá o valor de uma parcela com desconto. Para tanto, o(a) aluno(a)
tem que estar com as parcelas em dia, bem como a transferência deverá estar condicionada à
confirmação da unidade destino, conforme disposição nas turmas.
12.3 O (a) aluno(a) que requerer transferência de Unidade sem nunca ter cursado na unidade de
origem e desejar outro curso adiantará uma parcela com desconto na Unidade de origem e
efetuará matrícula na unidade destino, se adequando ao plano de pagamento desta.
12.4 Para a otimização do espaço e aproveitamento das turmas, o Grau Técnico poderá mudar de
sala durante o decorrer do curso, bem como unir duas ou mais turmas.
12.5 Durante o decorrer do curso, pode haver mudança de instrutor. Tendo em vista que os nossos
cursos seguem um plano de aula, os alunos não terão nenhum prejuízo em relação ao
aprendizado.

13 DIAS E HORÁRIOS DE RECEBIMENTO DA ESCOLA


13.1 As parcelas do curso terão descontos de pontualidade, para os pagamentos efetuados até a data
de vencimento. Para pagamentos após o vencimento, será cobrado o valor integral, mais multa
acrescida de juros.
13.2 O desconto de pontualidade só será válido para pagamentos em espécie. Para todo tipo de
cartão, a parcela será cobrada em valor integral.
13.3 A solicitação de declarações, diploma e histórico escolar é gratuita para a primeira via. As
emissões extras destes documentos devem ser feitas mediante o pagamento de taxa de
serviços, cujo valor será informado na secretaria da escola.
13.4 No ato da matrícula, será impresso o primeiro boleto do seu curso. Os demais deverão ser
impressos a partir do portal acadêmico, no site www.grautecnico.com.br, acessando-o com o
seu login e senha, no item financeiro, no link ‘Impressão de Boletos’, ou solicitando a sua

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impressão na secretaria da escola. O pagamento do boleto poderá ser realizado em qualquer


banco ou caixa de pagamentos diversos.

14 AGÊNCIA DE ENCAMINHAMENTO GRAU TÉCNICO


14.1 Os alunos do Grau Técnico dispõem de uma Agência de Encaminhamento Profissional, que tem
como objetivo realizar parceria com empresas para disponibilizar vagas de estágio e/ou
emprego. Para participar, basta estar dentro do seguinte regulamento: apresentar nota igual
ou superior a 7,0 (sete), ter frequência nas aulas igual ou superior a 75%, ter idade superior a
16 anos, ter concluído o primeiro módulo, estar em dia com as parcelas e participar e, no
mínimo, 50% do ciclo de palestras disponibilizadas pela agência de encaminhamento.
14.2 O compromisso de encaminhamento profissional não é garantia de emprego ou de estágio,
visto que a decisão da contratação é da empresa contratante e não do Grau Técnico.
14.3 Para os cursos de estágio não obrigatório, os alunos terão acesso às vagas disponíveis por
meio da coordenação e por agências de integração entre empresa e escola. O estágio deverá
ser feito fora do horário no qual o aluno esteja estudando.
14.4 Para os cursos de estágio obrigatório, os alunos deverão seguir o planejamento, conforme
orientado pela coordenação pedagógica.

15 ENFERMAGEM/RADIOLOGIA/ANÁLISES CLÍNICAS
15.1 O estágio é obrigatório para os cursos de Enfermagem e Radiologia, podendo ser realizado
no decorrer ou ao final do curso, em qualquer turno (manhã, tarde e noite), ocorrendo de
acordo com a disponibilidade das unidades de saúde em dias e horários diferentes
(hospitais, postos de saúde, clínicas, UPA, etc.), ficando o aluno ciente que não há garantia
quanto ao turno e local onde serão ministrados os estágios, podendo ocorrer, inclusive,
dentro da região metropolitana ou em municípios circunvizinhos, haja vista que as vagas
disponíveis dependem de terceiros (hospitais, clínicas, UPAs, etc.).
15.2 Caso o aluno não conclua a disciplina do estágio, deverá realizar o pagamento de uma taxa
referente a uma parcela, para poder refazer a disciplina.
15.3 É vedado ao aluno exigir que sejam ministrados nos estágios conteúdo pedagógico diverso
daquele que foi ofertado pela instituição responsável.
15.4 O estágio para Análises Clínicas atenderá à regulamentação local vigente.
15.5 Materiais imprescindíveis para as aulas práticas (laboratório) – sob total responsabilidade do
aluno:
 No caso de Enfermagem: luvas de procedimento, luvas estéreis, seringas, agulhas, gazes,
esparadrapo, máscaras, toucas, gorros, jelco calibre 22, scalp calibre 21 (verde), estetoscópio,
tensiômetro, garrote, termômetro (digital).
 No caso de Análises Clínicas: luvas de procedimento, luvas estéreis, seringas, agulhas, gazes,
esparadrapo, máscaras, toucas, gorros, jelco calibre 22, scalp calibre 21 (verde), garrote.
15.6 Materiais Necessários para os estágios curriculares:
 No caso de Enfermagem: todo e qualquer material necessário às atividades práticas serão de
responsabilidade do aluno e deverão ser entregues antecipadamente para garantia dos
campos, tais como: luvas de procedimento, máscaras, propés, toucas, gorros, capote
descartável, toalhas de papel, sabão ou sabonete líquido, ou quaisquer outros materiais
solicitados pela instituição de saúde.
 No caso de Radiologia: dosímetro (disponibilizado pela escola, mas, em caso de perda, será
de responsabilidade do aluno).

Módulo 1 Técnico em Farmácia


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16 ELETROTÉCNICA/ELETRÔNICA/INFORMÁTICA/MANUTENÇÃO E SUPORTE DE INFORMÁTICA/REDE


DE COMPUTADORES
16.1 Materiais imprescindíveis para as aulas práticas (laboratório) – sob total responsabilidade do
aluno:
 No caso de Eletrotécnica: chave de fenda (8x200mm), chave Phlips (8x200mm), alicate de corte;
alicate de bico; alicate universal; alicate desencapador, chave teste e 1 rolo de fita isolante.
 No caso de Eletrônica: protoboard 1x, resistores 5 de cada(100R,220R, 330R, 1k, 2k, 100k de 1/4W),
capacitores 2 de cada(470uF, 10uF, 1uF, 1nF de 50V), jumpers 20 macho-macho, Leds 3x (alta
potência: verde, amarelo, vermelho e baixa potência: verde, amarelo, vermelho), Botão 3 push
button, diodo silício 5x 1N14007, multímetro 1x e potenciômetro 2 de cada (10k, 100k).
 No caso de Informática, Manutenção e Suporte de Informática e Rede de Computadores: 1 chave
Phillips nº2, 1 alicate de crimpagem, 20 conectores RJ-45, 1 multímetro digital, 10 DVDs virgens e 1
pen drive.

Ciente e de acordo.

_____________________________________________
Aluno(a)/Responsável

Para sugestões e informações, enviar e-mail para: contato@grautecnico.com.br

SEJA BEM-VINDO(A)!

Atenciosamente,
A Direção.

Técnico em Farmácia Módulo 1


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11

2 OBJETIVO DO CURSO................................................................................................. 11

3 TÉCNICO EM FARMÁCIA - MÓDULO 1 ...................................................................... 13

4 INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS FARMACÊUTICOS ....................................................... 17

5 ANATOMIA E FISIOLOGIA .......................................................................................... 45

6 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL.................................................................................. 159

7 BIOSSEGURANÇA ..................................................................................................... 191

8 SAÚDE COLETIVA ..................................................................................................... 223

9 QUÍMICA.................................................................................................................. 303

Módulo 1 Técnico em Farmácia


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1 INTRODUÇÃO

O avanço tecnológico é inevitável. No mundo todo, ele vem quebrando fronteiras


econômicas, sociais e culturais, trazendo consigo toda uma facilidade no acesso à
informação, à liberdade de expressão e à inclusão social. Ao mesmo tempo, também se lida
com certa desintegração dos valores humanos, com o consumo desenfreado, a
marginalização social e a agressão ao meio ambiente.

É necessário despertar o ser humano para a importância do conhecimento técnico e


suas consequências. Também é preciso conscientizá-lo para a solidariedade, o respeito a si
mesmo e ao outro e o trabalho em equipe.

A atuação do Grau Técnico, portanto, é abrir caminho para oportunidades que


beneficiem tanto o indivíduo, quanto o coletivo. É orientar para a realização profissional e
inserção social, por meio de uma educação estimuladora e operadora de inovações na
sociedade.

2 OBJETIVO DO CURSO

O Curso de Técnico em Farmácia do Centro de Ensino Grau Técnico tem como


objetivo geral formar profissionais técnicos em Farmácia, com capacidade técnica para atuar
em equipe multidisciplinar, supervisionados por um profissional farmacêutico por meio de
conhecimentos teóricos e práticos voltados para à assistência farmacêutica, promoção em
saúde, controle de estoque e armazenamento de produtos e insumos farmacêuticos,
preparação de produtos farmacêuticos e afins, de acordo com as Boas Práticas de Fabricação
e Controle, pautados pelos princípios da ética, da qualidade, humanização, desenvolvendo
suas atividades baseadas em competências e habilidades, atendendo ao contexto das ações
da farmácia de manipulação; drogarias; postos de saúde e de medicamentos; indústrias
farmacêuticas; unidades básicas de saúde; hospitais; distribuidoras de medicamentos,
insumos e correlatos. Pautados nestas ações, atenderão também às necessidades da
clientela em um mercado de trabalho dinâmico e competitivo.

Além disso, em seus objetivos específicos, o curso propicia ao aluno: formação


sólida que assegure o domínio dos conteúdos, correspondendo às exigências do mundo do
trabalho; condições para desempenhar o seu papel de agente, tanto para a promoção
individual, como para a transformação social; uma ação educativa, capaz de conectar teoria
e prática voltadas para a percepção das relações entre os contextos, social, econômico,
político e cultural; a sensibilidade para a execução de atividades que atendam às normas de
segurança, proteção ao meio ambiente, saúde, agindo de acordo com os preceitos éticos e
profissionais; a preparação para a correta aplicação da legislação que regulamenta as
atividades pertinentes à área de atuação; a avaliação, o reconhecimento e a certificação de

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


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conhecimentos adquiridos profissionalmente na área da saúde, para fins de prosseguimento


e conclusão de estudos.

APROVEITE BEM O CURSO E TRANSFORME O CONHECIMENTO ADQUIRIDO NAS AULAS EM


OPORTUNIDADES DE TRABALHO!

Atenciosamente,

Ruy Maurício Loureiro Porto Carreiro Filho


Diretor Geral

Módulo 1 Técnico em Farmácia


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3 TÉCNICO EM FARMÁCIA - MÓDULO 1

O primeiro módulo do curso de técnico em Farmácia propõe enriquecer e


aprimorar o conhecimento geral, preparando o aluno para os módulos subsequentes. É pré-
requisito para o Módulo II, e não tem caráter de terminalidade.

3.1 Competências

 Identificar a diferença entre os estabelecimentos farmacêuticos;


 Reconhecer a história da Farmácia;
 Distinguir os tipos de estabelecimentos farmacêuticos;
 Relacionar a história do medicamento com conceitos básicos e evolução;
 Compreender a constituição e o funcionamento do corpo humano;
 Identificar as estruturas anatômicas que compõe o aparelho locomotor,
cardiovascular, respiratório, urinário, digestivo, reprodutor, nervoso, sensorial,
endócrino, imunológico e sanguíneo;
 Compreender o princípio de anatomia e fisiologia do corpo humano,
correlacionando-os com os princípios científicos do exercício da prática
profissional;
 Compreender os processos de comunicação;
 Linguagem e língua;
 Conhecer as funções da linguagem;
 Conhecer a língua oral e língua escrita. As variantes linguísticas;
 Identificar a tipologia e gêneros textuais. A adequação do texto à finalidade
comunicativa;
 Identificar a produção textual: (in)textualidade, coerência e coesão textual;
 Utilizar a redação técnica. A adequação vocabular;
 Conhecer textos técnicos e suas funções: relatório, ofício, requerimento, ata,
memorando, comunicação interna;
 O texto publicitário e suas especificidades;
 Ter consciência de autoproteção, aplicando as medidas de prevenção dentro de
um ambiente farmacêutico;
 Trabalhar seguindo normas e leis relacionadas à prática da biossegurança;
 Aplicar o plano de gerenciamento de resíduos;
 Conhecer a Política Nacional de Atenção Básica;
 Identificar a abordagem coletiva como modelo de atenção à saúde prioritária;
 Conhecer os programas desenvolvidos na estratégia saúde da família;
 Compreender as atividades de educação em saúde;
 Compreender a atenção básica;
 Avaliar instrumentos de notificação de agravos e morbidades e realizar
notificação;
 Conhecer e discutir o Programa Nacional de Imunizações;
 Executar aplicação das vacinas obrigatórias do calendário vacinal em todas as
faixas etárias, conhecendo suas respectivas vias de administração e dosagens;
 Conhecer a rede de armazenamento e preservação de imunobiológicos (rede de
frios);

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


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 Conhecer os Programas de Hanseníase e Tuberculose, Hipertensão e Diabetes,


Atenção integral à Saúde da Mulher, Atenção integral à Saúde da Criança, Atenção
à Saúde do Adolescente, DST/AIDS, assistência a População Negra, assistência à
saúde do Idoso, Saúde Mental, atenção à Saúde do Homem, e doenças e agravos
não transmissíveis;
 Conhecer a dinâmica de funcionamento da Unidade de Saúde da família e as
relações com outros profissionais;
 Aplicar os conceitos gerais e princípios da química, as reações químicas e os tipos
de ligações químicas;
 Compreender a preparação de soluções;
 Analisar as propriedades periódicas dos elementos químicos;
 Aplicar a formulação e nomenclatura dos compostos inorgânicos de acordo com as
regras da União Internacional de Química Pura e Aplicada-IUPAC;
 Identificar a ocorrência de reações químicas;
 Aplicar as relações estequiométricas entre reagentes e produtos numa reação
química.

Módulo 1 Técnico em Farmácia


INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS
FARMACÊUTICOS
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4 INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS FARMACÊUTICOS

4.1 História da Farmácia e da profissão Farmacêutica

Como observado por Dias (2005), citando Folch; Suñé; Valverde (198), as práticas
voltadas aos estudos farmacêuticos datam desde 2500 a.C., a partir de produtos naturais
(minerais, vegetais e animais), tendo sido iniciadas na China. Os gregos e egípcios, conforme
autores (Op. cit.), foram os primeiros que desenvolveram os métodos para a cura de
doenças, a partir do uso da botânica, associando-a a elementos místicos e religiosos. A
Figura 1 ilustra como eram as farmácias em décadas passadas.

Figura 1- Antiga farmácia europeia

Fonte: http://isabelsilvaphotography.blogspot.com.br/2014/02/dubrovnik-farmacia-mais-antiga-da-
europa.html (Acesso em 13/12/2017)

As primeiras sociedades com escrita surgiram a partir do 4º milênio a.C., de acordo


com Pandit (2008). Os conceitos terapêuticos estavam embasados no entendimento de que
todos os fenômenos, fossem eles terrenos ou cósmicos, se uniam de forma estreita, estando
subordinados à vontade dos deuses. As doenças, assim como suas curas, eram explicadas
mediante complexa relação entre deuses, gênios benéficos e/ou maléficos, que partilhavam
os seus segredos entre si, como ilustra a Figura 2.

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


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Figura 2- Segredos médicos partilhados na antiguidade

Fonte: http://nova-acropole.pt/a_segredos_medicos_antiguidade.html (Acesso em


13/12/2017)

Galeno (200 – 131 a.C.), ilustrado pela Figura 3, é considerado o Pai da Farmácia. Ele
combatia as doenças por meio de substâncias ou compostos que se opunham diretamente
aos sinais e sintomas das enfermidades, tendo sido o precursor da alopatia (PANDIT, 2008).

Figura 3- Galeno, o pai da Farmácia

Fonte: http://www.ahistoria.com.br/galeno/. (Acesso em 13/12/2017).

Galeno estudou e escreveu bastante acerca de farmácia e medicamentos. Suas


obras contemplam quatro centenas e meia de referências a fármacos, como observado por
Dias (2005). Ele criou uma lista de remédios vegetais, aos quais denominou de "galênicos",
sendo a maioria deles composta com vinho. Como estudioso, observador e metódico que
era, Galeno classificou e usou as ervas de forma magistral, fazendo uso de preparações

Módulo 1 Técnico em Farmácia


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denominadas "teriagas", que eram feitas com vinho e ervas (DIAS, 2005).

A primeira escola de farmácia data do século I, que deu início, inclusive, à legislação
para o exercício da profissão. No século X, de acordo com Folch; Suñé; Valverde (1986 apud
DIAS, 2005), foram criadas as primeiras boticas, assim chamadas há época, em países da
Europa, como Espanha e França. São consideradas as precursoras das farmácias atuais. Aos
boticários, os farmacêuticos da época, eram responsáveis por conhecer e curar as doenças,
devendo cumprir, para o exercício da profissão uma série de requisitos e ter local e
equipamentos adequados para a feitura e guarda dos remédios.

Os autores (Op. cit.) observaram também que no século XVI, o estudo dos remédios
ganhou impulso notável, com a pesquisa sistemática dos princípios ativos das plantas e dos
minerais capazes de curar doenças. No século XVII, os mercadores de drogas, plantas
medicinais e outros produtos propiciavam os ingredientes necessários ao boticário para a
preparação das suas formulações.

Com o advento das especialidades farmacêuticas industrializadas, que datam do


início do século XX, o mercado passou a ser mais estruturado e economicamente
interessante, uma vez que abriu espaço para que novas empresas fossem surgindo, de forma
organizada. As décadas que se seguiram trouxeram um número crescente de especialidades
farmacêuticas, crescimento do consumo de medicamentos e, finalmente, a extensão da
segurança social a toda a população, como observa Dias (2005).

4.2 A História da Farmácia no Brasil

Como observa Pandit (2008), os primeiros povoadores, náufragos, degredados,


aventureiros e colonos deixados por Martim Afonso se valeram de recursos da natureza para
combater as doenças, curar ferimentos e neutralizar picadas de insetos. Como forma de
combater a agressividade do ambiente e a hostilidade de algumas tribos indígenas, os
primeiros europeus tiveram de contornar a adversidade com amabilidade, e foram
aprendendo com os pajés a preparar os remédios da terra para tratar seus próprios males.

Quando surgiam os remédios da "civilização", como assim chamavam, isto se dava


quando expedições portuguesas, francesas ou espanholas apareciam com suas esquadras, e
nelas sempre havia um cirurgião barbeiro ou algum tripulante com uma botica portátil,
composta por drogas e medicamentos.

Àquela época, a coroa portuguesa resolveu instituir no Brasil o governo geral,


nomeando governador Thomé de Souza, que veio para a colônia com uma armada de três
naus, trazendo ao todo aproximadamente mil pessoas que se instalaram na Bahia.

O corpo sanitário da grande armada era composto apenas de um boticário, Diogo


de Castro, com função oficial e com salário. Não havia nesta armada, porém, nenhum físico,
denominação de médico na época. O físico-mor, só viria a ser instituído no segundo governo
de Duarte da Costa, como observou Dias (2005).

Dentre os irmãos destinados ao sul do País estava José de Anchieta, que logo

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


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tratou, junto com os demais jesuítas, de instituir enfermarias e boticas em seus colégios,
colocando um irmão para cuidar dos doentes e outro para preparar remédios. José de
Anchieta, Figura 4, foi o responsável por São Paulo, sendo considerado o primeiro boticário
de Piratininga.

Figura 4- Padre José de Anchieta

Fonte:https://marcoaureliofarma.blogspot.com.br/2014/04/jose-de-anchieta-um-santo-
boticario.html (Acesso em 13/12/2017)

Em princípio, como Pandit (2008) observou em seus estudos, os medicamentos


vinham do reino já preparados. Entretanto, a pirataria do século XVI e as dificuldades da
navegação impediam com frequência a vinda de navios de Portugal, sendo necessário
reservar grandes provisões, como acontecia com São Vicente e São Paulo. Por estas razões,
os jesuítas foram considerados os primeiros boticários da nova terra, e nos seus colégios as
primeiras boticas onde o povo encontrava drogas e medicamentos vindos da metrópole bem
como, remédios preparados com plantas medicinais nativas por meio da terapêutica dos
pajés.

As mais importantes boticas sob a direção dos jesuítas se localizaram na Bahia,


Olinda, Recife, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo. No Maranhão, a botica era flutuante,
como observou Pandit (2008):

Por muito tempo, diz o padre Serafim Leite, as farmácias da companhia


foram as únicas existentes em algumas cidades. E quando se estabeleceram
outras, as dos padres, pela sua notável experiência e longa tradição,
mantiveram a primazia. O colégio do Maranhão possuía uma farmácia
flutuante, a Botica do Mar, bem provida, que abastecia de medicamentos
os lugares da costa, desde o Maranhão até Belém do Pará.

A botica mais importante dos jesuítas foi a da Bahia, que se tornou um centro
distribuidor de medicamentos para as demais boticas dos vários colégios de Norte a Sul do
País. Como a Bahia mantivesse maiores contatos com a metrópole, os padres conservavam a
botica bem sortida e aparelhada para o preparo de medicamentos, iniciando-se nela,
inclusive, o aproveitamento das matérias-primas indígenas.

Os jesuítas possuíam um receituário particular, nos quais se podiam observar não só


as fórmulas dos medicamentos como seus processos de preparação. Além disso, dispunham

Módulo 1 Técnico em Farmácia


21

também método de obtenção de certos produtos químicos, como a pedra infernal (nitrato
de prata), como observou Dias (2005)

Os jesuítas chamavam de Tríaga Brasílica a penicilina da época. Eles conservavam


secreta a sua forma de manipulação, usando-a contra mordidas de animais peçonhentos,
além de várias doenças febris e, de modo especial, como antídoto contra venenos, à exceção
dos corrosivos, como descrevem Folch; Suñé; Valverde (1986 apud DIAS, 2005). Considerada
tão boa quanto aquela utilizada em Veneza, agia de forma rápida e eficaz, tendo ainda a
vantagem de ser composta por várias drogas nacionais, de eficiência já comprovada.

O colégio dos jesuítas da Bahia sofreu um terrível saque em meados de 1760, se


imaginava encontrar algumas receitas particulares, dentre elas a famosa Tríaga Brazílica.
Entretanto, tal receita não fora encontrada, tendo este feito ocorrido tempos mais tarde,
quando do achado de uma coleção de várias receitas, incluindo os segredos particulares das
principais boticas da companhia de Portugal, da Índia, de Macau e do Brasil, compostas e
experimentadas pelos melhores médicos e boticários mais célebres (FOLCH; SUÑÉ;
VALVERDE, 1986 apud DIAS, 2005).

4.3 As Boticas do Brasil

Pandit (2008) observou que a partir de 1640 as boticas tiveram o seu


funcionamento autorizado, enquanto comércio. Naquele mesmo período, a sangria foi
legalizada, resultando em competição entre os cirurgiões-barbeiros e os escravos
sangradores.

Uma vez tendo o seu funcionamento comercial autorizado, as boticas se


multiplicaram, de Norte a Sul, sendo dirigidas por boticários aprovados em Coimbra pelo
físico-mor, ou por seu delegado comissário na capital do Brasil, Salvador. Estes boticários
obtinham com a máxima facilidade a sua "carta de aprovação". Tratava-se de profissionais
empíricos, às vezes analfabetos, as que possuíam conhecimento de medicamentos
corriqueiros. Pandit (2008), acerca disto, traz a seguinte ressalva:

Por causa de toda essa "facilidade", muitas vezes lavadores de vidros ou


simples ajudantes de botica requeriam exame perante o físico-mor ou seu
delgado e, uma vez aprovados, o que geralmente acontecia, arvoravam-se
em boticários, estabelecendo-se por conta própria ou associando-se a um
capitalista ou comerciante, normalmente do ramo de secos e molhados,
que alimentava a expectativa dos bons lucros no novo negócio.

As primeiras farmácias no Brasil se configuravam conforme ilustra a Figura 5 a


seguir.

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


22

Figura 5- Configuração das primeiras farmácias brasileiras

Fonte: http://portalhistoriadafarmacia.com.br/a-farmacia-no-Brasil Acesso em (13/12/2017)

Em todas as cidades do Brasil, desde os primeiros tempos da colonização, os


comerciantes de secos e molhados negociavam com drogas e medicamentos, não só para
uso humano como para tratamento dos animais domésticos, aos cuidados dos alveitares,
como eram chamados os veterinários da época. Raras eram as boticas legalmente
estabelecidas, como advoga Pandit (2008), que diz:

O comércio das drogas e medicamentos era privativo dos boticários,


segundo o que estava nas "Ordenações", conjunto de leis portuguesas que
regeram o Brasil durante todo o período colonial, reformada por D. Manuel
e em vigor desde o princípio do século XVI, bem como por leis e decretos
complementares. Foi com base nesta legislação que o físico-mor do reino,
por intermédio de seu comissário de São Paulo, ordenou o cumprimento
integral do regimento baixado em maio de 1744.

Neste sentido a fiscalização do exercício dessa profissão passou a ser intensificada,


uma vez que o regimento proibia terminantemente o comércio ilegal das drogas e
medicamentos, estabelecendo pesadas multas e sequestro dos respectivos estoques.
“Houve, busca e apreensões das mercadorias proibidas, que foram depositadas nas boticas
locais. Foi um Deus nos acuda", assim afirma Pandit (2008).

O referido regimento foi crido a partir de uma ordem do Conselho Ultramarino, cuja
ordem fora dada ao Dr. Cypriano de Pinna Pestana, físico-mor do reino. Conforme a ordem,
ele não deveria dar comissão a pessoa alguma, que no Brasil servisse por ele, devendo esta
comissão ser dada a um médico formado pela Universidade de Coimbra. Deu-se ordem
também para que se fizesse um regimento para os Boticários do dito estado, com atenção às
distâncias, que ficavam as terras litorâneas, advertendo que tanto os ganhos dos seus
comissários como os preços dos medicamentos nunca deveriam exceder o dobro dos preços
praticados no reino e que, uma vez o regimento fosse elaborado, o mesmo deveria ser

Módulo 1 Técnico em Farmácia


23

remetido ao Conselho.

Tudo se faria de acordo com o regimento, desde o exame prestado pelos


candidatos a boticários, bem como a inutilização das drogas eventualmente deterioradas,
desde a sua chegada aos portos, e a fiscalização das boticas, até a legalização do profissional
responsável, existência de balança, pesos e medidas, estado de conservação das drogas
vegetais, principalmente as importadas, medicamentos galênicos, produtos químicos,
vasilhames e, bem como, ocasionalmente, a existência de alguns livros. As inspeções das
boticas seriam rigorosas, devendo ser realizadas a cada três anos. Este regimento foi
considerado um modelo para a sua época.

Apesar disto, os boticários de Portugal e das colônias portuguesas viviam em


completo atraso e carência de reparo, tendo como guia a obsoleta Farmacopeia
Ulissiponense Galênica e Química, de Joan Vigier, datada de 1716. Só em 1735 surgiu a
Farmacopeia Tubalense Química Galênica, teórica e prática, de Manoel Rodrigues Coelho,
boticário da corte, que visava ter seu trabalho autorizado pelo governo, o que, entretanto,
não conseguiu.

No ano de 1772 surgiu a obra de Frei João de Jesus Maria, monge beneditino e
boticário do convento, sendo finalmente publicada por ordem de D. Maria I. Em 7 de abril de
1794 foi mandada adotar a Farmacopeia Geral para o Reino de Portugal e Domínios, de
autoria de Francisco Tavares, professor da Universidade de Coimbra, obra cujos preceitos
não eram lícitos ao profissional se afastar, mesmo quando o próprio autor a reconheceu
insuficiente, sendo por isso, o mesmo autor, levado a escrever uma Farmacologia, de acordo
com o que observou Pandit (2008).

A cidade de São Paulo, no ano de 1765 tinha três boticários, Francisco Coelho Aires,
estabelecimento e moradia na Rua Direita, Sebastião Teixeira de Miranda na atual Rua
Álvares Penteado e José Antônio de Lacerda, hoje a Praça da Sé.

A Real Botica de São Paulo estava instalada onde hoje está o Vale do Anhangabaú,
mais precisamente, onde hoje está o prédio central dos Correios e Telégrafos. O prédio para
instalar esta primeira farmácia oficial da cidade foi construído em 1796 e demolido em 1916,
como afirma Pandit (2008). Pandit afirma ainda que (2008):

No tempo da Real Botica os remédios eram, na sua grande maioria, plantas


medicinais, porém desde 1730 o brasileiro usava o mercúrio e o arsênico
importados da Europa. O ópio, a escamoneia, a rosa, o sene, o manacá e a
ipeca já faziam parte dos remédios necessários para funcionamento de uma
botica. Pomadas e linimentos tinham grande consumo, aliás, o produto
mais consumido era a pomada alvíssima, além do bálsamo católico, de
Copaíba, e a Água Vienense, que só entrou em desuso no começo do século
XX.

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


24

Na Figura 6 a seguir, podemos observar a Botica Real Militar, que foi criada por dom
João VI em 1808, e atendia aos exércitos da Coroa. (Foto: Acervo Exército)

Figura 6- Botica Real Militar

Fonte: Acervo do Exército. Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/pesquisadoras-recuperam-


história-do-surgimento-do-farmacêutico-no-século-19 Acesso em 20/08/2018

As Boticas do Rio de Janeiro, conforme Dias (2005), apresentavam um estilo de


muito bom gosto, em relação ao comércio da época. Em vez de balcão, tinham bem no meio
uma espécie de altar, com a frente ornamentada com pinturas e dourados. Era comum
trazer na pintura alguma paisagem, um naufrágio ou um simples ramalhete de flores. Acima,
no altar, a balança, os pesos, dois ou três livros velhos, oráculos, sem dúvida, da arte de
curar.

4.4 Os Estudos de Farmácia

De acordo com Pandit, quando a família real portuguesa rumou para a colônia não
havia ainda o País qualquer avanço científico, ao contrário de países como Alemanha, França
e Itália. Não havia faculdades e as ciências de uma maneira geral eram privilégios daqueles
que podiam ir estudar em Lisboa, Paris ou Londres.

Com a vinda da família real, em 1803, o País, que ainda era colônia, adquiriu o
direito de acompanhar os movimentos culturais e científicos que aconteciam no Velho
Continente há mais de um século. “O primeiro passo largo rumo à modernidade foi
encabeçado pelo príncipe regente D. João VI, que admirava os estudos de história natural,
bem como o trabalho dos naturalistas” (PANDIT, 2008). Fazendo uma linha do tempo, Pandit
(2008) destaca:

 1808: Foram instituídos os estudos médicos no Hospital Militar da Bahia, por


sugestão do cirurgião-mor do reino, Dr. José Correia Pincanço, futuro Barão de
Goiana, com ensino de anatomia e cirurgia, porém o ensino de farmácia só se
iniciou em 1824.
 1809: com a intenção de formar médicos e cirurgiões para o Exército e Marinha,
onde se concentrava a elite econômica da época, D. João VI instituiu o curso de
medicina no Rio de Janeiro, composto pelas cadeiras de Medicina, Química,

Módulo 1 Técnico em Farmácia


25

Matéria Médica e Farmácia.


 1814: publicação do primeiro livro oriundo do curso supracitado, escrito por José
Maria Bontempo, primeiro professor de farmácia do Brasil, denominado
"Compêndios de Matéria Médica".
 1818: o farmacêutico português instalado no Rio de Janeiro, José Caetano de
Barros abriu o ensino gratuito, voltado para médicos, boticários e estudantes no
laboratório de sua farmácia.
 1832: foi criada a Faculdade de Medicina, regularizando-se o ensino de farmácia.
 1835: mediante decreto imperial, sancionado em 8 de maio, a Sociedade de
Medicina foi transformada em Academia Imperial, e nela ficou instituída a seção
de farmácia, o que elevou a classe farmacêutica à hierarquia científica, colocando-
a em igualdade aos demais ramos das ciências médicas.
 1839: a Assembleia Legislativa de Minas Gerais decretou a lei nº 140, sancionada
pelo então conselheiro Bernardo Jacinto da Veiga, criando duas Escolas de
Farmácia, uma em Ouro Preto (Figura 7) e outra em São João Del Rei, destinada ao
ensino de farmácia e da matéria médica brasileira.
 1925: consolidação do ensino de farmácia, quando o curso passou a ser Faculdade
de Farmácia, filiando-se à Universidade do Rio de Janeiro.

Figura 7- Escola de Farmácia de Ouro Preto

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Farm%C3%A1cia_de_Ouro_Preto (Acesso em


13/12/2017)

4.5 De Boticário a Farmacêutico

Apesar da criação de diversas instituições de ensino de farmácia no País, vale


ressaltar que, no século passado, a passagem do comércio de botica para farmácia, não foi
nada fácil, sobretudo em função do hábito advindo da cultura popular, que criava
dificuldades em relação às mudanças que se estabeleciam.

Pandit (2008) observa que a própria lei que regulamentava o efetivo exercício da
profissão persistia em chamar os farmacêuticos de boticários.
O Regimento da Junta de Higiene Pública, aprovado pelo decreto imperial
número 829, de 29 de setembro de 1851, documento que regulamentava a
profissão, fazia menção ao técnico da preparação dos medicamentos por
meio da palavra "boticário", e não se pense que a expressão dissesse

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


26

respeito a profissionais sem diploma, pois o artigo 28 do referido regimento


é claro: "os médicos, cirurgiões, boticários, dentistas e parteiras
apresentarão seus diplomas..." (PANDIT, 2008).

Esta confusão entre as nomenclaturas, farmacêuticos e boticários, teve o seu fim,


quando surgiu o Decreto 2055, de dezembro de 1857, que estabelecia as condições para que
os farmacêuticos, não habilitados, tivessem licença para continuar a ter suas boticas.

A partir da segunda metade do século XIX, as boticas começam a ceder seu lugar às
farmácias. As farmácias significavam a introdução de um novo padrão para o exercício dessa
atividade, com espaços mais modernos, nos quais o cliente supunha uma formação
acadêmica para o farmacêutico, como explana Pandit (2008).

As maiores transformaões, no entanto, se deram entre o final do século XIX e o


século XX, a partir do reconhecimento legal da profissão de farmacêutico, da especialização
do saber com a criação das quatro primeiras escolas de farmácia mineiras – Ouro Preto, Juiz
de Fora, Belo Horizonte, Alfenas, além da interação desta atividade com a pesquisa e com a
indústria química.

Até a década de 1930, a indústria nacional de medicamentos era em sua maioria de


reduzidas dimensões, de origem familiar. Baseava-se no emprego de matérias-primas de
origem vegetal e mineral, apresentando condições adequadas ao suprimento do mercado
existente, àquela época bastante reduzidas.

4.6 Criação dos Conselhos

A criação do Conselho de Farmácia foi uma ordem dos farmacêuticos após a 2ª


Semana de Farmácia em São Paulo, ocorrida em 1936. Já em 1957 foi encaminhado um
projeto ao governo e em 11 de novembro de 1960 foram criados os Conselhos Federal de
Farmácia (CFF) e o Conselho Regional de Farmácia (CRF). No ano de 1969, houve a reforma
universitária com implantação do currículo mínimo.

4.6.1 O Símbolo da Farmácia

Como se pode observar na Figura, 8, a taça com a serpente nela enrolada é


internacionalmente conhecida como símbolo da profissão farmacêutica. Sua origem
remonta à antiguidade, sendo parte das histórias da mitologia grega. De acordo com as
literaturas antigas, assim observou Pandit (2008), o símbolo da Farmácia ilustra o poder
(cobra) da cura (taça).

Módulo 1 Técnico em Farmácia


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Figura 8- Símbolo de farmácia

Fonte: http://pharmaceuticoemfoco.blogspot.com.br/2011/10/significado-do-simbolo-da-
farmacia.html (Acesso em 13/12/2017)

4.7 Conceitos Importantes

Nesta seção tomaremos conhecimento acerca de alguns conceitos importantes


fomentaram os estudos de farmácia.

4.7.1 Plantas Medicinais

Gomes e Reis (2003) observaram em seus estudos que a primeira forma de uso dos
medicamentos efetuada pelo homem foi feita a partir da manipulação de plantas medicinais.
Certamente que muitas descobertas foram feitas durante a procura por novas fontes de
alimentos, mas, provavelmente, um número significativo foi devido à curiosidade e desejo
natural de investigação, que é inerente ao ser humano.

Algumas plantas foram reconhecidas como venenos, outras passaram a ter uso
medicinal e outras para fins recreacionais (uva do vinho). Dentre os estudiosos da
antiguidade, devemos destacar Galeno, que se aprofundou no estudo das plantas
medicinais, escrevendo vários livros sobre farmácia e farmacologia clínica. Na Figura 9 a
seguir, podemos observar as plantas medicinais nativas da Amazônia

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


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Figura 9- Plantas medicinais da Amazônia

Fonte: https://www.vix.com/pt/bdm/medicina-alternativa/2257/plantas-medicinais-da-amazonia-e-
seus-beneficios (Acesso em 13/12/2017)

Na atualidade, as plantas mais consumidas no mundo são:

 Coffea arabica = café;


 Nicotiana tabacu = tabaco;
 Cola acuminata= bebidas tipo cola (Coca Cola, Pepsi, etc.).

No Brasil:

 Paulinia cupana = guaraná;


 Ilex paraguariensis = mate.

De acordo com Gomes e Reis (2003), existem cerca de 127 mil espécies diferentes
de plantas no Brasil, sendo um grande número delas usadas com fins medicinais.
Imaginando um rendimento de 0,001% na descoberta de novos remédios a partir de plantas
brasileiras, se pode imaginar o surgimento de mais de 100 medicamentos genuinamente
nacionais. São exemplos de plantas medicinais: camomila, boldo-do-chile, alecrim, alho,
arnica, carqueja, erva-cidreira, malva, e sálvia.

4.7.2 Medicamentos

Os medicamentos (Figura 10) são produtos especiais, elaborados com a finalidade


de diagnosticar, prevenir, curar doenças ou aliviar seus sintomas, sendo produzidos com
rigoroso controle técnico, para atender às especificações determinadas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Módulo 1 Técnico em Farmácia


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Figura 10- Medicamentos

Fonte: http://www.hipolabor.com.br/blog/2014/12/19/hipolabor-explica-qual-diferenca-entre-
remedios-e-medicamentos/ (Acesso em 13/12/2017)

Como observam Gomes e Reis (2003), o efeito do medicamento está atrelado a uma
ou mais substâncias ativas com propriedades terapêuticas, que são reconhecidas
cientificamente, fazendo parte da composição do produto, denominadas fármacos, drogas
ou princípios ativos. Para tanto, são seguidas normas rígidas, de modo que os medicamentos
sejam utilizados, desde a sua pesquisa e desenvolvimento, até a sua produção e
comercialização.

 Finalidade dos medicamentos:

Os medicamentos têm como finalidade o alívio dos sintomas, a cura e prevenção


das doenças, além do diagnóstico, conforme observaremos a seguir.

No que diz respeito ao alívio dos sintomas, os medicamentos têm a função de


diminuir ou até eliminar os sintomas, tais como: dor, febre, inflamação, tosse, coriza,
vômitos, náuseas, ansiedade, insônia, etc., embora não atuem nas causas. Uma vez os
sintomas sejam aliviados, o medicamento pode mascarar a doença, dando a falsa impressão
de cura. Neste sentido, é importante que o médico seja consultado, bem como o
farmacêutico.

Quanto à cura das doenças, os medicamentos têm como função eliminar a causa de
determinadas enfermidades, como infecções e infestações. São exemplos destes
medicamentos os antibióticos, antihelmínticos (medicamentos contra vermes),
antiprotozoários (medicamentos contra malária, giardíase e amebíase). Além disso, os
medicamentos podem corrigir a função corporal deficiente, a partir de suplementos
hormonais, vitamínicos, minerais e enzimáticos, etc.

Os medicamentos atuam também na prevenção das doenças, auxiliando o


organismo a se proteger de determinadas doenças. Alguns exemplos são: soros, vacinas,
antissépticos, complementos vitamínicos, minerais e enzimáticos, profiláticos da cárie, etc.

No que tange ao diagnóstico, os medicamentos auxiliam na detecção de


determinadas doenças, além de avaliar o funcionamento de órgãos. Neste grupo estão os
contrastes radiológicos, por exemplo.

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


30

4.7.3 Diferenças entre Remédio e Medicamento

Nos estudos de Bresolin e Cechinel Filho (2010), observamos que no dia a dia é
comum confundir as nomenclaturas remédio e medicamento, como se fossem sinônimas.
No entanto, elas não significam a mesma coisa.

Como afirmam os autores (Op. cit.), a ideia de remédio está associada a todo e
qualquer tipo de cuidado utilizado para curar ou aliviar doenças, sintomas, desconforto e
mal-estar. São chamados de remédios: banho quente ou massagem para diminuir as
tensões; chás caseiros e repouso, em caso de resfriado; hábitos alimentares saudáveis e
prática de atividades físicas, para evitar o desenvolvimento de doenças crônicas não
transmissíveis; medicamentos para curar doenças, entre outros.

Denominam-se medicamentos as preparações tecnicamente elaboradas em


farmácias (medicamentos manipulados) ou indústrias (medicamentos industriais), que
devem seguir determinações legais de qualidade, segurança e eficácia.

Resumindo, um preparado caseiro com plantas medicinais pode ser um remédio,


mas ainda não é um medicamento. Este, por sua vez, deve atender uma série de exigências
do Ministério da Saúde, visando garantir a segurança dos consumidores.

4.7.4 Como é Desenvolvido um Medicamento Atualmente?

Bresolin e Cechinel Filho (2010) nos fazem lembrar de que antigamente, os


medicamentos eram provenientes da natureza, em especial das plantas. Quanto a sua
eficácia, só se poderia saber após o uso. Uma vez não eram testados cientificamente, nem
sempre se podia ter certeza quanto a esta eficácia.

Alguns medicamentos são empregados há muitos anos, como o ácido salicílico, por
exemplo, extraído da casca do salgueiro, que é até hoje utilizado como esfoliante
dermatológico. No final do século XIX, serviu como base para o desenvolvimento de outros
fármacos, como o ácido acetilsalicílico (a aspirina). Este e outros medicamentos não
passaram por processos e testes para verificar sua atividade, mas são respaldados pela
tradição do seu uso e o seu “passado” (BRESOLIN; CECHINEL FILHO, 2010).

Entretanto, se observa a importância de assegurar que sua fabricação seja feita com
qualidade, além de continuar observando seu uso pela população, para ver se ocorrem
efeitos indesejáveis ou perigosos nas pessoas. Atualmente, os medicamentos surgem em
função de novas doenças ou de novas formas de combater aquelas já conhecidas. Acerca do
seu uso, os autores observaram.

Como foram introduzidos em uma época de maior desenvolvimento


tecnológico, temos capacidade técnica para garantir que sejam seguros e
eficazes. Assim, usá-los será mais vantajoso do que não usá-los. No século
XX, a partir de meados dos anos 50, métodos específicos de pesquisa e
avaliação de medicamentos começaram a ser desenvolvidos para atestar

Módulo 1 Técnico em Farmácia


31

propriedades fundamentais, como segurança, eficácia e qualidade


(BRESOLIN; CECHINEL FILHO, 2010).

Todo e qualquer medicamento, seja novo ou antigo, tem que ser:

(1) Seguro, isto é, ter níveis aceitáveis de toxicidade; ser incapaz de representar
uma ameaça ao usuário, porque a possibilidade de causar efeitos tóxicos
injustificados é pequena;
(2) Eficaz, isto é, que atinge os efeitos propostos;
(3) De qualidade: esta é uma característica que precisamos conhecer e entender
melhor.

4.8 Formas Farmacêuticas (FF)

A forma como um fármaco ou princípio ativo se apresenta como medicamento, é


chamada de forma farmacêutica. Esta leva o fármaco até o organismo. Nas formas
farmacêuticas, os fármacos e os auxiliares de formulação podem ser escolhidos e
combinados de várias maneiras, podendo fornecer o melhor resultado. Muitas são as
possibilidades de classificar as formas farmacêuticas, conforme será observado a seguir
(Figura 11).

 Sólidas:

 Comprimidos, drágeas, cápsulas, pós e pílulas são formas orais;


 Supositórios são formas para administração retal, ou seja, pelo ânus;
 Óvulos devem ser introduzidos na vagina;
 Existem ainda formas sólidas, que podem ser implantadas sob a pele, como
alguns hormônios contraceptivos.

 Semissólidas:

 Unguentos, pomadas, cremes e pastas para aplicar na superfície do corpo.

 Líquidas:

 Soluções, xaropes e suspensões (via oral);


 Emulsões e loções para a pele;
 Colírios para os olhos;
 Líquidos para injeção (devem ser estéreis).

 Gases:

 Líquidos inalatórios, que dão origem às formas gasosas, como alguns anestésicos,
e gases medicinais (o oxigênio, por exemplo).

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


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Figura 11- Formas farmacêuticas (FF)

Fonte: https://falecomofarmaceutico.wordpress.com/2015/01/03/formas-farmaceuticas-por-que-
existem-medicamentos-em-forma-de-capsulas-suspensao-cremes-e-tantas-outras/ (Acesso em
13/12/2017)

 As diferentes formas existem para:

 Para facilitar a administração;


 Garantir a precisão da dose;
 Proteger a substância durante o percurso pelo organismo;
 Garantir a presença no local de ação; e,
 Facilitar a ingestão da substância ativa.

Em alguns casos, as formas farmacêuticas servem para facilitar a administração de


medicamentos por pacientes de faixas etárias diferentes ou em condições especiais. Para
uma criança, por exemplo, é mais fácil engolir gotas em um pouco de água do que engolir
um comprimido, assim observaram Bresolin e Cechinel Filho (2010).

4.9 Vias de administração

A via de administração é a maneira como o medicamento entra em contato com o


organismo, é a porta de entrada, podendo ser via oral (boca), retal (ânus), parenteral
(injetável), dermatológica (pele), nasal (nariz), oftálmica (olhos), sublingual (embaixo da
língua), dentre outras, como ilustra a Figura 12.

Cada via é indicada para uma situação específica, e apresenta vantagens e


desvantagens. Uma injeção, por exemplo, é sempre incômoda e muitas vezes dolorosa, mas,
por outro lado, apresenta efeito mais rápido (BRESOLIN; CECHINEL FILHO, 2010).

Módulo 1 Técnico em Farmácia


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Figura 12- Vias de administração

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

4.9.1 Tipos de Medicamentos

Bresolin e Cechinel Filho (2010) estudaram os tipos de medicamentos, tais como


alopatas, homeopatas, fitoterápicos, e suas diferentes funções e aplicações, conforme
observaremos a seguir.

 Alopatia:

A Alopatia é a medicina tradicional, que consiste em utilizar medicamentos que vão


produzir no organismo do doente uma reação contrária aos sintomas que ele apresenta, a
fim de diminuí-los ou neutralizá-los. Observa-se, por exemplo, que se o paciente tem febre,
o médico receita um remédio que faz baixar a temperatura. Em caso de dor, um analgésico.
Os principais problemas dos medicamentos alopáticos são os seus efeitos colaterais e a sua
toxicidade.

 Homeopatia:

A Homeopatia é uma palavra de origem grega, que significa Doença ou Sofrimento


Semelhante. Trata-se de um método científico para tratamento e prevenção de doenças
agudas e crônicas, no qual a cura se dá por meio de medicamentos não agressivos que
estimulam o organismo a reagir e fortalecem seus mecanismos de defesa naturais.

Os medicamentos homeopáticos (Figura 13) podem ser utilizados com segurança


em qualquer idade, até mesmo em recém-nascidos ou pessoas com idade avançada, desde
que com acompanhamento do clínico homeopata. Os medicamentos homeopáticos são
preparados a partir de substâncias extraídas da natureza, que são provenientes dos reinos:
mineral, vegetal ou animal.

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


34

Figura 13- Medicamentos homeopáticos

Fonte: http://www.renascerhomeopathia.com.br/Tira-duvidas/homeopatia-e-o-mesmo-que-
fitoterapia.html (Acesso em 13/12/2017)

A homeopatia é um método de tratamento criado pelo médico alemão Samuel


Hahnemann, em 1796, com base na Lei dos Semelhantes, citada pelo Pai da Medicina,
Hipócrates no ano 450 a.C. De acordo com esta lei, os semelhantes se curam pelos
semelhantes, isto é, para tratar um indivíduo que está doente, é necessário aplicar um
medicamento que apresente (quando experimentado no homem sadio) os mesmos
sintomas que o doente apresenta. Por exemplo, se uma pessoa sã ingerir doses tóxicas de
certa substância, irá apresentar sintomas como dores gástricas, vômitos e diarreia.

Contudo, se, por outro lado, for administrada essa mesma substância, preparada
homeopaticamente, ao enfermo que apresenta dores gástricas, vômitos e diarreia, com
características semelhantes àquelas causadas pela substância em questão, obtém-se, como
resultado, a cura desses sintomas.

 Fitoterapia:

Fitoterapia vem do grego e quer dizer tratamento das doenças por meio das
plantas. É uma cultura já conhecida e praticada desde as antigas civilizações. Alicerça-se no
conhecimento e na experiência. Sabe-se que as plantas têm a capacidade de curar diversas
doenças, em especial por conter princípios ativos.

O medicamento fitoterápico é obtido empregando-se exclusivamente matérias-


primas ativas vegetais. Caracteriza-se pelo conhecimento da espécie vegetal, de sua eficácia
e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade.

Bresolin e Cechinel Filho (2010) chamam a atenção para o fato de que “não se
considera medicamento fitoterápico aquele que, em sua composição, inclua substâncias
ativas isoladas, ou seja, princípios ativos, de qualquer origem, nem as associações dessas
com extratos vegetais”.

Os medicamentos fitoterápicos apresentam efeitos terapêuticos, superiores aos


medicamentos convencionais, mas com efeitos colaterais minimizados. A Valeriana
(Valeriana officinalis), por exemplo, vem sendo usada no tratamento da insônia e depressão
Módulo 1 Técnico em Farmácia
35

leve e, ao contrário dos medicamentos convencionais, não provoca dependência e


tolerância. No entanto, se ingerida em grandes quantidades e por tempo prolongado, pode
ser tóxica para o fígado, donde se pode concluir que o fato de ser natural que não quer dizer
que não possa fazer mal.

4.9.2 Medicamentos de Referência, Genéricos, Similares e Manipulados

A seguir, trataremos dos medicamentos denominados de referência, genéricos e


similares, conforme estudos de Bresolin e Cechinel Filho (2010).

 Medicamento de referência:

Diz-se dos medicamentos de referência:

[...] produto inovador, registrado no órgão federal responsável pela


vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança e
qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal
competente, por ocasião do registro, conforme a definição do inciso XXII,
artigo 3º, da Lei n. 6.360, de 1976 (com redação dada pela Lei nº 9.787 de
10 de fevereiro de 1999. Disponível em: http://e-
legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=245).

A inclusão de um produto farmacêutico na Lista de Medicamentos de Referência é


uma forma de qualificá-lo como parâmetro de eficácia, segurança e qualidade para os
registros de medicamentos genéricos e similares no Brasil, mediante a utilização deste
produto como comparador nos testes de equivalência farmacêutica e/ou bioequivalência
quando aplicáveis.

Existem listas de medicamentos de referência que a Anvisa disponibiliza no seu


endereço eletrônico, classificadas em A e B, como se observa a seguir.

 A Lista A contém medicamentos de referência para fármacos isolados. Disponível


em:
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/2c937f0041bd09b69645d79d63c1a
945/Lista+A+F%C3%A1rmacos+Isolados+05-11-2013.pdf?MOD=AJPERES,
atualizada em 05/11/2013.

 A Lista B relaciona os medicamentos de referência para as associações. Disponível


em
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/f60f400041bd0a59964ed79d63c1a
945/Lista+B+Associa%C3%A7%C3%B5es+05-11-2013.pdf?MOD=AJPERES,
atualizada em 05/11/2013.

São os medicamentos que, geralmente, se encontram há bastante tempo no


mercado e têm uma marca comercial conhecida, como, por exemplo, a Novalgina®, que é o
medicamento de referência para o genérico Dipirona.

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


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 Medicamento genérico:

O medicamento genérico tem como principais características:

 É igual ao medicamento de referência e possui qualidade, eficácia terapêutica e


segurança comprovadas através de testes científicos;
 Não possui nome de marca, somente a denominação química de acordo com a
Denominação Comum Brasileira (DCB);
 Pode ser substituído pelo medicamento de referência pelo profissional
farmacêutico ou vice-versa.

De acordo com Bresolin e Cechinel Filho (2010), os genéricos podem ser produzidos
a partir da renúncia da patente, que são concedidas por até 20 anos. Vencida a patente, essa
tecnologia passa a ser de domínio público, quando poderão ser registrados medicamentos
genéricos. Os autores afirmam ainda:

A intercambialidade, ou seja, a segura substituição do medicamento de


referência pelo seu genérico é assegurada por testes de bioequivalência
realizados em seres humanos (o que garantem que serão absorvidos na
mesma concentração e velocidade que os medicamentos de referência) e
equivalência farmacêutica (que garantem que a composição do produto é
idêntica ao do medicamento inovador que lhe deu origem). Essa
intercambialidade somente poderá ser realizada pelo farmacêutico
responsável, pela farmácia ou drogaria e deverá ser registrada na receita
médica.

Graças a estes testes, os medicamentos genéricos são intercambiáveis. Ou seja,


acobertados pela lei, podem substituir os medicamentos de referência indicados nas
prescrições médicas. A troca, quando o médico não prescrever diretamente o genérico, pode
ser recomendada pelo farmacêutico responsável, nas drogarias, com absoluta segurança
para o consumidor.

Os medicamentos genéricos são identificados por uma grande letra "G" azul
impressa sobre uma tarja amarela e, pela frase "Medicamento Genérico - Lei nº 9.787, de
1999" logo abaixo do nome do princípio ativo que os identifica, como ilustra a Figura 14,
podem. Os genéricos são, em média, 40% mais baratos que os medicamentos de Referência
(ou inovadores), basicamente porque os fabricantes de medicamentos genéricos não
necessitam fazer investimentos em pesquisas para o seu desenvolvimento, visto que as
formulações já estão definidas pelos medicamentos de referência.

Módulo 1 Técnico em Farmácia


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Figura 14- Medicamento genérico

Fonte: http://www.farmaceuticas.com.br/medicamentos-genericos-similares-intercambiaveis-e-
referencia-confuso/ (Acesso em 13/12/2017)

Outro motivo para os preços reduzidos dos genéricos diz respeito ao marketing uma
vez que os seus fabricantes não necessitam fazer propaganda, já que não há marca a ser
divulgada. O programa de medicamentos genéricos foi criado no Brasil em 1999, com a
promulgação da Lei 9.787, formulada com o objetivo de implementar uma política
consistente de auxílio ao acesso a tratamentos medicamentosos no País. Com preços no
mínimo 35% menores que os medicamentos de marca, os genéricos já estão colaborando
para que muitos brasileiros encontrem uma alternativa viável e segura para seguir as
prescrições médicas corretamente.

É importante ressaltar que as aquisições de medicamentos e as prescrições médicas


e odontológicas de medicamentos, no que tange ao Sistema Único de Saúde (SUS), adotarão
obrigatoriamente a Denominação Comum Brasileira (DCB), ou seja, pelo nome do princípio
ativo.

Por outro lado, na rede privada de saúde, a prescrição fica a critério do médico
responsável, podendo ser realizada sob nome genérico ou comercial. Caso o prescritor tenha
ressalvas quanto à substituição de medicamentos, deve explicitá-las na própria prescrição,
de próprio punho, de forma clara, legível e inequívoca.

 Medicamento similar:

O medicamento similar possui as características descritas a seguir:

 São produzidos após vencer a patente dos medicamentos de referência, sendo


identificados por um nome de marca;
 Possuem eficácia, segurança e qualidade comprovadas a partir de testes
científicos;
 São registrados pela Anvisa.

Os produtos similares são aqueles que têm apenas equivalência farmacêutica com
os produtos inovadores. Por lei, são obrigados a apresentar testes que comparam a sua

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


38

biodisponibilidade com a biodisponibilidade dos inovadores, mas sem a exigência de que


sejam estatisticamente iguais. Eles possuem o mesmo fármaco e indicação terapêutica do
medicamento de referência, entretanto podem diferir em características relativas ao
tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e
veículos.

Os medicamentos similares não podem ser substituídos pelo medicamento de


referência nem pelo medicamento genérico. Comparando o exemplo anterior, o similar da
NOVALGINA® pode ser, por exemplo, Anador, Dipigina, Nevraldor, Magnopyrol, etc.

 Medicamento manipulado:

São aqueles produzidos mediante apresentação de receita médica, com dose e


quantidade adequadas evitando que o paciente tome várias cápsulas ao mesmo tempo
(Figura 15). Observam-se a seguir as suas principais características (Figura 16):

 As doses são individualizadas;


 Além de ter um custo mais acessível, é prescrito na quantidade e doses exatas
para o tratamento, evitando perdas;
 Propicia o uso de medicamentos não disponibilizados pela indústria farmacêutica;
 Associa, quando viável, princípios ativos diferentes em uma mesma fórmula,
evitando que o paciente utilize vários medicamentos.

Figura 15- Medicamento manipulado

Fonte: https://goldmedicamentos.wordpress.com/ (Acesso em 13/12/2017)

Módulo 1 Técnico em Farmácia


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Figura 16- Características dos medicamentos manipulados

Fonte: Elaborada pelo autor (2018)

4.9.3 Farmácias e Drogarias

Como observaram Gomes e Reis (2003), os medicamentos, por serem produtos que
necessitam de uso especial, possuem uma Lei Federal que determina que somente devam
ser comercializados em locais específicos, ou seja, farmácias e drogarias, que são
considerados estabelecimentos de saúde, devendo possuir um farmacêutico como
responsável técnico, com autorização da Vigilância Sanitária e do Conselho de Farmácia.

 Diferença entre Farmácias e Drogarias:

 Farmácias: estabelecimentos de saúde que comercializam e orientam sobre o


uso de medicamentos manipulados.
 Drogarias: estabelecimentos de saúde que comercializam e orientam sobre o uso
de medicamentos industriais.

 Serviços farmacêuticos que podem ser prestados nas farmácias e drogarias:

 Orientação sobre o uso do medicamento;


 Administração de medicamentos (nebulização, aplicação de injetáveis e uso
oral);
 Acompanhamento da pressão arterial e temperatura;
 Monitoramento da glicemia capilar por meio de autoteste.

TÉCNICO EM FARMÁCIA MÓDULO 1


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REFERÊNCIAS

BRESOLIN, T.M.B.; CECHINEL FILHO, V. (Organizadores). Fármacos e medicamentos: uma


abordagem multidisciplinar. São Paulo: Santos, 2010.

DIAS, J. P. S. A farmácia e a história uma introdução à história da farmácia, da farmacologia


e da terapêutica. História e sociologia da farmácia. Lisboa: Faculdade de Farmácia da
Universidade de Lisboa, 2005.

GOMES, M. J. V. M.; REIS, A. M. M. Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia


hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2003.

PANDIT, N. K. Introdução às ciências farmacêuticas. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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ANOTAÇÕES: _____________________________________________________________
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