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GESTÃO DE SEGURANÇA

E SAÚDE NO TRABALHO
FICHA TÉCNICA – 2ª Edição

Preparação de Conteúdo:
Professor Rogério Pinto Ferreira

Formatação e Normalização (ABNT):


Ediane Souza

Revisão Gramatical, Semântica e Estilística:


Ediane Souza

Capas: Aporte Comunicação


Folhas de Rosto: Thomas Arraes

Editoração e Revisão Técnica Final:


Ediane Souza

Diagramação:
Ediane Souza

Impressão:
Provisual Gráfica e Editora

Rua das Ninfas, 243


Soledade – Recife/PE – Brasil
CEP: 50.070-050
Telefone: (81) 4062-9222
www.grautecnico.com.br

Este material é exclusivo para uso do aluno Grau Técnico.


Para dúvidas ou sugestões, envie-nos um e-mail:
contato@grautecnico.com.br

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


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REGULAMENTO INTERNO – VERSÃO 20171


Caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a)! Para que possamos desenvolver as atividades de formação


técnica com profissionalismo e excelência, se faz necessário o cumprimento de algumas
normas, as quais estão descritas a seguir.

1 MATRÍCULA
1.1 O(a) aluno(a) deverá, no ato da matrícula, fazer a leitura do regulamento interno e do
contrato de prestação de serviços com bastante atenção, para que possa conhecer seus
direitos e deveres no decorrer do curso.

2 DIAS/HORÁRIOS
2.1 Turmas de segunda, quarta e sexta-feira, nos turnos da manhã, tarde e noite.
2.2 Turmas de terça e quinta-feira, nos turmas da manhã e noite, e aos sábados, pela
manhã e tarde.
2.3 O curso de Enfermagem, exclusivamente, tem turmas de segunda à sexta, nos turnos
da manhã, tarde e noite. Em breve, terá o formato de três dias, assim como os
demais cursos.
2.4 A pontualidade e a assiduidade, bem como a postura pessoal serão pontuadas como
indicadores do processo de avaliação.
Atenção: observe em seu contrato os dias e horários das aulas.

3 ATIVIDADES COMPLEMENTARES
3.1 As atividades extraclasse (palestras, seminários, Visitas Pedagógicas Orientadas
(VPOs) serão obrigatórias para o complemento da carga horária, sendo realizados nos
mesmos horários das aulas, em dias alternados ou de acordo com a disponibilidade
da escola ou da empresa (no caso das VOPs).
3.2 As visitas pedagógicas orientadas acontecerão de acordo com a disponibilidade da
escola e das empresas parceiras. Cabe ao aluno interessado realizar o pagamento da
taxa de transporte na secretaria, se houver.
3.3 O uso do fardamento é obrigatório para todas as visitas e aulas práticas (dentro e fora
da instituição).

4 CERTIFICAÇÃO
4.1 A frequência nas aulas deve ser igual ou superior a 75% (setenta e cinco por cento)
em cada disciplina.
4.2 A média em cada disciplina deve ser igual ou superior a 7,0 (sete).
4.3 O(a) aluno(a) que for reprovado(a) em alguma das disciplinas deverá pagar o valor de
uma parcela para cursar novamente a disciplina, a fim de obter frequência e nota
necessárias para a aprovação e para o recebimento do certificado.
4.4 Estar com todas as parcelas pagas.
4.5 Estar com toda documentação exigida pela Secretaria Estadual de Educação,

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O regimento em vigor será sempre a última versão, informada no título deste documento.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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conforme orientado no ato da matrícula.


4.6 Solicitar, por escrito, a emissão do diploma. O prazo de entrega, após solicitação, será
de até 60 (sessenta) dias.
4.7 Os cursos que possuem estágio obrigatório terão os seus diplomas entregues após o
cumprimento da carga horária total, incluindo estágio.

5 REPOSIÇÃO DE AULA
5.1 Em caso de falta justificada, o(a) aluno(a) terá o direito de realizar a aula ou atividade
perdida em outra turma, de acordo com a disponibilidade da escola, sem custo
adicional.
5.2 A falta só poderá ser justificada perante atestado médico ou documento
comprovando o motivo da ausência.
5.3 Em caso de falta sem justificativa, o(a) aluno(a) poderá requerer na secretaria a
reposição da aula ou atividade, efetuando o pagamento referente à taxa do serviço.
5.4 Observa-se que a justificativa não anula a falta, apenas faz valer o direito de
reposição da aula ou atividade.

6 CONSERVAÇÃO
6.1 No caso de danos ao espaço da escola ou a equipamentos pertencentes à mesma,
o(a) aluno(a) ou seu representante legal será responsabilizado pelos gastos com o
reparo, bem como, se necessário, submetido(a) às medidas disciplinares quando for
cabível.
6.2 Ao término de cada aula, teórica ou prática, a sala ou laboratório utilizado deverá ser
deixado organizado para a próxima turma.

7 SAÚDE E BEM-ESTAR GERAL


7.1 Não será permitida a utilização de aparelhos celulares ou fones de ouvido na sala de
aula.
7.2 Não será permitida a permanência de pessoas em salas de aula e dependências
internas da escola, a não ser alunos, instrutores ou funcionários em seus respectivos
horários.
7.3 Não será permitida a entrada de alimentos ou bebidas nas salas de aula, laboratórios
ou biblioteca.
7.4 Deve-se manter a limpeza, organização e conservação da escola como um todo.
Devem-se utilizar os cestos de lixo disponibilizados em cada ambiente.
7.5 A escola não se responsabilizará por perdas ou danos de pertences dos alunos.
7.6 É obrigatório tratar os demais alunos, docentes e funcionários com respeito e
civilidade, sob pena de aplicação de medida disciplinar de advertência, suspensão ou
expulsão, a depender da gravidade da infração.
7.7 Temos câmeras sendo utilizadas em toda escola, a fim de proporcionar maior
segurança aos nossos alunos.

8 BIBLIOTECA/ACESSO À INTERNET
8.1 A utilização da biblioteca será mediante agendamento com a coordenação
pedagógica, fora do horário normal, com apresentação de documento para uso de
livros.

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8.2 O uso desta sala é exclusivo para estudo e pesquisa, portanto deverá ser mantido o
silêncio e a disciplina, para não interferir na concentração dos demais alunos.
8.3 O uso dos computadores para pesquisa tem o tempo máximo de 30 minutos.
8.4 Não é permitida a retirada de livros para empréstimo.

9 AVALIAÇÃO
9.1 As provas serão realizadas durante o turno que o aluno estuda e sempre na última
aula da disciplina, tendo a duração média de 1h30.
9.2 O(a) aluno(a) que faltar à prova deverá comparecer à coordenação pedagógica da
escola para requerer a avaliação em segunda chamada, agendar uma data para a
realização desta, bem como efetuar o pagamento da taxa na secretaria.
9.3 As provas de recuperação ou segunda chamada acontecem na última semana de cada
mês, conforme informado pela coordenação, no site e nos quadros de avisos.

10 CANCELAMENTO DO CONTRATO
10.1 O cancelamento do contrato poderá ocorrer a qualquer momento, sob autorização
da diretoria da escola, em caso de indisciplina por parte do(a) aluno(a). Quanto a
sua defesa, caberá aos dispositivos legais vigentes.
10.2 O cancelamento por parte do(a) aluno(a) deverá ser feito na coordenação da
escola, mediante requerimento e pagamento da multa de cancelamento, conforme
contrato de prestação de serviços.
10.3 O(a) aluno(a) que cancelar e desejar retornar ao curso poderá reverter sua multa
em pagamentos de parcelas, sendo o valor descontado das últimas parcelas
restantes.
10.4 Para o(a) aluno(a) retornar, deverá ser efetuado o pagamento do valor de uma
parcela.
10.5 O aluno que for cancelado por motivo de indisciplina não poderá voltar a estudar
no Grau Técnico.

11 PORTAL ACADÊMICO
11.1 Todos os informativos, notas, oportunidades e materiais extras serão
disponibilizados Portal Acadêmico, no Website do Grau Técnico.
11.2 O acesso ao portal acadêmico é por meio do endereço eletrônico:
www.grautecnico.com.br, no qual o(a) aluno(a) colocará o seu número de matrícula
tanto no campo ‘usuário’, como naquele referente à ‘senha’.
11.3 Para a solicitação de declarações, deve-se respeitar o prazo de até 05 dias.

12 TRANSFERÊNCIA DE TURMA/SALA/INSTRUTOR/UNIDADES
12.1 A transferência de turma estará sujeita à disponibilidade de vagas nas turmas em
andamento.
12.2 A transferência de Unidade terá o valor de uma parcela com desconto. Para tanto,
o(a) aluno(a) tem que estar com as parcelas em dia, bem como a transferência
deverá estar condicionada à confirmação da unidade destino, conforme disposição
nas turmas.
12.3 O (a) aluno(a) que requerer transferência de Unidade sem nunca ter cursado na
unidade de origem e desejar outro curso adiantará uma parcela com desconto na

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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Unidade de origem e efetuará matrícula na unidade destino, se adequando ao plano


de pagamento desta.
12.4 Para a otimização do espaço e aproveitamento das turmas, o Grau Técnico poderá
mudar de sala durante o decorrer do curso, bem como unir duas ou mais turmas.
12.5 Durante o decorrer do curso, pode haver mudança de instrutor. Tendo em vista que
os nossos cursos seguem um plano de aula, os alunos não terão nenhum prejuízo
em relação ao aprendizado.

13 DIAS E HORÁRIOS DE RECEBIMENTO DA ESCOLA


13.1 As parcelas do curso terão descontos de pontualidade, para os pagamentos
efetuados até a data de vencimento. Para pagamentos após o vencimento, será
cobrado o valor integral, mais multa acrescida de juros.
13.2 O desconto de pontualidade só será válido para pagamentos em espécie. Para todo
tipo de cartão, a parcela será cobrada em valor integral.
13.3 A solicitação de declarações, diploma e histórico escolar é gratuita para a primeira
via. As emissões extras destes documentos devem ser feitas mediante o pagamento
de taxa de serviços, cujo valor será informado na secretaria da escola.
13.4 No ato da matrícula, será impresso o primeiro boleto do seu curso. Os demais
deverão ser impressos a partir do portal acadêmico, no site www.grautecnico.com.br,
acessando-o com o seu login e senha, no item financeiro, no link ‘Impressão de
Boletos’, ou solicitando a sua impressão na secretaria da escola. O pagamento do
boleto poderá ser realizado em qualquer banco ou caixa de pagamentos diversos.

14 AGÊNCIA DE ENCAMINHAMENTO GRAU TÉCNICO


14.1 Os alunos do Grau Técnico dispõem de uma Agência de Encaminhamento
Profissional, que tem como objetivo realizar parceria com empresas para
disponibilizar vagas de estágio e/ou emprego. Para participar, basta estar dentro do
seguinte regulamento: apresentar nota igual ou superior a 7,0 (sete), ter frequência
nas aulas igual ou superior a 75%, ter idade superior a 16 anos, ter concluído o
primeiro módulo, estar em dia com as parcelas e participar de, no mínimo, 50% do
ciclo de palestras disponibilizadas pela agência de encaminhamento.
14.2 O compromisso de encaminhamento profissional não é garantia de emprego ou
de estágio, visto que a decisão da contratação é da empresa contratante e não do
Grau Técnico.
14.3 Para os cursos de estágio não obrigatório, os alunos terão acesso às vagas
disponíveis por meio da coordenação e por agências de integração entre empresa e
escola. O estágio deverá ser feito fora do horário no qual o aluno esteja estudando.
14.4 Para os cursos de estágio obrigatório, os alunos deverão seguir o planejamento,
conforme orientado pela coordenação pedagógica.

15 ENFERMAGEM/RADIOLOGIA/ANÁLISES CLÍNICAS
15.1 O estágio é obrigatório para os cursos de Enfermagem e Radiologia, podendo ser
realizado no decorrer ou ao final do curso. Ocorrerá, preferencialmente, em turnos
no qual ele esteja estudando, porém em dias diferentes. Pode ocorrer, ainda, de
acordo com a disponibilidade da unidade de saúde (hospitais, postos de saúde,

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clínicas, etc.). Caso o aluno não conclua a disciplina do estágio, deverá realizar o
pagamento de uma taxa referente a uma parcela, para poder refazer a disciplina.
15.2 O estágio para de Análises Clínicas é opcional.
15.3 Materiais imprescindíveis para as aulas práticas (laboratório) – sob total
responsabilidade do aluno:
 No caso de Enfermagem: luvas de procedimento, luvas estéreis, seringas, agulhas,
gazes, esparadrapo, máscaras, toucas, gorros, jelco calibre 22, scalp calibre 21
(verde), estetoscópio, tensiômetro, garrote, termômetro (digital).
 No caso de Análises Clínicas: luvas de procedimento, luvas estéreis, seringas, agulhas,
gazes, esparadrapo, máscaras, toucas, gorros, jelco calibre 22, scalp calibre 21
(verde), garrote.
15.4 Materiais Necessários para os estágios curriculares:
 No caso de Enfermagem: todo e qualquer material necessário às atividades
práticas serão de responsabilidade do aluno e deverão ser entregues
antecipadamente para garantia dos campos, tais como: luvas de procedimento,
máscaras, propés, toucas, gorros, capote descartável, toalhas de papel, sabão ou
sabonete líquido, ou quaisquer outros materiais solicitados pela instituição de
saúde.
 No caso de Radiologia: dosímetro (disponibilizado pela escola, mas, em caso de
perda, será de responsabilidade do aluno).

Ciente e de acordo.

_____________________________________________
Aluno(a)/Responsável

Para sugestões e informações, enviar e-mail para: contato@grautecnico.com.br

SEJA BEM-VINDO(A)!

Atenciosamente,
A Direção.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................11

2 OBJETIVO DO CURSO .................................................................................................11

3 TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO – MÓDULO 4 ..........................................12

4 INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE ACIDENTES ................................................................17

5 TEORIA DO SEGURO, PATRIMÔNIO E AUDITORIA .....................................................35

6 SISTEMA DE GESTÃO EM SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO ..............................51

7 SEGURANÇA NA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS ....................................................67

8 CONTROLE DE PERDAS E GERENCIAMENTO DE RISCOS ......................................... 101

9 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO ................................................................... 127

10 LIDERANÇA E EMPREENDEDORISMO ................................................................... 157

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


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1 INTRODUÇÃO

O avanço tecnológico é inevitável. No mundo todo, ele vem quebrando fronteiras


econômicas, sociais e culturais, trazendo consigo toda uma facilidade no acesso à
informação, à liberdade de expressão e à inclusão social. Ao mesmo tempo, também se lida
com certa desintegração dos valores humanos, com o consumo desenfreado, a
marginalização social e a agressão ao meio ambiente.

É necessário despertar o ser humano para a importância do conhecimento técnico e


suas consequências. Também é preciso conscientizá-lo para a solidariedade, o respeito a si
mesmo e ao outro e o trabalho em equipe.

A atuação do Grau Técnico, portanto, é abrir caminho para oportunidades que


beneficiem tanto o indivíduo, quanto o coletivo. É orientar para a realização profissional e
inserção social, por meio de uma educação estimuladora e operadora de inovações na
sociedade.

2 OBJETIVO DO CURSO

O curso Técnico em Segurança do Trabalho se propõe a desenvolver uma formação


profissional por competências, habilidades e atitudes, de modo que o aluno seja capaz de
enfrentar e responder a situações problemas de forma criativa e inovadora, com autonomia,
efetividade e ética, buscando a saúde e a qualidade de vida no trabalho, preservando o meio
ambiente e respeitando a legislação vigente do País.

O curso Técnico em Segurança do Trabalho busca contribuir para a formação de


profissionais que venham atuar na prevenção de acidentes de trabalho, como forma de
salvaguardar a saúde e a integridade física do trabalhador atendendo, ao mesmo tempo, as
necessidades emergentes da sociedade.

Capacitar o aluno para fazer uso de novas tecnologias relativas ao seu campo de
atuação profissional, aliando a teoria à prática e valorizando os conhecimentos e as práticas
adquiridas ao longo do curso, além de desenvolver no aluno o espírito crítico, capaz de
compreender e atuar no contexto social, econômico e político em que vive, objetivando
consolidar sua visão de um profissional competente, com visão de futuro e responsabilidade
com a sociedade, e preparar o futuro profissional para o exercício de sua capacidade de
análise tecni9ca, de postura ética, de tomada de decisões, de visão sistêmica, de trabalho
em equipe e de atitudes proativas.

APROVEITE BEM O CURSO E TRANSFORME O CONHECIMENTO ADQUIRIDO NAS AULAS EM


OPORTUNIDADES DE TRABALHO!

Atenciosamente,

Ruy Maurício Loureiro Porto Carreiro Filho


Diretor Geral

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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3 TÉCNICO EM segurança do trabalho - MÓDULO 4

Este quarto módulo propõe enriquecer e aprimorar o conhecimento geral,


preparando o aluno para o mercado de trabalho. Neste módulo serão desenvolvidas as
competências e habilidades a seguir descritas.

3.1 Competências

a) Conhecer as técnicas existentes para executar as investigações, análises e


comunicação dos acidentes;
b) Reconhecer as formas de classificações de lesões, de tipos de acidentes, e os
relatórios empregados nas investigações de acidentes e incidentes;
c) Conhecer os detalhes de informações de ocorrências de acidentes e incidentes nos
ambientes laborais;
d) Conhecer os mapas e tabelas empregadas na gestão de segurança.
e) Conhecer e distinguir tematicamente a legislação específica do IRB;
f) Dominar os princípios básicos de cobertura de riscos;
g) Compreender e interpretar relatórios de auditorias e planos de ação voltados para as
ações corretivas necessárias;
h) Conhecer os diversos check list para inspeção e lista de verificações para auditoria.
i) Reconhecer as formas de implantação de sistemas de gestão de SST;
j) Conhecer o check list para inspeção e lista de verificações para auditoria em sistemas
de gestão;
k) Conhecer e aplicar os fundamentos de gestão organizacional;
l) Identificar relatórios de auditorias e planos de ação para as ações corretivas
necessárias;
m) Conhecer as ações corretivas provenientes de notificações oficiais.
n) Reconhecer as tecnologias de processos de exploração do petróleo;
o) Conhecer e distinguir tematicamente a legislação específica de SST;
p) Ter conhecimentos sobre os usos de máquinas, equipamentos e ferramentas
diversas;
q) Conhecer os riscos e estabelecer procedimentos de segurança nas operações com
máquinas e equipamentos da indústria do petróleo;
r) Ter conhecimento das ferramentas de gestão de riscos de atividades complexas em
situações ariscadas;
s) Reconhecer os diversos check list para inspeção e lista de verificações para auditoria.
t) Conhecer as diversas formas de levantamento técnico dos riscos operacionais e
ambientais;
u) Reconhecer os procedimentos de segurança nas operações com máquinas e
equipamentos;
v) Conhecer as diversas técnicas de avaliação dos riscos à saúde, segurança e ao meio
ambiente dos setores produtivos;
w) Entender os diversos check list para análise de riscos.
x) Conhecer os benefícios e as diversas formas da administração empresarial;
y) Reconhecer as diversas técnicas administrativas visando às tomadas de decisão;
z) Conhecer as formas de equacionamento do trabalho individual na estrutura
organizacional;

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


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aa) Conhecer os diversos documentos necessários à boa administração;


bb) Reconhecer os sistemas de informações utilizados nas organizações empresariais.
cc) Conhecer as formas e os modelos de empreendedorismo;
dd) Reconhecer os tipos de comercialização do setor de serviços voltados à segurança,
meio ambiente e saúde (SMS);
ee) Conhecer o perfil do empreendedor da área segurança, meio ambiente e saúde
(SMS);
ff) Reconhecer as formas de elaboração de plano de negócio.
3.2 Habilidades

a) Utilizar as técnicas que mais se aplicam ao evento do acidente ou incidente ocorrido;


b) Elaborar relatórios de acidentes fundamentados nas técnicas investigativas;
c) Elaborar quadros estatísticos de acidentes e incidentes como indicadores de performance;
d) Propor medidas de controle e follow-up para gerenciamento das melhorias adotadas.
e) Página branca
f) Identificar riscos e estabelecer procedimentos de segurança minimizando as taxas de
seguros;
g) Acompanhar perícias e fiscalizações de empresas de seguros da indústria;
h) Avaliar a qualidade dos setores produtivos quanto à segurança das instalações e o meio
ambiente;
i) Aplicar os diversos check list para inspeção e lista de verificações para auditoria;
j) Implantar, dimensionar e coordenar as ações da CIPA.
k) Assessorar a implantação de sistemas de gestão de SST, atuando diretamente na sua
execução;
l) Formar equipes de alta performance, buscando resultados que traduzam as metas
estabelecidas pela alta direção da empresa;
m) Desenvolver uma postura proativa e empreendedora no trabalho com as equipes laborais;
n) Saber como implantar, dimensionar e coordenar as ações em sistemas integrados;
o) Fazer uso de princípios de gestão integrada nas organizações;
p) Avaliar a qualidade dos serviços de segurança e saúde no trabalho.
q) Acompanhar perícias e fiscalizações nos ambientes laborais da indústria do petróleo;
r) Organizar levantamento técnico dos riscos ocupacionais;
s) Identificar riscos e estabelecer procedimentos de segurança nas operações com máquinas e
equipamentos específicos;
t) Realizar levantamento técnico dos riscos ambientais;
u) Utilizar as técnicas de segurança de transporte, movimentação, armazenamento e manuseio
de materiais;
v) Conhecer a legislação de segurança no que se refere a máquinas, trabalhos e equipamentos
de risco;
w) Aplicar princípios e técnicas de prevenção a acidentes e doenças do trabalho no âmbito das
indústrias petrolíferas e afins.
x) Realizar e organizar levantamento técnico dos riscos ocupacionais para a prevenção de
perdas;
y) Adequar as situações de segurança e saúde no trabalho à legislação vigente;
z) Desenvolver tipos de parecer técnico para controle dos riscos ambientais na indústria;
aa) Compreender e interpretar relatórios de auditorias e planos de ação voltados para as ações
corretivas necessários ao equilíbrio da SST;
bb) Aplicar os diversos check list para análise de riscos.
cc) Aplicar no âmbito de atuação as formas administrativas melhorando o desempenho;
dd) Analisar a distribuição do trabalho na estrutura organizacional equacionando as atividades;

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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ee) Aplicar técnicas administrativas minimizando os erros nas tomadas de decisões;


ff) Aplicar o recurso de manualização e formulários empresariais administrando de forma
eficiente os recursos humanos e materiais.
gg) Utilizar a pesquisa como ferramenta para atitude empreendedora;
hh) Aplicar o marketing da segurança, meio ambiente e saúde (SMS) oportunizando o
empreendimento;
a) Elaborar planos de ações voltados para o empreendimento pessoal e profissional.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE
DE ACIDENTES
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4 INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE ACIDENTES

A ocorrência de acidente de trabalho é a comprovação direta de falhas no seu


sistema de prevenção. Por isso, todo o programa destinado à prevenção de acidentes busca,
“a priori”, a não ocorrência do fato, ou seja, preconiza a ausência de acontecimentos e
infortúnios indesejáveis no exercício das atividades laborais, a partir de métodos que
permitam prever o fato e corrigi-lo antes que aconteçam.

Porém, quando o acidente acontece, é de vital importância recorrer ao estudo dos


fatos que o geraram para se detectar suas causas e consequências e corrigi-las, evitando,
assim, a recorrência do mesmo.

Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho


(SESMT), em conjunto com a CIPA ou com o empregador, terão por atribuição participar, da
análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos
problemas identificados. Todos os acidentes são de real importância, independentemente
de vir acompanhado de lesão física ou não.

4.1 Regras básicas

Alguns procedimentos devem ser realizados quando da investigação de acidentes


de trabalho, conforme descritos a seguir:

a) buscar as informações o mais breve possível, não deixar o assunto esfriar;


b) fazer o levantamento no próprio local e, se possível, procurar simular a
ocorrência;
c) cuidado para não criar situações constrangedoras ou perigosas;
d) não dar a ideia de procurar culpado;
e) escutar todos os envolvidos, vítima, colegas, líder do setor e até técnicos
especializados;
f) registrar e preservar todas as informações possíveis, por menos significativas que
possa parecer;
g) investigar todos os acidentes: a diferença entre um acidente banal e outro sério;
h) restringir-se aos fatos;
i) determinar providências imediatas para evitar a repetição do acidente;
j) divulgar os resultados (ações corretivas e preventivas), pois seu valor é
fundamentalmente educativo. A partir desses resultados, deve-se iniciar um
programa de prevenção de acidentes ou uma campanha de segurança; e,
k) uma investigação mal conduzida poderá distorcer a causa real de um acidente,
motivo pelo qual a mesma deverá ser feita com toda atenção e cuidado, além de
contar com o apoio das lideranças diretas do acidentado e de suas colegas de
trabalho.

4.2 Causas de Acidentes

São três os motivos que podem gerar ocorrência de acidentes:

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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a) ato inseguro/ações fora do padrão;


b) condição insegura/condições fora do padrão; e,
c) fator pessoal de insegurança.

4.2.1 Ato inseguro ou ações fora do padrão

É tudo aquilo que o trabalhador faz, voluntariamente ou não, e que pode provocar
um acidente, por exemplo:

a) o excesso de confiança dos que têm muita prática profissional e se julgam


imunes aos acidentes;
b) a imperícia, isto é, a falta de habilidade para o desempenho da atividade (pode
decorrer de aprendizado e/ou treinamento insuficiente);
c) as ideias preconcebidas como, por exemplo, a ideia de que o acidente
acontecerá por fatalidade, não sendo necessário cuidar de sua prevenção;
d) o exibicionismo; e
e) a vontade de revelar-se corajoso ou indiferente ao perigo só para impressionar
os companheiros.

Listam-se a seguir os fatos mais comuns de ato inadequado praticados no dia a dia
de trabalho:

a) a falta de uso de proteções individuais;


b) a inutilização de equipamentos de segurança;
c) o emprego incorreto de ferramentas ou o emprego de ferramentas com defeito;
d) o ajuste, a lubrificação e a limpeza de máquinas em movimento;
e) a permanência debaixo de carga suspensa; e
f) as correrias em escadarias e em outros locais perigosos.

4.2.2 Condição Insegura ou condições fora do padrão

Consideram-se condição insegura ou fora do padrão as situações existentes no


ambiente de trabalho que podem vir a causar acidentes, tais como:

a) prédio com áreas insuficientes, pisos fracos e irregulares;


b) iluminação deficiente ou mal distribuída;
c) ventilação deficiente ou excessiva;
d) instalações sanitárias impróprias e insuficientes;
e) excesso de ruído e trepidações;
f) falta de ordem e limpeza;
g) instalações elétricas impróprias ou com defeito.

4.2.3 Fator pessoal de insegurança

É o que se pode chamar de “problemas pessoais” do indivíduo e que, agindo sobre


o trabalhador, podem vir a provocar acidentes, como por exemplo:

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


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a) problemas de saúde não tratados;


b) conflitos familiares;
c) falta de interesse pela atividade que desempenha;
d) alcoolismo;
e) uso de substâncias tóxicas;
f) problemas diversos de ordem social e /ou psicológica.

4.3 Investigação de Acidentes

A investigação de acidentes não poderá ter aspecto punitivo, pois o objetivo maior
não é descobrir culpados, mas, sim, as causas que provocaram os acidentes, para que seja
evitada a sua repetição.

A cuidadosa investigação de acidente oferece elementos valiosos para a análise que


deve ser feita. Além disso, as consequências dos acidentes acarretam uma série de
providências administrativas, técnicas, médicas, psicológicas, educativas dentro da empresa,
repercutindo também na área da previdência social, que ampara os acidentados.

4.4 Definições

A NBR 14280/2001 refere-se ao Cadastro de acidente do trabalho - Procedimento e


classificação. Esta Norma fixa critérios para o registro, comunicação, estatística, investigação
e análise de acidentes do trabalho, suas causas e consequências, aplicando-se a quaisquer
atividades laborativas. Observam-se a seguir algumas definições acerca do acidente de
trabalho:

a) acidente: é um acontecimento não desejado que resulte em danos às pessoas, à


propriedade, ao processo e ao meio ambiente;
b) acidente de trabalho: ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não,
relacionada com o exercício do trabalho, de que resulte ou possa resultar lesão
pessoal:

Nota 1: o acidente inclui tanto ocorrências que podem ser identificadas em relação a um
momento determinado, quanto ocorrências ou exposições contínuas ou intermitentes,
que só podem ser identificadas em termos de período de tempo provável. A lesão
pessoal inclui tanto lesões traumáticas e doenças, quanto efeitos prejudiciais mentais,
neurológicos ou sistêmicos, resultantes de exposições ou circunstâncias verificadas na
vigência do exercício do trabalho;

Nota 2: o período destinado à refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de


outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este, o empregado é
considerado no exercício do trabalho.

c) acidente pessoal: é aquele que é sofrido pelo empregado no desempenho de


suas tarefas habituais, no ambiente de trabalho ou fora deste, quando estiver a
serviço de empregador;
d) acidente de trajeto: é um acontecimento não desejado, relacionado com o
empregado no percurso habitual da residência para o trabalho, ou vice versa:
SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV
20

Nota: entende-se como percurso o trajeto da residência ou do local de refeição para o


trabalho ou deste para aqueles, independentemente do meio de locomoção, sem
alteração ou interrupção por motivo pessoal, do percurso do empregado. Não havendo
limite de prazo estipulado para que o empregado atinja o local de residência, refeição
ou de trabalho, deve ser observado o tempo necessário compatível com a distância
percorrida e o meio de locomoção utilizado.

e) acidente com lesão com perda de tempo – (CPT): é um acontecimento não


desejado, que resulte em lesão pessoal que impede o acidentado de voltar ao
trabalho no dia imediato ao do acidente ou que resulta em perda da vida,
incapacidade permanente total, incapacidade permanente parcial ou
incapacidade temporária total;
f) acidente com lesão sem perda de tempo – (SPT): é um acontecimento não
desejado, que resulte em lesão pessoal que não impede o acidentado de voltar
ao trabalho no dia imediato ao do acidente;
g) acidente com danos materiais e ao meio ambiente: é um acontecimento não
desejado, que gerou perdas de estrutura, equipamento, veículos, materiais ou
dano ao meio ambiente;
h) incidente (quase acidente): é um acontecimento não desejado que em
circunstâncias ligeiramente diferentes, poderia resultar em lesões à pessoa,
danos à propriedade ou perda no processo ou ao meio ambiente;
i) informação do acontecimento: todos os acidentes/incidentes não importam o
quanto insignificante possam parecer, devem ser informados ao setor de
segurança do trabalho de sua empresa/Cipa para averiguações;
j) comunicação de acidente fatal: em caso de ocorrência de acidente fatal, é
obrigatória a adoção das seguintes medidas:
i) comunicar o acidente fatal, de imediato, à autoridade policial competente e ao órgão
regional do ministério do trabalho, que repassará imediatamente ao sindicato da
categoria profissional do local da obra;
ii) isolar o local diretamente relacionado ao acidente, mantendo suas características até
sua liberação pela autoridade policial competente e pelo órgão regional do ministério
do trabalho.

l) acidente impessoal: acidente cuja caracterização independe de existir


acidentado, não podendo ser considerado como causador direto da lesão
pessoal;

Nota: há sempre um acidente pessoal entre o acidente impessoal e a lesão.

m) acidente inicial: acidente impessoal desencadeador de um ou mais acidentes;


n) espécie de acidente impessoal (espécie): caracterização da ocorrência de
acidente impessoal de que resultou ou poderia ter resultado acidente pessoal;
o) acidente pessoal: acidente cuja caracterização depende de existir acidentado;
p) tipo de acidente pessoal (tipo): caracterização da forma pela qual a fonte da
lesão causou a lesão;

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


21

q) agente do acidente (agente): coisa, substância ou ambiente que, sendo inerente


à condição ambiente de insegurança, tenha provocado o acidente;
r) fonte da lesão: coisa, substância, energia ou movimento do corpo que
diretamente provocou a lesão;

s) causas do acidente:
i) fator pessoal de insegurança (fator pessoal): causa relativa ao comportamento
humano, que pode levar à ocorrência do acidente ou à prática do ato inseguro:

Nota 1: a pesquisa do fator pessoal de insegurança apresenta, em geral, alguma


dificuldade, o que não deve, no entanto, constituir motivo de desestímulo a essa
pesquisa, que pode ensejar a eliminação de muitos atos inseguros;

Nota 2: a principal finalidade da classificação é conduzir à distinção entre os casos de


falta de conhecimento ou experiência e os de desajustamentos, uma vez que cada um
merece correção diferente.

ii) ato inseguro: ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança, pode causar
ou favorecer a ocorrência de acidente;
iii) condição ambiente de insegurança (condição ambiente): condição do meio que causou
o acidente ou contribuiu para a sua ocorrência:

Nota 1: o adjetivo ambiente inclui, aqui, tudo o que se refere ao meio, desde a
atmosfera do local de trabalho até as instalações, equipamentos, substâncias utilizadas
e métodos de trabalho empregados;

Nota 2: na identificação das causas do acidente é importante evitar a aplicação de


raciocínio imediato, ou seja, ater-se simplesmente a causas que levaram diretamente à
ocorrência do acidente. Fatores complementares de identificação das causas de
acidentes devem também ser levados em consideração. Tais causas têm sua
importância no processo de análise, como por exemplo, a não utilização ou existência
do equipamento de proteção individual (EPI) ou sistema de proteção coletiva e o não
fornecimento de EPI, mas não são suficientes para impedir novas ocorrências
semelhantes. Portanto, é imprescindível a visualização do processo em cadeia
sequencial, ou seja, a identificação de fatores pessoais e causas que se apresentaram
como básicas à ocorrência das causas anteriormente citadas (imediatas). Para a clara
visualização destes fatores básicos, deve-se sempre perguntar “por que”, ou seja, por
que o empregado deixou de usar o EPI disponível? Liderança inadequada? Engenharia
inadequada? Estes são exemplos de fatores básicos que devem ser identificados. Da
mesma forma, e seguindo a ordem sequencial supramencionada, também é
indispensável a apuração das “causas gerenciais”, como a origem das demais. Estas
causas se apresentam no dia a dia, como procedimentos que caracterizam a “falta de
controle”, como por exemplo, a inexistência de padrões ou procedimentos (não
existem normas ou regras que digam como a tarefa deva ser executada), a existência
de padrões ou procedimentos inadequados (existem, mas são inadequados), e a
existência de padrões ou procedimentos adequados, porém não cumpridos.

t) consequências do acidente:
i) lesão pessoal: qualquer dano sofrido pelo organismo humano, como consequência de
acidente do trabalho;

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


22

ii) natureza da lesão: expressão que identifica a lesão, segundo suas características
principais;
iii) localização da lesão: indicação da sede da lesão;
iv) lesão imediata: lesão que se manifesta no momento do acidente;
v) lesão mediata (lesão tardia): lesão que não se manifesta imediatamente após a
circunstância acidental da qual resultou;
vi) doença do trabalho: doença decorrente do exercício continuado ou intermitente de
atividade laborativa capaz de provocar lesão por ação mediata:

Nota: deve admitir-se, no caso de ser a lesão uma doença do trabalho, a preexistência
da atividade laborativa, capaz de provocar lesão por ação mediata.

vii) doença profissional: doença do trabalho causada pelo exercício de atividade específica,
constante de relação oficial;
viii) morte: cessação da capacidade de trabalho pela perda da vida, independentemente do
tempo decorrido desde a lesão;
ix) lesão com afastamento (lesão incapacitante ou lesão com perda de tempo): lesão
pessoal que impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do acidente
ou de que resulte incapacidade permanente:

Nota: esta lesão pode provocar incapacidade permanente total, incapacidade


permanente parcial, incapacidade temporária total ou morte.

x) lesão sem afastamento (lesão não incapacitante ou lesão sem perda de tempo): lesão
pessoal que não impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do
acidente, desde que não haja incapacidade permanente.

Nota 1: esta lesão, não provocando a morte, incapacidade permanente total ou parcial
ou incapacidade temporária total, exige, no entanto, primeiros-socorros ou socorros
médicos de urgência;

Nota 2: devem ser evitadas as expressões "acidente com afastamento" e "acidente


sem afastamento", usadas impropriamente para significar, respectivamente, "lesão
com afastamento" e "lesão sem afastamento".

u) incapacidade permanente total: perda total da capacidade de trabalho, em


caráter permanente, sem morte.

Nota: causam essa incapacidade às lesões que, não provocando a morte,


impossibilitam o acidentado, permanentemente, de trabalhar ou da qual decorre a
perda total do uso ou a perda propriamente dita, entre outras, as de: a) ambos os
olhos; b) um olho e uma das mãos ou um olho e um pé; ou c) ambas as mãos ou
ambos os pés ou uma das mãos e um pé.

v) incapacidade permanente parcial: redução parcial da capacidade de trabalho,


em caráter permanente que, não provocando morte ou incapacidade
permanente total, é causa de perda de qualquer membro ou parte do corpo,
perda total do uso desse membro ou parte do corpo, ou qualquer redução
permanente de função orgânica:

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


23
Nota: permanecendo o acidentado afastado de sua atividade por mais de um ano, é
computado somente o tempo de 360 dias.

w) incapacidade temporária total: perda total da capacidade de trabalho de que


resulte um ou mais dias perdidos, excetuadas a morte, a incapacidade
permanente parcial e a incapacidade permanente total;
x) dias perdidos: dias corridos de afastamento do trabalho em virtude de lesão
pessoal, excetuados o dia do acidente e o dia da volta ao trabalho;
y) dias debitados: dias que se debitam, por incapacidade permanente ou morte,
para o cálculo do tempo computado.
z) tempo computado: tempo contado em "dias perdidos, pelos acidentados, com
incapacidade temporária total" mais os "dias debitados pelos acidentados
vítimas de morte ou incapacidade permanente, total ou parcial";
aa) prejuízo material: prejuízo decorrente de danos materiais, perda de tempo e
outros ônus resultantes de acidente do trabalho, inclusive danos ao meio
ambiente;
bb) horas-homem de exposição ao risco de acidente (horas-homem): somatório
das horas durante as quais os empregados ficam à disposição do empregador,
em determinado período;
cc) taxa de frequência de acidentes: número de acidentes por milhão de horas-
homem de exposição ao risco, em determinado período;
dd) taxa de frequência de acidentados com lesão com afastamento: número de
acidentados com lesão com afastamento por milhão de horas-homem de
exposição ao risco, em determinado período;
ee) taxa de frequência de acidentados com lesão sem afastamento: número de
acidentados com lesão sem afastamento por milhão de horas-homem de
exposição ao risco, em determinado período;
ff) taxa de gravidade: tempo computado por milhão de horas-homem de
exposição ao risco, em determinado período;
gg) empregado: qualquer pessoa com compromisso de prestação de serviço na
área de trabalho considerada, incluídos estagiários, dirigentes e autônomos;
hh) análise do acidente: estudo do acidente para a pesquisa de causas,
circunstâncias e consequências;
ii) estatísticas de acidentes, causas e consequências: números relativos à
ocorrência de acidentes, causas e consequências devidamente classificados;
jj) comunicação de acidente: informação que se dá aos órgãos interessados, em
formulário próprio, quando da ocorrência de acidente.

Nota: o anexo B contém os modelos que podem ser utilizados.

kk) comunicação de acidente para fins legais: qualquer comunicação de acidente


emitida para atender a exigências da legislação em vigor como, por exemplo, a
destinada a órgão de previdência;
ll) comunicação interna de acidente para fins de registro: comunicação que se faz
com a finalidade precípua de possibilitar o registro de acidente.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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mm) registro de acidente: registro metódico e pormenorizado, em formulário


próprio, de informações e de dados de um acidente, necessários ao estudo e à
análise de suas causas, circunstâncias e consequências;
nn) registro de acidentado: registro metódico e pormenorizado, em formulário
individual, de informações e de dados relativos a um acidentado, necessários
ao estudo e à análise das causas, circunstâncias e consequências do acidente;
oo) formulários para registro, estatísticas e análise de acidente: formulários
destinados ao registro individual ou coletivo de dados relativos a acidentes e
respectivos acidentados, preparados de modo a permitir a elaboração de
estatísticas e análise dos acidentes, com vistas à sua prevenção.

Nota: os modelos constantes no anexo B são exemplos de formulários para


estatísticas e análise de acidentes que, entre outros, podem ser adaptados e
utilizados, conforme a necessidade.

pp) cadastro de acidentes: conjunto de informações e de dados relativos aos


acidentes ocorridos;
qq) custo de acidentes: valor do prejuízo material decorrente de acidentes;
rr) custo segurado: total das despesas cobertas pelo seguro de acidente do
trabalho;
ss) custo não segurado: total das despesas não cobertas pelo seguro de acidente
do trabalho e, em geral, não facilmente computáveis, tais como as resultantes
da interrupção do trabalho, do afastamento do empregado de sua ocupação
habitual, de danos causados a equipamentos e materiais, da perturbação do
trabalho normal e de atividades assistenciais não seguradas;
tt) elementos essenciais: informações indispensáveis para as estatísticas e
análise de acidentes do trabalho.

É importante salientar que toda comunicação de acidentes com lesão deverá ser
feita por meio do cadastro de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), junto ao Seguro
Nacional do Seguro Social (INSS).

4.5 Técnicas de investigação e análise de acidentes

As técnicas de investigação e análise dos acidentes de trabalho seguem dois


modelos: a) o modelo tradicional de registro e analise e b) o modelo da multicasualidade.
Ambos serão descritos a seguir.

Para o modelo tradicional de registros e análise observam-se para este modelo as


seguintes considerações:

a) utiliza unicamente o conceito de Ato Inseguro e Condição Insegura como Causas


de Acidente;
b) poucas causas, geralmente uma única causa;
c) não usa nenhum método em particular de investigação;
d) dedica-se pouco tempo na investigação;
e) muitas vezes concluem que houve falta de sorte ou era o destino;

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


25

f) medidas de prevenção simples relativas ao antecedente imediato da lesão


(proteção individual, precauções necessárias, proteção de maquinário).

A teoria da causalidade múltipla defende que, para cada acidente, podem existir
numerosos fatores, causas e subcausas que contribuem para sua aparição, e que
determinadas combinações destes, provocam acidentes. De acordo com esta teoria, os
fatores propícios podem agrupar-se nas categorias comportamentais, onde são incluídos os
fatores relativos ao trabalhador, como uma atitude incorreta, a falta de conhecimentos ou
uma condição física e mental inadequada; e ambientais, onde se inclui a proteção
inapropriada de outros elementos de trabalho perigosos e lesões de equipes pelo uso e
aplicação de procedimentos inseguros.

4.5.1 Etapas

O processo de investigação e análise dos acidentes de trabalho compreende as


seguintes etapas:

a) preparação da análise:
i) nesta etapa utilizam-se: papel quadriculado, lanternas com pilhas, papel pautado,
prancheta, lápis e caneta, placas de sinalização, fita para isolar o local, régua e fita
métrica, binóculo, rádio de comunicação, máquina fotográfica, filmadora, gravador,
recipiente para guardar amostras coletadas e formulário para informações básicas.
b) acesso ao local:
i) nesta etapa devem-se: acionar o plano de emergência, atender aos feridos, isolar e
sinalizar o cenário do acidente, identificar os produtos perigosos envolvidos, impedir
acesso de pessoas estranhas, manter o local preservado até o final da investigação,
preservar na posição máquinas e ferramentas envolvidas, tirar fotos e fazer filmagem
de imediato, atender à imprensa em local reservado, eliminar e/ou controlar os
perigos ainda existentes, tomar o depoimento das testemunhas e colegas de trabalho,
e registrar o acidente em formulário próprio.
c) relatório inicial, onde são observados os prazos legais para emissão da CAT,
podendo sofrer alterações até o relatório final;
d) investigação e análise minuciosa (relatório final):
i) nesta fase registram-se os seguintes procedimentos: iniciar o mais rápido possível o
levantamento do cenário, recolher a maior quantidade possível de informações,
verificar se existe identificação de perigos e riscos para a atividade, buscar evidencias
objetivas nos documentos, requisitar laudo técnico laboratorial, analisar os fatos para
determinar as causas, montar a dinâmica do acidente, fazer recomendações das
medidas corretivas e/ou preventivas, e acompanhar a implementação e eficácia das
ações corretivas e ou preventivas.

Para se iniciar a análise e investigação dos acidentes de trabalhos, devem-se seguir


os procedimentos descritos abaixo.

4.5.2 Como Fazer

Para proceder a análise e investigação dos acidentes de trabalhos, devem-se seguir


os procedimentos descritos abaixo.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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a) organizar e treinar um comitê específico para investigação e análise dos


acidentes (admitir consultoria externa); e,
b) utilizar técnicas que possibilitem uma análise multicausal, tais como:
brainstorming, causa e efeito, árvore das causas e árvores das falhas.

Classificam-se as causas da seguinte forma:

a) máquina: é quando um componente do sistema (equipamento) não trabalha nos


padrões especificados, ausência de proteções de máquinas;
b) mão de obra: quando existe um método, mas não é seguido (por falta de
capacidade ou envolvimento), não há treinamento nem utilização de EPI;
c) método: a ausência/deficiência de padrões para o processo (instrução de
trabalho, APNR, procedimentos, etc.);
d) matéria-prima: é todo material agregado ao processo que se pode detectar
como não-conforme (EPIs não conformes, por exemplo);
e) meio ambiente: relacionado a condições ambientais, tais como agentes físicos,
químicos, biológicos, arranjo físico, iluminamento, pisos etc.; e,
f) medição: relacionada à frequência de atividades, calibração de instrumentos,
inspeções de segurança.

4.5.2.1 Brainstorming

Sobre a técnica de brainstorming acima descrita, seu objetivo é gerar o maior


número possível de ideias. Deve ser feito rapidamente, entre 5 a 15 minutos. A equipe deve
escolher um coordenador, que definirá uma redação que identifique claramente o problema
ou tema.

Os participantes devem ter pelo menos 2 minutos para que pensem sobre acidente,
porém devem se sentir livres para expressar ou não as suas impressões. Suas ideias devem
ser anotadas, de acordo com as próprias palavras de cada um, de modo que toda a equipe
possa examiná-las facilmente. As ideias não devem ser criticadas, mesmo que pareçam
absurdas. Selecionam-se as ideias definindo quais delas são mais relevantes. Para tanto,
deve-se discutir em grupo sobre aquelas de maior potencial, levando em consideração a
experiência e/ou informações adicionais. A sessão de brainstorming deve transcorrer o mais
tranquilamente possível.

4.5.2.2 Diagrama de causa e efeito

No que diz respeito ao diagrama de causa e efeito, também conhecido como


espinha de peixe ou de Ishikawa, é um diagrama que apresenta a relação entre um feito e os
fatores que o influenciaram, ou seja, a causa. Este diagrama foi criado por Karou Ishikawa,
um dos pioneiros nas atividades de controle de qualidade no Japão. Consiste de uma técnica
visual que interliga os resultados (efeitos) aos fatores (causas). A partir do brainstorming,
identificam-se, então, todas as possíveis causas.

O diagrama de causa e feito serve para identificar, explorar e ressaltar todas as


causas possíveis de um problema, condição específica, acidente, quase-acidente e

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


27

correlacionar com máquina, mão de obra, método, matéria-prima, meio ambiente e


medição. A Figura 1 a seguir ilustra o modelo de diagrama de causa e efeito/espinha de
peixe.

Figura 1 - Diagrama de causa e feito (espinha de peixe) para análise e investigação de acidentes de
trabalho

Fonte: Elaborada pelo autor (2014)

4.5.2.3 Árvore de causas “ADC”

Trata-se de método baseado na Teoria de Sistemas, que aborda o acidente de


trabalho como fenômeno complexo, pluricausal e revelador de disfunção na empresa,
considerada como um sistema sociotécnico aberto.

Sua aplicação exige reconstrução detalhada e com a maior precisão possível da


história do acidente, registrando-se apenas fatos, também denominados fatores de
acidente, sem emissão de juízos de valor e sem interpretações, para, retrospectivamente, a
partir da lesão sofrida pelo acidentado, identificar a rede de fatores que culminou no
Acidente de Trabalho (AT).

O método utiliza o conceito de variação, entendida como mudança ocorrida em


relação ao funcionamento habitual do sistema (indústria, oficina etc.), considerada
indispensável à ocorrência do acidente. Utiliza também o conceito de atividade, constituída
de quatro componentes: indivíduo (I), considerado em seus aspectos físicos e
psicofisiológicos; tarefa (T), entendida como a sequência de operações executadas pelo
indivíduo e passível de observação; material (M), representado por máquinas, instrumentos,
ferramentas, matérias-primas e insumos necessários ao desenvolvimento do trabalho; meio
de trabalho (MT), entendido em seus aspectos físicos e em suas relações sociais.

Identificados os fatores de acidente – variações e fatos habituais – do modo mais


exaustivo possível, a construção da árvore não é senão o estabelecimento das ligações

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


28

lógicas existentes entre esses, realizado retroativamente a partir da lesão. Esse processo
permite ampliar consideravelmente os conhecimentos a respeito dos fatores que
participaram da ocorrência do acidente, pois obriga a pesquisa ‘das causas’, interrompida
quando certos fatos, cronologicamente muito anteriores à lesão, foram esquecidos ou
quando o investigador avalia que já dispõe de quadro suficientemente coerente e completo
do acidente.

Neste tipo de técnica, elencam-se como grupo de trabalho: o acidentado, as


testemunhas, Copa, SESMT, supervisor, manutenção, o projeto, e o departamento de
psicologia. Compõe-se de cinco etapas, descritas a seguir.

a) coleta de Informações: quem? Onde? Quando? Por quê? Aqui se faz o resumo do
acidente;
b) relação dos fatos: somente o que de fato ocorreu, isto é, sem supor coisa alguma.
Nesta atividade os componentes são: o indivíduo (I) e seus aspectos físicos e
psicológicos, a tarefa (T), que são as ações executadas pelo indivíduo e o meio de
trabalho (MT), tanto físico como social;
c) construção da árvore de causas: monta-se um organograma indicando as correlações
dos fatos, a partir das seguintes perguntas: o que foi necessário acontecer para que o
fato ocorresse? Este fato é suficiente para explicar o ocorrido? E deste modo
verificam-se as inter-relações entre os fatos;
d) identificação das medidas preventivas: aqui, sugere-se que se deem asas à
imaginação. A atividade deve ser realizada após alguns dias, com todo o grupo;
e) escolhas das medidas preventivas, tais como: estabilidade, custo, deslocamento ou
surgimento de novo risco, generalização da medida, legislação e prazo de aplicação.

O processo de investigação e análise de acidentes de trabalho apresenta algumas


potencialidades, tais como: análise rica e aprofundada, se torna um excelente instrumento
de comunicação, bem como de divulgação do trabalho e de seus riscos, pode gerar
resolução para os problemas em grupo, oportunidade para treinamentos e pode contemplar
a participação de diferentes níveis hierárquicos. Por outro lado apresenta como limitações o
dispêndio de tempo e a necessidade de um domínio da linguagem.

 Exercícios Propostos:

1 Qual a diferença entre acidente típico e acidente de trajeto?

2 Como se podem classificar as causas de acidentes?

3 Dê dois exemplos de cada modalidade de causas de acidentes.

4 Dê dois exemplos de consequências de acidentes para:


a) família:

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


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b) empresa:

c) sociedade:

d) trabalhador

5 Cite três dos destinos aos quais a CAT deve ser enviada.

6 Qual o prazo legal em que a CAT deve ser emitida?

7 Cite três regras básicas na investigação de acidentes.

8 Cite três técnicas multicausais de técnicas de investigação de acidentes.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14280. Cadastro de acidente


do trabalho - procedimento e classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.

GOMES, A.G. Cartilha da prevenção contra incêndios. São Paulo: Ed. Interciência, 2001.

________. Sistemas de prevenção contra incêndios. São Paulo: Ed. Interciência, 1998.

PEREIRA, A.G. Segurança contra incêndio. São Paulo: Manuais Técnicos, 2000.

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TEORIA DO SEGURO,
PATRIMÔNIO E AUDITORIA
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5 TEORIA DO SEGURO, PATRIMÔNIO E AUDITORIA

O homem sempre esteve preocupado com a estabilidade de sua existência. Por


sofrer as consequências das variações climáticas e dos perigos da vida, desde a antiguidade
procurava se organizar em grupos para ter mais força e garantir o sustento e a segurança.
Com o tempo, a evolução das atividades comerciais mostrou a necessidade de proteção
também contra os prejuízos financeiros. E foi dessa forma, justamente buscando garantir as
finanças e diminuir a insegurança nas atividades cotidianas, que surgiu o seguro.

5.1 História do Seguro

O seguro nasceu da necessidade do homem em controlar o risco. Existem indícios


que já na Babilônia, 23 séculos antes de cristo, caravanas de cameleiros que cruzavam o
deserto mutualizavam entre si os prejuízos com morte de animais. Na China antiga e no
Império Romano também havia seguros rudimentares, através de associações que visavam
ressarcir membros que tivessem algum tipo de prejuízo.

Os comerciantes chineses que se aventuravam a transportar as suas mercadorias


instalando-as em débeis embarcações que desciam pelas correntezas dos grandes rios
continentais e que, para evitar a ruína de alguns deles, distribuíam-nas de modo a que cada
barco contivesse uma parte de cada comerciante, estavam aplicando o princípio básico do
seguro. Se uma embarcação naufragava, a perda correspondia a uma pequena parte dos
bens de cada um. O mesmo se pode dizer dos comerciantes árabes, que para cruzar os
desertos e lugares inóspitos distribuíam os seus bens entre várias caravanas e, dentro da
mesma caravana, entre diversos camelos LARRAMENDI (1997, p. 2).

Com o Renascimento e a expansão marítima da época Mercantilismo a cobertura


aos riscos ganhou nova importância. Tornaram-se comuns operações chamadas de Contrato
de Dinheiro e Risco Marítimo que consistia num empréstimo dado a um navegador, e que
previa uma cobrança maior no caso de sucesso da viagem e o perdão da dívida se a
embarcação e a carga fossem perdidas. Foi em virtude dos seguros marítimos que se
desenvolveu a gestão de risco na maior parte do mundo.

Essas formas pitorescas foram de extrema importância para garantir a segurança


das mercadorias que circulavam por vias terrestres e marítimas. Nessa época o seguro ainda
inspirava dúvidas com relação à integridade das “seguradoras” – que na verdade eram
pessoas que assumiam os riscos.

Mas, o seguro foi criando força e conquistando credibilidade, e foi em Gênova, por
volta de 1347, que o primeiro contrato de seguros foi escrito. Nele continha inúmeras
cláusulas que garantiam ou isentavam os seguradores de pagarem as indenizações. As
primeiras apólices são datadas de 11/07/1385 (Pisa/ Itália) e 10/07/1397 (Florença/ Itália).
As apólices tornavam-se comuns no final do século XIV.

No século XVII, o mercado securitário se expandiu e ganhou novos produtos de


cobertura terrestre, especialmente em decorrência do Grande Incêndio de Londres de 1666,
que destruiu cerca de 25% da cidade.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


36

Com a Revolução Industrial, o seguro acabou se tornando um item praticamente


obrigatório em todas as áreas da atividade humana, afinal, os avanços tecnológicos, as
atividades de alto risco e os novos meios de transportes podem causar prejuízos de
proporções incalculáveis.

Todo esse crescimento da indústria, do comércio e dos meios de transporte, fez


com que as empresas seguradoras também evoluíssem para acompanhar a demanda do
mercado. Hoje existem seguradoras que controlam vultosos valores, contribuindo com a
sociedade, na geração de empregos e com projetos de responsabilidade social.

5.2 Seguros no Brasil

O seguro no Brasil desenvolveu-se com a vinda da Família Real Portuguesa e a


abertura dos portos, em 1808, que intensificaram a navegação. A primeira empresa
seguradora do país, a Companhia de Seguros Boa-Fé, surgiu no mesmo ano, com objetivo
operar no seguro marítimo.

Neste período, a atividade seguradora era regulada pelas leis portuguesas. Somente
em 1850, com a promulgação do "Código Comercial Brasileiro" (Lei n° 556, de 25 de junho
de 1850) é que o seguro marítimo foi pela primeira vez estudado e regulado em todos os
seus aspectos.

O advento do "Código Comercial Brasileiro" foi de fundamental importância para o


desenvolvimento do seguro no Brasil, incentivando o aparecimento de inúmeras
seguradoras, que passaram a operar não só com o seguro marítimo, expressamente previsto
na legislação, mas, também, com o seguro terrestre. Até mesmo a exploração do seguro de
vida, proibido expressamente pelo Código Comercial, foi autorizada em 1855, sob o
fundamento de que o Código Comercial só proibia o seguro de vida quando feito juntamente
com o seguro marítimo. Com a expansão do setor, as empresas de seguros estrangeiras
começaram a se interessar pelo mercado brasileiro, surgindo, por volta de 1862, as primeiras
sucursais de seguradoras sediadas no exterior.

Estas sucursais transferiam para suas matrizes os recursos financeiros obtidos pelos
prêmios cobrados, provocando uma significativa evasão de divisas. Assim, visando proteger
os interesses econômicos do País, foi promulgada, em 5 de setembro de 1895, a Lei n° 294,
dispondo exclusivamente sobre as companhias estrangeiras de seguros de vida,
determinando que suas reservas técnicas fossem constituídas e tivessem seus recursos
aplicados no Brasil, para fazer frente aos riscos aqui assumidos.

Algumas empresas estrangeiras mostraram-se discordantes das disposições


contidas no referido diploma legal e fecharam suas sucursais.

O mercado segurador brasileiro já havia alcançado desenvolvimento satisfatório no


final do século XIX. Concorreram para isso, em primeiro lugar, o Código Comercial,
estabelecendo as regras necessárias sobre seguros marítimos, aplicadas também para os
seguros terrestres e, em segundo lugar, a instalação no Brasil de seguradoras estrangeiras,
com vasta experiência em seguros terrestres.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


37

Em 1939, foi criado pelo governo Vargas o Instituto de Resseguro do Brasil (Atual,
IRB Brasil Re), com a atribuição de exercer o monopólio, quebrado em 2007, do resseguro
no país. Em 1966 surgiu a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), para substituir
Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização como órgão oficial fiscalizador
das operações de seguro, estabelecendo-se assim o Sistema Nacional de Seguros Privados.
Em 2009, a Prefeitura de São Paulo promulgou a lei 15.200 de autoria do político Chico
Macena criando a obrigatoriedade da cobertura de seguro contra furto e roubo de bicicleta
nos estacionamentos comerciais da cidade.

5.3 Classificação dos Seguros

Os seguros são divididos em três categorias: Seguros de Pessoas (vida, acidentes


pessoais, saúde), de Bens (incêndio, vidros, cascos, transportes, automóvel, roubo, lucros
cessantes), e de Responsabilidade (crédito, fidelidade, responsabilidade civil).

No Brasil, a SUSEP - SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS - definiu em 2003


nove grupos nos quais dividiu e classificou os ramos de seguro.

5.3.1 Ramos dos Seguros

Alguns tipos de seguros mais comuns são:

 Seguro de automóvel: Este seguro cobre perdas e danos ocorridos aos


veículos terrestres automotores. Coberturas básicas: colisão, incêndio e
roubo que podem ser contratadas separadamente ou agrupadas. Este
seguro pode cobrir também prejuízos causados a terceiros
(Responsabilidade Civil Facultativa de Veículos – RCF V), Acidentes pessoais
de Passageiros, Assistência 24hs e reposição de veículo em caso de acidente.
Seu custo varia de acordo com as características do carro.

 Seguro de bicicleta: Este seguro cobre furtos e roubos de veículo a propulsão


humana de duas rodas

 Seguro obrigatório de automóveis (DPVAT): Este seguro é um seguro de


responsabilidade civil obrigatório, pago anualmente pelo proprietário de
automóvel juntamente com o IPVA. Este seguro visa indenizar vítimas de
veículos automotores de via terrestre, não importando quantas estiverem
envolvidas em um mesmo acidente. Independente da apuração dos
culpados.

 Seguro de vida: Este seguro garante ao beneficiário ou ao próprio segurado


um capital ou renda determinada no caso de morte, ou no caso do segurado
sobreviver em um prazo convencionado. Mediante coberturas adicionais,
pode cobrir invalidez permanente. Este seguro opera em duas modalidades:
seguro de vida individual e seguro de vida em grupo.

 Seguro saúde: Objetiva garantir o reembolso das despesas médico-

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


38

hospitalares, dentro dos limites estabelecidos na apólice, decorrentes de


acidentes ou doenças, efetuados pelo segurado titular e respectivo
dependentes. O segurado tem livre escolha dos serviços médicos.

 Seguro incêndio: Este seguro oferece cobertura para danos causados por
incêndio, queda de raios e explosão causada por gás. Legalmente obrigatório
para as pessoas jurídicas.

 Seguro de roubo: Este seguro tem por finalidade básica garantir indenização
por prejuízos consequentes de roubo e/ou furto qualificado.

 Seguro viagem: Este seguro tem por finalidade cobrir custos relacionados a
doenças ou acidentes durante viagens.

5.3.2 Contratação de Seguro

Para a contratação de um seguro é necessário que o negócio seja intermediado pelo


Corretor de Seguros, devidamente habilitado, Para isso pergunte sempre o número da
SUSEP de seu corretor de seguros. O Corretor de seguros é o responsável legal e lhe
representa diante a Seguradora, defendendo seus interesses.

Para contratação de seguros no Brasil é exigida a intermediação de um corretor de


seguros habilitado (espécie de advogado do segurado). A necessidade do intermediário
remete ao problema de conflitos de interesse entre a seguradora e o cliente (a seguradora é
uma instituição financeira que visa lucro, e, portanto pode não esclarecer pontos
importantes para o pagamento da indenização, por exemplo).

5.3.3 Seguros patrimoniais para empresas

Os seguros para cobrir danos patrimoniais para as empresas são conhecidos


também como multirriscos patrimoniais. Trata-se de seguros desenvolvidos especialmente
para atender empresas comerciais, industriais e de serviços. Dependendo do porte da
empresa, é possível elaborar apólices sob medida de acordo com suas necessidades,
definindo-se os valores e as coberturas desejadas bem como os custos finais do seguro.

A cobertura básica compreende, como em todos os ramos de seguros, as garantias


obrigatórias que a seguradora deve oferecer ao cliente. No caso do seguro empresarial
compreensivo, a base é o seguro incêndio tradicional, garantindo-se a indenização contra
incêndio de qualquer natureza, queda de raio ocorrida dentro da área do terreno ou edifício
onde estiverem localizados os bens segurados.

Para compor o produto com outras opções de garantias, são oferecidas coberturas
adicionais, acessórias e facultativas. As garantias adicionais são utilizadas para cobrir os
eventos de risco que não estão abrangidos pela cobertura básica ou que representam riscos
excluídos pelas condições gerais da apólice.

As mais comuns são as coberturas adicionais derivadas do seguro incêndio e dos

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


39

seguros patrimoniais e de responsabilidades, como, por exemplo, alagamento e inundação,


danos elétricos, proteção contra roubo de equipamentos e valores, lucros cessantes,
pagamento de aluguel, recomposição de documentos, fidelidade de funcionários,
responsabilidade civil entre outras.

5.3.4 Seguro de Responsabilidade Civil Geral

O Seguro de Responsabilidade Civil garante o reembolso de indenizações que o


segurado venha a ser obrigado a pagar em consequência de lesões corporais ou danos
materiais, por ele provocados involuntariamente (por omissão, negligência ou imprudência)
a terceiros ou a pessoas pelos quais possa responder civilmente.

As principais coberturas do seguro de Responsabilidade civil geral são:


Estabelecimentos Comerciais e/ou Industriais, Empregador, Contingentes de Veículos,
Produtos Território Nacional, Produtos no Exterior.

5.3.4.1 Estabelecimentos comerciais e/ou industriais

Cobertura à existência, uso e conservação do imóvel, operações comerciais e/ou


industriais, inclusive operação de carga e descarga em local de terceiro e existência e
conservação de painéis de propaganda, letreiros e anúncios. Eventos programados pelo
segurado sem cobrança de ingressos, limitados a seus empregados, familiares e convidados;
danos por mercadorias transportadas em local de terceiros ou via pública, excluído os danos
com o veículo transportador.

5.3.4.2 Empregador

Danos corporais sofridos por empregados, quando a serviço do segurado ou


durante o percurso de ida e volta do trabalho sempre que a viagem for realizada por veículo
contratado pelo segurado. Cobertura somente para morte e invalidez permanente do
Segurado.

5.3.4.3 Riscos contingentes de veículos

Acidentes relacionados com a circulação de veículos, quando comprovadamente a


serviço EVENTUAL do segurado. O uso do veículo não pode ser pertinente à função ou visar a
proteção do proprietário do veículo. O veículo não pode ser de propriedade do segurado ou
ter vínculo contratual.

5.3.4.4 RC produtos território nacional

Responsabilidade Civil Extracontratual que recaia sobre ele por danos causados a
terceiros em decorrência de acidentes provocados por defeitos dos produtos especificados
no contrato de seguro. Deve ocorrer a entrega definitiva ou provisória do produto.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


40

5.3.4.5 RC Produtos no exterior

Danos involuntários causados a terceiros, ocorridos nos países especificados na


apólice.

Indenizações impostas por tribunais dos países estrangeiros, observando as


condições e limites da apólice. Necessariamente deverá haver o reconhecimento da
sentença no território nacional.

5.4 Gestão de Seguros: planejando o presente para assegurar o futuro

Embora pareça estranha, a contratação de um seguro para proteger seu patrimônio


nem sempre é garantia completa de segurança. Antes de tudo é necessário implementar o
seguro de maneira correta, implementar a apólice de seguros de maneira efetiva e cobrir
todos os pontos chave. E não é uma tarefa simples, quanto maior e mais variado for o
patrimônio da empresa a ser assegurado, maior é a necessidade de uma consultoria
especializada em gestão de seguros. Quando uma consultoria de gestão de seguros é
realizada para uma empresa, em geral paralelamente a uma consultoria de gestão
patrimonial para avaliar o valor real do patrimônio, temos uma garantia muito maior, já que
são desenvolvidos planos especializados para a regulação de todo tipo de sinistro.
Eventualidades e acidentes de diversas espécies podem acontecer, o ideal é que todos (ou a
maioria dos casos) estejam especificados na sua apólice; sem a experiência de um bom
consultor em gestão de seguros, dificilmente este objetivo poderá ser atingido.

Cabe aos especialistas em gestão patrimonial e gestão de seguros, além de avaliar


corretamente o patrimônio da empresa (a comprovação correta do tamanho do patrimônio,
pode colaborar na negociação de um preço justo para a apólice de seguros), também avaliar
os contratos, verificar se estão de acordo com o interesse da empresa e também cuidar da
parte operacional, evitando dificuldades na hora de acionar a seguradora, caso aconteça
algum acidente e isto seja necessário.

5.4.1 Alguns cuidados na hora de contratar uma consultoria em gestão patrimonial

Como estamos falando de planejamento e garantias, abaixo algumas dicas práticas


para realizar uma consultoria mais efetiva e produzir uma apólice melhor:

 Antes de qualquer coisa, é necessário comprovar a experiência da empresa


de gestão patrimonial e seguros. Consulte o site e o histórico da empresa,
verifique o tamanho dos seus clientes, verifique seus casos de sucesso.
Nunca é prudente fechar negócios a toque de caixa, uma boa pesquisa
prévia, sempre evita dores de cabeça posteriores.

 Quanto à análise do patrimônio estiver concluída e os relatórios prontos,


verifique com cautela quais bens realmente necessitam ser incluídos na
apólice de seguros, consulte sempre a opinião do seu consultor em gestão
de seguros, mas consulte também o seu bom senso.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


41

 Quando o modelo da apólice de seguros lhe for apresentado, leia


atentamente o mesmo, nunca deixe qualquer tipo de dúvida, sempre que
aparecer alguma cláusula obscura ou ambígua, consulte o especialista em
gestão de seguros.

 Quando a consultoria estiver terminada, a apólice assinada e o seguro ativo,


consulte sempre o especialista em gestão patrimonial para manter
atualizado o valor do seu patrimônio da sua empresa, um valor atualizado na
apólice é a garantia de uma cobertura efetiva.

5.4.2 Algumas dicas para evitar acidentes e minimizar riscos

Estar protegido e assegurado sempre é bom, por outro lado, sofrer acidentes e
prejuízos não é vantajoso para nenhuma empresa, abaixo segue algumas dicas, desta vez,
relativas à prevenção de acidentes:

 Mantenha sempre em sua empresa, uma Comissão Interna de Prevenção de


Acidente.

 Proporcione a seus empregados, treinamento básico no que diz respeito a


segurança.

 Mantenha os equipamentos de segurança, tais como extintores e


mangueiras, sempre em ordem e operantes.

 Provenha todo e qualquer equipamento de segurança necessário (botas,


capacetes, máscaras, protetor auricular, etc.) aos funcionários e operários
da empresa, segurança não é custo, segurança é investimento.

Investimento em segurança em geral (seguros e prevenção) não deve ser encarado


como custo, segurança não é custo, segurança é investimento.

5.5 Instituto de Resseguros do Brasil

O Instituto de Resseguros do Brasil (razão social IRB-Brasil Re.) é uma empresa


mista, com controle estatal, que atua no mercado de resseguro.

Criado em 1939 por Getúlio Vargas, o IRB tinha o objetivo de concentrar nas
empresas nacionais o resseguro do país, através da própria empresa e de sua política de
retrocessão, em que a maior parte do risco era repartido entre as seguradoras nacionais.
Manteve seu monopólio até 2007, quando através de Lei Complementar o Congresso
Nacional reabriu o mercado ressegurador brasileiro, e o IRB passou a ser classificado como
ressegurador Local.

Segundo dados da consultoria Standard & Poor's, em 2005, o IRB era a 64ª
companhia resseguradora do mundo em volume de prêmios, com uma arrecadação líquida
de 525,9 milhões de dólares, e com uma retrocessão de 47,7%.

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5.5.1 A pressão pela privatização do IRB

Em 1997, o instituto foi transformado em sociedade anônima, passando a ser


chamado IRB-Brasil Resseguros S.A. Atendendo a um clamor público que buscava melhores
condições de seguros e menores custos, o governo do presidente Fernando Henrique
Cardoso tentou privatizar o IRB, porém uma ação direta de inconstitucionalidade impetrada
pelo Partido dos Trabalhadores (PT) (que curiosamente promoveu o fim do monopólio uma
década depois) fez com que os leilões fossem adiados.

O Congresso Nacional aprovou, em 21 de agosto, a Emenda 13 da Constituição


Federal, que extinguiu o monopólio do resseguro no Brasil. A medida consta do artigo 192
(regulamentação do sistema financeiro), no inciso II da Constituição, e elimina a expressão
"órgão oficial ressegurador". A emenda precisa ser regulamentada, por lei complementar,
para que o mercado de resseguro possa operar livremente.

A medida provisória 1.578, editada em 18 de junho de 1997, transforma o Instituto


de Resseguros do Brasil (IRB) em uma sociedade de ações, com uma diretoria executiva
organizada de forma colegiada. As ações de classe A do IRB, pertencentes ao Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), passam para as mãos do Tesouro Nacional.

Desde o dia 30 de junho de 1997, o Instituto de Resseguros do Brasil passa a


denominar-se IRB-Brasil Resseguros S.A. (IRB-Brasil Re). A decisão é tomada na 1ª
Assembleia Geral de Acionistas.

A nova denominação do IRB-Brasil Re é ratificada no art. 59 da Medida Provisória


1.549-36, de 6 de novembro de 1997, que trata da organização da Presidência da República
e dos Ministérios. A partir desta, outras sete medidas são baixadas, mantendo a redação do
artigo 59. Em 27 de maio de 1998, promulga-se a Lei 9.649, confirmando as MPs anteriores,
sendo publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 28 de maio.

O Congresso Nacional aprova, no dia 13 daquele ano, a conversão da MP 1.578 na


Lei 9.482, que dispõe sobre a administração do IRB-Brasil Re e a transferência das ações.

O Decreto 2.423, de 16 de dezembro de 1997, inclui a resseguradora no Programa


Nacional de Desestatização (PND).

Em 9 de fevereiro de 1998 é publicado o Aviso de Licitação para a escolha dos dois


consórcios responsáveis pela avaliação econômico-financeira do IRB-Brasil Re.

5.5.2 Cronograma de Privatização

 O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou o


cronograma de privatização do IRB-Brasil Re em janeiro de 1999 com previsão
para que o leilão fosse realizado em 14 de outubro do mesmo ano.

 O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) confirmou o


adiamento do leilão. A decisão deveu-se a não aprovação da regulamentação do

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


43

fim do monopólio do resseguro.

 O governo remeteu ao Congresso Nacional, em setembro, projeto de lei ordinária


que transferia para a Superintendência de Seguros Privados (Susep) as atribuições
do IRB-Brasil Re-órgão regulamentador de cosseguro, resseguro e retrocessão.

 A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei ordinária, transferindo o


controle do resseguro para a Susep. Em 14 de dezembro, o Senado Federal
também aprovou o projeto de lei. O presidente da República, Fernando Henrique
Cardoso, sancionou, em 20 de dezembro daquele ano, a Lei 9.932, transferindo a
fiscalização e a normatização do setor de resseguro do IRB-Brasil Re para a Susep.
A medida é publicada no DOU do dia seguinte. Essa lei, contudo, foi julgada
inconstitucional.
 O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), em 14 de janeiro de 2000,
define as regras básicas para o mercado aberto de resseguro. Mas os atos
normativos baixados após a lei 9.932 permanecem sem valor legal enquanto
mantiver-se a decisão do STF. O leilão de privatização do IRB-Brasil Re é marcado
para 25 de abril daquele ano.

 No dia 9 de março de 2000, o Conselho Nacional de Desestatização (CND) publica


um novo edital e o preço mínimo de venda do IRB-Brasil Re é de 550 milhões de
reais. Uma nova data é marcada: 25 de julho daquele ano.

 O Conselho Nacional de Desestatização (CND) decide, a 18 de abril de 2000, adiar


mais uma vez a venda do IRB-Brasil Re para reavaliação do preço da empresa -
alterado por duas vezes. A Resolução n° 11 é de 20 de abril, publicada no DOU do
dia 25 daquele mês.

 O Tribunal de Contas da União (TCU) solicita informações complementares sobre


as análises realizadas pelas consultorias contratadas.

 O Partido dos Trabalhadores (PT) ingressa com uma ação direta de


inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF). A ação é
requerida pelo fato de que a transferência das funções regulatórias do IRB-Brasil
Re para a Susep deve ser feita por meio de lei complementar e não por lei
ordinária, por ser uma exigência constitucional.

 O Supremo Tribunal Federal acata, a 20 de julho de 2000, a Ação Direta de


Inconstitucionalidade (2.223-7), adiando o leilão para venda do IRB-Brasil Re. No
mesmo dia, é publicada a resolução do Conselho Nacional de Desestatização
(CND), suspendendo a venda da empresa.

 O Supremo Tribunal Federal coloca a Adin na pauta do dia 14 de setembro mas,


por falta de quórum, a matéria não é apreciada. O STF julga as ações apenas
quando os 11 ministros estão presentes. A votação é transferida para os dias 20 e
21. No entanto, nem todos os ministros comparecem e, mais uma vez, não há
julgamento.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


44

 No dia 18 de outubro de 2001, quinze meses após o STF ter recebida a Adin, os
ministros começam a julgar a ação, mas a sessão é suspensa por uma questão de
ordem.

 Em 22 de novembro de 2001, os ministros retornam ao tema que, logo após o


pedido de vista da ministra Ellen Gracie, foi suspenso.

 A 12 de junho de 2002, a Adin entra em discussão, mas não é julgada por falta de
quórum. No dia seguinte, a ação retorna ao plenário, mas também não é votada.

 No dia 17 de junho, o STF realiza sessão extraordinária, mas, por falta de quórum,
a Adin fica sem julgamento.

 O STF retoma, no dia 10 de outubro, o julgamento da Adin 2.223 e fica


confirmada, por maioria dos votos, a liminar concedida em julho de 2000. Com a
decisão, o IRB-Brasil RE mantém sob sua responsabilidade as funções de regulação
e fiscalização do mercado ressegurador brasileiro, além da competência de
conceder autorizações para atuação no setor.

5.6 Abertura do Mercado de Seguros

No início de 2007 foi aprovada e sancionada a Lei Complementar 126, que abriu o
mercado ressegurador brasileiro. A medida ainda necessitou de regulamentação pelo órgão
regulador do setor, que passou a ser a Susep.

No novo cenário, o IRB passou a ser denominado um ressegurador local, e até o fim
de 2007 ainda se mantinha como única empresa a poder atuar no setor. Com o "Modelo de
Salvaguardas" o IRB ainda terá uma reserva de mercado para alguns ramos específicos,
como Vida e Previdência, e do mercado como um todo, especialmente por ainda ser a única
resseguradora local.

Mas, antes mesmo do novo padrão legal do mercado, o IRB iniciou um processo de
modernização institucional. A diretoria passou a adotar políticas de gestão mais
competitivas e transparentes, criou uma Ouvidoria, metas de produtividade, passou a dar
mais liberdades para as seguradoras no momento da contratação, além de voltar a realizar
concurso público para renovação do seu quadro de colaboradores.

5.7 Empresário x Cipa

Um tema muito delicado foi levantado pelos profissionais participantes: a falta de


compreensão dos empresários para com a necessidade de uma CIPA estruturada, forte,
incentivada e atuante.

Técnicos de Segurança do Trabalho revelam que muitos empresários não possuem


noção do que significa a CIPA ou possuem uma ideia superficial. Para eles (empresários) a
CIPA é algo ligado à área de Segurança no Trabalho que por sua vez significa gastos, perca de
tempo, conflitos e pedidos sem fundamentos. É imprescindível o apoio da empresa para que

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


45

a CIPA apresente resultados concretos. É necessário que o MTE invista na instrução de


empresários em nível nacional para que a falta de incentivo acabe e para que a CIPA possa
atuar.

Não se pode generalizar, pois é fato que muitas empresas já descobriram a


importância da CIPA, essencialmente grandes empresas, onde o SESMT já possui uma
estrutura abrangente e exigente, com políticas de SST instaladas e em funcionamento.

Perante a norma, a empresa é a responsável pela CIPA e deve garantir a ela todo
estrutura necessária para o cumprimento de seus objetivos. As relações entre o empresário
e a CIPA devem ser pautadas pela harmonia e por um conjunto de objetivos comuns que
tragam benefícios para todos. Melhores condições de trabalho para seus empregados e
economia em longo prazo para as empresas.

Cerca de 50% dos pesquisados que possuem CIPA nas empresas onde atuam
consideram a atuação boa, mas sempre enfatizando a necessidade e a sobre de espaço para
melhorias.

5.9 Profissionais de SST e a CIPA

Na prática os profissionais de SST desempenham um papel de mediadores dentro


das comissões, equalizam as discussões entre representantes do empregador e empregado,
dão um parecer técnico sobre cada assunto discutido e quase sempre absorvem as reações
contrarias da diretoria sobre temas polêmicos.

A presença do SESMT nas reuniões da CIPA não é obrigatória, mas na maioria das
vezes ele é integrado com uma função neutra, exercendo a função de secretário da CIPA, por
exemplo, na verdade sua presença é tão indispensável quanto a própria existência da CIPA.

A pesquisa mostrou que a participação na CIPA é a primeira experiência de 37%


prevencionistas na área de Segurança do Trabalho e que após serem membros de uma
comissão despertam-se para o interesse em cursar o curso para formação técnica e para
atuarem na área.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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REFERÊNCIAS

BARBOSA, Jair – Gestão de Segurança Patrimonial – 1ª Edição – Globus Editora, 2012

BARRETO, Davi Graeff, Fernando - Auditoria - Teoria e Exercícios Comentados - Série Teoria
e Questões - 3ª Ed. 2014

LARRAMENDI, I.H. de; PARDO, J.A. e CASTELO, J. Manual Básico de Seguros. Brasil:
FUNENSEG, Gráfica Vitória Ltda, 1997.189p.

PARIZATTO, Joao Roberto SLACK, Nigel - Seguro - Teoria e Prática - 2ª edição - Ed Edipa,
2010.

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SISTEMA DE GESTÃO EM SEGURANÇA
E SAÚDE NO TRABALHO
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6 SISTEMA DE GESTÃO EM SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

Organizações de todos os tipos estão cada vez mais preocupadas em atingir e


demonstrar um bom desempenho em Segurança e Saúde no Trabalho (SST), por meio do
controle de seus riscos de SST, coerente com sua política e seus objetivos de SST.

A evolução das questões relacionadas à saúde e segurança ocupacional data da


revolução industrial, onde a preocupação fundamental era a reparação de danos à saúde
física do trabalhador. As ações, atitudes ou medidas de prevenção começaram em 1926,
através dos estudos de H.W. Heinrich verificando os custos com as seguradoras para reparar
os danos decorrentes de acidentes e doenças do trabalho.

As organizações devem garantir que suas operações e atividades sejam realizadas


de maneira segura e saudável para os seus empregados, atendendo aos requisitos legais de
saúde e segurança, regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e Normas
Regulamentadoras que tratam de Segurança e Saúde ocupacional.

Acidentes, incidentes constituem, muitas vezes, em eventos que devem ser


controlados de maneira preventiva através do planejamento, organização e avaliação do
desempenho dos meios de controles implementados. Estes eventos estão, muitas vezes,
associados a inúmeras causas, e não apenas a uma causa específica. Análises simples e
rápidas podem levar à conclusão de que a causa imediata reside nos fatores humanos e/ou
em algum tipo de problema técnico, mas, grande parte de tais eventos é decorrente de
falhas na gestão responsável pela segurança e saúde ocupacional aplicada a estes fatores.

Muitas empresas vêm mudando seus princípios e valores, expressando


formalmente em seu código de ética e que devem nortear todas as suas relações, planos,
programas e decisões, buscando implementar uma gestão socialmente responsável. Nesse
caso, o exercício destes princípios e valores se dá em duas dimensões: a gestão da
responsabilidade social interna e a gestão da responsabilidade social externa. Assim, este
novo conceito faz com que empresas socialmente responsável tomem suas decisões, pró-
ativamente, com base na ética e na transparência de suas ações.

Os sistemas de gestão da Segurança e Saúde no Trabalho é um conjunto de


iniciativas da organização, formalizado através de políticas, programas, procedimentos e
processos de negócio da organização para auxiliá-la a estarem em conformidade com as
exigências legais e demais partes interessadas, conduzindo suas atividades com ética e
responsabilidade social.

Assim, o sistema de gestão atua no comprometimento e atendimento aos requisitos


legais e regulatórios, podendo trazer inúmeros benefícios tanto do ponto de vista financeiro
quanto do ponto de vista motivacional.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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6.1 Política PDCA

A política PDCA possui quatro etapas: planejar, executar, verificar e agir, conforme
ilustra a Figura 1 a seguir.

Figura 1 - Política de PDCA

Fonte: Disponível em: http://blog.intelligentia.com.br/o-metodo-de-gestao/ Acesso em


março de 2017

6.1.1 PLAN (Planejar)

Consiste em estabelecer os objetivos e os processos necessários para apresentar


resultados de acordo com os requisitos das partes interessadas, os requisitos legais, as
políticas internas da organização e a definição de objetivos e metas ambientais.
Necessitando para tanto:

 Fazer uma Avaliação Inicial: Para compreender a posição atual da empresa em


relação à SST, as exigências legais impostas a ela, os perigos e riscos relevantes,
suas práticas e posturas, além de identificar os seus pontos fortes e fracos;

 Obter uma visão clara do futuro próximo: Compreender os prováveis perigos e

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


53

riscos (em relação à SST) futuros e suas implicações na empresa, a fim de


identificar os riscos e as oportunidades de melhoria;

 Estabelecer uma Política de SST: Definir como a empresa irá reagir às questões se
SST atuais e futuras, se antecipado a elas.

6.1.2 DO (Executar)

É a fase de implementar os processos, ou seja, é a fase de execução das ações


definidas anteriormente, onde são feitas a educação e o treinamento para capacitar as
pessoas a realizarem as atividades, desenvolvendo capacidades e mecanismos necessários à
realização dos objetivos.

Todos os perigos significativos devem agora ser gerenciados. Para isso, existem as
opções: podem ser agendados como projetos de melhoria e submetidos a Objetivos, Metas
e Programas de Gestão, ou podem ser controlados por procedimentos de Controle
Operacional (em determinadas situações, podem e devem ser aplicados ambos os
mecanismos).

Adicionalmente, as questões identificadas como potenciais situações de emergência


necessitarão ser geridas por processos de prevenção de emergências e, possivelmente, por
planos e procedimentos de emergência.

6.1.3 CHECK (Verificar)

Consiste em monitorar e medir os processos e produtos em comparação com


padrões ou requisitos legais, políticas, objetivos e reportar os resultados; Também se realiza
a avaliação da eficácia da sua implantação e da maturidade do Sistema de Gestão da SST.

Estes resultados são analisados junto à direção da empresa, que promove uma
análise crítica e determina mudanças de rumo, quando necessário, e/ou melhorias e ajustes
ao sistema.

Inclui procedimentos de medição, monitoramento e calibração, para garantir que os


controles e os programas estão a funcionar, como se pretende. Inclui ainda a verificação do
cumprimento da legislação.

Outro processo da verificação é a Auditoria Interna do SST onde o sistema


desenvolvido é auditado em pormenor, para verificar se está implementando o que se
pretende e se tal continua adequado à "real idade de segurança e saúde no trabalho" da
organização.

6.1.4 ACT (agir)

Consiste na busca da melhoria contínua dos processos e serviços da organização no


que tange a sua relação com o meio ambiente e, consequentemente, o desempenho
ambiental da empresa; envolve a busca de soluções para eliminar o problema, a escolha da

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


54

solução mais efetiva e o desenvolvimento desta solução, com a devida normalização,


quando invade o ciclo P do PDCA;

Quaisquer deficiências ou imprevistos identificados devem ser corrigidos, o plano


de ação deve ser revisado e adaptado às novas circunstâncias, e os procedimentos são
melhorados ou reorientados, se necessário.

É acima de tudo uma revisão do processo, pois todo o sistema é revisto, para se
garantir que está funcionando, fornecendo os resultados pretendidos e que continua
atualizado e adequado à empresa.

6.2 Norma OHSAS

A Norma da Série de Avaliação da Segurança e Saúde no Trabalho (OHSAS)


especifica os requisitos para um sistema de gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SST),
para permitir a uma organização controlar os seus riscos de acidentes e doenças
ocupacionais e melhorar o seu desempenho da SST.

6.2.1 Campos de aplicação da norma OHSAS

Ela não estabelece critérios específicos de desempenho da Segurança e Saúde no


Trabalho, nem fornece especificações detalhadas para o desempenho de um sistema de
gestão.

A Norma OHSAS se aplica a qualquer organização que deseje:

a) Estabelecer um sistema de gestão da SST para eliminar ou minimizar riscos às


pessoas e a outras partes interessadas que possam estar expostas aos perigos de SST
associados a suas atividades;

b) Implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão da SST;

c) Assegurar-se da conformidade com sua política de SST definida;

d) Demonstrar conformidade com a Norma OHSAS da seguinte forma:


1- Fazendo uma autoavaliação e autodeclaração, ou;

2- Buscando a confirmação de sua conformidade por meio de partes que tenham


interesse na organização, tais como clientes, ou.

3- Buscando a confirmação de sua autodeclaração por meio de uma parte externa à


organização, ou;

4- Buscando a certificação/ registro de seu sistema de gestão da SST por meio de


uma organização externa.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


55

6.3 Requisitos do Sistema de Gestão da SST

A organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e melhorar


continuamente um sistema de gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) em
conformidade com os requisitos desta Norma OHSAS, e determinar como ela irá atender a
esses requisitos.

6.3.1 Política de SST

A Política de SST estabelece uma orientação geral coerente com as características


da organização, dos seus processos e produtos, assim como com a cultura e personalidade
da organização e os objetivos estabelecidos pela Direção.

Deve ser entendida como o conjunto das grandes linhas de orientação,


estabelecidas pela alta administração (ou gestão de topo ou simplesmente diretoria) da
empresa, para todos os processos do negócio com potencial impacto em saúde e segurança
do trabalho.

Deve ser coerente com os riscos, com a legislação, com o propósito de melhoria
contínua e deve poder ser facilmente compreendida e comunicada a toda a organização.

Neste sentido, devem ser orientações de caráter permanente, apesar de alteráveis


em função da legislação e regulamentação aplicável, do mercado, da concorrência, da
sociedade, dos clientes, ou das necessidades de outras partes interessadas (SGS, 2003 E
APCER, 2001).

As exigências materializadas na Política dividem-se em dois aspectos:

 O primeiro de natureza operacional;

 O segundo relacionado com a gestão da organização.

Nos aspectos operacionais incluem-se:

 Ser documentada e atualizada;

 Ser comunicada;

 Estar disponível às partes interessadas;

 Ser periodicamente revista.

Salienta-se que a política deve estar disponível às partes interessadas, devendo


estas ser objetivamente definidas.

Em termos da gestão da organização, pelo menos, três compromissos devem ser


claramente assumidos:

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


56

 Compromisso de revisão e melhoria contínua do sistema SST;

 Compromisso de cumprir a legislação de SST aplicável à organização,

 Adequação à natureza e à escala dos riscos da organização.

6.3.2 Prevenção

A organização deve identificar os perigos associados de todas as atividades (de


rotina e ocasionais), avaliá-los, classificá-los (avaliação de riscos) e planejar o modo como
serão controlados (determinação de controles).

Uma organização necessita aplicar o processo de identificação do perigo e da


avaliação de risco para determinar os controles que são necessários para reduzir os riscos de
lesão doenças.

A finalidade geral do processo da avaliação de risco é compreender quais os perigos


que puderam ser levantados no andamento das atividades da organização e assegurar-se de
que os riscos levantados sejam avaliados, priorizando e controlando num nível que seja
considerado risco aceitável.

Isto se consegue pelo:

 Desenvolvendo uma metodologia para a identificação do perigo e a avaliação de


risco;

 Identificando os perigos;

 Estimando os níveis de risco associados, fazendo a avaliação e explicando a


adequação de todos os controles existentes (pode ser necessário obter dados
adicionais e executar uma análise adicional a fim conseguir uma estimativa
razoável do risco);

 Determinando se estes riscos são aceitáveis, e

 Determinando os controles apropriados do risco, onde estes se encontram e são


necessários.

Os resultados das avaliações de risco permitem a organização comparar as opções


da redução do risco e dar prioridade aos recursos para a gestão eficaz do risco.

6.3.3 Identificação do Perigo

Não há uma metodologia para a identificação do perigo e a avaliação de risco que


aplicável para todas as organizações.

As metodologias da identificação do perigo e da avaliação de risco variam muito em

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


57

função do tipo de indústria, variando das simples avaliações às análises quantitativas


complexas com uma documentação extensiva.

Os perigos individuais podem requer que métodos diferentes estejam usados, por
exemplo, uma avaliação da exposição em longo prazo a produtos químicos pode necessitar
um método diferente do que aquela análise feita para a segurança do equipamento ou
avaliação uma estação de trabalho em um escritório.

Cada organização deve escolher as aproximações que lhe são apropriadas a seus
espaços, natureza e tamanho, e que vão de encontro com as suas necessidades nos termos
de detalhe, da complexidade, da época, do custo e da disponibilidade de dados de
confiáveis. Exames feitos em conjunto, as aproximações escolhidas devem resultar em uma
metodologia detalhada para a avaliação mais correta dos riscos da organização.

Para serem eficazes, os procedimentos da organização para a identificação do


perigo e a avaliação de risco devem fazer uma análise detalhada do seguinte:

 Perigos;

 Riscos;

 Controles;

 Gestão da mudança;

 Documentação;

 Revisão contínua das análises aplicadas.

Três perguntas possibilitam a identificação de perigos:

a) há uma fonte de dano?

b) quem (ou o que) poderia sofrer o dano?

c) como o dano poderia ocorrer?

Os perigos que, claramente, possuem um potencial desprezível para causar danos


não devem ser documentados nem receber maior consideração.

Para ajudar no processo de identificar os perigos, é útil categorizá-los em diferentes


maneiras, por exemplo, por tópico, como:

a) mecânico;

b) elétrico;

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


58

c) radiação;

d) substâncias;

e) incêndio e explosão.

Uma abordagem complementar é desenvolver uma lista de referência com


perguntas como: Durante as atividades de trabalho os seguintes perigos podem existir?

a) escorregões ou quedas no piso;

b) quedas de pessoas de alturas;

c) quedas de ferramentas, materiais, de alturas;

d) pé direito inadequado;

e) perigos associados com o manuseio ou levantamento manual de ferramentas,


materiais, etc.;

f) perigos da planta e de máquinas associadas com a montagem, comissiona mento,


operação, manutenção, modificação, reparo e desmontagem;

g) perigos de veículos, cobrindo tanto o transporte no local e os percursos em


estrada;

h) incêndio e explosão;

i) violência contra o pessoal;

j) substâncias que podem ser inaladas;

k) substâncias ou agentes que podem causar danos aos olhos;

l) substâncias que podem causar danos ao entrar em contato ou sendo absorvidas


pela pele;

m) substâncias que podem causar danos sendo ingeridas (i . e . , penetrando no


corpo através da boca);

n) energias prejudiciais (por exemplo, eletricidade, radiação, ruído, vibração);

o) disfunções dos membros superiores associadas com o trabalho e resultantes de


tarefas frequentemente repetidas;

p) ambiente térmico inadequado, como muito quente;

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


59

q) níveis de iluminação;

r) superfícies de piso escorregadias e não uniformes;

s) guardas inadequadas ou corrimãos inadequados em escadas;

t) atividades de empreiteiros.

A lista acima NÃO é exaustiva. As organizações devem desenvolver a sua própria


“lista de referência” de perigos, levando em conta as características das suas atividades de
trabalho e os locais onde o trabalho é executado.

6.3.4 Avaliação de riscos

O processo de avaliação de risco é constituído pelas seguintes fases: classificar as


atividades de trabalho, identificar os perigos, determinar o risco decidir se o risco é
aceitável, preparar o plano de ação para o controle de risco (se necessário) e revisar a
adequacidade do plano de ação, conforme ilustra a Figura 2 a seguir.

Figura 2 - Fases de avaliação do risco

Fonte: Elaborada pelo autor (2017)

Essas fases são de realçar os seguintes conceitos:

“Perigo” – fonte ou situação com potencial para o dano, em termos de lesões ou


ferimentos para o corpo humano ou danos para a saúde, para o patrimônio, para o
ambiente do local de trabalho,

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


60

“Risco” – combinação da probabilidade e da(s) consequência(s) da ocorrência de


um determinado acontecimento perigoso.
R= P x S

R – Risco

P – Probabilidade

S – Severidade (consequência, gravidade).

Definido desta forma, o Risco, varia na proporção direta da probabilidade e da


severidade.

Quanto maior a probabilidade e a severidade, maior é o risco, quanto menor for à


probabilidade e a severidade, menor o risco.

À medida que a probabilidade aumenta a severidade diminui, assim como, com o


aumento da severidade a probabilidade diminui.

Poder-se-á definir “Risco Aceitável” da seguinte forma: Risco que foi reduzido a um
nível que possa ser aceite pela organização, tomando em atenção as suas obrigações legais e
a sua própria política da SST.

A gestão dos riscos é um dos aspectos fundamentais de toda a função segurança. O


conhecimento dos riscos suporta a sua avaliação e o estabelecimento das medidas de
prevenção mais adequadas.

A distinção teórica dos conceitos de “risco potencial” e “risco efetivo” revela-se


igualmente importante para o estudo e análise de riscos.

O risco potencial está associado ao fato de a resistência do corpo, eventualmente


atingido, ser inferior a uma determinada energia (causadora do acidente).

O risco efetivo é a probabilidade do Homem, estar exposto a um risco potencial.

Tal como definido, “R = P x S” em que a severidade está relacionada com risco


potencial, e o risco efetivo é uma função da probabilidade e da severidade.

Em resumo poder-se-á concluir que é relevante:

 Identificar os perigos;

 Estimar o risco, a partir de cada perigo identificado, em termos de probabilidade e


severidade;

 Decidir se o risco é tolerável.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


61

Os critérios a seguir poderão ser utilizados pelas organizações, para executarem


uma avaliação de risco eficaz:

a) Caracterizar as atividades de trabalho, sugerindo-se que seja preparada uma lista


das atividades de trabalho contemplando os recintos, a fábrica, as pessoas e
procedimentos, e recolher informações a seu respeito;

b) Identificar os perigos, ou seja, devem ser identificados todos os perigos


significativos relacionados com cada atividade de trabalho, devendo ser
identificado quem pode ser prejudicado e como;

c) Determinar o risco, ou seja, fazer uma estimativa do risco associado com cada
perigo, assumindo que os controles planejados ou existentes estão a postos. Os
avaliadores devem também considerar a eficácia dos controles e as consequências
de suas falhas;
d) Decidir se o risco é tolerável, julgando se as precauções existentes ou planejadas
de SST (se houver) são suficientes para manter os perigos sob controle e se
atendem a requisitos legais;

e) Preparar um plano de ação de controle de risco (se necessário), ou seja, preparar


um plano para lidar com quaisquer assuntos identificados na avaliação que
requeiram em particular monitoramento;

f) Rever a adequabilidade do plano de ação, reavaliando os riscos com base nos


controles revistos e verificar se os riscos são toleráveis.

NOTA: A palavra “tolerável” significa, neste caso, que o risco foi reduzido ao nível
mais baixo que é razoavelmente praticável.

A Figura 3 (6) a seguir ilustra a visão geral do processo de avaliação do risco.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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Figura 3 (6)- Visão geral do processo de avaliação do risco

Fonte: Elaborada pelo autor (2017)

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


63

Referências

ARAÚJO, Giovanni Moraes. Elementos do Sistema de Gestão de SMSQRS. Teoria da


Vulnerabilidade, Vol. 1 e 2, 2ª ed. 2010;

BARBOSA, Rildo Pereira Barsano, Paulo Roberto. Segurança do Trabalho: Guia Prático e
Didático, 2012.

BRASIL. Segurança e Medicina do Trabalho. Normas Regulamentadoras, São Paulo, Ed.


Atlas, 2014.

RIBEIRO NETO, João B. Sistemas de Gestão Integrados. 3ª ed. SENAC, 2013.

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ANOTAÇÕES: ______________________________________________________________
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SEGURANÇA NA INDÚSTRIA DE
PETRÓLEO E GÁS
67

7 SEGURANÇA NA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS

Trabalhar numa plataforma petrolífera é bastante apetecível em termos


monetários, mas é também necessário conhecer os perigos da profissão para se ter
segurança no trabalho em plataformas de petróleo.

As condições oferecidas aos trabalhadores são excelentes. Dispõem de todas as


comodidades e luxos que se podem encontrar nos melhores hotéis. O período de férias e
também bastante prolongado, mas quando é para trabalhar o relógio não abranda.

As condições de trabalho são muito complicadas nas plataformas porque faz parte
do trabalho utilizar materiais inflamáveis. Partes desses materiais são queimados em
grandes chamas. Outro dos perigos vem do sulfito de hidrogénio um gás muito tóxico e que
está presente no petróleo que é retirado do poço. Para, além disto, os trabalhadores têm de
usar maquinaria pesada em condições muito difíceis, debaixo de tempestades e com a
influência do vento. Qualquer erro nestas condições pode levar a ferimentos graves ou
mesmo, o pior.

As empresas apostam numa formação constante e programas de treinamento para


situações de emergência. Estas formações não só protegem os empregados, mas também a
própria plataforma e o elevado investimento que é necessário.

A segurança do trabalho em plataformas de petróleo é fundamental e os que lá


trabalham sabem disso tendo sempre presente o que aprenderam nas formações.

7.1 Conceito de Petróleo

O petróleo é considerado uma fonte de energia não renovável de origem fóssil e é


matéria prima da indústria petrolífera e petroquímica. O petróleo bruto possui em sua
composição uma cadeia de hidrocarbonetos, cujas frações leves formam os gases e as
frações pesadas formam o óleo cru.

Na natureza quando encontrado, está nos poros das rochas chamadas de rochas
reservatórios, cuja permeabilidade irá permitir a sua produção. Permeabilidade e porosidade
são duas propriedades características de rochas sedimentares, motivo pelo qual as bacias
sedimentares são os principais locais de ocorrência. Porosidade é uma característica física,
definida como o percentual entre volume vazio e o volume total das rochas. Permeabilidade
é a característica física relacionada com a intercomunicação entre os espaços vazios, e
permite que ocorra a vazão de fluidos no meio poroso.

O Petróleo por possuir uma densidade média de 0,8, inferior a das rochas que
constituem o subsolo, tende a migrar para a superfície provocando os clássicos casos de
exsudações (os egípcios utilizaram esse óleo como fonte de energia, como remédio e
matéria prima para os processos de embalsamento). Se no caminho para a superfície
encontra uma estrutura impermeável (armadilha), que faça o seu confinamento e impeça a
sua migração, acaba formando um reservatório de petróleo. Vale salientar que esse
processo ocorre lentamente (alguns milhares de anos), e gota a gota.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


68

Essas armadilhas impermeáveis são estruturas de grande proporção, que podem ser
anticlinais, falhas geológicas, derrame de basalto ou domos de sais, identificados por
estudos sísmicos e geológicos, mas o mais importante é observar que devem existir
várias camadas de solo, outro motivo pelo qual o petróleo é mais facilmente encontrado
em bacias sedimentares. A origem do petróleo é bastante polêmica, existindo teorias
orgânicas e inorgânicas. As mais curiosas delas são a da formação principalmente pela
decomposição da matéria orgânica do plâncton marinho, sobretudo o remanescente das
plantas marinhas (fito plâncton transformado em sedimentos no momento da deposição), e
a da inversão da atmosfera da terra originalmente composta por gás carbônico (CO2), que
explicaria o volume de petróleo existente no subsolo da terra.

Existem reservatórios de petróleo em diversas profundidades e os mais rasos (- 10


m que podem ser explorados por mineração) são os mais pastosos e com predominância na
composição com hidrocarbonetos de cadeias carbônicas pesadas (graxas), e os mais leves
em grandes profundidades (na faixa de - 2.500 m a - 5.000 m).

O petróleo ocorre em muitas partes do mundo: extensos depósitos têm sido


encontrados no golfo Pérsico, nos Estados Unidos, no Canadá, na Rússia (nos Urais e na
Sibéria ocidental), na Líbia, no delta do rio Níger, na Venezuela, no golfo do México e no mar
do Norte.

7.1.1 Funcionamento do Petróleo

O petróleo é uma mistura de compostos, em especial o hidrocarboneto. Suas


principais características são: trata-se de um líquido oleoso, de coloração escura, é insolúvel
em água, possui menor densidade do que a água.

Figura 1 - Fracionamento do petróleo

Fonte: Google imagens

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


69

O petróleo e encontrado no subsolo da crosta terrestre (em terra firme ou no mar),


retirado por perfurações que atingem o poço petrolífero.

Para separar as principais frações do petróleo, utiliza-se o processo de destilação


fracionada. A Figura 1 ilustra anteriormente apresenta o fracionamento do petróleo.

 Cracking ou Craqueamento Catalítico do Petróleo:

A porcentagem de gasolina no petróleo varia de acordo com a sua procedência,


mas, em média é de 10%.

Para aumentar a quantidade de gasolina, faz-se uso de um processo chamado


cracking, que consiste em quebrar as moléculas maiores. Este procedimento é feito a partir
do aquecimento das frações mais pesadas que a gasolina na presença de catalisadores, para
obter hidrocarbonetos de cadeias menores.

7.2 História da Exploração de Petróleo e do Gás Natural

Conta a história que, desde o século XVI, as expansões marítimas e as atividades


econômicas europeias tinham como objetivo a busca do ouro. Os reis, os navegantes, bem
como soldados e mercadores de países como Portugal, Espanha, Holanda e Inglaterra
lançaram-se ao mar em busca deste mineral em toda a parte do mundo. Três séculos depois,
outro ouro passou a atiçar a cobiça humana: o ouro negro, que se afirmou como uma fonte
de energia essencial para o mundo, além de uma forte arma geoestratégica.

A primeira companhia petrolífera, a Pensilvânia Rock Oil, foi criada em 1849. Só em


1870 foi inventada a primeira combustão à gasolina e 15 anos depois surgiu a primeira
bomba de gasolina. Na década de 50 foi descoberto o método de destilação do petróleo em
gasolina e outros derivados, realizando-se a primeira perfuração de petróleo em níveis
comerciais.

A primeira exportação do petróleo se deu na década de 60, para a Europa, surgindo,


então, o primeiro petroleiro e o primeiro pipeline. Foi um período considerando de grande
desenvolvimento para o setor energético, posto que o petróleo criou condições para
inovações tecnológicas que marcaram o mundo dali por diante. Do início do século XX em
diante, o mercado do petróleo começou a crescer, dando origem às primeiras perfurações
no mar.

7.2.1 O Petróleo na Antiguidade

Apesar de a história relatar o surgimento do petróleo a partir do século XIX, há


registros que apontam para a sua utilização desde 4000 a.C. devido a exsudações e
afloramentos frequentes no Oriente Médio. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, da Pérsia e
da Judeia utilizavam o betume para pavimentação de estradas, calafetação de grandes
construções, aquecimento e iluminação de casas, bem como lubrificantes e até laxativo. Na
Ásia, os chineses já perfuravam poços, usando hastes de bambu, no mínimo em 347 A.C.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


70

No início da era cristã, conta-se que os árabes davam ao petróleo fins bélicos e de
iluminação. O petróleo de Baku, no Azerbaijão, por exemplo, já era produzido em escala
comercial, para os padrões da época, quando Marco Polo viajou pelo norte da Pérsia, em
1271.

7.2.2 Origem da Indústria Petrolífera

A indústria petrolífera teve sua origem no século XIX, como já mencionado. Nos
anos de 1850, o processo de refinação foi criado por James Young, que descobriu que o ouro
negro poderia ser extraído de carvão e xisto betuminoso. Durante este século o Azerbaijão
foi o maior produtor de petróleo, cuja produção correspondia a mais da metade da
produção mundial.

A Romênia foi o primeiro país a ter um poço comercial, perfurado em 1857,


enquanto que nas Américas, o primeiro poço foi perfurado no Canadá, um ano depois. Nos
Estados Unidos, os americanos comemoram o nascimento da indústria moderna a partir da
perfuração do seu primeiro poço, no estado da Pensilvânia, que se revelou posteriormente
um grande produtor de petróleo.

Ao longo dos anos, outros poços foram sendo perfurados, a exemplo da região
petrolífera do Golfo Pérsico, levando esta região a ser visada e explorada estrategicamente.
Em 1960, foi fundada a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), por
iniciativa dos 5 principais produtores de petróleo: Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e
Venezuela. A Opep foi criada com a intenção de reivindicar uma política de achatamento de
preços praticada cartel das grandes empresas petroleiras ocidentais – as chamadas "sete
irmãs" (Standard Oil, Royal Dutch Shell, Mobil, Gulf, BP e Standard Oil da Califórnia).

A Opep tinha como objetivo: aumentar a receita dos países-membros, a fim de


promover o desenvolvimento; assegurar um aumento gradativo do controle sobre a
produção de petróleo, ocupando o espaço das multinacionais; e unificar as políticas de
produção.

7.2.3 A Crise Petrolífera

A crise petrolífera pode ser dividida em fases, conforme se observa a seguir.

 Primeira fase (1956):

O presidente do Egito nacionalizou o Canal de Suez, anteriormente de propriedade


de uma empresa Anglo-Francesa. Em virtude da crise, o abastecimento foi interrompido, a
partir do bloqueio do Canal, levando ao aumento súbito do preço do petróleo.

 Segunda fase (1973):

Esta fase se deu em protesto pelo apoio prestado por parte dos EUA a Israel,
durante a Guerra do Yom Kippur, tendo os países árabes organizados na Opep aumentado o
preço do petróleo em mais de 300%.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


71

 Terceira fase (1979):

A terceira fase se deu durante a crise política no Irã, e com a consequente


deposição de Xá Reza Pahlevi, provocando a desorganização do setor de produção no Irã,
país cujos preços aumentaram em mais de 1000%. Na sequência da Revolução iraniana,
travou-se a Guerra Irã-Iraque, levando à morte de mais de um milhão de soldados de ambos
os países, tendo o preço disparado em face da súbita diminuição da produção destes dois
países, principais produtores mundiais.

 A quarta fase (1991):

Esta fase se deu quando o Iraque invadiu o país vizinho, Kuwait, um dos maiores
produtores de petróleo do mundo. Com a invasão das forças militares dos EUA e dos países
aliados, os iraquianos foram expulsos do Kuwait. Em represália, eles incendiaram alguns
poços de petróleo do emirado provocando uma crise econômica e ecológica.

 A quinta fase (2008):

Por fim, na quinta fase observou-se a subida dos preços em mais de 100% entre
janeiro e julho, em virtude de movimentos especulativos em nível global.

Este período marcou a diminuição do grupo das Sete Irmãs, para apenas quatro
(ExxonMobil, Chevron Texaco, Shell e BP). Um novo grupo de Sete Irmãs foi formado, que,
de acordo com o Financial Times, são:

1) Aramco, Arábia Saudita;


2) Gazprom, Rússia;
3) CNPC, China;
4) NIOC, Irã;
5) PDVSA, Venezuela;
6) Petrobras, Brasil;
7) Petronas, Malásia.

Estas novas Sete Irmãs controlam quase um terço da produção mundial de petróleo
e gás e mais de um terço das reservas totais de petróleo e gás. Contrastando com as velhas
Sete irmãs, que encolheram para quatro na consolidação da indústria ocorrida na década de
1990.

7.2.4 O Petróleo no Brasil

No Brasil, a primeira sondagem foi realizada entre 1892 e 1896, no município de


Bofete, no estado de São Paulo, tendo como resultado apenas água sulfurosa. Em 1932, foi
instalada a primeira refinaria de petróleo do País, a Refinaria Rio-grandense de Petróleo, em
Uruguaiana, que utilizava petróleo importado do Chile, entre outros países.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


72

Finalmente, no ano de 1939 foi descoberto óleo em Lobato (Salvador), no estado da


Bahia. Nesta época, o País dependia das empresas privadas multinacionais para todas as
etapas da exploração petrolífera, desde a extração, refino até a distribuição de combustíveis.
O maior produtor de petróleo em terra do Brasil é a cidade de Mossoró, segunda
maior do estado do Rio Grande do Norte.

Na época da Segunda Guerra Mundial, o Brasil era um grande importador de


petróleo e as reservas brasileiras eram pequenas, quase insignificantes. Mesmo assim,
diversos movimentos sociais e setores organizados da sociedade civil mobilizaram a
campanha "O petróleo é nosso!", resultando na criação da Petrobrás em 1953, no segundo
Governo de Getúlio Vargas. A Lei 2.004 de 3 de outubro de 1953 também garantia ao Estado
o monopólio da extração de petróleo do subsolo, que foi incorporado como artigo da
Constituição de 1967 (Carta Política de 1967), por meio da Emenda nº 1, de 1969. O
monopólio da União foi eliminado em 1995, com a EC 9/1995 que modificou o Art. 177 da
Constituição Federal.

No período da crise petrolífera de 1973, o Brasil importava 90% do petróleo que


consumia e o novo patamar de preços tornou mais interessante explorar petróleo nas áreas
de maior custo do País. Neste sentido, a Petrobrás passou a procurar petróleo em alto mar,
descobrindo, em 1974, indícios de petróleo na Bacia de Campos, confirmados com a
perfuração do primeiro poço em 1976. Desde então, a Bacia de Campos se tornou a principal
região petrolífera do país.

Em 2007, a Petrobrás anunciou a descoberta de petróleo na camada denominada


Pré-sal, que posteriormente verificou-se ser um grande campo petrolífero, estendendo-se ao
longo de 800 km na costa brasileira, do estado do Espírito Santo ao de Santa Catarina, abaixo
de espessa camada de sal (rocha salina) e englobando as bacias sedimentares do Espírito
Santo, de Campos e de Santos. O primeiro óleo do pré-sal foi extraído em 2008.

7.2.5 Exploração de Petróleo em Águas Profundas

A Petrobras se tornou referência internacional na exploração de petróleo em águas


profundas, desenvolvendo tecnologia própria, pioneira no mundo, sendo a líder mundial
deste setor. A Figura 2 ilustra o período, a localidade e a profundidade alcançada pela
Petrobrás na exploração de águas profundas.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


73

Figura 2 - A Petrobras e a exploração em águas profundas

Fonte: Disponível em: http://www.jovemsulnews.com.br/wp-


content/uploads/2014/09/Aguas_ProfundasPetrobras.jpg Acesso em março de 2017

Acompanhando a ilustração, observamos:

 174 m em 1977 no campo Enchova EN-1 RJS;


 189 m em 1979 no campo Bonito RJS-36;
 293 m em 1983 no campo Piraúna RJS-232;
 383 m em 1985 no campo Marimbá RJS-284;
 492 m em 1988 no campo Marimbá RJS-3760;
 781 m em 1992 no campo Marlim MRL-9;
 1027 m em 1994 no campo Marlim MRL-4;
 1709 m em 1997 no campo Marlim MLS-3;
 1853 m em 1999 no campo Roncador RJS-436;
 1877 m em 2000 no campo Roncador RO-8; e
 1886 m em 2003 no campo Roncador RO-21.

7.3 Geopolítica do Petróleo

Conforme observa Martins (2006, p. 22):

Calcula-se que exista 1 trilhão de barris (1 barril = 159 litros) de petróleo


nos subsolos do mundo. Até 1990 já haviam sido extraído 43,4% deles. A
produção mundial anual atinge a 24 bilhões de barris. Deste total consome-
se 23 bilhões e l bilhão vai para os depósitos (os EUA produzem 13%, a
Europa Ocidental 6%, o Golfo Pérsico 27%, os outros 19%). As reservas
existentes no mundo inteiro são calculadas em 137 bilhões de tons. (67%
delas encontram-se no Oriente Médio) Principais consumidores de

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


74

petróleo: os EUA consomem 33 barris/per capita/ano; a Europa 22, a Coreia


do Sul 16; o Brasil 4; e a Índia e a China mesmo de um barril/per capita/ano.

7.3.1 Os Maiores Produtores de Petróleo no Mundo

A Arábia Saudita sempre liderou entre os países que mais produzem petróleo,
permanecendo no top do ranking desde 1975. Ao final do primeiro semestre de 2015,
porém, dados apontam os Estados Unidos como o maior produto de petróleo no mundo,
ultrapassando, pela primeira vez, a Arábia Saudita e a Rússia. Este fato se deve ao
crescimento de,6 milhões de barris por dia de produção americana.

O ranking dos 10 maiores produtores de petróleo no mundo, publicado em junho


de 2015, corresponde a:

 EUA: produziu em 2014 11,64 milhões de barris por dia, um aumento de 15,9% em
relação ao ano anterior.
 Arábia Saudita: teve sua produção ultrapassada pelos Estados Unidos, por ter crescido
apenas 0,9%, a 11,5 milhões de barris por dia em 2014.
 Rússia: o país avançou apenas 0,6% no ano passado, chegando a 10,83 milhões de barris
por dia.
 Canadá: tendo crescido 7,9% na produção em 2014, ultrapassou a China no ranking,
extraindo 4,3 milhões de barris por dia.
 China: sua produção cresceu apenas 0,7% no ano passado, ficando em 4,24 milhões de
barris por dia.
 Emirados Árabes Unidos: o país viu a sua produção avançar 0,9% no ano passado, a 3,71
milhões de barris por dia.
 Irã: A produção de petróleo iraniana avançou 2% no ano passado, a 3,61 milhões de barris
por dia.
 Iraque: sua produção subiu 4,6% no ano passado, a 3,28 milhões de barris por dia.
 Kuwait: teve a sua produção recuada em 2014, segundo a BP. A queda de 0,5% fez com
que a produção ficasse em 3,12 milhões de barris por dia.
 México: a sua produção apresentou uma das quedas mais relevantes, segundo a BP: de
3,3% no ano passado. A produção foi de 2,78 milhões de barris por dia.

7.3.2 As Maiores Reservas de Petróleo no Mundo

É sabido que o Irã detém uma enorme quantidade de petróleo. Este dado, porém,
não faz com o que o país figure entre os três primeiros do mundo com as maiores reservas.
Os 10 países com as maiores reservas do mundo são listados a seguir (ÉPOCA NEGÓCIOS,
2015).

 Venezuela: 297,7 bilhões de barris (bbl)


 Arábia Saudita: 268,4 bilhões de barris (bbl);
 Canadá: 173,2 bilhões de barris (bbl);
 Irã: 157,3 bilhões de barris (bbl);
 Iraque: 140,3 bilhões de barris (bbl);
 Kuwait: 104 bilhões de barris (bbl);
 Emirados Árabes Unidos: 97,8 bilhões de barris (bbl);
 Rússia: 80 bilhões de barris (bbl);

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


75

 Líbia: 48,47 bilhões de barris (bbl); e,


 Nigéria: 37,14 bilhões de barris (bbl).

7.3.3 Gás Natural

De acordo com Francisco (2015), o gás natural se compõe de uma mistura de


hidrocarbonetos leves (metano, etano, propano, butano e outros gases em menores
proporções), submetidos à temperatura ambiente e pressão atmosférica, permanecendo no
estado gasoso. É uma fonte energética encontrada na natureza em duas formas distintas,
podendo ser obtido em jazidas e por meio da queima de biomassa (bagaço de cana-de-
açúcar).

O gás natural encontrado em jazidas normalmente está associado ao petróleo.


Entretanto, é uma fonte energética que agride menos o meio ambiente que o petróleo e o
carvão mineral.

O Brasil possui o gasoduto Bolívia – Brasil, que são tubulações de diâmetro elevado,
operando em alta pressão, transportando gás natural da Bolívia (produtor) para alguns
estados brasileiros (consumidores).

Uma vez tratado e processado, o gás natural pode ser utilizado nas indústrias (para
a geração de eletricidade), nas residências (aquecimento do ambiente e da água), nos
automóveis (substituindo a gasolina, o álcool e o diesel) e no comércio (para o aquecimento
ambiental). Atualmente a utilização do gás natural corresponde a 15,6% do consumo
energético mundial (FRANCISCO, 2015).

O Brasil se destaca na produção de gás natural, segundo a Agência Nacional do


Petróleo (ANP), sempre batendo recordes na produção de barris de óleo por dia.

7.3.4 Produção Nacional de Petróleo e Gás Natural

Segundo dados da ANP, referentes a dezembro de 2014: “A produção de petróleo e


gás natural no Brasil foi de aproximadamente 2.497 Mbbl/d (mil barris por dia) e 95,1
MMm³/d (milhões de m³ por dia), respectivamente, totalizando em torno de 3.096 Mboe/d
(mil barris de óleo equivalente por dia)” (2014, p. 5).

A Figura 3 a seguir ilustra a evolução da produção de petróleo do Brasil, no período


de 2013 a 2014, enquanto que a Figura 4 apresenta a evolução da produção de gás natural
no País, no mesmo período.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


76

Figura 3 - Produção de petróleo no Brasil (2013-2014)

Fonte: ANP/SDP/SIGEP (2014)

Figura 4 - Produção de gás natural no Brasil (2013-2014)

Fonte: ANP/SDP/SIGEP (2014)

7.4 Classificações, Produtos e Utilidade

O petróleo é um produto de grande importância mundial, principalmente em nossa


atualidade. É difícil determinar alguma coisa que não dependa direta ou indiretamente do
petróleo. Os solventes, óleos combustíveis, gasolina, óleo diesel, querosene, gasolina de
aviação, lubrificantes, asfalto, plástico entre outros são os principais produtos obtidos a
partir do petróleo.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


77

De acordo com a predominância dos hidrocarbonetos encontrados no óleo cru, o


petróleo é classificado em parafínicos, naftênicos, mistos e aromáticos.

 Parafínicos:

Quando existe predominância de hidrocarbonetos parafínicos. Este tipo de petróleo


produz subprodutos com as seguintes propriedades:

 Gasolina de baixo índice de octanagem.

 Querosene de alta qualidade.

 Óleo diesel com boas características de combustão.

 Óleos lubrificantes de alto índice de viscosidade, elevada estabilidade química e


alto ponto de fluidez.

 Resíduos de refinação com elevada percentagem de parafina.

 Possuem cadeias retilíneas.

 Naftênicos:

Quando existe predominância de hidrocarbonetos naftênicos. O petróleo do tipo


naftênico produz subprodutos com as seguintes propriedades principais:

 Gasolina de alto índice de octanagem.

 Óleos lubrificantes de baixo resíduo de carbono.

 Resíduos asfálticos na refinação.

 Possuem cadeias em forma de anel.

 Mistos:

Quando possuem misturas de hidrocarbonetos parafínicos e naftênicos, com


propriedades intermediárias, de acordo com maior ou menor percentagem de
hidrocarbonetos parafínicos e naftênicos.

 Aromáticos:

Quando existe predominância de hidrocarbonetos aromáticos. Este tipo de petróleo


é raro, produzindo solventes de excelente qualidade e gasolina de alto índice de octanagem.
Não se utiliza este tipo de petróleo para a fabricação de lubrificantes.

Após a seleção do tipo desejável de óleo cru, os mesmos são refinados através de

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


78

processos que permitem a obtenção de óleos básicos de alta qualidade, livres de impurezas
e componentes indesejáveis.

Chegando às refinarias, o petróleo cru é analisado para conhecerem-se suas


características e definirem-se os processos a que será submetido para obterem-se
determinados subprodutos.

Evidentemente, as refinarias, conhecendo suas limitações, já adquirem petróleos


dentro de determinadas especificações. A separação das frações é baseada no ponto de
ebulição dos hidrocarbonetos.

Os principais produtos provenientes da refinação são:

 Gás combustível

 GLP

 Gasolina

 Nafta

 Querosene

 Óleo diesel

 Óleos lubrificantes

 Óleos combustíveis

 Matéria-prima para fabricar asfalto e parafina.

O petróleo após ser purificado e processado, é usado como combustível primário


em máquinas de combustão interna, sendo de grande importância para o homem.

Em meados do século 19, a necessidade de combustível para iluminação


(principalmente querosene, mas em algumas áreas, gás natural) levou ao desenvolvimento
da indústria do petróleo.

Principalmente no século XIX, o crescimento do transporte motorizado fez com que


a demanda crescesse muito rapidamente.

Hoje em dia, o petróleo fornece uma grande parte da energia mundial utilizada no
transporte e é a principal fonte de energia para muitas outras finalidades. O petróleo
tornou-se fonte de milhares de produtos petroquímicos.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


79

7.5 Tipos de Plataformas

Uma plataforma petrolífera pode ser chamada de onshore, quando alocada em


terra firme, ou offshore, quando alocada no mar. Existem vários tipos de plataforma. Serão
apresentados adiante alguns tipos, conforme ilustra a Figura 5 .

Figura 5 - Tipos de plataforma de petróleo

Fonte: ISI Engenharia (2011)

 Tipo Jaqueta:

São formadas por uma estrutura principal tridimensional (jaqueta), cujas pernas
servem de guias para as estacas. Sobre essa estrutura é colocada uma superestrutura. São
fabricadas de aço (mais comuns) e/ou concreto. São fabricadas para a produção de petróleo,
até 400 metros. Podem operar sozinhas (mandando o óleo diretamente para a terra através
de tubulação) ou com navio acoplado à plataforma.

 Fixa de gravidade:

São plataformas que se apoiam no fundo do mar por gravidade, fabricadas de


concreto (mais comuns) e/ou aço. Tem como finalidade a produção de petróleo, até 400

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


80

metros. Podem operar sozinhas (mandando o óleo diretamente para a terra através de
tubulação) ou com navio acoplado à plataforma (idem “Jaqueta”).

 Autoelevatórias:

São unidades móveis que, quando em operação, abaixam as pernas e apoiam-se no


fundo do mar. Em águas profundas a estrutura com jaquetas é mais eficiente, pois este tipo
de perna é mais resistente à flambagem e mais “transparente” as ondas. São usadas para
prospecção e instalação de plataformas fixas sendo rebocadas até o local.

 Semissubmersível:

Consiste em uma plataforma superior, sempre acima da linha d’água, ligada por
colunas aos cascos. É usada na prospecção de petróleo em campos de águas profundas. São
rebocadas até o local ou autopropelidas, flutuando em seus cascos.

7.6 Resíduos e meio ambiente

O primeiro impacto da exploração do petróleo ocorre quando é feito o estudo


sísmico. Esse estudo permite a identificação de estruturas do subsolo, e seu princípio tem
como base a velocidade de propagação do som e suas reflexões nas diversas camadas do
subsolo. Em terra os dados sísmicos são coletados por meio de uma rede de microfones no
solo, que receberão o retorno das ondas sonoras provocadas por explosões efetuadas na
superfície. São abertas trilhas para a colocação dos microfones, instalados nos
acampamentos e provocadas explosões para a emissão das ondas sonoras. No caso do mar,
essas explosões são efetuadas em navios com canhões de ar comprimido, com o arraste de
microfones na superfície da água.

Junto com toda a produção de petróleo, existe uma produção de água, cuja
quantidade dependerá das características dos mecanismos naturais ou artificiais de
produção, e das características de composição das rochas reservatórios. Essa água produzida
da rocha reservatório, é identificada pela sua salinidade e composição destes sais,
normalmente sais de magnésio e estrôncio.

Para manter as condições de pressão na rocha reservatório (fundamentais para a


migração do petróleo para os poços, pode ser efetuada uma operação de injeção de água
nas camadas inferiores da rocha reservatório, e/ ou gás nas camadas superiores). Para
impedir a precipitação de sais nos poros das rochas no subsolo, muitas vezes são
utilizados produtos químicos que são injetados, o que implica na existência destes
produtos nas localidades de produção, e seus cuidados relativos à sua presença no meio
ambiente. Cuidados especiais devem ser tomados com o descarte destas águas
produzidas.

Durante a perfuração de poços de petróleo, usa-se um fluído de perfuração, cuja


composição química induz a comportamentos físicos/químicos desejados, para permitir um
equilíbrio entre as pressões das formações e a pressão dentro dos poços. Esse equilíbrio é
fundamental, impedindo que o fluído de perfuração invada a formação de petróleo

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


81

danificando a capacidade produtiva do poço, bem como impede que o reservatório de


petróleo possa produzir de forma descontrolada para dentro do poço, provocando o que é
chamado de kick de óleo ou gás. Para o controle destes fluídos de perfuração são usados
aditivos como a lama de perfuração, normalmente baritina e outras argilas. É de
fundamental importância que esses fluídos e produtos sejam devidamente armazenados e
manipulados, evitando com isso um impacto ecológico localizado.

Também para análise das formações atravessadas pelo poço perfurado, utilizam
ferramentas de perfilagem radioativas e todo o cuidado tanto com os fluídos utilizados para
amortecimento dos poços como com a manipulação, transporte e armazenagem dessas
ferramentas, devem ser tomados.

Das operações de tratamento do petróleo resultam resíduos oleosos que, mesmo


em pequenas quantidades, recebem cuidados. Inovações tecnológicas vêm permitindo a
reutilização de efluentes líquidos resultantes das operações de produção.

Os cuidados no refino são muito importantes. As refinarias têm desenvolvido


sistemas de tratamento para todos os efluentes.

Chaminés, filtros e outros dispositivos evitam a emissão de gases, vapores e poeiras


para a atmosfera; unidades de recuperação retiram o enxofre dos gases, cuja queima
produziria dióxido de enxofre, um dos principais poluentes dos centros urbanos.

Os despejos líquidos são tratados por meio de processos físico-químicos e


biológicos. Além de minimizar a geração de resíduos sólidos, as refinarias realizam coleta
seletiva, que permite a reciclagem para utilização própria ou a venda a terceiros.

O resíduo não reciclado é tratado em unidades de recuperação de óleo e de


biodegradação natural, onde microrganismos dos solos degradam os resíduos oleosos.
Outros resíduos sólidos são enclausurados em aterros industriais constantemente
controlados e monitorados.

As refinarias vêm sendo renovadas para processar petróleos brasileiros com baixo
teor de enxofre, que dão origem a combustíveis menos poluentes.

7.7 Segurança do Trabalho nas Plataformas de Petróleo

Infelizmente, muito já se ouviu falar acerca de plataformas de petróleo incendiadas


ou em acidentes com navio petroleiro. Estes são os riscos e perigos que envolvem a
produção de gás e petróleo. As empresas de exploração levam esta responsabilidade muito a
sério e trabalham de acordo com os mais altos padrões mundiais. Frequentemente, a
responsabilidade e empenho assumidos vão além dos requisitos legais e padrões aplicáveis.
Todos os padrões especificam claramente como assegurar a proteção dos trabalhadores, a
preservação do meio ambiente e a segurança das instalações, edifícios e equipamentos. A
maneira de utilização e o funcionamento do equipamento de proteção individual, incluindo
os equipamentos de proteção respiratória, além dos aparelhos de detecção de gases, estão
claramente definidos. A Figura 6 ilustra um dos mais famosos acidentes em plataformas de

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


82

petróleo.

Figura 6 - A Plataforma Deepwater Horizon em chamas

Fonte: Google imagens

Desde a fase de planejamento, os responsáveis pela segurança buscam observar


vários aspectos e regulamentos, incluindo planos de contingência, procedimentos de
emergências, brigada de incêndio, entre outros detalhes. É muito importante garantir a
segurança no local de trabalho, e, para tanto, são necessárias instruções apropriadas, cujo
objetivo é promover a segurança e realizar treinamentos que prepararem os trabalhadores
para situações de emergência, da melhor forma possível. Planos detalhados e bem
elaborados de resgate e proteção asseguram tempos de resposta rápidos, bem como
proteção e segurança para as pessoas e para o patrimônio em situações de emergência.

São necessários aparelhos detectores de gases muito precisos, de modo a garantir


uma permanente e confiável conformidade com todos os padrões do local onde trabalham
as equipes de exploração, de maneira a que não sejam excedidos os valores limites. A
tecnologia portátil ou estacionária para detecção de gases utiliza sensores altamente
sensíveis, permitindo a medição de várias substâncias perigosas mesmo em concentrações
mínimas, avisando à equipe de trabalho contra potenciais perigos.

Assim como no trânsito rodoviário, o consumo de álcool e drogas não é permitido


em plataformas ou em refinarias. Os dispositivos para medição e detecção de drogas são
muito confiáveis e permitem uma medição rápida, simples e higiênica no local.

Trabalhar em plataformas significa trabalhar em condições limitadas e confinadas; a


entrada em espaços apertados faz parte da rotina diária. Existe, portanto, uma grande
necessidade de ar respirável. Em casos de emergência, os dispositivos para ventilação de
emergência asseguram uma ventilação segura e uma rápida ajuda no local.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


83

A produção de óleo e gás está associada a uma longa cadeia de processos com
diferentes passos na produção dos produtos. Em refinarias e indústrias petroquímicas, o
óleo cru é transformado em benzina, gasóleo, betume e vários outros produtos. Estes
produtos intermediários e seus derivados são a base para muitos produtos na indústria
química. Adicionalmente, os produtos derivados de óleo e petróleo são muito importantes
para a indústria farmacêutica.

Independentemente da maneira de como são processados o óleo cru e o gás


natural - os padrões de segurança na produção e na transformação são necessários para
proteger os trabalhadores, a sociedade, o meio ambiente, as instalações e os equipamentos
de fabricação.

Ao descrever o trabalho dos petroleiros em refinarias e terminais marítimos


FERREIRA e IGUTI (1996) procuraram aprofundar e detalhar quatro de suas principais
características: um trabalho perigoso, complexo, contínuo e coletivo.

As autoras (Op. Cit.) iniciam a discussão em seu artigo pelo aspecto relacionado ao
perigo que envolve esta atividade, ao alto risco a que estão expostos os trabalhadores, pois:

Se há um consenso entre todos os que trabalham com o petróleo, seja


numa refinaria ou num terminal, é a noção de perigo. ‘Em uma refinaria de
petróleo, a gente costuma dizer que trabalha em cima de uma bomba. É
uma bomba pior do que muita gente pensa. ’ (fala de um petroleiro) Em
primeiro lugar, há o perigo de incêndios e explosões, que podem acontecer
a qualquer momento, inesperadamente [...] (FERREIRA e IGUTI, 1996, p.
82).

Não são raros os depoimentos de petroleiros que deixam transparecer


representações das refinarias e plataformas associadas a ‘bombas’ ou ‘barris de pólvora’,
que podem explodir a qualquer momento, a ‘vulcões’ que podem entrar em erupção
repentinamente etc. O perigo é, inclusive, reconhecido legalmente pela NR-16, que
regulamenta as atividades e operações perigosas, em seu anexo II. Esta prevê o pagamento
de adicional de periculosidade (no valor de 30% do salário-base correspondente) aos
trabalhadores que se dedicam a “atividades ou operações perigosas com inflamáveis”, muito
embora se deva ressaltar que o pagamento de adicionais deste tipo seja objeto de inúmeras
críticas. Apenas julgamos oportuno sublinhar a existência de algum tipo de reconhecimento
formal em relação ao perigo embutido nesta atividade.

Há também os riscos de grandes vazamentos de produtos com alta toxicidade que


podem ocasionar acidentes graves e fatais, como é o caso do ácido sulfídrico. E se estes são
raros, os pequenos vazamentos, ao contrário, são muito frequentes. É amplo o leque de
produtos tóxicos, cuja inalação pode gerar danos variados à saúde. São eles: benzeno,
tolueno, xileno, ácido sulfídrico, amônia, GLP, monóxido de carbono etc. Ou seja, os
vazamentos corroboram a constatação de que o trabalho com o petróleo é não só muito
perigoso como bastante insalubre. Combinam-se alta periculosidade e insalubridade, pois
além do risco de incêndios, explosões e vazamentos, existe uma série de outros, como
ruídos elevados, excesso de calor, regime de trabalho em turnos, riscos de acidentes

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


84

diversos e as repercussões destes fatores a nível mental (FERREIRA e IGUTI, 1996).

O risco técnico é algo intrínseco da atividade petrolífera, muito característico da


indústria do petróleo visto que:

a) é atacada a epiderme da terra, interferindo com a geomorfologia e a mecânica


do subsolo, inclusive do subsolo marinho;
b) porque se trabalha com hidrocarbonetos que evaporam, se incendeiam,
explodem, com compostos químicos que contêm ou se transformam em
substâncias tóxicas para os homens, sua água, seus alimentos;
c) porque são operadas máquinas e sistemas que podem desencadear acidentes
poderosos, que podem matar e ferir várias pessoas ao mesmo tempo; e,
d) porque são cada vez mais coletivos, visto que os efeitos deletérios da atividade
petrolífera tendem a se ampliar, atingindo, por vezes, além dos trabalhadores
mais diretamente envolvidos no processo, os funcionários administrativos, e até
mesmo a população habitante das regiões circunvizinhas.

No caso das plataformas offshore, como ilustra a Figura 7 a seguir, certamente a


noção de perigo também é consensual, com o agravante de que nesta situação se está
confinado/isolado.

Figura 7 - Plataforma offshore

Fonte: Google imagens

Em se tratando do trabalho offshore, às quatro características apontadas acima


acrescentamos a quinta, bastante singular: o regime de confinamento/isolamento.
Confinamento, porque durante quatorze dias seguidos, ao término do turno diário de doze

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


85

horas, os trabalhadores não retornam as suas residências, mas permanecem na própria


plataforma. Seu local de trabalho passa a ser também seu local de moradia, no qual ficam
expostos ao risco vinte e quatro horas por dia, ao longo de todo o período em que
permanecem embarcados. E isolamento, porque as plataformas se encontram situadas em
alto mar, dificultando não só a remoção das pessoas, em casos de acidentes, distúrbios ou
anomalias que demandem um atendimento em terra, como também o abandono do local,
na hipótese mais remota de ocorrência de acidentes ampliados, como o de Enchova em
1984, ilustrado pela Figura 8 .

Figura 8 - Acidente na plataforma de Enchova, na Bacia de Campos

Fonte: Jornal Pelicano (2014) Disponível e:


http://www.jornalpelicano.com.br/2014/01/maiores-acidentes-com-plataformas-de-
petroleo/ Acesso em março de 2017

Este acidente vitimou 37 trabalhadores e feriu 23 nesta plataforma da Bacia de


Campus (PCE-1), quando uma das “baleeiras” utilizadas durante a operação de abandono
despencou no mar. De acordo com o Jornal Pelicano (2014), a perfuração de um poço de
petróleo provocou uma explosão seguida de um grande incêndio, quando um dos cabos de
aço da baleeira na qual alguns trabalhadores tentavam escapar ficou preso, o outro se
rompeu e a embarcação despencou de 30 metros de altura. A falta de manutenção
adequada e condenação de alguns equipamentos da plataforma podem ter sido as principais
causas do desastre.

Portanto, os fatores associados ao confinamento/isolamento característicos do


trabalho offshore terminam funcionando como agravantes do risco que é inerente à
atividade daqueles que trabalham com o petróleo.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


86

Há um estudo “sobre um critério de aceitabilidade de riscos para plataformas


marítimas de petróleo” que propõe como risco máximo aceitável para as unidades
(plataformas) em uso, o valor de (1/10000)/ano (óbito de 1 trabalhador a cada 10000
expostos por ano), e de (1/100000)/ano para as novas unidades.

Tomando por base estes valores, chegou-se a uma estimativa de risco de


(6,3/10000)/ano, isto é, uma taxa 6,3 vezes maior que aquela aceitável para plataformas em
uso. Isto se excluindo os acidentes fatais ligados às atividades de mergulho e de transporte,
que, se incluídos, elevariam esta taxa para (1,88/1000)/ano, ou seja, 18,8 vezes maior que a
aceitabilidade técnica proposta. No entanto, estes valores devem ser relativizados em
função das próprias limitações de tal conhecimento.

7.7.1 A Redução de Efetivos e a Terceirização de Serviços

Muitos são os fatores que comprometem a segurança nas plataformas. Em


particular, dois merecem destaque: a redução de efetivos e a terceirização de serviços,
especialmente aqueles ligados às tarefas de manutenção.

Alvarez et al. (2007) relataram que a redução de efetivos na indústria petroquímica


leva em conta uma representação equivocada do trabalho real dos operadores, partindo da
justificativa de que a estabilidade e o bom funcionamento são os aspectos predominantes
no curso do processo. Entretanto, as análises ergonômicas demonstram que tais processos
são marcados por um alto grau de variabilidade e de incerteza, especialmente no que diz
respeito às unidades antigas, nas quais a degradação é, com frequência, um traço
característico. Os autores observaram que o subdimensionamento do número de
operadores das equipes em seus respectivos turnos vem trazendo consequências
desastrosas para a segurança. No que diz respeito à atividade offshore, Alvarez et al (2007)
observaram, ainda, que o número e operadores embarcados sofreu redução considerável.
Entre os anos de 1989 e 1992, por exemplo, houve redução de 30% do efetivo nas maiores
plataformas fixas.

Quanto à terceirização dos serviços, os autores (Op. Cit.) relataram que, apesar de
este processo estar se disseminando cada vez mais, especialmente na Bacia de Campos, não
se trata de um fenômeno novo na indústria do petróleo. Ao contrário disto, desde as
primeiras décadas do século XX se criou em torno das companhias de petróleo uma extensa
rede de produtos e serviços oferecidos por terceiros, firmas especializadas que se
constituíram para difundir as inovações de seus fundadores. Na verdade, o que se verifica,
de uns anos para cá, é um recrudescimento destas terceirizações, inclusive em atividades-
fim da Petrobrás.

Os números divulgados pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e


Medicina do Trabalho (SESMT) da empresa Odebrecht Perfurações Ltda., no ano de 1996,
registram que de um total de 68 plataformistas e auxiliares, 33 foram vítimas de acidentes,
sendo 23 com afastamento. Por sinal, este contrato caracterizava-se como uma autêntica
subcontratação “em cascata”, pois a empresa que realmente operava as plataformas era
outra (ALVAREZ, et al., 2007).

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


87

Apesar de os investimentos em segurança terem aumentado nos últimos anos, o


quadro atual parece ainda estar muito aquém do desejável. As razões são variadas e
algumas delas já foram explicitadas. Outras, por serem bastante complexas, serão apenas
recomendadas à pesquisa do leitor.

7.8 Gestão do Risco em Plataforma de Petróleo

Nesta seção, discorreremos acerca da gestão do risco em plataformas de petróleo,


desde a análise dos riscos envolvidos até a sua gestão.

7.8.1 Análise do Risco

De acordo com Oliveira e Qualharini (2009), com a implantação de um Sistema de


Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho, de forma que uma estrutura adequada de
responsabilidades e ações seja bem definida e haja boa análise das informações, a empresa
poderá alcançar o máximo em Segurança e Saúde do Trabalho (SST), otimizando seus
recursos financeiros, humanos, tecnológicos e materiais disponíveis na empresa.

A ausência de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho prejudica


no gerenciamento dos riscos, podendo levar a altos índices de acidentes e doenças do
trabalho, prejudicando a força de trabalho, que não está coberta com um sistema de
prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Os efeitos danosos à saúde dos
trabalhadores podem ser percebidos em curto ou em longo prazo, trazendo a diminuição da
capacidade laborativa parcial ou total de maneira temporária ou até mesmo permanente. De
todo forma, a empresa tem um impacto decrescente na produção, um ambiente de trabalho
negativo com trabalhadores desmotivados e um comprometimento na qualidade de seus
produtos, ameaçando a imagem da companhia (OLIVEIRA; QUALHARINI, 2009).

 Norma britânica BS-8800:

Esta norma dispõe sobre o Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho.


Foi publicada em maio de 1996, estruturada e de responsabilidade do órgão britânico de
Normas Técnicas, denominado British Standards, cuja base é a forma de implantação de um
sistema de gerenciamento relativo à Segurança do Trabalho.

A Norma BS-8800 tem como anexos a Relação com a ISO 9001 (1994, Sistemas de
Gestão da Qualidade), a Organização, o Planejamento e Implementação, a Avaliação de
Riscos, a Mensuração do Desempenho e Auditoria que mostram, conforme dito
anteriormente, “como fazer”. Ela leva em conta a avaliação de riscos, envolvendo três
passos básicos:

a) Identificar os perigos;
b) Estimar o risco de cada perigo; e,
c) Decidir se o risco é tolerável.

A intenção da avaliação de riscos é fazer com que estes sejam controlados, antes
que ocorra o dano, sendo um fundamento-chave para a gestão proativa da SST. Uma

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


88

avaliação de riscos baseada em uma abordagem participativa dá a oportunidade para a


administração e para os trabalhadores estarem de acordo que: os procedimentos de SST de
uma organização são baseados em percepções compartilhadas de perigos e riscos, são
necessários e viáveis e terão sucesso na prevenção de acidentes.

 Código ISM:

O código International Safety Management Code (ISM) – Código de Gestão da


Segurança foi criado pela Organização Internacional Marítima (IMO), em 1993, após uma
sequencia de acontecimentos, contendo orientações sobre a gestão para a segurança da
exploração dos navios e a prevenção da poluição.

Este código se tornou obrigatório a partir de 1998, de acordo com as disposições do


Capítulo IX, da Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar 1974
(SOLAS), tendo sido sucessivamente atualizado por várias emendas, como afirmam Sardinha;
Machado; Krus (2013).

7.8.2 Gestão de Riscos

De acordo com Oliveira; Qualharini (2009), a gestão dos riscos pode se dar
considerando a observância dos tópicos descritos a seguir.

a) As avaliações de riscos constituem um processo de suporte e as recomendações


aqui geradas são fruto da percepção da equipe envolvida, a partir da aplicação
de técnicas estruturadas para identificação de perigos, possuindo caráter
estritamente técnico. A implementação dessas recomendações deve ter sua
viabilidade avaliada gerencialmente, a partir da aplicação da filosofia "ALARP"
(As Low As Reasonable Practicable - Tão baixo quanto razoavelmente praticável).
Quando aprovadas, tais recomendações se tornam objetivos relacionados à
Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS), cujo controle e provisão dos recursos
necessários a sua implementação cabem ao gestor do projeto ou processo.

b) As recomendações geradas a partir dos estudos de riscos podem,


eventualmente, inserir mudanças nas instalações e a sua implementação,
portanto, deve ser gerenciada durante a fase de implantação do projeto e
durante a fase de operação.

c) Os perigos relacionados à segurança das instalações, associados às falhas


operacionais, devem ter seus riscos avaliados mediante Análise Preliminar de
Riscos.

d) Os perigos relacionados à execução das tarefas são identificados mediante


Análise Preliminar de Risco das tarefas, quando da emissão da Permissão para
Trabalho (PT). Nestes casos, os riscos são considerados, em princípio, como não
toleráveis, exigindo a adoção de medidas de controle. Caso estas medidas não
possam ser implementadas, as tarefas não serão realizadas.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


89

e) A criação de um Manual de Segurança estabelece os requisitos mínimos e as


condutas a serem seguidas nas várias atividades de trabalho desenvolvidas a
bordo das plataformas, com o intuito de minimizar os riscos identificados e
prevenir a ocorrência de acidentes e incidentes.

No caso de uma plataforma de petróleo a ser construída, deve-se focar na


documentação de engenharia do projeto, que deve ser dividido em Projeto Básico e Projeto
de Detalhamento, nos quais, em cada, fase são definidos os Estudos de Riscos aplicáveis.

Os estudos de riscos levam em conta a analise preliminar de riscos (APR). Trata-se


de uma técnica indutiva, estruturada para identificar perigos decorrentes de falhas de
instalações ou erros humanos, bem como suas causas e consequências, além de avaliar
qualitativamente seus riscos, impactando na segurança pessoal, meio ambiente, instalação e
imagem da empresa. A APR leva em conta:

a) Estudo de Perigo e Operabilidade – HAZOP: trata-se de uma técnica estruturada


para identificar perigos de processo e potenciais problemas de operação
utilizando palavras-guias associadas a parâmetros de processo, para avaliar
qualitativamente desvios de processo, suas causas e consequências.
b) Estudo de Dispersão de Gases: esta análise deve ser desenvolvida com o objetivo
de avaliar o comportamento dos vazamentos de gás e definir o número e a
localização otimizada de detectores de gás hidrocarboneto em áreas abertas.

7.9 Máquinas e Equipamentos Utilizados na Indústria de Petróleo e Gás

É sabido que, para que o petróleo chegue à superfície, é necessário perfurar um


poço que atinja o reservatório e o faça elevar até a superfície. A tecnologia que envolve a
perfuração de poços deu um salto nas últimas décadas, permitindo o alcance de
profundidades antes não imaginadas, acima de 6.000m de profundidade. A perfuração de
poços pode ser em terra (onshore) quanto no mar (offshore), como já mencionado em
seções anteriores.

É necessário um conjunto de várias operações e atividades para atravessar as


formações geológicas que compõem a porção superficial da crosta terrestre. Em Cardoso
(2005) e Thomas (2004), podemos apreender que as atividades de perfuração de poços de
petróleo fazem uso de sondas de perfuração de vários tipos, podendo ser terrestres ou
marítimas, de acordo com o local de operação.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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Figura 9 - Torre de perfuração

Fonte: Cardoso (2005); Thomas (2004)

Segundo os autores (Op. Cit.), uma característica que chama a atenção nas sondas
de perfuração é a presença de uma torre (torre de perfuração ou derrick), como ilustra a
Figura 9 acima, cuja função é permitir que o manuseio dos tubos de perfuração seja
realizado em seções de três tubos, o que confere maior agilidade na operação.

7.9.1 Equipamentos de Sonda de Perfuração

Cardoso (2005) afirma que todos os equipamentos de uma sonda são agrupados
nos chamados “sistemas” de uma sonda, a seguir descritos.

 Sistema de sustentação de cargas:

Este sistema é composto por um mastro ou torre, da subestrutura e da base ou


fundação. A carga corresponde ao peso da coluna de perfuração ou revestimento que está
no poço. Sua função é a de sustentar e distribuir o peso igualmente até a fundação ou base
da estrutura.

 Sistema de geração e transmissão de energia:

A energia necessária para o acionamento dos equipamentos de uma sonda é


fornecida por motores a diesel, de modo geral. Em sondas marítimas, utilizam-se turbinas a
gás, de modo a gerar energia para toda a plataforma. Este é um meio mais econômico.
Quando disponível, a rede pública de energia pode ser vantajosa em virtude do tempo
elevado de permanência da sonda.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


91

 Sistema de movimentação de cargas:

O sistema de movimentação de carga permite movimentar as colunas de


perfuração, de revestimento e outros equipamentos. Compõe-se de guincho, bloco de
coroamento, catarina, cabo de perfuração, gancho e elevador.

 Sistema de rotação:

O sistema de rotação convencional é constituído de equipamentos que promovem


ou permitem a livre rotação da coluna de perfuração. São eles: mesa rotativa, o kelly, e
cabeça de circulação ou swivel.

 Sistema de circulação:

É composto por equipamentos que permitem a circulação e o tratamento do fluído


de perfuração. O fluído é bombeado através da coluna de perfuração até a broca. Quando
retorna à superfície, traz consigo os cascalhos cortados pela broca.

 Sistema de segurança do poço:

É constituído por equipamentos de segurança de cabeça de poço e equipamentos


complementares que possibilitam o fechamento e controle do poço. O mais importante é o
blowout preventer, que é o conjunto de válvulas que permite fechar o poço.

 Sistema de monitoração:

São os equipamentos necessários ao controle da perfuração como manômetros,


células de carga e equipamentos de registro.

 Colunas de perfuração:

Durante a perfuração, é necessária a concentração de grande quantidade de


energia na broca, de modo a cortar as diversas formações rochosas. Essa energia, em forma
de rotação e peso aplicados sobre a broca, é transferida às rochas para promover sua
ruptura e desagregação em pequenas lascas. As colunas de perfuração são compostas por
tubos pesados, comandos e tubos de perfuração.

 Brocas:

As brocas são equipamentos que tem a função de promover a ruptura e


desagregação das rochas ou formações. Podem ser: sem partes móveis, que diminui a
possibilidade de falha dessas brocas, ou com partes móveis, que podem ter de um a quatro
cones, sendo as mais utilizadas as brocas tricônicas, em virtude de sua eficiência e menor
custo inicial. Possuem estrutura cortante e rolamentos.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


92

 Fluídos de perfuração:

São misturas complexas de sólidos, líquidos, produtos químicos e, por vezes, gases.
Podem assumir aspectos de suspensão, dispersão coloidal ou emulsão, dependendo do
estado físico dos componentes. Tem a função de limpar o fundo do poço dos cascalhos
gerados e transportá-los à superfície, exercer pressão hidrostática sobre as formações,
resfriar e lubrificar a coluna de perfuração e a broca. Devem apresentar as seguintes
características:

a) ser estável quimicamente;


b) estabilizar as paredes do poço, mecânica e quimicamente;
c) facilitar a separação dos cascalhos na superfície;
d) manter os sólidos em suspensão quando estiver em repouso;
e) ser inerte a danos em relação as rochas produtoras;
f) aceitar qualquer tratamento físico ou químico;
g) ser bambeável;
h) apresentar baixo grau de corrosão e de abrasão em relação a coluna de
perfuração e demais equipamentos do sistema de circulação.
i) facilitar as interpretações geológicas do material retirado do poço;
j) apresentar custo compatível com a perfuração.

7.10 Prevenção de Acidentes com Máquinas e Equipamentos Utilizados na Indústria de


Petróleo e Gás – o Uso de EPIs

Por ser considerada uma pequena cidade no meio do mar, uma plataforma de
petróleo acolhe profissionais de diversas áreas, divididos em três áreas de trabalho
completamente distintas umas das outras.

a) Área de perfuração: área de atuação de engenheiros geólogos, perfuradores e


seus ajudantes, mergulhadores, engenheiros submarinos;
b) Área de exploração: área de atuação dos biólogos químicos, operadores de
máquinas, mecânicos, soldadores, eletricistas, pintores, motoristas;
c) Manutenção e serviços: área de atuação de cozinheiros e ajudantes de cozinha,
empregados de mesa, de quartos e limpeza, enfermeiros, médicos,
administrativos, informáticos, engenheiros de comunicações.

As condições de trabalho em uma plataforma de petróleo exigem cuidados


extremos, visto se tratar de um ambiente no qual se queimam diversos materiais em
grandes chamas, além dos perigos advindos do sulfito de hidrogênio, que é um gás muito
tóxico, presente no petróleo que é retirado do furo. Observa-se, ainda, que os trabalhadores
lidam com maquinário pesado, em condições difíceis, muitas vezes em meio a tempestades
e influência do vento. Qualquer deslize pode levar a sérios riscos de saúde e vida. Neste
sentido, é imprescindível o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), cuja
finalidade é neutralizar a ação de certos acidentes que poderiam causar lesões ao
trabalhador e protegê-lo contra possíveis danos à saúde, causados pelas condições de
trabalho.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


93

7.10.1 EPIs Utilizados na Indústria de Petróleo e Gás

Existem vários equipamentos de proteção individual, específicos para cada


atividade profissional e a parte do corpo que deve proteger. O Quadro 1 ilustra os vários
tipos de EPI, seguidos de suas especificações.

Quadro 1 - Equipamentos de proteção individual e suas principais características (continua)

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

 Capacete de segurança:

Deve ser utilizado o capacete para proteger o crânio nos trabalhos sujeitos a
agentes meteorológicos (trabalhos a céu aberto), impactos provenientes de quedas,
projeção de objetos ou outros, queimaduras ou choques elétricos.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


95

 Proteção dos olhos:

É obrigatório o uso de óculos de segurança para todos os empregados cujo trabalho


ofereça risco de lesão aos olhos, provenientes de impacto de partículas, respingos de
líquidos agressivos e metais em fusão, poeiras e radiações perigosas.

 Proteção facial:

É obrigatório o uso de protetores faciais para todos os empregados cujo trabalho


ofereça risco de lesão dos olhos e da face, por partículas, respingos, vapores de produtos
químicos ou por radiações luminosas intensas.

 Proteção auditiva:

É obrigatório o uso de protetores auriculares em locais onde for constatado nível de


ruído superior aos limites de tolerância definidos pela legislação em vigor, NR-15, anexos I e
II. Quando houver dúvida, quanto ao nível de exposição ou dose de ruído a que o
trabalhador está exposto, deverá ser contatado o Técnico de Segurança da SMS, que fará a
avaliação e definirá qual o tipo de protetor é o mais adequado ou que outras medidas de
proteção serão requeridas.

 Proteção nas mãos:

É obrigatório o uso de luvas para proteção das mãos em serviços onde haja contato
ou risco de contato com:

a) materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes;


b) produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, alergênicos, graxos, solventes
orgânicos e derivados de petróleo;
c) materiais ou objetos aquecidos;
d) equipamentos elétricos energizados;
e) radiações perigosas;
f) frio;
g) agentes biológicos.

 Proteção dos pés e pernas:

É obrigatório o uso de calçado adequado para a realização de qualquer atividade na


área industrial da refinaria, nas oficinas e armazéns. Sempre que as condições de trabalho
exigirem qualquer tipo de proteção adicional, devem-se usar calçados adequados.

 Proteção do tronco:

Nos serviços em que haja risco de lesão no tronco é obrigatório o uso de proteção
adequada. Temos como exemplo o uso de aventais de PVC e de raspa.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


96

 Proteção do corpo inteiro:

É obrigatório o uso de proteção para o corpo inteiro, nos seguintes casos:

a) trabalhos onde haja risco de contato com agentes químicos, prejudiciais à saúde,
absorvíveis pela pele ou que possam lesioná-la;
b) trabalhos com umidade em excesso;
c) trabalhos onde haja risco de contato com superfícies abrasivas.

 Proteção respiratória:

O uso de proteção respiratória é obrigatório quando:

a) a concentração volumétrica de oxigênio no ambiente ou para respiração pelo


trabalhador estiver abaixo de 19,5%;
b) o ar estiver contaminado com substâncias prejudiciais à saúde, que através da
respiração possam provocar distúrbios ao organismo ou seu envenena- mento;
c) o ar ambiental não se encontrar no seu estado apropriado para a respiração, ou
seja, ter temperatura e pressão anormais que possam causar danos ao sistema
respiratório;
d) o ar contiver qualquer substância que o torne desagradável por exemplo: odores.

 Proteção contra quedas:

Na execução de trabalhos em locais acima de 2m de altura do piso, em que haja


risco de queda, é obrigatório o uso de cinto de segurança.

Os cintos de segurança, em contraposição a todos os equipamentos de proteção


individual até agora vistos, não têm a finalidade de proteger uma determinada parte do
corpo humano em específico. São utilizados, quando empregados corretamente, para inibir
riscos manifestados sob a forma de quedas ao solo ou a outro nível inferior, riscos estes
decorrentes das seguintes condições de trabalho:

a) trabalhos em alturas elevadas;


b) locais onde possa haver desprendimento de terra ou desmoronamento.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


97

REFERÊNCIAS

ALVAREZ, D. et al. Reestruturação produtiva, terceirização e relações de trabalho na


indústria petrolífera offshore da Bacia de Campos (RJ). Gest. Prod. vol.14 no 1, São Carlos
Jan./Apr. 2007. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2007000100006 Acesso
em março de 2017.

CARDOSO, L. C. Petróleo: do poço ao posto. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.

ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE. Os 10 países com as maiores reservas de petróleo. 21/07/2015.


Disponível em: Acesso em agosto de 2015.

FERREIRA, L. L. & IGUTI, A. M., 1996. O Trabalho dos Petroleiros – Perigoso, Complexo,
contínuo e Coletivo. São Paulo: Prefeitura Municipal de Santos/Editora Scritta/Federação
Única dos Petroleiros, 1996.

FRANCISCO, W. de C. E. Gás natural. Brasil Escola. Disponível em


http://www.brasilescola.com/geografia/fontes-gas-natural.htm Acesso em novembro de
2015.

ISI ENGENHARIA. O mundo das plataformas de petróleo. Publicado em 3 de março de 2011.


Disponível em: http://www.isiengenharia.com.br/wordpress/espaco-do-engenheiro/o-
mundo-das-plataformas-de-petroleo-2 Acesso em março de 2017.

JORNAL PELICANO. 5 Maiores acidentes com plataformas de petróleo. Jornal Online.


Matéria publicada em 09 de janeiro de 2014. Disponível em:
http://www.jornalpelicano.com.br/2014/01/maiores-acidentes-com-plataformas-de-
petroleo/ Acesso em março de 2017.

OLIVEIRA, M. de P.; QUALHARINI, E. Gestão de riscos nas operações de plataformas de


petróleo. V Congresso Nacional de Excelência em Gestão. Anais. Niterói, 2009. Disponível
em: http://www.inovarse.org/filebrowser/download/10068 Acesso em março de 2017.

SANTOS, J.E.M.; SETI, C.J. & RODRIGUES, M.V.G. Panorama geral dos contratos de risco. Rio
de Janeiro, Petrobras/Depex/Dicex, Relatório Interno, 1994.

SARDINHA, A.; MACHADO, J.; KRUS, V. ISM: International Safety Management Code. Lisboa:
Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, 2013. Disponível em:
https://transportemaritimoglobal.files.wordpress.com/2013/12/ism_cc3b3digo-de-
gestc3a3o-da-seguranc3a7a_dez2013.pdf Acesso em março de 2017.

SOUZA, R.G. de. Petróleo, histórias das descobertas e o potencial brasileiro. Niterói-RJ, Ed.
Muiraquitã, 1997.

THOMAS, J. E. Fundamentos de engenharia de petróleo. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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ANOTAÇÕES: ______________________________________________________________
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MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


CONTROLE DE PERDAS E
GERENCIAMENTO DE RISCOS
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8 CONTROLE DE PERDAS E GERENCIAMENTO DE RISCOS

Apreendemos em Ruppenthal (2013) que, desde os primórdios, as atividades


inerentes ao ser humano estão intrinsecamente ligadas a um potencial de riscos, resultando,
frequentemente, em lesões físicas, perdas temporárias ou permanentes de capacidade para
executar as tarefas e até mesmo em morte. O homem evoluiu em suas atividades, desde a
agricultura ao pastoreio, passou pelo artesanato e alcançou a indústria. Entretanto, sempre
esteve acompanhado de novos e diversificados riscos que afetam a sua saúde e a sua vida. A
autora advoga que (p. 16):

Conhecer os perigos, encontrar maneiras de controlar as situações de risco,


desenvolver técnicas de proteção, procurar produtos e materiais mais
seguros, aplicar os conhecimentos adquiridos a uma filosofia de preservação,
foram passos importantes que caracterizaram a evolução humana ao longo
da sua existência. A princípio, a necessidade de proteção dominava as
preocupações individuais. Só muito lentamente, em termos históricos, a
noção de proteção individual foi sendo substituída pela da proteção da tribo,
da nação, do país, do grupo étnico ou civilizacional e só muito mais tarde pela
proteção da espécie.

A análise de grandes acidentes mostrou que em alguns dos casos a indústria não
dispunha, na sua rotina diária de trabalho, de um serviço de segurança apoiado e prestigiado
pela diretoria e que fosse adequado para atuar, corrigir e sugerir medidas de prevenção nos
diversos pequenos acidentes e incidentes que por vezes ocorriam. Muitos destes pequenos
incidentes/acidentes estavam ligados à inexistência de controles administrativos e gerenciais
que fossem capazes de atuar preventivamente.

Infelizmente, ainda existe o pensamento, a bem da verdade entre poucos, de


executivos que acreditam que a maioria dos acidentes é causada por “descuido” e aí,
recorrem a um castigo ou a programas de incentivo para fazer com que as pessoas sejam
“mais cuidadosas”. O resultado mais provável será o de que os acidentes se ocultem em vez
de serem resolvidos. Os executivos que acreditam que os acidentes são acontecimentos
“anormais” tendem proteger-se com uma cobertura maior em seguros, somente para
descobrir posteriormente que raramente, ou nunca, estes cobrem todas as perdas que se
produziram.

Estes poderiam ser classificados como as “anormalidades normais”, pois acabam


fazendo parte da “cultura” da empresa. E aí, a segurança não é considerada e nem levada a
sério. A improvisação assume o lugar do planejamento e o bom senso.

Este crescimento das indústrias químicas encontra-se na economia de escala de


suas plantas, particularmente naquelas de processo contínuo, em oposição à produção
anterior, por batelada, que ainda ocorre em algumas produções. Os sistemas de controle das
produções, inicialmente analógicos e posteriormente digitais tem caracterizado a segurança
intrínseca dos processos de produção.

As difusões dos processos contínuos de fabricação favorecem a expansão dos


trabalhos em turnos e noturnos no setor químico, com diversas implicações para a
SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV
102

segurança das operações e a saúde dos trabalhadores, quando medidas gerenciais e de


controle não são adotadas.

8.1 Acidentes com Produtos Químicos

O acidente químico é um capítulo dentro do risco químico e da indústria química,


seja pela sua especialidade, seja pela importância crescente que vem adquirindo na
discussão pública internacional. Uma das características deste tipo de acidente é sua relativa
baixa probabilidade de ocorrência, porém quando desencadeado, este tipo de acidente pode
provocar enormes tragédias humanas e ambientais.

Existem três grandes grupos de eventos que tenham por fonte principal Substâncias
químicas: emissão acidental; explosão e incêndio. Muitos acidentes podem envolver
simultaneamente dois ou mesmo os três tipos de eventos.

Das variáveis relacionadas ao acidente químico, duas são de particular importância


para nosso trabalho:

 A localização da fonte:

Esta variável está relacionada ao momento do fluxo da produção ou consumo onde


o acidente se realiza. Basicamente envolve a produção, armazenagem, transporte, consumo
e despejo de substâncias químicas perigosas.

 O raio de alcance dos efeitos indesejáveis:

Dependendo da qualidade e características físico-químicas, toxicológicas e eco


toxicológicas das substâncias desenvolvidas e das características do acidente propriamente
dito: tipo de acidente, localização da fonte, aspectos geográficos, geológicos e
meteorológicos da região entre outros, o acidente poderá ter o seu raio de alcance mais
restrito ou mais ampliado.

Beltrami; Freitas; Machado (2012) observaram em seus estudos que milhares de


eventos denominados, de modo geral, Acidentes com Produtos Perigosos (APP) ocorrem por
ano no Brasil. Muitos destes têm o potencial de causar grandes impactos ao meio ambiente,
além de expor um número não estimado de pessoas aos riscos de efeitos à saúde, desde
traumas e doenças até óbitos. Para os autores (p. 1):

Os APP podem ser definidos como eventos agudos, a exemplo de


explosões, incêndios, vazamentos ou emissões de um ou mais produtos
perigosos com potencial de causar danos ao patrimônio, ao meio ambiente
e à saúde dos seres humanos, no curto e longo prazos. São eventos que,
além da possibilidade de provocar graves lesões e traumas, podem alterar
determinadas situações ambientais e resultar em agravos à saúde, doenças
ou óbitos, em caso de exposição.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


103

As populações se expõem aos riscos quando se aproximam de produtos perigosos,


por uma ou mais vias, como, por exemplo, pela ingestão da água ou de alimentos
contaminados, pela inalação da poeira toxica ou dos gases provenientes de vazamentos e
incêndios. Em alguns casos, há combinação de todos estes fatores. Estas exposições trazem
seus efeitos manifestados desde a forma subclínica a intoxicações agudas, podendo tomar,
ainda, a forma de doenças crônicas ou mesmo carcinogênese, mutagênese e teratogênese
(BELTRAMI; FREITAS; MACHADO, 2012).

8.1.1 Estatística dos Grandes Acidentes

Os grandes acidentes se notabilizaram pela repercussão a nível mundial. Com a


ocorrência de vários acidentes catastróficos no mundo (incêndio, explosão e/ou emissão
acidental), as empresas e o público em geral tomaram nova consciência dos perigos
potenciais decorrentes do contínuo progresso tecnológico que a humanidade vem
alcançando.

Tabela 1 - Dados sobre a situação, efeitos e respostas relacionadas aos acidentes com
produtos perigosos (APPs) – Brasil – 2006-2009

Fonte: Beltrami; Freitas; Machado (2012)


Nota: P2R2: Produtos químicos perigosos.
Sedec: Secretaria Nacional de Defesa Civil.
Sinitox: Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas.
Sinan: Sistema de Informações de Agravos de Notificação.
SIH: Sistema de Informações Hospitalares.
SIM: Sistema de Informações sobre Mortalidade.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


104
Vigiapp: Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos Associados aos Desastres de Origem Antropogênica,
Resultante de Acidentes com Produtos Químicos Perigosos.

A Tabela 1 ilustrada acima apresenta os dados e informações sobre


eventos/situações, efeitos e ações com relação aos acidentes com produtos perigosos, no
período de 2006 a 2009 no Brasil.

8.2 Definições

Qualquer discussão sobre Riscos deve ser precedida de uma explicação da


terminologia, seu sentido preciso e inter-relacionamentos. Desta forma, passamos a definir
os principais termos utilizados neste nosso estudo, os quais serão descritos a seguir.

 Acidente do Trabalho:

São ocorrências de menos frequência, que se restringem, na maior parte das vezes,
a uma pessoa, não passando dos limites da empresa envolvida. Por exemplo: cortes,
queimaduras térmico-químicas, torções, etc.

 Acidentes Maiores/Acidentes Químicos Ampliados:

São eventos de maior gravidade e de frequência significativamente menor, cujas


consequências se estendem a um maior número de pessoas. Estes eventos causam grandes
perdas às próprias instalações da empresa, podendo ultrapassar os seus limites geográficos
e causam substanciais danos ambientais.

 Doenças Profissionais:

São todos os males aos quais a saúde humana está exposta, devido às atividades
profissionais desenvolvidas. Estas doenças são causadas principalmente pela exposição
crônica a determinados agentes físicos, químicos ou biológicos.

 Risco (Hazard):

Uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar
danos. Esses danos podem ser entendidos como lesões a pessoas, danos a equipamentos ou
estruturas, perda de material em processo, ou redução da capacidade de desempenho de
uma função pré-determinada. Havendo um risco, persistem as possibilidades de efeitos
adversos.

 Risco (Risk):

Expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico de


tempo ou número de ciclos operacionais. O valor quantitativo do risco de uma dada
instalação ou processo industrial pode ser conseguido multiplicando-se a probabilidade
de ocorrência (taxa de falha) de um acidente pela medida da consequência/dano (perda
material ou humana) causada por este acidente.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


105

 Perigo:

Expressa uma exposição relativa a um risco, que favorece a sua materialização em


dano. É comumente entendido como um potencial de causar danos ou perdas humanas, ou
de valores materiais.

 Segurança:

É frequentemente definido como “isenção de riscos”. Entretanto é praticamente


impossível a eliminação completa de todos os riscos. Podemos então definir segurança
como, uma condição ou conjunto de condições que objetivam uma relativa proteção contra
determinado risco.

 Sistema:

É um arranjo ordenado de componentes que estão inter-relacionados e que atuam


e interatuam com outros sistemas, para cumprir uma determinada tarefa ou função
(objetivo) previamente definida, em um ambiente. Um sistema pode conter ainda vários
outros sistemas básicos, aos quais chamamos de subsistemas.

 Probabilidade:

É a chance de ocorrência de uma falha que pode conduzir a um determinado


acidente. Esta falha pode ser de um equipamento ou componente do mesmo, ou pode ser
ainda uma falha humana.

 Consequência/Dano:

É a medida do resultado de um acidente do trabalho ou de acidentes maiores.


Também pode ser definido como sendo a gravidade da perda humana, material ou
financeira, ou a redução da capacidade de desempenho de uma função pré-determinada em
um dado sistema.

 Confiabilidade:

É quantitativamente definida como sendo a probabilidade que um componente,


dispositivo, equipamento ou sistema desempenhe satisfatoriamente suas funções por um
determinado espaço de tempo e sob um dado conjunto de condições de operação.

 Causa:

É a origem de caráter humano ou material, relacionada com o evento catastrófico


(acidente), pela materialização de um risco, resultando danos.

 Incidente:

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


106

Qualquer evento ou fato negativo com potencial para provocar danos. É também
chamado de “quase acidente”. Atualmente, este conceito tem sido muito contestado, uma
vez que pela definição de acidentes, estes se confundiriam, ficando a diferença em se ter ou
não lesão.

8.3 Terminologia

A classificação de Risco e Perigo é fundamental para nosso estudo e seu


entendimento deverá ser claro, para isso vamos utilizar o seguinte exemplo: A diretoria da
fábrica necessita decidir onde estocar uma determinada quantidade de produtos tóxicos ao
ar livre, que possui risco de intoxicação para as pessoas.

Como mencionado, o risco é inerente a qualquer atividade e/ou substância e neste


caso, devemos analisar e classificar os riscos e perigos em função do grau de exposição e
suas consequências, e assim teremos, de forma técnica, condições de estabelecer medidas
que previnam a ocorrência de um evento indesejável. O Quadro 1 a seguir ilustra a
probabilidade e o grau de consequência do risco.

Quadro 1 - Consequência e probabilidade do risco

Consequência
Probabilidade
Alta Baixa
Baixa (instalação com boas
Risco baixo. Risco médio.
condições de manutenção).
Alta (instalação com problemas de
Risco médio. Risco alto.
manutenção).

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

8.3.1 Classificação dos Riscos de uma Fábrica

Considerando os conceitos apresentados podemos classificar os riscos de uma


instalação, da seguinte maneira:

 Conhecidos e já devidamente controlados. Ex. Sala de transformadores isolada e


fechada. Casa de máquinas e compressores com elevado nível de ruído,
totalmente fechada e sinalizada.

 Conhecidos, porém ainda não aceitavelmente controlados. Ex. O produto químico


Hexano ainda é muito utilizado em alguns tipos de solventes, podendo gerar
problemas à saúde do trabalhador. Em uma escada com degraus pequenos onde é
necessário transportar volumes grandes, foi colocado um piso antiderrapante e
placas de aviso, mas o risco de queda continua.

 Ainda desconhecidos, mas são perfeitamente identificáveis através de


metodologias já empregadas pela empresa; Ex. Armazenamento de produtos

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


107

tóxicos e inflamáveis em áreas de presença permanente de pessoas. A aplicação


da inspeção planejada no almoxarifado constatou que estavam armazenando
produto tóxico e inflamável em locais que poderiam prejudicar a saúde das
pessoas e provocar um incêndio.

 Totalmente desconhecidos por falta de informações que nos permita identificá-


los. Ex.: O ascarel era um produto muito usado nos anos 70 em todo o mundo para
refrigerar transformadores, até descobrirem que ele é altamente cancerígeno.

Os métodos sistêmicos de análises de riscos desenvolvidos vêm sendo aplicados nas


indústrias de processos basicamente como ferramentas para a decisão acerca da
aceitabilidade de uma nova planta industrial e para a melhoria da confiabilidade dos
sistemas técnico e organizacional existentes.

Segundo alguns estudos, os resultados de tais métodos servem para:

a) aonde devem ser localizados processos e operações perigosos;


b) decidir sobre investimentos nos equipamentos voltados à prevenção de
acidentes e limitação de suas consequências;
c) projetar processos de fabricação e sistemas de controle;
d) criar rotinas operacionais e de manutenção;
e) escrever e registrar documentos de segurança para a organização.

8.4 Desenvolvimento da Análise de Riscos

A Gerência de Riscos, em termos de consciência ou de convivência com o risco, é


tão antiga quanto o próprio homem. Na verdade, o homem sempre esteve envolvido com
riscos e com muitas decisões de Gerência de Riscos. Muito antes da existência do que hoje
denominamos gerentes de risco, indivíduos dedicaram-se (e tem se dedicado) a tarefas e
funções específicas de segurança do trabalho, proteção contra incêndios, segurança
patrimonial, controle de qualidade, inspeções e análises de riscos para fins de seguro,
análises técnicas de seguro e inúmeras outras atividades semelhantes.

O exemplo escolhido para ilustrar esta teoria é bastante antigo. Conta a mitologia
grega que o Rei Mimos de Creta, mandou aprisionar Dédalo e seus filho Ícaro, na ilha de
mesmo nome. Com o objetivo de escapar da ilha, Dédalo idealizou fabricar asas, o que fez
habilidosamente com penas, linho e cera de abelha. Antes da partida, Dédalo advertiu a
Ícaro que tomasse cuidado quanto ao curso de seu voo, se ele voasse muito baixo as ondas
molhariam suas penas; se voasse muito alto o sol derreteria a cera, desagregando as penas,
e ele cairia no mar (Quadro 2).

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


108

Quadro 2- Sistema de Voo de Dédalo

Fonte: Ruppenthal (2013)

Este exemplo simples mostra a forma adequada para uma Análise Preliminar.
Outras colunas poderão ser adicionadas completando a informação, de forma a indicar
critérios a serem seguidos, responsáveis pelas medidas de segurança, necessidade de testes,
e outras ações a serem desenvolvidas.

Podemos dizer que a Gerência de Riscos é a ciência, a arte e a função que visa a
proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa, quer através de
financiamento dos riscos remanescentes, conforme seja economicamente mais viável.

De fato, a Gerência de Riscos teve seu início na Indústria Moderna, logo após a
Segunda Guerra Mundial, devido à rápida expansão das indústrias, com consequente
crescimento da magnitude dos riscos incorporados, tornando-se imprescindível garantir a
proteção da empresa frente aos riscos de acidentes.

Além da avaliação das probabilidades de perdas, a necessidade de determinar quais


os riscos inevitáveis e quais os que poderiam ser diminuídos, passaram a ser calculado o
custo-benefício das medidas de proteção a serem adotadas, como também se levou em
consideração a situação financeira da empresa para a escolha adequada do seu grau de
proteção.

Ficou evidente que, estes objetivos, somente seriam atingidos por meio de uma
análise detalhada das situações de risco. A propósito, como é de nosso conhecimento, Ícaro
voou muito alto e pelos motivos expostos por Dédalo, veio a cair no mar (Ícaro era um
cabeça-dura).

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


109

8.4.1 Métodos Qualitativos da Análise de Riscos

Existem alguns métodos qualitativos de análise de riscos, a listar:

 Checklists:

Utilizados para identificar fontes de riscos e agravantes em processos e instalações


já existentes, através de listas de especificações técnicas e operacionais dos processos,
equipamentos e procedimentos.

 Análise Preliminar de Perigos (APP):

Método simplificado é Utilizado para identificar fontes de perigo, consequências e


medidas corretivas simples, sem aprofundamento técnico, resultando em tabelas de fácil
leitura.

 Análise “What-If?”:

Normalmente utilizada nas fases iniciais de projeção. Trata-se de um método


especulativo onde uma equipe busca responder o que poderia acontecer caso determinadas
falhas surjam.

 Matriz de Riscos:

Consiste numa matriz onde se busca verificar os efeitos da combinação de duas


variáveis. Um exemplo clássico é o das reações químicas avaliando-se os efeitos da mistura
acidental de duas substâncias existentes.

8.4.2 Métodos mais Detalhados

Também existem outros métodos mais detalhados como os que seguem abaixo:

 Análise de Modos de Falhas e Efeitos:

Analisa como as falhas de componentes específicos de um equipamento ou


subsistema do processo se distribuem ao longo do sistema, entendido este como um arranjo
ordenado de componentes inter-relacionados. A estima quantitativa das probabilidades de
falhas é feita pela técnica de árvore de falhas.

 HAZOP (Hazard and Operability Studies):

É um dos métodos mais conhecidos na análise de riscos na indústria química, onde


uma equipe busca, de forma criativa, identificar falhas de riscos e problemas operacionais
em subsistemas do processo.

Verifica-se, por exemplo, o que acontece quando se adiciona mais, menos ou


nenhuma substância num tanque de reação. Supostamente, além de se ter um amplo

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


110

diagnóstico dos riscos existentes, as que passam pelo HAZOP aumentam seu nível de
confiabilidade.

 Dow e Mond Index:

Métodos desenvolvidos pela Dow e ICI para identificar, quantificar e classificar as


diferentes seções do processo de acordo com o potencial de risco de incêndios e explosões,
providenciando informações para o projeto e gerenciamento de instalações perigosas.

8.4.3 Métodos de Árvores

Outros modelos de análise são os métodos de árvores.

 Análise de árvore de Falhas:

Um método de dedutivo que visa determinar a probabilidade de determinados


eventos finais. Busca-se construir a malha de falhas anteriores que culminam no evento
final, atribuindo-se uma taxa de falha a cada item anterior que compõe a árvore, chegando-
se então à probabilidade final, através da lógica, tipo e/ou e do uso da álgebra booleana.

 Análise de árvore de Eventos:

É um método similar ao anterior, porém indutivo, pois parte de fainas iniciais


buscando identificar as possíveis implicações nos estágios mais avançados do processo.

 Análise de Causa e Efeito:

É uma combinação dos dois métodos anteriores. Parte-se de um evento


intermediário, e então se busca chegar ao conjunto de eventos anteriores (causas) e,
posteriores (efeitos).

 Análise de Árvore de Causas:

É um método utilizado para acidentes do trabalho. Utilizado por equipes


multidisciplinares, possibilita a eliminação do “achismo” muito comum na análise deste tipo
de acidente. Por representar graficamente o acidente, este método pode ser qualificado
como uma ferramenta de comunicação entre os que fazem a análise e aqueles que
descobrem a história do acidente analisado. Os fatores que ficaram sem explicação,
demandando informações complementares, são colocados em evidência aos olhos de todos.

Podemos afirmar que as regras do método, impondo o questionamento sistemático


diante de cada fato que figura na árvore, levam a causas remotas, particularmente àquelas
ligadas a organização do trabalho, a concepção de máquinas e de instalações, alargando o
campo de investigação e evidenciando o maior número de fatores envolvidos na gênese do
acidente.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


111

 Análise de Consequências:

É considerada uma técnica final para se avaliar a extensão e gravidade de um


acidente. A análise inclui: a descrição do possível acidente, uma estimativa da quantidade de
substância envolvida, e, quando for do tipo emissão tóxica, calcular a dispersão dos
materiais - utilizando-se de modelos de simulação computadorizados - e avaliar os efeitos
nocivos. Os resultados servem para estabelecer cenários e implementar as medidas de
proteção necessárias.

8.5 Programa de Gerência de Riscos

Consiste na implantação de ações de identificação e tratamento dos riscos e perdas


que a empresa está exposta, durante execução de suas atividades laborais, propiciando
garantias contra eventos indesejados. A atividade de um programa de Gerência de Riscos
tem como principal característica “assessorar” várias áreas da Empresa e “Integrar” estas
informações.

O procedimento de implantação do programa de Gerência de Riscos consiste na


criação de um comitê que deve ser formado por representantes de todas as áreas que o
programa assessorará. Esta comissão deverá se reunir periodicamente para discutir as suas
atividades, com relação aos procedimentos e ações de implantação. As principais atitudes
promovidas por este comitê incluem:

 Identificar continuamente as exposições da Empresa a perdas (riscos);


 Avaliar o ônus derivado do risco e o custo necessário para ser controlado;
 Responder aos riscos, isto é, planejar e coordenar as atividades de prevenção
(tratamento);
 Manutenção de um registro de perdas;
 Visitas regulares a campo para discutir a Gerência de Riscos com seus
colaboradores, identificar e registrar novas exposições e reduzir falhas de
comunicação;
 Canalizar e repassar informações, filtrando-as e avaliando-as;
 Gerar relatórios sobre suas decisões, incluindo planos de trabalho;
 Reuniões periódicas com outros gerentes/diretores.

A gerência de controle riscos faz uso de várias ferramentas, conforme se lista a


seguir.

 Inspeção de Riscos;
 Programa de Prevenção de Perdas;
 Criação e manutenção de um Banco de Dados sobre Perdas;
 Modelos de Consequências (cenários de riscos);
 Técnicas de Análise de Riscos (HAZOP, FMEA, What-if, etc.).
 Trata-se de uma atividade desenvolvida por profissionais especializados
(inspetores de riscos) nas técnicas de levantamentos de riscos que, através de
visitas à Empresa, efetuarão identificação, análise e dimensionamento de perdas
que a Empresa está exposta, para os diversos riscos potenciais que poderão afetar

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


112

adversamente o seu patrimônio.


 Através da inspeção serão levantadas diversas condições de risco abaixo dos
padrões estabelecidos por normas nacionais, internacionais e legislação local
vigente.

Dentre os tópicos abordados durante a inspeção de risco, destacam-se


irregularidades que poderão afetar a empresa no que se refere a:

 Danos à propriedade (incêndio, explosão, etc.);


 Lesões pessoais (morte, mutilações, doenças, ocupacionais, etc.);
 Parada de produção (quebra de máquina, queima de motores /transformadores,
etc.);
 Perda de qualidade (falta de controle de processo, instrumentos e maquinário
inadequados, etc.);
 Poluição ambiental (tratamento inadequado de efluentes, gases e resíduos
industriais sólidos, etc.);
 Riscos à comunidade (vazamento de gases tóxicos, líquidos inflamáveis, etc.).

Observam-se também as seguintes características da inspeção de riscos:

 Identifica as condições de risco;


 Propõe tratamentos para as condições de risco;
 Adequar o local de trabalho aos requisitos legais;
 Mantém a diretoria e gerência informadas sobre exposição da empresa a perdas;
 Instrui com relação a atualização de normas;
 Melhora o nível de conhecimento técnico da empresa em relação aos riscos;
 Propõe melhorias dos padrões das instalações;
 Reduz as ações trabalhistas/honorários de advogados;
 Reduz a cegueira industrial;
 Orienta a empresa a identificar riscos;
 Identifica a vulnerabilidade das instalações industriais em relação às perdas;
 É um processo preventivo - atua antes de a perda ocorrer;
 Classifica os tipos de riscos que a empresa está exposta;
 Reduz e/ou elimina as causas que provocam perdas
 Identifica as deficiências das instalações, equipamentos, manutenção e operação.

Os benefícios advindos da inspeção de riscos são observados a seguir:

 Reduz a frequência e gravidade de eventos indesejados (incêndio, lesões,


interrupção da produção, etc.);
 Adéqua o seguro aos reais riscos da empresa;
 Reduz e/ou elimina as indenizações/multas provenientes de danos ao meio
ambiente/RC;
 Aponta necessidades de treinamentos;
 Otimiza os investimentos;
 Mantém a continuidade do processo produtivo;
 Detecta as deficiências e otimiza os gastos com manutenção;

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


113

 Preserva a imagem;
 Mantém os funcionários mais satisfeitos;
 Prioriza a tomada de decisões dos investimentos necessários em prevenção e
permite a análise da relação custo/beneficio.

Durante a inspeção de risco, o inspetor realizará entrevistas técnicas, reuniões com


gerentes, supervisores, profissionais da área industrial e de segurança, que devem fornecer
informações referentes ao fluxo produtivo e aspectos de funcionamento da Empresa, para a
melhor identificação das possibilidades de perdas, bem como acompanhá-lo na inspeção a
campo para poderem aprender esta técnica.

Ao término da inspeção será elaborado um relatório detalhado (fotos, sumários,


anexos, etc.) de todos os parâmetros identificados que possam causar qualquer tipo de
perdas. Estes parâmetros serão apresentados e acompanhados das respectivas
recomendações para eliminação ou redução dos riscos.

8.5.1 Identificação de Riscos

O processo de gerenciamento de riscos, como todo procedimento de tomada de


decisões, começa com a identificação e a analise de um problema. No caso da Gerência de
Riscos, o problema consiste, primeiramente, em se conhecer e analisar os riscos de perdas
acidentais que ameaçam a organização.

A identificação de riscos e, indubitavelmente, a mais importante das


responsabilidades do gerente de riscos. E o processo através do qual, continua e
sistematicamente, 550 identificadas perdas potenciais (a pessoas, a propriedade e por
responsabilidade da empresa), ou seja, situações de risco de acidentes que podem afetar a
organização.

Na verdade, não existe um método ótimo para se identificar riscos. Na prática, a


melhor estratégia será combinar os vários métodos existentes, obtendo-se o maior numero
possível de informações sobre riscos, e evitando-se assim que a empresa seja,
inconscientemente, ameaçada por eventuais perdas decorrentes de acidentes.

Para melhor cumprir essa tarefa, o gerente de riscos deve, Para melhor cumprir
essa tarefa, o gerente de riscos deve, antes de tudo, obter informações que lhe permitam
conhecer em profundidade a empresa.

Para dar uma melhor ideia do que estamos afirmando, gostaríamos de formular a
seguinte questão: ate que ponto o leitor conhece a empresa em que atua quanto aos seus
bens patrimoniais; as pessoas que, direta ou indiretamente, estão envolvidas com ela; as
suas (da empresa) responsabilidades, direitos e obrigações; a organização efetiva da mesma
e ao fim a que se destina; aos seus processos administrativos, operacionais e de produção; a
sua estrutura econômico-financeira e aos processos e operações financeiras empregados
para manter o seu equilíbrio? A resposta completa a esta questão e a obtenção das
informações necessárias são de suma importância para que o gerente de riscos possa
cumprir satisfatoriamente a sua missão, iniciando-a com a identificação efetiva dos riscos

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


114

que afetam a empresa.

Um dos meios sais frequentes para identificar riscos é a utilização de “Checklists”


(questionários), roteiros e outros do gênero. Tais questionários podem ser obtidos de várias
maneiras: em publicações especializadas sobre Engenharia de Segurança e Seguros, junto a
corretoras, seguradoras, etc.

É importante enfatizar que, por mais precisos e extensos que sejam esses
questionários e roteiros, há uma grande chance de os mesmos omitirem situações de risco
até vitais, para determinada empresa. Para minimizar o problema, a Gerência de Riscos deve
adaptar tais instrumentos às características e peculiaridades específicas da organização.

8.6 Investigação de Acidentes

Segundo Ruppenthal (20013), apesar de a filosofia maior da Gerência de Riscos, nos


moldes propostos nesta coletânea, ser o desenvolvimento de ações de prevenção antes da
ocorrência de perdas, não podemos deixar de mencionar outro meio que é empregado para
a identificação de riscos: a investigação de acidentes, embora se manifeste o desejo de que
seja cada vez menos necessária a sua utilização.

As peculiaridades inerentes a cada indústria, tais como espaço físico, produto


fabricado, processo, tipo de máquinas e equipamentos, característica socioeconômica da
região onde se localiza a indústria, podem criar riscos de acidentes de difícil detecção.

Em casos de acidentes do trabalho, por exemplo, somente uma investigação


cuidadosa, isto é, uma verificação dos dados relativos ao acidentado como comportamento,
atividade exercida, tipo de ocupação, data e hora do acidente, possibilitará a descoberta de
determinados riscos.

Neste sentido, se tem uma atividade baseada não somente em conhecimentos


teóricos, mas também na capacidade de dedução e/ou indução do técnico responsável pela
investigação. A partir da descrição do acidente, de informações recolhidas junto ao
encarregado da área, de um estudo do local do acidente, da vida pregressa do acidentado,
poderão ser determinadas as causas do acidente e propostas as medidas necessárias para
evitar a sua repetição.

8.6.1 Fluxogramas

Um procedimento que pode ser adotado para identificar perdas potenciais é o uso
de fluxogramas, os quais são, de início, preparados mostrando todas as operações da
empresa, desde o fornecimento da matéria-prima até a entrega do produto ao consumidor
final. Em seguida, são elaborados fluxogramas detalhados de cada uma das operações
definidas no início, passando-se, então, a identificar as respectivas perdas que podem vir a
ocorrer, de acordo com Ruppenthal (2013).

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


115

Figura 1 - Fluxograma geral

Fonte: Ruppenthal (2013)

De acordo com Ruppenthal (2013), observando o fluxograma geral, ilustrado pela


Figura 1, se deve procurar obter, entre outras, as seguintes informações iniciais:

 Relação dos fornecedores e respectivas matérias-primas, produtos e serviços.


 Localização dos depósitos e armazéns, tipos de construção, concentração de
valores, qualidade da armazenagem, sistemas de segurança, etc.
 Características, localização, construção, equipamentos, concentração de valores,
etc., da fábrica.
 Formas de transporte adotadas.
 Sistemas de venda e compra.

Ruppenthal (2013) nos traz também o exemplo de um fluxograma detalhado,


conforme ilustra a Figura 2 a seguir.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


116

Figura 2 - Fluxograma detalhado

Fonte: Ruppenthal (2013)

Neste segundo exemplo de fluxograma, a autora (Op. Cit. p. 48) sugere as seguintes
perdas potenciais:

 Danos à propriedade – reposição, reparos e manutenção de veículos, prédios,


máquinas e equipamentos, matérias-primas, mercadorias e produtos; parada ou
redução das operações de fabricação como consequência de danos às instalações
e ao processo de fabricação.

 Perdas por responsabilidade – responsabilidade civil por danos pessoais e/ou


materiais a clientes, por defeitos nos produtos; aos visitantes, por eventuais
acidentes; a terceiros em geral, pelo uso e operação negligente de veículos.

 Perdas pessoais – perdas decorrentes de danos pessoais a funcionários devido a


acidentes do trabalho. Perdas indiretas, à empresa, consequentes de morte ou
invalidez de funcionários-chave. Perdas diretas e indiretas à família de
funcionários, por morte, invalidez e aposentadoria precoce desses.

Ruppenthal (2013) salienta que quanto mais detalhado for o fluxograma, mais
facilmente serão identificadas as condições de riscos e perdas potenciais. Para tanto, é
necessária a participação de cada setor na elaboração do fluxograma elencado.

Observam-se, ainda, outros meios que podem auxiliar na identificação de riscos,


tais como: análise de planos de contas, relatórios financeiros, balanços e balancetes
mensais. Algumas vezes, observa-se a necessidade de contratação de pessoal especializado,
externo à organização, para assessorar o gerente de riscos. A autora salienta que não há um
método perfeito para a identificação de riscos, mas a combinação de vários meios e
processos poderá trazer eficácia no tratamento destes.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


117

8.7 Programa do Controle de Perdas

São procedimentos administrativos e operacionais que tem por base otimizar


continuamente a Empresa, para que esta implante um sistema de controle total de perdas, e
desta forma possa melhor gerenciar seus custos operacionais, além de salvaguardar seu
patrimônio físico e humano, preservando a imagem da Empresa.

São considerados como perdas qualquer evento que afete adversamente:

 O patrimônio;
 A produção;
 O ser humano;
 A qualidade;
 Produtos – Insumos, matéria-prima;
 O meio ambiente – Terceiros.

As perdas são acontecimentos indesejáveis que devem ser permanentemente


controlados, devido aos seus altos custos indiretos, que dilapidam sobremaneira o lucro da
Empresa. Os custos indiretos chegam a ser 50 vezes maior que os custos diretos. Para
ilustrar os custos produzidos pelas perdas, observa-se a Figura 3 a seguir.

Figura 3 - Impacto dos custos produzidos pelas perdas

CUSTOS •Ambulatório/médico;
DIRETOS •custos de compensação (seguro).

•Reclamações trabalhistas;
•Perda de produtividade;
•Burocracia (formulários, investigações, documentos,
INSS, etc.);
CUSTOS •Perda de qualidade/mercado;
OCULTOS
•Custos (remoção - assistente social);
•Sobrecarga de trabalho;
•Honorários (advogados, peritos e consultores);
•Custos (reprocesso ou não conformidades

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

O controle de perdas é uma função participativa onde todos os níveis da Empresa


estão envolvidos, além de interagir de forma integral com a produção e os programas de
qualidade. Sua abrangência, a nível corporativo, vai do corpo administrativo até os níveis
operacionais.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


118

É por meio de uma política direcionada ao programa, assinada pela maior


autoridade da empresa, que será delegada responsabilidade e dado respaldo à sua
implantação; desta forma caberá à:

 Diretoria: apoiar de forma integral as ações do programa;


 Gerências: coordenar o programa nas áreas de sua competência;
 Supervisores: operacionalizar o programa.

A metodologia aplicada para a implantação de uma cultura prevencionista nos


trabalhadores é obtida mediante treinamento em determinadas técnicas. O programa,
portanto, é dividido em vários módulos, cujos principais, que destacamos são:

 Investigação de acidentes e incidentes;


 Inspeções planejadas;
 Análise de procedimentos de trabalho;
 Higiene industrial e saúde ocupacional;
 Planejamento para emergências.

8.8 Controle de Danos

Segundo Bird (s.d. apud RUPPENTHAL, 2013), um programa de Controle de Danos


requer identificação, registro e investigação de todos os acidentes com danos à propriedade
e determinação do seu custo para a empresa. Todas estas medidas deverão ser seguidas de
ações preventivas.

Em seus estudos, Bird analisou acidentes ocorridos em 297 empresas,


representando 21 grupos de indústrias diferentes com mais de 1.750.000 operários,
chegando à uma proporção de 1:10:30:600. Ou seja, 1 lesão incapacitante, 10 lesões leves,
30 acidentes com danos à propriedade e 600 incidentes, conforme ilustra a Figura 4 a seguir.

Figura 4 - Pirâmide de Bird

Fonte: Ruppenthal (2013)

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


119

Ruppenthal (2013, p. 20) revela ainda que “um estudo realizado em 2003
demonstrou uma grande diferença na proporção de acidentes graves e quase acidentes,
constatando que para cada morte há pelo menos 300.000 comportamentos de risco”. Disto,
apreende-se que o comportamento de risco advém da negação quanto aos dispositivos de
segurança.

8.8.1 O Erro Humano

Em seus estudos, Couto (2009 apud RUPPENTHAL, 2013) afirmava que o ser
humano apresenta uma inconstância em seu comportamento, não seguindo padrões rígidos
preestabelecidos. Neste sentido, se entende que o fator humano pode influenciar
substancialmente a confiabilidade de um sistema e as perdas decorrentes de acidentes.

O autor (Op. Cit.) elaborou um hexágono, ilustrado na Figura 5, no qual ele explicita
as causas do erro humano e as conceitua e caracteriza em seguida.

Figura 5 - Hexágono de causas do erro humano

Fonte: Couto (2009 apud RUPPENTHAL, 2013)

Na avaliação de Couto (2009 apud RUPPENTHAL, 2013, p. 23), em função da falta de


atenção, o erro humano é característico da natureza humana. Observam-se a seguir alguns

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


120

exemplos:

 Fazer uma tarefa de trabalho esquecendo-se de cumprir o passo anterior.


 Abrir duas válvulas que nunca poderiam estar abertas simultaneamente.
 Acionar tecla ou botão errado.
 Não perceber uma mensagem ou informação.
 Errar cálculos que são feitos de forma automática.
 Falhar em ter mais cuidado.

No que diz respeito às condições ergonômicas inadequadas o erro humano está


relacionado à situação ou condição de trabalho:

 Instrumento de leitura inadequado para a situação.


 Comandos confusos devido a semelhança entre botões de comando.
 Desordem dos comandos ou botões induzindo ao erro.
 Comandos fora do estereótipo universal.
 Alavancas sem diferenciação de forma.
 Posição ergonômica do corpo.
 Processos lentos, comando errado.
 Tarefas difíceis ou impossíveis de serem feitas.
 Sobrecarga de informações ou tarefas.

O erro humano pode advir também da ausência de aptidões físicas ou cognitivas,


tais como:

 Erro de seleção devido a efeitos de condições ambientais.


 Perda temporária de aptidão física ou mental devido a problemas emocionais ou
financeiros.
 Pressão de tempo.
 Sobrecarga de trabalho.

No que diz respeito à falta de capacidade, observam-se os seguintes exemplos de


erro humano.

 Deficiência na formação.
 Falta de formação base.
 Polivalência empírica.
 Empreiteiros.

Há ainda o erro humano por falta de formação ou informação, que acontece


quando há:

 Avaliação errada de informações confusas.


 Pessoas ausentes ou de férias quando a informação é comunicada.
 Falhas na comunicação verbal.
 Erros na comunicação em situações críticas.
 Arquivo técnico desatualizado.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


121

As causas do erro humano por falta de motivação podem ser:

 Motivação incorreta intencional.


 Valores diferentes.
 Situações conflitantes.
 Decisões deliberadas de níveis superiores sem comunicação com a execução.
 Fatores no ambiente de trabalho induzem para a ação errada.

De acordo com Couto (2009 apud RUPPENTHAL, 2013), é de extrema importância


reconhecer os riscos em um processo produtivo ou organizacional, de modo a identificar e
corrigir os desvios do sistema antes que a falha ocorra. Desta forma, se reduz a
probabilidade do erro.

Ao ser implantado um programa de Controle de Danos, um dos primeiros passos a


serem observados é quanto à revisão das regras convencionais de segurança, as quais
devem ser de conhecimento e acesso de todos da organização, desde a alta direção da
empresa ao pessoal de chão de fábrica, como se costuma denominar. E importante observar
também que as alterações devem ser de conhecimento de todos, incluindo as razões pelas
quais as mudanças foram sugeridas e implementadas. O Quadro 3 a seguir ilustra um
exemplo de mudança na regra.

Quadro 3 - Exemplo de mudança nas regras de controle de danos

Controle de danos
Regra convencional:

Quando ocorrer com você ou com o equipamento que você opera, qualquer
acidente que resulte em lesão pessoal, mesmo de pequena importância, você deve
comunicar o fato, imediatamente, ao seu superior.
Controle de danos
Regra alterada:

Quando ocorrer com você ou com o equipamento que você opera, qualquer
acidente que resulte em lesão pessoal ou dano à propriedade, mesmo de pequena
importância, você deve comunicar o fato, imediatamente, ao seu superior.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Deve-se, porém, ter em mente que, ao se alterarem regras já conhecidas mesmo


que parcialmente, todas as pessoas envolvidas, desde a alta direção da empresa até todos os
trabalhadores, deverão saber que determinada regra foi mudada e qual a razão da mudança.

Para que o programa de controle de danos seja bem-sucedido, qualquer pessoa


nele envolvida deve compreender que é necessário que ocorra um período para a
comunicação e educação deste, de forma planejada, cujo objetivo será mostrar a gravidade
do não interesse pela informação acerca de qualquer acidente sem dano à propriedade, que

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


122

possa ocorrer na empresa.

8.9 Exercícios Propostos

1- Descreva o significado da pirâmide de Bird.


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2- Apresente os itens que compõe o hexágono das causas do erro humano.


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3- Escreva sobre o objetivo da norma OHSAS 18001.


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4- Descreva o processo de gerenciamento de riscos.


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5- Quais os métodos qualitativos da análise de riscos?


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6- Qual a finalidade dos fluxogramas?


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MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


123

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Simone Savarego, Edson Roberto Lima – Tratado Prático de Segurança e Saúde no
Trabalho, Vol. 1 e 2, São Caetano do Sul, SP, Yentis, 2013;

ARAÚJO, Giovanni Moraes - Sistema de Gestão de Riscos: Estudo e Análise de Riscos


“Offshore e Onshore”, Vol. 1, GVC, 2013.

BELTRAMI, A. C.; FREITAS, C. M. de; MACHADO, J. H. M. Acidentes com produtos perigosos


no Brasil, no período 2006-2009: análise dos dados dos sistemas de informações como
subsídio às ações de vigilância em saúde ambiental. Epidemiol. Serv. Saúde, v.21 n.3 Brasília
set. 2012. Disponível em: http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
49742012000300009 Acesso em março de 2017.

BRASIL– Segurança e Medicina do Trabalho. Normas Regulamentadoras, São Paulo, Ed.


Atlas, 2014.

OLIVEIRA, Cláudio Antonio Dias de - Segurança e Saúde no Trabalho – Guia de Prevenção de


Riscos, Yendis, 2012.

RUPPENTHAL, J. E. Gerenciamento de riscos. Santa Maria: Universidade Federal de


Santa Maria, Colégio Técnico Industrial de Santa Maria; Rede e-Tec Brasil, 2013.
Disponível em:
http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_seguranca/sexta_etapa/gerenciamento_riscos.
pdf Acesso em março de 2017.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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ANOTAÇÕES: ______________________________________________________________
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FUNDAMENTOS DA
ADMINISTRAÇÃO
127

9 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO

A disciplina de Introdução à Administração tem como objetivo apresentar os


principais fundamentos e conceitos da Administração a serem aplicados por diretores,
gerentes, coordenadores, supervisores em seu dia-a-dia, ou seja, é voltada a todos que
tenham como atividade a gestão de recursos físicos e de pessoas.

9.1 Administração: Definição e Contextualizaão

A palavra administração tem sua origem etimológica no latim, (ad- tendência,


direção para; e minister - aquele que serve ou ministra, subordinação ou obediência) com o
significado de "para servir", subordinação ou que presta serviço a outro.

Administração é uma atividade de natureza complexa que envolve a conjugação dos


esforços das pessoas, dentro das organizações, para que se atinjam os objetivos
estabelecidos para as mesmas, ao mesmo tempo em que se satisfazem as necessidades
humanas.

Pode-se, de forma objetiva e sintetizada, definir Administração como uma ciência


social, que reúne teorias e técnicas para a gestão de recursos humanos, naturais, financeiros
e informacionais. Tem por objetivo gerar riquezas e promover o desenvolvimento
econômico e de bem-estar da sociedade.

É uma ciência social aplicada porque estuda o comportamento da sociedade e dos


indivíduos que a compõem, pesquisando e analisando como ela se organiza e atua no
esforço de se desenvolver no aspecto socioeconômico.

Ao longo do século XX, houve notável desenvolvimento do conhecimento humano


com aplicação nas organizações. Os conceitos e práticas administrativas também evoluíram
nessa época. Dessa forma, é possível perceber que a administração é o espelho de sua
época.

9.2 Conceito de Organização

Organização é um termo que passou a ser utilizado há pouco. Seus primeiros


registros vêm do século XIX, principalmente da França. Mooney (1939) assim o
conceituaram: "É a forma de toda associação humana para consecução de certo objetivo
comum. No sentido formal, significa ordem; seu corolário, um procedimento sistemático.
Organização é esforço associado”.

A partir dessa definição, muitos autores desenvolveram seus conceitos e aplicações,


como Hampton (1992, p. 8): "Organização é uma combinação intencional de pessoas e de
tecnologias para atingir um determinado objetivo". Mais recentemente, Daft (2002, p. 11)
descreve organização como "entidades sociais que são dirigidas por metas, são desenhadas
como sistemas de atividades deliberadamente estruturados e coordenados e são ligadas ao
ambiente externo”.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


128

Observando esses conceitos, percebe-se que o termo organização é amplo e pode


conter vários sentidos. Etimologicamente, o termo organização vem da palavra grega
organon, que significa órgão, a qual se percebe sua aplicação para os órgãos (governos,
empresas e outros) criados pelos homens para desempenhar determinadas funções e atingir
objetivos definidos. As organizações são vistas como entidades sociais porque são
constituídas por pessoas e se voltam para atingir objetivos e alcançar resultados:
proporcionar lucros para as empresas ou satisfação social para os governos. São
estruturadas intencionalmente para dividir o trabalho, sendo que seu desempenho é papel
de seus membros. A palavra organização significa um empreendimento humano elaborado e
programado para atingir determinados objetivos.

Esse conceito se aplica a todos os tipos de organizações, sejam elas lucrativas ou


não, como empresas, governos, clubes, hospitais e outros.

9.2.1 Tipos de Organizações

Há muitas formas de se classificar as organizações. A seguir, é apresentada uma


classificação com base no domínio ou detenção do capital e sua aplicação:

 Organização pública: é a pessoa jurídica de capital público, instituída por uma


entidade estatal, visando ao bem comum. Em função do capital, o governo pode
criar empresas de capital público - como os Correios e a Caixa Econômica Federal -
e empresas de capital misto, nos quais uma parte do capital é de investidores
privados, cabendo ao Estado, por ser majoritária, sua direção - como ocorre com a
Petrobras e o Banco do Brasil, entre outras.

 Organização privada: é a empresa que tem como objetivo o lucro, formada por
empreendedores e investidores. De acordo com o aporte e objetivos, pode ser
individual, de responsabilidade limitada ou sociedade anônima (com ações na
bolsa de valores); dependendo da legislação, pode ter outras configurações;

 Organização e sociedade sem fins lucrativos: é qualquer associação formada pelo


capital de seus interessados ou associados, e que tenha finalidade de lazer,
assistencial ou outra, que não o lucro; assim, encontramos as ONGs (organizações
não governamentais), as igrejas, os clubes sociais e as sociedades beneficentes.
Diversas dessas organizações são também chamadas de terceiro setor não
confundir com setor primário (agricultura), secundário (indústria) e terciário
(serviços).

9.3 Evolução da Administração

O propósito de compreender a essência da evolução do pensamento administrativo


no passar dos anos, pelos estudos dos principais autores e suas teorias, é o de possibilitar
suas aplicações, devidamente contextualizadas às organizações da Sociedade do
Conhecimento, quando as circunstâncias assim determinarem.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


129

9.3.1 Primórdios

A Administração é a gestão de uma organização composta de indivíduos, aplicando


os recursos disponíveis com a finalidade de atingir determinados objetivos. Sempre foi assim
ao longo do tempo. Quando os homens se associavam, o responsável pela liderança
estruturava o grupo e dividia as atividades complexas em tarefas mais simples, a serem
executadas em determinado prazo.

Dos registros antigos, no livro da Bíblia chamado Êxodo, no capítulo 18, Jethro,
sogro de Moisés, teve uma função próxima a um consultor de administração, na concepção
contemporânea do termo, quando recomendou uma estrutura organizacional de sua tribo,
com a divisão de tarefas e de responsabilidades com chefes de mil, de cem, de cinquenta e
de dezenas de indivíduos.

Antes disso, os Sumérios, na Mesopotâmia, 5.000 a. C, registravam e dividiam suas


atividades comerciais. A construção das pirâmides no Egito certamente exigiu um processo
de planejamento e controle da execução sofisticado. Isso também foi necessário na
construção das Muralhas da China, onde também foi implantado um sistema de governo
para o império, chamado de Constituição de Chow (1.100 a.C.), que determinava os serviços
e os deveres de todos os servidores do imperador, desde o primeiro ministro até os criados
domésticos, além de estruturar o controle de arrecadação dos impostos e tributos, e suas
aplicações. Também na China, os oito regulamentos das Regras de Administração Pública de
Confúcio já estabeleciam a utilização de princípios para a gestão de um povo.

Na Grécia, diversos filósofos se preocuparam com a Administração como Sócrates,


que a considerou como habilidade pessoal associada ao conhecimento e à experiência.
Platão, em seu texto A República, propôs uma forma democrática de gestão de uma cidade.
Aristóteles, seu seguidor, escreveu A Política, que falava sobre a polis e distingue as
diferentes formas de gestão pública: a monarquia ou governo de um só, a aristocracia ou
governo da elite e a democracia ou governo do povo; salientando que as três formas
poderiam se deteriorar.

O Império Romano foi um grande exemplo da gestão organizada, pela sua


implantação das vias (estradas) que davam acesso à Roma, além do abastecimento pelos
aquedutos de coleta de distribuição de água e pela organização exemplar de seus exércitos,
que possibilitou sustentar o império por mais de mil anos.

Durante a Idade Média, surgiram as primeiras corporações com estruturas similares


às atuais empresas, exigindo conhecimento cada vez maior e preocupação com a
administração delas. Associados com o crescimento das cidades e o incremento do processo
de industrialização, promovida pela utilização de teares, metalurgia e, principalmente, a
máquina a vapor inventada por James Watt em 1776, foram desenvolvidos processos que
ampliavam a capacidade de produção de bens em série, aumentando a necessidade de
gestão.

A partir do final do século XVIII, a industrialização se disseminou no que se chamou


Revolução Industrial, despertando o interesse pelo maior aprofundamento e estudo da

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


130

Administração, proporcionando o desenvolvimento do pensamento sobre a gestão das


organizações.

A história da Administração como ciência inicia com uma abordagem técnica,


quantitativa e impessoal do trabalho e seus resultados, sem maiores considerações com o
ser humano que, em um movimento pendular e reacionário que vai ao outro extremo, é
sucedida por outra, em que privilegia o trabalhador e suas necessidades para, finalmente, se
equilibrar em uma visão sistêmica do todo, considerando todas as variáveis com as suas
devidas importâncias.

9.3.2 Abordagens Clássica e Científica

A Era da Industrialização, que provocou uma maior necessidade de gestão, teve


duas fases.

A primeira ocorreu entre 1780 e 1860. Foi considerada a fase do carvão e do ferro,
pois um era fonte energética e outro matéria-prima básica. Nesta época, os artesãos se
transformaram em operários, provocando grandes migrações para as cidades com
indústrias. Os transportes foram revolucionados com o vapor em trens, navios e veículos
terrestres, e as comunicações se transformaram com o telégrafo. A segunda fase, entre 1860
e 1919, teve a eletricidade e os derivados de petróleo como novas fontes energéticas e o aço
como nova matéria-prima; as máquinas utilizadas no processo de fabricação foram
automatizadas, exigindo operários mais especializados e menos braçais. As grandes
inovações da época foram o automóvel, o avião, o telefone e o rádio. O capitalismo se
consolidou com o surgimento das grandes corporações como a Ford, Standard Oil, United
States Steel, General Eletric, Siemens, Dupont, Volvo, Renault e outras.

Dentre os estudiosos, destaca-se Frederick Winslow Taylor (1856-1917), engenheiro


mecânico norte- americano que teve como foco principal o estudo do posto de trabalho, as
tarefas e a sua produtividade. Taylor foi um dos pioneiros da Administração Científica, com
seus estudos e publicação de livros, tais como Um Sistema de Pagamento por Peça (A Piece-
Rate System), em 1895; Administração de Oficinas (Shop Management), em 1903; e
Princípios da Administração Científica (The Principies of Scientific Management), em 1911.

As pesquisas de Taylor visavam eliminar os desperdícios e as perdas sofridas pelas


indústrias e, assim, elevar os níveis de produtividade, com a aplicação de métodos e técnicas
científicas. Efetuou estudos sobre racionalização do trabalho do operário mediante
observação dos tempos e movimentos das suas atividades, analisando cada tarefa e
decompondo seus movimentos e processos de trabalho, concluindo que o operário médio
produzia menos que potencialmente era capaz.

Propôs também a ampliação da tarefa de gestão, com a definição dos princípios de


administração do trabalho, estabelecendo a divisão de autoridade e responsabilidade dentro
da empresa e a distinção entre técnicas do trabalho e princípios da gestão.

No livro Princípios de Administração Científica, para a coerência da aplicação dos


seus enunciados, estabelece que a racionalização do trabalho operário deve ser

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


131

acompanhada de uma estruturação geral da empresa. Propõe substituir a improvisação e o


empirismo prático pela ciência, com a cooperação íntima da administração com os
trabalhadores.

Contemporâneo de Taylor, Henry Fayol (1841-1925), engenheiro de minas e teórico


de gestão, de origem francesa, nascido em Constantinopla, efetuou estudos com ênfase nas
organizações e sua estrutura como um todo, centrando a atenção no papel da gestão e nas
qualificações dos gestores. O seu trabalho foi importante por introduzir o papel dos gestores
como supervisores do trabalho dos subordinados e por analisar a forma mais eficaz para
uma empresa se organizar nos seus diversos níveis.

Fayol foi o pai da ideia da organização estrutural das empresas por funções,
identificando seis funções ou áreas básicas de uma empresa: produção, comercial,
financeira, contabilidade, administrativa e segurança. Estruturou as atividades gerenciais
em: Planejar, Organizar, Comandar, Coordenar e Controlar (POCCC).

Outro empreendedor da escola Clássica e Científica foi Henry Ford (1863-1947), que
foi seguidor de Taylor e aplicou a Administração Científica à linha de produção na indústria
automobilística, potencializando a produção em série. O seu primeiro carro, o modelo A,
construído em 1896, com 600 unidades vendidas no primeiro ano, viabilizou e deu origem à
sua empresa, em 1903. Em 1908, iniciou a fabricação do modelo T, que vendeu 15 milhões
de unidades entre 1908 e 1927. Os seus primeiros investimentos em internacionalização
foram na França (1908) e no Reino Unido (1911).

Concomitantemente, na Europa do início do século XX, surge a escola burocrática,


uma teoria administrativa paralela às demais, aplicada a organizações complexas, tais como
governos. Max Weber (1864-1920) foi seu grande representante, dando ênfase à
organização como um todo, buscando a racionalidade impessoal no sistema administrativo,
fundamentado nos tipos de relacionamentos humanos.

9.3.3 Abordagem Humanística e Comportamental

A abordagem humanística e comportamental da Administração, como reação à


ênfase anterior concentrada apenas nos aspectos técnicos e formais, enfatizou os aspectos
sociológicos e psicológicos do trabalho.

Essa abordagem privilegia o lado humano das organizações e nasceu como oposição
à visão mecanicista e operacional da abordagem Científica e Clássica, evidenciando a
existência de outros aspectos humanos do trabalhador, importantes para a produtividade
nas organizações.

Muitos autores consideram a Experiência de Hawthorne, de Elton Mayo (1880-


1949), como início da abordagem humanística e comportamental. Essa experiência consistiu
em uma pesquisa desenvolvida na fábrica da Western Electric Company, em Hawthorne
(Chicago-EUA), onde foram desenvolvidos os principais conceitos e fundamentos da escola
humanística. O principal objetivo desse estudo era estabelecer as ligações entre a motivação
e o resultado final do trabalho dos empregados, concluindo que fatores humanos

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


132

influenciam decisivamente no desempenho das tarefas.

Outros pesquisadores desenvolveram estudos com base nessas conclusões, dentre


eles destacam-se Abraham Maslow (1908-1970) e Douglas McGregor (1906-1964). Maslow
foi um psicólogo comportamental norte-americano, que ficou conhecido pela publicação da
Hierarquia das Necessidades Humanas, em 1943, estabelecendo a existência de uma
pirâmide de necessidades no ciclo de vida das pessoas, constituída por necessidades
fisiológicas (calor, abrigo, comida), de segurança, de socialização, de autoestima e de
autorrealização.

Douglas McGregor, nascido em Detroit, doutor em Psicologia por Harvard,


desenvolveu as teorias de motivação X e Y. A teoria X considera que as pessoas são
preguiçosas e necessitam de motivação, encarando o trabalho como um mal necessário para
ganhar dinheiro. A Y diz que as pessoas gostam, querem e necessitam trabalhar. O
argumento contra as teorias X e Y é o fato delas serem opostas e mutuamente exclusivas.
Para contornar isso, antes da sua morte, McGregor estava desenvolvendo a teoria Z, que
consolida as teorias X e Y nos princípios de emprego para a vida, preocupação com os
empregados, controle informal, decisões por consenso e bom fluxo de informações do
topo para baixo na hierarquia. O seu livro mais conhecido é O Lado Humano da Empresa
(The Human Side of Enterprise).

9.3.4 Abordagem Sistêmica e Contingencial

A escola científica ou clássica prega uma gestão que concebe o homem apenas
como peça de uma grande máquina, a empresa, através do uso racional da sua força de
trabalho. A escola burocrática foi caracterizada pela rigidez e a impessoalidade e, por outro
lado, a escola das relações humanas teve como fundamento as pessoas e as relações
humanas. Diante dessa ambiguidade, Amitai Etizioni, Blau e Scott, entre outros, criam uma
linha de pensamento para fazer a ligação entre as duas escolas, gerando o que alguns
autores chamam de Escola Estruturalista.

Essa linha de pensamento procurava utilizar os conceitos das escolas anteriores


para racionalidade da divisão do trabalho, considerando a existência de pessoas e grupos
informais; surge, a partir desses conceitos, a utilização do objetivo como fator agregador do
pensamento, que seria mais tarde plenamente utilizado pela Escola Neoclássica.

A Teoria Geral de Sistemas (TGS) foi lançada em 1937 por Ludwig Von
Bertalanffy (1901-1972), a partir da constatação de que certos princípios gerais e alguns
específicos eram válidos e aplicáveis a diferentes ramos da ciência. Essa teoria foi aplicada
na ciência da Administração na década de 1960, por sintetizar e integrar as teorias
anteriores. São pressupostos da TGS:

a) Há uma afinidade geral em tudo no sentido de integração científica, natural


e social.
b) Essa integração parece se basear numa Teoria Geral de Sistemas exata, nos
campos não físicos da ciência.
c) Com o desenvolvimento de princípios unificadores que atravessam

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


133

transversalmente o universo das ciências individuais, essa teoria contribui


para a unidade da ciência.
d) A TGS pode levar à integração, fundamental na educação científica.
(MAXIMIANO, 2006, p.354).

Nessa teoria, entende-se como sistema qualquer entidade, conceituai ou física,


composta de partes inter-relacionadas, interatuantes ou interdependentes, voltada a
realizar determinados objetivos.

A finalidade da TGS na Administração é o de detalhar o sistema organizacional


como um todo, com seu ambiente, sua finalidade, sua estrutura e os recursos disponíveis
para as ações empresariais.

O enfoque sistêmico considera três elementos interdependentes no esquema de


um sistema organizacional: entradas, processos e saídas, com realimentações (feedbacks) de
informações para aperfeiçoar o próprio funcionamento, cercados pelo meio ambiente,
provocando mudanças que afetam o sistema como um todo.

9.3.5 Administração Contemporânea

Atualmente, o estudo da ciência da Administração abrange um imenso leque de


setores e ramos de atuação das organizações, analisando e propondo soluções para seus
diferentes aspectos e peculiaridades. Dentro da visão sistêmica em um ambiente altamente
diversificado, surgem diversos pesquisadores especializados e generalistas atuais, como
Peter Ferdinand Drucker (1909-2005), filósofo e administrador austríaco. Ele é o principal
pensador das teorias da Administração no século XX e início do XXI, considerado o pai da
Administração Moderna. Sua obra é abrangente, tendo escrito sobre tudo o que os
executivos fazem, pensam e enfrentam, sendo discutida, analisada, estudada nas empresas
e nas universidades. Doutor em Direito Público e Internacional na Universidade de Frankfurt
(Alemanha), Drucker dividiu o trabalho dos gestores em seis tarefas: definir objetivos,
organizar, motivar, comunicar, avaliar e desenvolver pessoas.

Escreveu o primeiro livro, O Conceito de Corporação (Conceptofthe Corporation),


em 1946, baseado em estudos sobre a General Motors, mas foi com Prática da
Administração (The Pratice of Management), em 1954, que propôs a gestão como disciplina.

Com o livro A Era da Descontinuidade (The Age of Discontinuity), publicado em


1969, profetizou a chegada dos trabalhadores do conhecimento. Todas as teorias da
administração atuais partem da obra de Drucker, mesmo após ele declarar em 1995: "a
maioria das organizações está sendo administrada de modo muito similar ao que eram
quando comecei a estudá-las pela primeira vez. Possuímos muitos instrumentos novos, mas
poucas ideias novas" (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2006. p. 237).

Foi um escritor profícuo, destacando e firmando a importância histórica da


Administração nos seus livros mais recentes: Desafios Gerenciais para o Século XXI,
Administrando em Tempos de Grandes Mudanças e Sociedade Pós-Capitalista. Nos últimos
anos, dedicou-se ao tema da gestão de organizações não lucrativas, pois declarava que, em

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


134

última instância, é a visão e a responsabilidade moral que definem o administrador. Drucker


considerava que o administrador do futuro deve ser capaz de:

a) Administrar por objetivos;


b) Assumir maiores riscos e por um período mais longo. c) Tomar decisões
estratégicas;
d) Formar uma equipe integrada, com membros que tenham a capacidade de
administrar e medir seu próprio desempenho e os resultados em relação aos
objetivos comuns;
e) Comunicar informações de forma rápida e clara;
f) Enxergar a empresa como um todo e de integrar sua função nesse contexto total;
g) Conhecer diversos produtos de diferentes setores.

9.4 Os Novos Paradigmas da Sociedade do Conhecimento

As tecnologias de informações digitais geram novos negócios e moldam o cenário


econômico atual, com a computação e telecomunicação permeando todas as atividades
humanas, desde a popularização da telefonia, da televisão e da fotografia até a
democratização de acessos à própria informação promovida pela internet, possibilitada pela
convergência dessas tecnologias.

Essa convergência de tecnologias de computação e de telecomunicação e suas


diferentes combinações resultam em ferramentas que amplificam o poder da inteligência
individual e coletiva que, somadas à enorme facilidade de armazenamento e acesso a
informações, aceleram o ciclo virtuoso de geração de novos conhecimentos.

Esse cenário atual de mudanças constantes de contextos político, social, tecnológico


e econômico, obriga os indivíduos e empresas a um aprendizado permanente, somente
viável mediante o uso das próprias tecnologias digitais que originaram esse estado de coisas.

Surgem, então, os novos paradigmas que norteiam indivíduos, empresas e nações,


na Sociedade do Conhecimento:

 Agilidade: todos os acontecimentos se sucedem em velocidade muito superior às


épocas anteriores, muitas vezes de forma simultânea, o que exige uma agilidade
de decisão e ação cada vez maiores;
 Flexibilidade: as estruturas não perduram muito tempo, devido à necessidade de
adaptação a novos contextos e exigência de mercado;
 Qualidade: os níveis de exigência do mercado e dos consumidores crescem com a
comparabilidade possibilitada pela disseminação de informação;
 Produtividade: é obrigatório produzir mais com cada vez menos, decorrente da
competitividade de mercados, reflexo da diminuição de distâncias e barreiras e
pelo próprio aumento quantitativo da população mundial.

9.5 O Papel das Organizações na Nova Economia

Para assegurarem sua própria sobrevivência e desenvolvimento, as empresas e

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


135

organizações moldam-se a essa nova realidade dinâmica e multidimensional, formulando


objetivo que extrapolam o simples resultado econômico-financeiro e desempenhando
importantes papéis nos aspectos técnicos, sociais e até políticos da sociedade.
9.5.1 Aspecto Técnico-científico

A pesquisa e o desenvolvimento científico, antes restritos às instituições superiores


de pesquisa e ensino, são patrocinados ou efetuados pelas próprias empresas, pela urgência
em obter diferenciais que lhes promovam a competitividade.

9.5.2 Aspecto Social

A responsabilidade social e ambiental passa a ser uma prioridade das empresas que
buscam a permanência em seus mercados de atuação, pois a consciência das pessoas com
que se relacionam aumentou, e elas não admitiriam empresas predadoras, poluidoras e
irresponsáveis com o meio ambiente.

9.5.3 Aspecto Político

O poder das organizações e empresas, como agentes de desenvolvimento e de


bem-estar de uma comunidade em que atuam ou venham a atuar, confere-lhes uma
importância política ímpar, com responsabilidade direta sobre índices econômicos e sociais
de uma comunidade e até mesmo de nações.

9.6 O Processo Administrativo

De acordo com Cruz (2002 apud GUIO, 2006), o conceito de qualidade não era uma
preocupação das organizações. A preocupação maior era produzir e consumir os bens
produzidos. Na década de 1980, a partir dos conceitos aplicados por Edwards Deming,
estudioso e estatístico americano, o cenário passou a mudar: a qualidade começou a ser
empregada no contexto organizacional de produção e prestação de serviços.

Nos dias atuais, “as empresas além de buscar a melhoria de seus processos, contam
também com as entidades e organizações especializadas em certificá-las e enquadrá-las
como possuidoras de todos os requisitos necessários às empresas voltadas e preocupadas
com si mesmas, que possuem a expressão ‘qualidade’ integrada em toda a estrutura
organizacional” (GUIO, 2002, p. 08). A padronização das rotinas e processos torna as
empresas mais competitivas e rentáveis.

 Processos:

Há várias definições sobre processos. De acordo com os autores, processo é


entendido como:
[...] a forma pela qual um conjunto de atividades cria, trabalha ou transforma
insumos (entradas) agregando-lhes valor, com a finalidade de produzir bens
ou serviços, com qualidade, para serem entregues a clientes (saídas), sejam
eles internos ou externos (CRUZ, 2002, p. 84 apud GUIO, 2006, p. 16).

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


136

[...] uma série sistemática de ações direcionadas para a consecução de uma


meta. A definição genérica aplica-se a um processo em todas as funções,
relacionadas com a fabricação ou não. Também inclui as forças humanas
assim como as instalações físicas (JURAN, 1992, p. 197 apud GUIO, 2006, p.
17).

[...] um conjunto estruturado de atividades sequenciais que apresentam


relação lógica entre si, com a finalidade de atender e, preferencialmente,
suplantar as necessidades e as expectativas dos clientes externos e internos
da empresa (OLIVEIRA, 2006, p. 8 apud GUIO, 2006, p. 17).

Em resumo, processo é qualquer fenômeno que apresente mudanças contínuas no


tempo, provocando a dinamicidade dos acontecimentos e das relações. Deve ser móvel, não
tendo começo, nem fim, muito menos uma sequência fixa de eventos. Os tipos de processos
podem ser:

a) primários: aqueles que tocam o cliente;


b) de apoio: os processos de apoio são aqueles que colaboram com os processos
primários na obtenção do sucesso junto ao cliente; e,
c) gerenciais: aqueles que existem para coordenar as atividades de apoio e dos
processos primários.

Há ainda os processos industriais, que são aqueles que transformam matéria-prima


em produtos. Autores como Oliveira (2006 apud GUIO, 2006) advogam que há também o
processo de melhoria contínua, apoiado em duas sustentações básicas:

a) tornar os processos administrativos cada vez mais capazes de gerar produtos e


serviços que atendam às crescentes exigências do cliente externo e interno; e,
b) ajustar continuamente os padrões de qualidade.

 Mapeamento de processos:

O aumento na produção, o aumento dos funcionários, a geração de novos cargos,


novos conhecimentos, o aumento na carteira de clientes são fenômenos que ocorrem em
função do crescimento da empresa. Neste sentido, observa-se sempre um aumento de
processos, exigindo mais planejamento, organização, direção e mais controle, com mais
eficácia.

Na busca pela competitividade, as empresas precisam primar pela correta utilização


dos recursos dos quais dispõem, com vista a evitar o desperdício. Ou seja, é necessário que
elas sejam eficazes, eficientes e mantenham seus processos focados na geração de valor, a
partir dos seus produtos e serviços.

Uma das ferramentas mais utilizadas para este fim é o mapeamento de processos,
cujo objetivo é identificar as entradas, saídas e as tarefas realizadas em cada processo,
permitindo melhor acompanhamento dos recursos necessários à produção dos serviços e
produtos, com os resultados desejados.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


137

É necessário conhecer a fundo os processos da organização, de modo a perceber


claramente as relações entre eles, evitando retrabalhos, os ruídos na comunicação, e que os
problemas que forem identificados e sejam corrigidos em tempo hábil, evitando maiores
desgastes e prejuízos.

O mapeamento de processos não está voltado apenas a grandes organizações.


Muitas empresas de médio e pequeno porte também podem se beneficiar do uso desta
ferramenta, visto que esta prática aperfeiçoa as atividades, maximiza o valor agregado e,
consequentemente, promove o aumento dos lucros do negócio.

9.6.1 Planejamento, Organização, Direção e Controle

O advento da globalização ampliou a necessidade de um bom relacionamento entre


a organização e o seu ambiente externo. É cada vez mais evidente seu o interesse em se
estruturar melhor, em reduzir a hierarquia, corrigir distorções, adequar os custos em
consonância com a qualidade dos produtos e serviços.

Figura 1 - Mapeamento dos processos

Fonte: Elaborada pelo autor (2017)


Deste modo, como ilustra a Figura 1 (9), é primordial que se faça um planejamento,
definindo objetivos, escolhendo o melhor curso de ação para alcançá-los. Com base num
planejamento bem elaborado, a organização saberá aonde quer chegar, o que e quando
deve ser feito, em que sequencia, utilizando de técnicas específicas e expertises dos seus
colaboradores.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


138

É importante considerar que as organizações devam ser flexíveis, se adaptando às


mudanças de ambientes externos, levando em consideração o mercado de mão de obra, os
fornecedores, o sistema financeiro, os sindicatos, a concorrência, a comunidade, a
tecnologia e, principalmente, os consumidores dos serviços.

Para entender o planejamento, é preciso considerar algumas definições, tais como


objetivos, que são o alvo que se pretende atingir, e meta, que diz respeito ao objetivo
quantificado, com prazo de duração.

Desta forma, é possível considerar que Planejamento significa:

a) a formulação sistemática de objetivos e ações alternativas;


b) o respeito a implicações futuras de decisões presentes;
c) a definição dos objetivos e escolha antecipada do melhor curso de ação para
alcançá-los.

Cabe salientar que deve ser feita a diferenciação entre planejar e improvisar dentro
das organizações. Planejar é a elaboração de um esquema para agir e alcançar o objetivo
proposto. Improvisar é agir ao acaso.

Neste sentido, observam-se dois tipos de organizações: a primeira, com alta


capacidade de planejar, praticamente não terá necessidade de improvisar. A segunda, com
baixa capacidade de planejar, certamente terá grande necessidade de improvisar.
Entretanto, as empresas não podem trabalhar na base da improvisação.

 As etapas do planejamento:

A seguir, são descritas as etapas do planejamento, as quais são ilustradas pela figura
2.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


139

Figura 2 (9)- Etapas do planejamento

Fonte: Elaborada pelo autor (2017)

O planejamento possui três etapas, conforme se pode observar na ilustração


apresentada pela Figura 2 acima. Cada uma delas será descrita a seguir.

 Estabelecimento dos objetivos:

O planejamento se dá a partir da definição dos objetivos e a elaboração dos planos


de ação para alcançá-los. Objetivos são resultados previamente estabelecidos, que devem
ser atingidos em certo período de tempo (metas), ou ainda são pretensões futuras que, uma
vez alcançadas, deixam de ser objetivos e se tornam realidade.

Os objetivos são observados em relação ao tempo, a sua hierarquia e aos seus


desdobramentos. Em relação ao tempo, os objetivos podem ser: imediatos, acessíveis e
imaginários. Quanto mais os objetivos se distanciam no tempo, mais se tornam imaginários.

À medida que o tempo passa e os objetivos imediatos vão sendo alcançados, os


objetivos acessíveis tornam-se imediatos e os objetivos imaginários tornam-se acessíveis,
havendo uma contínua evolução dos objetivos que vão sendo redefinidos à medida que são
alcançados.

Quanto à hierarquia, se refere ao fato de as empresas desejarem alcançar vários


objetivos ao mesmo. Neste caso, é preciso estabelecer a hierarquia dos objetivos, elencando
da seguinte forma: os mais importantes e predominam sobre todos os outros objetivos, e os
objetivos de cada divisão predominam sobre os objetivos de cada especialista. Os objetivos

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


140

maiores impõem-se aos objetivos específicos.

Os desdobramentos dos objetivos surgem em consequência das hierarquias. Estes


podem ser fixados pela empresa em políticas organizacionais, diretrizes, metas, programas,
procedimentos, métodos e normas. Com base nos objetivos almejados, a organização define
a estratégia para alcançá-los. Tais estratégias são definidas como o conjunto de objetivos,
finalidades, metas, diretrizes fundamentais e de planos, que são postulados para definir a
situação em que a organização se encontra e que tipo de organização ela é ou deseja ser.

Em conjunto com os objetivos, a estratégia descreve um conceito do campo de


atuação da organizando, especificando o volume, a área e as direções para o crescimento, os
principais pontos fortes e as metas. Ambos definem, ainda, as políticas e seus
desdobramentos em diretrizes, bem como as metas dos vários departamentos, programas,
procedimentos, métodos e normas da organização, como ilustra a Figura 3 a seguir.

Figura 3- Desdobramentos dos objetivos e estratégias do planejamento

Fonte: Elaborada pelo autor (2017)

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


141

Para o estabelecimento dos objetivos observam-se os seguintes princípios:

a) comunicação total: os objetivos devem ser comunicados a toda empresa, e todos


os níveis hierárquicos devem conhecê-los e compreendê-los e saber a sua
participação relativa quanto ao alcance deles;
b) coerência vertical: o objetivo de um nível deve ser aquele que torne mais
provável, mais fácil e econômica a realização do objetivo organizacional
imediatamente superior; e,
c) coerência horizontal: deve haver harmonia e coerência entre os objetivos dos
órgãos situados no mesmo nível organizacional, para evitar conflitos ou
incompatibilidades.

 Tomada de decisão:

O planejamento é um processo que, a partir da fixação dos objetivos a serem


alcançados, determina o que se deve fazer, quando e quem deve fazê-lo e de que maneira. É
importante observar que, embora todo planejamento seja um processo de tomada de
decisão, toda decisão não é necessariamente um planejamento.

As principais características para a tomada de decisão estão ilustradas na Figura 4 a


seguir.

Figura 4 - Características para a tomada de decisão

Fonte: Elaborada pelo autor (2017)

São observados quatro métodos utilizados no processo de decisão, como ilustra e


define a Figura 5 a seguir.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


142

Figura 5 - Métodos utilizados no processo de decisão

Fonte: Elaborada pelo autor (2017)

Qualquer que seja o método utilizado, o importante é a predição das consequências


possíveis das decisões a serem tomadas, a avaliação e a comparação de tais consequências,
para que a melhor alternativa possa ser escolhida.

 Elaboração de planos de abrangência do planejamento:

Tal como a hierarquia dos objetivos, existe a hierarquia do planejamento. Os níveis


do planejamento podem ser: estratégico, tático e operacional.

O planejamento estratégico é o planejamento mais amplo e abrangente da


organização, situando-se no topo da hierarquia empresarial. Suas principais características
são:
a) é definido no nível institucional e corresponde ao plano maior ao qual todos os
demais estão subordinados;
b) é projetado em longo prazo, com efeitos e consequências estendidos por vários
anos; e,
c) envolve a empresa como um todo, abrangendo seus recursos e áreas de
atividade, e preocupa-se em atingir os objetivos no nível organizacional.

O planejamento tático é aquele feito no nível departamental, tendo como


características: objetivos departamentais.

Por fim, o planejamento operacional é aquele feito no nível operacional tendo


como características:

a) definido para cada atividade ou tarefa, sempre no nível operacional;


b) é projetado sempre no curto prazo ou imediato; e,

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


143

c) envolve cada tarefa ou atividade isoladamente, preocupando-se com o alcance


de metas específicas.

 As principais técnicas relacionadas ao planejamento:

As principais técnicas utilizadas na elaboração do planejamento são:

a) cronograma: trata-se de um gráfico de planejamento e controle, que apresenta


início e o término de cada evento de um processo operacional dentro dos
períodos de tempo considerados, permitindo a sincronização dos tempos dos
vários eventos de um processo de maneira simples, por meio de simples traços
cheios (o que foi planejado) ou pontilhados (o que foi realizado);
b) gráfico de Gantt: relaciona a atividade ao tempo de uma maneira muito
semelhante àquela observada na descrição do cronograma. A técnica para sua
elaboração consiste em segmentar cada atividade em seus componentes críticos
e listá-los e apresentá-los graficamente em função do tempo; e,
c) método Pert: técnica de revisão e avaliação de programas. O método é baseado
em cinco elementos principais: rede, alocação de recursos, considerações de
tempo e de custo, rede de caminhos e caminho crítico.

 Princípios de administração aplicados ao planejamento:

Dentre os vários princípios de administração aplicados ao planejamento, podemos


elencar dois dos mais importantes, a saber:
a) princípio da definição do objetivo: uma vez fixados os objetivos, a finalidade da
organização é fazer com que estes sejam atingidos da forma mais eficiente e
econômica. Neste sentido, torna-se primordial a necessidade de estabelecer, de
forma clara, os objetivos que se pretende alcançar;
b) princípio de flexibilidade do planejamento: é sabido que o planejamento é
permanente e aplicável tanto para atividades que ainda não estejam em
funcionamento quanto para aquelas que já estão funcionando. Portanto, este
deve ser flexível, uma vez que sua execução poderá mostrar certas falhas
imprevistas que poderão ser corrigidas no decorrer do seu desenvolvimento.

 Características do planejamento:

O planejamento tem como características principais, segundo os autores citados


nesta disciplina:

 É um processo permanente e contínuo. Alguns autores afirmam que é muito mais


uma questão de mentalidade voltada para o futuro, do que um elenco de planos e
programas de ação.
 É sempre voltado para o futuro.
 Visa à racionalidade da tomada de decisão.
 Visa selecionar entre várias alternativas um curso de ação, que pode ter duração
variável, mas sempre sua escolha deve ser baseada tanto em função das
consequências futuras como em função das possibilidades de sua execução e

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


144

realização.
 É sistêmico, e deve considerar tanto o sistema como os subsistemas que o
compõem. Deve considerar a totalidade da empresa, do órgão ou da unidade para
o qual foi feito, sem omitir os relacionamentos internos e externos.
 É interativo, envolve passos ou fases que se sucedem. O planejamento deve ser
interativo e flexível, pois pressupõe avanços e recuos, alterações e modificações
em função dos eventos novos e inesperados que ocorrem, tanto no ambiente
interno como no ambiente externo da empresa ou da unidade.
 É uma técnica de alocação de recursos. Visa definir de forma antecipada e
estudada a alocação de todos os recursos disponíveis da empresa ou da unidade.
 É uma técnica cíclica. À medida que o planejamento é executado torna-se
realidade, e possibilita a avaliação e mensuração para novos planejamentos com
informações e perspectivas mais seguras e corretas.
 É uma função administrativa que interage com as demais.
 É uma técnica de coordenação e integração. Permite a coordenação, sincronização
e integração de várias atividades para a consecução dos objetivos definidos.
 É uma técnica de mudança e inovação. O planejamento é uma das melhores
maneiras de se introduzir mudanças e inovação em uma empresa, sob uma forma
previamente definida e devidamente programada para o futuro.

9.6 Ferramentas para Revisão de Processos, Controle e Estratégia

Várias são as ferramentas para a revisão de processos, controle e estratégia da


organização, tais como reengenharia, downsizing, benchmarking e Balanced Scorecard,
acerca dos quais trataremos a seguir.

 Reengenharia:

A reengenharia consiste no uso intensivo das tecnologias de informação para a


revisão de todos os processos da empresa, redesenhando-os ao invés de automatizá-los. O
objetivo desta ferramenta é reformular a maneira de conduzir os negócios. Foi proposta na
década de 1980, por Michael Hammer, e divulgada em seu livro Reengineering the
Corporation (1993), em parceria com James Champy, em que se propõe uma metodologia de
implantação da reengenharia.

Houve muitas críticas relativas à sua radicalização de mudanças, especialmente ao


uso destas para simplesmente baixar custos, levando, muitas vezes, à perda de identidade e
desestabilização da organização. No entanto, foi considerada válida na proposição do
redesenho dos processos, contanto que aplicada de forma gradual.

 Downsizing:

Este foi um conceito inicialmente proposto para a área de informática, propondo a


substituição do uso de grandes e dispendiosos computadores (mainframes), por redes
interconectadas de servidores e microcomputadores, que proporcionariam mais agilidade
aos sistemas de informações e reduziriam custos da área.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


145

Esse conceito foi estendido e aplicado para as empresas e organizações em geral,


propondo desmembrar grandes estruturas empresariais, lentas e dispendiosas, em
pequenas unidades de negócios de operação menos custosa e mais ágil, adequada à
realidade atual.

 Benchmarking:

O conceito de benchmarking, concebido na Xerox, em 1979, consiste na pesquisa e


avaliação sistemáticas das melhores práticas utilizadas pelos líderes de mercado, cujo
objetivo é o aprimoramento e redesenho do processo produtivo, no intuito de aumentar sua
qualidade e produtividade.

A prática da simples cópia ou mesmo de troca mútua de experiências positivas,


criando padrões de excelência, cresce em todos os ramos de atividades empresariais,
impulsionada pelo incremento de competitividade e de exigência dos mercados
consumidores.

 Balanced Scorecar (BSC):

Conceitualmente, o Balanced Scorecard, também conhecido como BSC, é uma


ferramenta de gestão que auxilia as organizações a traduzir seus objetivos (estratégia) em
objetivos operacionais que direcionam comportamento e desempenho.

Este conceito foi concebido por David Norton e Robert Kaplan (professores da
Harvard Business School) e surgiu em princípios da década de 1990, a partir da percepção de
que os modelos de gestão anteriores contemplavam somente indicadores financeiros,
mostrando-se, assim, incapazes de refletir as atividades criadoras de valor relacionadas com
os ativos intangíveis de uma organização em relação ao novo cenário econômico. Outro
ponto de percepção foi de que indicadores financeiros refletiam resultados defasados e não
comunicavam projeções de desempenhos futuros estimados, mediante investimentos em
clientes, fornecedores, funcionários, tecnologia e inovação.

A sigla BSC, traduzida, significa Indicadores Balanceados de Desempenho, e


pressupõe que a escolha dos indicadores para a gestão de uma empresa não deve se
restringir a informações econômicas ou financeiras. É necessário monitorar, juntamente com
resultados econômico-financeiros, desempenhos de mercado junto aos clientes,
desempenhos dos processos internos e pessoas, inovações e tecnologia. Isto porque a
somatória das pessoas, tecnologias e inovações, se bem aplicadas aos processos internos das
empresas, alavancará o desempenho esperado no mercado junto aos clientes e trará à
empresa os resultados financeiros esperados. Aqui, vale ressaltar, para que possamos
quebrar alguns mitos sobre o Balanced Scorecard, que:

O BSC não:

 É um novo sistema de indicadores financeiros;


 Fornece um diagnóstico operacional;
 Gera a estratégia empresarial;

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


146

 É um projeto único;
 É um sistema de informática adequado... Que opera automaticamente.

Na realidade, o BSC:

 É um instrumento para suportar a gestão;


 É um processo para efeitos gerenciais;
 Contribui para a transparência sobre as informações de gerenciamento;
 É um instrumento para concretizar e comunicar a estratégia;
 Somente alcança seu potencial integral se receber vida por meio de um suporte
contínuo da liderança da organização.

Como um processo vivo de aprendizado, este modelo vem se aperfeiçoando ao


longo dos anos e se tornando um referencial para a mensuração do desempenho e da gestão
da estratégia das organizações privadas e públicas.

 A estrutura conceitual do BSC:

A concepção do Balanced Scorecard está centrada em permitir que as organizações


tornem-se Orientadas à Estratégia. Com base neste desafio, cinco princípios permitem que o
foco e o alinhamento estratégico sejam mantidos, embora as realidades, desafios, ritmos e
sequência das organizações sejam diferentes. São eles:

 Traduzir a estratégia em termos operacionais – de modo que todos possam


entendê-la.
 Alinhar a organização à estratégia – a partir do envolvimento e comprometimento
de todos.
 Transformar a estratégia em tarefa de todos – por meio da contribuição pessoal
para a implementação da estratégia.
 Converter a estratégia em processo contínuo – por meio do aprendizado e de
revisões contínuas da estratégia.
 Mobilizar a mudança por meio da liderança executiva – para promover a
transformação.

Para se entender melhor como se dá esse processo de tornar uma Organização


Orientada à Estratégia, podemos detalhar um pouco mais um dos primeiros princípios, que
trata da tradução da estratégia.

O BSC, portanto, a partir de uma visão integrada e balanceada da empresa, permite


descrever a estratégia de forma clara, mediante objetivos estratégicos em quatro ou mais
perspectivas (financeira, clientes, processos internos, aprendizado e crescimento, inovação,
meio ambiente), sendo todos eles relacionados entre si a partir de uma relação de causa e
efeito. Além disso, o BSC promove o alinhamento dos objetivos estratégicos com indicadores
de desempenho, metas e projetos. Dessa maneira, é possível gerenciar a estratégia de forma
integrada e garantir que os esforços da organização estejam direcionados para a ela.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


147

Nenhuma perspectiva do BSC pode ser vista de forma independente e a ordem é


relevante, mostram o desempenho e os resultados em toda a organização.

Fazendo uma analogia, as perspectivas do BSC poderiam ser representadas por uma
árvore, na qual se busca ter cada vez mais o solo fértil e adubado (perspectiva de
aprendizado e crescimento), para que a planta tenha um tronco forte e saudável
(perspectiva de processos internos), a fim de que os nutrientes sejam levados a todos os
galhos necessários desta árvore (perspectiva de clientes), gerando frutos vistosos
(perspectiva financeira) e atingindo, assim, o seu propósito (visão).

9.7 Técnica e Instrumentos para Levantamento de Dados

A técnica mais empregada para levantamento de dados nas organizações é a


pesquisa, que se trata de um diagnóstico que visa à geração de informação válida, a criação
de condições de escolha livre e informada e de comprometimento interno.

A informação válida é aquela necessária à compreensão dos fatores relevantes, que


deve ser disponibilizada e compreendida por todas as partes envolvidas, para ser usada
eficazmente. Na escolha livre, esta informação é utilizada para resolução do problema, de
modo que a decisão tomada é implementada e o problema não reincide. O grau de
comprometimento interno pode ser avaliado pelo aumento da eficácia na resolução de
problemas, na tomada de decisões e na sua implementação.

A pesquisa pode ser quantitativa, utilizada em situações nas quais se pretende


validar estatisticamente uma hipótese sem, necessariamente, entender as motivações por
traz das respostas, ou qualitativa, que é um método de investigação científica focado no
caráter subjetivo do objeto analisado, estudando as suas particularidades e experiências
individuais. A pesquisa qualitativa considera a necessidade de obtenção de informações
acerca da percepção dos atores internos e externos sobre o desempenho e as necessidades
da organização.

As pesquisas, tanto qualitativa como quantitativa, se utilizam de instrumentos, tais


como questionários, entrevistas (estruturadas ou semiestruturadas) e observação direta.

 Questionários:

Esta técnica se baseia na formulação, por escrito, de uma série de perguntas


objetivas e padronizadas a serem respondidas por um grupo de pessoas.

O questionário deverá ser utilizado quando:

 Número de pessoas a serem inquiridas for elevado;


 Levantamento de dados tiver que ser feito em locais distantes e diversificados;
 Em casos de consultas a documentos para complementação;
 Os dados forem tabuláveis.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


148

As perguntas destes questionários poderão ser abertas ou fechadas. Quando


abertas, representam questões de raciocínio aberto, relativamente livres, na forma de
resposta por parte do pesquisado. É importante salientar que, nestes casos, este tipo de
coleta pode dificultar a tabulação dos dados. Em caso de perguntas fechadas, exigem-se
respostas diretas, geralmente com poucas palavras, inclusive do tipo sim/não e de múltipla
escolha.

 Entrevistas:

Caracteriza-se pela obtenção de informações por meio do contato direto, diálogo


entre o pesquisado e o pesquisador, seguindo-se um roteiro previamente estabelecido.

A entrevista permite que o entrevistado apresente críticas/sugestões para melhorar


o desempenho da organização, além de expor as suas ideias oralmente e em clima informal.

Esta técnica permite que o entrevistador obtenha uma visão geral acerca dos
problemas e novas diretrizes da empresa, especialmente quando a entrevista é dirigida à
alta administração. Além disso, é possível ao entrevistador corrigir falhas ocorridas durante a
observação preliminar da empresa.

 Observação direta:

É a técnica de levantamento de dados, mediante constatação dos fenômenos


relativos ao desenvolvimento do trabalho, no próprio local de execução. A observação
pessoal é muito útil para confirmação de informações, obtidas por meio de outros
instrumentos.

9.8 Organograma

Basicamente, uma organização se divide, enquanto função, entre: função comercial,


técnica, financeira e de contabilidade.

Santos (2013) afirma que uma técnica comumente usada é a construção de


organogramas, que identificam os departamentos da empresa e seus respectivos níveis
hierárquicos, conforme ilustra a Figura 6 a seguir.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


149

Figura 6 - Organograma de uma empresa

Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em Santos (2013)

9.9 Exercício Proposto

 Estudo de Caso – Conselho de Jetro:

A época é o século XIV A.C. liderados por Moisés, cerca de 600.000 hebreus saíram
do Egito e estão indo em direção à Terra Prometida já faz algum tempo. Ontem, houve uma
batalha contra os amalequitas. Moisés está muito cansado, porque teve que ficar o tempo
todo em cima de uma colina, segurando o cajado no alto, para que os hebreus vencessem a
batalha. Ainda bem que Arão e Hur estavam lá para ajudá-lo, segurando seus braços.

Hoje, Moisés está recebendo a visita de Jetro, seu sogro. Não tem muito tempo
para alar com ele, pois fica de manhã até a tarde recebendo pessoas do povo, que ficam
numa fila aparentemente interminável. Aliás, Moisés resolve todos os problemas que lhe são
trazidos pelas pessoas.

Bem no final da tarde, Jetro leva Moisés até o alto da colina, onde podem conversar
sem ser incomodados.

_Moisés – pergunta Jetro, por que você tem que ficar julgando pessoalmente todos
esses casos que lhe são trazidos? O que querem todas essas pessoas?
SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV
150

_Bem, Jetro, as pessoas querem ouvir de mim a interpretação da vontade e das leis
de Deus.

_Desse jeito, você fica sem tempo para cuidar das questões realmente importantes.
Por que você não manda outros fazer esse serviço? Já pensou se todo mundo quiser falar
com você?

_Ora, Jetro, esse é o meu serviço. E, depois, já imaginou se outros fizerem algo
errado?

_Isso não deve preocupá-lo, Moisés. Escolha pessoas competentes e crie um


sistema hierárquico. Forme grupos de 10 assistentes para falar diretamente com o povo.
Para cada 10 grupos de 10 assistentes, designe um feitor. Ele será responsável pela análise
dos casos que os assistentes não souberem resolver. Para cada grupo de 10 feitores, indique
um supervisor. Esse será o chefe de 100. O supervisor resolverá os problemas que os feitores
não souberem resolver. Finalmente, para cada grupo de 10 supervisores, indique um chefe,
o chefe de 1000. Ele resolverá os problemas que os supervisores não souberem resolver.
Assim, você só terá que se ocupar com os problemas que os chefes de 1000 não
conseguirem solucionar. Isso vai deixar tempo para que você cuide do que é realmente o
trabalho de um líder.

_ Jetro, quem diz que eles serão capazes de resolver problemas?

_Moisés, treine esse pessoal. Ensine-lhes a lei e dê-lhes as diretrizes para aplicá-la.
Faça- os responsáveis. Avise a todos, que de agora em diante, eles deverão ser procurados.
Aprenda a delegar, Moisés.

_E como fazer a escolha?

_Procure alguns que você sabe que são mais competentes. Peça ao povo que eleja
outros e forme a equipe dessa maneira.

_Jetro, seguirei seu conselho, mas ainda tenho receios. E se eles não aceitarem essa
responsabilidade?

_Ora, Moisés, você conversa com Deus de vez em quando, ou pelo menos é o que
você diz. Ele saberá aconselhá-lo melhor.
No dia seguinte, Jetro, o primeiro consultor de executivos da História, voltou para
casa.

 Questões:

1- Em essência, o que Jetro recomendou a Moisés?


2- Quais as condições para que as recomendações de Jetro funcionem?
3- Você concorda com as recomendações de Jetro ou tem alternativas?
4- Você acha que algumas pessoas recusariam a responsabilidade de auxiliar
Moisés? Ou ficaria somente com os que aceitassem?

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


151

5- Em sua opinião, a recomendação continua atual?


6- Depois de tantos séculos passados desde àquela tarde na colina do deserto,
muitos executivos ainda não sabem, não conseguem ou não querem delegar. Por
quê?
7- Construa o “esquema” proposto por Jetro.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


152

REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, I. Teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Editora Campos, 2001.

MAXIMIANO, A. C. A. Fundamentos da administração. São Paulo: Editora Atlas, 2007.

D’ASCENSÃO, L. C. M. Organização, sistemas e métodos. São Paulo: Editora Atlas, 2007.

SANTOS, R. da C. Manual de gestão empresarial. São Paulo: Editora Atlas, 2006.

SANTOS, A. A. dos. Rotinas administrativas. Portal Casa da Consultoria, 25/03/2013.


Disponível em: http://casadaconsultoria.com.br/rotinas-administrativas/ Acesso em
março de 2017.

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ANOTAÇÕES: ______________________________________________________________
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MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


LIDERANÇA E
EMPREENDEDORISMO
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10 LIDERANÇA E EMPREENDEDORISMO

O termo ‘Empreendedorismo’ é um neologismo derivado da livre tradução da


palavra entrepreneurship. Embora tenha se popularizado a partir da importação do inglês,
sua origem está na língua francesa, entrepreneur, palavra usada no século XII para designar
aquele que incentivava brigas. No final do século XVIII, ap33-5licava-se àquela pessoa que
criava e conduzia projetos e empreendimentos.

Na língua francesa o verbo ‘entreprendre’ significa fazer algo. O que nos leva a crer
que a raiz da palavra empreendedor data de mais de 800 anos, ainda com o verbo francês
entreprendre, que significa “fazer algo”. Entre os economistas modernos, Joseph
Schumpeter foi quem mais versou sobre o tema, que teve grande influência sobre o
desenvolvimento da teoria e prática do empreendedorismo. Para ele, o empreendedorismo
viria ser a “máquina propulsora do desenvolvimento da economia. A inovação trazida pelo
empreendedorismo permite ao sistema econômico renovar-se e progredir constantemente”.
Ele postulava que “sem inovação, não há empreendedores, sem investimentos
empreendedores, não há retorno de capital e o capitalismo não se propulsiona”.

Apesar das várias definições, não há consenso entre os estudiosos que defina o
termo de forma definitiva. O conceito pode variar, de acordo com quem responde a
pergunta acerca dele. Do que se pode apreender, empreendedor é aquele que age, busca o
sonho e o concebe. E nisto entra o papel da educação, que é aquele que visa estabelecer a
congruência para que este sonho possa ser realizado.

Em que pese as várias definições acerca do tema, percebem-se alguns aspectos que
são comuns a todas elas, especialmente no que diz respeito ao comportamento
empreendedor, tais como:

a) iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz;


b) utilização de recursos disponíveis de forma criativa, transformando o
ambiente social e econômico;
c) saber os riscos calculados e a possibilidade de fracassar.

Para Peter Drucker (1987, p. 25 apud SANTOS; MARINHO; MAC-ALLISTER, 2009), os


empreendedores são pessoas que inovam. "A inovação é o instrumento específico dos
empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para
um negócio ou serviço diferente".

Embora nos estudos e pesquisas relacionados com o empreendedor haja muitas


diferenças e disparidades a respeito das exatas definições, pode-se perceber que há um
consenso entre os estudiosos de que o que distingue o empreendedor das outras pessoas é
a maneira como ele percebe a mudança e lida com as oportunidades.

"Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões",


segundo o conceito do teórico L.J. Filion (1911). Com base nesta definição, o diretor da
Escola de Administração de Mauá-SP e consultor de empresas, Hazime Sato, afirma que o
empreendedor é um agente de mudanças e inovações, que identifica oportunidades e busca

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


158

recursos para transformar conhecimento em riqueza. Assim, segundo ele, o instrumento


específico do espírito empreendedor é a inovação, a busca deliberada e organizada de
mudanças, as fontes das oportunidades que tais mudanças podem oferecer.

O Escritor Fernando Dolabela, 59 anos, é um daqueles que faz questão de


demonstrar a paixão que devota ao estudo do empreendedorismo, tema dos nove livros que
já escreveu. O primeiro deles, O Segredo de Luiza, de 1999, tornou-se um dos mais vendidos
do Brasil na área de negócios. Dois livros seus deram origem a métodos que estão se
difundindo pelo Brasil: Pedagogia Empreendedora, de 2003, que inspirou o programa
homônimo que já treinou 10 mil professores em 123 escolas, com reflexos no ensino de 300
mil alunos com idade entre 4 e 17 anos; e A Oficina do Empreendedor, de 1999, que gerou o
método que já foi apresentado a 3.500 professores de 350 instituições de ensino superior.
Curiosamente, o administrador Fernando Dolabela pretende – e de certo modo está
conseguindo – mudar um paradigma educacional do qual não tem boas lembranças. “Eu era
o pior aluno da classe no melhor colégio de Minas”, diverte-se, ao falar de sua inadaptação
às regras da escola. Para Dolabela, o empreendedor é um rebelde, um inconformado –
alguém que propõe o novo. Um perfil que ele não vê emergir das escolas e das famílias
brasileiras. “A criança e o adulto aprendem uma só coisa: mandar currículo” (DOLABELA,
1999).

Para ele, um empreendedor:

a) é um sonhador, mas realista;


b) cultiva a imaginação e sabe definir visões do que quer;
c) é orientado para resultados, para o futuro;
d) tem a percepção e a capacidade de descobrir nichos;
e) tem perseverança e tenacidade para vencer obstáculos;
f) tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização;
g) considera o fracasso um resultado normal, aprende com os próprios erros;
h) traduz seus pensamentos em ações;
i) sabe fixar metas e alcançá-las;
j) tem forte intuição;
k) tem alto comprometimento: acredita no que faz;
l) dedica-se intensamente ao trabalho e concentra esforços para alcançar
resultados;
m) sabe buscar, utilizar e controlar recursos;
n) aceita o dinheiro como uma medida de seu desempenho;
o) estabelece e cultiva "redes de relações" internas e externas.

Deste modo, configura-se que a ação empreendedora começa com um indivíduo


que tem motivação para colocar em prática seus conhecimentos e competências. Seu
diferencial é sua habilidade de envolver outras pessoas, compor uma equipe de indivíduos
com outros conhecimentos e competências que irão tornar sua ideia realidade.

O empreendedorismo nada mais é do que um sentimento de paixão pela inovação.


É enxergar oportunidades naquilo que muitas pessoas não veem, é ter um sonho, saber a
sua viabilidade, acreditar que é possível transformar ideias em oportunidades, ousar e fazer

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


159

o uso constante, ou seja, o exercício da criatividade e pensar como retorno em algo benéfico
para si e também para sociedade.

Isto posto, se conclui, então, que o empreendedor é aquele que faz as coisas
acontecerem; se antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização. O
empreendedor é uma pessoa inovadora, que introduz novos produtos, serviços, técnicas de
produção e até mesmo novas formas de organização, tomando as decisões que irão nortear
o futuro do negócio. Ele assume não apenas os riscos pessoais, mas também aqueles dos
investidores e de todos os envolvidos em seu negócio.

10.1 Classificação dos Empreendedores

De certa forma, e segundo alguns autores, os empreendedores classificam-se em:

a) empreendedores iniciais: são aqueles cujos empreendimentos têm até 42


meses de vida, três anos e meio, período que a literatura considera capital
para a sobrevivência de um empreendimento. Esses empreendedores
compõem uma taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA), de origem
inglesa, Total Entrepeneurial Activity, e subdividem-se em dois tipos:
b) nascentes: aqueles à frente de negócios em implantação – busca de espaço,
escolha de setor, estudo de mercado, etc., que, se chegaram a gerar
remuneração, o fizeram por menos de três meses;
c) novos: seus negócios já estão em funcionamento e geraram remuneração
por pelo menos em três meses.
d) empreendedores estabelecidos: aqueles à frente de empreendimentos com
mais de 42 meses. Com o propósito de estabelecer o perfil das pessoas
envolvidas na criação de negócios, os empreendedores identificados na
pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) são classificados
segundo variáveis demográficas, como gênero, idade, renda familiar e
escolaridade.

O GEM classifica, ainda, os empreendedores de acordo com a sua motivação para


empreender:

a) empreendedores por oportunidade: são motivados pela percepção de um


nicho de mercado em potencial.
b) empreendedores por necessidade: são motivados pela falta de alternativa
satisfatória de ocupação e renda.

10.1.1 Circunstâncias que dão Origem ao Empreendedor

Muito se fala que, quando se estuda o surgimento dos empreendedores, pode-se


observar que há um mito de que não é possível desenvolver o empreendedorismo; deve-se
nascer empreendedor. Muitos estudiosos verificam que isso não é verdade, tomando-se por
base uma análise mais criteriosa dos vários empreendimentos existentes,
independentemente de sua etapa evolutiva. Assim, verifica-se, a partir dos estudos
realizados, que existem várias circunstâncias que dão origem a um empreendimento e ao

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


160

surgimento de um empreendedor, que podem ou não se relacionar aos traços de


personalidade, que são:

a) o empreendedor nato – esta figura é a personalização integral do


empreendedor que, normalmente, desde cedo, por motivos próprios ou
influências familiares, demonstra traços de personalidade comuns do
empreendedor. O desenvolvimento de tal vocação tem forte relação com o
tipo de autoridade familiar e o ambiente motivacional familiar, tais como
escala de valores e percepção de negócios;
b) o herdeiro – pode ou não possuir as características do empreendedor. Se
empreendedor por afinidade e vocação, dá continuidade ao
empreendimento em que se encontra desde cedo em treinamento, o que é
muito comum. Não tendo características empreendedoras, mas “treinado”,
por imposição, desde cedo, pode vir a ser um problema para a continuidade
da empresa;
c) o funcionário da empresa – podendo possuir características de
empreendedor, sente ao longo da carreira em desequilíbrio e falta de
reconhecimento entre suas contribuições e recompensas, ou então falta de
interesse em suas ideias ou interferência da burocracia da empresa.
Frustrado em suas necessidades de realização pessoal, em algum momento
de carreira decide partir para um negócio próprio;
d) excelentes técnicos – com características de empreendedor, dispõe do
conhecimento, de know-how, sobre algum produto ou serviço e, uma vez
possuidor de experiência no ramo, decide iniciar um negócio próprio.
e) vendedores – usualmente, entusiasmado pela dinâmica de suas funções
quotidianas, como conhece o mercado e tem experiência do ramo, inicia um
negócio próprio em indústria, comércio ou serviços.
f) opção ao desemprego – uma modalidade de empreendimento arriscada
que, por questões circunstanciais, finda por ser adotada. Pode ter dois
desdobramentos: 1) com características empreendedoras, há possibilidade
de sucesso; e 2) sem características empreendedoras, tem chance de
sucesso, dependendo de como a oportunidade é encarada.
g) desenvolvimento paralelo – o funcionário, como alternativa futura, tendo
características empreendedoras, estrutura-se entre amigos ou familiares e
desenvolve um negócio derivado de sua experiência ou não, ou associa-se a
outro ramo de atividades como sócio capitalista.
h) aposentadoria – com experiência adquirida, e devido à idade precoce com
que o mercado marginaliza as pessoas, inicia um negócio próprio,
usualmente em comércio ou serviços, se não for oriundo da área de vendas
ou produção.

O empreendedorismo está, em princípio, atrelado à ideia de negócio, de empresa,


mas também pode estar associado a um projeto, uma realização pessoal. Neste sentido,
surgem novas formas de empreendedorismo, tais como as descritas a seguir.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


161

 Empreendedorismo de negócios:

Diz-se empreendedorismo de negócio o comportamento empreendedor, que está


vinculado ao negócio, à empresa, ao empreendimento. É quando se tem uma boa ideia e
esta é transformada em algo lucrativo. Tal comportamento deve envolver planejamento,
criatividade e inovação.

Uma inovação nem sempre é uma criação de um novo produto ou um novo serviço.
É possível oferecer ao mercado um mesmo produto ou serviço, porém, de forma mais
barata, mais rápida ou de melhor qualidade em relação aos seus concorrentes. Isso é
empreendedorismo.

 Empreendedorismo social:

Embora se assemelhe ao empreendedorismo de negócios, o empreendedorismo


social tem sua peculiaridade atrelada à missão social, cujo objetivo final não é a geração de
lucro, mas o impacto social. Os empreendedores sociais utilizam as mesmas técnicas de
planejamento dos empreendedores de negócio, mas são motivados por objetivos sociais, ao
invés de benefícios materiais.

Para o empreendedor de negócios, o sucesso significa o crescimento da sua


empresa (e dos seus lucros), enquanto que para o empreendedor social o sucesso significa a
transformação de uma realidade social, a melhoria da qualidade de vida das pessoas que
vivem naquele local. É importante salientar, entretanto, que o empreendedor social não visa
apenas o lucro, posto que ele também gera benefícios para a sociedade.

 Intraempreendedorismo:

O intraempreendedorismo teve início a partir do incentivo das próprias empresas,


que sentiram a necessidade de incentivar o empreendedorismo dentro dos seus
departamentos.

Quando uma pessoa apresenta ideias, soluções, projetos e as põe em prática, ela
está demonstrando um comportamento empreendedor dentro da empresa. Isto pode se dar
tanto no âmbito público quanto no privado. O funcionário pode apresentar um
comportamento empreendedor dentro da organização, independentemente do cargo que
ocupa.

É cada vez mais comum se ouvir falar em empreendedor e empreendedorismo. O


indivíduo capacitado, com coragem de se arriscar, de se libertar dos padrões celetistas
tradicionais vem ganhando destaque dentro das organizações. É comum advogar a tese de
que um empreendedor é aquela pessoa que se fez sozinha, em meio às adversidades, e que
logrou êxito, conquistando sucesso individual, sendo reconhecida e admirada. Entretanto, é
importante conceber que ser empreendedor está muito além da simples perspectiva de
sucesso exclusivamente individual.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


162

10.1.2 Características dos Empreendedores

Ser empreendedor se constitui em ser determinado pela autorrealização, pela


aspiração de assumir responsabilidades e ser autônomo. Existem pesquisas para identificar
características em pessoas de sucesso, e a mais simples de todas é o anseio por
concretização. Isso leva as pessoas a confiarem e serem deslumbradas pelo que fazem. Os
empreendedores estão sempre aflitos por aprimorar nas capacidades menos desenvolvidas
e se aperfeiçoar nas mais fortes.

O que diferencia o empreendedor das outras pessoas é o modo como compreende


a mudança e lida com as chances, tendo iniciativa para gerar um novo negócio, adotando
riscos calculados, criando sempre valor para a sociedade. Alguns autores defendem que há
pessoas que já nascem empreendedoras, mesmo que empiricamente. Outras não têm
tantos talentos inatos, o que não as impede de aprender e desenvolver esses talentos. Esse
desenvolvimento é fundamental para toda pessoa que almeja implantar e gerir um pequeno
negócio.

Na realidade, ninguém nasce empreendedor, pois a vida irá transformando o


indivíduo, com a participação da família, a vivência com os amigos de escola, de trabalho, o
relacionamento com a sociedade, e daí, vai favorecendo o desenvolvimento de algumas
características. Traços da personalidade, atitudes e comportamentos contribuem para
alcançar o sucesso nos negócios.

A preocupação em identificar as características e o perfil dos empreendedores de


sucesso é para que possamos aprender e agir, adotando comportamentos e atitudes
adequadas. Entretanto, vale dizer que ainda não se pode afirmar que uma pessoa dotada de
tais características irá necessariamente alcançar o sucesso como empreendedor. O que se
pode dizer é que as pessoas que apresentam essas características e aptidões mais
comumente encontradas nos empreendedores, mais chance terá de ser bem-sucedida.

Em qualquer empreendimento é necessário ter perseverança, vontade de trabalhar


e liderança. Todo empreendedor deve dedicar ao seu negócio tempo e envolvimento
pessoal.

Desta forma, o perfil do bom empreendedor consiste em possuir características


comportamentais que lhe permitam sucesso constante em suas atividades. Elas devem ser
mantidas para garantir o equilíbrio e a conservação dos negócios, bem como, para a
obtenção de novas oportunidades. São elas:

a) iniciativa - são pessoas que não ficam esperando que os outros (o governo,
o empregador, o parente, o padrinho) venham resolver seus problemas.
Pessoas que começam coisas novas. A iniciativa, enfim, é a capacidade
daquele que, tendo um problema qualquer, age: arregaça as mangas e parte
para a solução;
b) autoconfiança - o empreendedor tem autoconfiança. Se não tivesse, seria
difícil tomar a iniciativa. A crença em si mesmo faz o indivíduo arriscar mais,
ousar, oferecer-se para realizar tarefas desafiadoras, enfim, torna-o mais

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


163

empreendedor;
c) aceitação do risco - o empreendedor aceita riscos. Ainda que muitas vezes
seja cauteloso e precavido contra o risco, a verdade é que ele o aceita em
alguma medida;
d) sem temor do fracasso e da rejeição - o empreendedor fará tudo o que for
necessário para não fracassar, mas não é atormentado pelo medo
paralisante do fracasso. Pessoas com grande amor próprio e medo do
fracasso preferem não tentar correr o risco de não acertar - ficam, então,
paralisadas;
e) decisão e responsabilidade - o empreendedor não fica esperando que os
outros decidam por ele. Ele toma decisões e aceita a responsabilidade que
estas acarretam;
f) energia - é necessária uma dose de energia para se lançar em novas
realizações, que usualmente exigem intensos esforços iniciais. O
empreendedor dispõe dessa reserva de energia, vinda provavelmente de
seu entusiasmo e motivação;
g) automotivação e entusiasmo - pessoas empreendedoras são capazes de
automotivação relacionada com desafios e tarefas em que acreditam. Não
necessitam de prêmios externos, como compensação financeira.
Igualmente, por sua motivação, são capazes de entusiasmarem-se com suas
ideias e projetos;
h) controle - o empreendedor acredita que sua realização depende de si
mesmo e não de forças externas sobre as quais não tem controle. Ele se vê
como capaz de controlar a si mesmo e de influenciar o meio, de tal modo
que possa atingir seus objetivos;
i) voltado para equipe - o empreendedor em geral não é um fazedor, no
sentido obreiro da palavra. Ele cria equipe, delega, acredita nos outros,
obtém resultados por meio de outros;
j) otimismo - o empreendedor é otimista, o que não quer dizer sonhador ou
iludido. Acredita nas possibilidades que o mundo oferece, acredita na
possibilidade de solução dos problemas, acredita no seu potencial de
desenvolvimento; e,
k) persistência - o empreendedor, por estar motivado, convicto, entusiasmado
e crente nas possibilidades, é capaz de persistir até que as coisas comecem a
funcionar adequadamente.

Observa-se que, além das características, também merecem destaque algumas


especificidades atribuídas aos empreendedores, conforme descrito a seguir:

a) são visionários: eles têm a visão de como será o futuro para seu negócio e
sua vida e, o mais importante, eles têm a habilidade de implementar seus
sonhos;
b) sabem tomar decisões: eles não se sentem inseguros, sabem tomar as
decisões corretas na hora certa, principalmente nos momentos de
adversidade, sendo isso um fator-chave para o seu sucesso;
c) são indivíduos que fazem a diferença: os empreendedores transformam
algo de difícil definição, uma ideia abstrata, em algo concreto, que funciona,

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


164

transformando o que é possível em realidade;


d) sabem explorar ao máximo as oportunidades: para a maioria das pessoas,
as boas ideias são daqueles que as veem primeiro, por sorte ou acaso. Para
os empreendedores, as boas ideias são geradas daquilo que todos
conseguem ver, mas não identificam algo prático para torná-la em
oportunidade, por meio de dados e informações. O empreendedor é aquele
que quebra a ordem corrente e inova, criando mercado com uma
oportunidade identificada. O empreendedor é aquele que cria um equilíbrio
encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e
turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente. O
empreendedor é um exímio identificador de oportunidades, sendo um
indivíduo curioso e atento a informações, pois sabe que suas chances
melhoram quando seu conhecimento aumenta;
e) são determinados e dinâmicos: eles implementam suas ações com total
comprometimento. Atropelam as adversidades, ultrapassando os
obstáculos, com uma vontade ímpar de fazer acontecer. Mantêm-se sempre
dinâmicos e cultivam certo inconformismo diante da rotina;
f) são dedicados: eles se dedicam 24 horas por dia, 7 dias por semana, ao seu
negócio, comprometem o relacionamento com amigos, com a família, e até
mesmo com a própria saúde. São trabalhadores exemplares, encontrando
energia para continuar, mesmo quando encontram problemas pela frente.
São incansáveis e loucos pelo trabalho;
g) são otimistas e apaixonados pelo que fazem: eles adoram o trabalho que
realizam. E é esse amor ao que fazem o principal combustível que os
mantêm cada vez mais animados e autodeterminados, tornando-os os
melhores vendedores de seus produtos e serviços, pois sabem como
ninguém como fazê-lo. O otimismo faz com que sempre enxerguem o
sucesso, em vez de imaginar o fracasso;
h) são independentes e constroem o próprio destino: eles querem estar à
frente das mudanças e ser donos do próprio destino. Querem ser
independentes, em vez de empregados, querem criar algo novo e
determinar os próprios passos, abrir os próprios caminhos, ser o próprio
patrão e gerar empregos;
i) ficam ricos: ficar rico não é o principal objetivo dos empreendedores. Eles
acreditam que o dinheiro é consequência do sucesso dos negócios;
j) São líderes e formadores de equipes: os empreendedores têm um senso de
liderança incomum. E são respeitados e adorados por seus funcionários, pois
sabem valorizá-los, estimulá-los e recompensá-los, formando um time em
torno de si;
k) são bem relacionados: os empreendedores sabem construir uma rede de
contatos que os auxiliam no ambiente externo da empresa, junto a clientes,
fornecedores e entidades de classe;
l) são organizados: os empreendedores sabem obter e alocar os recursos
materiais, humanos, tecnológicos e financeiros de forma racional,
procurando o melhor desempenho para seu negócio;
m) planejam, planejam, planejam: os empreendedores de sucesso planejam
cada passo desde seu rascunho do plano de negócios, até a apresentação do

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


165

plano a investidores, definição das estratégias de marketing do negócio, etc.,


sempre tendo como base a forte visão de negócio que possuem;
n) possuem conhecimento: são sedentos pelo saber e aprendem
continuamente, pois sabem quanto maior o domínio sobre um ramo de
negócio, maior a sua chance de êxito;
o) assumem riscos calculados: talvez esta seja a característica mais conhecida
dos empreendedores;
p) criam valor para a sociedade: os empreendedores utilizam seu capital
intelectual para criar valor para a sociedade, com geração de empregos,
dinamizando a economia, e inovando, sempre usando sua criatividade em
busca de soluções para melhorar a vida das pessoas.

10.1.3 Conhecimentos dos Empreendedores

Para operar uma empresa com sucesso, o empreendedor deve possuir alguns
conhecimentos diferenciados, de acordo com cada etapa na qual a empresa se encontra.
Apesar desta diferenciação, é possível fazer uma descrição dos principais conhecimentos,
necessários para o empreendedor, como descrito a seguir:

a) conhecimento dos aspectos técnicos relacionados com o negócio: é


imprescindível que o empreendedor tenha conhecimento a respeito do
produto que pretende produzir e/ou a respeito do serviço que pretende
prestar. Consequentemente, o empreendedor deve pesquisar
objetivamente informações, procurando obter o máximo de dados possíveis,
para transformar estes dados em novos mercados, técnicas, produtos e
serviços. Estes conhecimentos incluem vendas, custos, processos de
fabricação, meios de produção, gerenciamento, dentre outros. Caso o
empreendedor não tenha estes conhecimentos, deve procurar desenvolvê-
los rapidamente ou buscar alguém que os possua;
b) experiência na área comercial: as funções da área comercial dizem respeito
ao enfoque empresarial voltado ao atendimento das necessidades do
cliente. Incluem distribuição do produto, publicidade, pesquisa de mercado
e definição e novos produtos. Esta experiência pode ser adquirida mediante
vivência prática ou a partir de informações obtidas em publicações
especializadas, em centros de ensino ou mesmo mediante referências de
outros empresários;
c) escolaridade: o empreendedor deve possuir um nível de escolaridade
mínimo, que lhe permita responder de maneira adequada às exigências
impostas por seu negócio, visto que uma elevada escolaridade ou uma baixa
escolaridade pode prejudicar o andamento das atividades. Isto significa que,
os conhecimentos devem ser buscados e utilizados à medida que cada
empreendimento exigir;
d) experiência empresarial: a experiência é um fator diferenciador. O fato de o
empreendedor já ter vivenciado algumas experiências na área empresarial,
torna-se importante, à medida que estas lhe proporcionam um
conhecimento prévio mais profundo e abrangente a respeito do
funcionamento de uma empresa, podendo facilitar a resolução de

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


166

problemas emergentes;
e) formação complementar: relaciona-se com a aquisição de informações ou
com o aprimoramento dos conhecimentos que o empreendedor já possui.
Este pode partir de um interesse particular ou de uma necessidade gerada
pelo próprio negócio. Contudo, há conhecimentos que aparentemente não
têm nenhuma relação com a vida da empresa e que podem ter participação
decisiva no êxito empresarial. É o caso, por exemplo, do aprendizado de
grupos esportivos, associações, agremiações, viagens, dentre outros;
f) conhecimento de gente: esse é outro erro muito comum dos
empreendedores – não saber ou não se interessar por gente. Herança da Era
Industrial. Para montar um empreendimento há alguns anos, era necessário
saber fazer alguma coisa. Manusear e manipular eram mais importantes do
que comunicar e se relacionar. As habilidades técnicas eram mais
importantes do que as habilidades humanas. Hoje, é fundamental conhecer
a natureza humana, quer seja para lidar melhor com o cliente, quer seja
para preparar uma equipe de trabalho;
g) conhecimento de negócio: esse é um dos principais erros dos novos
empreendedores – sair por aí oferecendo um serviço ou um produto a quem
se interesse por comprá-los. Poucos conseguem conceber um negócio
interessante na forma de produtos e serviços. Poucos focam um público-
alvo a quem o negócio deve ser direcionado. Conhecimento de negócio é
fundamental para começar a carreira de empreendedor com o pé direito;
h) Conhecimento do mercado: o mercado possui suas leis próprias, por meio
da dinâmica da oferta e da demanda. O comportamento da oferta e da
demanda é, por sua vez, influenciado pelas ações dos agentes econômicos –
empresas, famílias, governo, instituições financeiras, etc. Compreender o
sistema econômico é uma maneira de fazer com que o novo
empreendimento interaja positivamente com as forças econômicas;
i) conhecimentos sobre o mundo: o Planeta Terra virou um mundo pequeno.
A globalização uniu os mercados. Se antes era difícil viajar para o exterior,
hoje é muito raro algum empreendedor que já não tenha saído do País. É
claro que o conhecimento do mundo não se consegue apenas viajando. TVs
a cabo, Internet, revistas, etc. ajudam a compreender o mundo. A
compreensão do mundo contribui na ampliação da compreensão da
humanidade, dos hábitos, dos costumes e ajuda a perceber tendências e
oportunidades.

10.1.4 Habilidades do Empreendedor

O sucesso de uma empresa também depende das habilidades do empreendedor,


que correspondem às facilidades para utilizar as capacidades. São inúmeras as habilidades
necessárias para a operação de uma empresa de pequena dimensão. Algumas mais
importantes são:

a) identificação de novas oportunidades: relaciona-se com a habilidade de


perceber o que os outros não percebem e de visualizar muito mais longe
que os demais. O indivíduo que possui esta habilidade está sempre atento às

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


167

informações que possam aumentar conhecimento relativo ao seu


empreendimento, para que possa criar, implantar e desenvolver novas
soluções. O processo de identificação de novas oportunidades depende
fortemente da criatividade e da capacidade de pensar inovadoramente;
b) valoração de oportunidades e pensamento criativo: é a habilidade de
atribuir valor àquilo que se apresenta como uma oportunidade. A avaliação
crítica é essencial para distinguir entre boas oportunidades e a ilusão das
outras. Não basta perceber o que os outros não percebem. É necessário
atribuir valor àquilo que se apresenta como uma boa oportunidade;
c) comunicação persuasiva: é a habilidade de convencer os outros a respeito
da pertinência de uma ideia. A comunicação pode ocorrer de diversas
formas como: visual, comunicação não verbal (por meio de gestos, etc.),
comunicação oral ou escrita. Os empreendedores geralmente começam com
apenas uma ideia na cabeça. Para transformar esta ideia em realidade
precisam, primeiramente, convencer os amigos, parentes e patrocinadores,
a acreditar e investir em seu novo negócio. Mais tarde, porém, quando
estiver à frente de sua empresa, o empreendedor deverá persuadir as
pessoas a fazerem o que ele acredita que é importante;
d) negociação: é a habilidade de convencer os outros, por meio da
comunicação, a respeito da pertinência de uma ideia. Os empreendedores
geralmente começam com apenas uma ideia na cabeça, e para transformá-
la em realidade precisam primeiramente convencer os amigos, parentes e
patrocinadores, a acreditarem e investirem em seu novo negócio;
e) aquisição de informações: é a habilidade de coletar, reunir e agrupar
informações. A questão da informação revela-se como um fator
diferenciador no desempenho geral da empresa. A posse de informações
sobre mercados, processos gerenciais e avanços tecnológicos, entre outros,
apresenta-se intrinsecamente relacionada com a posição comparativamente
mais sólida e saudável que o empreendimento venha a adquirir;
f) resolução de problemas: é a habilidade para utilizar sistematicamente
operações mentais, a fim de encontrar respostas para enfrentar os desafios
e superar os obstáculos. Há vários processos envolvidos na criação e
desenvolvimento de um novo empreendimento, criando um conjunto único
de problemas, desafios e crises. Cabe ao empreendedor a tarefa de
encontrar o melhor estilo, que lhe proporcione a forma ideal de revolucionar
e gerar soluções inovadoras.

Observa-se que há uma variada gama de habilidades que possibilitam o


empreendedor obter sucesso junto a sua empresa. As citadas acima se constituem num
exemplo de classificação comumente utilizado pelos autores, o que não esgota de maneira
alguma o assunto.

10.1.5 Empreendedorismo e Liderança nas Empresas

O Brasil se destaca pela quantidade de empreendedores. De forma geral, estas


pessoas começam um negócio quando conhecem muito bem um produto, um segmento de
mercado ou um determinado setor de empresas; ou ainda porque estão com alguma reserva

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


168

financeira disponível, porque querem ser seus próprios patrões ou estão tendo dificuldades
de voltar ao mercado de trabalho. Entretanto, muitas vezes se esquecem de que terão de
ser bons líderes para conseguir fazer o negócio crescer. Caso contrário, correm o risco de ter
uma empresa com um só funcionário: o proprietário.

Ser líder é diferente de ser administrador, gerente ou chefe. Liderar é lidar com
pessoas; administrar é lidar com recursos, papéis, coisas, processos. Um chefe pode ser
nomeado numa hierarquia, independentemente de possuir ou não as qualidades
necessárias. É possível ser um gerente e não conseguir ser o líder da equipe e pode. Por
outro lado, se pode ser o líder da equipe sem ser o chefe.

A um bom líder algumas virtudes são necessárias, dentre elas: competência


(conhecimento, habilidades e atitude/ação), ética (integridade e honestidade), entusiasmo,
empatia, autoconfiança, sensibilidade, humildade, imparcialidade, saúde,
autoconhecimento, motivação e inteligência acima da média. É fundamental que goste de se
relacionar com pessoas, que saiba ouvir e que seja observador.

O empreendedor precisa atentar para o fato de que a presença de um líder é


fundamental para o sucesso de qualquer negócio. Caso não seja um líder nato, é importante
que o empreendedor busque desenvolver habilidades de liderança. É necessário que tenha
alguém para conduzir o grupo de onde está até onde precisa estar, para fazer com que a
equipe faça voluntariamente o que precisa ser feito, para extrair o melhor de cada
colaborador e com isso conseguir obter os resultados positivos.

A falta de liderança, muitas vezes, é a razão pela qual os pequenos empresários


cometem erros na administração de seus negócios. Dentre eles citam-se:

a) Não se conhecem suficientemente para saber as competências que lhes falta


para buscar treinamento ou pessoas com tais capacidades;
b) Não conhecem o ponto de equilíbrio de seu negócio e gastam mais do que
podem;
c) Contratam pessoas que não são adequados às funções. Não é proibido
contratar amigo ou parente, mas é proibido contratar gente incompetente
para a função;
d) Adiam decisões que precisam ser tomadas rapidamente;
e) Não suprem seus colaboradores e a si mesmos com os treinamentos
necessários;
f) Não têm uma política de treinamentos;
g) Assumem compromissos que não têm capacidade de cumprir; e,
h) Esquecem-se de que os clientes são o maior patrimônio das empresas.
Todos os colaboradores na organização precisam “servir” o cliente e não
“servir” o patrão. Sem clientes o negócio está fadado ao fracasso.

Assim sendo, para se tornar um bom líder, é preciso procurar estar preparado, ser
proativo e ser reflexivo. É importante ainda se autoavaliar, melhorar continuamente e ter
entusiasmo e otimismo.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


169

Um problema comum é que algumas vezes o empreendedor transfere toda a


responsabilidade de liderança para o gerente de sua empresa. Quanto mais delega
atribuições, mais o líder penetra na essência de sua função: que não é "fazer", e sim "fazer
os outros fazerem". Agora, o empresário não pode ignorar que quando ele delega continua
com a responsabilidade pelo êxito ou fracasso do empreendimento. Nesse sentido, é
importante que ele acompanhe aqueles que recebem a tarefa, e solicite deles a constante
prestação de contas, o controle sobre o uso de todos os recursos, inclusive os recursos
humanos.

10.1.6 O Plano de Negócios

Uma vez que se decide pela criação de uma empresa, é importante que se defina
por escrito quais as principais variáveis do negócio. Estas deverão compor um documento
chamado de Plano de Negócios. Elaborar um plano de negócios é de fundamental
importância para o empreendedor. Além da busca por recursos, é uma forma de o
empreendedor sistematizar as suas ideias, planejar de forma mais eficiente, antes de
adentrar num mercado competitivo.

Abrir uma empresa não é tão somente cuidar dos procedimentos necessários para a
sua legalização. É preciso, antes de tudo, que o empresário tome posse de uma série de
conhecimentos fundamentais, tais como: conhecer o ramo de atividade onde vai atuar, o
mercado, fazer um planejamento do que vai ser colocado em prática na nova empresa,
estabelecer os objetivos que se pretende atingir, entre outros.

O Plano de Negócios é um instrumento de trabalho fundamental, que agrega e


sistematiza toda a informação prática para a concretização e condução do projeto. Um dos
primeiros passos na elaboração de um plano de negócios é fazer um levantamento de dados
e informações em uma série de órgãos e entidades (IBGE, sindicatos, associações, Sebrae,
cooperativas, empresas já estabelecidas, etc.), para saber como se encontra este mercado,
quanto o futuro empresário terá que vender por mês para não vir a fracassar; quanto poderá
retirar por mês de pró-labore, sem prejudicar o bom funcionamento da empresa; quais os
impostos a pagar e suas alíquotas e quanto guardar de recursos financeiros para fazer frente
aos compromissos nos primeiros meses. É o que se pode chamar de planejamento financeiro
e da estrutura da nova empresa.

Existem muitas atividades a ser exploradas, mas é preciso ficar atento a uma série
de fatores que influenciam e limitam a escolha do seu ramo de negócio. Para se abrir uma
empresa, deve-se levar em conta que o sucesso de qualquer negócio depende, sobretudo,
de um bom planejamento. Embora qualquer negócio ofereça riscos, é preciso prevenir-se
contra eles. Numa visão mais ampliada, o plano de negócio tem as seguintes funções:

a) avaliar o novo empreendimento do ponto de vista mercadológico, técnico,


financeiro, jurídico e organizacional;
b) avaliar a evolução do empreendimento ao longo de sua implantação: para cada
um dos aspectos definidos no plano de negócio, o empreendedor poderá
comparar o previsto com o realizado;
c) facilitar, ao empreendedor, a obtenção de capital de terceiros quando o seu

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


170

capital próprio não é suficiente para cobrir os investimentos iniciais.

 Análise dos riscos:

É importante que seja feita uma análise dos riscos acerca de um novo
empreendimento. Há que se ter conhecimento de alguns aspectos da vida das empresas
deve permitir a avaliação do grau de atratividade do empreendimento, subsidiando a
decisão do futuro empresário na escolha do negócio que pretende desenvolver.
Basicamente, os riscos do negócio referem-se a:

a) sazonalidade - se caracteriza pelo aumento ou redução significativos da


demanda pelo produto em determinada época do ano. Os negócios com
maior sazonalidade são perigosos e oferecem riscos que obrigam os
empreendedores a manobras precisas. Quando em alto grau, é considerada
fator negativo na avaliação do negócio;

b) efeitos da economia - a análise da situação econômica é questão


importante para a avaliação da oportunidade de negócio, já que alguns deles
são gravemente afetados, por exemplo, por economias em recessão;

c) controles governamentais - setores submetidos a rigorosos controles do


governo, nos quais as regras podem mudar com frequência, oferecem
grande grau de risco e são pouco atraentes para pequenos investidores;

d) existência de monopólios - alguns empreendimentos podem enfrentar


problemas por atuar em áreas em que haja monopólios formados por
"megaorganizações", que dominam o mercado, definindo as regras do jogo
comercial. No Brasil, a comercialização de pneus, produtos químicos em
geral e tintas são exemplos típicos de segmentos fortemente
monopolizados;

e) setores em estagnação ou retração - nestes setores, há uma procura menor


que a oferta de bens/serviços, o que torna a disputa mais acirrada. Nas
épocas de expansão e prosperidade de negócios, ao contrário, novos
consumidores entram no mercado, promovendo a abertura de novas
empresas;

f) barreiras à entrada de empresas - referem-se a obstáculos relacionados


com: exigência de muito capital para o investimento, alto e complexo
conhecimento técnico, dificuldades para obtenção de matéria-prima,
exigência de licenças especiais, existência de contratos, patentes e marcas
que dificultam a legalização da empresa, dentre outros.

 Passos necessários para a montagem de um plano de negócios:

Este é um questionamento comum, especialmente para os empreendedores em


início de suas atividades. Neste sentido, apontam-se alguns caminhos, saber:

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


171

a) conhecer o ramo de atividade – é preciso conhecer alguns dados elementares sobre o ramo
em que pretende atuar, possibilidades de atuação dentro do segmento (ex., confecção é o
ramo: pode-se atuar com jeans, malha, linho... para público infantil, adulto, feminino...);

b) conhecer o mercado consumidor – o estudo do mercado consumidor é um dado importante


para o empreendimento, pois abrange as informações necessárias à identificação dos
prováveis compradores. O que produzir, de que forma vender, qual o local adequado para a
venda, qual a demanda potencial para o produto. Essas são algumas indagações que podem
ter respostas mais adequadas quando se conhece o mercado consumidor;

c) conhecer o mercado fornecedor – para iniciar e manter qualquer atividade empresarial, a


empresa depende de seus fornecedores – o mercado fornecedor. O conhecimento desse
mercado vai se refletir nos resultados pretendidos pela empresa. Mercado fornecedor é
aquele que fornece à empresa os equipamentos, máquinas, matéria-prima, mercadorias e
outros materiais necessários ao seu funcionamento.

d) conhecer o mercado concorrente – o mercado concorrente é composto pelas pessoas ou


empresas que oferecem mercadorias ou serviços iguais ou semelhantes aos que você
pretende oferecer. Este mercado deve ser analisado criteriosamente, de maneira que sejam
identificados: quem são meus concorrentes, que mercadorias ou serviços oferecem, quais
são as vendas efetuadas pelo concorrente, quais os pontos fortes e fracos da minha
concorrência, e se seus clientes lhes são fiéis;

e) definir produtos a serem fabricados, mercadorias a serem vendidas ou serviços a serem


prestados - é preciso conhecer detalhes do seu produto/serviço. Ofereça produtos e serviços
que atendam às necessidades de seu mercado. Defina qual a utilização do seu
produto/serviço, qual a embalagem a ser usada, tamanhos oferecidos, cores, sabores, etc.;

f) analisar bem a localização de sua empresa – onde montar o meu negócio? A resposta certa
a esta pergunta pode significar a diferença entre o sucesso ou o fracasso de um
empreendimento. Tudo é importante para esta escolha e deve ser observado e registrado;

g) conhecer marketing – marketing, como muitos pensam, não é só propaganda. Marketing é


um conjunto de atividades desenvolvidas pela empresa, para que esta atenda desejos e
necessidades de seus clientes. As atividades de marketing podem ser classificadas em áreas
básicas, que são traduzidas nos 4 Ps do marketing. São eles: Produto, Pontos de Venda,
Promoção (Comunicação) e Preço;

h) processo operacional - este item trata do como fazer. Devem ser abordadas tais questões:
que trabalho será feito e quais as fases de fabricação/venda/prestação de serviços; quem
fará; com que material; com que equipamento; e quando fará. É preciso verificar quem tem
conhecimento e experiência no ramo: você? Um futuro sócio? Ou um profissional
contratado?;

i) projeção do volume de produção, de vendas ou de serviços - é prudente que o


empreendedor ou empresário considere: a necessidade e a procura do mercado consumidor;
os tipos de mercadorias ou serviços a serem colocados no mercado; a disponibilidade de
pessoal; a capacidade dos recursos materiais - máquinas, instalações; a disponibilidade de
recursos financeiros; a disponibilidade de matéria-prima, mercadorias, embalagens e outros
materiais necessários;

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


172

j) projeção da necessidade de pessoal – identifique o número de pessoas necessárias para o


tipo de trabalho e que qualificação deverão ter, inclusive as do serviço de escritório;

k) análise financeira – é necessário fazer uma estimativa do resultado da empresa, a partir de


dados projetados, bem como, uma projeção do capital necessário para começar o negócio,
pois terá que fazer investimento em local, equipamentos, materiais e despesas diversas, para
instalação e funcionamento inicial da empresa.

Isto posto, observamos que o plano de negócio é um instrumento que visa


estruturar as principais concepções e alternativas para uma análise correta de viabilidade do
negócio pretendido, o que proporciona uma avaliação antes de colocar em prática a nova
ideia, e reduz, assim, as possibilidades de se desperdiçarem recursos e esforços em um
negócio inviável. Além de servir como instrumento de avaliação para solicitação de
financiamentos, também serve como meio de planejamento da expansão de uma empresa
já existente.

A elaboração de um plano de negócios é uma etapa fundamental para o


empreendedor que deseja criar uma empresa, não somente pela sua utilidade na busca de
recursos, mas, principalmente, como forma de sistematizar suas ideias e planejar de forma
mais eficiente o seu negócio. Um plano de negócios bem feito aumentará muito suas
chances de sucesso.

10.1.7 Contrato de Trabalho – Legislação Trabalhista

No mundo do trabalho, é importante conhecer as práticas que devem ser adotadas


no Departamento de Pessoal, conforme observa a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
que é a principal e mais conhecida norma do Direito do Trabalho, aprovada pelo Decreto
5.542/43, na qual se encontra normatizada a maior parte da legislação das relações
trabalhistas.

Além da CLT há várias outras fontes legislativas que regem o Direito do Trabalho,
sejam elas gerais, como a Constituição Federal do Brasil, sejam elas específicas, como a Lei
do Empregado Doméstico, por exemplo. Observemos a seguir alguns dos mais importantes
conceitos que cercam o empregado, o empregador, os direitos e deveres de ambos.

 Conceito de empregado:

Para que um colaborador seja considerado empregado, é necessário que o mesmo


preencha cinco requisitos básicos, a saber:

a) continuidade: o colaborador prestará serviço de forma contínua, em horário


preestabelecido pelo empregador;
b) subordinação: o colaborador “deve” obedecer às ordens de seu empregador
ou representante legal;
c) onerosidade: vem do ônus, ou seja, o colaborador prestará serviço ao
empregador mediante pagamento de um salário;
d) pessoalidade: apenas o funcionário poderá, em relação ao empregador,
prestar o serviço contratado, ainda que seu irmão ou primo, seja qualificado;

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


173

e) alteridade: o colaborador presta serviço por conta, sem assumir qualquer


risco em relação à dificuldade financeira da empresa, ou seja, pode até ter
participação nos lucros e resultados, mas nunca nos prejuízos.

 Admissão:

Após o candidato ter passado pela fase de seleção, responsabilidade esta do


departamento de recrutamento e seleção ou, eventualmente, quando a empresa for
pequena, do supervisor de Recursos Humanos e o supervisor da área, dará início ao
procedimento para contratação do candidato – a admissão. Nessa fase, haverá a solicitação
dos seguintes documentos:

a) Carteira de Trabalho;
b) Cédula de identidade;
c) Título de eleitor (obrigatório para os candidatos a partir de 18 anos);
d) Certificado de reservista (para os candidatos do sexo masculino com 18 anos
ou mais);
e) CPF;
f) Atestado de Saúde Ocupacional (Admissional);
g) Fotos 3 x 4;
h) Certidão de Casamento (para os casados);
i) Certidão de Nascimento dos filhos de até 21 anos ou inválidos de qualquer
idade, se for o caso, necessária para o pagamento do salário família e
dedução do Imposto de Renda.

É importante observar que, para continuidade do recebimento do Salário Família,


todos os anos, nos meses de maio e novembro, devem ser apresentados novamente os
seguintes documentos:

a) em maio: cópia da caderneta de vacinação dos filhos menores de 7 anos;


b) em maio e novembro: comprovante de frequência escolar dos filhos a partir
de 7 anos.

 Registro do empregado:

De acordo com o Art. 41 da CLT, Decreto Lei 5452/43, em todas as atividades será
obrigatório para o empregador o registro dos respectivos trabalhadores, podendo ser
adotados livros, fichas ou sistema eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo
Ministério do Trabalho. Em seu parágrafo único, dispõe que, além da qualificação civil ou
profissional de cada trabalhador, deverão ser anotados todos os dados relativos a sua
admissão no emprego, duração e efetividade do trabalho, a férias, acidentes e demais
circunstâncias que interessem à proteção do trabalhador.

O empregado deverá ser registrado no momento em que passar a prestar serviço à


empresa. É importante observar que não existe prazo de tolerância para o registro. Não se
deve confundir a ausência de prazo para registro, com o prazo de devolução da CTPS.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


174

O registro pode ser feito em livros, fichas, sistema eletrônico ou informatizado, que
utilize meio magnético ou ótico (neste caso necessário fazer um memorial descritivo e
protocolado junto à Delegacia Regional do Trabalho (DRT)).

O registro deve conter obrigatoriamente as seguintes informações:

a) identificação do empregado, com número, série e Unidade Federativa (UF) da


Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS);
b) data de admissão, e quando o funcionário for desligado a data da demissão;
c) remuneração e forma de pagamento;
d) local e horário de trabalho;
e) concessão de férias;
f) identificação da conta vinculada ao FGTS e da conta do PIS/PASEP;
g) acidente de trabalho e doença profissional, quando tiverem ocorrido;
h) o registro de empregado deverá estar sempre atualizado e numerado
sequencialmente por estabelecimento.

 Salário:

Denomina-se salário o valor devido e pago diretamente pelo empregador a todo


funcionário pelo serviço prestado. Existem vários tipos de salários. Os mais comuns são:

a) mensalista: o funcionário mensalista é aquele que no momento da


contratação tem seu salário definido por mês;
b) comissionado: é funcionário contratado com um percentual sobre o valor
das vendas. Em alguns casos, os funcionários comissionados podem ter
também uma remuneração fixa.

 Contribuição sindical:

A contribuição sindical corresponde ao desconto de 1/30 sobre a remuneração do


funcionário. Este desconto ocorre normalmente no mês de março de cada ano.

 Vale-transporte:

O Vale-transporte é regulamentado pela Lei n.º 7.418/85 (com alterações trazidas


pela Lei nº 7.619/87.) e Decreto nº 95.247/87.

É um benefício destinado aos empregados regidos pela CLT, assim como às


empregadas domésticas (Lei nº 5.859/72), empregados temporários (Lei nº 6.019/74),
empregados em domicílio (quando necessário deslocamento para a empresa), empregados
do subempreiteiro (art. 455, CLT) e atletas profissionais (Lei 9.615/98) (JUS BRASIL, 2015).

Para os funcionários que optarem pela utilização do vale-transporte, a empresa


poderá descontar em sua folha de pagamento até 6% do seu salário, desde que este não
supere o valor do Vale-transporte entregue ao funcionário.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


175

 INSS:

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é uma autarquia do Governo Federal do


Brasil, vinculada ao Ministério da Previdência Social que recebe as contribuições para a
manutenção do Regime Geral da Previdência Social. O INSS empresta seu nome à
contribuição devida à Previdência Social por todo empregado, inclusive o doméstico. Os
percentuais variam conforme o salário de contribuição, limitado a um teto máximo,
podendo ser de 8%, 9% e 11% (em tabela definida pelo o INSS).

 IRRF:

O IRRF é o Imposto de Renda Retido na Fonte. Trata-se da tributação devida sobre


os rendimentos do trabalho assalariado, tais como: salários, horas-extras, adicionais e outras
receitas admitidas em lei pela Receita Federal.

 Décimo terceiro salário:

O décimo terceiro salário foi instituído no Brasil pela Lei 4.090, de 13/07/1962,
como uma gratificação de Natal, e que garante que o trabalhador receba o correspondente a
1/12 (um doze avos) da remuneração por mês trabalhado.

Todos os empregados, urbanos, rurais ou domésticos, bem como os trabalhadores


avulsos têm direito ao recebimento do 13º salário, independentemente da remuneração
que fizer jus. O 13º Salário é pago, convencionalmente, em duas parcelas, sendo a 1ª entre
os meses de Fevereiro e Novembro, de cada ano e a 2ª até o dia 20 de Dezembro.

 Direito do trabalho:

Direito do trabalho é um conjunto de regras jurídicas que visam reger as relações


dos empregados e empregadores. São as normas jurídicas que regem os direitos resultantes
da condição jurídica dos trabalhadores. No Brasil, as normas jurídicas que regem as relações
entre empregado e empregador estão na Consolidação das Leis do Trabalho e na
Constituição Federal.

 Contrato de trabalho:

O contrato de trabalho é um acordo tácito ou expresso, pelo qual uma pessoa física,
chamada de empregado se compromete, mediante o pagamento de uma contraprestação
salarial, a prestar trabalho não eventual e subordinado em proveito de outra pessoa, física
ou jurídica, chamada de empregador.

O contrato de trabalho é um negócio jurídico pelo qual o empregado se obriga,


mediante o recebimento de uma remuneração, a prestar serviços, não eventuais a outra
pessoa ou entidade, sob a direção de qualquer das últimas. O contrato de trabalho é um
negócio jurídico entre uma pessoa física, o empregado, e uma pessoa jurídica ou física, o
empregador, sob condições de trabalho.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


176

O contrato de trabalho é um acordo, um trato entre o empregador e o empregado,


que tem por finalidade regulamentar a prestação de serviços do empregado, ou a execução
de obras de forma pessoal, pois o empregado deve prestar seu serviço pessoalmente e de
forma subordinada, cumprindo as ordens pessoais de serviço. O contrato pode ser por prazo
determinado ou indeterminado, por meio de um pagamento de uma remuneração. Esse
trato entre empregado e empregador pode ser ajustado de forma escrita, mas a forma
verbal também é reconhecida pela CLT como contrato de trabalho.

No contrato de trabalho, existe uma relação de credor e devedor entre as duas


partes, empregado e empregador, pois o empregado deverá prestar serviços, portanto,
devendo receber o seu salário. Logo, o trabalhador será credor do seu salário, enquanto que
o empregador deverá remunerar o empregado para, então, receber a prestação de serviços
do empregado.

São sujeitos do contrato de trabalho o empregado e o empregador. O empregado,


também chamado de obreiro, é toda pessoa física que prestar serviços de natureza não
eventual a um empregador, sob dependência deste e mediante salário. O empregador é
toda pessoa jurídica ou física que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite,
assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços.

O trabalho deve ser prestado por pessoa física, para caracterizar a relação de
emprego, não podendo o trabalhador ser pessoa jurídica. São requisitos caracterizadores da
relação de emprego o trabalho prestado por pessoa física:

a) a pessoalidade: o serviço deverá ser realizado pessoalmente pelo empregado,


que não poderá se fazer substituir por outra pessoa;
b) a não eventualidade: a prestação do serviço deve ser prestada com
habitualidade, continuidade, onde o trabalhador deve fazer parte da cadeia
produtiva da empresa. Mesmo realizando uma atividade meio, caracteriza o
trabalho não eventual;
c) a onerosidade: a principal obrigação do empregado é a prestação de serviços, e
a principal obrigação do empregador é pagar a remuneração do empregado.
Neste sentido, a relação de emprego impõe a onerosidade, ou seja, o
recebimento da remuneração pelos serviços realizados;
d) a subordinação: o empregado é subordinado ao empregador, em razão da
existência do contrato de trabalho, devendo obedecer às ordens do
empregador. Em função da subordinação jurídica nasce para o empregador a
possibilidade de se aplicar ao empregado penalidades, como advertência,
suspensão disciplinar e dispensa por justa causa; e,
e) a alteridade: este é também um requisito caracterizador da relação de emprego,
visto que os riscos da atividade econômica da empresa são apenas do
empregador, não cabendo estes ao empregado.

 Classificação dos contratos de trabalho:

Os contratos de trabalho se classificam em: tácito ou expresso, verbal ou escrito,


por prazo indeterminado ou por prazo determinado. O contrato tácito é aquele em que o

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


177

trabalhador presta seus serviços, sem a oposição do empregador. Neste tipo de contrato há
a prestação contínua de serviços pelo empregado, sem haver a oposição do empregador. O
contrato de trabalho expresso é aquele em que houve acordo entre as partes de forma clara,
sendo todas as condições do pacto de trabalho previamente acordada entre as partes. Neste
caso o contrato poderá ser escrito ou verbal.
Contrato escrito é aquele onde as partes firmam um contrato escrito por meio de
assinatura, nele contendo o nome e a qualificação do empregador e empregado, o objeto do
contrato, os direitos e as obrigações dos contratantes, a jornada diária de disponibilidade do
empregado no serviço e a remuneração que será efetuada em troca da prestação de
serviços. A simples assinatura da CTPS já caracteriza um contrato escrito.

O contrato verbal é aquele que não há trato escrito. Em razão de a informalidade


ser uma característica do contrato de trabalho, é admissível o contrato verbal, previsto pela
CLT, em seu artigo 443. O fato de a carteira de trabalho do empregado não ter sido, no prazo
de 48 horas assinada, gera um simples ilícito administrativo, nada impedindo que o
empregado e o empregador tenham pactuado de forma verbal o contrato de empregado,
combinando o salário, a jornada e etc.

O contrato de trabalho por prazo indeterminado é aquele em que as partes ajustam


apenas a data de início do trabalho, nada mencionando quanto ao término do contrato, a
regra é que os contratos sejam pactuados dessa maneira, por prazo indeterminado, em
obediência ao princípio da continuidade da relação de emprego.

O contrato por prazo determinado, também conhecido como contrato a termo, é


aquele em que as partes, desde o início da contratação, já decidem e firmam o termo do
contrato, ambos sabendo o tempo aproximado para o seu fim. Somente por exceção, em
casos previstos por lei, é que será admitido o contrato por prazo determinado. O contrato
por prazo determinado será válido em se tratando de serviço cuja natureza ou
transitoriedade justifique a razão da predeterminação do prazo, ou se tratando de uma
atividade empresarial de caráter transitório ou mesmo nos casos de contrato de experiência.

O contrato por prazo determinado só poderá durar dois anos, podendo ser
prorrogado uma única vez, e desde que esta prorrogação não ultrapasse este limite. Em se
tratando de contrato de experiência, o contrato só poderá durar noventa dias, podendo ser
prorrogado uma única vez, desde que não ultrapasse este limite. Entre o final de um
contrato por prazo determinado e o início de outro, é preciso que se tenha decorrido mais
de seis meses. Caso isso não ocorra, poderá este segundo contrato ser considerado contrato
por prazo indeterminado.

No contrato por prazo determinado, de regra, há ausência de aviso prévio, pois


desde o início da contratação, as partes já conhecem o termo do contrato. Caso no contrato
por prazo determinado haja uma cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão
antes de expirado o termo ajustado entre o empregado e o empregador, aplicam-se os
princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


178

 Contrato de experiência:

Nesta modalidade de contrato por prazo determinado, o empregado e o


empregador devem se testar mutuamente. O empregador verifica a capacidade do
empregado, se ele atende as determinações emanadas, se trabalha com zelo, se obedece a
jornada de trabalho e se tem um bom relacionamento com os demais empregados da
empresa, podendo dispensá-lo caso ele não esteja apto para serviço ou contratá-lo por
prazo indeterminado.

O prazo máximo em que poderá durar o contrato de experiência, conforme


mencionado, é de noventa dias, admitindo-se apenas uma prorrogação, dentro do prazo
máximo de validade.

 Alteração do contrato de trabalho:

Os contratos de trabalho somente poderão ser alterados se houver a presença de


dois requisitos indispensáveis para a alteração do contrato de trabalho. O primeiro é o
mútuo consentimento entre as partes, em que ambas devem consentir quanto à alteração
do contrato, enquanto que o segundo requisito é aquele em que esta alteração não deverá
resultar em nenhum prejuízo moral ou financeiro ao empregado.

A alteração do contrato de trabalho só será possível se houver obediência ao artigo


468 da CLT, o qual dispõe que: “Nos contratos de trabalho só é lícita a alteração das
respectivas condições, por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem,
direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
infringente desta garantia”.

 Transferência de empregados:

Para haver a transferência do empregado, é preciso que ele concorde com a


transferência. Não é permitida a transferência do empregado para localidade diversa da que
resultar do contrato, uma vez que esta implica na mudança do domicílio. No caso de simples
remoção, em que não há alterações no domicílio do empregado, esta poderá ser feita
unilateralmente pelo empregador, sem, necessariamente, haver a concordância do
empregado.

Empregados que exercem cargos de confiança, e aqueles cujos contratos de


trabalho tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência para outra localidade,
nesses casos, havendo a real necessidade do serviço, será considerada lícita a transferência
dos empregados. Outro caso que torna lícita a transferência dos empregados é quando há
extinção do estabelecimento, permitindo ao empregador fazer a transferência para
localidade diversa da que resultar do contrato de trabalho.

Quanto à transferência provisória do empregado, havendo a real necessidade do


serviço, o empregador poderá transferi-lo para local diverso do que resultar o contrato de
trabalho, mas ficará obrigado a um pagamento suplementar, enquanto durar esta situação,
que nunca deverá ser inferior a vinte e cinco por cento do salário que o empregado recebia.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


179

 Interrupção do contrato de trabalho:

Ocorre a interrupção quando o empregado, por razões juridicamente relevantes,


suspende a realização de seus serviços, mas continua recebendo a sua remuneração
normalmente, permanecendo o empregador com todas as obrigações existentes no contrato
de trabalho. O período da interrupção é contado como tempo de serviço.
São hipóteses consideradas para interrupção do contrato de trabalho:

a) até dois dias consecutivos, em razão de falecimento do cônjuge, ascendente,


descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua CTPS, viva sob sua
dependência econômica;
b) até três dias consecutivos, em razão do casamento;
c) por um dia, em cada 12 meses de trabalho, em caso de doação voluntária de
sangue, devidamente comprovada;
d) até dois dias, corridos ou não, para se alistar enquanto eleitor;
e) no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do serviço militar;
f) nos dias em que estiver, comprovadamente, realizando provas de exame
vestibular;
g) pelo tempo em que for preciso, quando tiver que comparecer em juízo;
h) licença paternidade de cinco dias;
i) encargos públicos específicos (ex.: atuar em eleições, atuar como jurado quando
participar de Tribunal de Júri e etc.);
j) acidentes de trabalho ou em caso de doenças, apenas nos primeiros quinze dias;
k) repouso semanal remunerado;
l) férias;
m) feriados;
n) licença maternidade;
o) licença remunerada em razão de aborto não criminoso;
p) empregado membro da Comissão de Conciliação Prévia, quando estiver atuando
como conciliador;
q) em casos diversos de licença remunerada;
r) pelo tempo que for preciso, quando, na qualidade de representante de entidade
sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do
qual o Brasil seja membro.

 Férias:

Licença anual remunerada, um direito irrenunciável do empregado, garantido na


Constituição Federal em seu artigo 7º, XVII, e assegurado também na Consolidação das Leis
do Trabalho em seu artigo 129. As férias são necessárias para proporcionar descanso ao
empregado. Para o período de férias, o empregado tem direito de receber sua remuneração
com acréscimo de pelo menos um terço a mais do que a remuneração normal. As férias são
concedidas ao empregado após o período aquisitivo, que é de doze meses de trabalho.

Quando as férias não forem concedidas dentro do prazo, será paga a remuneração
em dobro pelo empregador. É permitido ao empregado, com a concordância do
empregador, fracionar as férias em dois períodos, mas nenhum deles poderá ser inferior a

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


180

dez dias. É permitido ao empregador conceder aos empregados de determinado setor da


empresa ou mesmo a todos eles as férias coletivas, dando com quinze dias de antecedência,
publicidade sobre esta concessão.

O empregado pode converter um terço de suas férias em abono pecuniário,


devendo requerê-lo com antecedência de quinze dias antes do término do período
aquisitivo. Neste caso o empregador não poderá se opor.

 Repouso semanal remunerado:

O repouso semanal remunerado é um direito do empregado urbano e rural,


garantido pela Constituição Federal em seu artigo 7º, XV. É um direito social também
estendido aos empregados domésticos.

Não será devida a remuneração do repouso semanal e dos feriados, nos casos em
que o empregado, sem nenhum motivo relevante ou justificado, não tiver trabalhado
durante toda a semana anterior, cumprindo integralmente o sua jornada, seu horário de
trabalho. Contudo o empregado que apenas faltou ou chegou atrasado sem justificativa não
perderá o direito ao repouso semanal remunerado e ao feriado, apenas a remuneração do
dia em que faltar ao trabalho.

O repouso semanal remunerado deverá ser concedido ao empregado


preferencialmente nos dias de domingo. As empresas que têm funcionamento nos dias de
domingo deverão se organizar numa escala de revezamento entre os empregados, para que
pelo menos de sete em sete semanas este repouso semanal remunerado seja coincidente
com o dia de domingo.

 Jornada de trabalho:

A jornada de trabalho é o período em que o trabalhador se coloca à disposição do


empregador em razão do contrato de trabalho. A jornada é a medida do tempo diário em
que o empregado se coloca a disposição do empregador em virtude do cumprimento do
contrato de trabalho que vincula o empregado e o empregador.

O período de tempo em que o trabalhador estiver à disposição do empregador, em


seu próprio domicilio, para a substituição de empregados ausentes ou mesmo para a
execução de imprevistos serviços é chamado de sobreaviso. A escala de sobreaviso deverá
ser, no máximo, de vinte e quatro horas, e o trabalhador deverá receber um terço da
remuneração normal pelas horas em que esteve de sobreaviso.

O sobreaviso se caracteriza quando a liberdade do trabalhador de dispor do próprio


tempo estiver limitada por meio de um comunicado prévio do empregador, de que este
deverá permanecer em estado de alerta, pois a qualquer tempo poderá ser chamado para o
trabalho. O sobreaviso é diferente da prontidão, pois nesta o empregado fica nas
dependências da empresa, esperando as ordens pessoais de serviço, e este período não
poderá ultrapassar doze horas.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


181

É importante fixar a jornada de trabalho para que seja preservada a saúde dos
empregados, pois todo trabalho realizado em excesso pode gerar doenças profissionais e
acidentes de trabalho. A Constituição Federal, em seu artigo 7º, inciso XIII, fixou a jornada de
trabalho diária em 8 horas e a semanal em 44 horas, sendo possível haver a compensação de
horários ou a redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva. A Consolidação
das Leis do Trabalho, em seu artigo 58, também fixa a jornada diária em 8 horas.
A jornada daqueles que trabalham em turnos ininterruptos de revezamento é
reduzida. A Constituição Federal, no art. 7º XIV, diz que: “a jornada deve ser de seis horas
para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
coletiva”. O trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento é aquele no qual
grupos de trabalhadores se sucedem na empresa, sempre cumprindo horários que permitam
que a empresa funcione de forma ininterrupta. Onde houver o turno ininterrupto de
revezamento, os trabalhadores serão escalados para prestar serviços em diferentes períodos
(manhã ou tarde ou noite), em forma de rodízio, para que a empresa funcione sem
interrupção.

O Tribunal Superior do Trabalho admite que haja a escala de revezamento que fixe
a jornada na modalidade de 12 x 36 horas, mas para que isto seja possível, é preciso que seja
estabelecida a jornada por acordo ou convenção coletiva de trabalho.

 Intervalo inter e intrajornada:

O intervalo interjornada é uma pausa que se concede ao empregado entre o fim de


uma jornada diária de serviço e o início de outra nova jornada de trabalho no dia seguinte,
para o seu descanso. Esta deverá ser de, pelo menos, onze horas consecutivas de pausa
entre o final de uma jornada e o início de outra.

O intervalo intrajornada é aquele que ocorre dentro de uma mesa jornada diária de
trabalho, que tem por finalidade o repouso e alimentação do empregado. Se a jornada do
empregado excede de seis horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para
alimentação e repouso do empregado de, no mínimo, uma hora, mas se houver convenção
ou acordo coletivo, este intervalo poderá durar até duas horas, não sendo computado o
intervalo na duração da jornada. Já se a jornada de trabalho exceder de quatro horas, mas
não ultrapassar seis horas, o intervalo intrajornada será de duração de quinze minutos, não
sendo computado o intervalo na duração da jornada.

 Prorrogação de jornada:

A jornada de trabalho poderá ser prorrogada por meio de acordo escrito, individual
ou também coletivo, em tempo que não exceda de duas horas, com o acréscimo no
pagamento do serviço extraordinário superior, no mínimo em cinquenta por cento a mais do
que a hora normal de trabalho. Configura-se, então, como hora-extra, conforme o artigo 7º,
XVI, onde a remuneração do serviço extraordinário deverá ser superior, no mínimo, em
cinquenta por cento à do normal.

A jornada de trabalho também poderá ser prorrogada por meio de acordo de


compensação de jornada, também chamada de banco de horas, disciplinado em acordo

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


182

coletivo ou convenção coletiva de trabalho, onde o empregado não receberá o adicional de


cinquenta por cento a mais do que a hora normal, pois todo o excesso de horas que forem
trabalhadas em um dia será compensado em outro dia de trabalho, não podendo ultrapassar
o limite máximo de dez horas diárias de trabalho.

 Horário noturno:

A Constituição Federal garante a todos os empregados urbanos e rurais o adicional


noturno com remuneração superior a do horário diurno, constante em seu artigo 7º, IX, da
CF.

O horário noturno para o empregado urbano será compreendido entre as vinte e


duas horas até às cinco horas do dia seguinte, sendo que a hora computada será como de
cinquenta e dois minutos e trinta segundos, recebendo o empregado urbano que trabalhar
neste horário o adicional noturno de vinte por cento.

O empregado rural tem horário noturno diverso do empregado urbano, pois, a


depender da sua atividade, seu horário noturno poderá ser das vinte e uma horas às cinco
horas do dia seguinte, caso trabalhe na lavoura. Caso o empregado rural trabalhe na
pecuária, por exemplo, seu horário noturno deverá ser das vinte horas às quatro horas do
dia seguinte. A hora do empregado rural é computada como de sessenta minutos, e o
empregado rural recebe o adicional noturno de vinte e cinco por cento.

É importante salientar que o trabalho noturno é proibido aos menores de dezoito


anos, conforme o artigo 7º XXXIII da Constituição Federal.

 Atividade insalubre e perigosa:

Atividades insalubres são aquelas que, por sua natureza ou pelos métodos de
trabalho, exponham os obreiros a agentes que são nocivos à saúde, como, por exemplo, o
ruído, calor, radiações, pressões, frio, umidades e agentes químicos. O adicional de
insalubridade deve ser calculado em razão de dez por cento, vinte por cento ou quarenta por
cento, para os graus mínimo, médio e máximo, respectivamente.

O empregador deverá tomar medidas que eliminem ou neutralizem a insalubridade,


segundo o artigo 191 da CLT, quais sejam:

a) adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de


tolerância;
b) utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que
diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.

O empregado que laborar em atividade no setor de energia elétrica em condições


de periculosidade receberá o adicional de trinta por cento, calculado sobre todas as parcelas
de natureza salarial. O empregado que trabalha em atividade perigosa, como explosivos e
inflamáveis, receberá o adicional de trinta por cento sobre o salário base.

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


183

A Consolidação das Leis do Trabalho determina em seu artigo 195 que a


caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade deve se fazer por meio
de perícia a cargo de médico ou engenheiro do trabalho. Contudo, apesar da imposição do
artigo 195 da CLT, se o pagamento do adicional de periculosidade for efetuado por mera
liberalidade do empregador, ainda que de forma proporcional ao tempo de exposição ao
risco ou em percentual inferior ao máximo legalmente previsto, dispensa a realização da
prova técnica exigida pela Consolidação das Leis do Trabalho, pois torna incontroversa a
existência do trabalho em condições perigosas.

Não poderá o adicional de periculosidade ser cumulado com o adicional de


insalubridade, cabendo ao empregado a opção por um dos dois adicionais, não podendo
receber os dois ao mesmo tempo. O empregado que vier a postular o pagamento do
adicional de periculosidade na Justiça do Trabalho deverá abrir mão do adicional de
insalubridade e vice-versa. O trabalho em condições perigosas e insalubres será proibido ao
menor de dezoito anos de idade, conforme o artigo 7º, XXXIII da Constituição Federal.

 Estabilidade:

O empregado estável é aquele que por algum motivo não poderá ser demitido sem
justa causa. A estabilidade poderá ser de duas formas, a definitiva e a provisória. A
estabilidade definitiva é aquela que vai produzir efeitos por toda a relação de emprego. Ela é
adquirida após três anos de efetivo exercício em razão de nomeação para cargo de
provimento efetivo em função de concurso público. Já a estabilidade provisória é aquela que
apenas produz efeitos enquanto durar, enquanto persistir uma causa especial que a motivar.

 A estabilidade provisória pode ocorrer nas seguintes hipóteses:

a) dirigente sindical, titulares e suplentes: estes terão estabilidade desde o registro


da candidatura, e se eleitos, terão estabilidade até um ano após o final do
mandato;
b) empregado eleito membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(Cipa), titulares e suplentes: estes têm estabilidade desde o registro da
candidatura e, caso sejam eleitos, até um ano após o final do mandato;
c) gestante: a empregada gestante, inclusive a doméstica, tem estabilidade desde a
confirmação da gravidez até cinco meses depois do parto, não podendo ser
demitida sem justa causa neste período;
d) acidentado: o empregado acidentado tem estabilidade, por doze meses, que
serão contados após a cessação do auxílio doença acidentário, recebido pelo
empregado;
e) empregados membros do conselho curador do FGTS, titulares e suplentes, têm
estabilidade desde a nomeação até um ano após o término do mandato de
representação;
f) empregados eleitos membros do CNPS, titulares e suplentes: estes empregados
terão estabilidade desde a nomeação até um ano após o final do mandato;
g) empregados eleitos diretores de sociedades cooperativas: estes empregados
têm as mesmas garantias dos dirigentes sindicais, sendo desde a candidatura e,
se eleitos, até um ano após o final do mandato;

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


184

h) empregados eleitos membros da comissão de conciliação prévia, titulares e


suplentes: estes empregados têm estabilidade desde o registro da candidatura e,
se eleitos, até uma no após o final do mandato.

 Trabalhador eventual:

O trabalhador eventual é aquele que não é fixo, que apenas trabalha em uma
ocasião, em um evento específico, para um determinado serviço ou acontecimento. É aquele
trabalho realizado de forma esporádica, temporária, que tenha curta duração, que, de regra,
ocorre em atividades meio e não atividades fim da empresa. Terminando o evento, o
trabalhador é imediatamente desligado, pois não há relação de emprego. A diarista é uma
trabalhadora eventual, pois, eventualmente, faz uma faxina; o pintor também pode ser
considerado um trabalhador eventual; e também um encanador.

 Trabalhador autônomo:

O trabalhador autônomo é aquele que sempre exerce sua atividade profissional


remunerada, por sua conta própria, sem que seja subordinado a outra pessoa, sem haver
vínculo empregatício com o contratante, assumindo os riscos da atividade econômica que
desenvolver.

O médico, os advogados que têm os seus estabelecimentos próprios, consultórios e


escritórios próprios, são exemplos de trabalhadores autônomos.

 Menor empregado e contrato de aprendizagem:

Para o Direito do Trabalho, o menor trabalhador é aquele que tem de dezesseis a


dezoito anos de idade e que presta serviços subordinados, atendendo às ordens do
empregador, contínuos e remunerados. A Constituição Federal proíbe o trabalho do menor
em locais perigosos ou insalubres e também o seu trabalho em horário noturno. O menor de
dezesseis anos de idade não poderá ser empregado, apenas aprendiz.

A jornada de trabalho do aprendiz será de seis horas diárias, sendo de regra


proibida a prorrogação de jornada, que poderá ser possível se o aprendiz tiver concluído o
Ensino Fundamental, quando a duração da jornada diária poderá ser superior às seis horas e
limitadas às oito horas, desde que nestas oito horas estejam computadas as horas
destinadas à aprendizagem teórica.

O menor não poderá trabalhar em locais que prejudiquem a sua saúde, ao seu
desenvolvimento físico ou a sua moralidade. É proibido o menor trabalhar em boates,
cassinos, dancings, assim como é proibido o trabalho em locais de venda de bebida alcoólica,
o trabalho com produção, composição, entrega e vendas de escritos e outros objetos que
prejudiquem a sua formação moral.

O contrato de aprendizagem será obrigatoriamente um contrato de forma especial,


sendo escrito e por prazo determinado, de até dois anos, entre jovens que tenham entre
quatorze anos a vinte e quatro anos de idade. Em se tratando de um aprendiz portador de

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


185

deficiência, este contrato pode ser superior aos dois anos.

O contrato de aprendizagem é extinto quando completar dois anos de duração ou


quando o aprendiz completar os vinte e quatro anos de idade, salvo se o aprendiz for
portador de deficiência, como já mencionado. O contrato de aprendizagem poderá também
ser extinto antecipadamente, quando houver um desempenho insuficiente ou quando
ocorrer falta disciplinar grave. Poderá, ainda, terminar devido à ausência injustificada à
escola, a qual venha implicar na perda do ano letivo. Por fim, o contrato de aprendizagem
poderá ser extinto a pedido do aprendiz.

 Demissão:

Demissão diz respeito ao desligamento do funcionário do quadro da empresa.


Nesta ocasião, dá-se a suspensão do contrato de trabalho, conforme descrito a seguir.

 Suspensão do contrato de trabalho:

Durante a suspensão do contrato de trabalho, o empregado e o empregador


suspendem as suas obrigações contratuais. A suspensão pode ocorrer por diversas razões, a
saber:

a) acidente de trabalho ou doença, após o décimo quinto dia. Neste caso, dá-se a
suspensão pelo fato de o empregado entrar em gozo do auxílio doença, que é
pago pela Previdência Social;
b) durante a prestação do serviço militar obrigatório. Embora o acidente de
trabalho e a prestação de serviço militar obrigatória sejam hipóteses para a
suspensão do contrato de trabalho, haverá contagem de tempo de serviço, e
haverá também o recolhimento de FGTS;
c) empregado eleito para o cargo de dirigente sindical, quando estiver no exercício
das suas funções sindicais. Caso haja cláusula no contrato de trabalho ou acordo
ou convenção coletiva de trabalho, o empregador poderá manter a obrigação do
pagamento da remuneração e das outras vantagens do empregado. Neste caso,
não será mais suspensão, e sim interrupção do contrato de trabalho;
d) afastamento do empregado em caso de prisão;
e) aposentadoria por invalidez.

O contrato pode terminar por iniciativa das partes, sem que nenhuma delas tenha
cometido falta grave, como, por exemplo, na dispensa sem justa causa do empregado, no
pedido de demissão do empregado, no acordo ou distrato que ocorre quando ambas as
partes do contrato decidem em conjunto terminá-lo sem justo motivo, ou quando chegar o
fim do período do contrato por prazo determinado.

O contrato de trabalho também poderá ser encerrado quando uma das partes ou as
duas cometerem falta grave. Se a falta for por parte do empregado, é facultado ao
empregador demiti-lo por justa causa. Poderá ocorrer também de o empregador cometer
uma falta grave, dando razão para o empregado romper o contrato, que é o caso da rescisão
ou despedida indireta. Por fim, poderá ocorrer de as duas partes cometerem falta grave,

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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ocorrendo a culpa recíproca.

 Aviso prévio

O aviso prévio é uma comunicação antecipada de uma parte do contrato de


trabalho para a outra, do desejo de terminar o contrato, sendo, então, estabelecido um
termo final à relação jurídica existente entre os contratantes. O aviso prévio é uma
comunicação que o empregado ou o empregador deverá fazer para poder encerrar a relação
de trabalho. Esse comunicado tem por função determinar por quanto tempo o empregado
deverá ainda exercer a função. Ao empregador, caberá pagar ao empregado o salário
integral desse período trabalhado, incluindo as horas-extras que o empregado prestar nesse
período.

De regra, o aviso prévio será aplicado nos contratos por prazo indeterminado, pois,
nos casos de contrato por prazo determinado, o prazo para o término do contrato já foi
anteriormente estabelecido entre o empregado e empregador.

O aviso prévio deverá ser concedido com pelo menos trinta dias de antecedência.
Mas, a depender do tempo de trabalho do empregado, este prazo poderá ser superior a
trinta dias. A cada um ano de trabalho o empregado terá direito a três dias a mais de aviso
prévio, sendo que o limite máximo será de noventa dias.

Se o empregado não cumprir o aviso prévio, o empregador tem direito de reter o


saldo de salário no valor correspondente aos dias em que o empregado deveria ter laborado.
Mas caso o empregador não tenha feito o aviso prévio, ele ficará obrigado a pagar o salário
correspondente ao período que seria trabalhado pelo empregado. O empregador poderá, se
quiser, dispensar o obreiro do cumprimento do aviso prévio, mas, para isso, deverá pagar o
salário referente ao tempo em que seria laborado pelo empregado, e esse período deverá
constar na Carteira de Trabalho do empregado, como tempo de serviço efetivamente
trabalhado.

 Dispensa do empregado por justa causa

A dispensa por justa causa ocorre pela quebra da confiança, o que prejudica a
continuidade da relação de emprego. É configurada quando a conduta do empregado for
dolosa ou culposa. São hipóteses de dispensa por justa causa:

a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta e mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia, sem permissão do empregador
e quando constituir ato de concorrência à própria;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido
suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou insubordinação;

MÓDULO IV SEGURANÇA DO TRABALHO


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i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa,
ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra e da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o
empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria
ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.

O contrato de trabalho poderá ser extinto pela prática de faltas graves cometidas
pelo empregador, impedindo e dificultando a permanência do empregado no serviço, dando
razão a rescisão ou despedida indireta.

São hipóteses de falta grave cometida pelo empregador, podendo o empregado


considerar rescindido o contrato de trabalho e pedir a rescisão indireta:

a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos
bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor
excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador com as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador, ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família,
ato lesivo da honra ou da boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu salário, sendo este por peça ou tarefa.

Por fim, a culpa recíproca ocorre quando, tanto o empregado, quanto o


empregador, cometerem faltas graves, quando as duas partes do contrato de trabalho dão
razão para o término do contrato.

SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO IV


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REFERÊNCIAS

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