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GESTÃO CONTÁBIL E

FINANCEIRA
FICHA TÉCNICA
2ª Edição

Preparação de Conteúdo:
Professor Fernando Melo

Formatação e Normalização (ABNT):


Natalia Bastos

Revisão Gramatical, Semântica e Estilística:


Ediane Souza

Capas: Aporte Comunicação

Editoração e Revisão Técnica/Final:


Ediane Souza

Diagramação e Design Gráfico:


Ediane Souza

Impressão e Diagramação:
Edição Bagaço Ltda.

Rua das Ninfas, 243


Soledade – Recife/PE – Brasil
CEP: 50.070-050
Telefone: (81) 4062-9222
www.grautecnico.com.br

Este material é exclusivo para uso do aluno Grau Técnico.


Para dúvidas ou sugestões, envie-nos um e-mail:
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Módulo 3 Administração
REGULAMENTO INTERNO – VERSÃO 20161

Caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) ao Centro de Ensino Grau Técnico. Esperamos que você aproveite
esta oportunidade de conhecimento e crescimento profissional. Para que possamos
desenvolver as atividades de formação técnica com profissionalismo e excelência, se faz
necessário o cumprimento de algumas normas, que irão proporcionar a você, aluno Grau
Técnico, um ambiente de respeito e cooperação mútua entre todos os envolvidos neste
trabalho de formação profissional.

1 PONTUALIDADE
1.1 Turnos de segunda à sexta-feira: manhã (08 às 12h); tarde (14 às 18h); noite (18h30min
às 22h30min).
1.2 Turnos aos sábados: manhã (08 às 12h); tarde (13 às 17h).
1.3 Não será permitida a saída antes do término de cada aula, salvo sob autorização prévia da
coordenação.
1.4 A pontualidade e a assiduidade, bem como a postura pessoal serão pontuadas como
indicadores do processo de avaliação.

Atenção: observe no seu contrato os dias e horários das aulas.

2 ATIVIDADES COMPLEMENTARES
2.1 Trabalhos, palestras e seminários serão realizados nos mesmos horários das aulas, em
dias alternados ou de acordo com a disponibilidade da escola.
2.2 As visitas pedagógicas orientadas serão anunciadas nos murais e site da unidade,
separadas por módulo. Cabe ao aluno interessado se inscrever na Coordenação
Pedagógica e realizar o pagamento da taxa de transporte na secretaria.
2.3 As visitas pedagógicas orientadas acontecerão de acordo com a disponibilidade da escola
e das empresas parceiras.
2.4 O uso do fardamento é obrigatório para todas as visitas e aulas práticas (dentro e fora da
instituição).

3 CERTIFICAÇÃO
3.1 A frequência nas aulas deve ser igual ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) em
cada disciplina.
3.2 A média em cada disciplina deve ser igual ou superior a 7,0 (sete).
3.3 O(a) aluno(a) que for reprovado(a) em alguma das disciplinas, deverá pagar o valor de
uma parcela para cursar novamente a disciplina, a fim de obter frequência e nota
necessárias para a aprovação e para o recebimento do certificado.
3.4 Estar com todas as parcelas pagas.
3.5 Estar com toda documentação exigida pela Secretaria Estadual de Educação, conforme

1
O regimento em vigor será sempre a última versão, informada no título deste documento.

Administração Módulo 3
orientado no ato da matrícula.
3.6 Solicitar, por escrito, a emissão do diploma. O prazo de entrega, após solicitação, será de
até 30 (trinta) dias.
3.7 Os cursos que possuem estágio obrigatório terão os seus diplomas entregues após o
cumprimento da carga horária total, incluindo estágio.
4 REPOSIÇÃO DE AULA
4.1 Em caso de falta justificada, o(a) aluno(a) terá o direito de realizar a aula ou atividade
perdida em outra turma, de acordo com a disponibilidade da escola, sem custo adicional.
4.2 A falta só poderá ser justificada perante atestado médico ou documento comprovando o
motivo da ausência.
4.3 Em caso de falta sem justificativa, o(a) aluno(a) poderá requerer na secretaria a reposição
da aula ou atividade, efetuando o pagamento referente à taxa do serviço.
4.4 Observa-se que a justificativa não anula a falta, apenas faz valer o direito de reposição da
aula ou atividade.

5 CONSERVAÇÃO
5.1 No caso de danos ao espaço da escola ou a equipamentos pertencentes à mesma, o(a)
aluno(a) ou seu representante legal será responsabilizado pelos gastos com o reparo,
bem como, se necessário, submetido(a) às medidas disciplinares quando for cabível.
5.2 Ao término de cada aula, teórica ou prática, a sala ou laboratório utilizado deverá ser
deixado organizado para a próxima turma.

6 SAÚDE E BEM-ESTAR GERAL


6.1 Não será permitida a utilização de aparelhos celulares ou fones de ouvido na sala de aula.
6.2 Não será permitida a permanência de pessoas nas salas de aula e dependências internas
da escola, a não ser alunos, professores ou funcionários em seus respectivos horários.
6.3 Não será permitida a entrada de alimentos ou bebidas nas salas de aula, laboratórios ou
biblioteca.
6.4 Deve-se manter a limpeza, organização e conservação da escola como um todo. Devem-
se utilizar os cestos de lixo disponibilizados em cada ambiente.
6.5 A escola não se responsabilizará por perdas ou danos de pertences dos alunos.
6.6 É obrigatório tratar os demais alunos, docentes e funcionários com respeito e
urbanidade, sob pena de aplicação de medida disciplinar de advertência, suspensão ou
expulsão, a depender da gravidade da infração.
6.7 Temos as câmeras estão sendo utilizadas em toda escola, a fim de proporcionar maior
segurança aos nossos alunos.

7 SALA DE ESTUDO/BIBLIOTECA/ACESSO À INTERNET


7.1 A utilização da sala de estudo será mediante agendamento com a coordenação
pedagógica, fora do horário normal.
7.2 O uso desta sala é exclusivo para estudo e pesquisa, portanto deverá ser mantido o
silêncio e a disciplina para não interferir na concentração dos demais alunos.
7.3 O uso dos computadores para pesquisa tem o tempo máximo de uso de 30 minutos,
mediante agendamento.
7.4 Não é permitida a retirada de livros.
7.5 A entrada do aluno na biblioteca será mediante apresentação de documento para uso de
livros e acesso à Internet.

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7.6 Para a solicitação de declarações, deve-se respeitar o prazo de 72h.
8 AVALIAÇÃO
8.1 As provas serão realizadas durante o turno que o aluno estuda e sempre na última aula
da disciplina, tendo a duração de até 1h30min.
8.2 O(a) aluno(a) que faltar a prova deverá comparecer à coordenação pedagógica da escola,
em um prazo de até 48 horas, para requerer a avaliação em segunda chamada, bem
como efetuar o pagamento da taxa na secretaria.
8.3 As provas de recuperação ou segunda chamada acontecem na primeira semana de cada
mês, conforme informado pela coordenação, no site e nos quadros de avisos.
8.4 Para o(a) aluno(a) ser aprovado(a), deverá obter a nota mínima de 7,0 (sete) em cada
disciplina cursada.

9 MATRÍCULA
9.1 O(a) aluno(a) deverá, no ato da matrícula, fazer a leitura do regulamento do curso e do
contrato de prestação de serviços com bastante atenção, para que possamos esclarecer
nossos direitos e deveres no decorrer do curso, visando o compromisso com a qualidade
do ensino e da postura profissional.

10 CANCELAMENTO DO CONTRATO
10.1 O cancelamento do contrato poderá ocorrer a qualquer momento, sob autorização da
diretoria da escola em caso de indisciplina por parte do(a) aluno(a). Quanto a sua defesa,
caberá aos dispositivos legais vigentes.
10.2 O cancelamento por parte do(a) aluno(a) deverá ser feito na coordenação da escola,
mediante requerimento e pagamento da multa de cancelamento espontâneo, conforme
contrato de prestação de serviços.
10.3 O(a) aluno(a) que cancelar e desejar retornar ao curso poderá reverter sua multa em
pagamentos de parcelas, sendo o valor descontado das últimas parcelas restantes.
10.4 Para o(a) aluno(a) retornar, deverá ser efetuado o pagamento do valor de uma parcela e
fazer uma avaliação de nivelamento.
10.5 O aluno que for cancelado por motivo de indisciplina não poderá voltar a estudar no
Centro de Ensino Grau Técnico.

11 SITE E PORTAL ACADÊMICO


11.1 Todos os informativos, notas, oportunidades e materiais extras serão disponibilizados no
site e no portal acadêmico.
11.2 O acesso ao portal acadêmico é por meio do site www.grautecnico.com.br, onde o(a)
aluno(a) colocará o seu número de matrícula tanto no campo ‘usuário’, como naquele
referente ao à ‘senha’.

12 TRANSFERÊNCIA DE TURMA/SALA/INSTRUTOR/UNIDADES
12.1 A transferência de turma estará sujeita à disponibilidade de vagas nas turmas em
andamento.
12.2 A transferência de Unidade terá o valor de uma parcela com desconto. Para tanto, o(a)
aluno(a) tem que estar com as parcelas em dia, bem como a transferência estará
condicionada à confirmação da unidade destino, conforme disposição nas turmas.

Administração Módulo 3
12.3 O(a) aluno(a) que requerer transferência de Unidade sem nunca ter cursado na unidade
de origem e desejar outro curso adiantará uma parcela com desconto na Unidade de
origem e efetuará matrícula na unidade destino.
12.4 O(a) aluno(a) que estiver cursando não poderá transferir para uma turma que não tenha
iniciado.
12.5 Para a otimização do espaço e aproveitamento das turmas, o Centro de Ensino Grau
Técnico poderá mudar de sala durante o decorrer do curso, bem como unir duas ou mais
turmas.
12.6 Durante o decorrer do curso, pode haver mudança de professor. Tendo em vista que os
nossos cursos seguem um plano de aula, os alunos não terão nenhum prejuízo em
relação ao aprendizado.

13 DIAS E HORÁRIOS DE RECEBIMENTO DA ESCOLA


13.1 As parcelas do curso terão descontos de pontualidade, para os pagamentos efetuados até
a data de cada vencimento. Para pagamentos após o vencimento, será cobrado o valor
integral mais multa acrescida de juros.
13.2 O desconto de pontualidade só será válido para pagamentos em espécie. Para todo tipo
de cartão, a parcela será cobrada em valor integral.
13.3 As tarifas para requerimentos extras e outros serviços cobrados pela escola estão
disponibilizadas para informações na secretaria da escola.
13.4 O pagamento do boleto poderá ser realizado em qualquer banco ou caixa de
pagamentos diversos.
13.5 No ato da matrícula, será impresso o primeiro boleto do seu curso. Os demais deverão
ser impressos a partir do portal acadêmico, no site www.grautecnico.com.br, acessando-
o com o seu login e senha, no item financeiro, no link ‘Impressão de Boletos’, ou
solicitando a sua impressão na secretaria da escola.

14 PLANO DE ENCAMINHAMENTO PROFISSIONAL


14.1 Os alunos do Grau Técnico dispõem de um setor exclusivo denominado Coordenação de
Encaminhamento Profissional, que tem como objetivo realizar parceria com empresas para
disponibilizar vagas de estágio e/ou emprego. Para participar, basta estar dentro do
regulamento, conforme item abaixo.
14.2 Apresentar nota igual ou superior a 7,0 (sete), frequência nas aulas igual ou superior a
75%, ter idade superior a 16 anos, ter concluído o primeiro módulo e estar em dia com as
parcelas.
14.3 O compromisso de encaminhamento profissional não é garantia de emprego ou de
estágio, visto que a decisão da contratação é da empresa contratante e não do Centro
de Ensino Grau Técnico.
14.4 Para os cursos de estágio não obrigatório, os alunos terão acesso às vagas disponíveis a
por meio da coordenação. O estágio deverá ser feito fora do horário no qual o aluno
esteja estudando.
14.5 Para os cursos de estágio obrigatório, os alunos deverão seguir o planejamento,
conforme orientado pela coordenação pedagógica.
15 ENFERMAGEM
15.1 O estágio obrigatório ocorrerá preferencialmente em turnos no qual ele esteja estudando,
salvo sob disponibilidade da unidade (hospitais, postos de saúde, clínicas, etc.).

Módulo 3 Administração
15.2 O estágio obrigatório será realizado ao final do curso.
15.3 Materiais imprescindíveis para as aulas práticas de Enfermagem (laboratório) –
aluno(a), sob total responsabilidade do aluno:
 Luvas de Procedimento, Luvas Estéreis, Seringas, Agulhas, Gazes, Esparadrapo,
Máscaras, Toucas, Gorros, Jaleco Calibre 22, Scalp Calibre 21 (verde), Estetoscópio,
Tensiômetro, Garrote, Termômetro (linha de mercúrio).
15.4 Materiais Necessários para os estágios curriculares em Enfermagem:
 Luvas de Procedimento, Luvas Estéreis, Máscaras, Toucas, Gorros, Capote descartável.

Ciente e de acordo.

_____________________________________________
Aluno(a)/Responsável

Para sugestões e informações, enviar e-mail para: contato@grautecnico.com.br

SEJA BEM-VINDO(A)!

Atenciosamente,
A Direção.

Administração Módulo 3
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11

2 OBJETIVO DO CURSO ................................................................................................ 11

3 TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO - MÓDULO 3............................................................ 12

4 ECONOMIA E MERCADO ........................................................................................... 17

5 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA .................................................................................. 51

6 MATEMÁTICA FINANCEIRA ...................................................................................... 83

7 CONTABILIDADE BÁSICA E GERENCIAL .................................................................. 115

8 CONTABILIDADE DE CUSTOS ................................................................................... 145

9 CONTABILIDADE FISCAL/LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ............................................... 173

10 ANÁLISE DE BALANÇO ........................................................................................... 219

Módulo 3 Administração
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1 INTRODUÇÃO

O avanço tecnológico é inevitável. No mundo todo, ele vem quebrando fronteiras


econômicas, sociais e culturais, trazendo consigo toda uma facilidade no acesso à
informação, à liberdade de expressão e à inclusão social. Ao mesmo tempo, também se lida
com certa desintegração dos valores humanos, com o consumo desenfreado, a
marginalização social e a agressão ao meio ambiente.

É necessário despertar o ser humano para a importância do conhecimento técnico e


suas consequências. Também é preciso conscientizá-lo para a solidariedade, o respeito a si
mesmo e ao outro e o trabalho em equipe.

A atuação do Grau Técnico, portanto, é abrir caminho para oportunidades que


beneficiem tanto o indivíduo, quanto o coletivo. É orientar para a realização profissional e
inserção social, por meio de uma educação estimuladora e operadora de inovações na
sociedade.

2 OBJETIVO DO CURSO

O Curso de Técnico em Administração do Centro de Ensino Grau Técnico propõe-se a


desenvolver uma formação profissional por competências, habilidades e atitudes, de modo
que o aluno seja capaz de enfrentar e responder a situações-problema de forma criativa e
inovadora, com autonomia, efetividade e ética, levando-o a exercer as atividades que
concorrem para a boa gestão com eficiência e eficácia, a fim de que se atinjam as metas e
resultados colimados.

Além disso, criar as condições necessárias para a formação de profissionais capazes


de desenvolver suas aptidões técnicas, humanísticas, éticas e sociais no mundo do trabalho;
desenvolver, junto com os alunos, o conhecimento voltado para a área de atuação junto aos
micro, pequeno e médio empresários, contribuindo funcionalmente para a mudança e
crescimento das empresas e gerando resultados que promovam o crescimento
socioeconômico do estado e da região; formar profissionais capacitados a atuarem em

Administração Módulo 3
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diversas áreas funcionais como recursos humanos, finanças, apoio logístico, marketing e
demais setores administrativos das organizações; e propiciar ao estudante o conhecimento e
a vivência de gestão em entes privados , públicos, do terceiro setor.

APROVEITE BEM O CURSO E TRANSFORME O CONHECIMENTO ADQUIRIDO NAS AULAS EM


OPORTUNIDADES DE TRABALHO!

Atenciosamente,

Ruy Maurício Loureiro Porto Carreiro Filho


Diretor Geral

Módulo 3 Administração
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3 TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO - MÓDULO 3

Neste terceiro módulo do curso, serão desenvolvidas as competências e habilidades


descritas a seguir.

3.1 Competências

a) Caracterizar os sistemas de controles sobre registros contábeis e gerenciais,


compatibilizando-os com as normas e os princípios da Contabilidade.
b) Conhecer a rotina de classificação contábil de documentos e, mais amplamente,
identificar os objetivos, a abrangência, a importância, as necessidades, as normas
para elaboração do plano de contas e do manual de codificação de eventos
contábeis.
c) Identificar as ciências contábeis como sistemas de informação e, consequentemente,
de gerenciamento.
d) Compreender os fundamentos das ciências contábeis como passos necessários para
se chegar ao gerenciamento e, mais que isso, à tomada de decisões.
e) Entender, sistemicamente, os mecanismos de formação, apuração e análise de
custos.
f) Perceber as oportunidades de utilizar as informações de custos para planejamento e
controle das atividades empresariais.
g) Estabelecer as margens de contribuição, o lucro, a relação de custo, o ponto de
equilíbrio e a alavancagem financeira e operacional da empresa.
h) Conhecer procedimentos para efetuar declarações, emissões de guias para
pagamento do IR, Contribuição Social, Cofins, PIS e outros impostos e tributos,
realizando a escrituração contábil-fiscal.
i) Definir as funções dos fluxogramas e cronogramas financeiros, abrangendo a política
de contas a pagar e a receber e o fluxo de caixa.
j) Entender os fundamentos do Sistema Financeiro Nacional, do planejamento
financeiro, do crédito e seus limites, do contrato bancário, das operações financeiras,
do capital de giro e das aplicações financeiras.
k) Conhecer os ciclos econômicos, financeiros e operacionais - Dominar conceitos
matemático-financeiros que serão utilizados nos sistemas orçamentários e na visão
micro e macro da economia.
l) Compreender a importância, os objetivos, as metodologias, técnicas e ferramentas
utilizadas na análise de balanços.

3.2 Habilidades

a) Organizar e fazer uso adequado das rotinas de arquivamento e classificação de


documentos contábeis, bem como cumprir cronogramas de fechamentos diários,
Administração Módulo 3
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mensais e anuais da área, apresentando ainda balancetes, extratos de contas,


demonstrações contábeis, patrimoniais, financeiras e orçamentárias.
b) Elaborar e interpretar relatórios gerenciais dos resultados econômicos e financeiros
que contribuam para a avaliação de resultados e desempenho da empresa.
c) Aplicar princípios e métodos de apuração de custos de modo a atuar positivamente
na elaboração e análise de sistemas de custos.
d) Preparar, à luz da legislação vigente, as guias e efetuar o recolhimento de tributos,
como também computação de isenções e reduções, verificando os registros e prazos
dos calendários fiscais, com o respectivo cálculo de impostos e adicionais,
escriturando-os em livro próprio para tal fim.
e) Empregar a legislação tributária apropriadamente no que concerne a impostos, taxas
e contribuições que incidem sobre as atividades operacionais da empresa.
f) Implementar os sistemas de crédito e cobrança, elaborando relatórios sobre
eles, bem como estabelecendo, junto com a área jurídica, medidas para cobrança.
g) Analisar a situação econômico-financeira, patrimonial e de produtividade da
empresa, utilizando-se de metodologias, técnicas e ferramentas próprias de
efetivação do balanço.
h) Aplicar os fundamentos de matemática financeira dentro do planejamento das
finanças da empresa face ao mercado.

Módulo 3 Administração
ECONOMIA E MERCADO
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4 ECONOMIA E MERCADO

A disciplina Economia e Mercado tem o objetivo de trazer uma visão abrangente


sobre economia, trabalhando aspectos, conceitos e categorias de análise que possibilitem a
reflexão a respeito de relações, processos e estruturas que se desenvolvem na economia.

4.1 Introdução

Adam Smith (1723-1790), economista escocês, elaborou pela primeira vez “um
modelo abstrato completo e relativamente coerente da natureza, da estrutura e do
funcionamento”, de um sistema econômico. Outros economistas também se destacaram,
depois e mesmo antes de Adam Smith: François Quesnay (sistema econômico), Jean Baptista
Say (a mão invisível), Thomas Robert Malthus (controle da natalidade), David Ricardo (valor
da terra), Karl Marx (mais valia), John MaynardKeynes (macroeconomia), Schumpeter
(inovações) etc.

Após a evolução de estudo, a economia pode ser conceituada como:

“A ciência que estuda as formas de comportamento humano resultantes da


relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos
que, embora escassos, se prestam a usos alternativos”. (ROSSETTI, 2004)

O conceito acima demonstra que a economia considera o fato de que se pode ter
necessidades ilimitadas para satisfazer e que os recursos para tal fim são escassos. Para isto,
tem-se que escolher a melhor alocação dos recursos capazes de produzir o necessário para
satisfazer as necessidades. Examinando as opções viáveis que se apresentam aos agentes
econômicos para empregar os limitados recursos sob comando, tomando decisões racionais
diante de várias alternativas.

A melhor escolha em relação a alocação dos recursos é feita pelos agentes


econômicos. São eles:

 Unidades familiares;
 Empresas; e
 Governo.

4.1.1 Fatores de Produção

Fatores de produção são os recursos que as pessoas, em sentido amplo, dispõe para
a produção de qualquer bem ou serviço. Podem se fracionar em quatro categorias:

 Trabalho: físico ou intelectual;


 Recursos da Natureza: terra, água, vento, sol, minerais, animais e vegetais de
florestas naturais;
 Tecnologia: entendida como a maneira de se fazer as coisas e não os objetos
empregados para fazê-las, por exemplo, os programas de computadores e não os

Administração Módulo 3
18

computadores, como máquinas;


 Capital: tanto pode ser o dinheiro em si, chamado de capital financeiro, como os
meio de produção (prédios, máquinas, computadores etc.), conhecidos como
capital produtivo.

4.1.2 O problema fundamental da economia

O problema fundamental da economia se refere à escassez dos recursos de


produção. Quando não se tem abundância relativa dos recursos de produção, as
necessidades não são completamente liquidadas.

Se todos os bens fossem ilimitados, a disponibilidade livre de recursos seria de tal


ordem que a obtenção de quaisquer bens não seria problema. Neste caso, não necessitaria
da ciência econômica, pois não haveria conflitos de interesses.

Porém, são raros os bens que ainda são livres e que não temos que pagar para
adquiri-los – a água da chuva, por exemplo. Ou até mesmo o ar que respiramos que ainda é
livre, vai, pouco a pouco, se transformando em bem econômico.

Surge então à necessidade da economia, para que se possa usufruir, da melhor


maneira possível, desses recursos. Se observa, portanto a importância da economia para
ajudar a alocar recursos escassos para atender as necessidades ilimitadas.

Em todos os países, as unidades familiares exigem mais e melhor produtos. As


empresas para produzi-los exigem equipamentos de mais alta sofisticação, mais ágeis e mais
produtivos. Os governos, para garantir a satisfação das necessidades dos outros agentes,
têm de fornecer mais infraestrutura econômica e social, melhores bens e serviços públicos.
Todos necessitam da economia para auxiliá-los.

4.1.3 Questionamentos relevantes

1- O que produzir?

O que produzir com os recursos que são escassos para atender as necessidades
ilimitadas da sociedade. Várias podem ser as alternativas de produção, dentre elas o que
produzir para usufruir e gastar da melhor maneira possível os recursos que são limitados.

2- Quanto produzir?

Quanto produzir de determinado produto ou produtos para atender as


necessidades da sociedade, para a sustentação do seu bem-estar corrente e para a
progressiva melhoria do seu padrão de vida.

3- Como produzir?

Como produzir para otimizar os recursos de produção (terra, capital, trabalho,

Módulo 3 Administração
19

capacidade tecnológica e capacidade empresarial) face à sua escassez

4- Quem produzir?

Para quem vai ser direcionado o produto/serviço. Tal questionamento é


importante para que se produza o necessário para atender as necessidades da sociedade.

As respostas a esses questionamentos são extremamente relevantes para resolver


os problemas econômicos que afetam s sociedades como um todo.

Várias são as possibilidades de se produzir bens/serviços, com a disponibilidade


limitada de recursos, para atendê-las. Assim, essas possibilidades de produção podem ser
destinadas a uma variedade de combinações de diferentes categorias de bens e serviços que
podem ser destinados à sociedade.

4.1.4 Fluxos Econômicos

Ao longo do processo de produção, em que são alcançados bens e serviços, as


unidades produtoras remuneram os fatores de produção por elas empregadas: pagam
salários aos seus funcionários, aluguel pelas instalações que ocupam, juros pelos
financiamentos obtidos e distribuem lucros aos seus proprietários. Essa remuneração é
recebida pelos proprietários dos fatores de produção e permite-lhes adquirir os bens e os
serviços de que necessitam.

As unidades produtoras, ao mesmo tempo em que produzem bens e serviços,


remuneram os fatores de produção por elas empregados, deixando que as pessoas
adquiram bens e serviços produzidos por todas as outras unidades produtoras. Condição
fundamental do sistema econômico para garantir sua eficiência.

O indivíduo que labuta em uma fábrica de roupas, por exemplo, não vai adquirir
apenas o produto de seu trabalho (as roupas) com o salário que recebe. Precisa,
conjuntamente, comprar alimentos, alugar ou comprar uma casa, usar transporte coletivo
etc. É através da remuneração de sua força de trabalho (fator de produção que concorreu
para a produção das roupas) que ela poderá adquirir as coisas de que necessita para viver.

Desta forma, em um sistema econômico existem dois fluxos:

 O primeiro é fluxo do produto, formado pelos bens e serviços produzidos no


sistema econômico, que também recebe o nome de fluxo real;
 O segundo é o fluxo de renda, ou fluxo monetário, formado pelo pagamento que
os fatores de produção recebem durante o processo produtivo, também chamado
de fluxo nominal.

Esses dois fluxos têm significado muito importante para a teoria econômica. O fluxo
de produto, formado por bens e serviços produzidos, constitui a oferta da economia, ou seja,
tudo aquilo que tiver sido produzido e estiver à disposição dos consumidores. O fluxo de
renda, formado pelo total da remuneração dos fatores produtivos, constitui o montante de

Administração Módulo 3
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que as pessoas dispõem para satisfazer às suas necessidades e desejos. Esse fluxo confunde-
se, em geral, com a despesa que os agentes realizam, representando a demanda, ou a
procura, da economia. Pode-se perceber portanto, a seguinte igualdade:

Produto = renda = despesa

A oferta e a procura são as duas funções mais significativas de um sistema


econômico. Elas formam o mercado em que as pessoas que querem vender se encontram
com as pessoas que querem comprar.

É importante observar que o termo mercado, na teoria econômica, não significa


apenas o lugar físico onde as pessoas estão localizadas, como uma feira livre, por exemplo.
Seu significado é mais amplo, se refere a todas as compras e vendas realizadas no sistema
econômico, tanto de bens de consumo, intermediários e de capital como de serviços. Em
síntese, resume a essência do sistema econômico, em que as necessidades são satisfeitas
através da venda e da compra de mercadorias e serviços.

4.1.5 Oferta e Demanda

 Teoria Elementar da Demanda:

A demanda/procura pode ser entendida como a quantidade de um determinado


bem ou serviço que os consumidores desejam comprar em determinado período de tempo a
um determinado preço, mantidas constantes todas as outras variáveis.

A análise da demanda está alicerçado no conceito de utilidade que é a qualidade


que os bens econômicos possuem de satisfazer as necessidades humanas. Esta utilidade
difere de consumidor para consumidor, visto que está baseada em aspectos psicológicos ou
preferências. E como visa satisfazer necessidades humanas, elas têm que apresentar algum
valor.

Em economia, geralmente se utiliza a expressão ceterisparibus, que significa “tudo


permanece constante”. Essa hipótese é de extrema importância, pois não é um fator isolado
que determina a demanda de um bem.

Todavia, para analisar o efeito de apenas uma única variável, é necessário


considerar as demais causas constantes. São elas:

 Salários;
 Juros;
 Lucros;
 Aluguéis;
 Alimentos;
 Vestuário;
 Serviços;
 Equipamentos.

Módulo 3 Administração
21

Outras variáveis que influenciam a escolha do consumo são:

 Preço do bem ou serviço;


 O preço dos outros bens;
 A renda do consumidor;
 Os gastos com propaganda e publicidade;
 O gosto ou preferência do indivíduo.

Ainda deve-se atentar para a Lei Geral da Demanda, que indica que há uma relação
inversamente proporcional entre a quantidade demandada e o preço do bem, ceterisparibus
(ou seja, quanto mais baixo o preço, maior o número de pessoas que irão querer adquirir o
bem ou serviço). Além do preço do bem, a oferta de bem ou serviço é afetada pelos custos
dos fatores de produção (matérias- primas, salários, preços da terra) e por alterações
tecnológicas, ou pelo aumento do número de empresas no mercado.

 O preço de equilíbrio:

A interação das curvas de demanda e oferta determina o preço e a quantidade de


equilíbrio de um bem ou serviço em dado mercado, ou seja, a quantidade a ser produzida e
o preço ofertado, possuem os mesmos valores na curva de demanda.

No encontro das curvas de oferta e demanda (PE) teremos o preço e a quantidade


de equilíbrio, isto é, o preço e a quantidade que atendem os objetivos dos consumidores e
dos produtores simultaneamente.

Se a quantidade concedida se encontrar abaixo daquela de equilíbrio “PE”, teremos


uma situação e insuficiência do produto. Haverá uma disputa entre os consumidores, pois as
quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas. Filas serão formadas, o que forçará
a elevação dos preços, até atingir-se o equilíbrio, quando as filas cessarem, haverá um
concentração de estoques não programados do produto, o que provocará uma competição
entre os produtores, conduzindo a uma nova redução dos preços, até que se atinja o ponto e
equilíbrio. Quando há competição, tanto de consumidores quanto de ofertantes, há uma
tendência natural no mercado para se chegar a uma situação de equilíbrio estacionário.

4.1.6 Bens econômicos

Para economia, “bem” é tudo que serve de elemento a uma empresa ou entidade
para a formação do patrimônio empregado para desempenhar a atividade produtiva, útil
para a produção direta ou indireta de seu lucro. É tudo aquilo que tem utilidade material,
prática e valor financeiro.

São classificados como:

 Bens de Capital:

São os bens que servem para produzir outros bens, como por exemplo, uma
máquina de costura, ou seja, máquinas e equipamentos que são utilizados para fabricar

Administração Módulo 3
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outros bens.

 Bens de consumo:

São aqueles que atendem, diretamente, à demanda. Eles são destinados ao


consumo final dos consumidores. Existem dois tipos:

1- Duráveis por exemplo: televisores, geladeira, aparelho de som, carro,


liquidificador, pois são bens que não possuem consumo imediato;
2- Não duráveis são bens destinados ao consumo final e são consumidos
imediatamente pelos consumidores, por exemplo: alimentos, produtos de
higiene e limpeza, etc.

 Bens intermediários:

São os utilizados para produzir outros bens, mas difere dos bens de capital, porque
são consumidos durante o processo produtivo. Por exemplo, o tecido que utilizado para
produzir a camisa. No final do processo não existe mais tecido, mas sim a camisa, enquanto
a máquina de costura continua como tal, sendo utilizada para produzir outros bens.

 Bens substitutos:

São bens que interferem na demanda de um produto por parte do consumidor.


Assim, quanto mais substitutos houver para um bem e/ou serviço, mais opções o
consumidor terá a sua disposição para decidir sobre a sua demanda. Neste caso, pequenas
variações em seu preço, para cima, por exemplo, farão com que o consumidor passe a
adquirir mais de seu produto substituto, provocando queda em sua demanda maior do que a
variação do preço.

Exemplo: O consumidor tem sua demanda por uma certa quantidade de tomate
que possui vários substitutos (repolho, cenoura, vagem, pepino abóbora, etc.). Neste caso
qualquer variação de preço de tomate, por menor que seja, leva o consumidor a trocar uma
certa quantidade (ou toda ela) de tomate por quantidade de outros produtos.

 Bens Complementares:

São bens que tendem a influenciar a demanda de outros bens. São denominados
bens complementares porque um está relacionado ao consumo do outro. Como por
exemplo, o pão e a manteiga. Assim, quando o preço do pão subir isto ocasionará uma
queda na demanda do próprio pão e, consequentemente, na demanda da própria manteiga,
que o consumidor utiliza para passar no pão.

4.2 Produto Interno Bruto (PIB)

Além de medir a riqueza e mostrar a evolução dos agregados econômicos,


institucionalmente o PIB serve como um dos parâmetros para a distribuição do fundos de
participação dos estados e dos municípios (FPE e FPM). Esse fato explica a defasagem

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temporal de cerca de dois anos para a divulgação definitiva de resultados dos PIBs estaduais.

É um indicador de grande importância para a elaboração de políticas públicas e


como fonte de informações para pesquisadores e acadêmicos. Vale ressaltar que o PIB é
calculado pela ótica da produção, o que significa tratar-se do resultado da diferença entre o
valor bruto da produção e o respectivo consumo intermediário, mais os tributos indiretos,
menos serviços de intermediação financeira indiretamente medidos.

O produto interno bruto (PIB)refere-se ao valor de mercado de todos os bens e


serviços produzidos num país durante um determinado período. É a riqueza do País.
Constitui um indicador da atividade econômica de um determinado país na medida em que
representa o valor total da produção de bens e serviços.

Dividindo o PIB pelo total da população obtém-se o PIB per capita, indicador que
mede o grau de desenvolvimento econômico de um país, dado que os preços dos produtos e
serviços pode variar fortemente entre países. O PIB per capita é por vezes ajustado às
paridades do poder de compra entre países. Esse valor refere-se à produção efetuada no
país, independentemente de ser realizada por empresas nacionais ou estrangeiras.

Se o critério de contabilização fosse a nacionalidade, tratar-se-ia de um outro


conceito, o de Produto Nacional Bruto (PNB). O PIB é um dos agregados macroeconômicos,
ou seja, é uma grandeza que representa o conjunto das operações efetuadas, durante o ano,
pelos vários agentes dessa economia.

Em termos de Contabilidade Nacional, considera-se o PIB (a preços de mercado)


como a soma do consumo privado, do consumo público, do investimento das empresas e
das exportações líquidas (óptica da despesa). O PIB mede o valor, em reais, de tudo o que
produzimos. Se o país fosse um indivíduo, o PIB seria sua renda.

A Fórmula para o cálculo do PIB de uma região é a seguinte: PIB = C+I+G+X-M.


Onde, C (consumo privado), I (investimentos totais feitos na região), G (gastos dos
governos), X (exportações) e M (importações). O PIB per capita (por pessoa), também
conhecido como renda per capita, é obtido ao pegarmos o PIB de uma região, dividindo-o
pelo número de habitantes desta região.

PIB pode ser determinado de três formas, as quais devem, em princípio, dar o
mesmo resultado. Eles são o produto (ou saída) abordagem, a abordagem da renda, e na
ótica da despesa.

O mais direto dos três é a abordagem do produto, que resume os resultados de


todas as classes de empresa para chegar ao total. A ótica da despesa, trabalha no princípio
de que todo o produto deve ser comprado por alguém, pois o valor do produto total deve
ser igual ao total das despesas das pessoas em comprar coisas.

Exemplo: o método de despesas

PIB = Consumo privado + Investimento bruto + gastos do governo + ( exportações -

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importações ), ou

Nota: "Bruto" significa que o PIB da produção de medidas, independentemente das


diferentes utilizações a que a produção pode ser colocado. A produção pode ser utilizada
para consumo imediato, o investimento em novos ativos fixos ou inventários, ou para
substituir depreciado ativos fixos. "Doméstica", que o PIB da produção de medidas que
ocorre dentro das fronteiras do país. Na equação do método da despesa, dada acima, o
prazo das exportações sobre as importações, menos é necessária, a fim de inútil para gastos
em coisas não produzidas no país (importações) e adicionar em coisas produzidas, mas não
vendidos no país (exportações).

Economistas (desde Keynes) preferiram dividir o termo consumo geral em duas


partes: o consumo privado e do sector público (ou governo) da despesa. Duas vantagens da
divisão do consumo total deste modo em teóricos da macroeconomia são:

 O consumo privado é uma preocupação central da economia do bem estar. O


investimento privado e porções de comércio da economia é dirigida
fundamentalmente (em integrar os modelos econômicos) para aumentos de longo
prazo do consumo privado.
 Se separados endógena do consumo privado, consumo do governo pode ser
tratada como exógena , para que os gastos diferentes níveis de governo pode ser
considerada dentro de um quadro macroeconómico significativo.

É importante destacar que os números revelados por meio do PIB têm impacto no
cotidiano da população de um País. O caminho indicado por eles reflete na qualidade de vida
de uma nação, no entanto, os efeitos não ocorrem de maneira imediata, mas indicam uma
conjuntura que pode ser propícia ou não ao bem-estar da população.

Se o PIB aponta expansão da economia, isso tem influência sobre o bem-estar da


população. Quando o País está crescendo, as pessoas vão sentir os efeitos, não de forma
igualitária, porque isso vai depender da estrutura produtiva e de como o cidadão está
inserido, mas a qualidade de vida aumenta, porque, quanto mais se produz, a tendência é
que mais empregos sejam gerados, que os preços diminuam e que haja mais disponibilidade
de produtos no mercado. Então, isso significa não apenas mais renda para gastar, mas
também mais produtos disponíveis para compra, além da melhoria da qualidade dos
atendimentos, tanto por empresas privadas como pelo próprio governo. As empresas e o
governo arrecadam mais, então podem melhorar seus atendimentos e os serviços prestados
à população.

Apesar de tudo, o PIB não é capaz de captar todas as riquezas geradas no País,
porque, para fazer o cálculo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) leva em
consideração apenas as atividades legalizadas. Já as informais não são absorvidas em sua
totalidade pela metodologia aplicada.

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25

4.2.1 Custos do crescimento econômico

Em 1980, houve um boom econômico, com crescimento acima de 5% ao ano. No


entanto essa inflação causada subiu para mais de 10%. Para reduzir a inflação o governo
aumentou as taxas de juros, isso levou a economia a abrandar e, em seguida, entrar em uma
recessão.
Apesar dos benefícios do crescimento econômico existem custos potenciais. Estes
custos serão maiores se a taxa de crescimento econômico é muito rápida. Para compreender
a questão, faz-se necessário observar os conceitos a seguir.

 Inflação: Se a demanda aumenta mais rapidamente do que a oferta, então o


crescimento econômico será insustentável. O hiato do produto irá diminuir e
provocar inflação.

 Boom: Se o crescimento econômico é insustentável, em seguida, vem uma alta


inflacionária que pode ser seguida por uma recessão. Isso ocorreu no final de 1980
e início de 1990.

 Balanço de Pagamentos-Déficit: O aumento do crescimento econômico provoca


um aumento nos gastos com importações, portanto, causando um déficit.

 Os custos ambientais: O aumento do crescimento econômico vai levar a aumento


da produção e, portanto, aumento da poluição e dos congestionamentos. Isto irá
causar problemas de saúde como asma e, portanto, irá reduzir a qualidade de
vida.

 Reduzir a desigualdade: As maiores taxas de crescimento econômico têm


frequentemente resultado o aumento da desigualdade, no entanto isso depende
de coisas como as taxas de imposto e da natureza do crescimento econômico.

4.2.2 Benefícios do crescimento econômico

Crescimento econômico significa um aumento do PIB real. Este aumento do PIB real
significa que há um aumento no valor da produção/despesa nacional. Os benefícios do
crescimento econômico são:

 Rendimentos mais elevados. Isso permite aos consumidores desfrutar de mais


bens e serviços;
 Com a diminuição do desemprego de saída as empresas maiores tendem a
empregar mais trabalhadores;
 O crescimento econômico gera receitas fiscais mais elevadas e há menos
necessidade de gastar dinheiro em benefícios como subsídio de desemprego;
 Melhoria dos serviços públicos em função aumento das receitas fiscais, fazendo
com que o governo gaste mais em educação e em saúde, etc.;
 O dinheiro pode ser gasto com a proteção do ambiente.

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4.2.3 Mercado e suas extensões

No idioma pátrio, a palavra mercado tem diversas definições, dependendo da área


de atuação. Em Economia mercado pode significar o conjunto de trocas comerciais entre
vários países ou no interior de um país. Pode significar, também, o conjunto de
consumidores que absorvem determinados produtos e/ou serviços. Focando no significado
que aborda o meio consumidor, segue a classificação abaixo.

 Classificação dos mercados:

Existem várias formas ou estruturas de mercado. Essas dependem,


fundamentalmente, de duas características básicas:

 Número de empresas que compõe esse mercado;


 Se existem ou não barreira, obstáculos para que novas empresas entrem nesse
mercado.

Neste sentido podemos ter as seguintes estruturas de mercado.

 Concorrência perfeita:

É um tipo de mercado em que há um grande número de empresas. Assim sendo,


uma empresa isoladamente, por ser irrelevante, não afeta os níveis de oferta do mercado e,
consequentemente, o preço de equilíbrio. É um mercado “atomizado”, pois é composto de
um número expressivo de empresas, como se fossem átomos.

Características fundamentais deste tipo de mercado:

1- Trabalham com produtos homogêneos, onde não existe diferenciação entre os


produtos oferecendo pelas empresas;

2- Não existem barreiras para o ingresso de novas empresas, ou seja, qualquer


empresa pode entrar no mercado facilmente e;

3- Há transparência no mercado, onde todas as informações sobre lucros, preços,


etc., são conhecidas por todos os participantes do mercado.

Efetivamente, não existe o mercado, tipicamente, de concorrência perfeita no


mundo real. Provavelmente, o mercado de produtos hortifrutigranjeiros (que produzem
tomate, repolho, pepino, etc.) seja o exemplo mais próximo que se poderia apontar.

 Monopólio:

Retrata aspectos contrarias às da concorrência perfeita. Nele existe, de um lado,


um único empresário dominando a oferta/produção e de outro, todos os consumidores. Não
há, portanto, concorrência, nem produto substituto ou concorrente. À vista disso, ou os
consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor, ou deixarão de consumir

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o produto.

Para a existência de monopólios, geralmente existem barreiras que impedem a


entrada de novas empresas no mercado. Essas barreiras podem surgir em virtude das
condições a seguir:

 Controle de matérias primas, onde o monopólio controla a fonte de matéria prima


para produzir o seu produto;
 Patente exclusiva do produto, não permitindo que outras empresas produzam
aquele produto;
 Elevado volume de capital, onde a empresa para entrar necessita de alto volume
de capital e tecnologia.

 Monopsônio:

Este tipo de mercado possui apenas um comprador, caracterizando assim o poder


do comprador sobre os fornecedores dos bens ou serviços, isto é, o comprador consegue
influenciar o mercado.

 Oligopólio:

É qualificado por um baixo número de empresas que dominam a oferta de


mercado, ou, então, um grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado.
Aqui, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre as empresas por
meio de conluios ou cartéis.

O cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro de um setor


que determina a política de preços para todas as empresas que a ele pertencem.

No oligopólio, normalmente as empresas debatem suas estruturas de custos. Existe


uma empresa líder que, via de regra fixa o preço, respeitando as estruturas de custo das
demais e há empresas satélites que seguem as regras ditadas pelas líderes (modelo de
liderança de preços).

 Oligopsônio:

Trata-se de um mercado que possui um número reduzido de compradores. Assim


como no monopsônio, o comprador consegue influir nos preços e na quantidade de bens e
serviços ofertados.

 Concorrência Monopolista:

É uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita. Na


concorrência monopolista há um número relativamente grande de empresas, com certo
poder concorrência, mas com segmentos de mercado e produtos diferenciados e com
margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma vez que existem
produtos substitutos no mercado.

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4.3 Macroeconomia

Macroeconomia é uma das partes da ciência econômica dedicada a análise, medida


e observação de uma economia regional ou nacional como um todo. O estudo
macroeconômico surgiu como forma de oposição ao sistema mercantilista vigente na
Europa, este movimento foi chamado por Keynes de revolução clássica.

Os dois dogmas mercantilistas atacados pelos clássicos eram, o metalismo (a crença


de que a riqueza e o poder de uma nação estava no acúmulo de metais preciosos), e a
crença na necessidade de intervenção estatal para direcionar o desenvolvimento do sistema
capitalista.

A macroeconomia concentra-se na análise do comportamento agregado de uma


economia, ou seja, das principais tendências (a partir de processos microeconômicos) da
economia no que concerne principalmente à produção, à geração de renda, ao uso de
recursos, ao comportamento dos preços, e ao comércio exterior. Os objetivos da
macroeconomia são principalmente: o crescimento da produção e consumo, o pleno
emprego, a estabilidade de preços, o controle inflacionário e uma balança comercial
favorável.

Um conceito fundamental à macroeconomia é o de sistema econômico, ou seja,


uma organização que envolva meios produtivos.

A estrutura macroeconômica se compõe de cinco mercados:

 Mercado de bens e serviços: determina o nível de produção agregada bem como


o nível de preços.

 Mercado de trabalho: admite a existência de um tipo de mão de obra


independente de características, determinando a taxa de salários e o nível de
emprego.

 Mercado monetário: analisa a demanda da moeda e a oferta da mesma pelo


Banco Central que determina a taxa de juros.

 Mercado de títulos: analisa os agentes econômicos superavitários que possuem


um nível de gastos inferior a sua renda e deficitários que possuem gastos
superiores ao seu nível de renda.

 Mercado de divisas: depende das exportações e de entradas de capitais


financeiros determinada pelo volume de importações e saída de capital financeiro.

4.3.1 Agregados macroeconômicos

Os principais agregados macroeconômicos são produto (economia), renda e


despesa.

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 Produto:

É a produção total de bens e serviços finais que são fornecidos por uma sociedade
num determinado período.

 Renda:

1- Renda pessoal ou consumo das famílias : o total das remunerações recebidas


pelos proprietários dos fatores de produção como compensação pela utilização de
seus serviços na atividade produtiva. Ex: salário, aluguéis, juros, lucros.

2- Renda pessoal disponível (RPD) é a renda com que as famílias contam para
poderem consumir.

3- Poupança é a parte da RPD que não foi consumida.

RENDA(D) = C + S

RENDA(D) = W + J + A + L

Em que:

 W – salários: remuneração do fator de produção trabalho (comissões, honorários


de profissionais liberais, ordenados dos executivos, mesmo que não assalariados);
 J - juros - remuneração do fator de produção capital;
 A – aluguéis: remuneração dos proprietários dos recursos naturais;
 L – lucros: remuneração do fator de produção capital.

 Despesas:

É a soma dos gastos efetuados pelos agentes econômicos na aquisição de bens e


serviços produzidos pela sociedade.

Outros conceitos:

 Investimento:

São as despesas voltadas para a ampliação da capacidade produtiva da economia.


Ex. construção de uma hidroelétrica, a construção ou ampliação de uma fábrica, a aquisição
de novas máquinas e equipamentos por uma firma, etc.

INVESTIMENTO BRUTO = FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO + VARIAÇÃO DE ESTOQUE

Investimento bruto é compra de bens de capital, somente produtos novos.


Representam um adicionamento ao estoque de capital da economia. Bens de investimento é

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sinônimo de bens de capital.

Variações positiva de estoque são bens produzidos e não vendidos no período, para
serem vendidos no futuro. Por significarem um acréscimo ao patrimônio da sociedade tais
variações são computadas como investimentos.

INVESTIMENTO BRUTO – DEPRECIAÇÃO = INVESTIMENTO LÍQUIDO

 Depreciação:

Uma parte dos bens de capital em uso na economia poder sofrer desgastes física ou
obsolescência. Isso configurará um decréscimo no estoque de capital denominado
depreciação.

RENDA = CONSUMO + POUPANÇA


R=C+S

DESPESA = CONSUMO + INVESTIMENTO


D=C+I

COMO PRODUTO = RENDA = DESPESA


C+I=C+S
I=S

4.4 Microeconomia

As teorias microeconômicas fornecem a base para a operação eficiente da empresa.


Visam definir as ações que permitirão à empresa obter sucesso. Os conceitos envolvidos nas
relações de oferta e demanda e as estratégias de maximização do lucro, bem como A
mensuração de preferências através do conceito de utilidade, risco e determinação de valor,
são extraídos da teoria microeconômica. Questões relativas à composição de fatores
produtivos, níveis elevado de vendas e estratégias e determinação de preço do produto são
todas afetadas por teorias do nível microeconômico.

As razões para depreciar ativos também derivam desta área da economia, a análise
marginal é o princípio básico que se aplica em administração financeira; a predominância
desse princípio sugere que apenas se deve tomar decisões e adotar medidas quando as
receitas marginais excederem os custos marginais.

Quando se verificar essa condição, é provável que uma dada decisão ou ação
resulte num aumento nos lucros da empresa. Em suma, é necessário possuir conhecimentos
de economia para se entender o ambiente financeiro e as teorias de decisão que constituem
a base da administração financeira contemporânea.

4.5 Balança comercial

É o nome da conta do balanço de pagamentos onde se registram os valores das

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importações e exportações entre os países. Quando as exportações são maiores que as


importações registra-se um superávit na balança, e quando as importações são maiores que
as exportações registra-se um déficit. Quando o saldo da balança comercial apresenta
negativo, o governo para equilibrá-la tem que recorrer as reservas cambiais de dólares que o
Estado tem em caixa ou recorrer a empréstimos de banqueiros do exterior, este é um fato
gerador da dívida externa.

 Superávit:

Superávit é quando a balança comercial apresenta saldo positivo pois os valores em


dólares das importações, foram menores do que os valores das exportações, ou seja, as
exportações proporcionaram maior entrada de dinheiro no pais, (exceto dinheiro de
especulações), neste caso, a balança comercial é favorável.

 Déficit:

Déficit é quando o saldo da balança comercial é negativo, o valor em dólares das


exportações é menor do que o das importações, nesse caso a balança comercial é
desfavorável.

 Dívida interna:

É a dívida contraída em moeda nacional pelo governo com as pessoas físicas e


jurídicas residentes no país.

 Dívida externa:

É o total dos débitos de um país, resultantes de empréstimos e financiamentos


contraídos no exterior pelo próprio governo, por empresas estatais ou privadas.

4.6 Inflação

É um processo pelo qual ocorre acréscimo generalizado nos preços dos bens e
serviços, ocasionando a perda do poder aquisitivo da moeda. Isso faz com que o dinheiro
valha cada vez menos, sendo necessária uma quantidade cada vez maior dele para adquirir
os mesmos produtos. Segue abaixo, texto reflexivo de Odair Rodrigues, sobre o tema em
comento.

 Tentativas ortodoxas de combate à inflação:

Em 1979, iniciou-se o governo do general Figueiredo, tendo como ministro da


fazenda Karlos Rischbiter, como ministro da agricultura Delfim Netto e como ministro do
planejamento Mario Henrique Simonsen. Este defendia um rigoroso ajuste fiscal, corte nos
gastos e nos investimentos que não tinham prioridade, visando a melhoria das contas em
transações correntes e o controle do processo de endividamento externo, optando por
seguir uma política ortodoxa.

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Por outro lado, figurava a oposição composta por Delfim, do planejamento e por
Andreazza, do interior. Estes defendiam uma política heterodoxa, que era baseada no
crescimento econômico a qualquer custo, tendo em vista um rápido desenvolvimento da
economia no país. Logo, traçou-se uma disputa política relacionada aos rumos da economia
brasileira, assim Delfim Netto acabou substituindo Simonsen no Ministério do Planejamento.
Delfim queria reeditar o milagre econômico, mesmo sabendo que a situação externa estava
desfavorável. Com o segundo choque do petróleo e a alta dos juros externos, ele não teve
outra saída a não ser mudar a condução da política econômica.

Dentre essas razões, este período ficou conhecido como a “década perdida”,
caracterizada pela queda nos investimentos e no crescimento do PIB, pelo aumento do
déficit público, pelo crescimento da dívida externa e interna e pela ascensão inflacionaria.

Devido ao agravamento da crise econômica e ao aumento das pressões sobre o


governo militar, acabaram tornando inviável a continuação desse tipo de governo, e assim
em 1985, iniciou uma nova forma de governar o país, um governo civil em que o presidente
seria eleito de forma indireta através do Congresso Nacional.

Embora seja um tema relativamente constante do noticiário econômico brasileiro


dos últimos 40 anos, foi na década de 1980 que a inflação brasileira intensificou-se como
nunca ocorreu antes. A alta dos juros internacionais, desde 1979, e os problemas ligados à
administração da dívida externa marcaram então um crescimento nunca visto das taxas
inflacionárias no país, e continuaram a crescer ano a ano. Em 1986, o governo tentou conter
a inflação com o Plano Cruzado, mas conseguiu apenas baixá-la para 62% ao ano. Assim,
após mais três planos econômicos de contenção, a década encerrou-se com o Brasil às
portas da hiperinflação, com a marca de 1764% ao ano em 1989, chegando ao máximo de
6584% para o período dos últimos 12 meses, em abril de 1990.

O Brasil é resultado de um amplo conjunto de causas entre as quais, o peso


insustentável da dívida externa, o imobilismo gerado por uma excessiva proteção à indústria
nacional, o fracasso dos programas de estabilização no combate à inflação e o esgotamento
de um modelo desenvolvimentista, baseado fundamentalmente na intervenção generalizada
do Estado na economia, esgotamento esse assente na crise do Estado brasileiro que
diminuiu sensivelmente a sua capacidade de investimento, retirando-lhe grande papel de
principal promotor do desenvolvimento.

Desde então, refletindo a crise econômica internacional (explosão dos preços do


petróleo e problemas econômicos nos países industrializados), a inflação brasileira cresceu
desde final de 73, chegando a 76% ao ano em 1979 assim nesse período, o padrão de
crescimento baseado no financiamento externo ou estatal, através do investimento direto
do Estado ou do investimento privado subsidiado, que tinha prevalecido durante a década
de setenta. Nesse período o Brasil vivia alta dos juros internacionais, desde 1979, e os
problemas ligados à administração da dívida externa marcaram então um crescimento nunca
visto das taxas inflacionárias no país, que ultrapassaram a marca dos 100% (três dígitos) ao
ano em 1981, e continuaram a crescer ano a ano sendo que em 1982 foi quando o fluxo de
financiamento externo cessou devido a declaração de Moratória do México o que deixou o
mercado apreensivo.

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A crise nacional se acentua e o Brasil perde o controle do seu rumo devido a


utilização de uma política equívoca. O mundo estava em recessão e a política defendida era
a desenvolvimentista assim assume o cargo do ministério do planejamento Delfin Netto que
tinha em mente reeditar o milagre econômico que ocorreu na década anterior. A tentativa
não obteve êxito contribuindo ainda mais para o aprofundamento da economia brasileira,
pois era necessário capital estrangeiro para financiar o plano. Como a economia mundial
estava em recessão e com as devidas crises do petróleo as taxas de juros estavam muito
oscilantes e o único modo que o Brasil conseguiu financiar o planejamento foi adotando
taxas de juros não fixas, deste modo, a dívida ficava muito vulnerável com a alta dos juros
internacionais, desde 1979.

A política heterodoxa adotada por Delfin Netto não estava adequada ao momento
econômico, o Brasil percebeu isto apenas em 1981 quando não teve outra saída a não ser
pedir auxílio ao FMI que vem ao país com o intuito de controlar a economia interna e fazer
com que o país quite suas dívidas. Assim Delfin concretiza-se que deveria adotar a política
ortodoxa que antes havia sido defendida por Simonsen, já que e os problemas ligados à
administração da dívida externa marcaram então um crescimento nunca visto das taxas
inflacionárias no país, que ultrapassaram a marca dos 100% (três dígitos) ao ano em 1981, e
continuaram a crescer ano a ano.

As políticas econômicas ortodoxas, em função dos desequilíbrios desta economia,


como a inflação e o desequilíbrio externo, estavam geralmente contidas nas recomendações
do Fundo Monetário Internacional e consistiam basicamente em:

 Reduzir as despesas do Estado e equilibrar o orçamento público;


 Reduzir e controlar a quantidade de moeda em circulação;
 Liberalizar os preços de quaisquer tabelamentos;
 Liberalizar a taxa de juros;
 Liberalizar a taxa de câmbio;
 Eliminar todos os subsídios;
 Reduzir os salários dos setores público e privado.

É possível observar que a exceção da proposta para os salários, todas as demais são
liberalizantes Aliás, uma constante das propostas ortodoxas de política econômica, sempre
foi o arrocho salarial, adotado em nome do combate à inflação. Se a inflação e o
desequilíbrio externo decorrem das distorções do mercado e do excesso de procura
agregada, há que corrigir essas distorções eliminando todo e qualquer controle de preços e
procurando reduzir a procura agregada, aumentando a recessão da economia.

Assim, a redução das despesas do Estado, a redução da quantidade de moeda em


circulação e a elevação da taxa de juros têm como consequência reduzir a procura agregada
e provocar a recessão. Como consequência, a inflação cairia, uma vez que por definição é
considerada como sendo causada por um excesso de procura. A redução da procura interna
teria um efeito duplo sobre as contas externas. De um lado, a queda do consumo faria com
que sobrassem mais mercadorias para serem exportadas. De outro, a queda no investimento
implicaria numa menor procura por bens importados. Aumentando as exportações e
reduzidas as importações, a balança comercial tornaria superavitária e o balanço de

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pagamentos tenderia a equilibrar-se, sendo que em 1986, o governo tentou conter a


inflação com o Plano Cruzado, mas conseguiu apenas baixá-la para 62% ao ano.

Os credores externos começaram a propor que o país adota-se a política ortodoxa,


em virtude das desconfianças quanto a segurança dos seus empréstimos, uma vez que no
ano de 1979, ocorreram três choques externos. Estes três choques foram o segundo choque
do petróleo, que triplicou os seus preços, a elevação brusca das taxas de juros
internacionais, que aumentou de forma significativa o total dos juros pagos pelos países
devedores e finalmente a recessão norte americana que se estendeu de 1979 à 1982. Desta
maneira aumento da taxa de juros eleva os pagamentos anuais dos juros, decorrentes do
grande volume de financiamentos externos, captados durante a década de setenta.

Assim 80 a 85 de a instalação de movimentos inerciais, em que, a inflação passada


reproduzia-se no presente com um movimento ascendente nos preços, alimentados pela
correção monetária generalizada, com a adoção de indexadores contratuais e remarcação
de preços, já seu combate foi através do Plano Cruzado, que tentou controlar a inflação de
maneira heterodoxa com os seguintes princípios: criação de uma nova moeda; extinção da
indexação; congelamento de preços públicos e privados; fixidez da taxa de câmbio,
mostrados a seguir.

Sendo que a partir de 86 ouve fase dos choques heterodoxos. Com o Plano Cruzado
a inflação recuou para níveis próximos de zero, quebrando o ímpeto inercial, devido ao
congelamento de preços a desindexação da economia. A procura foi maior do que a oferta,
contribuindo para a incorporação do ágio nos preços, caracterizando uma inflação
reprimida, alimentada pela expansão da oferta de moeda, da elevação dos níveis salariais e
de emprego e pela redução da pressão fiscal sobre a renda. No início de 87 a inflação
acelerou devido ao rompimento da barreira do congelamento de preços, sendo que no
segundo semestre projetava para o patamar de quatro dígitos.

E em 87/89/90 ocorreram outras tentativas de estabilização sem êxito, com


prefixações, congelamentos parciais e confisco de ativos financeiros. Inicialmente as taxas
recuavam, mas, a recorrência dos preços sobrepunha-se a todas as medidas, e os preços
caminhavam sempre em velocidade crescente, para fronteiras próximas da hiperinflação
aberta. Apesar da sucessão de reformas monetárias, a moeda se desqualificava. Uma a uma,
suas funções se corroíam: da reserva de valor à unidade de conta.

A década de 80 vem a ser lembrada por ser um período onde o mundo passava por
crises e consequentemente havia uma recessão em que os gastos públicos eram contidos, as
importações estavam restritas, e os investimentos não faziam mais parte de nenhuma
política adotada. Porém o Brasil, regido em seu ministério do planejamento por Delfim
Netto, acreditava que o momento ainda era propicio para o desenvolvimento do país, e o
seu crescimento seria apenas uma consequência.

Sem perceber que a crise externa estava maior, Delfim continuou a sua política
desenvolvimentista, até ser surpreendido pelos credores, os quais queriam assegurar que
seus empréstimos estavam seguros. Com isto ocorreu a instalação de movimentos inerciais,
sendo que a partir de 80, especuladores deveriam ter feito uma pequena recessão de modo

Módulo 3 Administração
35

a controlar a inflação. Porém o ocorrido só fez adiantar a crise pela qual o país passou, assim
exibiu taxas de três dígitos, chegando a 100%, 200% e até próximo de 300% a.a., isso
ocorreu devido: a alta das taxas de juros internacionais, aumentando ainda mais o nosso
déficit. A economia encontrava-se altamente indexada, com repasses automáticos para os
preços as expectativas de elevações futuras, causando um processo conhecido como
inflação inercial. Assim após ter percebido que suas tentativas de combate à inflação e
visando o crescimento não surtiram efeito, veio à primeira tentativa heterodoxa de combate
à inflação: o plano cruzado, que tinha como características principais: criação de nova
moeda, extinção da indexação, congelamento de preços e salários e a fixação da taxa de
câmbio.

Não era hora pra desenvolver o país e que se fosse adotada a política ortodoxa
desde o princípio quem sabe os erros seriam bem menores e contendo os gastos, os
investimento e promovendo a exportação desde o princípio o país poderia mesmo com uma
taxa cambial valorizada apresentar superávit comercial.

Assim, a década de 80 poderia ser mais valorizada nos dias de hoje e não uma
década para ser esquecida e vista como “a década perdida”.

4.7 Tributos

Cotidianamente os indivíduos assumem despesas. A cada produto consumido ou


serviço utilizado e até mesmo, e principalmente, na atividade produtiva que realizada, é
embutido em preços e nos rendimentos, impostos, contribuições e taxas.

Apesar dessa convivência diária com a chamada carga tributária, os contribuintes


(pessoas físicas ou jurídicas que têm de pagar tributos), desconhece o que significam cada
um de seus componentes e a diferença entre eles. Existe inclusive o costume de generalizar
nomeando tudo como imposto, quando, na verdade, o imposto é apenas um dos três tipos
de tributos existentes.

 Conceito:

É uma obrigação que os contribuintes, ou seja, pessoas físicas (consumidores,


trabalhadores) ou jurídicas (empresas, empregadores) devem pagar ao Estado, representado
pela União (nível federal), pelos estados ou pelos municípios.

Existem os tributos diretos, que incidem sobre a renda e o patrimônio, e os tributos


indiretos, que incidem sobre o consumo.

Exemplos da primeira categoria são o IR (Imposto de Renda); o IPTU (Imposto


Predial e Territorial Urbano); a contribuição à Previdência, entre outros. Na segunda, pode-
se encontrar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços),
cobrado em quase todos os produtos comercializados; e a COFINS (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social), que integra os custos das indústrias.

Administração Módulo 3
36

 Modalidades:

Segue a definição das três modalidades de tributos, que podem se enquadrar como
diretos ou como indiretos:

 Imposto: pagamento realizado pelo contribuinte para custear a máquina pública,


isto é, gerar/compor o orçamento do Estado. Na teoria, os recursos arrecadados
pelo Estado por meio dos impostos deveriam ser revertidos para o bem comum,
para investimentos e custeio de bens públicos, como saúde, educação ou
segurança pública. No entanto, na prática, como o imposto não está vinculado ao
destino das verbas, ao contrário de taxas e contribuições, pagá-lo não dá garantia
de retorno. No caso do imposto sobre propriedade de veículos, o IPVA, por
exemplo, o pagamento não implica que o dinheiro será efetivamente revertido
para melhoria das rodovias.

 Taxa: é a cobrança que a administração faz em troca de algum serviço público.


Neste caso, há um destino certo para a aplicação do dinheiro. Diferentemente do
imposto, a taxa não possui uma base de cálculo e seu valor depende do serviço
prestado. Como exemplos, estão a taxa de iluminação pública e de limpeza
pública, instituídas pelos municípios.

 Contribuição: pode ser especial ou de melhoria. A primeira possui uma destinação


específica para um determinado grupo ou atividade, como a do INSS (Instituto
Nacional de Seguridade Social). A segunda se refere a algum projeto/obra de
melhoria que pode resultar em algum benefício ao cidadão.

Além desses tributos, previstos no Código Tributário Brasileiro, existe o empréstimo


compulsório, que foi acrescentado pelo Supremo Tribunal Federal. Essa modalidade é uma
espécie de tomada de dinheiro, a título de empréstimo, que o Governo faz em determinadas
situações de emergência, para futuramente restituí-lo ao cidadão. Somente a União pode
determiná-lo.

4.7.1 Lista de Tributos

 Impostos federais:

 Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros (II);


 Imposto sobre a exportação de produtos nacionais ou nacionalizados (IE);
 Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (IR);
 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou
Valores Mobiliários (IOF);
 Imposto Territorial Rural (ITR).

 Sem regulamentação:

 Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF).

Módulo 3 Administração
37

Previsto na Constituição, mas ainda falta regulamentação por lei complementar -


Esse imposto não existe, de acordo com o Código tributário Nacional, não é passível de
cobrança sem a devida regulamentação por Lei Complementar.

 Impostos estaduais:

 Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e prestação de


Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS);
 Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA);
 Imposto sobre Transmissões Causa Mortis e Doações de Qualquer Bem ou Direito
(ITCMD).

 Impostos municipais:

 Imposto sobre a Propriedade predial e Territorial Urbana (IPTU);


 Imposto sobre Transmissão intervivos de Bens e Imóveis e de direitos reais a eles
relativos (ITBI)

De acordo com o Artigo 156 da CF- Brasileira: só a transmissão onerosa, de Bens


Imóveis como Compra e Venda, por aquisição e incorporação, e ainda a transmissão real de
direito sobre imóvel, pertencem aos Municípios.

 Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS ou ISSQN).

4.7.2 Lista de Taxas

 Taxa de Autorização do Trabalho Estrangeiro – Federal;


 Taxa de Avaliação in loco das Instituições de Educação e Cursos de Graduação - lei
10.870/2004 – Federal;
 Taxa de Classificação, Inspeção e Fiscalização de produtos animais e vegetais ou de
consumo nas atividades agropecuárias - decreto-lei 1.899/1981 – Federal;
 Taxa de Coleta de Lixo – Municipal;
 Taxa de Combate a Incêndios – Municipal;
 Taxa de Conservação e Limpeza Pública – Municipal;
 Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) - lei 10.165/2000 –Municipal;
 Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos - lei 10.357/2001, art. 16
 Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, estaduais e federais);
 Taxa de Fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - lei 7.940/1989 –
Federal;
 Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária - lei 9.782/1999, art. 23;
 Taxa de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro (TFPC) - lei
10.834/2003;
 Taxa de Fiscalização e Controle da Previdência Complementar (Tafic) - MP
233/2004, art. 12;
 Taxa de Licenciamento Anual de Veículo;
 Taxa de Licenciamento para Funcionamento e Alvará Municipal;
 Taxa de Marinha – Laudêmio;

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 Taxa de Pesquisa Mineral ou Taxa Anual por Hectare - TAH (DNPM) - art. 20, inciso
II, Decreto-lei n° 227/67 (Código de Mineração), Portaria Ministerial 503/1999;
 Taxa de Serviços Administrativos (TSA) – Zona Franca de Manaus - lei 9960/2000;
 Taxa de Serviços Metrológicos - lei 9933/1999, art. 11;
 Taxas ao Conselho Nacional de Petróleo (CNP);
 Taxas de Outorgas (Radiodifusão, Telecomunicações, Transporte Rodoviário e
Ferroviário, etc.);
 Taxas de Saúde Suplementar (ANS) - lei 9.961/2000, art. 18;
 Taxa de Utilização do Siscomex;
 Taxa de Utilização do MERCANTE - decreto 5.324/2004;
 Taxa Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM);
 Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais);
 Taxa Processual Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) - lei
9.718/1998.

4.7.3 Lista de Contribuições

 Contribuições trabalhistas ou sobre a folha de pagamento:

 Instituto Nacional do Seguro Social (INSS);


 PIS/Pasep.

 Contribuições sobre o faturamento ou sobre o lucro:

 Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins);


 PIS/Pasep;
 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

 Contribuições sobre as importações:

 Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins);


 Programa de Integração Social (PIS).

 Contribuições para o "Sistema S":

 Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


(Sebrae) - lei 8.029/1990;
 Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) - lei
8.621/1946;
 Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) - lei
8.706/1993;
 Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) - lei
4.048/1942;
 Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) - lei 8.315/1991;
 Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop);
 Contribuição ao Serviço Social da Indústria (Sesi) - lei 9.403/1946;
 Contribuição ao Serviço Social do Comércio (Sesc) - lei 9.853/1946;

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 Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (Sescoop);


 Contribuição ao Serviço Social do Transporte (Sest) - lei 8.706/1993.

 Outras contribuições:

 Contribuições aos Órgãos de Fiscalização Profissional (OAB, CRC, Crea, Creci, Core,
CRQ, etc.);
 Contribuição à Direção de Portos e Costas (DPC) - lei 5.461/1968;
 Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(FNDCT) - lei 10.168/2000;
 Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
também chamado "Salário Educação";
 Contribuição ao Funrural;
 Contribuição ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) - lei
2.613/1955;
 Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT);
 Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados);
 Contribuição Confederativa Patronal (das empresas);
 Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (CIDE - Combustíveis) - lei
10.336/2001;
 Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública - Emenda
Constitucional 39/2002;
 Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional
(Condecine) - MP 2228-1/2001, art. 32 e lei 10.454/2002;
 Contribuição Sindical Laboral (não se confunde com a Contribuição Confederativa
Laboral, vide comentários sobre a Contribuição Sindical Patronal);
 Contribuição Sindical Patronal (não se confunde com a Contribuição Confederativa
Patronal, já que a Contribuição Sindical Patronal é obrigatória, pelo artigo 578 da
CLT, e a Confederativa foi instituída pelo art. 8º, inciso IV, da CF e é obrigatória em
função da assembleia do sindicato que a instituir para seus associados,
independentemente da contribuição prevista na CLT);
 Contribuição Social Adicional para Reposição das Perdas Inflacionárias do FGTS -
lei complementar 110/2001.

 Contribuições de Melhoria:

"Contribuição de Melhoria" não deve ser confundida com uma mera contribuição: é
espécie tributária autônoma, definida na própria CF.

 Contribuições de Melhoria instituídas pela União


 Contribuições de Melhoria instituídas pelos estados
 Contribuições de Melhoria instituídas pelo Distrito Federal
 Contribuições de Melhoria instituídas pelos municípios

4.7.4 Empréstimos compulsórios

Também é espécie tributária autônoma.

Administração Módulo 3
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 Empréstimo compulsório instituído por ocasião de guerra externa ou de sua


iminência (CF, art. 148);
 Empréstimo compulsório instituído por ocasião de calamidade pública que exija
auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis
(CF, art. 148);
 Empréstimo compulsório instituído por ocasião de conjuntura que exija a absorção
temporária de poder aquisitivo. (CTN, art. 15) - este dispositivo não foi
recepcionado pela CF;
 Empréstimo compulsório instituído no caso de investimento público de caráter
urgente e de relevante interesse nacional (CF, art. 148).

4.7.5 Royalties

Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais - CFEM (DNPM) - §


1º, art. 20 CF; art. 8º Lei nº 7.990/89; Decreto nº 1/91 (entendimento do STF como não
sendo de natureza tributária).

4.8 Juros

Juro é a remuneração recolhida pelo empréstimo de dinheiro. É referido como um


percentual sobre o valor emprestado (taxa de juro) e pode ser cotado de duas formas: juros
simples ou juros compostos.

Pode ser entendido como uma espécie de "aluguel sobre o dinheiro". A taxa seria
uma compensação paga pelo tomador do empréstimo para ter o direito de usar o dinheiro
até o dia do pagamento. O credor, por outro lado, recebe uma compensação por não poder
usar esse dinheiro até o dia do pagamento e por correr o risco de não receber o dinheiro de
volta (risco de inadimplência).

4.8.1 Taxa básica de juros

A taxa básica de juros diz respeito à menor taxa de juros válida em uma economia,
funcionando como taxa de referência para todos os contratos. É também a taxa a que um
banco empresta a outros bancos.

No Brasil, a taxa de juros básica é a taxa Selic, que é definida pelo Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central, e corresponde à taxa de juros vigente no mercado
interbancário, ou seja, é a taxa aplicada aos empréstimos entre bancos para operações de
um dia (overnight) - operações estas lastreadas por títulos públicos federais. A taxa básica de
juros, estabelecida pelo governo, através do Banco Central, para remunerar os títulos da
dívida pública, é um importante instrumento de política monetária e fiscal.

Similarmente, nos Estados Unidos, a taxa básica de juros é fixada pelo Comitê
Federal de Mercado Aberto do Fed (o sistema de bancos centrais dos EUA), com base na
remuneração dos Federal Funds, que são os títulos que lastreiam empréstimos
interbancários overnight, que têm como finalidade a manutenção do nível das reservas
Módulo 3 Administração
41

bancárias depositadas no banco central.

4.8.2 Taxa preferencial de juros

A taxa preferencial de juros é a taxa de juros bancária recolhida dos clientes


preferenciais, sendo aqueles que têm as melhores avaliações de crédito. É determinada
pelas condições de mercado (custos bancários, expectativas inflacionárias, remuneração de
outros ativos, etc.). Normalmente, a taxa preferencial de juros adotada por grandes bancos
tende a ser o modelo para todo o setor bancário e geralmente será a menor taxa do
mercado.

Em geral, a taxa preferencial supera em alguns pontos a taxa básica. Mas, na


Inglaterra e na Eurozona, a taxa preferencial de juros equivale exatamente à taxa válida no
mercado interbancário, e funciona como taxa básica de juros. É o caso da Libor e da Euribor.
A Libor (London Interbank Offered Rate) é a taxa preferencial de juros que remunera
grandes empréstimos entre os bancos internacionais operantes no mercado londrino e é
também utilizada como base da remuneração de empréstimos em dólares a empresas e
instituições governamentais. Euribor (Euro Interbank Offered Rate) é a taxa de juros usada
nas operações interbancárias, feitas em euro, entre os países da Eurozona.

4.8.3 Juros simples

Aqui, a taxa de juros é aplicada sobre o principal (valor emprestado) de forma


linear, isto é, não considera que o saldo da dívida aumenta ou diminui conforme o passar do
tempo. A fórmula de juros simples pode ser escrita da seguinte forma:

Em que:

 FV: Valor futuro;


 PV: Valor presente;
 i: Taxa de juros;
 n: Número de períodos.

Exemplo numérico: Uma pessoa toma emprestado $100 (PV = 100) para pagar em 2
meses (n = 2) com taxa de juros de 10% ao mês (i = 0,1), calculados conforme o regime de
juros simples. Depois de 2 meses essa pessoa irá pagar $120, conforme a fórmula:

Administração Módulo 3
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4.8.4 Juros compostos

Nos juros compostos, os juros de cada período são somados ao capital para o
cálculo de novos juros nos períodos seguintes. Nessa situação, o valor da dívida é sempre
reparada e a taxa de juros é calculada sobre esse valor. A fórmula de juros compostos pode
ser escrita conforme se observa abaixo:

Em que:

 FV: Valor futuro;


 PV: Valor presente;
 i: Taxa de juros;
 n: Número de períodos.

Exemplo numérico: Uma pessoa toma emprestado $100 (PV = 100) para pagar em 2
meses (n = 2) com taxa de juros de 10% ao mês (i = 0,1), calculados conforme o regime de
juros compostos. Depois de 2 meses essa pessoa irá pagar $121, conforme a fórmula:

4.8.5 Taxa de juros continuamente composta

O regime de juros compostos também pode ser demonstrado através da taxa de


juros continuamente composta. Não obstante ter o mesmo funcionamento do regime de
juros compostos, a taxa de juros continuamente composta exibe uma fórmula de cálculo
diferente. A fórmula da taxa de juros continuamente composta pode ser exposta da seguinte
modo:

 FV: Valor futuro;


 PV: Valor presente;
 r: Taxa de juros continuamente composta;
 n: Número de períodos;
 e: Número de Euler, que é equivalente a 2,718281828459...

O valor da taxa de juros r, que é continuamente composta, possui definição


diferente do valor da taxa de juros i, usada na primeira fórmula. Todavia, como ambas são
usadas no regime de juros compostos, existe uma fórmula para fazer a "tradução" de uma

Módulo 3 Administração
43

taxa para outra:

ou, invertendo os termos,

Distintamente da taxa de juros composta, a taxa de juros continuamente composta


pode ser somada. Por exemplo, se a taxa de juros continuamente composta de janeiro é 3%
e a de fevereiro é 4%, a taxa desse bimestre é 7% (esse cálculo não pode ser feito com taxas
que não são continuamente compostas). Devido a essa propriedade, elas podem ser usadas
para facilitar a interpretação e o tratamento de bases de dados, além de possibilitar que
alguns tipos de modelos estatísticos sejam aplicados.

Apesar dessas vantagens, o uso da taxa continuamente composta está concentrado


na área acadêmica e no mercado de capitais. Relacionado à dificuldade de interpretação e
cálculo, essa taxa não utilizada para divulgar empréstimos bancários ou alternativas de
investimento para o público geral.

Exemplo numérico: Uma pessoa toma emprestado $100 (PV = 100) para pagar em 2
meses (n = 2) com taxa de juros continuamente composta de 10% ao mês (r = 0,1). Depois de
2 meses essa pessoa irá pagar $122,14, conforme a fórmula:

4.8.6 Juros simples vs. Compostos

A tabela 1 (4) mostra os valores de um empréstimo de $ 100 com taxa de juros de


10% ao período sob o regime de juros simples e juros compostos. Note que essa tabela
apresenta três momentos diferentes:

 Para períodos inferiores a 1 (n< 1), o regime de juros simples apresenta valores
superiores ao regime de juros compostos.
 No período 1, o valor é igual para ambos regimes.
 Para mais de um período, o regime de juros compostos apresenta valores
superiores ao regime de juros simples.

Administração Módulo 3
44

Tabela 1 (4): Empréstimo x juros simples e compostos


N Juros Simples Juros Compostos
0,00 100,00 100,00
0,25 102,50 102,41
0,50 105,00 104,88
0,75 107,50 107,41
1,00 110,00 110,00
1,25 112,50 112,65
1,50 115,00 115,37
1,75 117,50 118,15
2,00 120,00 121,00
2,25 122,50 123,92
Fonte: Catálogo wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Juro
Acesso em agosto de 2016

4.8.7 Taxa nominal vs. taxa real

A taxa de juros nominal é o pagamento pelo empréstimo de dinheiro do modo


como foi explicado até este ponto. A taxa de juros real leva em conta mais um fator:
inflação. Assim, é a taxa nominal diminuindo-se a inflação.

A taxa de juros real demonstra a alteração no poder de compra do dinheiro


conforme o tempo passa e é calculada de acordo com a equação de Fisher:

Em que:

 ir: Taxa de juros real


 in: Taxa de juros nominal
 π: Taxa de inflação

Todos os cálculos são feitos no regime de juros compostos.

Exemplo numérico: Uma pessoa toma um empréstimo com taxa de juros nominal
de 10% (in = 0,1). No período, a inflação é de 5% (π = 0,05). A taxa de juros real nesse caso é
de 4,76%, conforme a fórmula a seguir:

Módulo 3 Administração
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4.9 Poupança Interna

A poupança interna é a soma da poupança do governo, dos bancos, das empresas e


das pessoas. Nenhum país cresce, de forma sustentada, se não poupar para poder investir.
Assim é que a necessidade de aumentar a poupança interna do país para estimular o
crescimento é fundamental.

A estabilidade da economia, combinada ao crescimento econômico e ao aumento


da renda per capita, já gera "um certo aumento da poupança". Além disso, a importância do
investimento público e do aumento da capacidade do governo de investir, conforma o
processo de continuação da trajetória de aumento da capacidade do país de crescer, cuja
questão está relacionada ao aumento da taxa de poupança.

É fato que a estabilidade econômica no país, trazida pela consolidação do sistema


de metas de inflação, pelo fortalecimento das instituições e também o aumento da
produtividade, é essencial para o crescimento da economia.

Na medida em que a estabilidade esteja cada vez mais consolidada, o Brasil pode
concentrar a discussão em aspectos estruturais. O crescimento do mercado de capitais
brasileiro também foi beneficiado pela estabilidade e previsibilidade da economia. Como
consequência disso também, o real tem ganhado mais importância mundial e aumentado
seu poder de compra.

Há muito tempo o governo federal investe pouco porque quase não poupa. Sobra
menos que 10% do total de impostos arrecadados para investir. Não é por outra razão que
aposta tudo nas parcerias público privadas e nos PACs, porque nesses programas a maioria
do dinheiro vem do setor privado.

Já os bancos têm poupança, mas se recusam a emprestar no longo prazo, se podem


ganhar muito mais emprestando no curto prazo e no varejo. 15 milhões de pessoas já
poupam para seu futuro na previdência privada. E ajudam o país a se desenvolver, pois é a
única poupança disponível para empreendimentos de longo prazo de maturação como
hidrelétricas, estaleiros, portos, rodovias, shopping centers e hotéis.

Administração Módulo 3
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EXERCÍCIOS

1- Dê um conceito de economia.
2- Quais são os fatores de produção?

3- O que significa oferta de um produto?

4- O que significa demanda de um produto?

5- Qual é a importância do PIB- Produto Interno Bruto?

6- Explique os custos do crescimento econômico?

7- Explique os benefícios do crescimento econômico?

8- O que é mercado?

9- Defina inflação.

10- O que é poupança interna?

Módulo 3 Administração
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REFERÊNCIAS

GREMAUD, Amaury Patrick; DIAZ, Maria Dolores Montoya; AZEVEDO, Paulo Furquim de.
Introdução à economia. São Paulo: Atlas, 2007.

LOPES, F. O desafio da hiperinflação. Rio de Janeiro: Ed Campus, 1989.

LOURENÇO, GILMAR MENDES. Economia brasileira: da construção da indústria à inserção


na globalização. Curitiba: Ed. do Autor, 2005. 164 p.

MANKIW, N. Gregory Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. São


Paulo: Thomson Pioneira, 2005.

PEREIRA, José Matias – Economia Brasileira Contemporânea, Editora Atlas, 2007.

ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. São Paulo: Atlas, 2003.

SAMUELSON, Paul A. Economia. São Paulo: Mcgray - Hill, 2004.

SILVA, César Roberto Leite da, et alius – Economia e Mercado, Editora Saraiva, 2008.

SILVA, Fábio Gomes da, et alius – Economia Aplicada à Administração, Editora Futura, 1999.

VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia.


São Paulo: Saraiva, 2008.

VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval; PINHO, Diva Benevides. Manual de introdução à


economia. São Paulo: Saraiva, 2006.

Administração Módulo 3
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ANOTAÇÕES:
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
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5 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Esta disciplina objetiva determinar o mais eficiente processo empresarial de


captação de recursos e alocação de capital. Para tanto, é necessário levar em conta a
problemática da escassez de recursos e a realidade operacional e prática das organizações,
sendo necessário também entender como administrar os recursos para gerar resultados
financeiros e econômicos, o que garante a continuidade da empresa e cria valor aos seus
acionistas (proprietários).

5.1 Texto Inicial: A importância da Administração Financeira da Empresa - Sebrae

A gestão financeira é um conjunto de ações e procedimentos administrativos que


envolvem o planejamento, a análise e o controle das atividades financeiras da empresa. O
objetivo é melhorar os resultados apresentados pela empresa e aumentar o valor do
patrimônio por meio da geração de lucro líquido. No entanto, é muito comum que empresas
deixem de realizar uma adequada gestão financeira.

A gestão financeira é um conjunto de ações e procedimentos administrativos que


envolvem o planejamento, a análise e o controle das atividades financeiras da empresa. O
objetivo da gestão financeira é melhorar os resultados apresentados pela empresa e
aumentar o valor do patrimônio por meio da geração de lucro líquido proveniente das
atividades operacionais.

Uma correta administração financeira permite que se visualize a atual situação da


empresa. Registros adequados permitem análises e colaboram com o planejamento para
otimizar resultados.

A falta da administração financeira adequada pode causar os seguintes problemas:

 Não ter as informações corretas sobre saldo do caixa, valor dos estoques das
mercadorias, valor das contas a receber e das contas a pagar, volume das
despesas fixas e financeiras. Isso ocorre porque não é feito o registro adequado
das transações realizadas;

 Não saber se a empresa está tendo lucro ou prejuízo em suas atividades


operacionais, porque não é elaborado o demonstrativo de resultados;

 Não calcular corretamente o preço de venda, porque não são conhecidos seus
custos e despesas;

 Não conhecer corretamente o volume e a origem dos recebimentos, bem como o


volume e o destino dos pagamentos, porque não é elaborado um fluxo de caixa,
um controle do movimento diário do caixa;

 Não saber o valor patrimonial da empresa, porque não é elaborado o balanço


patrimonial;

Administração Módulo 3
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 Não saber quanto os sócios retiram de pró-labore, porque não é estabelecido um


valor fixo para a remuneração dos sócios;

 Não saber administrar corretamente o capital de giro da empresa, porque o ciclo


financeiro de suas operações não é conhecido;

 Não fazer análise e planejamento financeiro da empresa, porque não existe um


sistema de informações gerenciais (fluxo de caixa, demonstrativo de resultados e
balanço patrimonial).

Muitas empresas do setor têxtil e confecções começam com pessoas que trabalham
ou trabalharam em outras empresas da área, ou que têm habilidades e conhecimento de
produção. Isso acontece também em outros setores da economia. Poucas pessoas têm
experiência em administração financeira, e isso interfere nos resultados. Muitas vezes, as
atividades são iniciadas com pequena dimensão e, conforme os negócios se desenvolvem, a
administração financeira não acompanha o crescimento da empresa porque os gestores não
têm conhecimentos necessários nesta área de gestão e se envolvem excessivamente com a
produção.

 As principais funções da administração financeira são:

 Análise e planejamento financeiro: analisar os resultados financeiros e planejar


ações necessárias para obter melhorias;
 A boa utilização dos recursos financeiros: analisar e negociar a captação dos
recursos financeiros necessários, bem como a aplicação dos recursos financeiros
disponíveis;
 Crédito e cobrança: analisar a concessão de crédito aos clientes e administrar o
recebimento dos créditos concedidos;
 Caixa: efetuar os recebimentos e os pagamentos, controlando o saldo de caixa;
 Contas a receber e a pagar: controlar as contas a receber relativas às vendas a
prazo e contas a pagar relativas às compras a prazo, impostos e despesas
operacionais;

 As primeiras providências que a empresa deve tomar em relação às finanças são:

 Organizar os registros e conferir se todos os documentos estão sendo


devidamente controlados;
 Acompanhar as contas a pagar e a receber, montando um fluxo de pagamentos e
recebimentos;
 Controlar o movimento de caixa e os controles bancários;
 Classificar custos e despesas em fixos e variáveis;
 Definir a retirada dos sócios;
 Fazer previsão de vendas e de fluxo de caixa;
 Acompanhar a evolução do patrimônio da empresa, conhecer lucratividade e
rentabilidade.

Módulo 3 Administração
53

5.2 Conceitos e Papel da Administração Financeira

Para se administrar uma empresa, tem-se que planejar todo um conjunto de


decisões que norteará seu rumo. As principais são as financeiras. Estas decisões são
baseadas na análise da movimentação de fundos, e conjectura-se duas rotas básicas: as
decisões de financiamento e as de investimento. A primeira correlacionada com as
atividades de captação de recursos e a segunda com as atividades de aplicação de recursos.
As duas atividades podem ser estudadas no curto e no longo prazo, dependendo de suas
características.

Os recursos conquistados, por sua vez, podem ser próprios ou de terceiros, o que
provoca o estudo de custos, para determinar qual o mais viável. Em vista disso, segue as
definições de seus elementos básicos, abaixo:

 Finanças é a ciência de administrar fundos, ou que estuda a movimentação


financeira entre os agentes econômicos.

 Administração financeira é a ciência cujo objetivo é aumentar a riqueza dos


proprietários, gerindo com competência seus recursos. A empresa deverá
proporcionar aos seus proprietários o maior retorno possível de seus
investimentos.

A administração financeira, nasceu inicialmente com as teorias econômicas e após,


com as teorias de Taylor, Fayol e Ford, e caminhou para sua independência com forte
ascensão após a grande depressão americana dos anos 1929/30. Estudos de fluxos de caixa,
investimentos e retornos, foram transformando a teoria da administração financeira em
uma ciência independente. A dissociação total está ligada aos estudos de Modigliani e Miller
aos quais se convencionou chamar de Moderna Teoria de Finanças. Por fim os estudos de
risco que se desenvolveram a partir da Teoria do Portfólio, patrocinada principalmente por
Markowitz e Sharpe, permitiu fechar o esboço no qual trafega a moderna administração
financeira.

Conta com a ajuda de outras ciências tais como:

 Contabilidade: Ciência que subsidia as decisões financeiras com os dados de seus


relatórios;
 Matemática Financeira: Ciência que situa os números das finanças no tempo e
facilita seu entendimento;
 Estatística: Ciência que colabora com seus dados e previsões às decisões de cunho
administrativo/financeiro;
 Economia – Ciência que ensina como a empresa deve se colocar dentro das
variáveis econômicas e das leis que a regem;
 Direito – Ciência que orienta o disciplinamento legal dos procedimentos
administrativo/financeiros;
 Informática – Ciência recente, mas de grande utilidade para o administrador
financeiro pela rapidez e confiança no ordenamento de dados e elaboração de
relatórios.

Administração Módulo 3
54

5.3 Funções Financeiras Empresariais

As funções financeiras são representadas por duas vertentes:

 De tesouraria:

Entre as principais funções de tesouraria destacam-se:

 Caixa;
 Cadastro;
 Câmbio;
 Financiamento;
 Investimento;
 Crédito e Cobrança;
 Relacionamento com instituições financeiras.

 De controladoria:

Dentre as principais funções do controlante (usa-se este termo para diferenciar-se


de controlador – acionista), ressaltam-se:

 Administração de custos e preços;


 Auditoria interna;
 Contabilidade;
 Orçamento Geral;
 Controle Patrimonial;
 Planejamento tributário;
 Relatórios gerenciais.

Estas funções variam de acordo com porte da empresa. Em empresas pequenas, os


sócios se encarregam de muitas destas funções, e a contabilidade geralmente é terceirizada.
Elas deverão atender as principais atividades financeiras da empresa, entre as quais se
encontra:

 Planejamento financeiro: Através de demonstrativos contábeis, estuda as


projeções de dados, orçamentos e seu acompanhamento. Através dele, o
administrador financeiro terá em mãos ferramentas para orientar financeiramente
a empresa;

 Controle financeiro: Analisa os relatórios contábeis e gerenciais e denuncia


possíveis desvios de roteiro, que devem ser corrigidos nas proporções e tempo
requeridos;

 Administração de ativos: Administra os ativos tangíveis e intangíveis que são uma


constante preocupação na administração financeira. A aquisição, a depreciação, o
risco, o retorno, todos estes itens devem ser questionados, como forma de manter
a melhor produtividade e os menores custos;

Módulo 3 Administração
55

 Administração de passivos: Os financiamentos a longo e a curto prazo devem ser


pesquisados para se evitar custos desnecessários em épocas desnecessárias. O
equilíbrio do balanço patrimonial deve ser sempre perseguido.

5.4 Pontos Relevantes do Sistema Financeiro Nacional

O Sistema Financeiro nacional é organizado para disciplinar e entender as entidades


participantes, e é distribuído da maneira a seguir:

 Sistema normativo:

 Conselho Monetário Nacional;


 Banco Central do Brasil;
 Comissão de Valores Mobiliários;
 Superintendência de Seguros Privados;
 Banco do Brasil;
 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social;
 Caixa Econômica Federal.

 Sistema de intermediação:

 Bancos: Comerciais; Múltiplos; Caixas Econômicas; De Desenvolvimento; De


Investimento.

 Instituições financeiras não bancárias: Sociedades de Crédito Financeiro e


Investimentos; Sociedades de Arrendamento Mercantil; Cooperativas de Crédito.

 Poupança e empréstimo: Sociedade de Crédito Imobiliário; Associação de


Poupança e Empréstimo.

 Mercado de capitais: Bolsa de Valores; Bolsa Mercantil e de Futuro; Sociedade


Corretora; Sociedade Distribuidora; Agentes Autônomos de Investimento.

 Instituições não financeiras: Sociedade de Fomento Comercial (Factoring);


Seguradoras; Sociedades de Capitalização; Agências de fomento ou
desenvolvimento; Fundos mútuos de investimento; Entidades abertas ou fechadas
de previdência complementar; Administradora de Cartão; Consórcios.

5.5 Bases do Planejamento Financeiro

A administração financeira precisa de pessoas qualificadas que administrem as


decisões fundamentais ao seu funcionamento. Estas decisões, via de regra, estão ligadas a
atividades que envolvem recursos financeiros direta ou indiretamente.

Pode-se classificar em três funções que seguem:

 As funções de planejamento, análise e controle consistem em visualizar no futuro


as consequências financeiras dos atos presentes, analisar os resultados

Administração Módulo 3
56

apresentados e fazer com que o planejamento seja aplicado de maneira


adequada, através do controle;

 A função de investimento existe em função das decisões político-administrativas


da empresa, e delimitam o montante de recursos a serem aplicados em
decorrência daquelas decisões;

 A função de financiamento executa a mobilização de recursos ao menor custo


para viabilização da função anterior.

5.5.1 Conceito

Planejamento financeiro é o efeito integrado das decisões de investimento e de


financiamento, cujo resultado final é um plano financeiro e envolve a análise de opções de
financiamento e de investimento, projeção do impacto de decisões a partir de vários
cenários e avaliação de desempenho.

5.5.2 Premissas

As premissas do planejamento financeiro são:

 As decisões de investimento e de financiamento são interdependentes e não


isoladas;
 Minimização das possibilidades de surpresas;
 Devem-se possuir instrumentos de reação às surpresas não identificáveis.
 Análise do que faz sucesso nos projetos e do que os leva ao fracasso;
 Impacto das decisões atuais sobre oportunidades futuras;
 Fixação de objetivos concretos capazes de motivar os
acionistas/gestores/mercado e proporcionar padrões de avaliação de resultado.

5.5.3 Tipos de planejamento financeiro

Existem dois tipos de planejamento financeiro:

 Planejamento financeiro de curto prazo:

 O horizonte raramente vai além dos 12 meses imediatos;


 Vinculado ao planejamento de longo prazo;
 Gerenciamento voltado para compromissos - disponibilidades, empréstimos e
aplicações financeiras.

 Planejamento financeiro de longo prazo:

 Horizonte habitual de cinco anos;


 Algumas empresas trabalham com 10 anos ou mais, principalmente quando se
trata de valor atual de projetos de produtos/serviços com vida útil alta.

Módulo 3 Administração
57

Observação: São características do planejamento financeiro de longo prazo e


enquadramento geral:

 Evitar submersão em detalhes;


 Investimento conjunto;
 Propostas de pequenos investimentos consolidadas e tratadas como um único
projeto;
 Investimentos estratégicos e grandes, tratados individualmente.

5.5.4 O planejamento financeiro e os dados

 Dados estratégicos e, portanto mais abstratos ou mutáveis;


 Interesse dos acionistas;
 Risco assumido pelos acionistas;
 Projetos de investimento da concorrência;
 Ciclo de vida dos projetos remunerado pelo mercado;
 Política macroeconômica, incluindo a fiscal;
 Risco internacional;
 Dados formais contábeis e de demonstrações financeiras para subsídio a um plano
(em moeda constante):
 Balanços;
 Demonstrações de resultado;
 Demonstração de origem e aplicação de recursos;
 Demonstração de mutações de patrimônio líquido.

5.6 Fluxo de Caixa

É o aglomerado de ingressos e desembolsos de numerário ao longo de um período


orçamentário. Retrata de forma dinâmica a situação financeira de uma empresa, levando em
conta todas as fontes de recursos e todas as aplicações exercidas.

Na administração financeira, a expressão “caixa” abarca todos os recursos


disponíveis da empresa que possam ser usados como se fosse dinheiro, englobando, assim,
as disponibilidades imediatas da empresa, depósitos bancários à vista, numerários em
transito e aplicações de liquidez imediata.

Informações sobre fluxo de caixa são importantes, visto que permitem a


investidores e credores projetar a capacidade que a empresa terá de gerar dinheiro ou
equivalentes, distribuir dividendos, pagar juros e amortizar dívidas. O fluxo de caixa auxilia
também, na determinação da liquidez e solvência empresarial. Considerando liquidez como
sendo a capacidade de conversão de ativos em caixa, vemos a solvência de uma forma mais
ampla, ou seja, como a capacidade de pagamento das obrigações de uma empresa no
momento de seus vencimentos.
Dessa maneira, a determinação da capacidade de solvência da empresa indica a
possibilidade de sua continuidade. A informação sobre a liquidez é condição fundamental
para determinação da solvência.

Administração Módulo 3
58

5.6.1 Objetivos

Pode-se observar os seguintes objetivos do fluxo de caixa:

 Facilitar análise e cálculo na seleção das linhas de crédito a obter;


 Detectar antecipadamente as carências de recursos;
 Planejar desembolsos evitando acúmulo de compromissos vultosos em época de
pouco encaixe;
 Quantificar os recursos próprios disponíveis para investimentos;
 Intercambiar os diversos departamentos com área financeira;
 Usar eficientemente/eficazmente recursos disponíveis;
 Financiar necessidades sazonais ou cíclicas da empresa;
 Prover recursos para expansões (planta, operacional, etc.).
 Manter determinado nível de caixa em função do capital de giro;
 Auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para verificar sua
conveniência;
 Aplicar os excedentes de caixa;
 Programar convenientemente empréstimos ou financiamentos;
 Projetar plano efetivo de resgate de débitos;
 Integrar os controles financeiros da empresa.

5.6.2 Causas da falta de recursos na empresa

São causas de falta de recursos na empresa:

 Expansão descontrolada de vendas (maiores compras)


 Insuficiência de capital próprio e utilização do Ka.
 Ampliação exagerada do prazo de vendas.
 Compras de porte de caráter cíclico ou para reserva;
 Prazos de recebimentos e de pagamentos inadequados
 Rotação de estoques e produtos prontos lenta
 Ociosidade do capital fixo pela retração de mercado
 Distribuir lucros além das disponibilidades
 Altos custos financeiros pelo fluxo irregular de caixa.

5.6.3 Fatores que alteram os saldos de caixa

Os fatores são:

 Externos:

 Declínio das vendas: Exige medidas para preservar liquidez. Expectativa de


desaquecimento econômico exige do administrador financeiro quanto a:

1- Política de crédito (restringir o crédito para diminuir as perdas);


2- Cobrança (reduzir o prazo médio de recebimento);
3- Manter nível de estoque reduzido;

Módulo 3 Administração
59

4- Políticas de Produção (reprogramar compras e gastos na produção).


 Expansão ou retração do mercado (alteração nos níveis normais de estoques e
suas consequências em termos de desembolsos);
 Elevação do nível de preços (inflação);
 Concorrência;
 Alterações nas alíquotas de tributos;
 Inadimplência (controle rigoroso das duplicatas a receber em termos de valores e
condições/forma de cobrança).

 Internos:

Os fatores internos que afetam os saldos de caixa decorrem de decisões tomadas


quanto às políticas de:

 Produção (aquisição de máquinas, expansão da fábrica/linhas de produtos,


manutenção do nível de produção em períodos de quedas de demanda e suas
consequências);
 Vendas (prazos de entrega e vencimento das duplicatas; propaganda, publicidade
e promoção; comissões de vendas; descontos e abatimentos a conceder, etc.);
 Distribuição (entrega própria ou transportadora, frete pago ou a pagar, rodovia,
ferrovia, marítimo, aéreo, etc.);
 Compras (Prazos obtidos x prazos concedidos; descontos concedidos pelo
fornecedor em função de à vista/a prazo em relação à taxa de juros do mercado,
etc.);
 Pessoal (as contratações, dispensas e treinamento).

5.6.4 Operações de fluxo de caixa

A informação do fluxo de caixa da empresa pode mencionar a duas situações:

1- Sobre operações realizadas em um período já ocorrido (descreve mudanças


históricas no caixa da empresa), que é o conceito de fluxo de caixa histórico;
2- Sobre operações de caixa da empresa que ainda irão ocorrer, que é o de fluxo de
caixa orçado ou projetado.

O fluxo de caixa histórico é o que mais retrata o conjunto de demonstrações


contábeis que as empresas divulgam, servindo principalmente para análises comparativas e
históricas. A segunda forma de apresentação de fluxo de caixa, o projetado, é usada
principalmente pela gerência das empresas no planejamento operacional e estratégico na
gestão da atividade financeira, voltada para o futuro, sendo de uso interno da empresa.

5.6.5 Alguns termos utilizados no fluxo de caixa

 Saldo Inicial: é o valor constante no caixa no início do período considerado para a


elaboração do Fluxo. É composto pelo dinheiro na “gaveta” mais os saldos
bancários disponíveis para saque;
 Entradas de Caixa: correspondem às vendas realizadas à vista, bem como a outros

Administração Módulo 3
60

recebimentos, tais como duplicatas, cheques pré-datados, faturas de cartão de


crédito etc., disponíveis como “dinheiro” na respectiva data;
 Saídas de Caixa: correspondem a pagamentos de fornecedores, pró-labore
(retiradas dos sócios), aluguéis, impostos, folha de pagamento, água, luz, telefone
e outros, entre eles alguns descritos em nosso modelo;
 Saldo Operacional: representa o valor obtido de entradas menos as saídas de caixa
na respectiva data. Possibilita avaliar como se comportam seus recebimentos e
gastos periodicamente, sem a influência dos saldos de caixa anteriores;
 Saldo Final de Caixa: representa o valor obtido da soma do Saldo Inicial com o
Saldo Operacional. Permite constatar a real sobra ou falta de dinheiro em seu
negócio no período considerado e passa a ser o Saldo Inicial do próximo período.

5.7 O crédito e Políticas de Crédito

São fatores que definem os elementos necessários para a concessão, monitorização


e cobranças das vendas a fim de captar clientes

5.7.1 Conceito e relevância do crédito

O crédito é uma transação em que o comprador, investido de confiabilidade pela


empresa ou loja credora, adquire um bem ou serviço que irá pagar em uma ou mais parcelas
durante um determinado período. Ou seja, o crédito permite que o consumidor possa
comprar a prazo, antecipando a aquisição de bens e serviços. O crédito deve ser visto
também como parte integrante do próprio negócio da empresa. Sendo certo que tanto
crédito quanto marketing se utilizam da informação. Conhecer o cliente é fundamental para
orientar o relacionamento mercadológico a fim de atender as suas necessidades. Um bom
cadastro e um sistema de crédito eficaz podem ser um eficaz meio para a melhoria dos
negócios.

O crédito tem uma função social de financiar o consumo. Fato que garante aos
cidadãos maior acesso ao consumo com menores encargos, ampliando, assim, o seu poder
aquisitivo, o que leva a um aumento da produção, gera empregos e, portanto, ajuda o País a
crescer e se desenvolver.

5.7.2 Políticas de crédito

Políticas são instrumentos que definem padrões de decisão para solução de


problemas semelhantes. Na política de crédito são definidos os padrões básicos para a
efetuação de vendas a prazo. Nela é encontrada os elementos necessários para a concessão,
monitoramento e cobrança dessas vendas, devendo ser encarada como um fator de
alavancagem das receitas e uma demanda por investimentos em ativos financeiros (crédito
futuro).

Cada empresa define suas políticas de crédito de acordo com sua cultura
empresarial e com os objetivos estratégicos definidos em seu âmbito, mas, as empresas
devem desenvolver uma política creditícia coordenada para encontrar o equilíbrio entre a
necessidade de vendas e, concomitantemente, sustentar um carteira a receber de alta
Módulo 3 Administração
61

qualidade. A posição no mercado de uma empresa, a utilização de sua capacidade de


produção e recursos e objetivos financeiros são apenas alguns pontos a serem considerados
quando do desenvolvimento de políticas creditícias.

Geralmente uma empresa ou instituição financeira pode determinar uma de cinco


possíveis políticas de crédito demonstradas a seguir:

 Crédito liberal/cobranças rigorosas: Este tipo de política pode produzir ótimos


lucros, entretanto, ocorre também o aumento dos custos do pessoal de cobrança
e perdas com dívidas incobráveis;
 Crédito rigoroso/cobranças liberais: Essa política geralmente resulta em uma
carteira de contas a receber de alta qualidade, mas as vendas e receitas não são
otimizadas;
 Crédito rigoroso/cobranças rigorosas: É minimizado perdas de dívidas incobráveis
e mantém a carteira de receber em um alto nível de qualidade, porém, essa
política restringe o crescimento do volume de vendas e produz baixos níveis de
lucro;
 Crédito liberal/cobranças liberais – essa política resulta em menos lucro ou
maiores perdas do que em qualquer outro tipo de política;
 Crédito moderado/cobranças moderadas – um crédito moderado com uma
política de cobrança moderada dá condições para a otimização do crescimento de
vendas, condições de recebimento, margens de lucro e fluxo de caixa,
contribuindo para o melhor equilíbrio nos negócios. Custo de avaliação de crédito
e perdas podem ser mantidos em patamares aceitáveis.

Após separar os vários efeitos da política creditícia no desempenho de uma


empresa, um analista de crédito deve ponderar qual é a melhor política creditícia que se
situe entre estas cinco políticas.

5.7.3 Concessão de crédito

A concessão de crédito, tem sido um dos principais componentes do crescimento


do padrão de vida dos consumidores e do lucro das empresas. Isso acontece porque o
crédito representa um fator de aumento da capacidade de gastos de indivíduos e empresas,
o que, em última instância gera efeito multiplicador na produção e na renda da economia.

Na gestão financeira de créditos, emprestar visando apenas ao máximo lucro, mas


não receber, pode inviabilizar a empresa. Mas, o oposto, ou seja, a excessiva preocupação
com a segurança reduz margens de lucro, diminuindo a rentabilidade, e pode dificultar a
geração de recursos para satisfazer os custos e, da mesma forma, fragilizar a instituição. As
estratégias de preço e condições de crédito devem ser revistas antecipadamente pelo
analista de crédito, a fim de que não haja um alto nível de inadimplência, o que, se ocorrer,
pode tornar a empresa insolvente. Para que o processo decisório leve a melhor opção é
necessário conhecimento sobre o que está sendo decidido, o método para tomar a decisão e
o uso de instrumentos e técnicas que auxiliam o administrador.

Os “Cs” do crédito fornecem uma visão da complexidade que uma avaliação de

Administração Módulo 3
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crédito pode assumir. O que implica em um grau de subjetividade elevado no que tange a
decisão propriamente dita. Os “Cs” são divididos em:

 Os “Cs” tradicionais do crédito: caráter, capacidade, capital, colateral, condições e


conglomerado;
 Os “Cs” modernos do crédito: consistência, comunicação e controle;
 Os três novos “Cs” do crédito: concorrência, custos e caixa.

Para se analisar crédito há necessidade de um arsenal de dados que permita ao


analista tomar um posicionamento firme e rápido. Esses dados quando expostos em forma
de relatório, ganham mais consistência, porque poderão ser padronizados.

5.7.4 Contas a receber

Este é o principal componente do estudo do crédito. É por este motivo que as


empresas tomam todas as precauções possíveis na concessão de crédito aos seus clientes,
adotando-se esta medida para as pessoas físicas e as jurídicas.

 Concessão de crédito:

A concessão de crédito é a primeira etapa para se administrar contas a receber.


Pode-se dividir a concessão de crédito para grandes compras e para pequenas compras.
Devendo-se avaliar os seguintes itens.

 Histórico do cliente: Neste item verifica-se se o cliente já comprou os artigos da


empresa, e se pagou em dia. Verifica-se também desde quando é cliente, qual o
volume histórico de seus negócios com a empresa;
 Informações bancárias: Neste item verificam-se informações junto aos órgãos de
informações bancárias (Serasa), sobre a idoneidade do cliente. Se já tem títulos
protestados ou não;
 Informações junto a outros fornecedores: Através de cartas vai-e-vem as
empresas de mesmo segmento se defendem dos maus pagadores, dando e
recebendo informações sobre seu relacionamento com o investigado;
 Informações junto a empresas especializadas: Existem no mercado empresas
especializadas em dar informações cadastrais. A Dun & Bradstreet, por exemplo, é
uma delas. Esta empresa publica um anuário que é distribuído para seus clientes,
onde constam as principais informações de um grande número de empresas de
todos os ramos.

 Garantias:

As garantias podem ser pessoais e reais. As pessoais são:

 Aval: Estabelece a obrigação do avalista pelo valor do documento avalizado. O


avalista responde com todos os seus bens, exceto os denominados bens de
família. É concedido sobre títulos de crédito. É possível a figura do avalista do
avalista;

Módulo 3 Administração
63

 Fiança: Estabelece as obrigações do fiador sobre o objeto afiançado. Goza do


benefício de ordem.

Já as garantias reais são:

 Alienação fiduciária: Arquivada no Registro de Títulos e Documentos. O devedor


tem a posse, mas não a propriedade do bem;
 Hipoteca: Bens oferecidos em garantia, exceto os bens de família;
 Penhor: Bens suficientes para garantir uma dívida. Os bens penhorados devem
ficar sob a guarda do devedor, que será seu fiel depositário.

 Flexibilização do crédito:

A fim de esclarecer a política creditícia, segue exemplo.

Exemplo: Analisar o comportamento da empresa ao conceder crédito frente a


alterações no lucro, investimento marginal, prazo médio de recebimento e devedores
duvidosos.

Uma empresa tem os seguintes dados:

 Preço unitário de vendas = R$ 10,00;


 Vendas a crédito = 60.000 unidades;
 Custo Unitário Variável = R$ 6,00;
 Custos Fixos = R$ 120.000,00.

Após reunião com o departamento de vendas e de produção, chegou-se à


conclusão que, caso flexibilizassem o crédito, isto aumentaria as vendas em 5%. Porém o
PMC passaria de 30 para 45 dias e os devedores duvidosos cresceriam de 1% para 2%. O
custo de capital é de 15% aa, no mínimo (taxa de retorno).

1º Calcula-se o quanto esta atitude contribui para aumento do lucro operacional.

 Aumento das vendas = 0,05 x 60.000 = 3.000 unidades;


 Margem de contribuição unitária = 10 – 6 = R$ 4,00;
 Contribuição adicional = 3.000 x 4 = R$ 12.000,00.

2º Calcula-se o custo do investimento marginal em duplicatas a receber.

Plano atual Plano proposto

600.000 630.000
 30  50.000  45  78.750
360 360

Acréscimo = 78.750 – 50.000 = 28.750

3º Calcula-se o retorno exigido (custo de capital).

Administração Módulo 3
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28.750 x 0,15 = 4.312,5 (custo do recebimento do dinheiro, que está sendo


postecipado).

4º Calcula-se o custo marginal dos devedores duvidosos.

Plano atual Plano proposto


 Custo atual 0,01 x 600.000 = 6.000 0,02 x 630.000 = 12.600
 Aumento dos custos = 12.600 – 6.000 = R$ 6.600,00

5º Tomada de decisão.

 Valores favoráveis à empresa

- Contribuição adicional ao lucro = R$ 12.000,00

 Valores desfavoráveis à empresa

- Custo do Investimento marginal = R$ 4.312,50


- Custo marginal de devedores duvidosos = R$ 6.600,00

 Resultado = 12.000 – 10.912,50 = R$ 1.087,50

Como o resultado deu positivo, a empresa pode flexibilizar o crédito nestas


circunstâncias.

5.7.5 Contas a pagar

Os compromissos que um empresa assume diante de terceiros deve, baseado em


documento, podendo ser uma cópia da nota fiscal, duplicata, bloquete de cobrança
bancária, formulário simples de pedido ou orçamento, cópia de cheque pré-datado ou
formulário interno em que conste pelo menos o nome do credor, o valor e a data do
compromisso, ser registrado em uma planilha, formulário ou outro documento, de tal sorte
que permita com uma passada de olhos conhecer todos os compromissos vincendos, suas
datas e valores bem como o seu montante.

Pelo falo de se encontrar grande dificuldade para a sistematização dessas


informações, recorre-se ao uso de simples planilhas do Excel, que com o uso dos filtros
propicia ótimo resultado, como pode ser observado na tabela 1 (5), a seguir, que demostra o
controle de contas a pagar.

Módulo 3 Administração
65

Tabela 1 (5): Controle de contas a pagar.

Fonte: Catálogo Ivan Santos. Disponível em: http://www.ivansantos.com.br/contas.htm


Acesso em agosto de 2016

É verdade que contas a pagar podem ser vistas como empréstimos sem juros dos
fornecedores. Na ausência de contas a pagar, a empresa precisa tomar emprestado ou usar
seu próprio capital para pagar as faturas de seus fornecedores. Em vista disso, o benefício
das contas a pagar está na economia de despesas de juros que precisariam ser pagas se não
houvesse o crédito dado pelo fornecedor.

Todavia, a aceitação do crédito e a utilização das contas a pagar nem sempre são
interessantes para a empresa compradora. Os fornecedores geralmente oferecem generosos
descontos em dinheiro se as faturas forem pagas na entrega ou poucos dias após o seu
recebimento. Assim sendo, a opção crucial é aproveitar o desconto à vista e pagar
imediatamente, ou comprar a prazo e usar as contas a pagar. Se o desconto à vista for
utilizado, a vantagem é o desconto por si só e as desvantagens são o custo de tomar
emprestado para pagar à vista e a perda de um empréstimo sem juro. A oferta do desconto
à vista deve ser aceita se o benefício exceder o custo.

Segue exemplo de como administrar contas a pagar.

 Problema: A Companhia ABC é favorecida por um desconto à vista de 3% se a


fatura de $100.000 da mercadoria for paga imediatamente em dinheiro.
Entretanto, a companhia tem também a opção de usar seu crédito e pagar a fatura
daqui a 60 dias. A Companhia ABC entrou em contato com o banco local e soube
que o dinheiro para pagar à vista a fatura pode ser tomado à taxa de 14%, o que
lhe permitiria aproveitar a vantagem dos 3% de desconto à vista. Qual opção é a
mais econômica: usar o desconto à vista ou comprar a prazo?

 Solução: O esquema abaixo compara o benefício de aproveitar o desconto à vista,


que é de $3.000, com o custo do desconto à vista, $2.263.

 Quadro 1 (5): Demonstra um esquema usando o desconto à vista ou contas a


pagar.

Administração Módulo 3
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Quadro 1 (5): Esquema usando o desconto à vista ou contas a pagar

Benefício do desconto à vista (3% desconto à $3.000


vista x $ 100.000 da fatura)
Custo do desconto à vista (despesa de juro sobre - 2.263
$97.000 por 60 dias a 14%) Taxa de juro: $97.000
X 14% X (60 dias / 360 dias)
Benefício líquido 737
Nota: Aproveitado o desconto à vista de 3%, a
empresa captará apenas $97,000, em vez de
$100.000.
Fonte: Elaborada pelo autor 2016.

Neste caso, usar contas a pagar em vez de aproveitar o desconto à vista significa
rejeitar uma oferta do fornecedor de $737 em dinheiro, livre de juros.

Sendo o resultado líquido uma economia de $737, a Companhia ABC deve


aproveitar o desconto à vista. Tomar o desconto à vista de 3% requer um pagamento
imediato de $97.000, valor que deve ser tomado emprestado ou retirado dos fundos
existentes.

O benefício de um desconto à vista também pode ser calculado usando-se termos


convencionais, como 2/10 líquido 30. Isso significa que um comprador pode receber um
desconto à vista de 2% se a fatura for paga dentro de dez dias, ou a quantia integral — sem
desconto — será devida em 30 dias. Se a fatura for paga imediatamente, o benefício desse
desconto à vista é de 2% para 30 dias e, aproximadamente, de 24% para l ano (2% X 12
meses). No exemplo anterior, o desconto à vista deveria ser aceito se a taxa do empréstimo
fosse menor que 24%, desde que o benefício do desconto à vista excedesse o custo do
empréstimo para pagar a fatura dentro de dez dias.

Existe uma fórmula precisa com a qual o custo de não usar o desconto à vista (o
benefício do desconto à vista) pode ser calculado a forma a seguir:

Custo de não usar o desconto à vista =

Desconto à vista 360 dias


X
(1 – Desconto à vista) (Dias de crédito – Período do desconto)

De acordo com essa fórmula, o custo exato de não usar o desconto à vista é de
36,7% =

2% 360 dias
X = 36,7%
(1-2%) (30-10)

Lembrete: O desconto à vista é uma oferta aceitável se seu benefício (ou o custo de
não usar o desconto à vista) exceder o custo do empréstimo. Se, entretanto, o benefício do
desconto à vista for menor que o custo do empréstimo, é melhor a empresa usar as contas a
pagar e liquidar a fatura em data posterior.
Módulo 3 Administração
67

5.8 Crise Financeira na Empresa

Crise financeira é um grave problema para qualquer empresa. Quando a empresa


fica em déficit, o quadro fica agravado porque a empresa se depara com uma situação onde
precisa dar o máximo de si para resolver o problema justamente no momento em que
precisa de crédito. Nesse momento a empresa geralmente precisa tomar decisões difíceis e
fazer sacrifícios que podem acarretar mudanças importantes.

Por este motivo, planejamento e prevenção ainda é a melhor arma contra uma crise
financeira empresarial e uma vez instalada a crise financeira ou aos seus primeiros sinais,
deve-se buscar uma solução o mais rapidamente possível.

5.8.1 Prevenção de crise financeira

A adoção de medidas preventivas para lidar com as crises financeiras tem dois
objetivos básicos:

 Evitar que a empresa seja surpreendida por fatos apenas aparentemente


imprevisíveis;
 Criar um plano de contingência para lidar com situações realmente imprevisíveis.

As recomendações seguintes ajudarão a prevenir as crises financeiras empresariais:

 Ter e respeitar um orçamento do lucro e gastos;


 Não se endividar até o limite do orçamento;
 Cortar o endividamento crescente;
 Não se financiar a juros altos;
 Manter um fundo de reserva para cobrir despesas extraordinárias;
 Criar um plano de contingência para a lidar com a crise.

5.8.2 Como enfrentar a crise financeira

O trajeto utilizado para resolver uma crise financeira empresarial são parecidos com
os usados pelos governos. Se baseando em duas medidas básicas: aumento do lucro e
redução dos gastos. Apesar de simples em seu enunciado, a implantação dessas medidas
requer firmeza de decisão, ação e criatividade.

O crescimento do lucro, frequentemente, quer dizer: redução de despesas. Não é


fácil conseguir esse objetivo, quando, na verdade, a empresa tem que produzir mais. A
diminuição dos gastos também é árduo porque exige algum trabalho de análise e controle,
além de que reduzir gastos significa fazer sacrifícios.

O ponto fundamental para se obter o saneamento financeiro das contas empresais


é tomar as decisões certas e sem demora. Quanto mais demoradas as soluções, menores
serão as chances de sucesso.

Um programa de saneamento financeiro empresarial começa com a análise da

Administração Módulo 3
68

situação financeira atual da empresa e suas perspectivas num futuro próximo. Esta análise
tem como objetivo fazer um diagnóstico preciso do problema, identificando suas causas
principais e secundárias. A partir daí serão buscadas as soluções.

Assim, não basta examinar como as contas empresariais estão hoje. Também é
preciso saber como elas ficarão mais à frente. O ideal é que a análise projete a situação
financeira para um período de doze meses.

 Análise da crise financeira:

Um roteiro proposto para analisar a crise financeira é o que segue e a resposta a


estas perguntas facilitará a busca de solução para o problema.

 Qual é o problema financeiro e quais serão seus desdobramentos?


 Se tudo correr bem como ficarão as finanças empresais?
 Se acontecer o pior como ficarão as finanças empresais?
 Qual é a renda efetiva?
 Como deverá se comportar a renda num futuro próximo, desconsiderando-se
ocorrências imprevisíveis?
 Qual é o orçamento de gastos?
 Como deverão se comportar os gastos num futuro próximo, desconsiderando-se
ocorrências imprevisíveis?
 Existem gastos exagerados, desproporcionais?
 Qual o peso dos juros no total dos gastos?

Uma vez obtida as respostas para as questões mencionadas, além de outras que a
situação possa exigir, a empresa deverá fazer uma projeção de entrada e saída de dinheiro
(seu orçamento empresarial de caixa).

Essa projeção é necessária porque o orçamento pode estar equilibrado em termos


anuais, mas pode apresentar algum déficit ou sobra de caixa durante determinados
períodos.

Para o mês em curso, essa projeção deverá ser efetuada em base semanal (talvez
diária se a situação financeira estiver muito difícil), dando assim um maior detalhamento
para as informações sobre a situação financeira imediata. Para os onze meses seguintes, as
projeções serão efetuadas em base mensal.

 Soluções:

Depois que os dados e informações forem coletados na etapa de análise, busca-se


encontrar as soluções. Para tanto, é preciso responder às seguintes questões:

 As premissas usadas na análise do problema são realmente confiáveis?


 Qual a solução ideal para a crise financeira?
 Qual é a solução possível?
 Existiria um meio termo entre solução ideal e solução possível?

Módulo 3 Administração
69

 A solução a ser adotada é arriscada? É flexível?


 Se existe mais de uma solução, qual delas deve ser escolhida?

Desta forma, as soluções implicam basicamente em um aumento do lucro, redução


de gastos ou uma combinação dessas duas opções.

 Aumento do lucro:

A resolução ideal para os problemas financeiros seria um aumento do lucro. Assim,


não seriam necessários os sacrifícios impostos pelo corte dos gastos.

No passado, a saída clássica para os problemas financeiros era pedir um aumento


de salário. Entretanto, a realidade da economia nos dias de hoje obriga as empresas a
lutarem pelo seu emprego, não havendo espaço para reivindicações adicionais. Por todo os
fatos colocados, percebe-se que o aumento do lucros só poderá obtido com
trabalho adicional à noite ou nos fins de semana.

A experiência tem demonstrado que a melhor alternativa de trabalho extra é


aquele que pode ser efetuado em casa. Isto poupa tempo e custo com deslocamento e
também reduz a despesa com alimentação.

Algumas atividades são especialmente indicadas para a geração do lucro extra. Elas
não devem exigir investimento nem horários rígidos de trabalho. Alguns exemplos são a
intermediação de serviços, telemarketing, marketing de rede, vendas, trabalhos em feiras e
eventos, digitação, aulas particulares, consultoria, redação de textos etc.

A opção deve ser por soluções que propiciem entrada rápida de dinheiro e que
combinem com as características da empresa. Além disso, é preciso ter o cuidado para que a
atividade extra não prejudique o desempenho da empresa em seu trabalho. Caso contrário a
solução poderia se converter em um novo problema com a perda do emprego.

 Redução de gastos:

A redução dos gastos é uma das soluções mais utilizadas no processo de


saneamento financeiro. Diferentemente de geração do lucro extra que pode depender de
fatores externos, a redução de gastos é uma decisão empresarial. Para a maioria
das empresas existe algum espaço para redução de seus gastos.

O primeiro passo consiste em cortar os gastos supérfluos ou combater os


desperdícios. Se ainda assim, as reduções se mostrarem insuficientes, será preciso tentar
reduzir os gastos com mudanças estruturais no padrão de vida.

As medidas estruturais para redução de gastos implicam em dois tipos de mudanças


nas despesas: adjetivas e substantivas. Quando uma empresa troca um carro caro por outro
mais barato, para reduzir seu custo de transporte está fazendo uma mudança adjetiva. Por
outro lado, se troca o carro por ônibus está implementando uma mudança substantiva.

Administração Módulo 3
70

Reduções de custos não lineares geralmente dão os melhores resultados. Quando


alguém estabelece uma meta de cortar 10% em todos os gastos, isto pode ser muito para
alguns itens e pouco para outros. O resultado pode não ser satisfatório.

Um princípio importante a ser observado em todo esforço de redução de gastos é o


da materialidade. Este princípio significa que os esforços devem ser dirigidos para aqueles
itens de custo realmente significativos. Evidentemente não faz sentido desenvolver-se
esforços para obter reduções de custos insignificantes.

 Redução de pagamento de juros:

As altas taxas de juros vigentes na economia brasileira estimulam a oferta de


crédito. Para muitas lojas, a maior parte do lucro é gerada pelas vendas financiadas. Este
fato estimula a expansão das vendas a crédito nas diversas modalidades.

As instituições financeiras já adotam um sistema de custos financeiros


diferenciados, cobrando taxas menores para os clientes preferenciais ou bons pagadores ou
naquelas operações de crédito onde exista maior nível de garantia. Nas empresas comerciais
a taxa de juros cobrada normalmente é única. Esse fato significa que o crédito bancário, por
ter custos mais elásticos, oferece mais possibilidades de redução do pagamento de juros.

O crescimento do crédito caro tem contribuído para que o pagamento de juros


ocupe um lugar de destaque nas crises financeiras que atingem a maioria das empresas.

Deve ser lembrado que uma dívida de R$ 1.000,00 (um mil reais) sujeita a uma taxa
de juros de 10% ao mês, depois de três anos se transforma em quase R$ 31.000,00 (trinta e
um mil reais), sem incluir nesse valor eventuais multas.

Quando o devedor ainda não teve seu nome incluído em cadastro negativo, deve
buscar alongar o prazo de pagamento, reduzindo o valor do desembolso com juros de modo
a manter seu crédito.

Se já teve seu nome incluído em um cadastro negativo, deve buscar por meio de
negociação a redução do valor do débito e a adoção de um cronograma de pagamento que
possa ser cumprido.

 Aspectos relevantes sobre cobrança de créditos a clientes em atraso:

Conservar um controle permanente da carteira de vendas a prazo usando


preferencialmente uma planilha eletrônica ou sistema informatizado específico para
cobrança que contenha os dados consolidados da carteira de crédito, tais como:
identificação do cliente, seu limite de crédito, valor dos saldos devedores, parcelas vencidas
etc. Devendo manter esses dados permanentemente atualizados, para tomar as
providências de cobrança.

As empresas que conseguem maior sucesso na recuperação de crédito são aquelas


que adotam "ações de cobrança", que são implementadas a partir do atraso do pagamento

Módulo 3 Administração
71

por parte do cliente, como as propostas a seguir:

 Etapa 1: Após o vencimento da parcela de financiamento, a empresa envia uma


carta educada ou faz contato por meio de um telefonema amigável, lembrando ao
cliente de sua conta vencida. Se o cliente tem um motivo aceitável para o atraso e
demonstrar intenção firme em quitar o débito, um novo acordo pode ser feito
para viabilizar o recebimento.

 Etapa 2: Se a conta não for paga, é feito um segundo contato, por carta ou
telefonema, em tom mais assertivo, comunicando tratar-se da última tentativa de
negociação, para evitar o registro do cliente em órgão de proteção ao crédito. A
essa altura, é recomendável cortar totalmente o crédito do cliente.

 Etapa 3: A empresa efetua o registro em órgão de proteção ao crédito e é feita


uma notificação extrajudicial.

 Etapa 4: O título é encaminhado para protesto ou é acionado o Juizado Especial.

5.9 Operações Financeiras e Contratos Bancários

São operações efetivadas pelas empresas com a finalidade de gerar recursos


financeiros.

5.9.1 Modalidades

Existem várias modalidades das operações financeiras, destacando-se:

 Aplicações financeiras:

Existem três tipos de aplicações financeiras como pode se observar a seguir.

 Aplicações de Liquidez Imediata:

Essas aplicações correspondem, geralmente, a compras de títulos do governo,


como, por exemplo, letras e bônus. Tais títulos têm liquidez imediata porque a empresa
pode resgatar o valor aplicado mais os rendimentos no dia em que desejar. Os rendimentos
equivalem à inflação ocorrida no período em que o dinheiro permaneceu aplicado, sendo
geralmente baseada na variação dos títulos do governo.

 Aplicações com Rendimentos Prefixados:

Aqui, a empresa fica sabendo, no dia da aplicação, o valor dos seus rendimentos,
que correspondem à correção monetária prefixada mais juros.

 Aplicações com Rendimentos Pós-Fixados:

Neste tipo de aplicação, a empresa somente fica sabendo quanto ganhou com a

Administração Módulo 3
72

operação no dia de seu resgate.

 Empréstimos bancários:

Segue abaixo dois tipos de empréstimos bancários.

 Empréstimos com Correção Monetária Prefixada:

A empresa sabe, no dia da transação, qual o montante dos encargos referentes à


correção monetária incidente sobre a operação.

 Empréstimos com Correção Monetária Pós-Fixada:

A empresa somente sabe qual o montante dos encargos referentes à correção


monetária incidente sobre a operação no dia do vencimento.

 Operações com duplicatas:

São elas:

 Cobrança Simples de Duplicatas:

Consiste na remessa de títulos aos bancos, os quais prestam serviços à empresa,


cobrando-os dos respectivos devedores. Neste tipo de operação, a empresa transfere a
posse dos títulos aos bancos, porém a propriedade continua sendo da empresa. Para
remeter os títulos ao banco, a empresa os relaciona através de um borderô, ao qual anexa
os respectivos títulos.

 Desconto de Duplicatas:

É a transferência dos títulos ao banco, mediante endosso. A empresa transfere ao


banco o direito de recebimento dos títulos. O valor do desconto é determinado em função
do número de dias que faltam para que os títulos sejam liquidados.

Aqui, a empresa endossante é responsável, coobrigada pela liquidação dos títulos


descontados. Por isso, a responsabilidade da empresa somente desaparece quando do
pagamento do título pelo devedor.

A operação é semelhante à cobrança simples, no que diz respeito à remessa dos


títulos. Assim, a empresa transfere a posse e a propriedade dos títulos ao banco. A empresa
endossante desconta títulos e recebe do banco o valor nominal (constante dos títulos),
suportando os juros correspondentes ao prazo que falta decorrer para o vencimento dos
títulos negociados.

 Caução de Duplicatas:

Operação de empréstimo que a empresa efetua junto a um banco, na qual o banco

Módulo 3 Administração
73

exige que a beneficiada entregue-lhe títulos em garantia. A empresa transfere a posse e a


propriedade dos títulos ao banco. O valor dos títulos caucionados é sempre superior ao valor
liberado. O banco poderá exigir a emissão de uma nota promissória no valor total do
empréstimo.

É feito um contrato entre a empresa e o banco, onde ficam estabelecidos, pelo


menos:

1- O valor do numerário que a empresa terá direito por um determinado período de


tempo;
2- O valor de títulos que a empresa oferecerá ao banco, em cobrança caucionada,
que, ao mesmo tempo em que representa a garantia da dívida assumida, é o
termômetro para liberação do total do empréstimo;
3- O percentual que poderá sacar, o qual fica entre 70% a 80% dos títulos
caucionados;
4- Os encargos da empresa em relação ao contrato e aos títulos caucionados.

 Factoring:

São pessoas jurídicas de fomento comercial, de prestação cumulativa e contínua de


serviços, tais como:

 De assessoria creditícia e mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos,


administração de contas a receber e a pagar;
 Compra de direitos creditórios resultantes de vendas e bens a prazo ou de
prestação de serviços; esta, na prática é a principal atividade da factoring, que
paga pelos títulos representativos de tais direitos um valor menor que seu valor de
face, ou seja, adquire-os com deságio.

O que diferencia a operação de factoring da operação de desconto bancário, é que


a primeira compra o título sem direito de regresso, em função disso, o deságio cobrado pela
factoring costuma ser maior que o desconto bancário, uma vez que ela assume
integralmente o risco do crédito.

5.10 Contratos Bancários

As instituições financeiras são aquelas sociedades empresárias que tem como


finalidade a prática de atividades de captação, gestão e empréstimo a juros de recursos
financeiros à terceiros, sendo uma prática privativa de quem pertence ao sistema financeiro
nacional nos termos da Lei 4595/64. Elas estão sujeitas as regras ordinárias, bem como as
normas infra legais como: circulares, resoluções e cartas circulares editadas pelo Banco
Central do Brasil.

As instituições financeiras estão autorizadas a realizar operações bancárias, que são


classificadas em operações passivas e operações ativas. As operações passivas estão
divididas em depósito bancário, conta corrente e aplicação financeira.

Administração Módulo 3
74

 Operações passivas:

São definidas da seguinte forma:


a) Depósito bancário

É a modalidade de contrato em que determinada pessoa (depositante) efetua


depósito de certa quantia em dinheiro junto a uma determinada instituição financeira
(depositário). Os depósitos bancários podem ser:

1- À vista: Quando o depositante solicitar a restituição da quantia depositada à


instituição financeira deve restituí-la imediatamente;

2- A pré-aviso: Modalidade em que o depositante pré-avisa a instituição financeira


de quando esta deverá restituí-lo;

3- A prazo fixo: Modalidade em que o correntista depositante somente poderá


solicitar a restituição da quantia depositada após um prazo fixo. Esta modalidade
deve ter algum atrativo ao depositante que não seja necessariamente uma
remuneração das quantias depositadas.

b) Conta corrente:

É aquela modalidade do contrato em que a instituição financeira compromete-se a


receber determinadas quantias em dinheiro entregues pelo correntista, ou por terceiro
obrigando-se a referida instituição a proceder pagamentos mediante ordem do correntista
valendo-se para tanto das quantias em dinheiro existentes em nome do correntista.

No contrato de conta corrente a instituição financeira cumpre a função de agente


pagador, administrando recursos do correntista.

c) Aplicação financeira

É o contrato em que o depositante autoriza a instituição financeira depositária a


empregar, em determinados investimentos as quantias em dinheiro existentes na conta de
sua titularidade. Neste tipo de operação o risco da liquidez do investimento é do
depositante.

 Operações ativas:

São aquelas operações onde a instituição financeira se torna credora. Como por
exemplo:

a) Mútuo bancário:

Contato em que a instituição financeira denominada mutante empresta, a


determinada pessoa física ou jurídica uma quantia em dinheiro para pagamento de forma
parcelada em prazo pré-determinado e sob a qual incidirá uma taxa de juros.

Módulo 3 Administração
75

b) Abertura de crédito:

Contrato em que a instituição financeira disponibiliza a uma pessoa física ou jurídica


determinada quantia em dinheiro que o cliente poderá ou não fazer uso. Este tipo de
contrato ficou familiarizado como cheque especial, que incidirá taxa de juros somente se o
cliente utilizar o crédito disponibilizado.

c) Desconto bancário:

Contrato em que uma das partes denominadas descontário, solicita a uma


instituição financeira aqui denominada descontador, o adiantamento do valor de crédito
representado por um título com vencimento futuro e de titularidade do descontário. Nesta
operação a instituição financeira torna-se beneficiário do crédito e pagará ao descontário o
valor do título abatido as despesas e os juros do período.

d) Crédito documentário:

Contrato em que uma instituição financeira denominada emissor, mediante prévia


contratação com seu cliente aqui denominado ordenante, assume por conta deste a
obrigação de pagar determinada quantia em dinheiro em favor de terceiro que será
especificado pelo cliente mediante a apresentação de determinada documentação. Esta
operação é largamente utilizada em negócios de importação e exportação.

e) Título de crédito representativo:

É um título causal que não expressa uma operação de crédito, mas representa um
valor de bens que fundamenta sua existência. Os títulos representativos são o conhecimento
de depósito, warrant e conhecimento de transporte, regulados os dois primeiros pelo
Decreto 1.102/1903. O Conhecimento de depósito atesta a propriedade das mercadorias e a
sua transferência equivale a transferência dos bens.

Já o warrant é um título representativo que tem a finalidade de constituir penhor


sobre as mercadorias depositadas a partir do endosso do depositante.

Exemplo: O depositante deposita 500 sacas de café no armazém geral, por sua vez o
armazém geral emite um recibo do valor da mercadoria, que originará o título de crédito
representativo, ou seja, o conhecimento do depósito da mercadoria, que é a garantia
(warrant).

5.11 Capital de Giro e Aplicações

Capital de giro é composto pelos recursos exigidos para financiar o ciclo operacional
das empresas. O objetivo da sua administração é gerir adequadamente as contas de ativo e
passivo circulante, a fim de alcanças equilíbrio entre lucratividade e risco.

Administração Módulo 3
76

 Texto para debate: Lucro, lucratividade e rentabilidade – Sebrae – Minas Gerais.

 Lucro - Sendo conceituado de uma forma simplificada, nada mais é do que o


resultado positivo deduzido das vendas os custos e despesas.
 Lucratividade - É a relação do valor do lucro com o montante de vendas, ou seja,
divide-se o valor do lucro pelo volume de vendas (lucro líquido/vendas).
 Rentabilidade - Refere-se ao resultado que possibilita a análise do retorno sobre o
investimento realizado na empresa.

O lucro, portanto, é a base para a análise das decisões de investimentos.

A primeira pergunta que se faz é qual o lucro ideal? É obvio que quanto maior,
melhor! Entretanto, o retorno de investimento é uma recompensa equivalente a todo o
investimento e não apenas aos lucros gerados nos períodos iniciais, ou de um período
específico.

Um investimento pode proporcionar altas taxas de lucros em determinados


períodos e até prejuízos em outros; neste caso deve prevalecer o retorno médio obtido no
período considerado. Para os pequenos negócios é importante que os lucros gerados sejam
equivalentes a 3% ao mês em média do valor dos investimentos próprios.

Com relação à lucratividade (lucros sobre as vendas) para as micros e pequenas


empresas ela varia entre torno de 5% a 10% para indústria e comércio. No caso de
prestadoras de serviços ficam em torno de 15% a 20%. Para análise correta da lucratividade,
as considerações são as seguintes: quanto maior, melhor para a empresa; a mesma deverá
ser comparada com média do setor em que a empresa atua; e deverá atender a expectativa
do empreendedor.

Normalmente os lucros gerados por uma empresa revelam três situações distintas:

 Podem estar gerando recursos insuficientes para manter a empresa;


 Podem estar gerando recursos mínimos para manter a sua sobrevivência;
 Podem estar gerando recursos para empresa sobreviver e crescer.

Uma empresa que esteja gerando recursos para sobreviver e crescer, deve observar
o seguinte:

 Normalmente tem fluxo de caixa positivo;


 Obtém ganho financeiro;
 Investe recursos na atualização do seu imobilizado; procura manter seus
funcionários treinados e atualizados;
 Investe recursos constantemente em marketing;
 Gera recursos para manter o capital de giro e proporcionar o retorno desejado
pelos investidores.

Módulo 3 Administração
77

EXERCÍCIOS

1- Suponhamos que no primeiro dia de trabalho do mês tenhamos como entradas


recebimentos no valor de R$ 1.000,00 em dinheiro, R$ 500,00 em cheques pré-datados
com vencimentos para o dia 2, mais R$ 500,00 em cartão de crédito também para o dia 2.
Suponhamos que as saídas desse mesmo dia perfaçam um total de R$ 500,00 e que nosso
saldo disponível inicial seja de R$ - 500,00 na conta corrente de uma agência bancária.
Assim, construa o relatório de Fluxo de Caixa DIÁRIO com base nessas informações.
Suponha que o que foi previsto para o segundo dia foi realizado.

2- A Indústria Macapá Ltda., inaugurada em maio de 2002, está desenvolvendo um


orçamento de caixa para julho, agosto e setembro de 2002. As vendas foram de
R$100.000,00 em maio e de R$200.000,00 em junho. Estão previstas vendas de
R$400.000,00, R$300.000,00 e R$200.000,00, respectivamente, para julho, agosto e
setembro. Das vendas feitas pelo setor, 20% têm sido à vista, 50% têm gerado duplicatas
com prazo de um mês, e as 30% restantes, de dois meses. A previsão de recebimentos em
julho de 2002, em reais, é de:

(A) 900.000,00
(B) 400.000,00
(C) 300.000,00
(D) 210.000,00
(E) 80.000,00

3- A 5PA é uma empresa varejista que elabora um fluxo de caixa com prazo de cobertura de
seis dias úteis (do ponto de vista bancário), de segunda a segunda (dia 1°- a dia 6) e
período de informação diário. Essa empresa funciona de segunda a sábado, embora suas
saídas de caixa só aconteçam de segunda a sexta-feira. Por isso, as entradas de caixa
ocorridas aos sábados são lançadas no fluxo de caixa na segunda-feira seguinte.
Diariamente, as entradas rotineiras de caixa da 5PA originam-se de três fontes:
recebimento das administradoras de cartões de crédito das vendas realizadas nessa
modalidade; vendas à vista com dinheiro e cheque; recebimento dos cheques pré-
datados referentes a vendas anteriores.

Os dados históricos da 5PA indicam as seguintes estatísticas:

 0,1% dos cheques recebidos de clientes nas vendas a vista são devolvidos pelo
sistema bancário, por algum tipo de problema. Do total desses cheques
devolvidos, 40% representam perda definitiva (cheques falsificados, sem fundos
etc.). Os outros 60% são reapresentados à compensação e recebidos, em média,
10 dias após a data do primeiro depósito.
 0,3% dos cheques pré-datados referentes a vendas a prazo são devolvidos pelo
sistema bancário por falta de fundos. Desses cheques 20% são recuperados 15
dias após o primeiro depósito. Os outros 80% representam créditos
problemáticos, de recebimento incerto e demorado.

Todos os cheques com vencimento imediato são registrados no caixa no dia

Administração Módulo 3
78

seguinte ao depósito e o numerário recebidos num dia são registrados como entradas no dia
seguinte.

Por um acordo operacional com o banco onde os cheques são depositados, eles são
considerados como disponíveis no dia seguinte, independentemente do valor.

A 5PA projeta para o próximo prazo de cobertura (segunda a segunda ou dia 1° a


dia 6 do fluxo de caixa) as seguintes entradas e saídas de caixa:

 Média diária de vendas avista: R$ 3.600,00 em cheques e R$ 2.100,00 em


dinheiro, de segunda a sexta-feira. Aos sábados, há acréscimo de 22% sobre esses
valores.
 Depósito de cheques pré-datados recebidos: R$ 3.241,00, R$ 3.490,00, R$
4.233,00, R$ 3.788,00, R$ 2.744,00, R$ 4.570,00 (este último valor refere-se a
sábado e segunda-feira).
 Recebimento de administradores de cartões de crédito: R$ 2.537,00, R$ 2.890,00,
R$ 3.128,00, R$ 2.901,00, R$ 2.837,00 e R$ 5.873,00.
 Resgate de uma aplicação de CDB no valor de R$16.320,00 e reaplicação imediata
de 40% desse valor, no dia 3.
 Recebimento de créditos em atraso: R$ 8.900,00 no dia 4.

Saídas de caixa previstas:

 Fornecedores: R$ 1.701,00, R$ 1.902,00, R$ 1.990,00, R$ 1.807,00, R$ 2.013,00 e


R$ 2.701,00.
 Impostos e taxas: R$ 7.300,00 no dia 4.
 Folha de pagamento: R$ 42.734,00 no dia 2.
 Juros de financiamento de longo prazo: R$ 2.899,00 no dia 2.
 Outras saídas de caixa: R$1.400,00 no dia 2 e R$1.458,00 no dia 5.

Com base nos dados fornecidos, elabore o fluxo de caixa da empresa 5PA, para
informar o saldo de caixa gerado diariamente, o saldo de caixa acumulado dia a dia e o saldo
final de caixa no final do sexto dia do fluxo de caixa. O saldo inicial de caixa, no começo do
primeiro dia, é R$ 48.276,00.

Não devem ser consideradas no fluxo de caixa as despesas bancárias sobre a


movimentação financeira nem os rendimentos das aplicações financeiras de liquidez diária.

Módulo 3 Administração
79

REFERÊNCIAS

BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas,


1981.

CHEROBIM, Ana Paula Mussi Szabo e outros. Administração financeira – princípios,


fundamentos e práticas brasileiras. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

DROMS, Williams G. e PROCIANOY Jairo L. Finanças para executivos não financeiros. Porto
Alegre: Bookman, 2002.

FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora Ltda, 2002.

GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: 10. ed. Pearson,
2004.

HOJI, Masakazu. Administração Financeira na Prática, Editora Atlas, 2007.

MACHADO, José Roberto. Administração de finanças empresariais. Rio de Janeiro:


Qualitymark Editora Ltda, 2002.

MARTINS, Eliseu & ASSAF NETO, Alexandre. Administração Financeira. São Paulo: Atlas,
1984.

MORANTE, Antônio Salvador et alius. Administração Financeira. Editora Atlas, 2007.

ROSS, A. Stephen e outros. Princípios de administração financeira – essencial of corporate


finance. São Paulo: Atlas, 1998.

SANVICENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1981.

SECURATO, José Roberto. Decisões financeiras em condições de risco. São Paulo: Atlas,
1996.
TREUHERTZ, M. Análise financeira por objetivos. São Paulo: Pioneira, 1999.

WELSCH, Glenn A. Orçamento empresarial, planejamento e controle do lucro. São Paulo:


Atlas, 1978.

ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzato, 2000.

Administração Módulo 3
80

ANOTAÇÕES:
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Módulo 3 Administração
MATEMÁTICA FINANCEIRA
83

6 MATEMÁTICA FINANCEIRA

A disciplina de matemática financeira tem por finalidade analisar as diversas formas


de evolução do valor do dinheiro no tempo, bem como as formas de estudo e comparação
de alternativas para aplicação/obtenção de recursos financeiros.

6.1 Noções Básicas

Seguem alguns conceitos relativos a matemática financeira.

 Capital:

É qualquer quantia expressa em moeda (dinheiro ou bens comercializáveis)


disponível em determinada época, também é chamado de capital inicial ou principal.

 Juros:

É o aluguel que deve ser pago ou recebido pela utilização de um valor em dinheiro
durante um certo tempo.

 Taxa de Juros:

É um coeficiente que corresponde à razão entre os juros pagos ou recebidos no fim


de um determinado período de tempo e o capital inicialmente empatado.

Exemplo:

Capital Inicial: $ 100


Juros: $ 150 - $ 100 = $ 50
Taxa de Juros: $ 50 / $ 100 = 0,5 ou 50 % ao período

A taxa de juros sempre se refere a uma unidade de tempo (dia, mês, ano, etc.) e
pode ser apresentada na forma percentual ou unitária.

 Taxa de Juros unitária: é utilizada na aplicação de fórmulas de resolução de


problemas de Matemática Financeira; para conseguirmos a taxa unitária (0.05) a
partir da taxa percentual (5 %), basta dividirmos a taxa percentual por 100: 5 % /
100 = 0.05.

 Montante:

Montante ou Capital Final de um financiamento (ou aplicação financeira) a soma do


Capital inicialmente emprestado (ou aplicado) com os juros pagos (ou recebidos).

Exemplo: Capital Inicial = $ 100 + Juros = $ 50 = Montante = $ 150.

Administração Módulo 3
84

 Regimes de Capitalização:

Quando um capital é emprestado ou investido a uma certa taxa por período ou


diversos períodos de tempo, o montante pode ser calculado de acordo com dois regimes
básicos de capitalização de juros, sendo eles:

 Capitalização Simples: Somente o capital inicial rende juros, ou seja, os juros são
devidos ou calculados exclusivamente sobre o principal ao longo dos períodos de
capitalização a que se refere a taxa de juros.

 Capitalização Composta: Os juros produzidos ao final de um período são somados


ao montante do início do período seguinte e essa soma passa a render juros no
período seguinte e assim sucessivamente.

Analisando-se os dois regimes de capitalização, pode-se ver que para o primeiro


período considerado, o montante e os juros são iguais, tanto para o regime de capitalização
simples quanto para o regime de capitalização composto. Salvo aviso em contrário, os juros
devidos no fim de cada período (juros postecipados) a que se refere a taxa de juros.

No regime de capitalização simples, o montante evolui como uma progressão


aritmética, ou seja, linearmente, enquanto que no regime de capitalização composta o
montante evolui como uma progressão geométrica, ou seja, exponencialmente.

 Fluxo de Caixa:

É o conjunto de entradas (recebimentos) e saídas (pagamentos) de dinheiro ao


longo de um determinado período.

6.2 Porcentagem

Porcentagem, pode ser definida como uma razão cujo consequente é 100 ou ainda
como uma razão centesimal, onde o consequente é substituído pelo símbolo %, chamado
“por cento “, como pode ser observada no exemplo a seguir.

80
100 = 0,80 = 80%

Existem vários recursos para resolver cálculos que envolvem porcentagens:

 De forma direta envolvendo frações:

Exemplo: Quanto é 20% de 800?

20% de 800, é o mesmo que dividir 800 em 100 partes iguais e tomar 20 delas.
Assim, 20 % de 800 = 20/100 de 800  800 : 100 . 20 = 160.

Módulo 3 Administração
85

Ou usando taxa unitária:

20% de 800 = 20/100 = 0,20  800 . 0,20 = 160 .

 Por regra de três simples e direta:

Exemplo 1: Um trabalhador cujo salário era de R$ 2 000,00, recebeu um aumento


de 5%. Quanto passou a ser o seu novo salário?

Este problema pode ser resolvido por regra de três de dois modos:

- 1º modo:

2000 100%
2000.5
x 5%  x = 100  x = 100,00

Salário= 2.000,00 + 100,00 = 2.100,00

- 2º modo:

2 000 100%
2000.105
x 105%  x = 100  x = 2 100,00

Salário: 2.100,00.

Exemplo 2: Ao comprar um automóvel por R$ 15 000,00, obtive um desconto de R$


1 800,00. Qual foi a taxa de desconto?

15 000 100%
100.1800
1800 x  x = 100  x = 12%

Taxa de desconto: 12%

Exemplo 3: Uma taxa de 13% é aplicado num determinado capital, produzindo um


valor porcentual de 5.200,00. De quanto era o capital?

13% 5 200
100.5200
100% x  x = 100  x = 40.000

Capital: R$ 40 000,00.

Administração Módulo 3
86

6.2.1 Elementos do cálculo porcentual

São três os elementos envolvidos no cálculo de porcentagem:

 Principal: valor da grandeza da qual se calcula a porcentagem (P);


 Taxa porcentual: valor que representa a quantidade de unidades tomadas em
cada 100 (i);
 Porcentagem: resultado que se obtém quando se aplica a taxa de porcentagem
ou taxa porcentual (p).

Os exemplos citados acima relacionados a resolução por regra de três permite


chegar ao seguinte raciocínio:

Pr incipal.taxa P.i 100. p


Porcentagem = 100  p = 100 , onde P= i e i=
100. p
P

Logo, percebe-se que é mais prático usar a taxa unitária: 25% = 25/100 = 0,25.

6.2.2 Exercícios referentes a porcentagem

1- Calcular:

a) 20 % de 32
b) 3,5% de R$ 4 500
c) 4% de 550

2- Qual a taxa unitária de 20%?

3- Qual a taxa porcentual correspondente a 0,05?

4- Qual é o número principal em que 20 representa 3%?

5- Qual o número principal em que 800 representa 3/5%?

6- Qual a porcentagem em que 2 representa em 40?

7- Um comerciante vendeu um objeto por R$ 540,00 com um lucro de 15%. Quanto


ganhou?

8- Em uma escola, as 1120 alunas representam 56% do total de alunos. Qual é esse
total?

9- A média de reprovação em concursos públicos é de 82%. Quantos serão


aprovados num concurso público com 6 500 inscritos?

Módulo 3 Administração
87

10- Walter pediu aumento salarial na empresa em que trabalha, alegando que um
simples reajuste (que naquele dissídio seria 7,5%) não cobriria suas reais
necessidades. Na ocasião, eu salário era de R$ 2 850,00 e sua proposta foi uma
correção de 9 %. No final do mês, ele recebeu R$ 3 092, 25. Calculando qual o
índice de correção aplicado pela empresa, responda se o pedido foi atendido.

11- Um comerciante comprou um automóvel de R$ 84 000,00 com desconto de 2%.


Em seguida, vendeu o automóvel por um valor 3% acima desse preço (valor inicial
do automóvel). Qual foi a taxa de lucro total, desde a venda até a compra, usada
pelo comerciante?

12- Dois postos de abastecimento misturam água ao álcool que vendem. No primeiro
deles foram encontrados 7,5 l de água em 300 l de álcool e, no segundo, 13,5 l de
água em 500 l de álcool. Quanto por cento o álcool de um posto é, mas aguado
que o do outro?

13- Do que eu recebo, 30% vão para a poupança, 20% para o aluguel e 35% para a
alimentação, restando-me apenas R$ 450,00. Qual é o meu salário?

14- Numa cidade, 45% da população é composta por homens. Qual a população total
dessa cidade se nela residem 60 500 mulheres?

15- Uma certa quantia y tornou-se 2y após 1 ano e 3y após 2 anos. Com relação a
quantia inicial, calcule a taxa aplicada no primeiro e no segundo ano.

16- Que taxa devemos utilizar para transformar uma quantia x em 3x?

17- Um vendedor ganha 3% de comissão sobre as vendas que realiza. Tendo recebido
R$ 300,00 de comissões, qual o total vendido por ele?

18- Comprei uma casa cujo preço era R$ 200 000,00. Tendo gasto 5% desse valor em
impostos e 3% de comissão para o corretor, quanto efetivamente tive que
desembolsar?

19- Uma turma tem 40 alunos. Destes, 60% são moças e 40% são rapazes. Em um
determinado dia, compareceram às aulas 75% das moças e 50% dos rapazes.
Quantos alunos foram às aulas nesse dia? Qual a porcentagem (taxa) que
compareceu às aulas nesse dia?

20- Ao comprar um automóvel por R$ 15 000,00 obtive um desconto de R$ 1 800,00.


Qual foi a taxa de desconto?

6.3 Juros

Os juros podem ser divididos em simples e compostos, como se observa a seguir.

Administração Módulo 3
88

6.3.1 Juros simples

Pode ser representado da seguinte forma:

j = C.i.n
Exemplo: Você pediu a seu chefe um empréstimo de $ 10.000,00 e ele, que não é
bobo, vai lhe cobrar uma taxa de juros de 5% ao mês, sobre o capital inicial. 6 meses depois
você quita sua dívida. Quanto a mais você terá de pagar a título de juros?

j = o que se quer descobrir


C = R$ 10.000,00
I = 5% a.m.
n = 6 meses

Logo: j = 10000. 0,05.6. Resultando em R$ 3.000,00 de juros pagos. Esse valor é


quase um terço do total emprestado.

Observação: Cuidado com as taxas mensais supostamente baixas. Pelo exemplo


acima, fica evidenciado que mesmo taxas pequenas, se forem aplicadas por um período mais
ou menos longo, pode causar um verdadeiro prejuízo ao bolso. Um grande exemplo do dia-
a-dia é o crediário.

6.3.1.1 Exercícios referentes a juros simples

1- Sabendo-se que certo capital, aplicado durante 10 semestres, à taxa de 36% ao


ano, rende $ 72.000,00 de juros, determinar o futuro valor, no regime de
capitalização simples.

Resposta: $ 112.000,00

2- Um empréstimo de $ 40.000,00 deverá ser quitado por $ 80.000,00 no final de 12


meses. Determinar as taxas mensal e anual cobradas nesta operação de
capitalização simples.

Resposta: 8,33% a.m. e 100% a.a.

3- Calcular o valor dos juros e do montante de uma aplicação de $ 2.000,00, feita a


uma taxa de 4,94% ao mês, no regime de capitalização simples, pelo prazo de 76
dias.

Resposta: $ 250,29 e $ 2.250,29

4- Uma aplicação de $ 5.000,00, pelo prazo de 180 dias obteve um rendimento de $


825,00. Indaga-se: qual a taxa anual correspondente a essa aplicação, no regime
de juros simples?

Resposta: 33% a.a.

Módulo 3 Administração
89

5- Determinar o valor de um título cujo valor de resgate é de $ 6.000,00, sabendo-se


que a taxa de juros simples cobrada para gerar este título é de 5% ao mês e que o
seu vencimento é de 4 meses.

Resposta: $ 5.000,00

6- Sabendo-se que certo capital, aplicado durante 10 bimestres, à taxa de 36% ao


ano rende $ 7.200,00 de juros, determinar o montante no regime de capitalização
simples.

Resposta: $ 19.200,00.

7- Um capital, aplicado por 2 meses, elevou-se a 3/2 de si próprio. Qual foi a taxa
linear considerada?

Resposta: 25% ao m.

8- Depositei a quantia de $72.000,00 em um banco que remunera seus clientes a


taxa simples de 36% ao ano. Depois de um certo tempo, verifiquei que o meu
saldo era de $73.800,00. Por quantos dias deu-se essa aplicação?

Resposta: 25 dias

9- Pretendo poupar uma parte do salário, para daqui 2 bimestres ter um montante
de $500,00, sabendo que a taxa é de 48% ao ano, quanto devo aplicar sendo o
regime de capitalização simples?

Resposta: 431,03

6.3.2 Juros compostos

Referem-se às situações em que os juros são integrados ao Capital, a cada cálculo. A


fim de entender, descreve-se um exemplo clássico: Caderneta de Poupança, onde a cada
mês os juros são incorporados ao capital e no próximo mês os juros incidirão sobre esse
montante e assim sucessivamente. Nos caso dos juros compostos, o resultado é o próprio
montante.

A fórmula é seguinte:

Cn=C. (1 + i)n

Exemplo: Uma aplicação bancária está oferecendo juros fixos de 3% a.m. por 6
meses, sobre um valor mínimo de $ 10.000,00. Quanto renderá ao final desse período?

Cn ou M = o que se quer saber


C = 10.000,00
i = 3 % - 0,03

Administração Módulo 3
90

n=6
Logo: 10000. (1+0,03)6  11.940,52.

6.3.2.1 Desconto composto

O conceito de desconto em juro composto é similar ao de desconto em juro


simples. A fórmula usada neste caso, é:

A= N. 1/ (1+i)n

Exemplo 1: Suponhamos que você quer descontar um título de $ 25.000,00, 2


meses antes do vencimento, de um banco que utiliza uma taxa de juro composto de 3% a.m.
Calcule o valor atual do título.

A = o que se quer saber


N = 25.000,00
I = 3 % - 0,03
N=2

Logo: 25000.1/ (1+0,03)2  23.564,90.

Exemplo 2: Calcule o montante, ao final de um ano de aplicação, do capital R$


600,00, à taxa composta de 4% ao mês.

A capitalização é mensal, portanto, no tempo de aplicação considerado teremos 12


capitalizações.

C = R$ 600
i = 4% = 0,04
n = 12
M = C  (1 + i)n
M = 600  (1 + 0,04)12
M = 600  (1,04)12
M = 600  1,60103
M = R$ 960,62.

O fator (1,04)12 pode ser calculado com auxílio das tabelas financeiras 1 (6) a seguir,
para n = 12 e i = 4%.

Módulo 3 Administração
91

Tabela 1 (6): tabela financeira


(1 + i)n
n i
2% 3% 4% 5%

9 1,19509 1,30477 1,42331 1,55133
10 1,21899 1,34392 1,48024 1,62889
11 1,24337 1,38423 1,53945 1,71034
12 1,26824 1,42576 1,60103 1,79586
13 1,29361 1,46853 1,66507 1,88565
Fonte: Catálogo slideshare
Disponível em: http://pt.slideshare.net/zeramentocontabil/exerccios-resolvidos-
juros-compostos Acesso em agosto 2016

Exemplo 3: O capital R$ 500,00 foi aplicado durante 8 meses à taxa de 5% ao mês.


Qual o valor dos juros compostos produzidos?

C = R$ 500
i = 5% = 0,05
n = 8 (as capitalizações são mensais)
M = C  (1 + i)n  M = 500  (1,05)8  M = R$ 738,73

O valor dos juros será:

J = 738,73 – 500  J = R$ 238,73

Exemplo 4: Qual a aplicação inicial que, empregada por 1 ano e seis meses, à taxa
de juros compostos de 3% ao trimestre, se torna igual a R$ 477,62?

M = R$ 477,62
i = 3% = 0,03
n = 6 (as capitalizações são trimestrais)
M = C  (1 + i)n

477 ,62
477,62 = C  (1,03)6  C =  C = R$ 400,00
1,19405

6.3.3 Cálculos do montante e do capital

Montante é o CAPITAL acrescido dos seus JUROS. Assim, montante nada mais é do
que a soma de um capital com os juros aplicados a ele.

A fórmula para calcular o montante direto é:

M = C. (1 + i.n)

Exemplo: Seu chefe, num ato de generosidade desmedida e pressionado pelo


Sindicato, informou que, no mês que vem, dará um aumento de 3% no salário de todos os

Administração Módulo 3
92

funcionários. Supondo-se que você ganhe $ 1.100,00, para quanto vai o seu salário?

M = o que se quer descobrir


C = 1.100,00
i = 3% a.m.
n = 1 mês

Logo: M=1100 . (1 + 0,03.1)  $ 1.133,00.

6.3.4 Desconto comercial simples

O desconto é aplicado quando um empréstimo é saldado antes do vencimento


previsto e, claro, desde que esse desconto esteja previsto em contrato.
A fórmula utilizada para tanto, é:

d = N.i.n

Exemplo: Qual o desconto de um título no valor de R$ 50.000,00, se ele for pago 2


meses antes do vencimento à uma taxa de 5,5 % a.m.?

d = o que sequer saber


N = 50.000,00
i = 5,5% - 0,055
n=2

Logo: 50000 . 0,055 . 2  R$ 5.500,00 de desconto.

6.3.5 Valor atual / nominal

O cálculo do valor atual está para o desconto simples como o montante para o
cálculo de juros simples, portanto, é o valor final após calcular o desconto. A fórmula para o
cálculo direto do valor atual é:

A = N. (1-i.n)

Exemplo: Após receber sua devolução do I.R., você resolve quitar de uma vez as
suas parcelas restantes do seu consórcio, num valor total de $ 70.000,00. Faltam 5 parcelas
mensais e o desconto será de um 1% a.m.. Quanto você terá de pagar em cash?

A = o que se quer descobrir


N = 70.000,00
i = 1% a.m.
n = 5 meses

Logo: A=70000. (1 - 0,01.5) resultando $ 66.500,00.

Módulo 3 Administração
93

6.3.6 Cálculo do montante em casos de rendas certas

Como já mencionado acima, montante nada mais é do que a somatória dos juros
com o capital principal. No caso de rendas certas, a fórmula é dada da seguinte forma:

M=T.Sn¬i

Para saber o valor de Sn¬i pode-se:

 Usar as tabelas;
 Calcular usando a fórmula (1+i)n-1/i.

Exemplo: Calcule o montante de uma aplicação de $ 100,00, feita durante 5 meses,


a uma taxa de 10% a.m. Aplicando a fórmula (esse é um caso de postecipada, porque o
primeiro rendimento é um mês após a aplicação):

n=5
T = 100
i = 10% a.m.
M = 100.S5¬10% $ 610,51

Quando for uma situação de antecipada: subtraia 1 de n. No caso de diferenciada:


após determinar Sn¬i, divida o resultado por (1+i)m.

6.3.7 Cálculo do capital

Em alguns casos existem situações em que diversos capitais são aplicados, em


épocas diferentes, a uma mesma taxa de juros, desejando-se determinar os rendimentos
produzidos ao fim de um certo período. Em outras situações, pode-se ter o mesmo capital
aplicado a diferentes taxas de juros, ou ainda, diversos capitais aplicados a diversas taxas por
períodos distintos de tempo.

 Capital Médio (juros de diversos Capitais):

É o mesmo valor de diversos capitais aplicados a taxas diferentes por prazos


diferentes que produzem a mesma quantia de juros.

Cmd = C1 i1 n1 + C2 i2 n2 + C3 i3 n3 + ... + Cn in nn
i1 n1 + i2 n2 + i3 n3 + ... + in nn

 Taxa Média:

É a taxa à qual a soma de diversos capitais deve ser aplicada, durante um certo
período de tempo, para produzir juros iguais à soma dos juros que seriam produzidos por
diversos capitais.

Administração Módulo 3
94

Taxamd = C1 i1 n1 + C2 i2 n2 + C3 i3 n3 + ... + Cn in nn
C1 n1 + C2 n2+ C3 n3 + ... + Cn nn

 Prazo Médio

É o período de tempo que a soma de diversos capitais deve ser aplicado, a uma
certa taxa de juros, para produzir juros iguais aos que seriam obtidos pelos diversos capitais.

Prazomd = C1 i1 n1 + C2 i2 n2 + C3 i3 n3 + ... + Cn in nn
C1 i1 + C2 i2+ C3 i3 + ... + Cn in

6.3.8 Taxas equivalentes

Como já foi explicado acima, duas taxas são equivalentes quando aplicadas a um
mesmo capital, durante o mesmo período de tempo, produzem o mesmo rendimento.

Na capitalização simples, duas taxas proporcionais são também equivalentes. Na


capitalização composta, não.

No regime de juros compostos, uma aplicação que paga 10% a.m. representa o
rendimento, em um trimestre, de:

Atribuindo um capital R$ 100, temos: M = 100(1,1)3  M = 10  1,331  M = R$


133,10.

Portanto o rendimento no trimestre foi de 33,1%.

Logo, 10% ao mês é equivalente a 33,1% ao trimestre. Ambas podem ser utilizadas
nos problemas; são efetivas.

Pode-se generalizar o cálculo da equivalência entre taxas da seguinte forma:

 Equivalência entre ANO e MÊS: 1 + ia = (1 + im)12

 Equivalência entre ANO e TRIMESTRE: 1 + ia = (1 + it)4

 Equivalência entre SEMESTRE e MÊS: (1 + im)6 = 1 + is

Assim, observa-se que o lado da igualdade que contém a menor das unidades de
tempo envolvidas, fica elevado ao expoente igual a quantas vezes a menor unidade “cabe”
na maior.

Exemplo 1: Calcule o montante gerado a partir de R$ 1.500,00, quando aplicado à


taxa de 60% ao ano com capitalização mensal, durante 1 ano.

Observa-se que 60% ao ano é uma taxa nominal; a capitalização é mensal.

Módulo 3 Administração
95

A taxa efetiva é, portanto, 60%  12 = 5% ao mês.

C = R$ 1.500
i = 5% = 0,05
n = 12
M = C  (1 + i)n  M = 1.500  (1,05)12  M = 1.500  1,79586  M = R$ 2.693,78.

Exemplo 2: Aplicando R$ 800,00 à taxa de juros de 12% ao ano, com capitalização


bimestral, durante um ano e meio, qual o valor do montante?

Observa-se que 12% ao ano é uma taxa nominal; a capitalização é bimestral.

A taxa efetiva é, portanto, 12%  6 = 2% ao bimestre.

C = R$ 800
i = 2% = 0,02
n=9
M = C  (1 + i)n  M = 800  (1,02)9  M = 800  1,19509  M = R$ 956,07.

Exemplo 3: Um capital, após 5 anos de investimento, à taxa de 12% ao ano,


capitalizada semestralmente, eleva-se a R$ 1.969,93. Qual o valor desse capital?

Observamos que 12% ao ano é uma taxa nominal; a capitalização é semestral.

A taxa efetiva é, portanto, 12%  2 = 6% ao semestre.

M = R$ 1.969,93
i = 6% = 0,06
n = 10
C = M  (1 + i)-n  C = 1.969,93  (1,06)-10  C = 1.969,93  0,55839  C = R$
1.100,00.

Exemplo 4: Qual a taxa anual equivalente a:

a) 3% ao mês.

ia = ?; im = 3%

Para a equivalência entre ANO e MÊS, temos:


1 + ia = (1 + im)12
1 + ia = (1,03)12
1 + ia = 1,42576
ia = 1,42576 - 1
ia = 0,42576 = 42,57%

b) 30% ao semestre com capitalização bimestral.

Administração Módulo 3
96

30% ao semestre é uma taxa nominal; a capitalização é bimestral.

A taxa efetiva é, portanto, 30%  3 = 10% ao bimestre.

Para a equivalência entre ANO e BIMESTRE, temos:

1 + ia = (1 + ib)6
1 + ia = (1,1)6
1 + ia = 1,77156
ia = 1,77156 - 1
ia = 0,77156 = 77,15%

Exemplo 5: A taxa efetiva semestral de 97,38% é equivalente a que taxa mensal?

Para a equivalência entre MÊS e SEMESTRE, temos:

(1 + im)6 = 1 + is
(1 + im)6 = 1,9738
im = 12%

6.3.9 Taxa nominal

É a taxa utilizada para preparar ou montar uma operação financeira. É a que


aparece nos contratos financeiros e que não coincide com o período de capitalização.

Exemplo 1: Qual o montante de um capital de R$ 5.000,00, no fim de 2 anos, com


juros de 24% a.a. capitalizados trimestralmente?

PV = 5.000,00 FV = 5000 (1 + 0,24) ²


n = 2 anos FV = 5000 . 1,5376
I = 24% a.a. = 0,24 a.a. FV = 7688,00

Pela convenção adotada, temos:

PV = 5.000,00 FV = 5000 (1+ 0,06)8


n = 2 . 4t = 8t FV = 5000. 1,5938

i = 24%a.a. = 0,24 a.a. = 0,24/ 4 = 0,06 a.t FV = 7969,24


(simples)
Pela conversão composta temos:

i = 5,52% a.t. temos: FV = 5000( 1+0,0552)8


FV = 7685,07

6.3.9.1 Exercícios relacionado a taxa nominal

1- Um banco faz empréstimos à taxa de 5% a.a., mas adotando a capitalização

Módulo 3 Administração
97

semestral dos juros. Qual seria o juro pago por um empréstimo de R$ 10.000,00,
feito por 1 ano?

Resposta: FV = 10.506,25

2- Calcular o montante e a taxa efetiva anual ganha por um investimento de R$


20,00, após 2 anos de aplicação, se rendeu juros nominais de 9% a.a. com as
seguintes hipóteses de capitalização:

a) Anual

Resposta: FV = 23,76 i = 9% a.a.

b) Semestral

Resposta: FV = 23,85 i = 9,2% a.a.

b) Trimestral

Resposta: FV = 23,90 i = 9,3% a.a.

c) Diária

Respostas: FV = 23,94 i = 9,42% a.a.

6.3.10 Taxa efetiva

É a taxa que de fato está sendo praticada. É obtida por meio da relação entre os
valores final e inicial da operação financeira.

O período de capitalização corresponde ao intervalo de tempo em que os juros são


empregados ao capital. Quando a taxa nominal tem unidade de tempo diferente do período
da capitalização, por exemplo, 6% ao ano, capitalizados mensalmente, fazemos a divisão
simples 6/12 = 0,5% a.m. para encontrar a taxa efetiva que é proporcional à taxa dada. A
conversão da taxa nominal em efetiva pode ser feita regra de três simples e direta.

Exemplo 1: Uma aplicação financeira paga juros compostos de 28% a.a.,


capitalizados trimestralmente. Qual é a taxa de juros trimestral efetiva da aplicação?

1 ano = 12 meses ......... 28%


1 trimestre = 3 meses......i

i = 3 . 28/12 = 7% a.t.

Exemplo 2: A caderneta de poupança rende juros de 6% a.a., capitalizados


mensalmente. Qual a taxa efetiva?

Administração Módulo 3
98

6%a.a = 6% /12 = 0,5% a.m. = taxa efetiva mensal


6.3.11 Taxa aparente, taxa real e taxa de inflação (juros compostos)

Denomina-se taxa aparente aquela que vigora nas operações correntes. Quando
não há inflação, esta taxa é igual à taxa real; porém, quando há inflação, a taxa aparente é
formada pela taxa da inflação e pela taxa de juro real, ambas apuradas no mesmo período
da taxa aparente.

Sendo:

PV = capital inicial
ir = a taxa real
iap = a taxa aparente
iin = a taxa de inflação

Podem acontecer os seguintes casos:

 Taxa de inflação igual a zero e uma taxa de juros ir , o capital inicial se


transformará, ao final de um período, em : PV(1 + ir);

 Taxa de inflação igual a iin, o capital inicial se transformará, ao final de um período,


em: PV ( 1+ iin);

 Taxa de juro igual a ir e uma taxa de inflação igual a iin, simultaneamente, o capital
inicial equivalerá: PV(1+ ir ) ( 1 + iin);

 Taxa aparente igual a iap, o capital se transformará, ao final de um período, em:


PV (1+ iap).

Como as duas últimas expressões se equivalem, temos:

PV( 1+ iap) = PV(1+ ir ) ( 1 + iin)

Logo, ( 1+ iap) = (1+ ir ) ( 1 + iin).

Observação: A taxa de juro real é livre dos efeitos inflacionários, enquanto a taxa de
juro aparente leva em consideração os efeitos inflacionários do período.

Exemplo 1: Qual deve ser a taxa aparente correspondente a uma taxa real de 0,8%
a.m. e uma inflação de 20% no período?

(1+ iap) = (1+ ir) (1 + iin)


(1+ iap) = (1 + 0,008) . ( 1 + 0,2)
(1+ iap) = 1,008 . 1,2
(1+ iap) = 1,2096
iap = 1,2096 – 1

Módulo 3 Administração
99

iap = 0,2096
iap = 20,96% a.m.
Exemplo 2: Uma pessoa adquire uma letra de câmbio em uma época A e a resgata
na época B. O juro aparente recebido foi de 25%. Calcule a taxa de juro real, sabendo que a
taxa de inflação, nesse período, foi de 15%.

(1+ iap) = (1+ ir) (1 + iin)


1+ 0,25) = (1+ ir) (1 + 0,15)
1,25 = (1+ ir) . 1,15
1,25
 (1  ir )
1,15
1,087 -1 = ir
ir = 0,087
ir = 8,7%

6.3.11.1 Exercidos relacionados a taxa aparente, taxa real e taxa de inflação (juros
compostos)

1- Um empréstimo foi feito a uma taxa de 32%a.a.. Sabendo que a inflação nesse ano
foi de 21%, calcule a taxa real anual.

Resposta: ir = 9,09% a.a.

2- Uma financeira cobra uma taxa aparente de 22% a.a., com a intenção de ter um
retorno real correspondente a uma taxa de 9%a.a.. Determine a taxa de inflação
do período.

Resposta: iin = 11,93% a.a.

3- Um capital foi aplicado à taxa de juro de 300% a.a. No mesmo período, a taxa de
inflação foi de 250%. Qual a taxa real de juro dessa aplicação?

Resposta: ir = 14,29% a.a.

4- Um capital foi aplicado por um ano à taxa de juros aparente de 21% a.a.. No
mesmo período a inflação foi de 11%. Qual a taxa de juros real desse período?

Resposta: ir = 9,01% a.a.

5- Um banco deseja auferir 24% a.a. de juros reais sobre determinado período de
aplicação. Qual deve ser a taxa aparente de juros para o período de um ano se a
inflação esperada neste período for de 18%?

Resposta: iap = 46,32% a.a.

Administração Módulo 3
100

6.4 Cálculo do Valor Atual

O valor atual (ou presente) de um título é aquele efetivamente pago (recebido) por
este título, na data de seu resgate, ou seja, o valor atual de um título é igual ao valor
nominal menos o desconto. O Valor Atual é obtido pela diferença entre seu valor nominal e
o desconto comercial aplicado.

Vc = N - Dc

Exemplo: Um título de crédito no valor de $ 2000, com vencimento para 65 dias, é


descontado à taxa de 130 % a.a. de desconto simples comercial. Determine o valor de
resgate (valor atual) do título.

N = $ 2000 Dc = N . i . n = $ 2000 . 1.30 . 65/360


n = 65 dias = 65/360 Dc = $ 469,44
i = 130 a.a. = 1.30
Dc = ? Vc = N – Dc = $ 2000 - $ 469,44
Vc = ? Vc = $ 1.530,56

6.5 Capitalização e Amortização Composta

Inicialmente, é válido definir os seguintes conceitos:

 Renda imediata: ocorre quando o vencimento do primeiro termo se dá no fim do


1º período a contar da data zero.
 Renda antecipada: ocorre quando o vencimento do primeiro termo se dá no início
do 1º período, ou seja, na data zero.
 Renda diferida: ocorre quando o vencimento do primeiro termo se dá no fim de
um determinado número de períodos, a contar da data zero.
 Capitalização: tem como objetivo determinar o montante constituído por
depósitos periódicos de quantias constantes sobre os quais incide a mesma taxa.
 Amortização: tem como objetivo determinar o valor atual, o valor de um
empréstimo, constituído por prestações periódicas de quantias constantes sobre
os quais incide a mesma taxa.

6.5.1 Capitalização composta

O fator de capitalização composta é representado as seguinte maneira:

s n / i  
1  i n  1
i (tabelado)

 Renda imediata:

Montante (VF) após n períodos de aplicação de T reais no final de cada período


(renda imediata), a uma taxa de rendimento i é de:
Módulo 3 Administração
101

VF  T  s n / i 

6.5.1.1 Exercícios relacionados a capitalização composta – renda imediata

1- Calcule o valor futuro de uma série de 12 depósitos de R$ 500,00, realizados no


final de cada mês, sendo que a taxa de rendimento é de 1,5% ao mês.

Resposta: R$ 6520,61

2- Qual a importância constante a ser depositada em um banco, ao final de cada ano,


à taxa de 6% ao ano, capitalizado anualmente, de tal modo que, ao fazer o décimo
depósito, forme o capital de R$ 400.000,00?

Resposta: R$ 30.347,19

3- A que taxa uma pessoa realizando depósitos mensais imediatos no valor de R$


8.093,00, forma um capital de R$ 135.000,00 ao fazer o décimo quinto depósito?

Resposta: 1,5% ao mês

4- Quantas prestações mensais imediatas de R$ 500,00 devem ser colocadas, à taxa


de 2% ao mês, a fim de se constituir o montante de R$ 6.706,00?

Resposta: 12 prestações.

5- Uma pessoa deposita R$ 680,00 no final de cada mês. Sabendo que seu ganho é
de 25 ao mês, quanto possuirá em 1 ano e 3 meses.

Resposta: R$ 11.759,52

6- Calcule o depósito anual capaz de, em 6 anos, dar um montante de R$ 200.000,00


à taxa de 25 % ao ano.

Resposta: R$ 17.763,90

7- Desejamos fazer aplicações mensais imediatas de R$ 12.000,00, de modo que na


data do décimo depósito constituamos o montante de R$ 125.547,00. A que taxa
devemos aplicar aquelas importâncias?

Resposta: 1% ao mês

8- Quantas mensalidades de R$ 2.000,00 serão necessárias para, a 0,5% ao mês,


constituirmos um capital de R$ 16.283,00?

Resposta: 8 mensalidades

Administração Módulo 3
102

 Renda antecipada:

Montante (VF) após n períodos de aplicação de T reais, no início de cada período


(renda antecipada), a uma taxa de rendimento i é de:

VF  T  s n 1 / i   1

6.5.1.2 Exercícios relacionados a capitalização composta – renda antecipada

1- Calcule o valor futuro de uma série de 12 depósitos de R$ 500,00, realizados no


início de cada mês, sendo que a taxa de rendimento é de 1,5% ao mês.

Resposta: R$ 6.618,41

2- Quanto se deve depositar no início de cada mês, numa instituição financeira que
paga 1,5% ao mês, para constituir o montante de R$ 50.000,00 no fim de 3 anos?

Resposta: R$ 1.041,99

6.5.2 Amortização composta

O fator de amortização composta é representado as seguinte maneira:

a n / i  
1  i  1
n

(tabelado)
i  1  i 
n

 Renda Imediata:

O valor do empréstimo (VP) a ser pago em n parcelas de T reais, no final de cada


período (renda imediata), a uma taxa de juros i é de:

VP  T  a n / i 
6.5.2.1 Exercícios relacionados a amortização composta – renda imediata

1- Calcule o valor das 12 parcelas iguais de um empréstimo de R$ 5.000,00, pagas ao


final de cada mês, sendo que a taxa de juros é de 3% ao mês.

Resposta: R$ 502,31

2- Calcule o valor atual de uma motocicleta comprada a prazo, com uma entrada de
R$ 1.200,00 e o restante à taxa de 4% ao mês. O prazo do financiamento é de 12
meses e o valor da prestação é de R$ 192,00.

Módulo 3 Administração
103

Resposta: R$ 3001,93

3- O preço de um carro é de R$ 37.700,00. Um comprador dá 40% de entrada e o


restante é financiado à taxa de 2,5% ao mês em 12 meses. Calcule o valor da
prestação mensal.

Resposta: R$ 2.205,16

 Renda antecipada:

O valor do empréstimo (VP) a ser pago em n parcelas de T reais, no início de cada


período (renda imediata), a uma taxa de juros i é de:

VP  T  a n 1/ i   1

6.5.2.2 Exercícios relacionados a amortização composta – renda antecipada

1- Calcule o valor das 12 parcelas iguais de um empréstimo de R$ 5.000,00, pagas no


início de cada mês, sendo que a taxa de juros é de 3% ao mês.

Resposta: R$ 487,68

2- Que dívida pode ser amortizada por 12 prestações bimestrais antecipadas de R$


1.000,00 cada uma, sendo de 5% ao bimestre a taxa de juro?

Resposta: R$ 9306,41

3- Determine o valor da prestação mensal para amortizar, com 6 prestações


antecipadas, um empréstimo de R$ 8.000,00 a juros de 3% ao mês.

Resposta: R$ 1.433,77

 Renda diferida (carência)

O valor do empréstimo (VP) a ser pago em n parcelas de T reais, após um


diferimento (carência de m períodos), no final de cada período (renda imediata), a uma taxa
de juros i é de:

VP  T  a mn / i   a m / i  

Lembrando que m é período que antecede a renda imediata.

6.5.2.3 Exercícios relacionados a amortização composta – renda diferida

1- Calcule o valor das 12 parcelas iguais de um empréstimo de R$ 5.000,00, pagas ao


final de cada mês, sendo que a taxa de juros é de 3% ao mês e a primeira parcela

Administração Módulo 3
104

deverá ser efetuada 3 meses após a realização do empréstimo.

Resposta: R$ 532,90

2- Uma dívida de R$ 20.000,00 foi amortizada com 6 prestações mensais. Qual o


valor dessas prestações, sendo a taxa de juro igual a 1,5% ao mês e tendo havido
uma carência de 2 meses?

Resposta: R$ 3.616,60

6.6 Sistemas de Amortização e Carência

Amortização é o ato de pagar as prestações que foram geradas mediante tomada


de empréstimo. O período de amortização é o intervalo de tempo existente entre duas
amortizações sucessivas. Já o seu prazo é o intervalo de tempo, durante o qual são pagas as
amortizações. As parcelas de amortização correspondem às parcelas de devolução do
principal, ou seja, do capital emprestado.

Nos sistemas de amortização os juros serão sempre cobrados sobre o saldo


devedor, considerando a taxa de juros compostos, sendo que, se não houver pagamento de
uma parcela, levará a um saldo devedor maior, calculando juro sobre juro. Saldo Devedor é o
estado da dívida, ou seja, o débito, em um determinado instante de tempo.

6.6.1 Sistemas de Amortização

São os meios pelos quais vai se pagando uma dívida contraída, de forma que seja
escolhida pelo devedor a maneira mais conveniente para ele.

Qualquer um dos sistemas de amortização pode ter, ou não, prazo de carência,


sendo ele o período compreendido entre o prazo de utilização e o pagamento da primeira
amortização. Durante esse prazo o devedor só paga os juros.

 Sistema Americano:

Após um certo prazo o devedor paga, em uma única parcela, o capital emprestado,
ou pode querer pagá-lo durante a carência. O mais comum é que o devedor pague juros
durante a carência, como pode ser observado na figura 1 (6) a seguir.

Módulo 3 Administração
105

Figura 1 (6): Prestação x períodos

Fonte: Catálogo Milton Borba. Disponível em:


http://miltonborba.org/MAT/Amort.htm Acesso em 2016.

Caso o devedor queira aplicar recursos disponíveis e gerar um fundo que iguale o
desembolso a ser efetuado para amortizar o principal. Tal fundo é conhecido por “sinking
fund” na literatura americana e, na brasileira, por “fundo de amortização”.

C = 50.000
I = 1,5% a.m.
Amortização no 5º mês

Os juros são calculados sobre o saldo devedor, pagos no final, como se observa na
tabela 1 (6) abaixo.

Tabela 1 (6): Juros x amortização


Mês Saque Saldo devedor Amortização Juros Prestação

0 50.000,00 50.000,00 - - -
1 - 50.000,00 - 750,00 750,00
2 - 50.000,00 - 750,00 750,00
3 - 50.000,00 - 750,00 750,00
4 - 50.000,00 - 750,00 750,00
5 - 50.000,00 750,00 50.750,00

Total - 50.000,00 3.750,00 53.750,00


Fonte: Catálogo Milton Borba. Disponível em: http://miltonborba.org/MAT/Amort.htm Acesso em
2016.

Há capitalização dos juros durante a carência, conforme tabela 2 (6) a seguir.

Administração Módulo 3
106

Tabela 2 (6): Juros x carência


Mês Saque Saldo devedor Amortização Juros Prestação

0 50.000,00 50.000,00 - - -
1 - 50.750,00 - 750,00
2 - 51.511,25 - 761,25
3 - 52.283,92 - 772,67
4 - 53.068,18 - 784,26
5 - 50.000,00 796,02 53.864,20

Total - 50.000,00 3864,20 53.864,20


Fonte: Catálogo Milton Borba
Disponível em: http://miltonborba.org/MAT/Amort.htm Acesso em 2016

 Sistema de amortizações variáveis:

As parcelas de amortização são contratadas pelas partes e os juros são calculados


sobre o saldo devedor. Sendo assim, a devolução do principal (amortizações) é feita em
parcelas desiguais. Isto pode ocorrer na prática quando as partes fixam, antecipadamente,
as parcelas de amortizações (sem nenhum critério particular) e a taxa de juros cobrada –
figura 2 (6).

Figura 2 (6): Prestação x períodos

Fonte: Catálogo Milton Borba


Disponível em: http://miltonborba.org/MAT/Amort.htm Acesso em 2016

Nestas condições a taxa de juros também será sobre o saldo devedor. O


empréstimo é amortizado mensalmente da seguinte forma:

 1º mês – 10.000
 2º mês – 15.000
 3º mês – 10.000
 4º mês – 15.000

Módulo 3 Administração
107

Onde:

C = 50.000
I = 1,5% a.m.
Amortização: 4 meses

Coloca-se inicialmente as amortizações, na tabela 3 (6) a seguir são calculados os


juros sobre o saldo devedor do período anterior e calculada a prestação.

Tabela 3 (6): Juros x carência


Saldo
Mês Saque Amortização Juros Prestação
devedor
0 50.000,00 50.000,00 - - -
1 - 40.000,00 10.000,00 750,00 10.750,00
2 - 25.000,00 15.000,00 600,00 15.600,00
3 - 15.000,00 10.000,00 375,00 10.375,00
4 - 0,00 15.000,00 225,00 15.225,00
5 -

Total - 50.000,00 1.950,00 51.950,00


Fonte: Catálogo Milton Borba
Disponível em: http://miltonborba.org/MAT/Amort.htm Acesso em 2016

 Sistema de amortização constante (S.A.C)

É a amortização constante do principal durante todo o prazo de financiamento. A


prestação a ser paga será decrescente, na medida em que os juros incidirão sobre um saldo
devedor cada vez menor. O valor da amortização é calculado através da divisão entre o
capital inicial e o número de prestações a serem pagas.

Exemplo: Faça um quadro demonstrativo para um empréstimo no valor de $10.000,


o qual será amortizado em cinco prestações trimestrais à razão de 7% ao trimestre através
do S.A.C.

Para montagem da planilha, deve-se inicialmente calcular o valor da amortização


através da fórmula a seguir.

P
A
n

Onde:

A = Amortização
P = Principal
n = números de prestações

Administração Módulo 3
108

Resolução:

P 10000
A  A  A = $2.000,00
n 5

Vale observar que:

 Os juros são obtidos sobre o saldo devedor anterior ao período de apuração do


resultado;
 A prestação é a soma da amortização aos juros calculados no período;
 O saldo devedor é a soma dos juros ao saldo anterior;
 O saldo atual é a diferença entre o saldo devedor e a prestação.

 Sistema de amortização francês (PRICE) – (S.A.F)

Por este sistema o mutuário obriga-se a devolver o principal mais os juros em


prestações iguais entre si. A dívida fica completamente saldada na última prestação,
conforme figura 3 (6) a seguir.

Figura 3 (6): Prestação x períodos

Fonte: Catálogo Milton Borba


Disponível em: http://miltonborba.org/MAT/Amort.htm Acesso em 2016

Precisa-se calcular a prestação e separar a amortização dos juros.

C: 50.000
I = 1,5% a.m.
Amortizações mensais = 5

Calcula-se a prestação:

A = 50.000 = 50.000 ≈ 10.454,47


[P/A;1,5;5] 4,782645

Então, observa-se 5 prestações iguais de R$ 10.454,47. Os juros serão aplicados


sobre o saldo devedor do período anterior, como no sistema de amortização constante.

Módulo 3 Administração
109

A amortização será calculada pela diferença entre a prestação e o juro, e o saldo


devedor será calculado como sendo a diferença entre o saldo devedor do período anterior e
a amortização do período, como se observa na tabela 4 (6) abaixo.

Tabela 4 (6): Saldo devedor x período


Mês Saque Saldo devedor Amortização Juros Prestação

0 50.000,00 50000,00 - - -
1 - 40295,53 9704,47 750,00 10454,47
2 - 30445,50 9850,03 604,43 10454,47
3 - 20447,72 9997,78 456,68 10454,47
4 - 10299,97 10147,75 306,72 10454,47
5 - 0,00 10299,97 154,50 10454,47

Total - 50.000,00 2272,33 52272,33


Fonte: Catálogo Milton Borba
Disponível em: http://miltonborba.org/MAT/Amort.htm Acesso em 2016

Administração Módulo 3
110

REFERÊNCIAS

CHERRUZ, Richard T. Introdução à administração financeira. São Paulo, Atlas, 1995.

MARTINS, Eliseu & ASSAF NETO, Alexandre. Administração financeira. São Paulo, Atlas,
1995.

PUCCIN, Abelardo de Lima, OUCCINI, Adriana. Matemática Financeira, Editora Saraiva, 2008.

PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática financeira. 6ª edição, São Paulo, Saraiva, 1999.

ROOS, Johan. Princípios da administração financeira. São Paulo, Atlas, 1998.

SILVA, André Luiz Carvalhal da. Matemática Financeira Aplicada, Editora Atlas, 2006.

SOBRINHO, José Dutra Vieira. Matemática Financeira, Editora Atlas, 2008.

Módulo 3 Administração
111

ANOTAÇÕES:
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CONTABILIDADE BÁSICA E
GERENCIAL
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7 CONTABILIDADE BÁSICA E GERENCIAL

A Contabilidade é uma das ciências mais antigas e não surgiu por causa de algum
tipo de legislação fiscal ou societária, nem embasada em princípios filosóficos, ou em regras
estipuladas por terceiros, mas pela necessidade prática do próprio gestor do patrimônio,
normalmente seu proprietário, engajado em elaborar um instrumento que lhe permitisse,
entre outros benefícios, conhecer, controlar, medir resultados, obter informações sobre
produtos mais rentáveis, fixar preços e analisar a evolução de seu patrimônio. Esse gestor
passou a criar rudimentos de escrituração que atendessem a tais necessidades.

Após várias tentativas, chegou-se ao método das partidas dobradas (que consiste
no princípio de que para todo débito em uma conta, existe simultaneamente um crédito, da
mesma maneira que a soma do débito será igual a soma do crédito, assim como a soma dos
saldos devedores será igual à soma dos saldos credores) sendo este, o mais adequado,
produzindo informações úteis e capazes de atender a todas as necessidades dos usuários
para gerir o patrimônio. Assim, com o tempo a Contabilidade passou a interessar acionistas,
financiadores, banqueiros, fornecedores, órgãos públicos, empregados, além da sociedade
como um todo.

Os sistemas e métodos contábeis diferem muito em cada país devido,


principalmente, sua cultura e ao seu desenvolvimento econômico. Dentre os vários modelos
existentes, cada um com suas particularidades, atendendo a interesses específicos, percebe-
se que a Contabilidade tem uma dinâmica e uma maleabilidade muito grande e se adapta
perfeitamente em qualquer contexto em que esteja inserida.

7.1 Evolução

 Pré-história: 8.000 a.C. até 1.202 d.C. (empirismo, conhecimento superficial):


experiências e práticas vividas pelas civilizações do mundo antigo, destacando-se
os estudos sumérios, babilônios, egípcios, chineses e romanos.

 Idade Média: 1.202 d.C., com a obra “Leibe Abaci”, de Leonardo Fibonacci:
período de sistematização dos registros.

 Idade Moderna: 1494, com a publicação da obra “Tratatus Particularis de


Computis et Scripturis” (Tratado Particular de Conta e Escrituração), do frei e
matemático Luca Paccioli, em Veneza, onde este fez o estudo sobre o método das
“Partidas Dobradas”, tornando-se um marco na evolução contábil.

 Idade Contemporânea: do século XVIII, é o período científico da Contabilidade,


quando esta deixa de ser mera “arte” para tornar-se “ciência”. A partir daí
surgiram várias doutrinas contábeis, como: Contista, Controlista, Personalista,
Aziendalista e Patrimonialista.

Administração Módulo 3
116

7.2 Características do Progresso da Contabilidade no Brasil

 Até 1940:

 Mercado incipiente com economia agrária;


 Profissão ainda muito desorganizada com o predomínio do “guarda-livros”.

 Decreto Lei nº 2.627 de 1940:

 Influência da escola italiana;


 Em 1494, em Veneza (Itália), foi estabelecido o “Tratado particular de conta e
escrituração”, pelo frei e matemático Luca Paccioli;
 Sociedades formadas por familiares;
 Visão escritural: registro, controle e atendimento ao fisco.

 Necessidades de transformação:

 Evolução da economia: abertura do capital das empresas e influências de firmas


de auditoria;
 Ampliação da quantidade e maior confiabilidade nas informações.

 Importantes mudanças:

 Contabilidade vista como sistema de informações;


 Aprimoramento das demonstrações;
 Introdução da demonstração de lucros e prejuízos acumulados, mostrando de
forma clara o lucro ou prejuízo do exercício;
 Introdução da demonstração de origens e aplicações de recursos, mostrando a
eficiência da administração;
 Obrigatoriedade das notas explicativas para fornecer informações
complementares;
 Escrituração e registros desvinculados da legislação fiscal (mais importante);
 Contabilidade elaborada para a entidade;
 Valorização do profissional;
 Novas funções e áreas de atuação: gerencial, custos, auditoria, analista financeiro,
perito contábil, consultoria, tributarista, controller;
 Classificação das contas no balanço;
 Horizonte temporal: distinção do curto e longo prazo;
 Definição do exercício social.

7.3 Doutrinas Contábeis

 Contista: define a contabilidade como a ciência das contas;


 Controlista: limita a contabilidade em função do controle das entidades;
 Personalista: enfatiza a relação jurídica entre as pessoas como objetivo da
Contabilidade;
 Aziendalista: define a contabilidade como a ciência da administração da entidade;

Módulo 3 Administração
117

 Patrimonialista: define a contabilidade como a ciência que estuda o patrimônio;


 Neopatrimonialista: consiste em uma nova corrente científica que aplicou-se na
direção de classificar e reconhecer especialmente as relações lógicas que
determinam a essência do fenômeno patrimonial, as das dimensões ocorridas e,
com ênfase “no porque ocorrem os fatos”, ou seja, qual a verdadeira influência
dos fatores que produzem a transformação da riqueza (e que são os dos
ambientes interno e externo que envolvem os meios patrimoniais).

7.4 Conceitos

Segundo Hilário Franco, contabilidade é a ciência que estuda e pratica, controla e


interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a
demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer informações
sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da
gestão da riqueza econômica.

7.5 Funções e Finalidades

Segue abaixo as principais funções da contabilidade.

 Registrar todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em valor


monetário;
 Organizar um sistema de controle adequado à empresa;
 Demonstrar com base nos registros realizados e expor periodicamente por meio
de demonstrativos, a situação econômica, patrimonial e financeira da empresa;
 Analisar os demonstrativos podem ser analisados com a finalidade de apuração
dos resultados obtidos pela empresa;
 Acompanhar a execução dos planos econômicos da empresa, prevendo os
pagamentos a serem realizados, as quantias a serem recebidas de terceiros, e
alertando para eventuais problemas.

A finalidade da contabilidade é o acompanhamento das atividades realizadas pelas


pessoas, controlando o comportamento de seus patrimônios, na função substancial de
produção e comparação dos resultados obtidos entre períodos estabelecidos.

Ela faz o registro metódico e ordenado dos negócios realizados e a verificação


sistemática dos resultados obtidos, devendo identificar, classificar e anotar as operações da
entidade e de todos os fatos que de alguma forma afetam sua situação econômica,
financeira e patrimonial. Desta forma, busca apresentar de forma ordenada, o histórico das
atividades da empresa, a interpretação dos resultados, e através de relatórios produzir as
informações que se fizerem precisas para o atendimento das diferentes necessidades.

Logo, a contabilidade é o controle e o planejamento de toda e qualquer entidade


sócio econômica, sendo eles:

 Controle: a administração através das informações contábeis, via relatórios pode


certificar-se na medida do possível, de que a organização está agindo em

Administração Módulo 3
118

conformidade com os planos e políticas determinados.

 Planejamento: a informação contábil, principalmente no que se refere ao


estabelecimento de padrões e ao inter-relacionamento da contabilidade e os
planos orçamentários, é de grande utilidade no planejamento empresarial, ou
seja, no processo de decisão sobre que curso de ação deverá ser tomado para o
futuro.

7.6 Usuários da Contabilidade

São os indivíduos que se utilizam da contabilidade, que se interessam pela situação


da empresa e buscam nos instrumentos contábeis as suas respostas. Podem ser divididos
em: usuários internos e usuários externos.

 Usuários Internos:

Envolve todas as pessoas relacionadas com a empresa e que têm facilidade de


acesso às informações contábeis, tais como:

 Gerentes: para a tomada de decisões;


 Funcionários: com interesse em pleitear melhorias;
 Diretoria: para a execução de planejamentos organizacionais.

O usuário interno principal da informação contábil na entidade moderna é a alta-


administração que pela proximidade à contabilidade, pode solicitar a elaboração de
relatórios específicos para lhe auxiliar na gestão do negócio. Os relatórios específicos
podem, além de abranger quaisquer áreas de informação (fluxo financeiro, disponibilidades,
contas a pagar, contas a receber, aplicações financeiras, compra e vendas no dia ou no
período e os gastos gerais de funcionamento), ser elaborados diariamente ou em curtos
períodos de tempo (semana, quinzena, mês, etc.), de acordo com as necessidades
administrativas.

 Usuários Externos:

São as pessoas ou as entidades sem facilidade de acesso direto às informações, mas


que as recebem de publicações das demonstrações pela entidade, tais como:

 Bancos: interessados nas demonstrações financeiras a fim de analisar a concessão


de financiamentos e medir a capacidade de retorno do capital emprestado;
 Concorrentes: interessados em conhecer a situação da empresa para poder atuar
no mercado;
 Governo: que necessita obter informações sobre as receitas e as despesas para
poder atuar sobre o resultado operacional no que concerne à sua parcela de
tributação;
 Fornecedores: interessados em conhecer a situação da entidade para poder
continuar ou não as transações comerciais com a entidade, além de medir a
garantia de recebimento futuro;

Módulo 3 Administração
119

 Clientes: interessados em medir a integridade da entidade e a garantia de que seu


pedido será atendido nas suas especificações e no tempo acordado.

7.7 Atos e Fatos Contábeis e Administrativos

Atos e fatos administrativos são oriundos do conjunto de acontecimentos que


formam a dinâmica patrimonial.

 Atos Administrativos:

São as situações que não alteram diretamente o patrimônio. Pode-se cita como
exemplo, a admissão e demissão de funcionários e solicitação de mercadoria.

 Fatos Administrativos:

Abrange os acontecimentos que modificam o patrimônio, alterando os seus valores


ou modificando o patrimônio líquido. A contabilidade tem como conteúdo o estudo e o
registro contábil dos fatos administrativos e através dos demonstrativos contábeis pode
conhecer seus efeitos sobre o patrimônio.

Os fatos administrativos podem ser classificados como:

 Permutativos: são os fatos que provocam variações específicas, permutando os


elementos do ativo e do passivo, sem alterar a situação líquida. Este fato altera a
qualidade do patrimônio. Exemplo: compra de um veículo a vista (+A -A),
pagamento de uma dívida (-A –P).

 Modificativos: são os fatos que produzem alteração na situação líquida do


patrimônio, ora diminuindo-o, ora aumentando-o. Assim, os fatos modificativos
podem ser aumentativos e diminutivos. Exemplo: despesa a vista (-A -PL)
diminutivo receitas em geral (+A + PL) aumentativo.

7.8 Elementos Compositores da Contabilidade

Integra o patrimônio uma parte com valores positivos, denominada ativo, e de uma
parte com valores negativos denominada passivo. O ativo é formado pelos bens e direitos e
o passivo pelas obrigações.

O excesso do ativo sobre o passivo é o capital, conhecido como patrimônio líquido


que aparece no passivo, para completar a igualdade entre o total do ativo e o do passivo,
resultando na equação patrimonial.

7.8.1 Ativo

É a porção dos valores positivos do patrimônio, ou seja, tudo aquilo que a entidade
possui ou que ela tem a receber de terceiros, sendo portanto, o conjunto de bens e direitos
da entidade.

Administração Módulo 3
120

Os elementos que compõe o ativo são revestidos de algumas características


especiais, tais como: devem apresentar a potencialidade de gerar benefícios econômicos
para a entidade, devem ser um recurso econômico, devem ser de propriedade ou estar na
posse de alguma entidade contábil e devem ser mensuráveis monetariamente.

Assim, todo o elemento ativo que não seja mais útil à entidade e, portanto tenha
perdido sua capacidade de gerar fluxo de caixa, não deve ser classificado como um elemento
ativo. Existem entidades que apresentam de 10 a 15% do seu ativo totalmente obsoleto, não
tendo nenhuma utilidade, devendo ser excluído do patrimônio.

 Bem:

Compreende qualquer coisa que satisfaz a necessidade humana e que pode ser
avaliado economicamente, sendo divididos em tangíveis que representam os bens materiais
(têm forma física e são palpáveis) e intangíveis que têm como principal característica a
inexistência como coisa e seu valor vinculado a um bem tangível ou a uma determinada
situação da empresa (são incorpóreos e não palpáveis).

 Exemplos de bens tangíveis: destinados à instalação (prédios, terrenos, móveis e


utensílios), destinados a produção (máquinas, equipamentos, instrumentos e
acessórios), destinados a transformação (matéria-prima, material secundário e
material para embalagem), destinados ao consumo (material de escritório,
material de limpeza e selos postais), destinados à circulação (dinheiro, dinheiro
em bancos e aplicações financeiras) e destinados à venda (mercadorias e produtos
comprados para revenda).

 Exemplos de bens intangíveis: marcas de comércio e patentes de invenção.

O Código Civil Brasileiro distingue ainda os bens em:

 Móveis: são os que podem ser movidos por si próprios ou por outras pessoas, tais
como: animais, máquinas, equipamentos, estoques de mercadoria, entre outros;
 Imóveis: são os vinculados ao solo e que não podem ser retirados sem destruição
ou danos, tais como: edifícios, árvores, entre outros.

 Direito:

Procedimento em que a pessoa ou empresa ceder algum bem ou serviço em troca


do pagamento não imediato, originando um direito correspondente. Representa então, os
bens da empresa que estão em mãos de terceiros, como os créditos a receber de terceiros.

7.8.2 Passivo

Abrange todas as obrigações financeiras que uma empresa tem para com terceiros,
resultantes de transações passadas, realizadas a prazo, com data de vencimento e
beneficiário certo e conhecido. Todas as contas do passivo representam os valores negativos

Módulo 3 Administração
121

do patrimônio.

Neste grupo está incluído por força de lei o capital próprio, apesar de não ser uma
obrigação do patrimônio. A classificação do capital próprio no grupo do passivo é uma mera
questão para atender à necessidade da contabilidade para garantir a igualdade entre os dois
grupos (ativo e passivo). O passivo contempla então o capital de terceiros (obrigações) e o
capital próprio e suas variações.

 Obrigações:

É o ato da pessoa ou empresa de dispor de algum bem ou serviço e que em troca


destes originam um compromisso futuro de pagamento, representado por um documento,
como as duplicatas a pagar.

7.8.3 Patrimônio Líquido

É a diferença entre os valores positivos do ativo (bens e direitos) e os valores


negativos do passivo (obrigações) de uma entidade em um determinado momento. É a
porção do balanço que representa o capital investido pelos sócios.

Observação: Sendo o patrimônio líquido a diferença algébrica entre o ativo e o


passivo, não deve-se falar em ativos ou passivos negativos. Assim conclui-se que a entidade
terá sempre A > ou = zero, P > ou = zero e PL > = ou < zero. Se a entidade possuir ativos e/ou
passivos, ela os terá positivamente, ou não os terá.

A representação gráfica do patrimônio é representada pelo balanço patrimonial, no


qual do lado esquerdo encontram-se os valores ativos e do lado direito os valores passivos.
Sendo o patrimônio o conjunto de bens, direitos e obrigações com terceiros e capital
próprio, a equação fundamental do patrimônio é assim definida:

CAPITAL PRÓPRIO = BENS + DIREITOS – OBRIGAÇÕES COM TERCEIROS

Substituindo os termos bens e direitos por ativo, obrigações com terceiros por
passivo, e capital próprio por patrimônio líquido, pode-se afirmar que:

P.L. = A - P.

Assim, supondo que a entidade venda todos os seus bens, receba todos os seus
direitos e pague todas as suas obrigações com terceiros, a sobra ou situação líquida é o
capital próprio, que é denominado pela contabilidade de patrimônio líquido.

 Variações do Patrimônio Líquido:

A partir da equação fundamental do patrimônio, pode-se deduzir que em dado


momento, o patrimônio assume, invariavelmente, um dos cinco estados a saber:

 Quando o ativo é maior que o passivo, tem-se o patrimônio líquido maior que

Administração Módulo 3
122

zero, o que revela a existência de riqueza patrimonial.

A = P + PL
 Quando o ativo é maior que o passivo e o passivo é igual a zero, tem-se o
patrimônio líquido maior que zero, revelando inexistência de dívidas.

A = PL

 Quando o ativo é igual ao passivo, tem-se o patrimônio líquido igual a zero,


revelando inexistência de riqueza própria.

A=P

 Quando o passivo é maior do que o ativo, tem-se o patrimônio líquido menor que
zero, revelando má situação financeira e existência de passivo a descoberto.

A + PL = P

 Quando o passivo é maior do que o ativo, e o ativo é igual a zero, tem-se o


patrimônio líquido menor que zero, revelando péssima situação financeira,
inexistência de bens e direitos e somente obrigações.

PL = P

 Estruturação e classificação de grupos do ativo:

De acordo com a Lei nº 6.404/76 que regulamenta as sociedades por ações (S.A.), as
contas do ativo devem ser alocadas em ordem decrescente do grau de liquidez (capacidade
de pagamento), enquanto as contas do passivo devem ser alocadas de acordo com o prazo
das exigibilidades.

Pode-se visualizar esta obrigação no balanço patrimonial que é um instrumento


contábil que indica em um determinado momento a situação financeira, econômica e
patrimonial de uma entidade e no qual as contas são classificadas nos seguintes grupos:

 Ativo Circulante: Composto pelos bens e direitos que irão ser convertidos em
dinheiro, no prazo de até 12 (doze) meses. Divide-se nos subgrupos conceituados
a seguir.

1- Disponível: São as exigibilidades imediatas, representadas pelas contas de caixa,


bancos conta movimento, cheques para cobrança e aplicações no mercado aberto.

Exemplo: Caixa, bancos e fundo de aplicação financeira.

2- Realizável a Curto Prazo: São os direitos a receber no prazo de até 12 (doze)


meses.

Módulo 3 Administração
123

Exemplo: Impostos a recuperar, duplicatas a receber ou clientes, (-) duplicatas


descontadas, (-) provisão para devedores duvidosos. Estas duas últimas contas representam
contas retificadoras da conta duplicatas a receber ou clientes e são classificadas no ativo,
tendo saldos credores, por isso são demonstradas com o sinal (-).

3- Estoques: Representam os bens destinados à venda e que variam de acordo com a


atividade da entidade.

Exemplo: Produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas e


mercadorias.

4- Despesas Antecipadas: Compreende as despesas pagas antecipadamente que


serão consideradas como custos ou despesas no decorrer do exercício seguinte.

Exemplo: Seguros a vencer, alugueis a vencer e encargos a apropriar.

 Ativo Realizável a Longo Prazo: Composto pelos direitos que serão recebidos após
o término do exercício seguinte, isto é, após 12 (doze) meses.

Exemplo: Duplicatas a receber (+12 meses), aluguéis a receber e contas a receber.

 Ativo Permanente: Compreende os bens fixos necessários para que a entidade


alcance seus objetivos. Divide-se nos subgrupos elencados a seguir.

1- Investimentos: São todas as aplicações de recursos que não tem por finalidade o
objetivo principal da entidade.

Exemplo: Imóveis para aluguel, terrenos para expansão, ações em outras empresas,
participação em empresas coligadas, participação em empresas controladas e obras de arte.

2- Imobilizado: São as aplicações de recursos em bens instrumentais que servem de


meios para que a entidade alcance seus objetivos. Os bens materiais sofrem
depreciação, os bens imateriais sofrem amortização e os terrenos sofrem
exaustão.

Exemplo: Veículos, máquinas e equipamentos, imóveis, embarcações, marcas e


patentes e direitos autorais.

3- Diferido: São as aplicações de recursos em despesas que irão influenciar o


resultado de mais de um exercício.

Exemplo: Gastos de implantação, gastos pré-operacionais, gastos com


modernização e reorganização.

 Estruturação e classificação de grupos do passivo

 Passivo Circulante: Todas as obrigações com prazo de vencimento em até 12

Administração Módulo 3
124

(doze) meses.

Exemplo: Fornecedores, duplicatas a pagar, salários a pagar, provisão para férias,


provisão para imposto de renda e empréstimos bancários.

 Passivo Exigível a Longo Prazo: Representa as obrigações com prazo de


vencimento após 12 (doze) meses.

Exemplo: Empréstimos bancários e financiamentos. Bem como os adiantamentos


de sócios, adiantamentos de acionistas, empréstimos de coligadas e empréstimos de
controladas.

 Resultado de Exercício Futuro: compreende as receitas recebidas


antecipadamente que de acordo com o regime de competência pertence a
exercício futuro.

Exemplo: Receita antecipada e custos atribuídos à receita antecipada

 Estruturação e classificação de grupos do patrimônio líquido:

O patrimônio líquido representa o capital que pertence aos proprietários. Sendo


exemplos, o capital social, as reservas de capital, as reservas de reavaliação, as reservas de
lucros (legal, estatutária, contingência, investimentos e lucros a realizar), e os lucros
acumulados ou prejuízos acumulados, os quais serão conceituados a seguir.

 Capital Social: Discrimina o valor subscrito e o valor que ainda será realizado pelos
sócios ou acionistas.

 Reservas de Capital: São as contas que registram doações recebidas,


eventualmente, pela entidade. No caso de sociedades anônimas, o ágio na
emissão de ações, o produto da alienação de partes beneficiárias, entre outras.

 Reservas de Reavaliação: Registram os aumentos de valor atribuídos a elementos


do ativo em virtude de novas avaliações feitas pela entidade com base em laudo.

 Reservas de Lucros: São as contas formadas pela apropriação de lucro da


empresa.

 Lucros ou Prejuízos Acumulados: Registra os resultados acumulados pela


entidade, quando ainda não distribuídos aos sócios, ao titular ou ao acionista.

7.9 Contas

Conta é um recurso contábil para reunir sob um único item todos os eventos e
valores patrimoniais de mesma natureza, ou seja, é o registro de débitos e créditos da
mesma natureza, identificados por um título que qualifica um componente do patrimônio ou
uma variação patrimonial.

Módulo 3 Administração
125

Exemplo: a conta do Banco Ultramarino reúne todos os movimentos, depósitos e


retiradas de dinheiro realizadas no Banco Ultramarino; a conta Veículos informa os
movimentos, compras e vendas, de veículos.

Elas podem ser divididas em:

 As contas devedoras são as representativas dos bens, direitos, despesas e custos.


Possuem permanentemente saldo devedor, devendo ser primeiro debitadas e
depois creditadas.

Exemplo: Caixa, bancos, mercadorias, salários e custos dos produtos vendidos.

 As contas credoras são as representativas das obrigações, do patrimônio líquido,


das receitas e dos ganhos. Possuem permanentemente saldo credor, devendo ser
primeiro creditadas e depois debitadas.

Exemplo: Salários a pagar, imposto a pagar, fornecedores e juros recebidos.

A diferença entre o débito e o crédito é denominada de saldo. Se o valor dos


débitos for superior ao valor dos créditos, a conta terá um saldo devedor. Se ocorrer o
contrário, a conta terá um saldo credor.

 Representação gráfica das contas:

A conta é a representação gráfica da relação débito e crédito de um determinado


fato administrativo. Graficamente ela pode ser representada na forma da letra T, a qual
chamamos de Conta em T ou Razonete.

 Lançamentos a débito e a crédito das contas:

As operações registradas (de acordo com a natureza de cada conta) através de


lançamentos ocasionam aumentos e diminuições do ativo, do passivo e do patrimônio
líquido. As contas do ativo são debitadas quando bens ou direitos entram no patrimônio e
creditadas quando saem. Já as contas passivas são creditadas quando o patrimônio assume
obrigações e debitada quando as liquida.

O patrimônio líquido, como complemento do passivo para igualar ao ativo, obedece


ao mesmo mecanismo das demais contas passivas, ou seja, suas contas são creditadas
quando há aumento de patrimônio, e debitadas quando há redução.

As contas de despesas são debitadas, pois representam redução do patrimônio


líquido, enquanto as contas de receitas são creditadas, pois representam aumento do
patrimônio líquido.

 Classificação das contas:

As contas são classificadas em dois grupos:

Administração Módulo 3
126

 Patrimoniais: Representam os elementos ativos e passivos (bens, direitos,


obrigações e situação líquida).

Exemplo: Caixa, Duplicatas a Receber, Fornecedores, Empréstimos, Capital Social.

 Resultado: Registram as variações patrimoniais e demonstram o resultado do


exercício (receitas e despesas).

Exemplo: Salários, Juros Passivos, Receitas Financeiras.

 Plano de contas:

São todas as contas previstas como necessárias aos registros (uma vez que é o
instrumento que o profissional consulta quando vai fazer um lançamento contábil, pois
indica qual conta deve ser debitada e qual conta deve ser creditada) contábeis de uma
entidade, oferecendo a vantagem de uniformização das contas utilizadas em cada registro,
além de servir de parâmetro para a elaboração das demonstrações contábeis.

O objetivo principal do plano é estabelecer normas de conduta para o registro das


operações da organização, e na sua elaboração devem ser considerados três finalidades
fundamentais:

1- Atender às necessidades de informações da administração da entidade;

2- Observar formato compatível com os princípios contábeis e com a norma legal que
regula a elaboração do balanço patrimonial e das demais demonstrações
contábeis, ou seja, a Lei nº 6.404/76;

3- Adaptar-se tanto quanto possível às exigências dos agentes externos à entidade


(fornecedores, bancos, órgãos fiscais, auditoria externa) e, particularmente, às
regras da legislação do imposto de renda.

O plano completo deve apresentar o título das contas, a classificação, a função,


explicar o funcionamento, apontar a relação entre os grupos ou mesmo entre as contas,
regular o registro das contas, estabelecer a análise e os códigos das contas e prever as
derivações das contas.

7.10 Escrituração

É a forma usada pela ciência contábil para registrar, em ordem cronológica, todos
os fatos administrativos que ocorrem no patrimônio das entidades, para fornecer
informações sobre a composição do patrimônio e as variações nele ocorridas em
determinado período.

Sendo, portanto, segundo Hilário Franco, o registro dos fatos contábeis, segundo os
princípios e normas técnico-contábeis, tendo em vista demonstrar a situação econômico-
patrimonial da entidade e os resultados econômicos por ela obtidos em um exercício.

Módulo 3 Administração
127

 Método de escrituração:

O método de escrituração constitui-se em um conjunto de regras observadas com


uniformidade para o registro dos fatos administrativos.

Muitas tentativas de escrituração foram sendo elaboradas, ao longo dos séculos,


para registrar os fatos contábeis até que, em 1949, em Veneza, através da publicação da
obra “Tratatus Particularis de Computis et Scripturis” (Tratado Particular de Conta e
Escrituração), o frei e matemático Luca Paccioli, divulgou o método das “Partidas Dobradas”,
que se mostrou o mais adequado, produzindo informações úteis e capazes de atender a
todas as necessidades dos usuários para gerir o patrimônio, tornando-se um marco na
evolução contábil.

O método das “Partidas Dobradas” consiste no princípio no qual para todo débito
em uma conta, existe simultaneamente um crédito, da mesma maneira que a soma do
débito será igual a soma do crédito, assim como a soma dos saldos devedores será igual a
soma dos saldos credores.

 Processos de escrituração:

Existem diversas maneiras para registrar os fatos administrativos na contabilidade,


tais como: manual (escrituração manuscrita), maquinizada (efetuada em máquinas
datilográficas comuns) e eletrônica (com a utilização de programas de computador).

No processo eletrônico os lançamentos são introduzidos por digitação e


processados por programa de computador, que poderá a qualquer tempo fornecer
informações contábeis, tais como: o saldo e a movimentação das contas, cálculo de impostos
e de encargos sociais, folhas de pagamentos, balancetes de verificação, demonstrativos
contábeis, entre outros. É o mais moderno e utilizado, atualmente, pelas empresas,
principalmente as de médio e de grande portes, por movimentarem centenas ou milhares de
operações por dia (exige pessoal altamente especializado).

 Livros de escrituração:

Para registrar os fatos contábeis ocorridos no patrimônio e atender as obrigações


das legislações: comercial, tributária, trabalhista e/ou previdenciária, as empresas, seja qual
for sua natureza jurídica, utilizam diversos livros de escrituração que podem ser classificados
em:

 Quanto à necessidade de manutenção:

1- Obrigatórios: exigidos por lei.

Exemplo: Diário, todos os livros fiscais exigidos pela legislação federal, estadual e
municipal, os livros exigidos pela Lei nº 6.404/76 das Sociedades Anônimas.

2- Facultativos: Criados para prestar maior clareza e controle dos registros contábeis.

Administração Módulo 3
128

Exemplo: Razão, Caixa, Bancos, Fornecedores, Controle de Estoques.

 Quanto à utilidade:

3- Principais: Registram todos os fatos ocorridos, constituindo–se no centro de


informação.

Exemplo: Diário e Razão.

4- Auxiliares: servem para desdobrar os registros constantes nos livros principais.

Exemplo: Caixa, Conta Corrente, Livro de Duplicatas.

 Quanto à natureza:

1- Cronológicos: Registram as datas de ocorrências dos fatos em ordem rigorosa.

Exemplo: Diário, Caixa.

2- Sistemáticos: Registram os fatos separadamente por espécie, ou seja, por conta.

Exemplo: Razão, Conta Corrente.

7.11 Relatórios Contábeis

São eles: balancete de verificação, razonete, apuração do resultado do exercício


(regimes de caixa e de competência, depreciação, amortização, exaustão), provisões e
demonstrações financeiras (DRE e balanço patrimonial).

7.11.1 Balancete

Balancete é uma relação de contas extraídas do livro razão (ou de razonetes), com
seus saldos devedores ou credores. Podem diferenciar-se um dos outros em relação ao
número de colunas. Existem balancetes que poderão conter apenas duas colunas: uma
destinada ao saldo devedor e outra ao saldo credor de cada conta; outros poderão
apresentar colunas destinadas ao movimento de cada Conta; aos ajustes efetuados para
apuração do resultado; aos saldos, etc.

A criação do balancete é simples. Cada conta será transferida do razonete para o


balancete, com seu respectivo saldo. Então, se a conta no razonete apontar saldo devedor,
este saldo será transportado para a coluna do saldo devedor do balancete; se a conta
apresentar no razonete saldo credor, este saldo será transportado para a coluna do saldo
credor do balancete. No final a soma da coluna de saldo devedor tem de ser igual à soma da
coluna de saldo credor, pois os fatos administrativos são registrados no livro diário pelo
método das partidas dobradas, cujo princípio fundamental estabelece que, na escrituração,
a cada débito deve corresponder um crédito de igual valor.

Módulo 3 Administração
129

Conclui-se, portanto, que ao relacionar no balancete todas as contas utilizadas pela


contabilidade de uma empresa, com seus respectivos saldos devedores e credores, a soma
da coluna do débito deverá ser igual à soma da coluna do crédito.

7.11.2 Razonete

O razonete, também chamado de gráfico em T ou conta em T, é do que uma versão


simplificada do livro razão. Sob o ponto de vista contábil, o livro razão é o mais importante
dos livros utilizados pela Contabilidade. Pois, é por meio dele que é possível controlar,
separadamente, o movimento de todas as contas.

O controle individualizado das contas é importante para se conhecer os seus saldos,


possibilitando apuração de resultados e a elaboração de demonstrações contábeis, como o
balancete de verificação do razão, o balanço patrimonial e outras.

Para facilitar a aprendizagem do processe contábil, pode-se substituir o livro razão


pelo razonete, o qual, por se tratar de versão simplificada, favorecerá a visualização do
movimento de débito e crédito.

7.11.3 Apuração do resultado do exercício

A cada exercício social – geralmente um ano - a empresa deve apurar o resultado


dos seus negócios a fim de saber se obteve lucro o prejuízo. A contabilidade confronta a
receita (vendas) com as despesas, se a receita foi maior que a despesa, a empresa teve lucro.
Se a receita foi menor que a despesa, teve prejuízo.

A apuração de resultado é realizada de forma destacada na Demonstração do


Resultado do Exercício. Apresenta então, um resumo ordenado das despesas e receitas do
período, facilitando-se, dessa forma, a tomada de decisão.

De maneira geral, através da apuração do resultado pode-se verificar se o maior


objetivo da empresa foi atingido, ou seja, se os benefícios obtidos foram maiores que os
sacrifícios realizados.

 Regime de caixa e regime de competência:

O regime de caixa leva em consideração o desembolso efetuado para pagamento


de despesas ou o recebimento de vendas. Já o regime de competência leva em consideração
o fato gerador, ou seja, quando efetivamente houve a despesa ou receita,
independentemente de haver ou não dinheiro "entrando" no caixa.

A pessoa jurídica apura a base de cálculo dos impostos e contribuições pelo regime
de competência, sendo exceção os rendimentos auferidos em aplicações de renda fixa e os
ganhos líquidos em renda variável, os quais devem ser acrescidos à base de cálculo do lucro
presumido quando da alienação, resgate ou cessão do título ou aplicação. Contudo, poderá a
pessoa jurídica adotar o critério de reconhecimento das receitas das vendas de bens e
direitos ou da prestação de serviços com pagamento a prazo ou em parcelas na medida dos

Administração Módulo 3
130

recebimentos, ou seja, pelo regime de caixa, desde que mantenha a escrituração do livro
caixa e observadas as demais exigências legais.

 Regime de competência:

O regime de competência tem por finalidade reconhecer, na contabilidade, as


receitas, custos e despesas, no período a que competem, independente da sua realização
em moeda.

O princípio da competência do exercício envolve o reconhecimento do período


contábil, isto é, quando uma receita ou uma despesa deve ser reconhecida, um exemplo
para ilustrar e melhor compreendermos seria quando uma empresa realiza uma venda para
pagamento em 60 (sessenta) dias, a receita é reconhecida na data da venda e, portanto, o
valor da venda estará indicado na demonstração do resultado do exercício daquele mês.

As empresas tributadas com base no lucro real estão obrigadas a adotar o regime
de competência para fins de apuração dos tributos.

 Regime de caixa:

O regime de caixa, representa o reconhecimento das receitas, custos e despesas,


pela entrada e saída efetiva da moeda. Aqui, as receitas são reconhecidas somente no
momento em que o cliente paga a fatura, e as despesas são reconhecidas no momento em
que são efetivamente pagas. Esse procedimento é aplicado tanto as empresas optantes pelo
lucro presumido, quanto ao simples nacional.

 Depreciação:

A depreciação é a diminuição do valor dos bens corpóreos que integram o ativo


permanente, em decorrência de desgaste ou perda de utilidade pelo uso, ação da natureza
ou obsolescência. O encargo da depreciação poderá ser computado como custo ou despesa
operacional, conforme o caso.

A depreciação dos bens utilizados na produção será custo, enquanto a depreciação


dos demais bens há de ser registrada como despesa operacional.

A conta devedora é de resultado e representa o encargo econômico suportado pela


entidade. A conta credora retifica o bem do ativo sujeito a depreciação. Integra o balanço
patrimonial, sendo demonstrada juntamente com a conta do bem que ela retifica, em
subtração a seu saldo.

Observação: O encargo de depreciação somente é computável no resultado do


exercício a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou em condições de
produzir. O valor da depreciação acumulada não poderá ultrapassar o custo de aquisição do
bem a que se refere corrigido monetariamente. O mesmo se aplica à amortização e à
exaustão. Os encargos de depreciação dos bens do ativo imobilizado que tenham ocorrido
durante a fase pré-operacional serão escriturados no ativo diferido para posterior

Módulo 3 Administração
131

amortização, no prazo mínimo de cinco anos e máximo de dez anos.


Não é admitido o registro de quota de depreciação em relação aos seguintes bens:

 Terrenos, salvo em relação aos melhoramentos e construções;


 Prédios e construções não alugados nem utilizados por seu proprietário na
produção de seus rendimentos ou imóveis destinados à venda;
 Bens que normalmente aumentam de valor com o tempo, como obras de arte ou
antiguidades;
 Bens em relação aos quais seja registrada quota de exaustão.

 Amortização:

Compreende a eliminação gradual e periódica do ativo de uma empresa, como


encargos do exercício, das imobilizações financeiras ou imateriais. Sendo a recuperação
econômica do capital aplicado em:

 Despesas que contribuam para formação do resultado de mais de um exercício


social.

Exemplos: Despesas pré-operacionais, despesas com pesquisa e desenvolvimento


de novos produtos.

 Direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada ou bens cuja utilização
tenha prazo legal ou contratual limitado e desde que em nenhuma hipótese caiba
indenização, como:

1- Bens intangíveis ou direitos de uso.

Exemplo: patentes de invenção, fórmulas e processos de fabricação.

2- Investimento em bens que, nos termos da lei ou contrato que regule a concessão
de serviço público, devem reverter ao poder concedente, ao final do prazo de
concessão.

3- Direitos autorais, licenças, autorizações para exploração de determinada atividade


econômica, concessões para exploração de serviços públicos, bem como o custo
de aquisição, prorrogação ou modificação de contratos de qualquer natureza,
inclusive de exploração de fundos de comércio.

4- Custo das construções e benfeitorias em bens locados, arrendados ou cedidos por


terceiros.

5- O valor dos direitos contratuais de exploração de florestas.

A taxa anual de amortização será fixada tendo em vista o números de anos


restantes de existência do direito ou o número de exercícios sociais em que deverão ser
usufruídos os benefícios das despesas registradas no ativo diferido.

Administração Módulo 3
132

São prazos dos componentes do ativo da amortização:

 Mínimo de cinco anos, para fins fiscais;


 Máximo de dez anos, que é aplicável a todas as pessoas jurídicas que possuam
escrituração contábil regular.
 Exaustão:

É a ocorrência patrimonial que caracteriza a perda de valor que sofrem as


imobilizações suscetíveis de exploração e que se esgotam no correr do tempo, como, por
exemplo, as reservas minerais e vegetais (bosques, florestas, jazidas etc.), ou seja, é a perda
de valor decorrente da exploração de recursos minerais ou florestais ou de bens aplicados
nessa exploração.

7.11.4 Provisões

As provisões são as estimativas de perda de ativos ou de obrigações para com


terceiros. Esses eventos, embora já tenham seu fato gerador contábil ocorrido, não podem
ser medidos com exatidão e têm portanto caráter estimativo.

 Classificação:

As provisões podem ser classificadas em dois grupos a saber:

1- Provisões retificadoras do ativo: Aparecem no ativo de forma subtrativa,


reduzindo o valor contábil do bem ou direito sob o qual se provisionaram custos
ou despesas;

 Provisões para créditos de liquidação duvidosa (dedutível até 31/12/96);


 Provisão para ajuste de bens e direitos ao valor de mercado (dedutível até
31/12/95);
 Provisão para perdas prováveis na alienação de investimentos (dedutível até
31/12/95).

2- Provisões passivas: São classificadas no passivo exigível indicando obrigações.

 Provisão p/ férias (dedutível);


 Provisão p/ 13º salário (dedutível);
 Provisão p/ gratificação a empregados (dedutível até 31/12/95);
 Provisão p/ licença prêmio (dedutível até 31/12/95);
 Provisão p/ gratificação a administradores;
 Provisão p/ riscos fiscais ou eventuais;
 Provisão p/ contingências;
 Provisão p/ resgate de partes beneficiárias.

Observação: Quanto ao aspecto fiscal podem ser:

 Dedutíveis: São aquelas que a legislação do Imposto de Renda permite a sua

Módulo 3 Administração
133

dedutibilidade quando da determinação do lucro real;


 Indedutíveis: São aquelas que a legislação do Imposto de Renda não permite a sua
dedutibilidade quando da determinação do lucro real.

Vale salientar que como regra geral as provisões têm como débitos elementos de
despesas e, como contrapartida, créditos em conta patrimoniais que, como vimos podem ser
contas redutoras de ativo ou contas de passivo exigível.

Exemplo: Despesas provisionadas a provisões (ativas/passivos).

7.11.5 Demonstrações financeiras

A Lei das Sociedades por Ações (Lei n° 6.404/76) determina que ao final de cada
exercício social, a diretoria deve elaborar com base na escrituração mercantil, as
demonstrações financeiras (contábeis).

A finalidade das demonstrações financeiras é o de proporcionar informação


confiável acerca da posição financeira, do desempenho financeiro e dos fluxos de caixa de
uma determinada entidade que seja útil a uma vasta gama de utentes nas respectivas
tomadas de decisões econômicas, permitindo, simultaneamente, mostrar os resultados da
gestão por parte dos gerentes dos recursos que lhes foram confiados e colocados à
disposição.

Para satisfazer este objetivo, as demonstrações financeiras proporcionam


informação acerca dos ativos, passivos, capital próprio, rendimentos e gastos e outras
alterações do capital próprio e ainda acerca dos fluxos de caixa. Estas informações, contidas
em mapas como o balanço, a demonstração de resultados, a demonstração de alterações no
capital próprio e a demonstração de fluxos de caixa, juntamente com informação contida
nas notas, ajudam os utentes das demonstrações financeiras a prever os futuros fluxos de
caixa da entidade e a sua tempestividade e grau de incerteza.

7.11.5.1 Balanço patrimonial

O balanço é a demonstração financeira que evidencia, resumidamente, o


patrimônio da empresa, quantitativa e qualitativamente, sendo eles:

 As fontes de onde provieram os recursos utilizados para a empresa operar: passivo


e patrimônio líquido;

 Os bens e direitos em que esses recursos se acham investidos.

É válido perceber que o ativo mostra o que existe concretamente na empresa.


Todos os bens e direitos podem ser comprovados por documentos, tocados ou vistos. As
únicas exceções são as despesas antecipadas e as diferidas, as quais representam
investimentos que beneficiarão exercícios seguintes e, por isso, se acham no balanço (é algo
que aumenta o valor da empresa sem ter um valor objetivo ou de mercado). O passivo
exigível e o patrimônio líquido mostram a origem dos recursos que se acham investidos no

Administração Módulo 3
134

ativo.

O patrimônio líquido não representa nada de concreto. Quando a empresa é


constituída, os sócios entregam-lhe determinado capital representado por dinheiro ou bens.
Nesse momento, a empresa possui apenas esses bens e o numerário que recebeu dos
sócios. O Capital mostra apenas a origem desses bens e dinheiro. É apenas um elemento
informativo e não algo de concreto.

Com base na Lei n° 6.404/76, o balanço patrimonial deve conter os seguintes


grupos de contas:

 Ativo

1- Ativo circulante

 Disponibilidades;
 Direitos realizáveis no curso do exercício social seguinte;
 Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.

2- Ativo realizável a longo prazo

 Direitos realizáveis após o término do exercício seguinte;


 Direitos derivados de adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou
controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não
constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia.

3- Ativo permanente

 Investimentos: Participações permanentes em outras sociedades e direitos de


qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, ou realizável a longo
prazo que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou empresa;

 Imobilizado: Direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das
atividades da companhia ou empresa, ou exercidos com esta finalidade, inclusive
os de propriedade comercial ou industrial;

 Diferido: Aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do


resultado de mais um exercício social, inclusive juros pagos ou creditados aos
acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais.

 Passivo

1- Passivo circulante

Obrigações da companhia, inclusive financiamentos para a aquisição de direitos do


Ativo permanente quando vencerem no exercício seguinte.

Módulo 3 Administração
135

2- Passivo exigível a longo prazo

Obrigações vencíveis em prazo maior do que o exercício seguinte.

3- Resultado de exercícios futuros

Receitas de exercícios futuros diminuídas dos custos e despesas correspondentes.

4- Patrimônio líquido

 Capital social: Montante do capital subscrito e, por dedução, parcela não


realizada;

 Reservas de capital: Ágio na emissão de ações ou conversão de debêntures e


partes beneficiárias; produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de
subscrição; prêmios recebidos na emissão de debêntures, doações e subvenções
para investimentos; correção monetária do capital realizado, enquanto não
capitalizada;

 Reservas de reavaliações: Contrapartida do aumento de elementos do Ativo em


virtude de novas avaliações, documentadas por laudo técnico;

 Reservas de lucros: Contas constituídas a partir de lucros gerados pela companhia;

 Lucros ou prejuízos acumulados: Lucros gerados pela companhia, que ainda não
receberam destinação específica.

7.11.5.2 Demonstração do resultado do exercício

É a demonstração dos aumentos e reduções causados no patrimônio líquido pelas


operações da empresa. As receitas representam normalmente aumento do ativo, através do
ingresso de novos elementos, como duplicatas a receber ou dinheiro proveniente das
transações. Aumentando o ativo, aumenta o patrimônio líquido. As despesas representam
redução do patrimônio líquido, através da redução do ativo ou aumento do passivo exigível.

Assim, todas as receitas e despesas se acham compreendidas na Demonstração do


Resultado, segundo uma forma de apresentação que as ordena de acordo com a sua
natureza, fornecendo informações significativas sobre a empresa.

A demonstração do resultado é, pois, o resumo do movimento de certas entradas e


saídas no balanço, entre duas datas e retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo de
dinheiro. Para a demonstração do resultado não importa se uma receita ou despesa tem
reflexos em dinheiro, basta apenas que afete o patrimônio líquido.

Administração Módulo 3
136

EXERCÍCIOS

1- Você acredita que a contabilidade pode atender diversos usuários que tenham interesses
específicos de informação, independentemente dos seus conhecimentos contábeis? Ou é
apenas viável atender alguns usuários com conhecimentos contábeis?

2- Quais os principais usuários da contabilidade e suas respectivas necessidades


informacionais?

3- A taxionomia contábil pode ser uma resposta ao atendimento dos objetivos dos diversos
usuários contábeis? Justifique.

4- Como você define contabilidade?

5- As doutrinas contábeis foram introduzidas por diversas escolas de época que conceituaram
a contabilidade sob diversos aspectos. Que aspectos foram esses?

6- Quais os tipos de abordagens utilizados para o estudo da teoria contábil?

7- Quais as funções da contabilidade?

8- Qual a finalidade da contabilidade?

9- Quais as ramificações da contabilidade?

10- Quais são as áreas de atuação da contabilidade?

11- O que você entende por aziendas?

12- Quem são os usuários internos e externos da contabilidade?

13- O que é coisa, bem e riqueza?

14- O que você entende por patrimônio?

15- Como é constituído o patrimônio?

16- Defina ativo, passivo e patrimônio líquido?

17- Qual a diferença entre direitos e obrigações?

18- Para a contabilidade o que são atos e fatos administrativos?

19- Complete.

a) As contas patrimoniais são aquelas que representam o ______________________ da


empresa num dado momento, por meio do balanço patrimonial, e se dividem em

Módulo 3 Administração
137

________________________________________ e _______________________.

b) As contas de resultados são aquelas que permitem apurar o


________________________ do exercício e se dividem em
_________________________________ e____________________________.

20- Quando podemos saber quando as contas aluguéis, juros e descontos representam receitas
ou despesas?

21- O que você entende por receitas? Cite três exemplos.

22- O que você entende por despesas? Cite três exemplos.

23- O que você entende por exercício contábil?

24- Para que servem as contas de resultados?

25- Do ponto de vista técnico-contábil, o que é conta?

26- Todas as contas utilizadas pela contabilidade, segundo a teoria patrimonialista, dividem-se
dois grupos. Quais são esses grupos?

27- No ativo encontramos contas que representam que espécie de elementos?

28- No passivo encontramos contas que representam que espécie de elementos?

29- Escolha a alternativa correta.

I- Qual das contas abaixo representa despesas?

a) Aluguéis ativos
b) Aluguéis passivos

II- Qual das contas abaixo representa receita?

a) Juros ativos
b) Juros passivos

III- A conta descontos concedidos é de:

a) Receita
b) Despesas

IV- A conta descontos obtidos é de:

a) Receita
b) Despesas

Administração Módulo 3
138

30- Assinale a alternativa que contém somente Contas de Receitas.

a) Aluguéis passivos, prêmios de seguro e descontos obtidos


b) Juros passivos, juros ativos e descontos obtidos
c) Aluguéis ativos, juros ativos e descontos obtidos
d) Aluguéis pagos, juros ativos e aluguéis recebidos

31- O que é capital próprio? Cite dois exemplos.

32- O que são capitais de terceiros? Cite três exemplos.

33- Escolha a alternativa correta.

I- O patrimônio Líquido representa:

a) Capitais próprios
b) Capitais de terceiros

II- As obrigações representam:

a) Capitais próprios
b) Capitais de terceiros

34- Crie uma situação patrimonial representando-a graficamente por meio do balanço
patrimonial. Tal situação deverá conter:

a) Um elemento que represente capital próprio


b) Quatro elementos que representam capitais de terceiros
c) Oito elementos que representam a aplicação desses capitais

35- Represente graficamente, após cada fato apresentado, a situação patrimonial da empresa,
considerando-a em evolução, isto é, cada gráfico apresentado deve ser igual ao gráfico
anterior, modificado pelas operações subsequentes:

I- Investimento Inicial:

a) Em dinheiro: R$ 200
b) Em móveis: R$ 100

II- Compras efetuadas:

a) Mercadorias, em dinheiro: R$ 50
b) Veículos, a prazo, mediante aceite de duplicatas: R$ 130

III- Vendas de mercadorias, à vista, por R$ 20

IV- Vendas de mercadorias, a prazo, mediante emissão de duplicatas, por R$ 20

Módulo 3 Administração
139

V- Empréstimos obtidos junto ao Banco do Brasil S/A, mediante emissão de Nota


Promissória, no valor de R$ 80

VI- Pagamento, em dinheiro, de uma Duplicata de nosso aceite, no valor de R$ 30

VII- Recebimento, em dinheiro, de uma Duplicata no valor de R$ 10

36- Complete.

a) Quando o total dos bens e direitos for menor que o total das obrigações, a situação
líquida será _________________________________.

b) Quando o ativo for igual _____________________, a situação líquida será nula.

c) Quando o total das obrigações for menor que o ativo, a situação líquida será
_________________.

37- Qual é a forma gráfica que didaticamente utilizamos para representar o patrimônio?

38- Quais nomes recebem os elementos colocados do lado esquerdo do gráfico representativo
do patrimônio?

39- O que é ativo?

40- Do ponto de vista contábil, o que são bens?

41- Do ponto de vista contábil, o que são obrigações? Cite três exemplos.

42- Quantos e quais são os grupos de elementos componentes da demonstração contábil


denominada balanço patrimonial?

43- A firma abc foi registrada e obteve: r$ 500,00 dos sócios, na forma de capital; r$ 300,00 de
terceiros, na forma de empréstimos e r$ 150,00 de terceiros, na forma de rendimentos.
Aplicou esses recursos, sendo: r$ 450,00 em bens para revender; r$ 180,00 em caderneta
de poupança; r$ 240,00 em empréstimos concedidos; e o restante em despesas. Com essa
gestão, informe quanto a empresa ainda tem de patrimônio bruto e um patrimônio líquido.

44- O patrimônio da empresa Silpa é constituído, em reais, por: máquinas – 600; nota
promissória de sua emissão – 500; duplicatas de seu aceite – 1.500; fornecedores – 400;
estoques – 3.000; bancos – 200; caixa 100; sabendo-se que o lucro corresponde a 20% do
capital de terceiros, encontre o valor do capital social.

45- Escolha a alternativa correta em cada questão.

I- A versão simplificada do livro razão denomina-se:


a) Balancete
b) Razonete

Administração Módulo 3
140

c) Balanço

II- No Balancete, a soma dos saldos devedores será igual:

a) Ao movimento do caixa
b) À soma do movimento devedor
c) À soma dos saldos credores

III- A relação de contas extraídas do livro razão, com seus saldos devedores e
credores, denomina-se:

a) Razonete
b) Balancete
c) Razão

IV- Quantos gráficos em T deveremos usar para controlar o movimento das Contas?

a) Tantos quantos forem as contas devedoras


b) Tantos quantos forem as contas de receitas
c) Tantos quantos forem as contas existente na escrituração do diário

V- Os Razonetes, didaticamente, são utilizados em substituição ao:

a) Livro caixa
b) Livro razão
c) Livro diário

46- Assinale a ordem correta dos acontecimentos.

a) Diário, balancete e razonete


b) Razonete, diário e balancete
c) Diário, razonete e balancete

47- Saldo de Conta é:

a) A diferença entre a soma dos débitos e a soma dos créditos nela lançados
b) A diferença entre o ativo e o passivo
c) A diferença entre o movimento credor e o saldo positivo

Módulo 3 Administração
141

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso básico de contabilidade: introdução à metodologia da


contabilidade. São Paulo: Atlas, 1996.

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Principais Fundamentos de Contabilidade e Normas


Brasileiras de Contabilidade, Editora Atlas, 2000.

EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade introdutória. São Paulo: Atlas, 1998.


FRANCO, H. Contabilidade Geral. 23. Ed. São Paulo. 2006.

IUDICIBUS, S. & MARION, J.C. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas, 1997.

IUDICIBUS, S. & MARION, J.C. Curso de contabilidade para não contadores. São Paulo: Atlas,
1997.

MARION, J.C. Contabilidade Básica, Editora Atlas, 2009.

MARION, J.C. Contabilidade empresarial. São Paulo: Atlas, 1997.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Geral Básica, Editora Saraiva, 2009.

WALTER, M.A. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 1996.

Administração Módulo 3
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ANOTAÇÕES:
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CONTABILIDADE DE CUSTOS
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8 CONTABILIDADE DE CUSTOS

A contabilidade de custos é a porção da ciência contábil que analisa racionalmente


os gastos efetuados a fim de se obter um bem de venda ou de consumo, quer seja um
produto, uma mercadoria ou um serviço. Sendo portanto, o ramo da função financeira que
acumula, organiza, analisa e interpreta os custos dos produtos, dos inventários, dos serviços,
dos componentes da organização, dos planos operacionais e das atividades de distribuição
para determinar o lucro, para controlar as operações e para auxiliar o administrador no
processo de tomada de decisão.

8.1 Origem e Evolução

Esta disciplina surgiu com a revolução industrial, e abrangia as seguintes finalidades:

 Avaliação de inventários de matérias-primas, de produtos fabricados e de


produtos vendidos, tudo ao final de um determinado período;

 Verificação os resultados obtidos pelas empresas como consequência da


fabricação e venda de seus produtos.

Época em que as empresas dispunham de processos produtivos basicamente


artesanais, e como consequência, os únicos custos produtivos considerados eram o valor das
matérias-primas consumidas e da mão de obra utilizada.

Em decorrência da evolução das organizações, da intensificação da concorrência e


da crescente escassez de recursos, surgiu a necessidade de aperfeiçoar os mecanismos de
planejamento e controle das atividades empresariais. Ademais, as inúmeras possibilidades
de utilização dos fatores de produção determinam uma grande variedade no
comportamento dos custos resultantes. É, então, muito importante, para qualquer empresa
ter um sistema de custos, ainda mais numa economia capitalista e concorrencial como a
nossa. É difícil tomar decisões confiáveis e ter uma margem de segurança satisfatória, sem o
conhecimento dos custos do modo mais real possível.

Assim, as informações concernentes aos custos de produção e/ou comercialização,


desde que apropriadamente organizadas, resumidas e relatadas, constituem uma
ferramenta administrativa da mais alta relevância. Por isso, as informações de custos
transformam-se, gradativamente, num verdadeiro sistema de informações gerenciais, de
vital importância para a administração das organizações empresariais. Essas informações
constituem um subsídio básico para o processo de tomada de decisões, bem como para o
planejamento e controle das atividades empresariais.

8.2 Finalidade

Os custos apurados servem para três principais finalidades, como se observa a


seguir:

 Fornecer dados de custos para a medição dos lucros e avaliação dos estoques.

Administração Módulo 3
146

 Fornecer informações aos dirigentes para o controle das operações e atividades da


empresa.
 Fornecer informações para o planejamento da direção e a tomada de decisões.

Desta forma, em síntese, conclui-se que a contabilidade de custos, fornece


informações para:

 A determinação dos custos dos fatores de produção;


 A determinação dos custos de qualquer natureza;
 A determinação dos custos dos setores de uma organização;
 A redução dos custos dos fatores de produção, de qualquer atividade da empresa;
 À administração, quando esta deseja tomar uma decisão, estabelecer planos ou
solucionar problemas especiais;
 O levantamento dos custos dos desperdícios, do tempo ocioso dos operários, da
capacidade ociosa do equipamento, dos produtos danificados, do trabalho
necessário para conserto, dos serviços de garantia dos produtos;
 A determinação da época em que se deve desfazer de um equipamento, isto é,
quando as despesas de manutenção e reparos ultrapassarem os benefícios
advindos da utilização do equipamento;
 A determinação dos custos dos inventários com a finalidade de ajustar o cálculo
dos estoques mínimos, do lote econômico de compra e da época de compra;
 O estabelecimento dos orçamentos;
 A determinação do preço de venda dos produtos ou serviços.

8.3 Nomenclaturas Comuns em Contabilidade de Custos

 Gasto: Sacrifício financeiro com que a entidade arca para a obtenção de um


produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado por entrega ou
promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro), ou seja, são os gastos
relacionados à produção, como matéria-prima, energia elétrica da fábrica, aluguel
da fábrica, mão de obra destinada à produção etc. Em empresas não industriais,
são os gastos efetuados com mercadorias compradas para revenda ou serviços
prestados.

 Investimento: Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios


atribuíveis a futuro(s) período(s).

 Custo: Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou


serviços. É reconhecido no momento da utilização dos fatores de produção, para a
fabricação de um produto ou execução de um serviço.

Exemplo: Matéria prima, energia elétrica.

 Despesa: Bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de


receitas. Ou seja, são gastos de administração, vendas, financiamento etc. não
diretamente relacionados à atividade produtiva. Assim, o aluguel dos escritórios
da empresa, ao contrário do aluguel da fábrica, é despesa. Os salários dos

Módulo 3 Administração
147

administradores e funcionários do escritório da empresa são despesas, assim


como a energia elétrica do escritório, materiais de escritório etc.
 Desembolso: Pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço.

 Perda: Bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária.

Exemplo: Gasto com mão de obra durante período de greve.

8.4 Esquema básico da contabilidade de custos

 1º Passo - A separação entre custos e despesas


 2º Passo - A apropriação dos custos diretos
 3º Passo - A apropriação (rateio) dos custos indiretos

Os custos e despesas incorridos num mesmo período só irão para resultado desse
período caso toda produção elaborada seja vendida e não haja estoques iniciais e finais.
Segue abaixo, figura 1 (8) que representa o fluxo de custos e despesas.

Figura 1 (8): Fluxo dos custos e despesas

CUSTOS DEPESAS
DESPESAS

INDIRETOS DIRETOS

RATEIO
PRODUTO A VENDAS

PRODUTO B

PRODUTO C

ESTOQUES

CUSTO PRODUTOS VENDIDOS

RESULTADO
Fonte: Elaborada pelo autor

8.5 Classificação dos custos

Os custos são divididos em diretos e indiretos, fixos e variáveis, os quais serão


conceituados a seguir.

Administração Módulo 3
148

 Custos diretos:

São aqueles relacionados diretamente com a produção do produto (bem ou


serviço), no qual pode-se ter uma medida fiel do gasto realizado. Por exemplo, a quantidade
de matéria-prima utilizada na produção de um bem é algo mensurável. Consegue-se,
portanto, determinar o custo da matéria-prima utilizada na produção, mesmo que tenhamos
vários produtos.

Exemplo: Matéria-prima, embalagens, materiais de consumo, mão de obra etc.

 Custo indireto:

É o custo que não podemos determinar com precisão sobre cada produto, por isso
ele é rateado ou alocado com base em algum critério. Um exemplo disso é não se saber
quanto de energia elétrica cada produto consome ao ser produzido. A energia elétrica da
fábrica pode, então, ser rateada pelos produtos fabricados, com base nas quantidades
produzidas ou em outro critério, como número de horas de mão de obra, por exemplo.

Exemplo: Energia elétrica da fábrica, água consumida na fábrica, lubrificantes das


máquinas, salários dos supervisores ou gerentes da fábrica etc.

 Custos fixos:

São os custos implicados para se fabricar o produto (bem ou serviço), que não têm
relação com a quantidade produzida, ou seja, seu valor não varia mesmo que se produza
mais ou menos bens ou serviços.

Exemplo: Aluguel da fábrica, manutenção, limpeza da fábrica etc.

 Custos variáveis

São custos que variam conforme a produção. Uma maior quantidade produzida
implica em maiores custos, assim como uma menor quantidade produzida implica em uma
redução dos custos.

Exemplo: Matéria-prima, mão de obra, energia elétrica da fábrica etc.

8.6 Custos Padrão

É o custo cientificamente predeterminado para a produção de uma única unidade,


ou um número de unidades do produto, durante um período específico no futuro imediato,
sendo portanto, o custo planejado de um produto, segundo condições de operação
correntes e/ou previstas.

Baseia-se nas condições normais ou ideais de eficiência e volume, especialmente


com respeito à despesa indireta de produção. Normalmente, os materiais e a mão de obra
baseiam-se nas condições correntes, equilibradas pelo nível de eficiência desejado, com

Módulo 3 Administração
149

reservas para as alterações de preços e taxas.

É dividido em duas partes, como o próprio nome sugere: um padrão e um custo. O


padrão é o método cuidadosamente predeterminado, ou forma de medir a execução de uma
tarefa, isto é, fazer uma escrivaninha ou montar um rádio. As medições quantitativas e
qualitativas e os métodos de engenharia traduzem-se em custos, a fim de se atingir um
custo-padrão. Deve-se pensar em um padrão em termos de itens específicos, tais como
quilos de materiais, horas de mão de obra exigidas e horas de capacidade de fábrica e
empregar. Esses padrões físicos que formam a base de cálculo de um custo-padrão devem
ser fixados com a maior precisão. Verdadeiramente, em muitas situações, nunca se modifica
um padrão, exceto quando ocorrem mudanças nos métodos de operação ou nos produtos.
Somente se modificará a parte monetária, quando flutuem as taxas de mão de obra ou os
preços de materiais e outros.

 Tipos de padrões:

Os padrões são divididos em básico e corrente.

 Padrão básico: Um padrão básico é uma medida-padrão pela qual se comparam


tanto os desempenhos previstos como os reais. Pode comparar-se a um número
índice, pelo qual se medem todos os resultados posteriores. Tal padrão não se
modifica, a menos que se modifiquem os métodos de produção, os produtos, ou
outros componentes básicos importantes.

 Padrão corrente: Padrão corrente é um padrão para um determinado período,


para certas condições e para certas circunstâncias. Toma o lugar de um custo real
e se endereça para os livros de contas e, mesmo, talvez, para os demonstrativos
financeiros. Quaisquer variações entre custos reais e padrão são encaradas como
lucros ou perdas, devidos a eficiências ou ineficiências relativas. Revisa-se tal
padrão, para refletir a modificação de métodos e de preços. A maioria das
empresas adota o padrão corrente e não o básico.

 Utilização do custo-padrão:

O custo-padrão pode ser utilizado para diversas metas ou objetivos. O principal


objetivo dos padrões é medir diferenças entre que custos são e que custos deveriam ser,
para propósitos de controle de custos; mas, o maior objetivo do custo-padrão está ligado
aos conceitos de controlabilidade empresarial.

Os objetivos mais importantes do custo-padrão são:

 Determinar o custo que deve ser, o custo correto;


 Definição de responsabilidades e obtenção do comprometimento dos
responsáveis por cada atividade padronizada;
 Avaliação de desempenho e eficácia operacional.

Administração Módulo 3
150

Outros aspectos importantes são observados a seguir.

 Substituir o custo real:

O custo real representa o custo acontecido. Como instrumento de planejamento


estratégico, o custo real não tem nenhum significado. Para avaliação de inventário serve
apenas para atender às necessidades legais e fiscais da contabilidade empresarial.

Tem validade apenas no sentido de que, após a análise de suas variações, em cima
de um custo-padrão, se identificam as causas do porquê das variações, e através delas, se
permitam corrigir os rumos atuais. Para o dia-a-dia, o custo-padrão representa muito mais
utilidade que o custo real.

Outra vantagem na substituição do custo real está em que o custo-padrão não


precisa ser calculado mensalmente. Seu cálculo pode ser feito a períodos de tempos
maiores, como seis meses ou um ano. Sua atualização se fará pelos critérios de inflação da
empresa, se possível.

 Formação de preços de venda:

É uma das melhores utilizações do custo-padrão. Apesar de, teoricamente, ser o


mercado que dá o preço de venda dos produtos, ele deve ser inicialmente calculado em cima
de condições de custo das empresas. Dessa forma, como elemento inicial para formação de
preços de venda, devemos utilizar o custo-padrão, pois ele traz todos os elementos
necessários para parametrizar um preço de venda ideal.

 Acompanhamento da inflação interna da empresa:

Outra utilização do custo-padrão é no acompanhamento da inflação interna da


empresa. Mensalmente, utiliza-se as estruturar padrões para avaliar o crescimento do nível
dos custos internos da empresa.

 Construção do padrão:

Observam-se abaixo as situações mais comuns de construção de um padrão.

 Materiais diretos:

Os materiais necessários, com suas respectivas quantidades, para produzir


determinado produto, são evidenciados pela estrutura do produto. Geralmente esses dados
são originados pela engenharia de desenvolvimento de produtos, quando da feitura do
projeto original, mais suas atualizações.

Muitos produtos, principalmente os que são elaborados por processo contínuo


utilizando matéria-prima a granel, tem certo grau de perda ou refugo, que, dentro de
condições técnicas ou científicas, devem ser incorporados ao padrão de quantidade.

Módulo 3 Administração
151

O preço-padrão dos materiais diretos são obtidos em condições normais e boas de


negociação de compra. A ele devem ser incorporadas as eventuais despesas que devem
fazer parte do custo unitário dos materiais. O preço-padrão dos materiais e demais insumos
industriais devem ser sempre calculados na condição de compra com pagamento a vista.
Com isso será possível a adoção de um custo-padrão numa data-base, e sua atualização pela
inflação interna da empresa.

 Mão de obra direta:

Geralmente a mão de obra direta padrão é determinada pela quantidade de horas


necessárias do pessoal, ou da quantidade de funcionários diretos, em todas as fases do
processo de fabricação do produto.

A base para a construção dos padrões de mão de obra direta é então o processo de
fabricação. Todas as atividades e processos necessários para fazer o produto requerem
operários para manuseio dos materiais ou dos equipamentos durante os processos.

As estimativas ou padrões de necessidade de mão de obra direta podem ser


cientificamente calculados quando se trabalha em ambientes de alta tecnologia de
produção, gerenciados computacionalmente. Em outros casos, podem se fazer estudos de
tempo, através de operações simuladas antecipadamente em ambientes reais. Em todos os
casos deve haver um estudo para quebras, refugos, retrabalhos, manutenção e necessidades
do pessoal.

A base para a valorização dos custos de mão de obra direta deve incluir toda a
remuneração dos trabalhadores mais os encargos sociais de caráter genérico. De modo
geral, utiliza-se o critério de custo médio horário dos salários de cada departamento de
produção ou da célula/atividade de processo por onde passa o produto, através dos centros
de custos ou centros de acumulação por atividades.

 Custos indiretos variáveis:

Os custos indiretos variáveis são padronizados normalmente através da construção


de taxas predeterminadas em relação a uma medida de atividade escolhida. Sempre que
possível deve-se evitar o uso de taxas baseadas em valores, uma vez que isso impede a
correta mensuração das variações de quantidade que ocorrerão, bem como o padrão fica
sujeito a eventuais problemas de variação nos preços.

A atividade a ser escolhida como base para a construção das taxas predeterminadas
de custos indiretos variáveis deve ter uma relação causal com os diversos custos indiretos
variáveis. Também a base de atividade escolhida deve ser simples de ser entendida, para
posterior atribuição de responsabilidades.

Exemplos de bases de atividades para elaboração das taxas predeterminadas de


custos indiretos variáveis são horas de máquinas trabalhadas, quantidade de produto final,
horas de mão de obra direta etc., dependendo sempre do gasto e melhor relação que existe
entre os custos variáveis e as atividades envolvidas. Como exemplo, o consumo de energia

Administração Módulo 3
152

elétrica é um custo variável indireto para tipos de indústrias. Para algumas empresas as
horas de máquinas são os principais fatores, para outras há uma relação direta com o
produto final. Gastos com lubrificantes e materiais indiretos normalmente têm relação com
a quantidade de horas máquinas trabalhadas, e assim por diante.

 Custos indiretos fixos e volume de produção ou atividade:

Quando se deseja fazer o custo-padrão utilizando o método de custeio por


absorção, temos que elaborar também o padrão de custos indiretos fixos. A diferença básica
entre os custos indiretos fixos e os custos indiretos variáveis é que os custos indiretos fixos
estão normalmente relacionados com denominadores de capacidade de produção e não
necessariamente com os volumes atuais produzidos. De qualquer forma, partindo do
pressuposto de que o custo-padrão vai estimar o volume de produção ou atividade para os
próximos períodos, podemos utilizar como denominador o volume de produção orçada ou
estimada.

Nesse sentido, nada impede que também se construa o padrão de custos indiretos
fixos por unidade, em cima dos mesmos denominadores utilizáveis para os custos indiretos
variáveis, como horas de mão de obra direta, horas de máquinas trabalhadas, quantidade de
produto produzido etc.

O custo-padrão deve ser elaborado em determinado mês, considerando aspectos


de projeções e metas a serem alcançadas dentro de determinado período, seja seis meses
ou um ano.

Pode ser elaborado em uma moeda forte, seja nacional (UFIR, UMC, etc.) ou seja
estrangeira (dólar, marco, iene, etc.). Se elaborado em moeda nacional de determinado
mês, deve ser atualizado de tempos em tempos por um indicador de inflação interna da
empresa.

8.7 Custeio à Base de Atividades (ABC)

O ABC é muito mais do que custeio de produto, é na realidade, uma ferramenta de


gestão de custos.

 Segunda Geração do ABC:

A segunda versão ou geração do ABC, foi desenvolvida para possibilitar a análise de


custos sob duas visões:

 A visão econômica de custeio, que é uma visão vertical, no sentido de que


apropria os custos aos objetos de custeio através das atividades realizadas em
cada departamento; e
 A visão de aperfeiçoamento de processos, que é uma visão horizontal realizadas
nos vários departamentos funcionais.

A visão vertical de custeio fornece basicamente os mesmos dados que já estavam

Módulo 3 Administração
153

contemplados na primeira versão do ABC.

A visão horizontal, de aperfeiçoamento de processos, reconhece que um processo é


formado por um conjunto de atividades encadeadas, exercidas através de vários
departamentos da empresa. Esta visão permite que os processos sejam analisados,
custeados e aperfeiçoados através da melhoria de desempenho na execução das atividades.

Os sistemas tradicionais normalmente refletem os custos segundo a estrutura


organizacional da empresa, na maioria dos casos estrutura funcional. O ABC, nesta visão
horizontal, procura custear processos; e os processos são, via de regra, interdepartamentais,
indo além da organização funcional. Podendo ser visto, como uma ferramenta de análise dos
fluxos de custos, e quanto mais processos interdepartamentais houver na empresa, tanto
maiores serão os benefícios do ABC.

Observação: quando se tem por objetivo calcular os custos dos processos, é preciso
decidir sobre a inclusão, ou não, nos custos das atividades que compõem os processos, por
exemplo, materiais diretos, sucatas, refugos, comissões etc.

 ABC e Reengenharia:

O ABC na segunda versão deveria ser sempre implementado através de uma análise
de processos, e as informações por ele geradas servem para auxiliar a gestão de processos.
Ao estudar os processos para identificar e selecionar os direcionadores de custos, o ABC,
poderá já na fase de implementação, propiciar economias que justifiquem a relação custo-
benefício do projeto.

Assim, a implantação de um sistema de custos baseados nos conceitos do ABC pode


dar origem a reengenharia de processos. O caminho inverso também é possível: uma
empresa que esteja envolvida num projeto de reengenharia pode desejar conhecer os custos
de atividades e dos processos e avaliar economias obtidas, e daí a necessidade de um
sistema de custos por atividades. O ABC pode ser, então, um instrumento de mudanças. É
necessário, porém, que as pessoas tenham disposição e motivação para promover essas
mudanças.

 ABC e Análise de Valor:

O estudo dos custos propiciado pelo ABC pode ser complementado pela análise de
valor das atividades e dos processos. Essa análise de valor deve ser realizada sempre sob a
ótica do cliente, interno ou externo, isto é, daquele que recebe e utiliza o bem ou serviço
gerado pela atividade.

Assim, o ABC propõe que os custos sejam reportados por atividades, classificando-
as em atividades que adicionam ou não valor para o cliente (interno ou externo).

As atividades que não adicionam valor são aquelas que poderiam ser eliminadas
sem afetar os atributos do produto ou serviço. Esse julgamento é um tanto quanto subjetivo;
porém, há certo consenso com relação a algumas atividades que não agregam valor, como

Administração Módulo 3
154

por exemplo: inspecionar, conferir, retrabalhar, armazenar, movimentar materiais etc.

 Definição do Escopo do projeto ABC:

Um projeto de implementação de ABC pode propiciar uma série de informações. É


fundamental definir claramente o escopo do projeto, que pode incluir itens como:

 Custeio de produtos, linhas ou famílias de produtos;


 Inclusão ou não de gastos com vendas e administração no custo produtos, linhas
ou famílias;
 Custeio de processos;
 Custeio de canais de distribuição;
 Custeio de clientes, mercados e segmentos de mercado;
 Análise de lucratividade desses objetos custeados;
 Utilização de custos históricos ou predeterminados;
 Se será também sistema de acumulação ou apenas de análise de custos;
 Se o sistema será recorrente ou de uso apenas periódico etc.

 ABC e Custeio Variável:

A grande critica ao uso do ABC está no problema do rateio de custos fixos.

O uso do ABC é extraordinário em termos de identificar o custos das atividades e


dos processos e de permitir uma visão muito mais adequada para a analise da relação custo
/ beneficio de cada uma dessas atividades e desses processos. Permite o levantamento do
quanto se gasta em determinadas atividades, tarefas e processos onde não se agrega valor
ao produto (manufaturado, na forma de serviços etc.), mesmo que com a devida cautela em
função de sempre permanente presença de algum nível de erro e mesmo de arbitrariedade
nesses rateios.

Todavia, é necessário lembrar que é absolutamente possível, viável e mesmo


necessário ter a aplicação do ABC também dentro do conceito de custeio variavel, isto é, não
existe nenhuma dificuldade maior, impossibilidade ou razão conceitual adversa para que se
tenha a totalidade dos custos e despesas apurados pelo ABC completamente segregados em
fixos e variáveis.

Ou seja, pode-se chegar ao custo + despesa globais de um produto dividido em duas


parcelas:

 Os custos diretos + os custos e despesas indiretos variáveis de cada produto; e


 Os custos e despesas fixos apropriados por esse método.

Dessa forma, com inteligência pode-se aproveitar do lado bom dos dois extremos:
apropriação só dos custos e despesas variáveis (custeio direto ou variável) e apropriação de
todos os custos e despesas da empresa (ABC neste caso).

Na realidade, o conceito de Margem de Contribuição fica exatamente completo

Módulo 3 Administração
155

desta forma, já que todos os custos e despesas variáveis de todas as naturezas (produção,
vendas, administração, financiamento etc.) estarão totalmente alocados ao produto.

Importante e desejável seria que a empresa tivesse sempre um sistema flexível


suficiente que propiciasse todas as informações necessárias, que são basicamente as
seguintes:

 Margem de contribuição de cada produto (custeio variável);


 Custo de produção de cada produto (custeio por absorção, de preferência com o
rateio dos custos indiretos de fabricação pelo ABC - muito mais detalhado,
analítico e com menor número de possíveis erros do que o tradicional rateio por
departamentos);
 Soma o custo global (custos e despesas) de cada produto (ABC completo).

Nem sempre é possível ou necessário que a empresa suporte isso. Por isso muitas
vezes há que se analisar as necessidades mais prementes e escolher-se entre as alternativas
existentes.

 Outras Considerações sobre o ABC:

As definições e a metodologia do Custeio Baseado em Atividades (ABC) aplicam-se


também as empresas não-industriais, pois atividades ocorrem tanto em processos de
manufatura quanto de prestação de serviços. Logo, é possível utilizar o ABC em instituições
financeiras, concessionárias de serviços públicos (telecomunicações, energia e outras),
hospitais, escolas. Enfim, atividades e objetos de custeio são encontrados em todas as
organizações, inclusive naquelas de fins não lucrativos. Também se ajusta muito bem às
indústrias que utilizam sistema de manufatura celular.

O ABC pode ser implementado sem interferir no sistema contábil corrente da


empresa, isto é, pode ser um sistema paralelo; pode, também, ser utilizado apenas
periodicamente. Neste caso, a periodicidade poderá ser preestabelecida ou ficar na
dependência de fatores como: alteração do mix de produtos, na tecnologia de produção, no
perfil de consumo de recursos pelas atividades ou destas pelos produtos etc.

O ABC, por ser uma ferramenta eminentemente gerencial pode, também incorporar
conceitos utilizados na gestão econômica, como custo de oportunidades, custo de reposição,
depreciação diferente dos critérios legais etc.

8.8 Relação Custo, Volume, Lucro e Formação de Preço de Venda

A relação custo/volume/lucro é a relação que o volume de vendas tem com os


custos e lucros. O planejamento do lucro demanda um entendimento das características dos
custos e de seus comportamentos em diferentes níveis operacionais. Assim, a demonstração
de resultado do exercício reflete o lucro somente em determinado nível das vendas, não se
prestando à previsão de lucros em diferentes níveis de atividade.

Administração Módulo 3
156

 Formação do Preço de Venda:

Na economia sujeita a inflação, a venda a preço superior aos custos de aquisição


e/ou fabricação pode determinar a ilusão monetária de lucro na formação do preço, como
se deve partir de considerações de custo, devem ser tomadas precauções especiais visando
à atualização dos custos de compras e/ou produção. Os métodos adotados pelas empresas
são os observados a seguir.

1- Método baseado no custo da mercadoria:

É o mais comum na pratica dos negócios. Se a base for o custo total, a margem
adicionada deve ser suficiente para cobrir os lucros desejados pela empresa.

Se a base for os custos e despesas variáveis, a margem adicionada deve cobrir, além
dos lucros, os custos fixos.

O processo de adicionar margem fixa a um custo-base é geralmente conhecido pela


expressão mark-up. Esse método é muito usado no comércio atacadista e varejista. O
método é simples, mas pode levar a administração a tomar decisões que muitas vezes não
condizem com a realidade dos negócios. Quando o processo mark-up é adotado pela
indústria, é calculado em função do custo de produção; a margem fixa serviria para cobrir os
lucros e demais gastos.

2- Método baseado nas decisões das empresas concorrentes:

Qualquer método de determinação de preços deve ser comparado com os preços


das empresas concorrentes, que possivelmente existam no mercado. Esse método pode ser
desenvolvido em:

 Método do preço corrente: São adotados para os casos de produtos vendidos a


um preço por todos os concorrentes. Essa homogeneidade no preço pode
decorrer de questões de costume, ou de características econômicas do ramo
(oligopólio, convênio de preços etc.);

 Método de imitação de preços: Prevê que os mesmos sejam adotados por uma
empresa concorrente selecionada no mercado. Isso ocorre muitas vezes em razão
da falta de conhecimento técnico para a sua determinação ou custo da
informação;

 Método de preços agressivos: Ocorre quando um grupo de empresas


concorrentes estabelece a tendência de uma redução drástica de preços até
serem atingidos, em certos casos, níveis economicamente injustificáveis abaixo do
custo das mercadorias;

 Método de preços promocionais: O método de preços promocionais caracteriza a


situação em que as empresas oferecem certas mercadorias (caso típico de
supermercados) a preços tentadores com o intuito de atrair para o local de venda,

Módulo 3 Administração
157

dessa forma intensificando o tráfego de clientes potenciais, em função do que


estimulam as vendas de outros artigos a preços normais.

3- Método baseado nas características do mercado:

O método baseado nas características do mercado exige conhecimento profundo do


mercado por parte da empresa. Permite ao administrador decidir se venderá o seu produto
a um preço mais alto, de modo que possa atrair as classes economicamente mais elevadas,
ou a um preço popular para que possa atrair a atenção das camadas mais pobres.

4- Método misto:

Para a formação de preços deve-se observar a combinação dos custos envolvidos;


das decisões de concorrência; e das características do mercado.

Seria muito temeroso para a administração de uma empresa estabelecer preços


sem a combinação desses fatores. Cedo ou tarde ela teria de arcar com as consequências de
sérios erros que poderiam deixar de ser cometidos.

8.9 Ponto de Equilíbrio

É o ponto onde ocorre a igualdade entre as receitas totais e o somatório das


despesas e custos de natureza fixa e variável. Para obter o ponto de equilíbrio é
indispensável que a margem de contribuição atinja um valor suficiente para dar cobertura
aos custos e despesas fixas, com base na fórmula a seguir.

MC mínima = Custos + Despesas Fixas

 Objetivos:

O cálculo do ponto de equilíbrio (receita = despesas), tem, de certa forma, atendido


satisfatoriamente às decisões empresariais relativas a:

 Alteração do mix de vendas, tendo em vista o comportamento do mercado;

 Alteração de políticas de vendas com relação ao lançamento de novos produtos;

 Definição do mix de produtos, do nível de produção e preço de produto;

 Dar solução a muitas perguntas que exigem respostas rápidas, tais como:

1- Quantas unidades de produto devem ser vendidas para obter determinado


montante de lucro?

2- O que acontecerá com o lucro se o preço aumentar ou diminuir?

3- O que acontecerá com o ponto de equilíbrio se determinada matéria-prima


Administração Módulo 3
158

aumentar 20% e não tiver condições de ser repassada aos preços dos produtos?

 Avaliação de desempenho através da análise da margem de contribuição de cada


produto;
 Planejamento e controle de vendas e de resultados.

 Formas de determinação:

O Ponto de equilíbrio pode ser apurado em unidades físicas, que representa a


quantidade a ser produzida e vendida, bem como em termos monetários que representará
quantos reais a empresa deverá vender para não ter prejuízo.

Para facilitar a análise do resultado do ponto de equilíbrio, é muito importante que


esse indicador seja determinado sob os seguintes ponto de vista:

 Contábil: São levados em conta todos os custos e despesas fixas contábeis


relacionadas com o funcionamento da empresa;

 Econômico: Adiciona-se aos custos e despesas fixas anteriormente citados, todos


os custos de oportunidade, como por exemplo aqueles referente ao uso do capital
próprio, ao possível aluguel das edificações (caso a empresa seja proprietária);

 Financeiro: Os únicos custos e despesas fixos a serem considerados são aqueles


que serão efetivamente desembolsados no período de análise, isto é, aqueles que
onerarão financeiramente a empresa.

 Simbologias utilizadas:

 P = Preço de venda;
 CV = Custos e despesas variáveis;
 CVu = Custos e despesas variáveis unitários;
 CF = Custos e despesas fixos;
 Q = Quantidade produzida e vendida do produto;
 MC = Margem de contribuição;
 MCu = Margem de contribuição unitária;
 CT = Custo total;
 RT = Receita total;
 Ro = Receita de equilíbrio;
 PE = Ponto de equilíbrio.

8.10 Margem de Segurança

A Margem de segurança significa um risco para o negócio, risco este que será maior
quanto mais próximo se encontre o volume de vendas do ponto de equilíbrio. Este risco
pode ser calculado e expresso pela margem de segurança, que tem a seguinte fórmula:

Módulo 3 Administração
159

MS = Q.V. - Q.E.
Q.V.
Em que:

 Q.V. = Quantidade Vendida


 Q.E. = Quantidade de Equilíbrio

Sempre que o negócio estiver operando acima do seu ponto de equilíbrio, o


numerador será positivo e menor que o denominador. Logo: 0 < MS > 1. Quanto mais
próximo de zero estiver a margem de segurança, maior o risco de o negócio entrar em
prejuízo caso não consiga o seu volume de vendas. Quanto mais próximo de 1 a margem de
segurança, menor este risco.

Exemplo: No negócio A, o ponto de equilíbrio é 5.000 unidades. Portanto, se o


Negócio estiver vendendo 10.000 unidades, a sua margem de segurança será:

MS = 10.000 - 5.000  0,50


10.000

A margem de segurança, ainda na hipótese simplificada que admite os gastos


variáveis diretamente proporcionais ao volume de vendas e os gastos fixos constantes
embora o volume altere, pode assumir uma outra forma:

MS = Margem Operacional
Margem de Contribuição

No exemplo do negócio A, esta fórmula daria:

MS = 0,30 = 0,50
0,60

8.11 Alavancagem

É o uso de ativos ou recursos, com custo fixo, a fim de acrescer os retornos dos
proprietários da empresa. Quanto maior a alavancagem, segundo a reação do investidor de
aversão ao risco, maior o risco, maior o retorno. O emprego da alavancagem operacional na
avaliação de uma empresa permite que se conheça sua viabilidade econômica,
identificando-se visivelmente as causas que determinaram eventuais variações nos
resultados.

8.11.1 Alavancagem operacional

É determinada pela relação entre as receitas de vendas da empresa e seu LAJIR


(Lucro antes dos juros e do Imposto de Renda). Em outras palavras, é o uso potencial de
custos operacionais fixos para aumentar os efeitos das mudanças nas vendas sobre os lucros
das empresas, antes dos juros e dos impostos. Quanto maior for o uso dos custos fixos em
relação aos custos variáveis unitários, maior será o grau de alavancagem operacional.

Administração Módulo 3
160

Exemplo: Uma empresa tem v = R$ 10,00, c = R$ 5,00 e CF = R$ 2.500,00. Calcule o


seu LAJIR para as quantidades de 500, 1.000 e 1.500 unidades produzidas.
- 50% + 50%

Quantidades – Q 500 1.000 1.500

Receitas Totais – RT 5.000 10.000 15.000


(-) Custos Variáveis – CV 2.500 5.000 7.500
(=) 2.500 5.000 7.500
(-) Custos Fixos – CF 2.500 2.500 2.500
(=) LAJIR 0 2.500 5.000

- 100% + 100%

Como pode-se notar, existe uma variação de 50% nas vendas, houve uma variação
de 100% no lucro antes do imposto de renda.

A seguir será demonstrado o que acontece com duas empresas. Uma apenas com
capital próprio e outra com capital de terceiros e despesas financeiras anuais de R$
400.000,00.

 Empresa sem capital de terceiros

Ativo = 8.000.000
Patrimônio Líquido = 8.000.000
Nº de ações: 400.000
Valor da ação: R$ 20,00

 Empresa com capital de terceiros

Ativo = 8.000.000
Passivo = 4.000.000
Patrimônio Líquido = 4.000.000
Nº de ações: 200.000
Valor da ação: R$ 20,00

 Grau de alavancagem operacional

É a medida numérica da alavancagem operacional da empresa. É representada pela


fórmula:

GAO = ___Q(v-c)__
Q(v-c) - CF

Módulo 3 Administração
161

Exemplo: Qual o grau de alavancagem financeira do exemplo inicial, ao nível de


produção de 1.000 unidades?
1.00010  5
GAO  2
1.00010  5  2.000

O GAO é igual a 2, ou seja, cada vez que eu vario as receitas, o lucro operacional
varia em dobro.

8.11.2 Alavancagem financeira

Quanto à alavancagem financeira, podemos dispor dos seguintes dados:

Lucro Antes dos Juros e do Imposto de Renda: LAJIR


(-) Juros: J
(=) Lucro Antes do Imposto de Renda: LAIR
(-) Imposto de Renda (40%): IR
(=) Lucro Líquido do exercício: LLE
(-) Distribuição de dividendos: DD
(=) Lucro Depois da distribuição de dividendos: LDDD

Exemplo: Uma empresa tinha juros de empréstimos anuais de R$ 20.000,00 a juros


de 10% ao ano, a alíquota de Imposto de Renda era de 40% e distribuiu dividendos no valor
de R$ 2.400,00. Sabendo que possui 1.000 ações ordinárias, qual a variação do LPA para
níveis de LAJIR de R$ 6.000,00, R$ 10.000,00 e R$ 14.000,00?

40% + 40%

LAJIR 6.000 10.000 14.000


(-) Juros 2.000 2.000 2.000
(=) LAIR 4.000 8.000 12.000
(-) IR (40%) 1.600 3.200 4.800
(=) LLE 2.400 4.800 7.200
(-) DD 2.400 2.400 2.400
(=) LDDD 0 2.400 4.800
LL/1.000 0 2,40 4,80

100% + 100%

Assim podemos visualizar a alavancagem financeira. Quando o LAJIR varia 40%, o


LPA varia 100%, ou seja, quando há uma variação no LAJIR, o LPA varia 2,5 vezes mais.

 Grau de alavancagem financeira:

É a medida numérica do grau de alavancagem financeira da empresa. Pode-se


representá-la pela fórmula:

Administração Módulo 3
162

LAJIR
GAF 
DD
LAJIR  J 
1  IR

Segundo o exemplo anterior, calcular o GAF para um nível de LAJIR = R$ 10.000,00.

10.000
GAF   2,5
2.400
10.000  2.000 
1  0,4

8.11.3 Alavancagem total

Pode-se observar o efeito combinado das duas alavancagens, pelo exemplo que
segue.

Dados:

v = R$ 5,00 J = R$ 20.000,00 Nº de ações = 5.000


c = R$ 2,00 PC = R$ 12.000,00 Q1 = 20.000
CF = R$ 10.000,00 IR = 40% Q2 = 30.000

50%

R= 100.000 150.000
(-)CV = 40.000 60.000 GAO = ___20.000(5-2)___ = 1,2
(-)CF = 10.000 10.000 20.000(5-2) – 10.000
(=)LAJIR = 50.000 80.000

LAJIR = 50.000 80.000 GAT = 1,2 X 5,0 = 6


(-) J = 20.000 20.000
(=) LAIR = 30.000 60.000
(-) IR = 12.000 24.000 GAF =_____50.000_______ = 5
(=) LLE = 18.000 36.000 50.000-20.000-12.000
(-) DD = 12.000 12.000 1 – 0,4
(=) LL = 6.000 24.000

300%

GAT = 300%  50% = 6


LPA = 6.000  5.000 = 1,2
e 24.000  5.000 = 4,8

Outra fórmula pela qual pode-se achar o GAT (grau de alavancagem total) é a
seguinte:

Módulo 3 Administração
163

Q(v  c)
GAT 
DD
Q(v  c)  CF  J 
1  IR

Substituindo pelos valores acima,

20.0005  2
GAT  6
12.000
20.0005  2  10.000  20.000 
1  0,4

Por fim, a tabela 1 (8) mostra a comparação entre duas empresas, com composições
diferentes de demonstrativo de resultado:

Tabela 1 (8)- Comparação entre empresas


Empresas A % B %
Vendas 100 100
Custos e despesas variáveis 30 30 70 70
Margem de contribuição 70 30
Custos fixos 60 60 20 20
Lucro operacional 10 10 10 10
Fonte: Elaborado pelo autor

Embora pareça, à primeira vista, ilógico, quanto maior os custos fixos, maior a
alavancagem operacional. Afim de comprovar isto, supõe-se um aumento de 20% nas
vendas de ambas as empresas, para ver como se comporta o lucro operacional, conforme
demostrado na tabela 2 (8) a seguir.

Tabela 2 (8)- Comparação entre empresas


Empresas A % B %
Vendas 120 120
Custos e despesas variáveis 36 30 84 70
Margem de contribuição 84 36
Custos fixos 60 50 20 16,7
Lucro operacional 24 20 16 13,3
Fonte: Elaborada pelo autor

Assim, embora os custos fixos da empresa A sejam maiores do que o da empresa B,


eles proporcionam maior lucratividade, pois com o aumento das vendas o lucro de A passou
de 10% para 20% das vendas, enquanto que o lucro de B passou de 10% para 13,3%.

Assim, a alavancagem operacional de A é calculada da seguinte forma:

24
LO   140%
10

Administração Módulo 3
164

120
V   20%
100
LO 140
AO   7
V 20

E a alavancagem operacional de B é calculada da seguinte forma:


16
LO   60%
10
120
V   20%
100
LO 60
AO   3
V 20

EXERCÍCIOS

1- Suponhamos que a empresa "COROA" comercialize um produto denominado


disquete, e tenha projetado para o mês os seguintes dados hipotéticos:

 Preço de venda unitário = $ 1.500,00;


 Despesas variáveis = 60% do Preço de Venda;
 Despesas fixas do mês = $ 30.000,00.

Pede-se:

a) Cálculo do ponto de equilíbrio em unidade e valor.


b) Representação Gráfica do ponto de equilíbrio.

2- A empresa de uva comercializa o vinho tipo A e fez as seguintes projeções


hipotéticas, para os últimos meses do ano:

 Preço de venda por UND = $ 50,00;


 Margem de contribuição = 50%;
 Custos fixos do período = $ 2.500,00;
 Retorno desejado de lucro = 15%;
 S/ o capital empregado de = $ 20.000,00;
 Previsão de venda = 250 unid.

Pede-se:

a) O cálculo do ponto de equilíbrio contábil e econômico em unidades e valor.


b) Justificação do ponto de equilíbrio econômico.
c) Qual a Margem se Segurança Operacional.
d) Qual o Grau de Alavancagem se as vendas previstas aumentarem 10%.

3- A indústria de Pneus Carecas S.A. apresentou, no mês, os seguintes dados.

Módulo 3 Administração
165

Custos e Despesas Variáveis:

 Material Direto = $ 70,00/unid.;


 Mão de obra = $ 50,00/unid.;
 Comissões s/ vendas = $ 20,00/unid.

Custos e Despesas Fixas:

 Material Indireto = $ 250.000,00;


 Mão de obra indireta = $ 550.000,00;
 Outros custos e despesas = $ 500.000,00.

Informações finais:

 Preço de venda = $ 240,00/unid.;


 Patrimônio Líquido = $ 1.800.000,00.
 Previsão de Vendas = 15.000 unid.

Utilizando as informações acima, pede-se:

a) O ponto de equilíbrio contábil em quantidade e valor.


b) Faça a demonstração gráfica.
c) Qual a Margem de Segurança com este ponto de equilíbrio.
d) O volume de vendas que a empresa consiga um lucro real de 8% sobre o
patrimônio líquido. Teste seu cálculo.
e) Qual GAO se as vendas aumentarem 20% além da quantidade prevista.

4- A Empresa Paulista de Amortecedores S/A através de um levantamento em sua


contabilidade de custos, chegou à seguinte conclusão com referência aos seus
custos e despesas.

Custos e despesas fixas:

 Depreciação de Máquinas Industriais = $ 100.000/ano;


 Mão de obra indireta = $ 40.000/ano;
 Alugueis de edifícios = $ 20.000/ano;
 Seguros de máquinas industriais = $ 18.000/ano;
 Total = $ 178.000/ano.

Custos e despesas variáveis:

 Matérias primas = $ 300/unidades;


 Embalagem = $ 40/unidades;
 Mão de obra direta = $ 40/unidades;
 Comissão dos vendedores = $ 20/unidades;
 Total = $ 400/unidades.

Administração Módulo 3
166

Informação final:

 Previsão de vendas = 200 unidades/ano.

Sabendo-se que o preço de venda é de $ 2.000 por unidade do produto


"amortecedor", pergunta-se:
a) Quantos amortecedores deverão ser produzidos e vendidos por ano, para atingir
o ponto de equilíbrio?

b) Qual é o valor da receita nesse ponto? Fazer a demonstração gráfica.

c) Qual a Margem de Segurança neste ponto.

d) Se a empresa pretende um lucro de 30% sobre as receitas totais, quantas


unidades deverá produzir e vender durante o ano?

e) De quanto será este lucro?

f) Qual o GAO neste ponto se as vendas prevista aumentarem 10%.

g) Sabendo que a empresa deseja um retorno mínimo de 10% ao ano sobre o seu
patrimônio líquido de $ 840.000, e que ela tem compromissos fixos para o ano
de $ 6.000, mensais, a título de amortização de dívidas assumidas, pede-se:

 O ponto de equilíbrio econômico;


 O ponto de equilíbrio financeiro.

5- A Industrial Canarinho, industrializa os produtos ALFA e BETA, apresentando em


Março/200X, os seguintes gastos:

 Depreciação fábrica = $ 65.000,00;


 Salário operários fábrica = $ 110.000,00;
 Matéria prima consumida = $ 530.000,00;
 Seguro da fábrica = $ 25.000,00;
 Seguro prédio administrativo = $ 15.000,00;
 Honorários da diretoria = $ 50.000,00;
 Manutenção fábrica = $ 35.000,00;
 Correios e telégrafos = $ 5.000,00;
 Comissão s/vendas = $ 10.000,00;
 Juros s/ financiamento = $ 15.000,00;
 Despesas c/ veículos vendedores = $ 12.000,00;
 Energia elétrica fábrica = $ 40.000,00;
 Material de consumo escritório = $ 25.000,00;
 Frete venda = $ 15.000,00;
 Total = 952.000,00.

O consumo de matéria prima é controlado através de requisição, estando assim

Módulo 3 Administração
167

distribuída.

 Produto ALFA = $ 300.000,00;


 Produto BETA = $ 230.000,00.

A mão de obra utilizada na fábrica, cujo controle se realiza através de cartões de


apontamento, determina os seguintes valores neste mês:

 Mão de Obra Indireta = $ 30.000,00;


 Mão de Obra Direta (MOD) = $ 80.000,00.

Sendo alocado a cada produto os valores: ALFA $ 45.000,00 e produto BETA $


35.000,00.

Pede-se:

a) Efetuar a separação entre custos de produção e despesas.


b) Efetuar a apropriação dos custos Diretos.
c) Efetuar a apropriação dos custos Indiretos, pelo critério da proporcionalidade do
custo direto, aos produtos ALFA E BETA.
d) Efetuar a contabilização dos custos.

6- A empresa INDUSTRIAL, apresentou em determinado período os seguintes


gastos, para a produção dos seus três produtos A, B e C.

 Comissão de vendedores = $ 100.000,00;


 Salário fábrica = $ 140.000,00;
 Matéria prima consumida = $ 400.000,00;
 Salário da administração = $ 120.000,00;
 Depreciação fábrica = $ 85.000,00;
 Honorários da diretoria = $ 50.000,00;
 Manutenção escritório = $ 35.000,00;
 Material de expediente = $ 5.000,00;
 Manutenção fábrica = $ 30.000,00;
 Juros s/ financiamento = $ 30.000,00;
 Embalagem diversas produção = $ 15.000,00;
 Energia elétrica fábrica = $ 55.000,00;
 Uniformes e equipamentos fábrica = $ 40.000,00;
 Frete de venda = $ 12.000,00;
 Total = 1.117.000,00.

O consumo de matéria prima é controlado através de requisição, estando assim


distribuída.

 Produto A = $ 180.000,00;
 Produto B = $ 95.000,00;
 Produto C = $ 125.000,00.

Administração Módulo 3
168

Quanto a mão de obra, pelos apontamentos da empresa, constatou-se os seguintes


valores:

 Mão de Obra Indireta = $ 20.000,00


 Mão de Obra Direta (MOD) = $ 120.000,00
Assim distribuídos:

 Produto A = $ 48.000,00;
 Produto B = $ 27.000,00;
 Produto C = $ 45.000,00.

Venda de sua produção por $ 1.378.000,00.

Pede-se:

a) Efetuar a separação entre custos de produção e despesas.


b) Efetuar a apropriação dos custos Diretos.
c) Efetuar a apropriação dos custos Indiretos, aos produtos observado os seguintes
critérios:

 Proporcional ao custo direto dos produtos;


 Proporcional a mão de obra direta alocada aos produtos.

d) Efetuar a contabilização dos custos, nos dois critérios de rateio.


e) Fazer a demonstração de resultado.

Módulo 3 Administração
169

REFERÊNCIAS

CREPALDI, Sílvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade de Custos, Editora Atlas, 2008.

DUTRA, René Gomes. Custos: uma abordagem prática – textos e exercícios, Editora Atlas,
2009.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos, Editora Atlas, 2006.

Administração Módulo 3
170

ANOTAÇÕES:
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CONTABILIDADE FISCAL/
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
173

9 CONTABILIDADE FISCAL/LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Esta disciplina analisa a relação existente entre a legislação fiscal/tributária e as


empresas em geral.

9.1 Conceito de Direito Tributário

O direito tributário regula a atividade financeira da máquina estatal, no que se


refere a tributação. Já o direito financeiro regula toda a atividade financeira do Estado,
menos a que se relaciona a tributação.

Sendo assim, tributo é um termo genérico no qual estão incluídos os impostos, as


taxas, as contribuições de melhoria, as contribuições sociais e os empréstimos compulsórios.
Seu conceito é extraído do artigo 3º do CTN. Através desse conceito pode-se extrair as
seguintes características essenciais inerentes aos tributos:

 Prestação:

O objeto da obrigação tributária é o ato de prestar, ou seja, realizar o


pagamento.

 Pecuniária:

Pecúnia significa dinheiro. Então tributo é uma prestação em dinheiro (como


regra).

 Compulsória:

Obrigatoriedade é um traço primordial do tributo. Não existe uma facultatividade.

 Em moeda ou cujo valor se possa exprimir:

Como regra, o tributo deve ser pago em dinheiro (moeda corrente no país). Mas
existe a possibilidade de ser pago segundo o art. 162 do CTN, ou seja, em moeda corrente,
cheque ou vale postal, ou nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou
por processo mecânico. Vale salientar que o direito brasileiro desconhece tributo in natura e
tributo in labore.

 Que não constitua sanção de ato ilícito:

O tributo se diferencia da penalidade porque esta tem como hipótese de incidência


um ato ilícito, enquanto a hipótese de incidência de tributo é sempre algo lícito.

Não pode se concluir, por isto, que um rendimento auferido em atividade ilícita não
está sujeito ao tributo. Nem se diga que admitir a tributação de tal rendimento seria admitir
a tributação do ilícito. É importante, assim, a distinção entre hipótese de incidência, que é a
descrição normativa da situação de fato, e fato gerador do tributo.

Administração Módulo 3
174

Quando se diz que o tributo não constitui sanção de ato ilícito, isto quer dizer que a
lei não pode incluir na hipótese de incidência tributária o elemento ilicitude. Não pode
estabelecer como necessária e suficiente a ocorrência da obrigação de pagar um tributo
uma situação que não seja lícita. Se o faz, não está instituído um tributo, mas uma
penalidade. Todavia, um fato gerador de tributo pode ocorrer em circunstâncias ilícitas, mas
essas circunstâncias são estranhas à hipóteses de incidência do tributo, e por isso mesmo
irrelevantes do ponto de vista tributário.

Exemplo: Alguém percebe rendimento decorrente da exploração do lenocínio ou


de casa de prostituição, ou de jogo de azar, ou de qualquer outra atividade criminosa ou
ilícita. O tributo é devido. Não que incida sobre a atividade ilícita, mas porque a hipótese de
incidência do tributo, no caso, que é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica
dos rendimentos, ocorreu. Para que o imposto de renda seja devido é necessário que ocorra
aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer
natureza. E isto é suficiente. Nada mais se há de indagar para que se tenha como
configurado o fato gerador do tributo em questão.

As sanções de atos ilícitos, mesmo pecuniárias, não são tributos, por se revestirem
de caráter punitivo. É o caso das multas, que se incluem, quando arrecadadas no rol das
receitas derivadas, mas não são tributos. A multa faz parte do objeto da obrigação tributária
principal, juntamente com o tributo, mas com este não se confunde. Paga-se o tributo no
cumprimento de um dever legal. Já a multa pressupõe a transgressão de mandamento legal,
como consequência, a imposição de penalidade pecuniária. As multas constituem, enfim,
sanções decorrentes de práticas ilícitas.

Geraldo de Ataliba afirma que é notável a cláusula que não constitua sanção de ato
ilícito porque permite extremar o tributo das multas. Se não se fizesse a ressalva, o conceito
ficaria ambíguo – e, pois, cientificamente inútil - por excessivamente compreensivo, a ponto
de abranger entidade tão distinta como é a multa de direito público. (in “Hipótese de
incidência tributária”, Ed. Revista dos Tribunais, p. 25).

Assim, conclui-se, que as situações como a aquisição de disponibilidade econômica


ou jurídica de rendimentos são suficientes para o nascimento de obrigações tributarias como
o imposto de renda, ainda que tais rendimentos sejam provenientes de atividades ilícitas
como o jogo do bicho (a hipótese de incidência é a aquisição de disponibilidade financeira e
não o jogo do bicho).

 Instituída em lei:

Para que o tributo seja exigido legitimamente, necessário se torna que a lei o
estabeleça com antecedência ao fato que dê motivo à cobrança exercida pelo Estado. Vale
dizer, sem lei não há tributo. O princípio da legalidade, atrelado ao da anterioridade da lei
tributária, acha-se traduzido em nossa constituição: nenhum tributo será exigido, sem que a
lei o estabeleça. O artigo 3º do CTN reitera o princípio da legalidade. E Rui Barbosa Nogueira
ainda adverte que o tributo somente pode ser criado mediante lei material.

Módulo 3 Administração
175

 Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada:

É de competência da Fazenda Pública lançar o tributo. A atividade administrativa de


lançamento é vincula e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, conforme
estabelece o parágrafo único do artigo 142 do CTN. Salientando que atos vinculados são
aqueles nos quais a administração está presa ao texto da lei, dela não podendo se afastar.

9.2 Tributo como Receita Derivada

Segundo a lei 4.320, de 17 de março de 1964, que instituiu normas gerais de direito
financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal, o tributo é uma receita derivada pelas entidades de direito
público, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições, nos termos da CF das leis
vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais
ou especificas exercidas por essas entidades.

Assim, receita originaria, também conhecidas como receitas imediatas,


patrimoniais, de domínio privado, de economia privada ou receitas de direito privado, são
aquelas que o Estado aufere de suas próprias fontes de riqueza, seja em razão de seu
patrimônio rendoso, ou do exercício de uma indústria ou de um comercio. Essas receitas são
denominadas de originarias, porque tem origem no próprio patrimônio do Estado.

9.3 Competência e Capacidade Tributária

A competência tributária envolve não só o poder de fiscalizar e cobrar tributos, mas


também o de legislar a respeito. Não tem competência tributária o ente público desprovido
de poder legislativo. Assim, a competência tributária, em estrito sentido legal, pertence
exclusivamente à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

Já a capacidade tributária é um conceito, que envolve apenas a fiscalização e a


cobrança, por delegação, sem poder de legislar. Nesse caso está, por exemplo, o INSS. A
atribuição de arrecadar tributos a pessoa de direito privado não constitui delegação, mas
apenas uma relação contratual (CTN, art. 7°, § 3°).

A competência é privativa quando pertence a uma só entidade, como no caso do


ISS, que é atribuído aos Municípios. É comum quando pertinente a todas as entidades, como
é o caso das taxas e contribuições de melhoria, dentro da área de atuação de cada uma.

A competência é concorrente quando atribuída aos Municípios, aos Estados e à


União, ficando esta, com o direito de editar as normas gerais e os outros entes, as normas
suplementares.

Na omissão da União, podem os outros entres públicos editar também as normas


gerais, válidas enquanto perdurar referida omissão (CF, art. 24, §§ 3° e 4°).

Competência residual é a faculdade, dada à União, de criar outros impostos, por lei
complementar, além dos previstos no art. 153 da Constituição federal, desde que não-

Administração Módulo 3
176

cumulativos e com fato gerador diverso dos impostos existentes (CF, art. 1254, I).

Por fim, a competência extraordinária é a referente a impostos que podem ser


criados pela União, no caso de guerra (CF, art. 154, II).

9.4 Impostos, Contribuições, Taxas e Contribuições de Melhoria

A legislação tributária possui uma extensa série de hipóteses geradoras de tributos.


Havendo a incidência de um fato sobre umas dessas hipóteses previstas, nascerá a obrigação
do contribuinte para com o Fisco.

9.4.1 Tributo

O Código Tributário Nacional define como tributo "toda prestação pecuniária


compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de
ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada".

Os tributos têm três funções próprias segundo o jurista Hugo de Brito Machado, a
saber:

 Função Fiscal: Quando seu objetivo principal é a arrecadação de recursos


financeiros para o Estado;

 Função Extrafiscal: Quando seu objetivo principal é a interferência no domínio


econômico, buscando um efeito diverso da simples arrecadação de recursos
financeiros;

 Função Parafiscal: Quando seu objetivo é a arrecadação de recursos para o


custeio de atividades que, em princípio, não integram funções próprias do Estado,
mas que este as desenvolve através de entidades específicas.

Exemplo: O imposto de renda exercendo função fiscal; as alterações do IPI, como


função extrafiscal e por fim, as contribuições anuais pagas pelos profissionais à órgãos como
OAB, CREA, CFC etc.

O artigo 5º do CTN menciona como espécies de tributos: impostos, taxas e


contribuições de melhoria. No entanto, sob a inteligência dos artigos 148 e 149 do Sistema
Tributário Nacional, consubstanciado na Constituição Federal, evidencia-se que há mais duas
espécies tributárias, a saber: o empréstimo compulsório e as contribuições especiais.

 Impostos:

Os impostos podem ser Federais, Estaduais e Municipais, sendo os principais destes,


os elencados a seguir.

Módulo 3 Administração
177

 Impostos Federais:

1- Imposto sobre a exportação de produtos nacionais ou nacionalizados – IE;


2- Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros – II;
3- Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou
Valores Mobiliários – IOF;
4- Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI;
5- Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza – IR;
6- Imposto Territorial Rural – ITR.

 Impostos Estaduais

1- Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e prestação de


Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação – ICMS;
2- Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA;
3- Imposto sobre Transmissões Causa Mortis e Doações de Qualquer Bem ou
Direito – ITCMD.

 Impostos Municipais

1- Imposto sobre a Propriedade predial e Territorial Urbana - IPTU;


2- Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS;
3- Imposto sobre Transmissão intervivos de Bens e Imóveis e de direitos reais a eles
relativos – ITBI.
4- Há também o Imposto sobre Grandes Fortunas - IGF que, apesar de previsto na
Constituição, está ocioso, aguardando lei complementar que o regule.

 Taxas:

O artigo 77 do CTN dispõe que "as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como
fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de
serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição".
Este dispositivo legal tem consonância com o 145, II da CF. Portanto, a fim de exemplificar,
pode-se citar as seguintes taxas:

 Taxa de Fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários - CVM (Lei 7.940/89);


 Taxa de Fiscalização e Controle da Previdência Complementar - TAFIC (MP 233/04,
art. 12);
 Taxa de Licenciamento Anual de Veículo;
 Taxa de Utilização do MERCANTE - decreto 5.324/04;
 Taxa de Utilização do SISCOMEX;
 Taxa Processual Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE (Lei
9.718/98);
 Taxas do Registro do Comércio - Juntas Comerciais.

Administração Módulo 3
178

 Contribuição de Melhoria:

O artigo 81 do CTN, afirma que:

"A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo


Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada
e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
cada imóvel beneficiado".

Neste mesmo sentido, o professor Geraldo Ataliba define a contribuição de


melhoria como "instrumento puro e simples de realização do princípio constitucional e legal
que atribui ao poder público a valorização imobiliária causada por obra pública".

Em tese, a contribuição de melhoria, é uma instituição que favorece a justiça social.


Além disso, cria recursos impreteríveis ao desenvolvimento da infraestrutura,
proporcionando melhora na qualidade de vida aos contribuintes.

 Contribuições especiais:

As diretrizes das contribuições especiais estão na Constituição Federal. O artigo 149


da Carta Magna dispõe que "compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais,
de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas" (...).

Segundo Roque Antônio Carrazza:

"Com a só leitura deste artigo já percebemos que a Constituição Federal


prevê três modalidades de 'contribuições': as interventivas, as corporativas
e as sociais. Todas elas têm natureza nitidamente tributária, mesmo
porque, com a expressa alusão aos 'arts. 146, III e 150, I e III', ambos da
Constituição Federal, fica óbvio que deverão obedecer ao regime jurídico
tributário, isto é, aos princípios que informam a tributação no Brasil. Tal,
diga-se de passagem, a jurisprudências do Pretório Excelso".

São exemplos das contribuições acima transcritas:

 PIS (Programa de Integração Social) Pasep (Programa de Formação do Patrimônio


do Servidor Público);
 Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins;
 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL.
 Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho - SAT;
 Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena Empresa - Sebrae -( Lei
8.029/90);
 Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Comercial - Senac - Decreto (Lei
8.621/46);
Módulo 3 Administração
179

 Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Industrial - Senai (Lei 4.048/42);


 Contribuição ao Serviço Social da Indústria - Sesi (Lei 9.403/46);
 Contribuição ao Serviço Social do Comércio - Sesc (Lei 9.853/46);
 Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo – Sescoop (MP 1.715-2/98);
 Contribuição ao Serviço Social dos Transportes - Sest (Lei 8.706/93);
 Contribuição Confederativa Laboral - dos empregados;
 Contribuição Confederativa Patronal- das empresas;
 Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – Cide Combustíveis (Lei
10.336/01);
 Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – Cide Remessas Exterior (Lei
10.168/00).

 Empréstimos Compulsórios:

Por fim, prevê o artigo 15 do CTN que somente a União, excepcionalmente, pode
instituir empréstimos compulsórios. São os casos de: guerra externa, ou sua iminência;
calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos
orçamentários disponíveis; conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.

 Observação:

Os principais impostos e contribuições afetos à pessoa jurídica são: ICMS, IPI, ISS,
IRPJ, empresas do LUCRO PRESUMIDO, empresas do LUCRO ARBITRADO, empresas do
LUCRO REAL Contribuição Social, PIS, Cofins.

9.5 ICMS

ICMS é o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre


Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. É
um tributo de competência estadual, previsto no artigo 1 55, II, da Constituição. Cada
estado, portanto, tem uma legislação distinta disciplinando o imposto, que, por sua vez, é
condicionada por regras previstas em lei complementar federal, editada na forma do artigo
1 55, §2°, XII, da Constituição. Atualmente, tais regras estão previstas na Lei Complementar
87/96, também conhecida como "Lei Kandir"4.

 Operações e serviços tributáveis:

O critério material ou materialidade hipótese de incidência do ICMS decorre do


artigo 155, II, da Constituição, e está disciplinado no artigo 2° da Lei Complementar 87/96.
De acordo com esse dispositivo, o imposto incide sobre:

 Operações relativas à circulação de mercadorias;


 Prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal;
 Prestação onerosa de serviços de comunicação;
 Importação de bens e mercadorias;
 Sobre a produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de petróleo,
inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, minerais e

Administração Módulo 3
180

energia elétrica.

 Hipótese de incidência:

Para que o ICMS se torne devido, além da materialidade do imposto definida no


artigo 2°, deve-se observar o disposto no artigo 12 da Lei Complementar 87/96, que define o
aspecto temporal da hipótese de incidência, ou seja, o momento em que a materialidade
deve ocorrer para que o fato possa ser tributado (CARRAZZA, 2005, p. 44).
Segundo o artigo 12 da Lei Complementar 87/96, considera-se ocorrido o fato
gerador no momento:

 Da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte;


 Do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal;
 Das prestações onerosas de serviços de comunicação;
 Do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior;
 Da entrada no território do estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e
gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro estado,
quando não destinados à comercialização ou à industrialização.

Assim, não basta, por exemplo, a simples saída de mercadoria do estabelecimento


do contribuinte (art. 12, l). Também deve ocorrer uma operação que justifique essa saída, ou
seja, que implique a circulação jurídica (a mudança da titularidade) do bem (art. 2°, l). Do
contrário, o tributo será indevido.

 Não-cumulatividade:

O ICMS é um tributo plurifásico, que incide sobre o preço bruto da mercadoria em


todas as fases de circulação econômica, desde a produção até o consumo final. Essa
característica faz com que o imposto onere a parcela já tributada nas operações anteriores,
gerando o chamado efeito "cascata" da tributação. Devido a ele, uma alíquota de 5%, após
cinco operações sucessivas, pode implicar uma carga total de até 25% (BALEEIRO, 2001, p.
392). Para Tércio Sampaio Ferraz Júnior esses efeitos são prejudiciais à economia, pois:

Produz uma falta de uniformidade na carga tributária para todos os


consumidores, os quais são os que, de fato, a suportam. Este efeito, que se
torna tão mais extenso quanto mais longo é o ciclo de produção e de
comercialização, acaba por gerar uma espécie de perversão da justiça
tributária, fazendo com que seja menor a carga de produtos supérfluos e
mais onerosa a de produtos essenciais. Compare-se, neste sentido, o ciclo
de produção e comercialização de joias com o da carne, o primeiro, por sua
natureza, mais curto que o segundo, (s. d., p. 19)

Para evitar os efeitos prejudiciais da tributação em cascata, a Constituição


estabelece que o ICMS (art. 155, §2°, l) deverá ser não-cumulativo: “será não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou
prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado
ou pelo Distrito Federal.”

Módulo 3 Administração
181

A não-cumulatividade do ICMS é operacionalizada através de um sistema de


abatimentos ou de deduções, no qual o contribuinte credita o valor do imposto incidente na
operação anterior (entradas), descontando-o do valor a pagar na operação seguinte (saídas)
(CARRAZZA, 205, p. 208).

O imposto devido pelo sujeito passivo, assim, corresponderá ao saldo dessa


operação, que é feita no final de cada mês, conforme expõe Hugo de Brito Machado:
Efetiva-se a não-cumulatividade no momento da apuração do valor do
imposto a ser pago. As entradas de mercadorias e os recebimentos de
serviços tributados, de um lado, a ensejarem crédito. De outro as saídas de
mercadorias e as prestações de serviços tributadas a ensejarem débito.
Toma-se então o total dos débitos, e dos créditos, em determinado
período, subtraindo-se um do outro. O saldo devedor é o valor do imposto
a ser pago naquele período. Havendo saldo credor, será este transferido
para o período seguinte. Opera-se a compensação entre os créditos e os
débitos, recolhendo-se o saldo devedor, quando for o caso, ou
transferindo-se para o período seguinte o saldo credor que porventura
existir. (1999, p. 138).

Exemplo: Em razão da não-cumulatividade, um comerciante de celulares que


comprou 100 aparelhos por um preço de custo de R$ 500,00, sujeito a 17% de ICMS, ao
vendê-los por R$ 700,00 cada, pagará R$ 3.400,00 de imposto, ao invés de R$ 11.900,00 se o
tributo fosse cobrado em “cascata”.

 Outros aspectos:

As alíquotas do ICMS são variáveis em função da legislação de cada Estado e do


Distrito Federal. Em geral, variam de 12% a 17% nas vendas de mercadorias e 25% a 30% nos
serviços de telecomunicações e no fornecimento de energia elétrica. Há casos, no entanto,
em que é possível encontrar situações especiais, em que determinadas mercadorias ou
serviços estão submetidos a alíquotas inferiores.

Nas operações e prestações interestaduais entre contribuintes do imposto, a


alíquota é definida pela Resolução 22/89, do Senado Federal, que estabelece percentuais de
12% e de 7%, variáveis em função do destino da mercadoria ou serviço.

A base de cálculo do imposto, de acordo com o artigo 13 da Lei Complementar


87/93, é o preço da mercadoria ou do serviço, acrescido do valor correspondente:

 Ao do montante do próprio imposto;


 A seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como
descontos concedidos sob condição;
 Ao frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta
e ordem e seja cobrado em separado.

O ICMS, portanto, integra a sua própria base de cálculo, o que, tecnicamente,


significa que é calculado "por dentro". Assim, um imposto com a alíquota nominal de 25%

Administração Módulo 3
182

acaba tendo uma alíquota real de 33,33%. Essa forma de cálculo, bastante questionada pelos
contribuintes porque torna a carga fiscal pouco transparente, foi considerada constitucional
pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário 212.209-RS5.
Posteriormente, com a Emenda 33/2001, acabou sendo prevista no próprio texto
constitucional (art. 155, §2. °, XII, "f").

Por fim, destaca-se que na importação, a base de cálculo do imposto é ainda mais
ampla, compreendendo não apenas o preço da mercadoria ou bem constante dos
documentos de importação, como também o valor do imposto de importação, do imposto
sobre produtos industrializados, do imposto sobre operações de câmbio (IOF) e quaisquer
outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras.

9.6 IPI

IPI é o Imposto sobre Produtos Industrializados, sendo um tributo de competência


federal, previsto no artigo 155, II, da Constituição. É disciplinado pelo Código Tributário
Nacional (Arts. 46 e ss.), pela Lei Federal 4.502/1964, pelo Decreto-Lei 34/66 e outras leis
federais específicas, consolidadas no Decreto 4.544/2002 (Regulamento do IPI - RIPI). As
alíquotas do imposto, por sua vez, são previstas no Decreto 6.006/2006, que aprova a Tabela
de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI).

 Materialidades do imposto>

Origina-se do artigo 153, IV, da Constituição, e do artigo 46 do Código Tributário


Nacional, que preveem a incidência do imposto sobre as seguintes atividades:

 Operações com produtos industrializados (negócios jurídicos que impliquem a


mudança da posse ou da propriedade de produtos industrializados)6 (VIEIRA,
1993, p. 74-75) ou transferência onerosa (venda) de produto industrializado
(CARVALHO, 2003, p. 50.);
 A importação de produtos industrializados (IPI-Importação).

Produto industrializado, por sua vez, é definido pelos artigos 3° e 4° do


Regulamento do IPI nos seguintes termos:

Art. 3. ° Produto industrializado é o resultante de qualquer operação


definida neste Regulamento como industrialização, mesmo incompleta,
parcial ou intermediária.
Art. 4. ° Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a
natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade
do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei 4.502, de 1964,
art. 3°, parágrafo único, e Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46,
parágrafo único):
I- A que, exercida sobre matéria-prima ou produto intermediário, importe
na obtenção de espécie nova (transformação);

Módulo 3 Administração
183

II- A que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar


o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto
(beneficiamento);
III- A que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte
um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma
classificação fiscal (montagem);
IV- A que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da
embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a
embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria
(acondicionamento ou reacondicionamento);
V- A que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto
deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização
(renovação ou recondicionamento).
Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como
industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a
localização e condições das instalações ou equipamentos empregados.

 Hipótese de incidência:

A hipótese de incidência do IPI considera-se ocorrida, nos termos do artigo 46 do


Código Tributário Nacional e do artigo 34 do RIPI: Com a saída do produto industrializado do
estabelecimento produtor ou no momento do desembaraço aduaneiro, no IPI incidente na
importação.

Portanto, assim como ocorre no ICMS, o IPI somente será devido após a realização
plena de todos os elementos da hipótese de incidência, ou seja, diante da presença dos
pressupostos definidos pelo artigo 46 do Código Tributa rio Nacional e do artigo 34 do RIPI
(VIEIRA, 1993, p. 80). Não basta a saída do produto industrializado do estabelecimento
produtor. Exige-se também a ocorrência de um negócio jurídico (venda) que implique a
transferência onerosa do bem.

 Não-cumulatividade:

Para evitar o efeito em cascata da tributação, a Constituição estabelece que o IPI


será não-cumulativo, o que significa que o contribuinte, a exemplo do que ocorre com o
ICMS, pode compensar o que for devido em cada operação com o montante do imposto
cobrado nas anteriores (art. 153, §3°, II).

 Outros aspectos:

As alíquotas do IPI são previstas no Decreto 6.006/2006, que aprova a Tabela de


Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI). Em geral, por força do princípio
da seletividade8 (CF, art. 153, §3°), variam de zero, 5%, 10%, 20%, 45 %, 60% e até 330%,
conforme a natureza e a essencialidade do produto.

A legislação do IPI também prevê alíquotas específicas, variáveis em função da

Administração Módulo 3
184

quantidade do produto (litro, dezena, vintena), como ocorre, por exemplo, com
determinadas bebidas, tabaco e outros manufaturados.

A base de cálculo do IPI sobre produtos industrializados vem prevista no artigo 14,
II, da Lei 4.502/64 (alterado pelo artigo 15 da Lei 7.798/89 e pelo artigo 47, II, "a", do CTN)
como sendo "[...] o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento
industrial ou equiparado a industrial", compreendendo o preço do produto, acrescido do
valor do frete e das demais despesas acessórias, cobradas ou debitadas pelo contribuinte ao
comprador ou destinatário" (§1°). Portanto, além do preço do produto, o valor da operação
compreende as despesas acessórias (definidas no Parecer Normativo CST 341/71, como
sendo “outros gastos necessários à realização da operação, como sejam frete, seguro, juros,
despesas com carga, descarga, despacho, encargos portuários e outras que tais”).

Na importação, por sua vez, a base de cálculo constitui "o valor que servir de base,
ou que serviria se o produto tributado fosse, para o cálculo dos tributos aduaneiros,
acrescido do valor destes e dos ágios e sobretaxas cambiais pagos pelo importador" (Lei
4.502/64, art. 14, l, "b", e CTN, art. 47, l). O valor do imposto de importação, por sua vez, é
apurado nos termos das normas do GATT (Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e
Comércio), aprovado pelo Decreto Legislativo 9/81 e promulgado pelo Decreto 92.930/86.

Ao contrário do ICMS, o IPI é calculado "por fora", o que significa que o valor do
imposto não integra a sua própria base. Apesar disso, a Receita Federal exige a inclusão do
ICMS na base de cálculo do IPI (VIEIRA, 1993, p. 117).

9.7 ISS

O ISS é o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza. Sendo ele um tributo de


competência municipal, o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, conhecido apenas
como ISS ou ISSQN, está submetido a legislações distintas em cada um dos municípios
brasileiros.

Apesar disso, não há grandes discrepâncias em sua disciplina legal, porque a


Constituição (artigos. 146, III, e 156, III), antecipando-se a possíveis conflitos normativos,
previu a edição de uma lei complementar federal sobre o tema, que deve ser obedecida
pelas legislações municipais. Atualmente, está em vigora Lei Complementar 116, de 31 de
julho de 2003, que, ao lado do Decreto-Lei 406, de 31 de dezembro de 1968, estabelece,
entre outras matérias, normas gerais e os serviços tributáveis pelo ISS.

 Serviços tributáveis:

A materialidade da hipótese de incidência ou fato gerador do ISS - fato que, nos


termos da lei, deve ocorrer para que o imposto se torne devido - decorre do artigo 156, III,
da Constituição, e está prevista no artigo 1.° da Lei Complementar 116/2003, que assim
estabelece que o “Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos
Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes
da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do
prestador.” O imposto é devido, portanto, sempre que alguém prestar um dos serviços

Módulo 3 Administração
185

elencados na Lei Complementar 116/2003, dentre os quais cabe destacar:

 Serviços de informática e congêneres;


 Serviços de pesquisas e desenvolvimento de qualquer natureza;
 Serviços prestados mediante locação, cessão de direito de uso e congêneres;
 Serviços de saúde, assistência médica e congêneres;
 Serviços de medicina e assistência veterinária e congêneres;
 Serviços de cuidados pessoais, estética, atividades físicas e congêneres;
 Serviços relativos a engenharia, arquitetura, geologia, urbanismo, construção civil,
manutenção, limpeza, meio ambiente, saneamento e congêneres;
 Serviços de educação, ensino, orientação pedagógica e educacional, instrução,
treinamento e avaliação pessoal de qualquer grau ou natureza;
 Serviços relativos a hospedagem, turismo, viagens e congêneres;
 Serviços de intermediação e congêneres;
 Serviços de guarda, estacionamento, armazenamento, vigilância e congêneres.
 Serviços de diversões, lazer, entretenimento e congêneres;
 Serviços relativos a fonografia, fotografia, cinematografia e reprografia;
 Serviços relativos a bens de terceiros;
 Serviços relacionados ao setor bancário ou financeiro, inclusive aqueles prestados
por instituições financeiras autorizadas a funcionar pela União ou por quem de
direito;
 Serviços de transporte de natureza municipal;
 Serviços de apoio técnico, administrativo, jurídico, contábil, comercial e
congêneres;
 Serviços de regulação de sinistros vinculados a contratos de seguros; inspeção e
avaliação de riscos para cobertura de contratos de seguros; prevenção e gerência
de riscos seguráveis e congêneres;
 Serviços de distribuição e venda de bilhetes e demais produtos de loteria, bingos,
cartões, pules ou cupons de apostas, sorteios, prêmios, inclusive os decorrentes
de títulos de capitalização e congêneres;
 Serviços portuários, aeroportuários, ferro portuários, de terminais rodoviários,
ferroviários e metroviários;
 Serviços de registros públicos, cartorários e notariais;
 Serviços de exploração de rodovia;
 Serviços de programação e comunicação visual, desenho industrial e congêneres.
 Serviços de chaveiros, confecção de carimbos, placas, sinalização visual, banners,
adesivos e congêneres;
 Serviços funerários;
 Serviços de coleta, remessa ou entrega de correspondências, documentos,
objetos, bens ou valores, inclusive pelos correios e suas agências franqueadas;
courrier e congêneres;
 Serviços de assistência social;
 Serviços de avaliação de bens e serviços de qualquer natureza;
 Serviços de biblioteconomia;
 Serviços de biologia, biotecnologia e química;
 Serviços técnicos em edificações, eletrônica, eletrotécnica, mecânica,
telecomunicações e congêneres;

Administração Módulo 3
186

 Serviços de desenhos técnicos;


 Serviços de desembaraço aduaneiro, comissários, despachantes e congêneres;
 Serviços de investigações particulares, detetives e congêneres;
 Serviços de reportagem, assessoria de imprensa, jornalismo e relações públicas;
 Serviços de meteorologia;
 Serviços de artistas, atletas, modelos e manequins;
 Serviços de museologia;
 Serviços de ourivesaria e lapidação;
 Serviços relativos a obras de arte sob encomenda.

Ao longo de muito tempo, discutiu-se a possibilidade de ampliação dessa listagem


pela legislação dos municípios. A Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, porém, tem
entendido que a lista tem natureza taxativa. Apesar disso, alguns municípios ainda insistem
em tributar serviços não previstos no anexo da Lei Complementar 116/2003. Por isso, é
importante compará-la com a lista vigente no município. Havendo divergências, a empresa
poderá questionar a exigência do tributo na Justiça, com grandes possibilidades de êxito.

Segundo Melo (2000, p. 30), também deve-se considerar que muitos dos itens da
lista não se enquadram no conceito de serviço de direito privado, o que é considerado
inconstitucional e contrário ao disposto no artigo 110 do Código Tributário Nacional. Isso
ocorre, por exemplo, com a locação de bens móveis, como destaca Aires F. Barreto, em
estudo específico sobre o tema: Locar, ou alugar uma coisa é ceder, mediante remuneração,
o direito de uso dessa coisa.

É, portanto, cessão de direito, onerosa e temporária. É fato subsumível, claramente,


à competência residual da União. Por outro lado, não configura prestação de serviço, seja
qual for o ângulo por que se contemple. As cessões de direito - onerosas ou gratuitas,
temporárias ou definitivas - não são serviço: não envolvem nenhuma prestação de esforço
pessoal para outrem (em benefício de terceiro).

Logo, a circunstância de o item 79 da lista veiculada pela Lei Complementar 56/87


arrolar como "serviço" a locação importa inconstitucionalidade, porque a lei complementar
não pode tudo; não pode listar o que serviço não seja. O poder de listar serviço, mesmo se
existente, só atua onde houver serviço; nunca para transformar em serviço atividades dele
diversas. (BARRETO, 2003, p. 123-124)

Antes de iniciar o recolhimento do ISS, portanto, o empresário e o administrador


devem buscar um assessoramento jurídico especializado, visando determinar se o
enquadramento da atividade da empresa não está sendo objeto de questionamento
judiciais.

 Outros aspectos:

O ISS tem sua alíquota definida pela lei municipal competente, observado, no
entanto, os parâmetros no artigo 8°, II, da Lei Complementar 116/2003 e no artigo 88, l, do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que estabelecem alíquotas máxima de 5% e
mínima de 2%. Nenhum município, portanto, pode adotar alíquotas superiores ou inferiores

Módulo 3 Administração
187

a esses parâmetros. A base de cálculo, por sua vez, é o preço do serviço, ou seja, a
remuneração cobrada pelo prestador (Lei Complementar 116/2003, artigo 7°).

O contribuinte do imposto, de acordo com a legislação complementar, é o


prestador do serviço (art. 5.°}. Os municípios, no entanto, através de leis locais, podem
estabelecer hipóteses de responsabilidade tributária (artigo 6°). Geralmente, o sujeito ativo
ou credor da obrigação tributária, ressalvadas as exceções previstas nos incisos l a XXII do
artigo 3° da Lei Complementar 116/2003, é o município do local do estabelecimento
prestador.

9.8 Livros Fiscais

O Sistema de Livros Fiscais atende à legislação vigente de ICMS, IPI, ISS, IRRF (sobre
serviços), INSS (Instrução Normativa INSS/DC nº 100), PIS, COFINS e CSLL. Desempenhando
as seguintes funções:

 Bloqueia as informações depois de encerrado o movimento;


 Integra-se com aplicativos de terceiros através do módulo de importação SISPRO;
 Disponibiliza informações por tributo e por período de apuração;
 Disponibiliza informações de débito/crédito de impostos a recolher ou creditar,
por período de apuração;
 Calcula diferencial das alíquotas interestaduais do ICMS.

Emite os livros fiscais:

 Registro de Entradas e Saídas;


 Apuração de ICMS e IPI;
 Operações Interestaduais;
 ISS - Entrada e Saída;
 Relação de Imposto de Renda - Entradas e Saídas;
 Ginter - Guia de Informação das Operações e Prestações Interestaduais;
 Gare - Guia de Arrecadação Estadual do ICMS.

Ressalvada a legislação especial, o contribuinte do ICMS deverá manter, em cada


estabelecimento, conforme as operações ou prestações que realizar, os seguintes livros
fiscais (art. 51, Convênio Sinief s/nº, de 15.12.70, art. 63, e Convênio Sinief 6/89, art. 87):

 I - Registro de Entradas, modelo 1;


 II - Registro de Entradas, modelo 1-A;
 III - Registro de Saídas, modelo 2;
 IV - Registro de Saídas, modelo 2-A;
 V - Registro de Controle da Produção e do Estoque, modelo 3;
 VI - Registro de Impressão de Documentos Fiscais, modelo 5;
 VII - Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências,
modelo 6;
 VIII - Registro de Inventário, modelo 7;
 IX - Registro de Apuração do ICMS, modelo 9;

Administração Módulo 3
188

 X - Movimentação de Combustíveis.

Os livros Registro de Entradas, modelo 1, e Registro de Saídas, modelo 2, serão


utilizados por contribuinte sujeito, simultaneamente, à legislação do Imposto sobre Produtos
Industrializados e do ICMS.

Os livros Registro de Entradas, modelo 1-A, e Registro de Saídas, modelo 2-A, serão
utilizados por contribuinte sujeito apenas à legislação do ICMS. O livro Registro de Controle
da Produção e do Estoque, modelo 3, será utilizado por estabelecimento industrial ou a ele
equiparado pela legislação federal, e por atacadista, podendo, a critério do Fisco, ser exigido
de estabelecimento de contribuinte de outro setor, com as adaptações necessárias.

O livro Registro de Impressão de Documentos Fiscais, modelo 5, será utilizado por


estabelecimento que confeccionar impressos de documentos fiscais para terceiro ou para
uso próprio. Os livros Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências,
modelo 6, Registro de Inventário, modelo 7, e Registro de Apuração do ICMS, modelo 9,
serão utilizados por todos os estabelecimentos.

É facultado ao contribuinte acrescentar, nos livros fiscais, indicações de seu


interesse, desde que não lhes prejudiquem a clareza.

As disposições acima não se aplicam ao produtor não equiparado a comerciante ou


industrial, que deverá registrar as operações na forma estabelecida pela Secretaria de
Fazenda Estadual.

 Dispensa:

O livro registro de apuração do ICMS poderá, a critério do fisco, ser dispensado se


for adotada a guia de informação e apuração do ICMS ou se o estabelecimento recolher o
ICMS com base no regime de estimativa.

 Autenticação:

Os livros fiscais, que serão impressos e de folhas numeradas tipograficamente em


ordem crescente, só serão usados depois de visados pela repartição competente do fisco
estadual e terão suas folhas costuradas e encadernadas, de forma a impedir sua
substituição.

O "visto" será gratuito e será aposto em seguida ao termo de abertura lavrado e


assinado pelo contribuinte. Não se tratando de início de atividade, será exigida a
apresentação do livro anterior a ser encerrado. As unidades da federação poderão dispensar
o "visto", desde que os livros tenham sido registrados na junta comercial, ou substituí-lo por
outro meio de controle previsto na legislação estadual.

Os livros a serem encerrados serão exibidos à repartição competente do fisco


estadual dentro de 5 (cinco) dias após se esgotarem.

Módulo 3 Administração
189

 Escrituração:

Os lançamentos nos livros fiscais serão feitos a tinta, com clareza, não podendo a
escrituração atrasar-se por mais de 5 (cinco) dias, ressalvados os livros a que forem
atribuídos prazos especiais. Os livros não poderão conter emendas ou rasuras e seus
lançamentos serão somados nos prazos estipulados.

Quando não houver período expressamente previsto, os livros fiscais serão


somados no último dia de cada mês. Será permitida a escrituração por processo mecanizado,
mediante prévia autorização do fisco estadual.

Vale salientar que os contribuintes que mantiverem mais de um estabelecimento,


seja filial, sucursal, agência, depósito, fábrica ou outro qualquer, manterão em cada
estabelecimento escrituração em livros fiscais distintos, vedada a sua centralização.

 Escrituração fiscal digital – EFD:

O Convênio ICMS 143/2006 instituiu a Escrituração Fiscal Digital – EFD, de uso


obrigatório para os contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e
de Comunicação - ICMS ou do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI.

Entretanto, por força do Protocolo ICMS/Confaz 77/2008, a obrigatoriedade será


aplicada somente aos contribuintes relacionados no respectivo protocolo, a partir de
01.01.2009, sendo facultativa aos demais contribuintes.

9.9 IRPJ

O RPJ é o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica, sendo este um tributo federal,
previsto no artigo 153, III, da Constituição, disciplinado pelos artigos 45 e seguintes do
Código Tributário Nacional e por leis ordinárias esparsas, consolidadas no Decreto
3.000/1999 (Regulamento do IR - RIR).

A legislação prevê três regimes básicos de tributação do IRPJ:

 O lucro real;
 O lucro presumido; e
 O lucro arbitrado.

Para o empresário e administrador, não interessa conhecer os detalhes do cálculo


do tributo em cada um deles. Basta saber, no entanto, que se trata de uma alternativa que
deve ser devidamente considerada no início de cada exercício financeiro.

A opção pelo regime menos oneroso é um direito do contribuinte, que nem sempre
é exercido adequadamente. Na prática, boa parte das empresas opta diretamente pelo lucro
presumido, quando, na verdade, o imposto seria significativamente menor na sistemática do
lucro real. Isso acaba afetando o preço do produto comercializado ou serviço prestado.

Administração Módulo 3
190

Nesse sentido, optar pelo regime de tributação também se converte em um importante


diferencial competitivo perante a concorrência.

Em vista disso, caso a empresa exerça uma atividade na qual é possível optar pelo
lucro presumido, antes do início de cada exercício financeiro, deve-se buscar a assessoria de
contabilista especializado, solicitando uma simulação do valor do imposto devido em cada
regime.
Segue abaixo, as especificações relacionadas a cada um dos três regimes básicos de
tributação do IRPJ.

 Lucro presumido:

Esta é uma modalidade simplificada de tributação da renda, na qual o imposto é


calculado com base em um percentual da receita bruta, sem dedução de custos ou despesas.
Trata-se de uma opção do contribuinte, que pode ser adotada pelas pessoas jurídicas não
obrigadas à tributação pelo lucro real, desde que, no ano-calendário anterior, tenham
auferido receita bruta total igual ou inferior a R$48.000.000,00 ou a R$4.000.000,00
multiplicado pelo número de meses em atividade no ano-calendário anterior (Lei Federal
10.637/2002, artigo 46; Lei Federal 9.718/98, art. 13; RIR, artigo 516).

A opção pelo regime é exercida mediante pagamento da primeira ou única quota do


imposto devido, que é de periodicidade trimestral, com encerramento nos dias 31 de março,
30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário (Lei Federal
9.430/1996, artigos 1° e 25; artigo 26, §1°).

A base de cálculo (o lucro presumido), por sua vez, deve corresponder a 8% da


receita bruta auferida no período de apuração, salvo nas seguintes atividades (RIR, artigos
518 e 519) que estão sujeitas a percentuais especiais, sendo eles:

 Revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico


carburante e gás natural: 1,6%;
 Prestação de serviço de transporte, exceto o de carga: 16%;
 Prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; intermediação
de negócios; administração, locação ou cessão de bens, imóveis e móveis e
direitos de qualquer natureza: 32%.

Caso o contribuinte atue em segmentos distintos, será aplicado o percentual


correspondente a cada atividade (RIR, artigo 518, §3°). Portanto, se uma determinada
pessoa jurídica prestar serviços em geral e vender mercadorias, por exemplo, deve-se aplicar
o percentual de 32% para a primeira e 8% para a segunda.

Também devem ser acrescidos à base de cálculo os ganhos de capital, os


rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras, as demais receitas e os
resultados positivos decorrentes de receitas não-abrangidas pela atividade operacional,
auferidos no mesmo período de apuração e demais situações previstas na legislação
tributária (RIR, art. 521).

Módulo 3 Administração
191

 Lucro real:

É o lucro líquido da pessoa jurídica, apurado de acordo com as regras da legislação


comercial, ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas
pela legislação tributária, o que também poder ser designado lucro líquido ajustado
(Decreto-Lei 1.598/77, artigo 6°; Lei 8.981/95, artigo 37, §1°; RIR, artigo 247).

Ele resulta da soma algébrica do lucro operacional (o resultado das atividades,


principais ou acessórias, que constituam objeto da pessoa jurídica), dos resultados não-
operacionais e das participações (Decreto-Lei 1.598/1977, artigo 6°, §1°; Lei 7.450/85, artigo
18; Lei .249/1995, artigo 4°; RIR, artigo 248).

No lucro real, além dos custos, admite-se a dedução de despesas operacionais (RIR,
artigo 299) consideradas usuais ou normais, necessárias à atividade da empresa e à
manutenção da respectiva fonte produtora, ou seja, pagas ou incorridas para a realização
das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa. Admite-se também a
dedução dos tributos, desde que não se encontrem com exigibilidade suspensa (RIR, art.
344), salvo:

 O valor da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido); e


 Multas por infrações fiscais, ressalvas as de natureza compensatória ou impostas
por infrações não decorrentes da falta ou insuficiência de pagamento de tributo
(RIR, artigo 344, §5°).

Assim, embora não interesse ao empresário e ao administrador o conhecimento


detalhado das regras de apuração do imposto, cumpre destacar, ainda que para fins
informativos, que, para efeitos de apuração do resultado, o artigo 279 do RIR define receita
bruta das vendas e serviços nos seguintes termos:

Art. 279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da


venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços
prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (Lei
4.506/64, artigo 44, e Decreto-Lei 1.598/77, artigo 12).
Parágrafo único. Na receita bruta não se incluem os impostos não-
cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante, dos
quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero
depositário.

Considera-se receita, no entanto, qualquer ingresso de soma em dinheiro ou outro


bem ou direito suscetível de apreciação pecuniária decorrente de ato, fato ou negócio
jurídico apto a gerar alteração positiva do patrimônio líquido da pessoa jurídica que a aufere,
sem reservas, condicionamentos ou correspondências no passivo (SEHN, 2006, p, 127). É o
caso, por exemplo, dos atos extintivos de dívidas que não impliquem a assunção de outra
obrigação ou a perda de um direito de crédito, dinheiro ou outro bem suscetível de
apreciação pecuniária de igual ou superior valor.

A receita (operacional e não-operacional), portanto, constitui o principal elemento


Administração Módulo 3
192

de repercussão patrimonial positiva que, deduzidos os custos, despesas, encargos e perdas,


pagos ou incorridos pela pessoa jurídica, as participações estatutárias de empregados,
administradores e partes beneficiárias, os prejuízos acumulados e a provisão para o Imposto
sobre a Renda, forma o lucro líquido do exercício. Este que, nos termos do artigo 6° do
Decreto-Lei 1.598/77 e do artigo 247 do Decreto 3.000/99, ajustado por adições, exclusões
ou compensações impostas ou autorizadas pela legislação tributária, formará o lucro real,
base de cálculo do Imposto sobre a Renda (Leis Federais 5.172/66, artigos. 44, 104 e 144,
8.981/95, artigo 26, e 9.430/96, art. 1°) (SEHN, 2006, p. 120-121).

Aqui, normalmente, o reconhecimento da receita submete-se ao regime de


competência. Neste a receita é considerada auferida ou ganha no momento em que surge o
direito ao seu recebimento, ainda que não efetivamente recebida. Isso ocorre, nos contratos
de compra e venda, com a entrega da mercadoria; na prestação de serviços, após o
cumprimento da obrigação do contratado (a execução do serviço), independente do
pagamento da remuneração correspondente (SEHN, 2006, p. 135).

O regime de competência contrapõe-se ao regime de caixa10, no qual a receita é


considerada recebida no momento em que ocorre o pagamento da prestação pecuniária
correspondente, conforme ensina Alberto Xavier:

A expressão receita recebida não pode confundir-se com a de receita ganha


ou auferida. De harmonia com o princípio da competência receita é ganha
ou auferida no momento em que se constituiu o direito ao seu
recebimento, enquanto a receita é recebida no momento em que as [sic]
prestação pecuniária em que se traduz é realizada através de seu
pagamento, (l 988, p. 98).

Isso significa que, no regime de competência (obrigatório no lucro real e optativo no


lucro presumido), a inadimplência é tributada, ou seja, a partir do momento que a
mercadoria é entregue ou o serviço é prestado, o imposto passa a ser devido, independente
do momento em que venha ocorrer o pagamento. Em razão disso, muitas vezes, o
empresário acaba sendo obrigado a pagar o imposto antecipadamente, mesmo não tendo
recebido.

Por fim, vale observar que o regime de tributação pelo lucro real é obrigatório para
as pessoas jurídicas elencadas a seguir (RIR, artigo 246):

 Com receita total, no ano-calendário anterior, superior ao limite de


R$48.000.000,00, ou proporcional ao número de meses do período, quando
inferior a doze meses;
 Bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas
econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de
crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio,
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento
mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de
capitalização e entidades de previdência privada aberta;
 Que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

Módulo 3 Administração
193

 Que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos


à isenção ou redução do imposto;
 Que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo
regime de estimativa;
 Que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de
assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos,
administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios
resultante de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).

 Lucro arbitrado:

O lucro arbitrado constitui uma hipótese excepcional de cálculo do imposto,


podendo ser aplicado nas seguintes hipóteses (RIR, artigo 530):

 O contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver


escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as
demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal;
 A escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de
fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para:
identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou determinar o
lucro real;
 O contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos
da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa (RIR, art. 527, parágrafo único);
 O contribuinte opta indevidamente pela tributação com base no lucro presumido;
 O comissário ou o representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de
escriturar e apurar o lucro da sua atividade separadamente do lucro do comitente
residente ou domiciliado no exterior (RIR, art. 398);
 O contribuinte não mantiver em boa ordem e segundo as normas contábeis
recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta
ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário.

O lucro arbitrado, quando conhecida a receita bruta da pessoa jurídica, será


determinado a partir da aplicação dos mesmos percentuais previstos para fins de apuração
do lucro presumido, acrescidos de 20% (Lei 9.249/95, art. 16; Lei 9.430/96, artigo 27, l; RIR,
artigos 532). Não sendo conhecida a receita, deve ser aplicado um dos seguintes
percentuais:

 1,5% do lucro real referente ao último período em que a pessoa jurídica manteve
escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais;
 0,04% da soma dos valores do ativo circulante, realizável a longo prazo e
permanente, existentes no último balanço patrimonial conhecido;
 0,07% do valor do capital, inclusive a sua correção monetária contabilizada como
reserva de capital, constante do último balanço patrimonial conhecido ou
registrado nos atos de constituição ou alteração da sociedade;
 0,05% do valor do patrimônio líquido constante do último balanço patrimonial
conhecido;
 0,04% do valor das compras de mercadorias efetuadas no mês;

Administração Módulo 3
194

 0,04% da soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento dos empregados
e das compras de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de
embalagem;
 0,08% da soma dos valores devidos no mês a empregados;
 0,09% do valor mensal do aluguel devido.

 Alíquotas e adicional:

A alíquota do IRPJ é de 15% (RIR, art. 541), sujeita a um adicional de 10%, incidente
sobre a parcela de lucro real, presumido ou arbitrado que exceder o valor resultante da
multiplicação de R$20.000,00 pelo número de meses do respectivo período de apuração
(RIR, art. 542).

9.10 Contribuição Social sobre a Folha de Salários e Demais Rendimentos do Trabalho

Contribuição social da empresa é a incidente sobre a remuneração de segurados


empregados, contribuintes individuais e trabalhadores avulsos, sendo que essa contribuição
é um tributo federal previsto no artigo 195, l, "a", da Constituição, atualmente disciplinado
pela Lei Federal 8.212/9.

 Materialidade do Tributo:

Também conhecido como critério material da hipótese de incidência, nos termos do


artigo 22, l, da Lei Federal 8.212/91, é a conduta de pagar ou creditar remuneração a
segurados empregados, contribuintes individuais e trabalhadores avulsos.

Para efeitos de incidência do tributo, deve-se considerar o conceito de


remuneração previsto no artigo 457 da Consolidação das Leis do Trabalho, que é vinculante
para o legislador tributário (CTN, art. 110):

Art. 457 Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os


efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador,
como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
§1° Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também
as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e
abonos pagos pelo empregador.
§2° Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias
para viagem que não excedam de 50% (cinquenta por cento) do salário
percebido pelo empregado.
§3° Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo
cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa
ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a
distribuição aos empregados.

O salário, em contra partida, de acordo com Amauri Mascado Nascimento, é "a


totalidade das percepções econômicas dos trabalhadores, qualquer que seja a forma ou
Módulo 3 Administração
195

meio de pagamento, quer retribuam o trabalho efetivo, os períodos de interrupção do


contrato e os descansos computáveis na jornada de trabalho" (NASCIMENTO, 2001, p. 629).

Ainda segundo o Nascimento, não se incluem no conceito de salário as indenizações


ou verbas indenizatórias, os recolhimentos sociais e os direitos intelectuais, inclusive as
diárias e ajustas de custo, os benefícios e complementações previdenciárias, os
recolhimentos sociais e para fiscais, os pagamentos de direitos intelectuais e outros
pagamentos não considerados salário por lei.

As indenizações diferem dos salários pela sua finalidade, que é a reparação de


danos ou o ressarcimento de gastos do empregado, como as diárias e ajudas de custo, as
indenizações adicionais de dispensa etc.

Os recolhimentos sociais, como contribuição sindical, contribuição do FGTS,


contribuições para a previdência social, também não se confundem com salários.

Os direitos intelectuais, tanto os direitos de autor como os direitos de propriedade


intelectual, são pagamentos igualmente distintos dos salários.
Pode a lei, como no caso do abono de férias, excluir um pagamento,
expressamente, do âmbito salarial (NASCIMENTO, 2001, p. 629).

Essa distinção produz reflexos na hipótese de incidência e na base de cálculo da


contribuição, que ficam restritas à remuneração propriamente dita, conforme os parâmetros
da Consolidação das Leis do Trabalho.

 Alíquota:

A alíquota da contribuição é de 20% (Lei Federal 8.21 2/91, art. 22, l).

 Base de cálculo:

A base de cálculo abrange o total das remunerações pagas ou creditadas no mês.


Devem ser excluídas as parcelas indenizatórias, os recolhimentos sociais e os direitos
intelectuais, em parte previstos no artigo 28, §9°, da Lei Federal 8.212/91:

 Auxílio-alimentação: a parcela in natura recebida de acordo com os programas de


alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos
termos da Lei 6.321/76;
 Ganhos eventuais e abonos expressamente desvinculados do salário;
 Parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria;
 Diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinquenta por cento) da
remuneração mensal;
 Importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de
estagiário, quando paga nos termos da Lei 6.494/77;
 Participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de
acordo com lei específica;
 Valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a

Administração Módulo 3
196

programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível


à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os
artigos 9° e 468 da CLT;
 Valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio
da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com
medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico-hospitalares e
outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e
dirigentes da empresa;
 Valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos
ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos
serviços;
 Ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso
creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite
máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas
realizadas.
 Valor relativo a plano educacional que vise à Educação Básica, nos termos do
artigo 21 da Lei 9.394/96, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais
vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado
em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes
tenham acesso ao mesmo;
 Importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente
até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no artigo 64 da Lei
8.069/90;
 Valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais.

Discute-se acerca da natureza taxativa do artigo 28, § 9°, da Lei Federal 8.212/91.
Com base no artigo 110 do Código Tributário Nacional, o Superior Tribunal de Justiça tem
diversos precedentes admitindo a exclusão da base de cálculo do tributo de outras parcelas
que não se incluem no conceito de salário da Consolidação das Leis do Trabalho.

 Sujeição passiva:

Empresas e entidades equiparadas, nos termos do artigo 15 da Lei Federal


8.212/91, que assim estabelece:

Art. 15. Considera-se:


l - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de
atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como
os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e
fundacional;
Parágrafo único. Equipara-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o
contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem
como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou
finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira
estrangeiras. (Redação dada pela Lei 9.876/99).

Módulo 3 Administração
197

 Contribuição ao SAT:

A contribuição ao SAT (Seguro Acidente de Trabalho) é um adicional previsto no


artigo 22, III, da Lei Federal 8.212/91, que tem alíquotas variáveis conforme o grau de risco
de acidentes do trabalhado da atividade exercida pela empresa ou equipada, conforme se
observa na redação do já mencionado dispositivo descrito abaixo:

Art. 22. [...]


II - para o financiamento do benefício previsto nos artigos 57 e 58 da Lei
8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de
incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do
trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer
do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada
pela Lei 9.732/98).
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o
risco de acidentes do trabalho seja considerado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante
esse risco seja considerado médio;
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante
esse risco seja considerado grave.

Se a atividade exercida pelo segurado ensejar à concessão de aposentadoria


especial, as alíquotas da contribuição devem ser acrescidas de 6%, 9% ou 12%, conforme a
natureza do serviço prestado que permita a concessão do benefício em 25,20 ou 15 anos
respectivamente (Lei 8.213/91, art. 57, §6°).

 Contribuição adicional:

Também estão sujeitos a uma contribuição adicional de 2,5%: os bancos comerciais,


bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de
crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades
corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento
mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes
autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e
fechadas, com base no artigo 22, §1.°, da Lei Federal 8.212/91.

 Salário-Educação:

O salário-educação constitui um tributo adicional à contribuição social da empresa


incidente sobre folha de salários e demais rendimentos do trabalho, prevista no artigo 212,
§5°, da Constituição Federal, como fonte de custeio da Educação Básica pública (Emenda
Constitucional 53/2006). Encontra-se, disciplinado pela Lei Federal 9.424/96 (art. 15) e pelo
Decreto 6.003/2006, que estabelece uma alíquota de 2,5% incidente sobre o total de
remunerações pagas ou creditadas (Lei Federal 8.212/91).

Administração Módulo 3
198

 Contribuições ao sistema "S":

O chamado sistema "S" abrange as seguintes contribuições, que também


constituem adicionais à contribuição social da empresa incidente sobre folha de salários e
demais rendimentos do trabalho:

 Contribuição ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) -


com alíquota de 2,5%, disciplinada pela Lei Federal 2.613/55 e pelo Decreto-Lei
1.146/70, destinada ao custeio de serviços sociais no meio rural e em programas
de aprendizado das técnicas no campo, devida pelas seguintes empresas
industriais: de cana-de-açúcar; de laticínios; de beneficiamento de chá e de mate;
da uva; de extração e beneficiamento de fibras vegetais e de descaroçamento de
algodão; de beneficiamento de cereais; de beneficiamento de café; de extração de
madeira para serraria, de resina, lenha e carvão vegetal; e matadouros ou
abatedouros de animais de quaisquer espécies e charqueadas;
 Contribuição ao Sesi/Senai - com alíquota total de 2,5%, sendo 1,0% ao Serviço
Social da Indústria e 1,5% ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial,
disciplinadas pelas Leis Federais 4.048/42 e 9.403/46, e devidas pelas empresas do
setor industrial;
 Contribuição ao Sesc/Senac - com alíquota total de 2,5%, sendo 1,0% ao Serviço
Social do Comércio e 1,5% ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio,
disciplinadas pelas Leis Federais 9.853/46 e 8.621/46, e devidas pelas empresas do
setor do comércio;
 Contribuição à DPC - com alíquota de 2,5%, disciplinada pela Lei Federal 5.461/68,
devida pelas empresas do setor marítimo à Diretoria de Portos e Costas do
Ministério da Marinha para fins de custeio de atividades de ensino profissional do
segmento;
 Contribuição ao Sebrae - com alíquota base de 0,3%, disciplinada pela Lei Federal
8.029/90, devida pelos contribuintes das contribuições ao Sesi/Senai e ao
Sesc/Senac, que é destinada ao custeio de programas de apoio ao
desenvolvimento das pequenas e microempresas;
 Contribuição ao Fundo Aeroviário - com alíquota de 2,5%, disciplinada pelo
Decreto-Lei 1.305/74, devida pelas empresas do segmento aeroviário e destinada
ao custeio de ensino profissional aeronáutico, de tripulantes, técnicos e de
especialistas civis;
 Contribuição ao Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) – com alíquota
de 2,5%, disciplinada pela Lei Federal 8.315/91, devida pelas empresas do
segmento agroindustrial, agropecuário, sindicatos, federações e confederações
patronais rurais, empresa associativa sem produção rural, agenciadora de mão de
obra rural, destinada à organização, administração e execução de ensino, da
formação profissional rural e a promoção social do trabalhador rural;
 Contribuição ao Sest/Senat - com alíquota total de 2,5%, sendo 1,0% ao Serviço
Nacional de Aprendizagem do Transporte e 1,5% ao Serviço Social de Transporte,
disciplinadas pela Lei Federal 8.706/93, e devidas pelas empresas de transporte
rodoviário e pelos transportadores rodoviários autônomos;
 Contribuição ao Sescoop (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo)
- com alíquota de 2,5%, disciplinada pela Medida Provisória 2.168-40/2001, devida

Módulo 3 Administração
199

pelas cooperativas, em substituição às contribuições ao Sesi/Senai, Sesc/Senac,


Sest/Senat e Senar, destinada ao custeio do Serviço Nacional de Aprendizagem do
Cooperativismo.

 Contribuição adicional ao FGTS:

A contribuição adicional ao FGTS é disciplinada pela Lei Complementar 110/2001; é


devida pelos empregadores em caso de despedida de empregado sem justa causa, com
alíquota de 10% calculada sobre o montante dos depósitos do FGTS, durante a vigência do
contrato de trabalho, sendo apurado mensalmente, com alíquota de 0,5% calculada sobre a
remuneração devida, no mês anterior, a cada trabalhador.

9.11 CSLL

A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido é prevista no artigo 195, l, "c", da


Constituição Federal, e disciplinada pelas Leis Federais 7.689/88, 8.034/90 e alterações
posteriores, constituindo uma espécie de adicional do Imposto sobre a Renda das Pessoas
Jurídicas (IRPJ), com alíquota de 9% para as empresas em geral. Assim como este, a
contribuição está submetida ao regime do lucro real, presumido e arbitrado, de acordo com
as mesmas regras de aplicabilidade previstas para o IRPJ.

No lucro real, a base de cálculo da contribuição é o resultado do exercício, antes da


provisão para o IRPJ. No lucro presumido, por sua vez, é composta a partir de um dos
seguintes percentuais da receita bruta trimestral (apurada de acordo com o regime de
competência ou de caixa):

 12% (doze por cento) da receita do comércio ou indústria e prestação de serviços


em geral;
 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita da prestação dos seguintes serviços (a
partir de 01/09/2003): a) prestação de serviços em geral, exceto serviços
hospitalares e de transportes; b) intermediação de negócios; c) administração,
locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza; d)
prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia,
mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a
pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis
a prazo ou de prestação de serviços (factoring); e) ao diferencial entre o preço de
venda e o custo de aquisição de veículos usados (IN SRF 390/2004);
 12% (doze por cento) da parcela das receitas auferidas, no respectivo período de
apuração, nas exportações a pessoas vinculadas ou para países com tributação
favorecida, que exceder ao valor já apropriado na escrituração da empresa, na
forma da legislação específica; e
 Dos ganhos de capital, dos rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações
financeiras, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas
não abrangidas pela atividade operacional, auferidos no mesmo período de
apuração (e demais situações previstas em lei).

Administração Módulo 3
200

9.12 Contribuição ao PIS/Pasep

A contribuição ao PIS foi instituída pela Lei Complementar 07/70 como forma de
financiamento de um Programa de Integração Social voltado à promoção da integração do
empregado na vida e desenvolvimento das empresas. Após a Constituição Federal de 1988
(art. 239), o produto de sua arrecadação é destinado ao financiamento do Programa de
Seguro-Desemprego, ao Abono Salarial e Programas de Desenvolvimento Econômico,
financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Vale salientar que
hoje, encontra-se disciplinado, entre outras, pelas Leis Federais 9.715/98, 10.637/2002,
10.833/2003.

O PIS/Pasep é um adicional da Cofins sujeito, via de regra, ao mesmo regime de


incidência desta, com as seguintes alíquotas:
 PIS/Pasep cumulativo incidente sobre o faturamento: 0,65%;
 PIS/Pasep não-cumulativo incidente sobre a receita bruta: 1,65%;
 PIS/Pasep-importação: 1,65%.

Por fim, destaca-se a existência das seguintes modalidades especiais de incidência


do PIS/Pasep:

 PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários (alíquota de 1%), devido por


entidades não-empresariais, disciplinado pelas Medidas Provisórias 213/2004 e
2.158-35/2001; e
 PIS/Pasep incidente sobre receitas e transferências de pessoas jurídicas de direito
público (alíquota de 1 %), devido pela União, estados, Distrito Federal, municípios
e suas respectivas autarquias, disciplinado pela Lei Federal 9.715/98 e pelo
Decreto 4.524/2002.

9.13 Cofins

Cofins é a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. Segue abaixo,


algumas de suas modalidades.

9.13.1 Cofins cumulativa incidente sobre o faturamento

A Cofins cumulativa é tributo federal previsto no artigo 195, l, "b", da Constituição,


disciplinado pela Lei Complementar 70/91, pela Lei Federal 9.718/98, pela Medida Provisória
2.158-35/2001 e pelo Decreto 4.524/2002.

O regime cumulativo é aplicável aos contribuintes optantes do regime de apuração


do Imposto de Renda pelo lucro presumido, dentre outros definidos no artigo 10 da Lei
Federal 10.833/93. O tributo recebe essa designação porque incide em cascata sobre as
diversas etapas da circulação econômica.

 Materialidade do tributo:

A materialidade hipótese de incidência da Cofins, prevista no artigo 2º da Lei

Módulo 3 Administração
201

Complementar 70/91, é auferir receita bruta decorrente da venda de mercadoria ou


prestação de serviços de qualquer natureza (faturamento) (SEHN, 2006, p. 96).

Essa base de incidência foi ampliada pelo § 1° do artigo 3.° da Lei Federal 9.718/98,
que previu a cobrança do tributo em face de toda a receita da pessoa jurídica. O Supremo
Tribunal Federal (STF), no entanto, declarou a inconstitucionalidade dessa modificação
legislativa (RE 346.084/PR), restabelecendo a materialidade prevista na Lei Complementar
70/91. Tal decisão - que, até recentemente, era restrita às partes no processo - foi objeto de
Súmula vinculante1, que estendeu os efeitos do julgado para todos os contribuintes.

 Alíquota:

É importante observar ainda que a sua alíquota da contribuição é de 3%.

 Base de cálculo:

A base de cálculo é a soma da receita bruta das vendas de mercadorias e serviços


de qualquer natureza (faturamento), com exclusão do valor do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), das vendas canceladas, devolvidas e dos descontos incondicionais (Lei
Complementar 70/91, art. 2°, parágrafo único).

 Sujeição passiva:

Os contribuintes são as pessoas jurídicas e os entes equiparados a pessoas jurídicas


pela legislação do imposto de renda (LC 70/91, art. 1°).

9.13.2 Cofins não-cumulativa incidente sobre a receita bruta

A Cofins não-cumulativa é tributo federal previsto no artigo 195, l, "b", da


Constituição, e disciplinado pela Lei Federal 10.833/2003.

O regime não-cumulativo é aplicável aos contribuintes optantes do regime de


apuração do Imposto de Renda pelo lucro real, ressalvadas as exceções previstas no artigo
10 da Lei Federal 10.833/93, dentre as quais cumpre destacar:

 Instituições financeiras e empresas particulares que exploram serviços de


vigilância e de transporte de valores;

 Pessoas jurídicas imunes a impostos;

 Órgãos públicos, as autarquias e fundações públicas federais, estaduais e


municipais, e as fundações cuja criação tenha sido autorizada por lei, referidas no
artigo 61 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;

 Sociedades cooperativas, exceto as de produção agropecuária;

 Receitas decorrentes das seguintes operações:

Administração Módulo 3
202

a) Sujeitas à substituição tributária da Cofins;


b) Prestação de serviços de telecomunicações;
c) Receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003:
com prazo superior a um ano, de administradoras de planos de consórcios de
bens móveis e imóveis, regularmente autorizadas a funcionar pelo Banco
Central; com prazo superior a um ano, de construção por empreitada ou de
fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; de construção por
empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços
contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade
de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente
firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até
aquela data;
d) Execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de
construção civil, até 31 de dezembro de 2008;
e) Receitas decorrentes da prestação de serviços postais e telegráficos prestados
pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos;
f) Receitas decorrentes de prestação de serviços públicos de concessionárias
operadoras de rodovias;
g) Receitas decorrentes da prestação de serviços das agências de viagem e de
viagens e turismo;
h) Receitas auferidas por empresas de serviços de informática, decorrentes das
atividades de desenvolvimento de software e o seu licenciamento ou cessão de
direito de uso, bem como de análise, programação, instalação, configuração,
assessoria, consultoria, suporte técnico e manutenção ou atualização de
software, compreendidas ainda como softwares as páginas eletrônicas.

 Materialidade do tributo:

A materialidade hipótese de incidência da Cofins não-cumulativa, prevista no artigo


1° da Lei Federal 10.833/2003, é auferir a receita bruta, o que abrange qualquer ingresso de
soma em dinheiro ou outro bem ou direito suscetível de apreciação pecuniária decorrente
de ato, fato ou negócio jurídico apto a gerar alteração positiva do patrimônio líquido da
pessoa jurídica que a aufere, sem reservas, condicionamentos ou correspondências no
passivo (SEHN, 2006, p. 135).

 Alíquota:

É válido observar que a alíquota da contribuição é de 7,6%. O Decreto Federal


5.164/2004, no entanto, reduziu a zero a alíquota das receitas financeiras, salvo juros sobre
capital próprio e as decorrentes de operações de hedge.

 Base de cálculo:

A base de cálculo é o valor da receita bruta mensal, excluídas as seguintes (Lei


Federal 10.833/2003, art. 1, §3°):

 Receitas isentas ou não alcançadas pela incidência da contribuição ou sujeitas à

Módulo 3 Administração
203

alíquota zero;
 Receitas não-operacionais, decorrentes da venda de ativo permanente;
 Receitas auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias
sujeitas à substituição tributária "para frente";
 Venda de álcool para fins carburantes;
 Vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos;
 Reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda que não
representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de
investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados
de investimentos avaliados pelo custo de aquisição que tenham sido computados
como receita.

 Sujeição passiva:

Os contribuintes do tributo são as pessoas jurídicas. A contribuição, ao contrário do


que ocorre com a Cofins cumulativa, não abrange os entes equiparados à pessoa jurídica
pela legislação do imposto de renda.

 Não-cumulatividade:

A não-cumulatividade da Cofins é operacionalidade mediante aplicação da alíquota


de 7,6% sobre (Lei Federal 10.833/2003, artigos. 3° e seguintes):

 Bens adquiridos para revenda;


 Bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou
fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e
lubrificantes;
 Energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica;
 Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados
nas atividades da empresa;
 Valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa
jurídica;
 Máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado
adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, ou na
prestação de serviços;
 Edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas
atividades da empresa.
 O direito ao crédito aplica-se, exclusivamente, em relação:
 Aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no país;
 Aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica
domiciliada no país;
 Aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês
em que se iniciar a aplicação do disposto nessa lei.

O contribuinte, assim, tem direito de deduzir o crédito apurado mediante a


aplicação da alíquota de 7,6% sobre as hipóteses de creditamento, independente do
destaque em nota fiscal de entrada e do regime de tributação da operação anterior.

Administração Módulo 3
204

9.13.3 Cofins de incidência monofásica

Na Cofins monofásica, disciplinada pelas Leis Federais 10.147/2000 e 10.485/2002,


é o tributo incide apenas sobre o início da cadeira comerciai (fabricantes ou importadores),
com desoneração das demais etapas do ciclo econômico. Trata-se de um regime de
tributação restrita a determinados produtos farmacêuticos, de perfumaria, de beleza,
higiene pessoal, medicamentos, com alíquotas que variam de 0,75%, 2,1% a 9,9%.

9.13.4 Cofins-importação

A Cofins incidente sobre a importação é disciplinada pela Lei Federal 10.865/2004,


que resultou a conversão da Medida Provisória 164/2004.

 Materialidade do tributo:

A materialidade hipótese de incidência da Cofins não-cumulativa, prevista nos


artigos 1°, §1° e 3°da Lei Federal 10.865/2004, é:

 Importar produtos estrangeiros; e


 Pagar ou creditar valores a residente ou domiciliado em território estrangeiro
(pessoa física ou jurídica), a título de contraprestação por serviços provenientes do
exterior executados no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique.

 Hipótese de incidência:

De acordo com o artigo 4° da Lei Federal 10.865/2004, considera-se ocorrido o fato


gerador:

 Na importação de bens:

a) Na data do registro da declaração de importação de bens submetidos a despacho


para consumo, inclusive, no caso de despacho para consumo de bens importados sob
regime suspensivo de tributação do imposto de importação;
b) No dia do lançamento do correspondente crédito tributário, quando se tratar de
bens constantes de manifesto ou de outras declarações de efeito equivalente, cujo
extravio ou avaria for apurado pela autoridade aduaneira;
c) Na data do vencimento do prazo de permanência dos bens em recinto alfandegado,
se iniciado o respectivo despacho aduaneiro antes de aplicada a pena de perdimento,
na situação prevista pelo artigo 18 da Lei 9.779/99.

 Na importação de serviços, na data do pagamento, do crédito, da entrega, do


emprego ou da remessa de valores.

 Alíquota:

A alíquota geral da contribuição é de 7,6% (Lei Federal 10.833/2003, art. 8.°, II)3.

Módulo 3 Administração
205

 Base de cálculo:

A base de cálculo da Cofins, de acordo com o disposto no art. 7°, da Lei Federal
10.865/2004, consiste:

 Na importação de bens, o valor aduaneiro, assim entendido o valor que servir ou


que serviria de base para o cálculo do imposto de importação, acrescido do valor
do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação - ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias
contribuições; ou
 Na importação de serviço, o valor pago, creditado, entregue, empregado ou
remetido para o exterior, antes da retenção do imposto de renda, acrescido do
Imposto sobre Serviços de qualquer Natureza - ISS e do valor das próprias
contribuições.

A base de cálculo da Cofins está sendo questionada por alguns contribuintes, com
fundamento no disposto no artigo 149, §2°, III, "a", da Constituição, e no Decreto 92.930/86
- GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio), que define valor aduaneiro como o preço
normal do bem importado no mercado internacional posto no porto de chegada, acrescido
dos custos de transporte e seguro (CIF).

Acredita-se que esse conceito de valor aduaneiro do Decreto do GATT, por ser
pressuposto pelo texto constitucional, não poderia ter sido alterado pela Lei 10.865/2004, o
que tornaria indevida a inclusão do ICMS, IPI e outros tributos na base de cálculo da Cofins,
conforme decidido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região no seguinte julgado:

Valor aduaneiro não abrange o montante devido a título do próprio


imposto sobre a importação e dos demais impostos eventualmente
incidentes sobre a importação, como o IPI e o ICMS, tampouco o montante
de novas contribuições.
A Lei 10.865/2004 extrapolou o conceito constitucional de valor aduaneiro,
definindo-o como se pudesse abranger, também, na importação de bens, o
ICMS devido na importação e o montante das próprias contribuições.

Por se tratar de tema de repercussão geral, aguarda uma decisão final do Supremo
Tribunal Federal no Recurso Extraordinário 559.607/SC, que será aplicável a todos os
contribuintes.

 Sujeição passiva:

Os contribuintes da Cofins importação, nos termos do artigo 5° da Lei Federal


10.865/2004, são:

 O importador: Pessoa física ou jurídica que promova a entrada de bens


estrangeiros no território nacional;
 A pessoa física ou jurídica contratante de serviços de residente ou domiciliado no
Administração Módulo 3
206

exterior; e,
 O beneficiário do serviço, na hipótese em que o contratante também seja
residente ou domiciliado no exterior.

São responsáveis solidários pelo recolhimento do tributo, de acordo com o disposto


no artigo 6° da Lei Federal 10.865/2004:

 O adquirente de bens estrangeiros, no caso de importação realizada por sua conta


e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora;
 O transportador, quando transportar bens procedentes do exterior ou sob
 Controle aduaneiro, inclusive em percurso interno;
 O representante, no país, do transportador estrangeiro;
 O depositário, assim considerado qualquer pessoa incumbida da custódia de bem
sob controle aduaneiro; e
 O expedidor, o operador de transporte multimodal ou qualquer subcontratado
para a realização do transporte multimodal.

9.14 Empresas que se enquadram no SIMPLES

Este tópico analisa e quadra as empresas, em obediência à legislação tributária


brasileira.

9.14.1 Tributação da microempresa e empresa de pequeno porte (Simples Nacional)

As microempresas e empresas de pequeno porte, conforme estabelece o artigo


146, III, "d", da Constituição Federal, na redação da Emenda Constitucional 42/2003, estão
sujeitas ao um tratamento fiscal diferenciado e favorecido, definido em lei complementar
federal:

Art. 146. Cabe à lei complementar:


III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes
especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das
contribuições previstas no art. 195, l e §§12 e 13, e da contribuição a que se
refere o art. 239.

Atualmente, o tratamento fiscal aplicável às microempresas e empresas de


pequeno porte - conhecido como "Supersimples" ou "Simples Nacional"- está disciplinado
pela Lei Complementar 123/2006. Nesse regime, os tributos federais, estaduais e municipais
devidos pelas empresas em geral são substituídos por um tributo único, incidente sobre a
receita bruta.

É considerado microempresa (ME) o empresário, a pessoa jurídica ou equiparada


que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$240.000,00 (art. 3°, l).

Módulo 3 Administração
207

Já na empresa de pequeno porte (EPP) o empresário, a pessoa jurídica ou equiparada que


aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$240.000,00 e igual ou inferior a
R$2.400.000,00 (art. 3°, II).

9.14.2 Receita bruta

A legislação do Supersimples, por sua vez, define receita bruta como o produto da
venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o
resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos
incondicionais concedidos (art. 3°, §1 °).

9.14.3 Vedações ao ingresso no Simples Nacional

Os artigos 3°, §4°, e 17 da Lei Complementar 123/2006, uma extensa lista de


vedações ao ingresso no Simples, que abrange as classificações elencadas a seguir:

 A pessoa jurídica:

 Sócia de outra pessoa jurídica;


 Filial, sucursal, agência ou representação, no país, de pessoa jurídica com sede no
exterior;
 Que tenha sócio pessoa física inscrito como empresário ou sócio de outra empresa
ou pessoa jurídica optante do Simples, desde que com receita bruta global
superior ao limite de R$2.400.000,00;
 Que tenha sócio participante em mais de 10% do capital de outra empresa não
beneficiária do Simples, desde que com receita bruta global superior ao limite de
R$2.400.000,00;
 Com sócio que figure como administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica
com fins lucrativos, com receita bruta global superior ao limite de R$2.400.000,00;
 Constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo;
 Que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento,
de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de
crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários
e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de
capitalização ou de previdência complementar;
 Resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de
desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos cinco anos
anteriores;
 Constituída sob a forma de sociedade por ações.

 As microempresas e empresas de pequeno porte:

 Atuantes no segmento de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos,


administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset
management), compras de direitos creditórios resultantes de Vendas mercantis a
prazo ou de prestação de serviços (factoring);

Administração Módulo 3
208

 Que tenham sócio domiciliado no exterior ou entidade da administração pública,


direta ou indireta, federal, estadual ou municipal;
 Que possuam débito exigível com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou
com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal;
 Prestadoras de serviço de comunicação, de transporte intermunicipal e
interestadual de passageiros;
 Geradoras, transmissoras, distribuidoras ou comercializadoras de energia elétrica;
 Importadoras ou fabricantes de automóveis e motocicletas;
 Importadoras de combustíveis;
 Que exerçam atividade de produção ou venda no atacado de bebidas alcoólicas,
bebidas tributadas pelo IPI com alíquota específica, cigarros, cigarrilhas, charutos,
filtros para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes;
 Prestadoras de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de
natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua
profissão regulamentada ou não, bem como a que preste serviços de instrutor, de
corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios;
 Que realizem cessão ou locação de mão de obra;
 Prestadoras de serviços de consultoria;
 Loteadoras e incorporadoras de imóveis.

Tais vedações, contudo, não se aplicam às pessoas jurídicas que se dediquem


exclusivamente às atividades seguintes ou as exerçam em conjunto com outras atividades
que não tenham sido objeto de proibição de ingresso:

 Creche, pré-escola e estabelecimento de ensino fundamental;


 Agência terceirizada de correios;
 Agência de viagem e turismo;
 Centro de formação de condutores de veículos automotores de transporte
terrestre de passageiros e de carga;
 Agência lotérica;
 Serviços de manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus, outros
veículos pesados, tratores, máquinas e equipamentos agrícolas;
 Serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos
automotores;
 Serviços de manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e bicicletas;
 Serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de
informática;
 Serviços de reparos hidráulicos, elétricos, pintura e carpintaria em residências ou
estabelecimentos civis ou empresariais, bem como manutenção e reparação de
aparelhos eletrodomésticos;
 Serviços de instalação e manutenção de aparelhos e sistemas de ar condicionado,
refrigeração, ventilação, aquecimento e tratamento de ar em ambientes
controlados;
 Veículos de comunicação, de radiodifusão sonora e de sons e imagens, e mídia
externa;
 Construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de
subempreitada;

Módulo 3 Administração
209

 Transporte municipal de passageiros;


 Empresas montadoras de estandes para feiras;
 Escolas livres, de línguas estrangeiras, artes, cursos técnicos e gerenciais;
 Produção cultural e artística;
 Produção cinematográfica e de artes cênicas;
 Cumulativamente administração e locação de imóveis de terceiros;
 Academias de dança, de capoeira, de ioga e de artes marciais;
 Academias de atividades físicas, desportivas, de natação e escolas de esportes;
 Elaboração de programas de computadores, inclusive jogos eletrônicos, desde que
desenvolvidos em estabelecimento do optante;
 Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação;
 Planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas, desde
que realizados em estabelecimento do optante;
 Escritórios de serviços contábeis;
 Serviço de vigilância, limpeza ou conservação.

9.14.4 Tributos unificados no Supersimples

O "Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos


pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional" substitui os
seguintes impostos e contribuições (art. 13):

 Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ;


 Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI;
 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;
 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins;
 Contribuição para o PIS/Pasep;
 Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, incidente sobre
a folha de salário e demais rendimentos do trabalho, incluindo SAT;
 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação - ICMS;
 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS.

O "Simples Nacional", contudo, não abrange os tributos a seguir:

 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou


Valores Mobiliários - IOF;
 Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros - II;
 Imposto sobre a Exportação, para o Exterior, de Produtos Nacionais ou
Nacionalizados- IE;
 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR;
 Imposto de Renda, relativo aos rendimentos ou ganhos líquidos auferidos em
aplicações de renda fixa ou variável;
 Imposto de Renda relativo aos ganhos de capital auferidos na alienação de bens
do ativo permanente;
 Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;

Administração Módulo 3
210

 Contribuição para manutenção da Seguridade Social, relativa ao trabalhador;


 Contribuição para a Seguridade Social, relativa à pessoa do empresário, na
qualidade de contribuinte individual;
 Imposto de Renda relativo aos pagamentos ou créditos efetuados pela pessoa
jurídica a pessoas físicas;
 Contribuição para o PIS/Pasep, Cofins e IPI incidentes na importação de bens e
serviços;
 ICMS devido:

a) Nas operações ou prestações sujeitas ao regime de substituição tributária;


b) Por terceiro, a que o contribuinte se ache obrigado, por força da legislação estadual
ou distrital vigente;
c) Na entrada, no território do estado ou do Distrito Federal, de petróleo, inclusive
lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, bem como energia
elétrica, quando não destinados à comercialização ou industrialização;
d) Por ocasião do desembaraço aduaneiro;
e) Na aquisição ou manutenção em estoque de mercadoria desacobertada de
documento fiscal;
f) Na operação ou prestação desacobertada de documento fiscal;
g) Nas operações com mercadorias sujeitas ao regime de antecipação do recolhimento
do imposto, bem como do valor relativo à diferença entre a alíquota interna e a
interestadual, nas aquisições em outros estados e Distrito Federal, nos termos da
legislação estadual ou distrital;

 O ISS devido:

a) Em relação aos serviços sujeitos à substituição tributária ou retenção na fonte;


b) Na importação de serviços.

9.14.5 Forma de cálculo

O valor do tributo devido mensalmente pela empresa optante do simples é


calculado em função da natureza da atividade exercida e da receita bruta auferida nos
últimos 12 meses anteriores ao período de apuração, de acordo com as tabelas previstas nos
Anexos I a V da Lei Complementar 123/20061. Estas estabelecem alíquotas - variáveis de 4%
a 11,61% (para o comércio), de 4,5% a 12,11% (para a indústria) e 6% a 17,42% (para
serviços e locação de bens móveis).

Assim, ao iniciar as atividades da empresa ou no início de cada exercício financeiro,


o administrador deve buscar a assessoria de contabilista especializado, a fim de determinar
qual é a melhor opção de recolhimento. Caso a empresa tenha departamento contábil
próprio, deve-se exigir dos profissionais da área simulações periódicas das alternativas de
tributação. Isso porque nem sempre o simples nacional se mostra vantajoso.

Em alguns casos, a adoção do imposto de renda pelo lucro presumido ou mesmo o


lucro real, com recolhimento de ISS, ICMS ou IPI e demais contribuições especiais, pode
implicar o recolhimento de uma carga fiscal menor. A determinação da alternativa mais

Módulo 3 Administração
211

econômica só é possível no caso concreto, a partir da realidade da empresa.

EXERCÍCIOS

1- Sobre o ISS, assinale a alternativa correta.

a) O ISS é um tributo de competência municipal, disciplinado integralmente por uma


legislação complementar federal, a fim de evitar conflitos normativos entre os
diversos municípios.
b) A lista de serviços tributáveis do ISS, prevista em lei complementar federal, é de
natureza taxativa.
c) A lei complementar pode qualificar como serviço tributável qualquer atividade
econômica.
d) O ISS incide sobre as exportações de serviços.

2- Considerando as regras que disciplinam o ICMS, assinale a opção correta.

a) O ICMS não incide sobre a prestação de serviços.


b) Não há incidência do ICMS a importação de mercadorias.
c) O fato gerador do ICMS considera-se ocorrido no momento da saída da mercadoria
da estabelecimento do contribuinte, independentemente de qualquer outra
circunstância.
d) Para evitar os efeitos prejudiciais da tributação em cascata, a Constituição estabelece
que o ICMS deverá ser não-cumulativo.

3- Sobre o IRPJ, é correto afirmar.

a) O regime do lucro presumido é uma modalidade simplificada de tributação da renda,


na qual o imposto é calculado com base em um percentual da receita bruta,
deduzindo-se ainda os custos e despesas.
b) O regime do lucro presumido é uma opção do contribuinte, que pode ser adotado
por qualquer pessoa jurídica.
c) O regime do lucro arbitrado é aplicável, dentre outras hipóteses, sempre que a
escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de
fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para
determinar o lucro real.
d) O regime do lucro arbitrado é aplicável, dentre outras hipóteses, sempre que o
contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro real.

4- Sobre a Cofins, assinale a alternativa correta.

a) O regime cumulativo da Cofins é aplicável aos contribuintes optantes do regime de


apuração do Imposto de Renda pelo lucro presumido.
b) A Cofins não-cumulativa tem alíquota de 3%.
c) O regime cumulativo da Cofins é aplicável aos contribuintes optantes do regime de
apuração do Imposto de Renda pelo lucro real.
d) A Cofins não-cumulativa incide apenas sobre a receita bruta decorrente da venda de

Administração Módulo 3
212

mercadoria ou prestação de serviços de qualquer natureza (faturamento).

5- Sobre o salário-educação e a contribuição adicional ao FGTS, é correto afirmar.

a) O salário-educação tem alíquota de 2,5%, incidente sobre o faturamento.


b) A contribuição adicional ao FGTS também é mensalmente, com alíquota de 0,5%
incidente sobre a folha de salários e demais remunerações.
c) O salário-educação constitui um tributo adicional à contribuição social incidente
sobre folha de salários e demais rendimentos do trabalho como fonte de custeio da
educação básica dos empregados e seus dependentes.
d) A contribuição adicional ao FGTS também é devida em caso de despedida sem justa
causa, com alíquota de 10% incidente sobre o maior salário do empregado.

6- Sobre as contribuições da empresa incidentes sobre a folha de salários e demais


rendimentos do trabalho, inclusive SAT e sistema "S", assinale a alternativa correta.

a) O conceito de salário da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) pode ser alterado
para fins de incidência da contribuição.
b) As diárias para viagens e outras parcelas indenizatórias, desde que atendimentos os
demais requisitos legais, integram a base de cálculo da contribuição.
c) A contribuição ao SAT tem alíquota variável de 1 % a 3%, conforme o grau de risco de
acidentes do trabalho da atividade exercida pela empresa.
d) A contribuição ao Sesc/Senac são devidos todas as empresas, inclusive as indústrias.

7- Sobre o "Simples Nacional", é correto afirmar que:

a) Os tributos federais devidos pela empresa são substituídos por um tributo único,
incidente sobre a receita bruta.
b) Os impostos federais, estaduais e municipais devidos pela empresa são substituídos
por um tributo único, incidente sobre a receita bruta.
c) Os tributos estaduais e municipais devidos pela empresa são substituídos por um
tributo único, incidente sobre a receita bruta.
d) Os tributos federais, estaduais e municipais devidos pela empresa são substituídos
por um tributo único, incidente sobre a receita bruta.

e) Assinale, entre os impostos e contribuições abaixo, qual está abrangido pelo "Simples
Nacional".

a) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou


Valores Mobiliários - IOF.
b) Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros - II.
c) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL.
d) Cofins incidentes na importação de bens e serviços.

f) Sobre o limite máximo da receita bruta para fins de ingresso no "Simples Nacional",
assinale a alternativa correta.

Módulo 3 Administração
213

a) R$240.000,00.
b) R$480.000,00.
c) R$2.400.000,00.
d) R$1.400.000,00.

Administração Módulo 3
214

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, Gustavo Pedro de. Contabilidade Tributária, Editora Atlas, 2008.

DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual do Direito Tributário, Editora Saraiva, 2007.

FABRETI, Láudio Camargo. Direito Tributário Aplicado: Impostos e Contribuições das


Empresas, Editora Atlas, 2008.

Módulo 3 Administração
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ANOTAÇÕES:
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ANÁLISE DE BALANÇO
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10 ANÁLISE DE BALANÇO

A análise das demonstrações financeiras ou análise de balanço, são técnicas


utilizadas pelos analistas para obtenção de conclusões acerca da situação econômica e
financeira relacionadas com o patrimônio, de acordo com os interesses dos usuários, por
meio de interpretações de dados coletados das demonstrações financeiras.

10.1 Demonstrações Contábeis a Serem Efetivadas

A Lei das Sociedades por Ações (Lei n° 6.404) determina a estrutura básica das
demonstrações financeiras. A legislação fiscal tornou essas determinações obrigatórias
também para os demais tipos de sociedades. Por essa razão, todas as empresas, no Brasil,
divulgam suas demonstrações financeiras sob a forma prevista na Lei das S.A.

Essa lei trouxe consideráveis aperfeiçoamentos contábeis em relação às práticas


anteriormente vigentes e tornou-se um marco na história da contabilidade no Brasil, apesar
de ainda não incorporar todos os aperfeiçoamentos que seriam possíveis.

Para efeito de análise de balanços, a Lei das S.A. representou notável avanço. O
conteúdo e a forma de apresentação das demonstrações financeiras atendem perfeitamente
às necessidades da Análise de Balanços.

O produto final de um processo contábil é o conjunto de relatórios denominados


demonstrativos financeiros, que devem oferecer informações:

 Úteis, para apresentar aos potenciais credores e investidores usarem na hora de


suas decisões de investimentos ou concessão de crédito;
 Compreensíveis, para aqueles com razoável entendimento das atividades
econômicas;
 A respeito dos recursos da empresa, de suas obrigações e dos efeitos das
transações que possam alterar essas posições;
 Sobre o desempenho econômico e financeiro da empresa; e
 Para ajudar os usuários a avaliar os valores, o tempo e a incerteza de possíveis
valores a serem recebidos.

A análise de balanços tem por finalidade, portanto, informar a situação financeira


de uma organização para que as pessoas possam decidir, ou seja, um estudo comparativo
entre grupos de elementos destas demonstrações por meio de índices, objetivando o
conhecimento da relação entre cada grupa com balanço patrimonial.

Para se interpretar os quocientes, não se deve fazer apenas de uma forma isolada,
esta deve ser feita em conjunto com outras variáveis, tendo em vista que cada organização
possui características próprias, mesmo que os problemas sejam aparentemente os mesmos
a análise deve ser feita de maneira equilibrada e ponderada, a observância da sequência
lógica é importante na interpretação, pois o conhecimento do cociente completará a
interpretação do anterior, dando assim, de maneira mais racional, margem a conhecer com
mais facilidade a capacidade econômica e financeira da organização.

Administração Módulo 3
220

Existem casos em que a situação econômico-financeira de determinada empresa,


em um momento não é boa, mesmo alcançando os parâmetros, ou é considerada ótima,
mesmo abaixo dos padrões. Vários fatores influenciam na análise e interpretação desta
situação, motivo pelo qual o critério deve ser cuidadosamente decidido, aplicando-se os
conhecimentos sobre estatística através de resultados obtidos por média aritmética, moda,
mediana.

As Demonstrações das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) relatório que


evidencia num determinado período às modificações que deram origem as variações do
Capital Circulante Líquido (CCL) da entidade, explicitando desta forma as modificações no
início e final do exercício, ou seja, as origens, aplicações, excesso ou insuficiência dos
recursos e origens, e os saldos no início e fim do exercício tanto no ativo quanto no passivo;
podem e devem ser considerados, pois fornecem várias informações sobre aplicação em
origem Capital do Giro Líquido (CGL).

Outro indicador importante a ser considerado é a condição da empresa em gerar


recursos para honrar seus compromissos, uma vez que tendo conhecimento do montante
(caixa, banco, aplicações de liquidez imediata), vários quocientes podem ser analisados
utilizando o Passivo Exigível a Longo Prazo (PELP) comparado ao fluxo de receitas e despesas
(DR). Chegando assim a conclusões qualitativas e quantitativas com intuito de maximizar a
estrutura financeira do capital a médio ou longo prazo.

Os quocientes de estrutura de capitais, de liquidez e rentabilidade devidamente


estudados dão condições para se obter um bom diagnóstico sobre a situação econômica e
financeira de uma organização; do relacionamento entre diversos grupos de contas das
demonstrações financeiras podem ser extraídos um grande número de quocientes,
apresentando cada um a sua importância de acordo com o aspecto das análises e com
objetivo que se tem em mente.

De posse desse conjunto de quocientes o analista irá elaborar um exame minucioso


de cada conta que compões tais demonstrações, coletando dados e escolhendo os
indicadores apropriados para obtenção dos resultados considerando as etapas a seguir:

 Exame e padronização das demonstrações financeiras (BP, DRE, LLA, DOAR);


 Coleta de dados (AC, AP, PL, Vendas Liquidas);
 Cálculo dos indicadores (quocientes, coeficientes, índices);
 Interpretação de quocientes (isolada e conjunta);
 Análise vertical e horizontal (interpretação isolada e conjunta de índices e
coeficientes);
 Comparação com padrões (cálculos e comparações com quocientes-padrão);
 Relatórios (apresentação das conclusões em forma de relatórios inteligíveis por
leigos).

Desta forma o relatório de análise deve apresentar informações sobre a situação econômico-
financeira da organização e sobre o seu desempenho ao longo dos períodos analisados, bem
como as tendências para o futuro. Devem ser esclarecidas, ainda, as causas que
proporcionaram o grau de endividamento, liquidez e rentabilidade encontrados, quer sejam

Módulo 3 Administração
221

positivos ou negativos; assim sendo, a tarefa de interpretação do administrador se inicia


mediante os dados contábeis fornecidos pelo profissional de ciência contábeis.

10.2 Análise Vertical e Horizontal

Os índices financeiros têm por objetivo diagnosticar situações problemáticas,


verificar tendências dos fatos e fornecer subsídios para o processo de tomada de decisão.
São a base de comparação para a emissão de algum juízo de valor.

A Analise Vertical – AV e a Análise Horizontal – AH das demonstrações financeiras


propiciam a verificação de tendências, possibilitando a projeção de cenários, com base na
manutenção ou alteração de determinado comportamento. Os quocientes obtidos pela
divisão de valores constantes em grupos, subgrupos e mesmo contas, uns pelos outros,
possibilitam uma rápido diagnóstico da situação econômico-financeiro das empresas,
possibilitando a imediata ação no sentido da correção de problemas com eventuais ajustes.

A Analise Vertical - AV, como o próprio nome diz, é feita de cima para baixo, por
meio do cálculo da composição de cada item do ativo ou passivo em relação a um total no
mesmo período. Já a Analise Horizontal – AH, compara valores de um ano para outro, ou
seja, verifica a posição econômico-financeiro da empresa em determinados períodos e a
compara em relação ao ano anterior, mostrando a evolução da estrutura patrimonial
existente.

 Objetivos:

 Fornecer informações numéricas de dois ou mais períodos, de modo a auxiliar o


conhecimento da situação da empresa para a tomada de decisões;
 Verificar o caráter econômico-financeiro da empresa, avaliando de forma
qualitativa e quantitativamente os recursos que foram aplicados na empresa;

 Principais interessados (usuários da contabilidade):

 Investidores: buscam identificar a situação econômico-financeira da empresa;


 Fornecedores: análise da capacidade de pagamento da empresas compradora;
 Bancos: utilizam os relatórios para aprovar empréstimos e limites de empréstimos;
 Governo: utilizam as análises com a finalidade de obter informações sobre a
arrecadação de impostos;
 Sindicatos: determinação da produtividade do setor, fator preponderante para
reajuste de salários;

 Estrutura:

Para o balanço patrimonial, a referência será o total do ativo (ou do passivo, uma
vez que são iguais).

Administração Módulo 3
222

10.2.1 Análise vertical ou de estrutura

A Análise Vertical é uma interpretação gráfica usada para medir a liquidez de uma
empresa. É o estudo das alterações das composições, dos principais conjunto de contas
(ativo e passivo), extraindo indicadores para ajudar a identificar o andamento da empresa no
período analisado. Ela facilita a avaliação da estrutura do ativo e do passivo bem como a
participação de cada item da Demonstração de Resultado na formação do lucro ou prejuízo.

O cálculo do percentual de participação relativa dos itens do ativo e do passivo é


feito dividindo-se o valor de cada item pelo valor total do ativo ou do passivo. Para a
participação relativa dos itens da demonstração de resultado o cálculo é feito dividindo-se
cada item pelo valor da receita líquida, pois esta é considerada como base.

A análise aqui em comento pode ser utilizada no balanço patrimonial e na


demonstração de resultados, seu propósito e mostrar a participação relativa de cada item do
demonstrativo financeiro onde esteja sendo utilizada. No balanço, por exemplo, determina-
se através da análise vertical, quanto por cento cada conta represente em relação ao ativo
total. Considera-se a utilização de um mínimo de três períodos (exercícios sociais), para que
exista êxito desta técnica, desta forma os pareceres dela extraídos podem gerar informações
confiáveis e valiosas.

A fórmula de cálculo para a identificação de tendências pela análise vertical é


simples. Em cada ano os percentuais da coluna da análise vertical (AV), divide-se o valor da
rubrica (valor atual) que se quer calcular pelo valor base (valor anterior) e multiplica-se por
cem.

Deve-se observar as tendências da representatividade de cada item ao longo de três


ou mais exercícios é um processo que ajuda o analista a visualizar mudanças ocorridas na
estrutura do demonstrativo que esteja sendo analisado. Salientando que para traçar a
análise vertical, devemos transformar os valores em percentuais e posteriormente traçar no
gráfico.

10.2.2 Análise horizontal ou de evolução

O propósito da análise horizontal (AH) é permitir o exame da evolução histórica de


uma série de valores. Tradicionalmente nesta análise toma-se o primeiro exercício como
base 100 e estabelece-se a evolução dos demais exercícios comparativamente à essa base
inicial.

A fórmula análoga para o cálculo dos índices relativos a rubricas de exercícios


anteriores nesta técnica de análise é a seguinte:

AH em 200b = (rubrica em 200b / rubrica em 200a) x


100

Cada um dos índices obtidos por meio da análise horizontal fornece a ideia de sua
própria evolução ao longo do período considerado, ou seja, sua medida de crescimento. O

Módulo 3 Administração
223

conceito da análise horizontal fundamenta-se na base histórica de cada item ao longo do


período, isto é todos os demais anos comparados com o primeiro. Nesta técnica também é
aconselhável o uso de três períodos, porém nada impede que em uma economia instável e
com elevados índices de inflação, sejam comparadas as rubricas de um ano para outro,
como por exemplo, as venda do último ano com as do ano anterior.

 Objetivos:

 Relacionar a evolução ou variações das contas comparadas com o ano anterior;


 Investigar com mais profundidade as contas que mais se alteraram.

 Exemplo: Variações positivas:

O Ativo Circulante de uma Cooperativa em 2003 fechou com $6.949.086,


aumentando em relação a 2002, que foi de $6.670.954. Portanto, houve uma variação
positiva de $278.132 ($6.949.086 menos $6.670.954).

10.2.2.1 Análise por índice e por percentual

Como já mencionado acima, análise Horizontal tem a finalidade de evidenciar a


evolução dos itens das demonstrações contábeis, por meio dos períodos. Calculam-se os
números-índices estabelecendo o exercício mais antigo como índice-base 100. Podem ser
calculados, também, aumentos anuais.

As técnicas utilizadas em análise horizontal apresentam algumas limitações:

 Quando o valor do item correspondente no exercício-base for nulo, número-índice


não pode ser calculado pela forma proposta, pois os números são divisíveis pelo
número zero. Nesses casos, podem ser analisadas variações em valores absolutos;
 Quando o exercício-base apresenta um número negativo e no exercício seguinte o
número fica positivo (e vice-versa), matematicamente, é calculável, mas o
resultado deve ser tratado com bastante cuidado, para não ocorrerem
interpretações equivocadas da evolução.

Essas análises contribuem valiosamente na interpretação da estrutura e das


tendências dos números de uma empresa e, podem auxiliar também na análise dos índices
financeiros e em outros métodos de análise.
Análise econômico-financeira através dos índices
A análise de índices ou quocientes relaciona itens e grupos do balanço patrimonial e
do demonstrativo de resultados. O uso desses índices é de utilidade para análise de crédito e
de tendências, além de auxiliar a administração ou gerência, contribui para que os analistas
entendam o desempenho da empresa no passado e a examinem sua posição no setor de
mercado, através da comparação com padrões.

Os índices (ou indicadores ou quocientes) significam o resultado obtido da divisão


de dias grandezas.

Administração Módulo 3
224

Exemplo: Se a empresa tiver R$ 1.500 a receber e R$ 1.000 a pagar, obtém-se um


índice igual a 1,50. Que é igual a fórmula contas a receber/contas a pagar.

No entanto, essa é apenas uma primeira etapa que denomina-se simplesmente de


cálculo do índice com base numa fórmula.

A segunda etapa é a interpretação, isto é, o que significa o 1,50; ou seja, como


pode-se explicá-lo.

A terceira etapa, e a mais importante, é a conceituação do índice, ou seja, se quer


saber se ele é bom, razoável, ruim, etc.

A técnica de análise por meio de índices consiste em relacionar contas e grupos de


contas para extrair conclusões sobre tendências e situação econômico-financeira da
empresa.

O analista pode trabalhar com índices ou percentuais. Os índices alcançados pela


empresa podem ser classificados como ótimo, bom, satisfatório ou deficiente, ao compará-
los com os índices de outras empresas do mesmo ramo ou porte. Esta comparação é possível
através das publicações em revistas especializadas.

10.2.2.1.1 Índices financeiros

Como já mencionado acima, o uso de índices financeiros permite que as partes


interessadas façam uma avaliação de certos aspectos do desempenho de uma empresa. As
partes interessadas incluem, geralmente, acionistas e financiadores reais e potenciais bem
como a administração da empresa. Observa-se a seguir os tipos de índices.

 Índice de liquidez:

Os Índices de liquidez são calculados a partir de relacionamento de contas do


balanço patrimonial e têm por finalidade medir a capacidade da empresa de pagar seus
compromissos, ou seja, mede a sua capacidade de cumprir suas obrigações passivas
assumidas, principalmente os de curto prazo.

Esses Índices permitem prever a capacidade financeira da empresa para liquidar


seus compromissos financeiros no vencimento, fornecendo uma indicação de sua
capacidade de manter seu capital de giro no volume necessário à realização de suas
operações.

Embora sejam bastante utilizados nas empresas para avaliações externas,


principalmente para clientes e fornecedores, os índices de liquidez também podem
aplicados na avaliação da própria empresa, permitindo realizar um monitoramento de seu
capital de giro.

A interpretação desses índices pode ser feita comparando-os com os de outras


empresas, ou analisando sua evolução ao longo do tempo na própria empresa. Existem

Módulo 3 Administração
225

vários índices de liquidez financeira, porém, elenca-se a seguir os mais relevantes.

 Índice de Liquidez Corrente – LC: Indica a capacidade da empresa para liquidar


seus compromissos financeiros de curso prazo, ou seja, no próximo exercício social
(próximos 12 meses). Como ele estabelece a relação entre ativo circulante e
passivo circulante, quanto maior for o índice, melhor será a situação financeira da
empresa. É calculado pela fórmula: LC = AC/PC. Como regra geral, considera
satisfatório um índice de liquidez corrente maior do que um (1);
 Índice de Liquidez Seca – LS: Avalia a capacidade da empresa para liquidar suas
dívidas de curto prazo, considerando seus ativos de maior liquidez.
Reconhecidamente, os estoques se constituem a parcela do ativo de menor
liquidez. Por isso são excluídos do ativo circulante quanto quando se quer calcular
o índice de liquidez seca. É calculado pela fórmula: LS = AC-EST/PC;

 Índice de Liquidez Imediata – LI: Esse índice mostra quanto de recursos a empresa
dispõe de imediato para honrar todos os seus compromissos de curto prazo.
Geralmente recomenda-se que esse índice seja o menor possível, sempre evitando
o risco de não possuir recursos disponíveis nas datas de vencimento das
obrigações. É calculado pela fórmula: LI = Disponível/PC;

 Índice se Liquidez Geral – LG: Avalia a capacidade da empresa para liquidar suas
dívidas de curto prazo e longo prazo. É calculado pela fórmula: LG =
AC+RLP/PC+ELP.

 Índice de endividamento:

Os índices de endividamento mostram o relacionamento entre as fontes de capital


da empresa, representados pelo Patrimônio Líquido (Capital Próprio) e as exigibilidades
(Capital de Terceiros). Destaca-se a seguir os principais quocientes de endividamento:

 Participação de capitais de terceiros:

Esse índice é normalmente expresso em porcentagem e mostra quanto do Ativo


Total (denominador) é financiado com recursos de terceiros (numerador). Quanto maior o
quociente, mais endividada estará a empresa, e maior será o risco de não conseguir pagar
seus compromissos.

Fórmula: Participação de Capital de Terceiros = Exigível Total/Ativo Total. (Exigível


Total = Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo)

 Grau de endividamento:

Esse índice mostra a participação do capital próprio no total das dívidas da


empresa. Um índice maior que 1 (um) pode revelar uma dependência em relação ao capital
de terceiros. Geralmente as indústrias necessitam de uma maior quantidade de recursos
próprios para financiar suas imobilizações em instalações, contudo, uma empresa comercial,
com maior participação do capital de giro no ativo total, normalmente opera com uma

Administração Módulo 3
226

parcela menor de capital próprio.

Fórmula: Grau de Endividamento = Exigível Total / Patrimônio Líquido

 Composição do endividamento:

Esse quociente mostra a participação do endividamento no curto prazo e longo


prazo, ou seja, o perfil da utilização do capital de terceiros. Quanto maior for esse índice,
maior será a necessidade de caixa para saldar os compromissos em custo prazo.
Inversamente, quanto menor for esse índice, maior será a folga de caixa da empresa para
pagar seus compromissos de curto prazo. Normalmente, as empresas procuram concentrar
seus pagamentos no longo prazo para melhor usufruir dessa folga.

Fórmula: Composição do Endividamento = Passivo Circulante/Exigível Total

 Índice de eficiência ou rotatividade ou índice de atividade:

Os Índices de eficiência ou rotatividade revelam a velocidade com que


determinados elementos do patrimônio giram durante o exercício. Esses índices relacionam
itens do DRE e do BP e são expressos em períodos de tempo (dias, meses ou anos). Os
principais quocientes de eficiência são:

 Giro dos estoques:

Demonstra o número o número de vezes que o estoque girou por causa das vendas.
É utilizado para comparação com outras empresas da mesma atividade ou para comparação
e análise do estoque da empresa.

O ramo de atividade determina diferenças nos índices de giro: um supermercado ou


uma indústria de bebidas apresenta giro de estoques muito superior ao de uma fabricante
de aviões, por exemplo.

Quanto maior for o giro dos estoques, mais eficientemente a empresa estará
gerenciando seus estoques, no entanto, deve-se ter o cuidado para que os estoques não
tenham um nível tão pequeno a ponto de, em alguns momentos, resultar em falta,
comprometendo as vendas.

Fórmula: Custo das Mercadorias Vendidas/Estoque Médio (Estoque médio =


Estoque Inicial + Estoque Final/2)

 Prazo médio de renovação de estoque:

É a transformação das quantidades de giros do estoque em número de dias por


período. Esse índice mostra para a indústria, o número de dias que decorre em média entre
a compra da matéria-prima, sua transformação em produto e sua venda. No caso das
empresas comerciais ou mercantis mostra o tempo médio entre a compra da mercadoria e
sua venda, ou seja, quanto tempo o estoque da empresa leva para se renovar.

Módulo 3 Administração
227

Fórmula: 360/Giro dos Estoques


 Giro do contas a receber:

Determina quantas vezes a empresa gira seu “Contas a Receber”, em função das
vendas. Quanto maior for o giro, melhor para a empresa.

Uma concessão de crédito mais seletiva resulta em giro maior. Giros muitos altos
podem indicar política de crédito deficiente.

Fórmula: Vendas Líquidas/Contas a receber médio

 Prazo médio de recebimentos:

Indica o número de dias que a empresa leva, em média, para receber efetivamente
o valor das vendas. O desconto de duplicatas reduz o volume das aplicações em Contas a
receber, porém depende da necessidade de Liquidez Imediata da empresa, e
principalmente, do custo cobrado pelos bancos.

Fórmula: 360/Giro do Contas a receber

 Giro do contas a pagar:

Esse índice tem sua melhor aplicação às empresas comerciais, já que as indústrias
incluem no valor de seus estoques, além do valor da compra de matérias-primas, o custo da
mão de obra, a depreciação e os custos indiretos de fabricação.

Fórmula: Compras/Conta Fornecedor Médio

Em que,

Fornecedor Médio = Fornecedor no Início + Fornecedor no Final/2; e

Compras = CMV (+) Estoque Final (-) Estoque Inicial

Esse quociente indica quantas vezes, em média, a empresa renova seu “Contas a
Pagar”.

 Prazo médio de pagamentos:

Esse quociente indica o tempo de financiamento do capital de giro da empresa


através dos fornecedores, é o tempo decorrido entre a compra da mercadoria e o
pagamento ao fornecedor.

Quanto menos girar o contas a pagar, melhor para a empresa e,


consequentemente, quanto maior o número de dias de seu prazo médio de pagamentos,
melhor para empresa, desde que não atrase os pagamentos e não pague encargos por esse

Administração Módulo 3
228

atraso.

Fórmula: 360/Giro do Contas a Pagar

 Posicionamento relativo:

Esse índice, preferencialmente, deve ser inferior a 1, para não afetar de maneira
negativa o fluxo de caixa.

Há uma forte influência dos índices de eficiência sobre os quocientes de liquidez.


Sempre que diminui-se o prazo médio de estoques, o prazo médio de recebimentos e
aumenta-se o prazo médio de pagamentos estamos acelerando a entrada de dinheiro no
caixa melhorando, portanto, os índices de liquidez.

Fórmula: Prazo Médio de Recebimentos/Prazo Médio de Pagamentos

 Ciclo operacional:

O ciclo operacional ou ciclo de caixa é definido como o período de tempo que vai do
ponto em que a empresa faz seu desembolso para adquirir matéria-prima (mercadoria), até
o ponto em que é recebido o dinheiro da venda do produto.

Ciclo Operacional = PME (+) PMR (-) PMP, em que:

PME = Prazo Médio de Estoque


PMR = Prazo Médio de Recebimento
PMP = Prazo Médio de Pagamento

 Índice de rentabilidade:

Os índices de rentabilidade mostram o retorno auferido pela empresa na utilização


de seus ativos durante um período. Esses índices relacionam o lucro da empresa com seu
tamanho, expresso por meio de suas vendas ou de seus ativos (investimento). Os principais
índices de rentabilidade são:

a) Margem de Lucro sobre Vendas


b) Margem Líquida = Lucro Líquido/Vendas Líquidas
c) Vendas Líquidas = Receita Bruta (menos) Impostos sobre Vendas Deduções e
Abatimentos e Devoluções
d) Margem Operacional = Lucro Operacional/Vendas Líquidas

 Giro do ativo:

Esse índice expressa quantas vezes o ativo se transformou em vendas.

a) Giro do Ativo Total = Vendas Líquidas/Ativo Total Médio


b) Ativo Total Médio = Ativo Total Inicial (+) Ativo Total Final/2

Módulo 3 Administração
229

c) Giro do Ativo Operacional = Vendas Líquidas/ Ativo Operacional Médio


d) Ativo Operacional Médio = Capital de Giro Líquido (+) Ativo Realizável a Longo Prazo
(+) Ativo Permanente
e) Capital de Giro Líquido = Ativo Circulante (-) Passivo Circulante

 Índices da valorização das ações:

São quocientes importantes, que nos proporcionam avaliar os valores das ações das
empresas.
 Valor Patrimonial da Ação (VPA):

Esse quociente retraia o valor contábil da ação e pode ser útil para o acionista na
hora da venda de suas ações, pois possibilita comparar com o valor da ação cotada em bolsa
ou com o valor oferecido por um eventual comprador. Quanto maior o preço cotado em
bolsa em relação ao valor patrimonial da ação, melhores são as apostas dos analistas quanto
ao futuro desempenho da empresa.

Fórmula: VPA = Patrimônio Líquido/Número de Ações

 Lucro Por Ação (LPA):

Esse índice é usado como uma medida interna de análise de desempenho. Serve
como medida comparativa entre empresas de diferentes tamanhos e ramos de atividade
diversos. Os analistas de mercado costumam recomendar a compra de ações que mostrem
LPA crescente ao longo do tempo.

Fórmula: LPA = Lucro Líquido/Número de Ações.

 Índice P/L:

O mercado interpreta esse índice como sendo o tempo necessário para recuperar o
investimento feito na compra de ações de uma empresa. Um P/L alto pode indicar para o
investidor a existência de expectativa de crescimento dos benefícios gerados pela empresa,
já um baixo P/L indica que a expectativa futura de lucros da empresa é questionável.

Fórmula: ÍNDICE P/L = Preço da Ação/Lucro da Ação.

 Índice de dividendos por ação (DPA):

O índice de dividendos por ação, indica o percentual do preço da ação pago sob a
forma de dividendos. Esse quociente revela a política de distribuição de lucros, na forma de
dividendos da empresa. Quanto maior esse índice, maior a possibilidade de atrair novos
investidores e como consequência maior liquidez das ações da empresa na bolsa de valores.

Fórmula: Índice de Dividendos por Ação (DPA) = Valor dos Dividendos/Preço da


Ação

Administração Módulo 3
230

 Índice padrão e outras atividades:

Índice padrão é a comparação da empresa com as demais empresas do setor. De


fato, a análise de balanços através de índices só adquire consistência e objetividade quando
os índices são comparados com padrões. Neste caso, alguns questionamentos são
necessários:

 Como avaliar se os índices analisados são bons?


 Como estão os índices dos concorrentes?
 O endividamento da empresa em análise é maior que o das outras empresas do
mesmo ramo de atividade?

Sem dúvida, só poderemos avaliar bem os índices de uma empresa se os


compararmos com os índices de empresas do mesmo ramo de atividade. Quando
calculamos índices de demonstrações financeiras de empresas do mesmo ramo de atividade
para servir de base de comparação para outras empresas daquele mesmo ramo, estamos
calculando índices-padrão.

Um índice padrão é um referencial de comparação. A comparação de determinado


índice de uma empresa em particular com o índice-padrão indica, por exemplo, se a
empresa que estamos analisando esta enquadrada no padrão ou se está melhor ou pior do
que aquele referencial.

Portanto, o uso do índice-padrão consiste, sinteticamente, na comparação de um


índice de uma determina empresa com um conjunto de índices de outras empresas de
atividade semelhante.

Basicamente, existem três fatores primordiais, que devem ser considerados na


elaboração de um índices-padrão.

 Região demográfica: uma empresa estabelecida em determinada localidade está


sujeita as características oriundas dessa região. Fatores como clima, costumes,
organização política, crenças e valores, junto com as diversidades naturais devem
ser consideradas, irrefutavelmente, essas variáveis interferem nos aspectos
estruturais e na “performance” da empresa.

 Segmento de atuação da empresa: considerado um dos fatore de maior influência


na vida da empresa, determinando o seu ciclo financeiro, seu tipo de estrutura,
bem como a característica dos seus índices financeiros. Nos casos de empresas
que atuam em diversas atividades deve-se buscar aquela predominante sobre as
outras, caso não haja deve-se encontrar na segmentação por atividades uma
alternativa viável.

 Porte da empresa: a empresa pode vir a ter seus índices bem distintos em
decorrência do porte da empresa. A fim de que essa variabilidade não interfira na
elaboração dos índices-padrão deve-se buscar empresas de porte semelhante.

Módulo 3 Administração
231

Em outras palavras, os índices-padrão são obtidos através de metodologia


estatística, de um universo previamente determinado e que servirão de referencial para a
comparação com casos particulares. Pode-se comparar empresas de uma determinada
região, de uma determinada atividade e de um determinado porte.

Entretanto depara-se com outro entrave. Suponha-se que em determinado ramo de


atividades encontra-se 500 empresas, se torna inviável, desse modo, comparar o nível por
exemplo de endividamento, com todo esse agregado de empresas.

O problema se torna mais complexo a proporção que cresce o número de índices


utilizados. Alguns autores propõem uma alternativa para esta situação, qual seja, três tipos
de medidas de posição, que serão delineadas a seguir:
 Média: É utilizada para indicar algo predominante do universo;
 Moda: Esta focalizada em expor aquilo que é mais comum em determinado
universo;
 Mediana: É o número que ocupa posição central no conjunto de números da
amostra.

É muito difícil apurar o distanciamento que o índice apresenta em relação ao


padrão. Em relação essa dificuldade, a sugestão é a busca por novas medidas, que
possibilitam identificar em quanto o índice se afastou do padrão, ou seja, da mediana, para
isso propõe a utilização decis. Fazendo-se do uso de decis têm-se uma medida de proporção
permitindo configurar uma ideia da distribuição estatística dos índices tabulados. Desse
modo através dos decis, tem se uma visão de distribuição dos elementos em determinado
universo.

Sob o ponto de vista macroeconômico estes índices possuem enorme utilidade, pois
analisar os índices-padrão significa interpretar o comportamento de todas as organizações,
uma vez que o padrão substitui os índices reais das empresas.

Existem várias tabelas estatísticas referentes aos índices-padrão:

 Do SERASA;
 Publicados na Revista Exame: “as melhores e maiores” (que são publicados
anualmente);
 Publicados através de estudos universitários.

10.3 Análise da Taxa de Retorno sobre Investimentos

Para se analisar a taxa de retorno sobre investimentos, estuda-se os elementos


abaixo.

 Retorno sobre o Ativo

O Retorno sobre o Ativo Total (ROA - Return on Assets) estabelece a eficiência dada
ao Ativo Total utilizado nas operações da empresa.

Administração Módulo 3
232

Fórmula: ROA = Lucro Líquido/Ativo Total Médio

 Retorno sobre o Investimento:


O Retorno sobre o Investimento (ROI - Return on Investiment) estabelece a
eficiência dada pela administração ao Ativo Operacional utilizado nos negócios da empresa.

Fórmula: ROI = Lucro Operacional/Ativo Operacional Médio

Os índices ROI e ROA são de grande importância, na medida em que permitem


comparar empresas de qualquer tamanho. Na verdade esses índices mostram que só o
tamanho do ativo não diz nada. O que vale é o retorno obtido por meio da utilização desses
ativos, qualquer que seja seu tamanho.
 Retorno sobre o Patrimônio Líquido:

O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE – Return on Equity) apura a relação


entre o ganho obtidos pelos sócios e o investimento que realizam na empresa.

Fórmula: ROE = Lucro Líquido/Patrimônio Líquido Médio

Em que: Patrimônio Líquido Médio = Patrimônio Líquido + Patrimônio Líquido


Final/2

10.4 Análise do Fluxo de Caixa

Fluxo de Caixa é um controle adotado pelo administrador financeiro que tem como
objetivo básico, a projeção das entradas e saídas de recursos financeiros para determinado
período, visando entender a necessidade de captar empréstimos ou aplicar excedentes de
caixa nas operações mais rentáveis para a empresa. Para otimizar os recursos financeiros, a
projeção do fluxo de caixa deve ser feita para um período de abrangência que permita ao
tesoureiro tomar providencias com antecedência suficiente, principalmente, em casos de
necessidade de cobertura de insuficiência de caixa, pois a efetivação de algumas
modalidades de financiamento requer meses de planejamento e preparativos. Alguns
objetivos podem ser destacados:

 Honrar os compromissos nas datas aprazadas, sem onerar as finanças da empresa


com multa e juros. Com o Fluxo de Caixa, o AF prevê a falta de recursos;
 Investir os recursos financeiros disponíveis, evitando que fiquem parados;
 Saber exatamente quando faltarão recursos para a empresa e antecipar-se;
 Analisar quais as melhores fontes de recursos para a empresa tais como descontos
de duplicata, emissão de novas ações, empréstimos bancários, conta garantida,
como também as melhores taxas do mercado, quais as instituições que oferecem
as melhores linhas de crédito;
 Buscar o perfeito equilíbrio entre Liquidez vs. Rentabilidade;
 E outros que visem a eficácia financeira empresarial.

Os dados que compõem o caixa são, o próprio saldo de caixa, saldo das contas
bancárias e aplicações financeiras. Os principais ingressos de recursos são, as vendas à vista,

Módulo 3 Administração
233

recebimentos de vendas a prazo, aumentos de capital social, vendas de itens do ativo


imobilizado, receitas de aluguéis, empréstimos, resgates de aplicações financeiras e outras
entradas de recursos. Por outro lado, os principais desembolsos são, as despesas
operacionais da empresa, amortização de empréstimos, pagamentos de tributos,
pagamentos de duplicatas, pagamentos de fornecedores, compras de mercadorias à vista,
compras em geral à vista e toda a saída de dinheiro.

 Planejamento do fluxo de caixa:

Deverão ser consideradas todas as oscilações que eventualmente poderão ocorrer e


que irão implicar em ajustes dos valores projetados nos orçamentos departamentais. Todos
os envolvidos por estas informações deverão ser responsabilizados pelas mesmas. São
requisitos para implantação, os que seguem:
 Apoio da cúpula diretiva da empresa;
 Organização da estrutura funcional da empresa com definição clara dos níveis de
responsabilidade de cada área;
 Integração dos diversos setores da empresa ao sistema do fluxo de caixa;
 Definição do sistema de informações, quanto aos tipos de informações,
formulários a serem utilizados, calendário de entrega dos dados e os responsáveis
pelas informações;
 Treinamento do pessoal envolvido para implantar o fluxo de caixa na empresa.

No que se refere ao prazo para o planejamento do fluxo de caixa, este dependerá


do porte e do ramo de atividade da empresa. É importante que a empresa trabalhe com um
planejamento mínimo de três meses. O fluxo de caixa mensal se transformará em semanal e
este em diário.

EXERCÍCIOS

1- O balanço de 31 de dezembro de 2006 da Poing Boing and Boing Manufacturing Inc.


apresentou um ativo circulante de R$ 900 e um passivo circulante de R$ 400. O
balanço de 31 de dezembro de 2007 apresentou ativo circulante de R$ 1.150 e
passivo circulante de R$ 475. Qual foi a variação de capital de giro liquido, ou CGL, da
empresa em 2007?

2- Uma empresa possui um capital de giro liquido de R$ 950, passivo circulante de R$


2.500 e estoque de R$ 1.100. Qual é seu índice de liquidez corrente? E seu índice de
liquidez seca?

3- Uma empresa possui vendas de R$ 30 milhões, ativo total de R$ 42 milhões e dívida


total de R$ 12 milhões. Se a margem de lucro liquida é 7%, qual é seu lucro líquido?
Qual é o ROA? Qual é o ROE?

4- A Fred’s Print Shop possui um saldo de contas a receber de R$ 575.358. O total de


vendas a prazo realizadas durante o ano foi R$ 2.705.132. Qual é o giro de contas a
receber? Qual é o número de dias de vendas em contas a receber? Quanto tempo

Administração Módulo 3
234

levou em média para os clientes liquidarem suas contas durante o ano passado?

5- A Hellfrey’s Print Shop encerrou o ano com um estoque de R$ 325.800 e o custo da


mercadoria vendida totalizou R$ 1.375.151. Qual é o giro do estoque? O número de
dias de venda em estoque? Quanto tempo ficou uma unidade de estoque na
prateleira, em média, antes de ser vendida?

6- Em 2007, a WPosf Inc. teve um custo de mercadoria vendida de R$ 9.273. Ao final do


ano, o saldo de contas a pagar era R$ 1.283. Quanto tempo levou, em média para a
empresa pagar seus fornecedores em 2007? O que um valor alto deste índice
significaria?

7- Na página B11 do mesmo jornal e caderno, encontram-se as demonstrações


contábeis da ARMCO DO BRASIL S/A, com as seguintes informações, em milhares de
reais:

Contas 2004 2003


Ativo Circulante 140.264 70.005
Estoques 60.322 31.380
Passivo Circulante 99.884 56.983
Caixa e Bancos 3.114 2.300
Realizável a Longo Prazo 9.596 13.486
Exigível a Longo Prazo 33.772 31.687
Total do Ativo 197.224 137.565

Com base nessas informações pede-se:

a) Determine os coeficientes de Liquidez – LG, LC, LS e LI dos dois anos;


b) Determine o valor do Ativo Permanente e do Patrimônio Líquido dos dois anos;
c) Determine o endividamento (Grau de Dívida) nos dois últimos anos;
d) Identifique a tendência dos indicadores e analise o comportamento da empresa nos
últimos dois anos.

8- Considerando:

a) Que uma empresa vendeu R$ 120.000 em um período e obteve um lucro de R$


11.000;
b) Que ela tem um giro do ativo de 1,25%;
c) Que a participação do capital próprio no ativo total é igual a 60%;
d) Que o restante do passivo está dividido em 70% de circulante e 30% de exigível a
longo prazo;
e) Que essa empresa tem um índice de Liquidez Corrente de 1,5 e não tem R.L.P.

Pede-se:

a) O valor do seu ativo permanente;


b) Calcular, analisar e interpretar a rentabilidade.

Módulo 3 Administração
235

9- Considerando os seguintes dados de uma empresa:

a) Um ativo total de R$ 320.000;


b) Um giro do ativo de 0,80%;
c) Custos e despesas totais do período de R$ 247.000;
d) Um ativo permanente de 72% do ativo total;
e) Um exigível a longo prazo de R$ 10.000 (não tem realizável a longo prazo);
f) Um capital próprio representando 65% do ativo.

Pede-se:

a) Calcular o índice de liquidez corrente;


b) Calcular, analisar e interpretar a rentabilidade.
10- O quociente [capitais de terceiros]/[capitais próprios] de uma empresa era de 0,4 no
primeiro ano e passou para 0,6 no segundo; e o [participação das dívidas de curto
prazo]/[endividamento total] passou de 0,3 para 0,5, no mesmo período. Essas
informações permitem concluir que:

a) O endividamento a curto prazo aumentou 1,5 vez em relação ao total dos recursos à
disposição da empresa.
b) A participação das dívidas a curto prazo sobre o endividamento total não se alterou
do primeiro para o segundo ano.
c) O patrimônio líquido da empresa está diminuindo.
d) O perfil de endividamento da empresa está melhorando.
e) A empresa está aumentando o total dos recursos à sua disposição.

11- Foram extraídos, da análise de demonstrações contábeis da Cia. Brasília, os seguintes


dados:

Índices 2004 2005


Liquidez Geral 1,18 0,88
Liquidez Corrente 1,46 1,61

Com base exclusivamente nessas informações, pode-se afirmar que a empresa está:

a) Melhorando o perfil de liquidez geral entre 2004 e 2005.


b) Dependendo de geração futura de recursos para liquidar suas dívidas totais, em
2005.
c) Dependendo de geração futura de recursos para liquidar suas dívidas de curto prazo,
em 2005.
d) Comprometida com dívidas, destinando metade do capital total da empresa para
liquidar suas dívidas, em 2005.
e) Impossibilitada de pagar suas dívidas de curto ou de longo prazo, em 2005, sem
utilizar empréstimos de curto prazo.

Administração Módulo 3
236

REFERÊNCIAS

BRAGA, Hugo Rocha. Demonstrações Contábeis: estrutura, análise e interpretação, Editora


Ática, 2006.

ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-


financeiro, Editora Atlas, 2002.

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ANOTAÇÕES:
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