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TEXTO I
A pandemia causada pela Covid-19 e a adoção de medidas de distanciamento
social adotadas no Brasil trouxeram à tona diversos aspectos relacionados às
desigualdades que perpassam nossas vidas. Sabemos que a possibilidade de
manter o distanciamento social, por meio do trabalho remoto e sem grandes
alterações na renda familiar, foi concedida a poucos, deixando em evidência a
forma desigual com que a pandemia atinge a população, para além da questão
ligada diretamente à doença.
As mulheres, especialmente as mais pobres, chefes de família e com filhos,
foram afetadas de diversas maneiras: perda da renda, falta de creches e escolas,
impossibilidade de adotar medidas de distanciamento social e o aumento da
violência doméstica são alguns dos fatores que mais tiveram impacto sobre a vida
das mulheres, literalmente.
A gravidade desses “efeitos colaterais” da pandemia sobre as mulheres se torna
evidente diante dos dados trazidos pelo Monitor da Violência. Os números mostram
um aumento nos homicídios de mulheres e feminicídios em 14 e 11 UFs,
respectivamente, no primeiro semestre de 2020, quando comparado com o mesmo
período de 2019. Em relação aos homicídios de mulheres se destacam as regiões
Norte e Nordeste, onde três estados apresentaram crescimento acima de 80%:
Rondônia (255%), Tocantins (143%) e Ceará (89%). Em relação ao feminicídio,
Acre e Pará se destacaram com um aumento de 167% e 112%, respectivamente.
Tal queda generalizada, que à primeira vista poderia ser considerada como uma
boa notícia, pode, no entanto, estar relacionada muito mais com a subnotificação
dos casos do que com a real redução do crime. Isso porque sabemos que uma
parte significativa dos estupros ocorre no ambiente doméstico e diante da
suspensão de diversas atividades, como as escolares, por exemplo, o período de
convivência entre autores e vítimas aumentou. Além disso, a presença constante
dos autores pode constranger a comunicação do crime às autoridades.
Da mesma forma, o aumento dos homicídios de mulheres e feminicídios pode
estar relacionado, além do aumento do tempo de convivência entre as vítimas e
autores, ao agravamento de episódios de violência pré-existentes, bem como à
suspensão de serviços prestados por instituições de acolhimento a vítimas de
violência doméstica, ou até mesmo ao distanciamento das redes de apoio de
familiares e amigos.
Disponível em: https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2020/09/16/os-efeitos-colaterais-da-
pandemia-sobre-a-vida-das-mulheres.ghtml
TEXTO II
A pandemia impactou a saúde mental e aspectos comportamentais dos
brasileiros. Um estudo realizado entre maio e junho de 2020 com homens e
mulheres de várias regiões do País (26 Estados brasileiros e do Distrito Federal)
mostrou que um número grande de pessoas apresentou, durante a pandemia,
sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Houve também maior consumo de
drogas ilícitas, de cigarros, de medicamentos e de alimentos. As mais afetadas
emocionalmente foram as mulheres, respondendo por 40,5% de sintomas de
depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse. A pesquisa ouviu três mil
voluntários e realizou-se pela equipe do neuropsicólogo Antônio de Pádua Serafim,
do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de
Medicina da USP (FMUSP).
[…]
Além do perfil de mulher multitarefa que concilia trabalhos domésticos e vida
profissional, a pesquisa trouxe um achado interessante que revela outra face da
questão de gênero. O sofrimento psíquico também atingiu quem morava sozinha e
não tinha filhos. Os níveis mais elevados de estresse, depressão e ansiedade foram
relatados por mulheres nestas condições, situação que, segundo o estudo,
provavelmente estivesse associada a outras variáveis consideradas pela pesquisa e
que poderiam estar contribuindo para o adoecimento das entrevistadas: muitas
delas estavam desempregadas, tinham histórico de doenças crônicas (25,9%) e
relataram ter tido contato com pessoas com diagnóstico de covid-19 (35,2%).
Disponível em https://jornal.usp.br/ciencias/mulheres-foram-mais-afetadas-emocionalmente-pela-
pandemia/
TEXTO III
Não há dúvidas de que as mulheres no mundo todo vêm conquistando
importantes espaços e posições no mercado de trabalho, fruto da perseverança em
mudar a realidade ainda bruta e machista que o mundo corporativo, em parte, ainda
teima perpetuar.
Porém, essa escalada feminina parece ter tido uma parada brusca, devido à
pandemia do Coronavírus. Tenho conversado com profissionais de diferentes
segmentos e elas relatam que, nos últimos meses, a carga de trabalho, a exigência
e o grau de estresse aumentaram muito para elas.
Para as profissionais que estão em home office, a reclamação é ainda mais
comum. O home é algo bom, sem dúvidas, mas como ele veio por uma
necessidade e não como uma política de flexibilização em processo de maturação
nas empresas, acabou por sobrecarregar as mulheres, com afazeres domésticos e
corporativos, dando a sensação de uma certa retração ou uma estagnação.
Recente pesquisa realizada pela Kearney, uma das maiores consultorias
globais de gestão estratégica no mundo, aponta que 30% das mulheres podem
deixar seus empregos devido ao estresse gerado pelo trabalho remoto. As
profissionais ouvidas relatam dificuldades para gerenciar a carga de trabalho,
acesso reduzido a líderes influentes e a oportunidades de evolução na carreira,
além de uma redução na sensação de bem-estar e da saúde mental.
TEXTO IV
26 rios, a intervesão jurídica com medidas protetivas, a checagem em famílias com histórico de a-
27 gressão anteriores e a participação ativa da população é indispensável para que estes números
28 possam diminuir e então, a ajuda e necessidade que a mulher brasileira detém possa ser solucio-
29 nada.
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