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fotos Pedro Sales chamou atenção dos cinco casais que procuravam um local para construir a sua vila, batizada de
Iapó, que significa “rio de raízes” em tupi, e que pode ter sido o nome original da região do Cipó.
Definido o terreno, o projeto teve início tomando como base alguns pressupostos construídos
coletivamente pelos cinco casais e compartilhados com os arquitetos, como princípios inegociáveis
para a concepção da Vila Iapó.
O primeiro e mais importante deles dizia respeito à implantação das cinco habitações e do espaço
de uso comum, que deveriam respeitar integralmente a presença das várias árvores de médio e
grande porte, mesmo que para isso fosse necessário criar um ordenamento mais heterodoxo entre
os volumes, fazer seguidas correções nos levantamentos topográficos em relação à posição de cada
árvore e ainda admitir pequenos ajustes na implantação geral já no início das obras, no momento da
marcação da movimentação de terra e das fundações. Além disso, a cuidadosa definição dos níveis
de cada um dos volumes respeitando a topografia, equilibrando cortes e aterros, fez com que o
mínimo de terraplanagem precisasse ser feita, mais uma vez privilegiando a presença das árvores no
terreno. As árvores definiram o projeto.
O segundo princípio estava na solução arquitetônica das cinco casas. Sua volumetria foi definida a
partir de dois gestos projetuais que privilegiaram a questão da sustentabilidade ambiental,
articulando-a com as questões funcionais, construtivas e estéticas das casas. Os lados maiores dos
volumes foram conformados como grandes planos de vedação dupla, com tijolos cerâmicos do lado
externo e blocos de concreto do lado interno, o que criou uma condição de inércia térmica excelente
para essas superfícies do volume que, por sua extensão, recebem a maior parte da radiação solar
diária. Além disso, a solução garante uma condição adequada para as instalações prediais e gera
maior privacidade entre uma casa e outra. A segunda estratégia sustentável para os volumes das
casas foi criar a possibilidade de aberturas quase totais nas faces menores do volume, garantindo
uma ótima condição de ventilação natural cruzada por diferença de pressão. Por fim, a adoção de
uma cobertura de uma só água inclinada para os fundos, aumenta a altura da abertura frontal das
casas, contribuindo também para favorecer a ventilação cruzada. Também era um princípio
fundamental para a Vila Iapó, desde o início das conversas e do projeto, a racionalização de recursos
naturais por meio do aproveitamento das águas pluviais e do uso da energia solar.
Os planos de cobertura sobre os volumes construídos funcionam como grandes coletores da água
da chuva, direcionando-a para um sistema de condutores com uma canaleta de concreto comum
entre os volumes e gárgulas que direcionam a água para reservatórios específicos para tratamento e
aproveitamento. Além disso, o sistema de coletores solares adotado para aquecimento de água,
garante economia significativa de energia elétrica.
O quarto princípio fundamental da sustentabilidade ambiental da Vila, e que também se articula com
os princípios de sustentabilidade social e econômica, foi a adoção de materiais construtivos e mão
de obra local. Isso garantiu a redução significativa dos impactos com o transporte de materiais e
pessoal até o canteiro de obras já que foram utilizados tijolos, blocos, perfis metálicos e peças de
madeira de fornecedores locais, além de pequenos empreiteiros locais para a execução dos serviços
como construtores, marceneiros, serralheiros, eletricistas e bombeiros. A ideia de uma obra de baixo
impacto, sem atividades que mobilizassem grandes quantidades de pessoas e máquinas, ao mesmo
tempo favoreceu a redução de impactos na flora e fauna local e contribuiu para um processo de
construção com o mínimo de interferência na vida cotidiana dos vizinhos.
A construção ficou pronta e as cinco famílias podem agora habitar seu sonho comum. A Vila Iapó
materializa não só o desejo de cinco famílias de poderem conviver e criar seus filhos numa condição
de proximidade com a natureza. Materializa a possibilidade de conciliação entre a construção e o
uso das edificações de um lado e o respeito e o cuidado com a preservação ambiental do outro. Um
caminho possível para a difícil transformação de uma ideia tão repetida, mas ainda tão difusa como
a sustentabilidade ambiental em práxis cotidiana.