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UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA

CURSO: Sociologia

CADEIRA: Introdução a sociologia

1° Ano Pós-laboral Sala: F2.08

TEMA: Perguntas e respostas

DISCENTES:

Luyanda Milane Dlamini

DOCENTE: Nharucue

Maputo, aos 18 de maio de 2022.


A origem de todas as coisas, pra mim é o outro

Creio que não é novo afirmar que a nossa história é construída a partir dos vários
relacionamentos que experimentamos. No cotidiano da nossa vida, somos atravessados por
ações, sentimentos e palavras, que vão tecendo avanços e retrocessos fundamentais em nossa
construção.

Talvez em um dia da sua vida você já tenha ficado sem trocar uma palavra ou mensagen com
alguém , em um dia que você estava muito “deprimido", cansado ou com muita preguiça. Mas
você já parou para pensar o quanto interagimos o tempo todo com as pessoas ao nosso redor?
Vamos supor que você vá à padaria comprar pães. A primeira coisa é pedir e dizer a quantidade
que deseja. Depois, geralmente agradecemos à pessoa do caixa ao pagar. Se, no caminho,
encontramos um vizinho ou conhecido, o cumprimentamos nem que seja com um simples
cumprimento. Até mesmo para pegar um chapa, precisamos que o motorista saiba que ele
precisa parar na paragem em que estamos, certo?
O que quero dizer com isso tudo? Que estamos o tempo todo nos comunicando uns com os
outros. O mais curioso disso tudo é que precisamos, ou pelo menos esperamos, que o outro
nos responda. Sabe por que? Simplesmente porque precisamos do outro para viver.

Para nascer, crescer, casar, viver em sociedade precisaremos sempre do outro.

D. W. Winnicott, um dos mais famosos teóricos da psicologia, diz em sua teoria (e ele não é o
único) que, desde bebês, nós nos baseamos e reagimos de acordo com o olhar do outro.
Quando bebezinhos, o primeiro e o mais valioso olhar é o da mãe. Já repararam como o bebê
parece hipnotizado quando está a ser amamentado? Podem até dizer que ele ainda não
percebe nem sabe de nada, mas podem ter certeza que ele conhece e reconhece o olhar da sua
própria mãe e espera toda ação e reação vinda através deste rosto. É o olhar que aprova ou
reprova todos os seus movimentos.

Quando crianças, o olhar bravo ou carinhoso do pai, o gesto protetor ou “acusador” dos
cuidadores pode fazer grande diferença na forma como nos relacionamos com as pessoas em
nossas vidas. Somos criados a partir do outro e precisamos deles para continuar. Por exemplo,
se o nosso amigo ri da nossa piada, indiretamente ele está nos encorajando a contá-la para
mais três, quatro ou dez amigos. Mas, se essa mesma piada não gerar efeito nenhum nesse seu
amigo, talvez você pense se vale a pena ou não contá-la aos demais do grupo. Estamos o tempo
todo nos baseando nas ações e reações das outras pessoas e esse é
o exato ponto em que devemos tomar muito cuidado. A importância do outro nas ações que
você toma na sua vida não deve extrapolar os limites. Ou seja, o olhar do outro não deve ser
limitante o ponto de você não ser você mesmo, ok? Andar com as próprias pernas, nós
aprendemos lá atrás. Porém sustentar e equilibrar esse andar dependerá muito mais de nós
mesmos e da nossa própria habilidade e treinamento do que das demais pessoas ao nosso
redor. Relacionar-se é fundamental para todo ser humano. Precisamos uns dos outros para
aprender, vivenciar e, principalmente, experienciar a vida, cada qual respeitando a sua própria
jornada e sua busca pelos caminhos da felicidade.

Quando Deus fez o ser humano segundo a sua imagem e semelhança, conferindo-lhe atributos,
como espiritualidade, racionalidade e sociabilidade, instituiu-se no cenário histórico do Éden
uma relação unilateral entre o Criador e as pessoas, as quais foram criadas para amá-lo sobre
todas as coisas e se amarem mutuamente. Na perspectiva cristã, a relação alteritária, que hoje
tem sido um valioso objeto de estudo para educadores, sociólogos, psicólogos e tantos outros
cientistas sociais, teve início no ser de Deus, que sempre subsistiu num relacionamento Triúno,
criando-nos para a relação mútua com tudo aquilo que nos cerca.

Nesse sentido, é importante que estejamos sempre conscientes de que somos seres sociais e
precisamos nos envolver com o outro, e constatar que, apesar dos sentimentos egoístas que
conduzem as filosofias de um século materialista e hedonista, as pessoas podem experimentar
de maneira limitada, a partir da graça comum, mudanças imperceptíveis e necessárias que
acontecem no universo das relações humanas, produzindo, ainda que imperfeitamente,
sombras da sensibilidade, solidariedade, acessibilidade, diálogo e respeito mútuo.

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