Você está na página 1de 7

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ – UNESPAR

CAMPUS CURITIBA I – EMBAP


CENTRO DE MÚSICA
GRADUAÇÃO EM BACHAREL DE INSTRUMENTO

ISRAEL CASTILHO GOMES

O POSICIONAMENTO DOS INSTRUMENTOS NA PRÁTICA EM CONJUNTO


Sua variabilidade e aplicações

CURITIBA
2024
INTRODUÇÃO

O posicionamento orquestral evoluiu ao longo dos séculos e, embora definitivamente


não seja imutável, você não pode simplesmente posicionar as seções sem propósito
e esperar que façam sentido para o ouvinte. Para alcançar um bom equilíbrio em
termos de volume, instrumentos altos como metais e percussão tradicionalmente
ficam posicionados atrás, com madeiras e cordas na frente deles. Segundo Slatkin
(2017) para evitar conflitos, seções com timbres semelhantes são posicionadas
opostas umas às outras. Por exemplo, violinos à esquerda, trompetes à direita,
trompas à esquerda, violoncelos à direita. O posicionamento dos instrumentos em
uma prática de conjunto geralmente segue um padrão nas orquestras, cameratas,
quintetos, quartetos e trios.

Essa formação, apesar de ser uma tradição, pode encobrir opções melhores de
acústica e visibilidade. Muitas das tradições na música erudita tem sobretudo a
musicalidade como justificação. Dito isso, apesar de não possuir muitas variações, é
possível notar diferenças presentes entre orquestras que existem há mais de 100
anos.

Para tirar o máximo musicalmente de um conjunto musical é de grande importância


entender as características sobre o local onde vai ser apresentada, suas vantagens
e desvantagens, conseguindo trabalhar essas variantes para tirar o maior proveito.
De acordo com Meyer (2009), é notável a simples diferença entre um local antigo e
um novo, onde em muitos casos, as condições acústicas nas igrejas antigas são
caracterizadas por longos tempos de reverberação, enquanto em salões novos de
camerata os tempos de reverberação curtos em salas que não são muito grandes
enfatiza especialmente a intimidade e a presença da impressão tonal através de
atrasos muito curtos entre a chegada do som direto.

Diferentes maestros (e compositores) solicitaram posições diferentes. Ao longo da


primeira metade do século 20, era comum dividir os violinos na parte externa do
palco. 1° à esquerda, 2° à direita. Especialmente se você conseguir colocar os
baixos um pouco mais próximos do centro, isso cria muita clareza e também destaca
muitos momentos na literatura clássica onde os violinos trocam motivos e
efetivamente conversam entre si, de acordo com Gee (2019).
Segundo Symchych (2017), Toscanini, Klemperer e Koussevitzky foram alguns
maestros que mantiveram esses assentos até metade deste século, como pode ser
ouvido nas gravações de obras destes maestros. Foi revivido por muitas orquestras
quando executam obras do período clássico (Haydn, Mozart, Beethoven), ou por
grupos de música antiga em geral. Na primeira metade do século 20, tornou-se mais
popular ter todos os violinistas juntos, já que compositores mais modernos (Strauss,
Debussy) frequentemente dividem tanto as partes do violino, de modo que uma
simples distinção de 1ª/2ª entre as seções nem sempre era útil. Um maestro que
descartou todas as regras e expectativas para o assento foi Stokowski, que às vezes
fazia coisas como dividir as cordas à esquerda e os instrumentos de sopro/metais à
direita, ou então colocava as seções de instrumentos em lugares inesperados.

Dito isso, hoje em dia o posicionamento dos instrumentos em uma prática em


conjunto para músicos é algo automático, seguindo o padrão de o mais agudo na
esquerda para o mais grave. Por esse motivo muitas performances são
prejudicadas, onde algum instrumento pode ficar com volume mais baixo ou alto
quando comparado com os outros.

Problema: Quais são os efeitos do posicionamento de um instrumento em uma


prática de conjunto?

Objetivo geral: realizar uma pesquisa bibliográfica sobre os diferentes


posicionamentos dos instrumentos em uma prática em conjunto.

Objetivos específicos: catalogar os tipos de posicionamento instrumental em


formações de música em conjunto e informar os benefícios que cada
posicionamento instrumental em formações de música em conjunto possui visando a
performance musical.

Justificativa: Desde uma audição para uma vaga em uma orquestra a uma
apresentação em um casamento são muitos os fatores que afetam no som que
desejamos, e além de contar com a própria experiência de outros ou de você
mesmo com o tipo do local, a habilidade de adaptar o mesmo para seu favor é algo
que pode ser aprendido com as devidas informações
METODOLOGIA

Esta pesquisa terá duração de 12 meses, contemplando o seguinte cronograma:

Meses 1 e 2 etapa conceitual: Elaboração de um questionamento sobre os


diferentes tipos de posicionamento instrumental em formações de música em
conjunto, informando os benefícios que cada posicionamento instrumental em
formações de música em conjunto possui, relacionando assim os benefícios dos
posicionamentos com locais de performance musical.

Meses 3 a 7 levantamento e análise documental: Será realizada uma pesquisa


bibliográfica sobre os tipos de posicionamento dos instrumentos em uma prática em
conjunto e as diferenças entre eles.

Meses 8 e 9 análise dos dados: Verificação dos posicionamentos existentes, a


diferença entre eles e os benefícios de acústica na performance dos instrumentos.

Mês 10: Considerações finais.

Meses 11 e 12: redação final.


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O posicionamento dos instrumentos na prática em conjunto tem como


fundamento uma ordem de agudo para mais grave da direita para a esquerda,
ele é um assunto delicado pois não possui muitos referenciais teóricos e sim
baseado na expertise e tradição dos maestros e orquestras. Apesar do período
barroco, onde foi o início da música de câmara, como é descrito por Homer
Ulrich (2023) já ser possível notar em pinturas da época que o posicionamento
era seguido no mesmo estilo de agudo para grave, quando se trata de
Orquestras o assunto era diferente.

Com o passar do tempo a performance musical foi se expandindo para um maior


número de instrumentos, segundo Maddy Roberts (2019) grandes nomes como
Mozart, Elgar e Mahler posicionavam os segundos violinos em frente aos
primeiros violinos, onde normalmente ficam os violoncelos. à direita do maestro.
Ainda influenciados por essas mudanças, orquestras renomadas como a de
Berlim e de Viena tem como principal diferença o posicionamento dos seus
músicos.

Explicado por Maddy Roberts (2019) o que o posicionamento dos segundos


violinos à frente dos primeiros violinos causa é um efeito conversacional de
melodias quais o primeiro e o segundo violinos trocam frases entre si, algo
somente obtido por o grupo de primeiros violinos estarem à esquerda do palco e
os segundos à direita.

Contudo, seguindo para o romantismo, um novo maestro, Leopold Stokowski,


mais conhecido por reger a Orquestra da Filadélfia, achou que o posicionamento
anterior não fornecia a melhor projeção sonora. Experimentando radicalmente
diferentes planos de assentos.

Mas na década de 1920 ele fez uma mudança que pegou: ele organizou as
cordas do agudo para o grave, da esquerda para a direita, argumentando
que colocar todos os violinos juntos ajudava os músicos a se ouvirem
melhor. o “Stokowski Shift”, como ficou conhecido, foi adotado por
orquestras de toda a América. (LEWIS, 2017)
Com o posicionamento se tornando mais comum, compositores ajustaram a
forma como escreviam para a orquestra. À medida que o século avançava, o
estilo clássico de escrita conversacional entre o primeiro e o segundo violinos
tendia a mudar para uma preferência por ambas as seções de violino tocando
melodias juntas.

Assim, é evidente que cada região possui sua preferência de posicionamento,


onde apesar de não possuir uma fundamentação teórica direta, os registros
históricos explicam que a disposição dos músicos é determinada por práticas
consolidadas ao longo do tempo, influenciadas pela expertise dos profissionais e
pelas convenções estabelecidas. No entanto, é importante reconhecer que esses
posicionamentos têm consequências diretas na acústica do ambiente e, por
conseguinte, na performance musical. A distribuição dos músicos e instrumentos
no espaço físico da sala de concerto pode afetar significativamente a qualidade
sonora percebida pelo público, bem como a interação entre os músicos durante a
execução da obra. Portanto, embora a tradição e a experiência desempenhem
um papel fundamental no posicionamento orquestral, a compreensão dos
princípios acústicos subjacentes pode informar e aprimorar ainda mais essa
prática tradicional, garantindo uma experiência musical mais rica e envolvente
para todos os envolvidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GEE, Hanah. Central. Orchestra Arrangement: How is it arranged? 2021.


Disponível em: https://orchestracentral.com/orchestra-arrangement-how-is-it-arranged/:
Com acesso em: 14 Fev 2024

REDGATE. R Et al. Principles of Music Composing: Orchestra in Contemporary


Contexts. Vilnius. Academia de música e teatro da Letônia. 2019. MEYER. J.
Acoustics and the performance of music. Quinta edição. Alemanha. Springer.
2009

ROBERTS, Maddy. Why are orchestras arranged the way they are? 2019.
Disponível em: https://www.classicfm.com/discover-music/orchestra-layout-explained/

Com acesso em: 13 Dez 2023

ULRICH, Homer. "chamber music". Encyclopedia Britannica, 2023,

Disponível em: https://www.britannica.com/art/chamber-music

Com acesso em : 05 Mar 2024.

LEWIS, Courtney. Conducting Electricity: There’s a science behind where


symphony musicians sit on stage, 2017,
Disponível em:
https://www.jacksonville.com/story/entertainment/local/2017/04/30/conducting-ele
ctricity-there-s-science-behind-where-symphony/15753046007/
Com acesso em 05 Mar 2024.

‌The Evolution of the Symphony Orchestra - Museu Virtual de Instrumentos


Musicais , 2020,

Disponível em: https://www.mvim.com.br/en/em-pauta/the-evolution-of-the-symphony-orchestra/

Com acesso em 05 Mar 2024.

Você também pode gostar