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1.

Património genético

1.1. Transmissão de características hereditárias

Gregor Mendel

Gregor Mendel nasce em 1822, na Áustria e ingressa num mosteiro em Brunn em 1943
na atual República Checa. Foi ordenado monge em 1847, estudou na universidade de
Viena, matemática e ciências, o seu objetivo era ser professor mas foi mal sucedido
nos exames. De volta ao mosteiro, onde passou o resto da sua vida, Mendel estudou
abelhas e cultivou plantas, inclusive chegou a criar novos frutos (maças e peras).
Entre 1856 e 65, Mendel realizou uma série de experiências que visavam as
características hereditárias transmitidas de geração a geração. Em 1865 apresentou
as suas leis de hereditariedade à Sociedade de História Natural de Brunn, deduzidas a
partir das experiências que tinha feito em ervilhas. Pela falta de conhecimento da
época poucos foram os que entenderam o trabalho de Mendel e só em 1900 foram
redescobertas por 3 investigadores que trabalhavam independentemente. Mendel não
viveu para ver o seu trabalho reconhecido e hoje assume uma grande importância na
ciência, sendo considerado o “Pai da Genética”.

A escolha da planta

Mendel escolheu a ervilheira porque esta tem um ciclo reprodutivo curto, produz
muitas sementes, os componentes envolvidos na reprodução sexuada ficam
encerrados no interior da flor, protegidas pelas pétalas, o que favorece a
autopolinização e consequentemente a autofecundação, formando descendentes com
as mesmas caraterísticas da progenitora, e ainda pela existência de uma grande
variedade de caraterísticas de fácil comparação. Por exemplo: a cor das ervilheiras,
umas púrpuras e outras brancas, sementes lisas e rugosas, etc.

Os experimentos de Mendel
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel.php

No início da experiência Mendel produziu linhagens puras de ervilhas, através da


autopolinização, para determinada característica que pretendia estudar. Por
exemplo: a autopolinização das ervilheiras de cor púrpura, davam sempre
descendência de cor púrpura, e para as brancas a mesma coisa. A autopolinização
assegura a pureza das linhagens.

Mendel estudou sete características: cor da flor, posição da flor no caule, cor da
semente, aspeto externo da semente, forma da vagem, cor da vagem e altura da
planta.

Após a obtenção de linhagens puras, Mendel utilizou uma diferente reprodução,


polinização cruzada. Cruzou linhagens puras entre si, e estas são a geração parental
(P), ou seja os progenitores. Por exemplo, Mendel, para a característica da cor das
sementes, cortou os estames de uma planta de vagem amarela e depositou no
estigma de uma outra flor, com cor diferente de semente, cor verde.

Depois de repetir este procedimento várias vezes, Mendel verificou que os


descendentes híbridos (cruzamento de linhagens diferentes), a que Mendel designou
por primeira geração filial (F1), eram todas de cor amarela, o que Mendel conclui
que esta característica, cor da semente amarela, era dominante, e a cor verde era
recessiva, não apareceu uma única vez.

O procedimento seguinte foi cruzar os descendentes híbridos da primeira geração


(F1) até surgirem as plantas e as flores. A reprodução foi natural, auto fertilizaram-
se e já obteve sementes verdes em menor quantidade que as amarelas, na proporção
1:3, respetivamente, na geração F2.
http://www.qieducacao.com/2011/05/genetica-1-lei-de-mendel.html

Com estes resultados Mendel pode concluir Concluiu que a cor verde das sementes
não se tinha manifestado na primeira geração mas que não tinha “desaparecido” nas
sementes da geração F1. Concluiu que a cor verde era um caráter recessivo e a cor
amarela era a dominante. Mendel deduziu que a cor das sementes era determinada
por dois fatores que fazia surgir uma cor, amarela ou verde.

Na representação destes fatores, Mendel escolheu a letra maiúscula para o caracter


dominante e a minúscula para o recessivo.

Assim, para este experimento teríamos o v (para o verde recessivo) e o V (para o


amarelo dominante).

Semente amarela pura Semente amarela híbrida Semente verde pura


VV Vv vv

Como explicar o desaparecimento da cor verde na geração F 1 e o seu


reaparecimento na geração F2.

A resposta surgiu a partir do conhecimento de que cada um dos fatores se separava


durante a formação dos gametas. O material hereditário passa de uma geração para
a outra.
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel.php

Na segunda geração (F2) para cada 3 sementes amarelas, Mendel obteve apenas uma
semente verde, o mesmo se passou para todas as outras 6 características estudadas
por Mendel. A proporção foi sempre de 3 dominantes para uma recessiva. Esta
comprovação da existência de dominância e recessividade, levou a Mendel a formular
a sua primeira lei.

1ª lei de Mendel da segregação dos


fatores que diz: “ Cada característica é determinada por dois fatores que se
separam na formação dos gametas, onde ocorrem em dose simples”, isto é, para
cada gameta masculino ou feminino encaminha-se apenas um fator.

Embora Mendel tivesse sido muito inovador para a época, Mendel não sabia onde
estavam localizados esses fatores hereditários e como é que eles se segregavam. Só
em 1900, com a redescoberta de Mendel, é que se levantou esta questão. Walter
Sutton, em 1902, ao estudar a formação dos gametas dos gafanhotos, lançou a
hipótese que os pares de fatores hereditários estavam localizados nos cromossomas
homólogos, e com a meiose, a separação dos homólogos levava à segregação dos
fatores.

Hoje sabemos que os fatores a que Mendel se referiu são os genes (do grego genos,
originar, provir), e que realmente estão localizados nos cromossomos, como Sutton
propôs. Gene são fragmentos funcionais de DNA cuja atividade pode originar o
aparecimento de um fenótipo* observável. As diferentes formas sob as quais um gene
pode se apresentar, os tais fatores a que Mendel se referia, são denominadas
de genesalelos, ou simplesmente de alelos sendo cada caracter determinado por duas
formas alternativas para o mesmo gene e estes encontram-se no mesmo local em
cromossomas homólogos, Locus.

Por exemplo: a cor amarela e a cor verde da semente de ervilha, por exemplo, são
determinadas por dois alelos, isto é, duas diferentes formas do gene para cor da
semente.

Cruzamentos teste

Hoje em dia para o estudo do genótipo dos indivíduos pode ser feito de uma forma
rápida mas muito dispendiosa, que é analisar o DNA. Por este motivo ainda se recorre
ao método tradicional em que se promove o cruzamento de homozigóticos recessivos,
para uma determinada característica, e se analisa a respetiva descendência.

Quando não se sabe se o indivíduo é homozigótico dominante ou heterozigótico,


realizam-se cruzamentos entre este indivíduo com um que saibamos que é recessivo
e a resposta estará nos descendentes. Se a descendência for recessiva, significa que
o progenitor é também recessivo. Se todos os descendentes tiverem um fenótipo
dominante, quer dizer que o progenitor desconhecido é um homozigótico.
http://www.infoescola.com/biologia/termos-usados-em-genetica/

Ao cruzar um progenitor homozigótico recessivo (verde) com o que pretendemos


determinar amarelo, obteve-se na geração F1 descendentes verdes, isso indica que o
amarelo testado era heterozigoto Vv, pois quando cruzamos um heterozigoto com um
recessivo, 50% da prole é dominante (heterozigótica) e 50% é recessiva.
http://www.infoescola.com/biologia/termos-usados-em-genetica/

Aqui, como toda a geração F1 é amarela, quer dizer que o progenitor amarelo é
homozigótico dominante. Quando cruzamos dois indivíduos homozigotos (puros),
sendo um dominante e um recessivo, 100% da prole é heterozigótica.

Retrocruzamento: é um processo muito parecido com o cruzamento teste, pois


utiliza a mesma técnica, porém o indivíduo recessivo utilizado no teste é de algum
ancestral do indivíduo com genótipo dominante desconhecido.

Rescrevendo as leis de Mendel com mais


conhecimentos de genética.

1ª lei de Mendel – Os genes alelos separam-se na formação de gametas e a


probabilidade de um gameta transportar um dos alelos é igual a do outro
gameta transportar o outro alelo.

2ª lei de Mendel – Na gametogénese a segregação de um determinado alelo


de um gene é independente da segregação de um outro alelo de um outro
gene.
Os conceitos de fenótipo e genótipo

Estes conceitos forma criados pelo dinamarquês Wilhelm L. Johannsen, no principio


do século XX.

Fenótipo

O termo “fenótipo” (do grego pheno, evidente, brilhante, e typos, característico) às


características apresentadas por um indivíduo, sejam elas morfológicas, fisiológicas e
comportamentais. Também fazem parte do fenótipo características microscópicas e
de natureza bioquímica, que necessitam de testes especiais para a sua identificação.

A cor de olhos, cor de pele, textura de cabelo, etc, são características visíveis, no
entanto, o tipo de sangue, a sequência de aminoácidos de uma proteína são
características fenotípicas apenas identificadas por testes.

O fenótipo de um indivíduo sofre alterações ao longo da vida e o próprio ambiente


pode contribuir para esta modificação. O nosso corpo modifica-se, o nosso cabelo
fica branco, a nossa pele exposta à luz escurece, etc..

Genótipo

O termo “genótipo” (do grego genos, originar, provir, e typos, característica), diz
respeito à constituição genética do indivíduo, ou seja, está escrito nos genes que
possui.

Por exemplo se uma pessoa tem olhos azuis, dizemos que ela é homozigótica em
relação à cor de olhos (aa), ou heterozigótica (aC) se tiver olhos castanhos, em que a
cor castanha é dominante à cor azul.

O genótipo é inferido a partir do estudo do fenótipo, através do sequenciamento do


genoma (alto custo) ou através da análise da família, através da observação.

Mecanismos de transmissão hereditária de dois


pares de genes

Mendel analisou a transmissão hereditária de dois pares de genes, o bi-hibridismo,


selecionando linhas puras de ervilheiras que diferenciavam-se entre si por duas
características: a cor e forma da semente.

O cruzamento de linhas puras origina híbridos, se são de duas características os


descendentes chama-se bi-híbridos.

Mendel cruzou ervilheiras produtoras de sementes amarelas e lisas (ambas


características dominantes - AALL) com ervilheiras produtoras de sementes verdes e
rugosas (ambas recessivas – aall). Os híbridos resultantes (F1) são, obrigatoriamente,
heterozigóticos, AaLl, e fenotipicamente apresentam-se amarelas e lisas, pois
contém os dois alelos dominantes.

No cruzamento seguinte, F2, através da autopolinização a geração que surge, 16


indivíduos, é constituída por 4 fenótipos na seguinte proporção:

-9 Indivíduos com sementes amarelas e lisas em 16;

-3 Indivíduos com sementes amarelas e rugosas em 16;

-3 Indivíduos com sementes verdes e lisas em 16;

-1 Indivíduo com sementes verdes e rugosas em 16.

Posto isto, verifica-se que cada par de alelos funciona da mesma forma do
moniidibrismo.

Fazendo as contas:

Por exemplo para a cor das sementes, existem 12 sementes em 16 de cor amarela
para 3 verdes, a proporção continua a ser 3:1. Este facto está de acordo com a
Primeira lei de Mendel.

Se utilizarmos as leis das probabilidades o resultado é o mesmo.

Vejamos: a probabilidade de um gameta receber uma das cores é ½, ou seja, 50%


probabilidade para receber a cor amarela e 50% de probabilidade de receber a cor
verde. O mesmo acontece para a característica da textura da semente, 50% de
probabilidade de ser lisa e 50% de probabilidade de ser rugosa.

Aplicando os princípios das probabilidades temos:

(1/2 A +1/2 a) x (1/2 L + 1/2 l) =

1/4 AL + 1/4 aL + 1/4 Al + 1/4 al

Atendendo à dominância e recessividade teremos os mesmo resultados de Mendel:

-9 Indivíduos com sementes amarelas e lisas em 16;

-3 Indivíduos com sementes amarelas e rugosas em 16;

-3 Indivíduos com sementes verdes e lisas em 16;

-1Indivíduo com sementes verdes e rugosas em 16.

Conclui-se que os resultados experimentais obtidos por Mendel não se afastam do


modelo teórico das leis de probabilidades.
Cruzamentos-teste em di-hibrismo

Existe um paralelismo entre este tipo de testes e o que faz para o monibrismo, ou seja,
procede-se da mesma forma, no entanto

neste caso tem de se utilizar um ser duplamente recessivo para os alelos dominantes
expressos no fenótipo do individuo que se pretende testar.

Exemplo:

Pretende-se conhecer o genótipo das ervilheiras com fenótipo que expressou a


semente amarela e lisas (características dominantes A?,L?), e ir-se-á cruzar estas com
um fenótipo recessivo, ou seja, sementes verdes e rugosas (aall).

Duas hipóteses:

Da Silva, A. D., Santos, M. E., Mesquita, A. F., Baldaia, L., Félix, J. M. Terra, Universo da Vida - Biologia. 12º ano, Porto
Editora, Porto, Portugal, 2012 - páginas72 a 76

Exceções às leis de Mendel

Dominância Incompleta – situações nas quais o fenótipo dos heterozigóticos é


intermédio entre os dois homozigóticos, sem ocorrer mistura dos alelos, pois
aparecem homozigóticos em F2.
Alelos Múltiplos (Polialelismo) – existência de mais de dois alelos num dado gene.
Podem surgir alterações num alelo de um indivíduo, que, posteriormente, o pode
transmitir à sua descendência, provocando o aparecimento de mais de dois alelos
para um dado gene numa população. Todavia, cada indivíduo apenas possui dois
alelos, herdados dos seus progenitores.

Codominância – nenhum alelo exerce dominância sobre o outro e ambos se


expressam fenotipicamente.

Alelos letais – causam a morte pré ou pós-natal, ou então produzem uma


deformidade significante. A combinação letal (em homozigotia recessiva) modifica a
proporção dos fenótipos dos sobreviventes (2:1).

Codominância

Nem todas as características são herdadas como a cor da semente da ervilha, em que
o gene para a cor amarela domina sobre o gene para cor verde. Muito
frequentemente a combinação dos genes alelos diferentes produz um fenótipo
intermediário, é chamada de dominância incompleta ou parcial.

A codominância é quando os dois alelos do genótipo se expressam no fenótipo,


simultaneamente.

Um exemplo de Codominância são a raça bovina Shorthorn.

O cruzamento entre indivíduos linhas puras de cor vermelha com indivíduos linhas
puras de cor branca, origina descendentes que possuem uma mistura de pelos
vermelhos e pelos brancos, cujo efeito é uma coloração cinzento-avermelhada. Cada
um dos alelos expressa-se de forma independente, pelo a pelo. Diz-se que existe um
situação de codominância.

Dominância Incompleta

O terceiro fénotipo é intermédio dos fenótipos dos dois progenitores.


A inexistência de uma verdadeira relação dominância/recessividade entre os alelos
responsáveis pela cor das flores, ou seja, não há dominância total do alelo vermelho
sobre o alelo branco. Diz-se, por isso, que existe uma dominância incompleta.

Gene letal

Gene letal é um gene que, quando presente, provoca a morte pré ou pós nascimento,
ou produz uma deformidade tão grave que levará o indivíduo à morte.

Os alelos letais podem ser tanto dominantes ou recessivo, se forem dominantes


levam à morte quando aparecerem em homozigóticos ou heterozigóticos dominantes,
se forem recessivos, levando à morte quando em homozigóticos recessivos.

Quando a proporção dos descendentes não obedecer a proporção esperada segundos


as Leis de Mendel é de suspeitar que existam genes letais no DNA.

No principio do século, Lucien Cuenot, geneticista francês, estudou os camundongos


e verificou que os resultados se afastavam dos que tinha previsto Mendel. Cuenot
tinha por objetivos obter um de cor amarela que fosse de linha pura (homozigóticos)
mas sem sucesso, pois todos os ratos que obteve de cor amarela eram
heterozigóticos, os homozigóticos não chegavam a nascer.

Exemplo: retirado
de http://www.uel.br/pessoal/rogerio/genetica/respostas/pratica_08.html

Gene letal em camundongos

 Nestes animais, o gene K/k está envolvido em duas vias metabólicas


diferentes, uma delas relacionada com a coloração da pelagem e uma outra
com o desenvolvimento embrionário:

Em relação à coloração, o alelo que determina a cor amarela é dominante


sobre a aguti (castanho avermelhado).
Quanto a sobrevivência ou morte, esses mesmos alelos possuem um efeito
contrário: dominante para a sobrevivência e recessivo para a letalidade.

Logo, e observando a figura, não é possível obter uma linhagem pura de


camundongos de coloração amarela (KK), tendo em vista que eles morrem durante o
desenvolvimento embrionário.

Polialelia ou alelos múltiplos

Significa que existem três ou mais tipos de alelos distintos para os mesmos locus
cromossómicos. Cada indivíduo tem apenas um par desses genes, mas as combinações
possíveis entre elas são várias.

Resulta de mutações sucessivas ocorridas nos genes de um determinado locus. Cada


gene mutante que surge estabelece condições para o aparecimento de mais uma
nova expressão fenotípica daquele caráter, naquela espécie.

Exemplo: Sistema sanguíneo ABO

Sistema proposto, em 1900, pelo austríaco Landsteiner, que estabelecia para o


homem 4 quatro grupos sanguíneos, A, B AB e O, considerando a relação entre os
pares dos alelos: IA, IB e i, em quatro grupos: grupo A, grupo B, grupo AB e grupo O.

As nossas hemácias podem apresentar na membrana substâncias designadas por


aglutinogénios, sintetizadas pelos alelos I A ou IB sendo: aglutinogénio A ou
aglutinogénio B, aglutinogénio A e aglutinogénio B e também a substância química
aglutinina contida no plasma das hemácias: Anti-A, Anti-B ou a ausência dessas.
Na relação alélica existente, o alelo i é recessivo aos seus alelos I A e IB. Se o indivíduo
é homozigótico recessivo (genótipo ii) este grupo sanguíneo pertence ao grupo O.

Se forem heterozigóticos, os alelos IA e IB, ambos manifestam seu caráter


dominante, e o indivíduo será do grupo sanguíneo AB (genótipo IA IB).
Um indivíduo pertencerá ao grupo sanguíneo A, se enquadrado em duas situações:
quando é homozigótico dominante IA IA, ou em heterozigótico do alelo dominante IA
com o recessivo i, apresentando genótipo I A i.
Da mesma forma para o grupo sanguíneo B: quando é homozigótico dominante I B IB,
ou em heterozigótico do alelo dominante I B com o recessivo i, apresentando genótipo
IB i.

Possibilidades entre os alelos para determinação do sistema ABO.

Grupo Genótipo Aglutinogénio Aglutinina


sanguíneo (na membrana das (no plasma das
hemácias) hemácias)
A IA IA ou IA i A Anti-B
B IB IB ou IB i B Anti-A
AB IA IB AB Ausência
O ii Ausência Anti-A e Anti-B

adaptado de http://grado9.wordpress.com/2011/02/07/genetica/

Interações génicas

Ocorrem quando as características herdadas são controladas por mais que um


gene que se pode localizar num diferente locus dentro do mesmo cromossoma ou
mesmo em cromossomas diferentes.

Um exemplo disto é a cor dos olhos do humano.

A cor da íris é determinada por dois tipos de melanina produzidos pelos melanócitos,
ou células produtoras de pigmentos, na íris. Sabe-se hoje que a cor dos olhos, a
grande quantidade de variações existentes na cor, não são resultado de apenas um
tipo de gene que determina a cor, mas trata-se de uma herança poligénica (mais que
um gene), um tipo de variação continua em que os alelos de vários genes dão a
cloração aos olhos. Existem proteínas que comandam a proporção de melanina
depositada na íris, outros genes produzem manchas, raios e padrões de difusão na
cor de olhos.

Os olhos castanhos são os que têm mais melanina, os azuis os que têm menos e os
verdes apenas (2% da população tem olhos verdes), têm mais que as azuis e menos
que os castanhos.
A interação entre genes (interações génicas) são muito frequentes na natureza: cor
de pele, estatura, cor de olhos, são algumas destas interações.

Ver página 84 – cor de pelo nos cães labradores.

Teoria Cromossómica da Hereditariedade – Em


cada cromossoma existe uma sequência de genes.

Esta teoria é defendida por Walter Sutton e Theodor Boveri (1902) e permite
explicar, através de processos celulares, as conclusões obtidas por Mendel.

Pressupostos:

-Os genes estão localizados em cromossomas;

-Os cromossomas formam pares de homólogos que possuem no mesmo locus alelos
para o mesmo caracter;

-Em cada par de cromossomas, um tem origem materna e o outro de origem


paterna;

-Durante a meiose ocorre disjunção dos homólogos que são transmitidos aos
gâmetas, promovendo a segregação dos alelos;

-A segregação dos alelos localizados em cromossomas diferentes é independente;

-Através da fecundação, há formação do ovo, em que cada gene está representado


por dois alelos, localizados em loci (plural de locus) correspondentes de cromossomas
homólogos.

Hereditariedade ligada aos cromossomas sexuais

No cariótipo de um individuo (conjunto de cromossomas existente no núcleo de cada


uma das células somáticas) distinguem-se os cromossomas que determinam o sexo,
são os cromossomas sexuais ou HETEROSSOMAS, dos restantes cromossomas, os
AUTOSSOMAS. Na reprodução sexuada cada individuo é portador de DNA transmitido
pelos seus progenitores, parte é de origem materna e outra de origem paterna
expressos nos cromossomas homólogos e em que o gene de uma determinada
característica se encontra no mesmo locus no cromossoma homólogo.

Normalmente nos seres diplontes os cromossomas que determinam o sexo são


diferentes entre si, por exemplo o sexo feminino na mulher é determinado pelo
cromossoma 23 e tem dois cromossomas iguais (XX) e o homem diferentes (XY), ou
seja no homem este par de cromossomas não é totalmente homólogo.
Trabalhos de Morgan – Hereditariedade ligada ao sexo e Ligação Fatorial

Thomas H. Morgan, foi um embriologista da Universidade de Colúmbia, desenvolveu


em 1910 estudos genéticos com a mosca da fruta Drosophila melagaster. Foi prémio
Nobel em 1933, pelo seu contributo para o avanço da genética, provando que os
cromossomas são portadores de genes.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Drosophila

Morgan iniciou os seus estudos estudando a hereditariedade da cor dos olhos da


Drosophila. A cor de olhos da mosca da fruta selvagem mais frequente é cor
vermelha, no entanto, outras moscas tinham olhos de cor branca (mutantes).
Começou então a cruzar fêmeas de olhos vermelhos com machos de olhos brancos. A
escolha da Drosophila como excelente “material” biológico a estudar está
relacionado por: ter dimensões reduzidas; ter um ciclo de vida muito curto e que
produz um número elevado de descendentes; distinguir-se bem a fémea do macho
(dimorfismo sexual), ter um número reduzido de cromossomas; possuir uma
diversidade de características controláveis e a cultura e manipulação em laboratório
serem relativamente fáceis.

A Drosophila tem um cariótipo constituído por apenas 8 cromossomas (4 pares), logo


tem necessariamente mais que um gene em cada cromossoma.
Morgan, cruzou então as fêmeas de olhos vermelhos com os machos de olhos brancos
e obteve na primeira geração (F1), descendentes apenas com cor vermelha, o que
demonstra que o alelo da cor branca é recessiva. Até aqui, tudo de acordo com os
estudos de Mendel, no entanto verificou-se que os olhos brancos eram apenas se
manifestavam nos machos e embora a cor vermelha se manifestasse também nos
machos, a proporção relativa às fêmeas era muito menor (duas fêmeas para dois
machos).

Morgan sabia que dos 4 pares de cromossomas da mosca, um determinaria o sexo. Na


fêmea estes cromossomas eram de morfologia igual XX e no macho diferente XY, em
que Y é mais pequeno e com menos genes que X.

Na formação dos gametas, na meiose, nas fêmeas, os gametas serão sempre


iguais, dado que provém de dois cromossomas XX, mas nos machos um gameta é X e
outro é Y. Quando ocorre a fecundação, o zigoto trás consigo informação específica
relativamente ao sexo: se os dois gametas forem X, então forma-se uma fêmea se
um for X e outro Y, forma-se um macho. Posto isto, Morgan deduziu: Se a cor dos
olhos da mosca-da-fruta se encontra no cromossoma X, este manifestar-se-á sempre
no fenótipo dos machos, pois não existe outro alelo no cromossoma Y.
Morgan coloca, então, a hipótese que o alelo que determina a cor dos olhos da
mosca-da-fruta se encontra no cromossoma X (hereditariedade ligada ao sexo -
características cujos genes responsáveis pela sua manifestação se localizam num
cromossoma sexual dizem-se características ligadas ao sexo).

O seguinte procedimento foi fazer o cruzamento reciproco, ou seja cruzar um


macho de olhos vermelhos e uma fêmea de olhos brancos, e o resultado foi: 25% de
fêmeas com olhos vermelhos; 25% de fêmeas com olhos brancos; 25 % de machos com
olhos vermelhos e 25% de machos de olhos brancos.

Ao interpretar os dados dos dois cruzamentos segundo a hipótese de Morgan ( alelo


que determina o cor está no cromossoma X) permitiu explicar os resultados obtidos.
E Morgan concluiu que os genes se encontravam nos cromossomas e alguns deles nos
cromossomas sexuais.

Ligação fatorial

Cada cromossoma tem uma série de genes dispostos em linha – genes ligados
fatorialmente ou em Linkage, mas os genes presentes no mesmo cromossoma não se
comportam como uma unidade indissociável, pois durante a meiose (prófase I), na
formação de gâmetas, podem ocorrer fenómenos de crossing-over.
Morgan cruzou moscas selvagens de corpo cinza e asas longas com mutantes de
corpo preto e asas curtas (chamadas de asas vestigiais). Todos os descendentes de F1
apresentavam corpo cinza e asas longas, em que o gene que condiciona corpo cinza
(P) domina o que condiciona o corpo preto (p), assim como o gene para asas longas
(V) é dominante sobre o (v) que condiciona surgimento de asas vestigiais.

A seguir Morgan cruzou descendentes de F1 com duplo-recessivos. O objetivo era que


os resultados dos cruzamentos-teste revelassem se os genes estavam localizados em
cromossomas diferentes (segregação-independente) ou no mesmo cromossoma
(linkage). Porém, nenhum dos resultados esperados foi obtido. A separação e a
contagem dos descendentes de F2 revelou o seguinte resultado:

41,5% de moscas com o corpo cinza e asas longas;

41,5% de moscas com o corpo preto e asas vestigiais;

8,5% de moscas com o corpo preto e asas longas;

8,5% de moscas com o corpo cinza e asas vestigiais.

Ao analisar esse resultado, Morgan convenceu-se de que os genes P e V localizavam-


se no mesmo cromossomo. Se estivessem localizados em cromossomos diferentes, a
proporção esperada seria outra (1: 1: 1: 1). No entanto, restava a dúvida: como
explicar a ocorrência dos fenótipos corpo cinza/asas vestigiais e corpo preto/asas
longas?

A resposta não foi difícil de ser obtida, estava relacionada com os fenótipos corpo
cinza / asas vestigiais e corpo negro /asas longas, eram recombinantes e pela
ocorrência de crossing-over na meiose.
Na Prófase I da meiose pode ocorrer crossing-over entre os dois cromossomas
homólogos. Estas regiões do cromossoma podem ser trocadas reciprocamente,
tornando-se recombinantes. Assim, nem todos os descendentes possuirão os fenótipos
parentais, surgindo em seu lugar fenótipos recombinantes.

As frequências de recombinação são tanto maiores quanto mais afastados estiverem


os dois loci, uma vez que tal facilita a separação e recombinação durante a meiose.

Quando comparamos o comportamento de pares de genes para duas características


para a segunda lei de Mendel com a ocorrência de linkage e crossing-over em um
cruzamento genérico do tipo AaBb X aabb, verificamos que em todos os casos
resultam quatro fenótipos diferentes:

Dominante/dominante

Dominante/recessivo

Recessivo/dominante

Recessivo/recessivo.

A diferença em cada caso está nas proporções obtidas. No caso da 2ª lei de Mendel,
haverá 25% de cada fenótipo. No linkage com crossing, todavia, os dois fenótipos
parentais surgirão com frequência maior do que as frequências dos recombinantes.

A explicação para isso reside no fato de, durante a meiose a permuta não ocorrer em
todas as células, sendo, na verdade, um evento relativamente raro.

Frequentemente, nos vários cruzamentos realizados do tipo AaBb X aabb, Morgan


obteve os dois fenótipos parentais (AaBb e aabb), na proporção de 50% cada. Para
explicar esse resultado, ele sugeriu a hipótese que os genes ligados ficam tão
próximos um do outro que dificultam a ocorrência de crossing over entre eles. Assim,
por exemplo, o gene que determina a cor preta do corpo da drosófila e o gene que
condiciona a cor vermelha dos olhos ficam tão próximos que entre eles não ocorre
permuta. Nesse caso se fizermos um cruzamento teste entre o duplo-heterozidoto e o
duplo-recessivo, teremos nos descendentes apenas dois tipos de fenótipos, que serão
correspondentes aos tipos parentais.

Na Hereditariedade ligada ao sexo as fêmeas podem ser heterozigóticas para genes


localizados no cromossoma X, contudo, os machos serão sempre hemizigóticos* no que
respeita aos genes localizados no cromossoma X, uma vez que só possuem um alelo
para estes genes que é sempre expresso.

Hemizigótico - único alelo que está localizado no cromossoma X, dado que o Y não
contém esse alelo.

Se a característica estiver localizada em cromossomas sexuais, em


cruzamentos recíprocos, pode originar resultados diferentes entre machos e
fêmeas.

Da análise de fenótipos recessivos ligados ao cromossoma X podemos concluir que:


-O fenótipo surge com muito maior frequência em machos do que em fêmeas, pois
estas necessitariam dos dois alelos recessivos;
-Um macho com a doença apenas as pode transmitir às suas filhas, pois os filhos
recebem o cromossoma Y do pai;
-As filhas que recebem um cromossoma X com o alelo para a doença são
heterozigóticas portadoras, apresentando-se fenotipicamente normais. Neste caso,
podem transmitir a doença à sua descendência.
- pode haver gerações que não manifestam o fenótipo.

Quando o alelo responsável pela doença se localiza no cromossoma Y todos os filhos de


pais com a anomalia apresentam a doença.

Hereditariedade humana

A investigação nos humanos é difícil, ao contrário do que já referimos nas moscas-da-fruta,


nós temos um grande número de cromossomas, o nosso ciclo de vida é longo, temos
poucos descendentes e obviamente que não podemos fazer cruzamentos experimentais.
Esta investigação pode ser feita de uma forma tradicional e menos onerosa através de
árvores genealógicas ou heredogramas de famílias que nos poderão permitir perceber a
hereditariedade ao longo de várias gerações na transmissão de determinados caracteres.
Através da análise de uma árvore genealógica é possível determinar se um alelo é
recessivo ou dominante e ainda a sua localização em autossomas (hereditariedade
autossómica) ou em heterossomas (hereditariedade ligada ao sexo).
Para que todos possam entender as árvores, em todas as situações e em qualquer parte do
mundo, foi necessário criar uma simbologia.
Interpretação dos Heredogramas

“A análise pode permitir se determinar o padrão de herança de uma certa


característica (se é autossómica, se é dominante ou recessiva, etc.). Permite, ainda,
descobrir o genótipo das pessoas envolvidas, se não de todas, pelo menos de parte
delas. Quando um dos membros de uma genealogia manifesta um fenótipo
dominante, e não conseguimos determinar se ele é homozigoto dominante ou
heterozigoto, habitualmente o seu genótipo é indicado como A_, B_ou C_, por
exemplo.

A primeira informação que se procura obter, na análise de um heredograma, é se o


caráter em questão é condicionado por um gene dominante ou recessivo. Para isso,
devemos procurar, no heredograma, casais que são fenotipicamente iguais e tiveram
um ou mais filhos diferentes deles. Se a característica permaneceu oculta no casal, e
se manifestou no filho, só pode ser determinada por um gene recessivo. Pais
fenotipicamente iguais, com um filho diferente deles, indicam que o caráter
presente no filho é recessivo!

Uma vez que se descobriu qual é o gene dominante e qual é o recessivo, vamos agora
localizar os homozigotos recessivos, porque todos eles manifestam o caráter
recessivo. Depois disso, podemos começar a descobrir os genótipos das outras
pessoas. Devemos nos lembrar de duas coisas:
1ª) Em um par de genes alelos, um veio do pai e o outro veio da mãe. Se um
indivíduo é homozigoto recessivo, ele deve ter recebido um gene recessivo de cada
ancestral.

2ª) Se um indivíduo é homozigoto recessivo, ele envia o gene recessivo para todos os
seus filhos. Dessa forma, como em um “quebra-cabeças”, os outros genótipos vão
sendo descobertos. Todos os genótipos devem ser indicados, mesmo que na sua
forma parcial (A_, por exemplo).”

Exemplo de uma árvore genealógica

Retirado de: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel5.php

Com o avanço da genética desenvolveram – se técnicas de genética molecular que


permitem análise direta de genes e cujo objetivo servem para diagnóstico e despiste
de doenças genéticas. Devido ao custo elevado, ainda são utilizadas as árvores
genealógicas que depois de analisadas nos podem fornecer dados da transmissão de
um determinado gene e posteriormente, caso seja considerado algo nocivo e que se
queira avaliar o risco, poder-se-ão fazer a análise da genética molecular.

As genealogias humanas nem sempre mostraram as proporções de Mendel, isto deve-


se ao facto de o homem ter um número reduzido de descendentes.

As genealogias podem representar características que não apresentam dominância,


como é o caso da textura dos cabelos, que é um caso de herança sem dominância.
Nesta árvore genealógica o indivíduo 8 (F2) é portador de uma característica, e os
seus pais não (F1). Em genética, indivíduos com características genéticas diferentes
dos pais são recessivos, e os pais automaticamente são heterozigotos. Se os pais
fossem recessivos, também estariam destacados com cor diferente. Pais recessivos só
podem ter filhos recessivos, pois não têm genes dominantes para passar à
descendência. Os filhos são recessivos porque os pais heterozigotos são portadores
do gene recessivo.

Fonte : http://www.infoescola.com/genetica/genealogia/

HEREDITARIEDADE AUTOSSÓMICA

Doenças genéticas por genes autossómicos recessivas

A Fenilcetorúnia (PKU) é uma doença genética rara que pode ser diagnosticada e
prevenida logo à nascença, através do teste do pezinho. É uma doença é autossómica
recessiva e afeta aproximadamente um em cada dez mil indivíduos da população
caucasiana. Esta doença deve-se a uma mutação no gene fenilalanina hidroxilase que
é uma enzima que catalisa a conversão da fenilalanina (aminoácido), presente nos
alimentos, em tirosina (importante para a síntese da melanina), ao nível do fígado.
Esta enzima, nas pessoas normais, vem de um gene presente no cromossoma 12, a
pessoa com a mutação, possui em vez desta enzima, uma não funcional. Os
homozigóticos recessivos, em relação a esta mutação, não catalizam o aminoácido
em tirosina mas sim num ácido, o ácido fenilpirúvico. Este em conjunto com a
fenilalina no sangue faz com que o desenvolvimento do cérebro da criança portadora
seja afetado originando perturbações motoras e convulsões

Pelo facto dos progenitores poderem não apresentar este fenótipo, ou seja
progenitores normais podem ter filhos e filhas com esta doença, leva a concluir que a
doença é determinada por um alelo autossomático recessivo porque: os homens e as
mulheres são igualmente afetadas, por isso não vem do sexo; a maioria dos afetados
provém de progenitores normais; os heterozigóticos apresentam um fenótipo normal
e dois progenitores afetados terão toda a sua descendência afetada.

Com os benefícios da genética, hoje, uma criança com esta doença, precocemente
diagnosticada, poderá ter uma vida normal.

http://illustratedmedicine.blogspot.pt/2010_09_01_archive.html

Doenças genéticas por genes autossómicos dominantes

A doença de Huntington

Trata-se de doença hereditária rara, cerca de 3 a 7 casos em 100 mil habitantes,


causada por uma mutação genética no cromossoma 4. É um distúrbio neurológico
hereditário que causa movimentos do corpo anormais, com falta de coordenação,
afetando o cérebro e aspetos da personalidade que se manifesta entre os 35 e os 45
anos.

Trata-se de doença autossómica dominante, então se um dos progenitores tem


Huntington, a descendência tem 50% de chances de também desenvolver a doença.
Se o descendente não herdar o gene da doença, não a desenvolverá nem a
transmitirá à geração seguinte.

Por ser uma doença genética, atualmente não tem cura. No entanto, os sintomas
podem ser minimizados com a administração de medicação.

Hereditariedade ligada ao sexo

Daltonismo

O daltonismo é provocado por genes recessivos localizados no cromossomo X (sem


alelos no Y), o problema ocorre muito mais frequentemente nos homens que nas
mulheres. Estima-se que 10% da população masculina seja portadora do distúrbio,
embora apenas 0,3 % das mulheres sejam atingidas.

DD -Mulher com visão normal-Homozigótica não portadora do gene anômalo (DD,


normal)

Dd- Mulher com visão normal-Heterozigótica portadora do gene anômalo (Dd, normal)

dd- Mulher daltónica-Homozigótica recessiva (dd, daltónica)

D- Homem com visão normal-Homozigótico dominante (D, normal)

d- Homem daltónico-Homozigótico recessivo (d, daltónico)

É menos provável que a mulher seja daltónica do que o homem uma vez que para que
a mulher seja daltónica necessita que os seus dois alelos sejam dd e no homem,
como só possui um cromossoma X, basta aparecer neste o gene recessivo (d).

Se a mãe não for daltónica nem portadora (DD) e o pai possuir visão normal (D),
nenhum dos descendentes será daltónico nem portador.

Se a mãe possuir visão normal (DD) e o pai for daltónico (d), nenhum dos
descendentes será daltónico, porém as filhas serão portadoras do gene (Dd).

Se a mãe for portadora do gene (Dd) e o pai possuir visão normal (D), há a
probabilidade de 50% dos filhos serem daltónicos e 50% das filhas serem portadoras
do gene.

Se a mãe for portadora do gene (Dd) e o pai for daltónico (d), 50% dos filhos e das
filhas serão daltónicos.

Se a mãe for daltónica (dd) e o pai possuir visão normal (D), todos os filhos serão
daltónicos (d) e todas as filhas serão portadoras (Dd).
Se a mãe for daltónica (dd) e o pai também (d) 100% dos filhos e filhas também serão
daltónicos.

O pai só transmite o daltonismo às filhas.

Hemofilia

É uma doença genética em que a capacidade de coagulação do sangue é muito


reduzida por falta de um fator de coagulação presente no plasma.

Há vários tipos de hemofilia (A,B e C), a mais frequente é a A e é causada pela falta
de um fator (VIII) de coagulação que é controlado por um gene existente no
cromossoma X. A hemofilia B é também causada por falta de um fator (IX), também
sintetizado pelo cromossoma X, e a C está ausente o fator XI mas sintetizado por um
gene autossómico.

A doença pode ser controlada administrando o fator que está ausente no sangue.

A herança da hemofilia A segue o mesmo padrão do daltonismo.

Se um homem com hemofilia A (XhY) se casar com uma mulher não hemofílica
(XHXH) nenhum de seus filhos e filhas terá a doença, mas as filhas serão portadoras e
poderão ter filhos hemofílicos, mesmo que se casem com homens normais.

Nas árvores genealógicas utiliza-se o h para designar o gene responsável pela


hemofilia e o H para designar o gene responsável pela normalidade do indivíduo.

http://biologia-ap.no.comunidades.net/index.php?pagina=1196451636
Portanto, a hemofilia (e outras ligadas ao sexo) transfere-se de um homem para o
seu neto por meio de sua filha.

As mulheres hemofílicas são muito raras (XhXh), pois é necessário que um homem
hemofílico (XhY) se case com uma mulher portadora (XHXh).

1.2. Organização e regulação do material genético

Organização do material genético

O material genético encontra-se nos seres eucariontes no núcleo, e está organizado


em cromossomas/cromatina. Ao conjunto dos cromossomas da célula dá-se o nome
de cariótipo. Mas há também material genérico extranuclear, nomeadamente nas
mitocôndrias e cloroplastos que possuem as suas próprias moléculas de DNA. Estas
moléculas, DNA mitocondrial e plastidial, não se encontra associadas às proteínas
(histonas) como o DNA nuclear. Estas moléculas apresentam os seus próprios genes
que estão diretamente relacionado com as funções dos respetivos organitos, o que
lhes confere alguma autonomia, no entanto, o DNA nuclear também contém os genes
para o metabolismos destes organitos, por isso a autonomia não é total.

Os cromossomas destes organitos são circulares.


Como já sabes o DNA nuclear constitui uma dupla hélice e codifica cerca de 100.000
genes, o DNA mitocondrial representa apenas 1 a 2% do DNA celular, em duplo
filamento circular, e codifica cerca de 37 genes. Estes genes estão associados à
produção de energia. Se existirem mutações nestes genes pode haver uma baixa
produção de ATP.

Como são transmitidos aos descendentes?


Já vimos na reprodução que na fecundação, o espermatozoide tem pouco citoplasma,
pelo que na formação do zigoto, o espermatozoide não contribui com o citoplasma.
Por esta razão, as mitocôndrias do descendente, vêm todas da mãe.

Influência de agentes endógenos e exógenos na expressão génica

Na maioria dos casos existe correspondência entre o genótipo e o fenótipo expresso,


quer dizer que os genes relativos ao fenótipo se expressaram a 100%, diz-se nestes
casos que estes genes têm uma penetrância. Mas é na maioria dos casos, numa
minoria não existe esta correspondência total de expressividade de um gene. Esta
expressividade pode ser influenciada por diversos fatores, exógenos, por exemplo o
ambiente influencia a cor da pele, e endógenos, por exemplo as hormonas, ou a
existência de genes letais ou supressores.

Como também já vimos, e um exemplo é a cor de olhos, determinadas características


são determinadas não apenas por um gene mas por vários genes influenciados pelo
ambiente. Chamam-se a estas caraterísticas, características
quantitativas (determinadas por vários genes e influenciadas pelo ambiente).

Regulação da expressão génica

Todas as células de um organismo contêm o mesmo conteúdo genético. O que muda


entre células, são os genes que são expressos, ou seja o complemento de proteínas
que cada célula produz que está diretamente relacionado com a especificidade da
célula que constitui um tecido. As células não expressam todos os seus genes ao
mesmo tempo, a forma como elas induzem ou reprimem os seus genes é que as faz
diferenciadas.

Regulação da expressão génica dos procariontes

Os seres procariontes expressam os seus genes de forma diferente dos eucariontes,


nestes é mais complexo e porque têm uma maior quantidade de informação
genética, a células eucariótica é compartimentada podendo a regulação dos genes se
dar em diferentes locais e também porque os eucariontes são seres multicelulares.

A regulação génica está relacionada com a eficiência energética e os consumos de


recursos disponíveis. Os organismos ajustam o seu metabolismo às modificações que
ocorrem no meio.

Nos seres procariontes, as bactérias, a quantidade de proteínas/enzimas é muito


variável, está relacionada com as suas necessidades. A regulação, nestes seres é feita
através: de mecanismos que impedem a transcrição de genes que codificam as
proteínas que a célula não está utilizar e outros que induzem a transcrição das
proteínas que estão a ser necessárias ao metabolismo da célula; da inativação do
mRNA, antes de ser traduzido; do impedimento da tradução do mRNA nos ribossomas
e da inativação da proteína que foi produzida e não é necessária impedindo-a de
funcionar.
Nos seres procariontes os genes que codificam proteínas envolvidas no mesmo
processo metabólico localizam-se no DNA de uma forma contígua e são controlados
por uma unidade estrutural, o operão. Todos os genes estruturais (porções de DNA
que codificam proteínas de uma mesma via metabólica), são transcritos por um único
mRNA.

Estrutura do operão (opéron)

É constituído por um grupo de genes ordenados lado a lado que codificam enzimas
que trabalham numa mesma via metabólica, controladas por um único promotor.

- região do promotor, porção do DNA à qual se liga a RNA polimerase, dando inicio
à transcrição;

-região do operador- local entre o promotor e os genes estruturais e onde por


vezes se liga o repressor (proteína especial que quando ligada ao operador impede
que a RNA polimerase não chegue aos genes estruturais impedindo a transcrição);

-dois ou mais genes estruturais;

- e no início do operador existe um gene regulador ou repressor que é responsável


pela produção do repressor que se ligará, como já foi referido, ao operador. Embora
o gene regulador afete o operão não é considerado parte do operão.

A proteína reguladora pode ser sintetizada em duas formas: ativa ou inativa.


Dependendo do estado no qual ela é sintetizada teremos os dois tipos básicos de
funcionamento do operões: os operões de indução e os operões de repressão. Os de
indução estão, normalmente associados a processos catabólicos (ex: metabolismo do
glúcidos) e os de repressão a processos de anabolismos (síntese de aminoácidos).

http://aprendendogenetica.blogspot.pt/2011/05/aulas-6-e-7-biologia-regulacao-
da.html

https://www.youtube.com/watch?v=lK4LadkOll0

Em 1965, dois investigadores franceses, François


Jacob e Jacques Monod, trabalharam com a bactéria Escherichio coli e os resultados
do estudo valeram-lhe o prémio Nobel pelo contributo que deram à ciência sobre a
expressividade dos genes. O estudo visou sobre o metabolismo da lactose (operão
Lac) e a síntese do triptofano (operão trp).

http://www.theguardian.com/science/2013/apr/25/francois-jacob

O Operão da lactose é comandada por 3 genes estruturais, a LacZ, LacY e LacA, que
codificam as enzimas necessárias ao metabolismo da lactose, tem ainda o gene
operador, segmentos do DNA onde se pode ligar o repressor); um gene promotor,
segmento do DNA onde se liga a RNA polimerase desde que o promotor esteja livre do
repressor; e ainda o gene regulador, gene responsável pela produção do repressor e
que se localiza fora do operão.

Na ausência de lactose

O gene regulador determina a síntese do repressor que está ativo. O repressor liga-se
ao operador, a enzima RNA-polimerase não se liga ao promotor, e bloqueia a
transcrição dos genes estruturais (Z,Y,A) que codificam as 3 enzimas, portanto não se
formam, porque não há necessidade.

Na presença de lactose

É um mecanismo indutivo pois a presença da lactose promove o funcionamento dos


genes estruturais (X,Y,A). O gene regulador determina a síntese do repressor e a
lactose liga-se a este, inativando-o. O gene operador fica desbloqueado e a enzima
RNA-polimerase liga-se ao promotor, os genes estruturais são transcritos e ocorre a
síntese das enzimas.

O operão lactose é um mecanismo do tipo indutivo dado que é a presença da


lactose que induz o funcionamento dos genes estruturais.
O operão triptofano é um mecanismo do tipo correpressor

Nos operões de repressão, a proteína reguladora é produzida na forma inativa, ou


seja, incapaz de reconhecer e de se ligar ao operador. Neste caso, a proteína
reguladora somente ganha a capacidade de se ligar ao operador em presença de uma
molécula coadjuvante, denominada correpressor.

Desta forma temos duas situações:

-sem a presença do correpressor, a proteína reguladora não se liga ao


operador e a RNA polimerase realiza a transcrição

-ou na presença do correpressor, a proteína reguladora ganha


afinidade pelo operador, impedindo que a RNA polimerase realize a
transcrição.

O triptofano é um aminoácido que pode ser produzido pela E.coli ou vir do meio
externo e se isto acontecer a bactéria não necessita de sintetiza-lo, logo também
não é necessário produzir enzimas que são necessárias à sua síntese.
Este mecanismo, é como foi referido, repressivo. O triptofano vindo do
exterior liga-se ao operador e impede a transcrição dos genes estruturais,
responsáveis pela produção de enzimas envolvidas na síntese do triptofano. Chama-
se ao triptofano de correpressor.

Na ausência de triptofano, o gene regulador produz um repressor que é inativo, o


gene operador fica livre, a RNA-polimerase liga-se ao gene promotor, dá-se então a
transcrição e a consequente síntese de enzimas necessárias à síntese do triptofano.
Um regulador pode controlar um grupo de operões e constitui-se um regulão.

Por exemplo: operões com intervenção no catabolismo de glícidos são controlados em


simultâneo pelo mesmo gene regulador, tornando mais eficaz e rápida a conversão de
glícidos em glicose.

Nas células procarióticas (como é o caso da bactéria Escherichia coli), a ativação ou


repressão dos operões resulta muitas vezes de alterações ambientais, tais como
variações bruscas de temperatura, alterações na quantidade de água, de oxigénio e
de outras substâncias presentes no meio como por exemplo a lactose ou o triptofano.

2. Alterações do material genético

2.1. Mutações

O genoma dos indivíduos experimenta, em várias circunstâncias, alterações,


alterações estas que podem ser diárias, no entanto a capacidade para reparar
alterações por parte das células é extraordinária e a grande maioria desaparece,
restando apenas algumas anomalias. As alterações permanentes no DNA da células
designam-se por mutações e os indivíduos que as possuem, por mutantes. Estas
mutações podem afetar um único gene ou afetar a globalidade dos cromossomas do
individuo.

Os efeitos de uma mutação numa célula são imprevisíveis, por vezes podem ser
benéficas, outras vezes prejudiciais, podendo inclusive levar à morte e outras vezes
o efeito pode ser neutro.

As mutações podem ocorrer nas células somáticas ou nas linhas germinativas e têm
consequências diferentes. Uma célula somática que sofreu uma mutação, por
meiose, cria clones que poderá afetar a vida do indivíduo mas não a dos seus
descentes e as mutações na células das linhas germinativas pode ser transmitida aos
seus descendentes.

Podemos ter diferentes tipos de mutação dependentes do local e da fase onde


ocorrem:

Mutações génicas, quando são mutações ao nível dos nucleótidos de um gene;

Exemplo a anemia falciforme (substituição de um nucleótido por outro).

Mutações cromossómicas, quando as mutações afetam grandes porções do genoma


(exemplo na meiose e mitose), partes de cromossomas ou cromossomas inteiros;
Mutações cromossómicas estruturais, em que há quebra de cromossomas e a união
e reorganização, alterando o DNA;

Tipos de alteração cromossómica estruturais:

Deleção

Uma parte do cromossoma eliminado, o que implica a perda de muitos genes.


Ocorrem durante o emparelhamento dos cromossomas na meiose.

Um exemplo humano é o síndrome do miado do gato, em que falta um


fragmento do braço curto do cromossomo 5. Este síndrome carateriza-se por
atraso mental, microcefalia, aspeto arredondado da face e de choro
semelhante a um miado de gato.

Inversão

Uma parte do cromossoma quebra-se e sofre rotação de 180º e solda-se


novamente em posição invertida sem alterar a sua posição no cromossoma.

Translocação

Trata-se da troca de partes de cromossomos não homólogos, é diferente do


que ocorre no crossing-over.

É possível que a translocação tenha sido um mecanismo de formação de novas


espécies. Há quem coloque a hipótese sobre algumas espécies de drosófilas,
em que o número de cromossomas é diferente, podendo ter sido originado por
ancestral comum que tenha sofrido translocações de diversos tipos.

Duplicação
Na duplicação, há a formação de um segmento adicional num dos
cromossomas, ou seja, há duplicação. De modo geral, as consequências de
uma duplicação são bem toleradas pois não há falta de material genético.

Mutações cromossómicas numéricas, em que há uma não disjunção de cromossomas


homólogos na meiose I ou disjunção de cromatídeos na meiose II e o resultado final é
um número diferente de cromossomas. A maior parte dos embriões abortam
espontaneamente.

Diz-se euploidia quando o cariótipo apresente o número normal de cromossomas


(2n=46) e Aneuplodia quando apresenta ou excesso ou falta de cromossomas do
cariótipo da espécie.

Diz-se Trissomia – quando apresenta três cromossomas em vez de um único par de


cromossomas homólogos (2n+1); Monossomia - só apresenta um cromossoma em vez
de um par de homólogos (2n-1); Nulissomia – caso mais raro, em que pode não existir
nenhum cromossoma de um determinado par (2n-2).
A trissomia 21 ou síndrome de Down é um exemplo destas mutações. Há uma cópia a
mais do cromossoma 21.

Síndromes resultantes dos cromossomas sexuais

Síndrome de Turner - deficiência de um cromossoma X nas mulheres (45,X). É a única


monossomia viável na nossa espécie: Perda de um cromossoma (2n -1). Esta anomalia
é letal para o sexo masculino (aborto espontâneo). Mulheres pequenas sempre com ar
infantil, não têm carateres sexuais secundários e os ovários não funcionam.
Síndrome de Klinefelter - É também uma trissomia mas esta ligada ao sexo
masculino: Acréscimo de um cromossoma (2n+1)- acréscimo de um cromossoma X
nos homens ( 47,XXY) e nas mulheres (47, XXX). Nas mulheres este tipo de trissomia
não origina nada de especial, para além de serem mulheres altas, no homem, são
altos, normalmente estéreis.

Poliploidia
A Poliploidia é a ocorrência de dois ou mais pares de cromossomos homólogos numa
célula. O número de cromossomas destes seres é um múltiplo do número de
cromossomas do gameta: 3n, 4n…

Pode resultar da não disjunção dos cromossomas homólogos na mitose ou na meiose,


pode resultar de não haver citocinese, ficando a célula com 4n.

Estes seres não se podem cruzar com os da sua espécie mas podem reproduzir-se
assexuadamente. É muito frequente nos vegetais e pode trazer vantagens para o
homem, que provoca a polipoidia das plantas em laboratório para seu belo proveito.

Um exemplo de polipoidia é o facto de muitas plantas que apresentam esta mutação,


poderem apresentar frutos muito grandes para lhes permitir a colonização rápida
noutras áreas.
http://www.netxplica.com/diapositivos/biologia12/poliploidia/19.html

Mutações e o desenvolvimento biotecnológico

Qualquer agente que seja responsável por uma mutação é um agente mutagénico e o
processo que leva ao seu aparecimento é a mutagénese. Embora as nossas células
tenham grande capacidade de reparação das alterações, muitas vezes não
conseguem.
As mutações podem ser espontâneas ou induzidas, ambas são alterações definitivas
no DNA da célula, mas a espontânea está relacionada com o mau funcionamento da
células e as induzidas têm causas externas, os agentes mutagénicos.

As espontâneas podem ser causadas pela forma incorreta que se ligam as bases, por
exemplo em vez da citosina emparelhar com a guanina, emparelha com a adenina;
por vezes reações químicas que ocorrem na célula podem gerar alteações nas bases e
até a DNA polimerase pode gerar erros na duplicação do DNA.

Nas induzidas que se devem a causas externas os agentes mutagénicos podem


ser físicos, como as radiações ionizantes (raio X, radiações alfa, beta e gama) e
radiação ultravioleta; e podem ser químicos como alguns corantes e conservantes,
benzeno, benzopireno, alcatrão do fumo do cigarro, etc.

As mutações genéticas e o Cancro, tumor maligno ou neoplasia maligna

O cancro é uma doença que apresenta o crescimento de um tecido neoformado.


Estima-se que 25% dos europeus, numa fase da vida, apresente esta doença. Têm
origem genética e apenas uma minoria é que são hereditários, estes manifestam-se,
normalmente em forma de multitumores, a grande maioria são esporádicos (95%) e
nestes se incluem a ação de determinados vírus e de substâncias tóxicas.

As células cancerígenas (massa de células neoformadas) distinguem-se das que lhe


deram origem por:

-Possuírem núcleos de forma e tamanho diferentes;

-Apresentarem alterações dos mecanismos que regulam a divisão celular


(alterações devido a um aumento da estimulação da divisão celular ou devido a
deficiências nos mecanismos que impedem a divisão celular);

-Apresentarem alterações dos mecanismos que regulam a apoptose;

- Terem a capacidade de invadir outros tecidos através das metástases,


aproveitando a corrente sanguínea e linfática.

Etapas de formação de metástases: estas células têm a capacidade de produzir


substâncias químicas desenvolver vasos sanguíneos que fornecem oxigénio ao tecido
neoformado (angiogénse) e produzem enzimas digestivas que destroem as células
vizinhas e introduzem-se no sangue e na linfa, indo instalar-se noutros tecidos.

Um ser multicelular é o resultado do equilíbrio entre as numerosas células que num


determinado momento se dividem (proliferação celular) e noutro se autodestroem
numa morte programada (apoptose).

A apoptose, é então, o conjunto de processos genéticos programados que levam à


morte da célula, desejável e necessária que participa na formação dos órgãos e que
persiste em alguns sistemas adultos como a pele e o sistema imunológico.

Existe ainda um outro processo que leva à morte da célula, a necrose, mas este
deve-se à falta de nutrientes essenciais ou à ação de agentes tóxicos na célula.

Diferenças entre a necrose e a apoptose


Na apoptose, microscopicamente ocorre fragmentação nuclear e celular em vesículas
apoptóticas.

A célula condensa-se, encolhe, e começam a formar-se bolhas, a cromatina é


compactada, formando massas concentradas na parte interna do núcleo, que se
parte, levando à formação das vesículas apoptóticas.

A apoptose é diferente da necrose, não existe libertação do conteúdo celular para o


interstício e portanto não se observa inflamação ao redor da célula morta.

A necrose difere da apoptose por representar um fenómeno degenerativo


irreversível, causado por uma agressão intensa. Trata-se pois da degradação
progressiva das estruturas celulares sempre que existam agressões ambientais
severas.

http://www.virtual.unifesp.br/unifesp/bio40/apoptose/

http://www.noas.com.br/ensino-medio/biologia/citologia/apoptose-e-necrose/ animação

Diariamente o nosso organismo debate-se com células neoplásicas que são eliminadas
por apoptose. Se estas células não forem destruídas, porque foram geneticamente
alteradas, surge o cancro.

Os cientistas identificaram dois tipos de genes, quando mutados, podem causar


cancro:
- os proto-oncogenes ou genes promotores de crescimento, com a capacidade
de estimular a divisão celular encontrando-se no estado inativo em células que não
estão no estado de proliferação. A ativação deste gene por mutação transforma-se
num oncogene e este pode provocar um crescimento celular descontrolado,
causando a formação de um cancro. A existência de um gene mutado num alelo é
suficiente para desenvolver-se o cancro.

- os genes supressores de tumor (tumorais), regulam o ciclo celular,


produzindo proteínas que bloqueiam determinadas fases do ciclo. Estes genes
contrabalançam o estímulo proliferativo dos proto oncogenes. Quando ocorre uma
mutação neste gene, deixam de prevenir a multiplicação descontrolada das células.
Ao contrário dos oncogenes, para que se desenvolva o cancro, é necessário a
existência da mutação dos dois alelos.

As células do nosso corpo são, assim, reguladas de forma a que haja um balanço
entre os genes que induzem o crescimento celular (proto-oncogenes) e os genes que
bloqueiam o crescimento ( supressores de tumores).

As mutações têm aspetos positivos e negativos, como já vimos, se por um lado podem
originar doenças letais, ou acarretar anomalias graves, por outro, são responsáveis
pelo aumento da variabilidade genética, promovendo a evolução das espécies e ao
nível do homem, o conhecimento de genética tem permitido à nossa sociedade
utilizá-las, como por exemplo, na criação de determinadas mutações em seres vivos
que consumimos. É sabido que ingerimos muitos alimentos cujo o cariotipo foi
alterado com vista a uma maior rentabilidade, ou na introdução de determinadas
características mais apreciadas pelo homem.

Os prós da biotecnologia… e os contra? Pesquisar.

2.2. Fundamentos da engenharia genética

A engenharia genética, é uma ciência recente, possibilita a manipulação de genes de


um determinado organismo, geralmente de forma artificial, através de técnicas.

Com o objetivo de produzir organismos geneticamente melhorados para


desempenharem melhor suas funções e produzir substâncias úteis, através de
técnicas de duplicação, transferência e isolamento de genes.
As técnicas são os processos que a própria célula utiliza, mas recriadas em
laboratório.

Enzimas de restrição

A grande descoberta das enzimas de restrição originou uma revolução ao nível das
ferramentas da engenharia genética.

As enzimas de restrição cortam o segmento em dupla hélice de DNA em locais


específicos. Mas a enzima só cortará a molécula se encontrar uma determinada
sequência de bases nas duas hélices lidas sempre de 5´para 3´. Sempre que
encontrar essa sequência a enzima corta o DNA, originando pequenos fragmentos de
DNA enrolados em dupla hélice e que terminam em pequenas porções de DNA em
cadeia simples (extremidades coesivas). Estas extremidades, podem ligar-se por
complementaridade a outras moléculas de DNA , e esta ligação tem a intervenção de
outras enzimas, as ligases do DNA. Foi esta descoberta que permitiu aos cientistas
transferirem o DNA de um ser para outro, a que se dá o nome de vetor (o ser que
recebe o DNA). Os vetores que são utilizado na engenharia genética, são
normalmente, as bactérias, mas também se utilizam vírus, leveduras e outras
células eucarióticas. As bactérias contêm pequenas moléculas circulares de DNA,
designadas por plasmídeos.

“O plasmídio é o material genético circular não ligado ao cromossoma que fica


espalhado pelo hialoplasma das bactérias. Ele sofre o mesmo processo do DNA
cromossomal de transcrição e tradução, além de, se multiplicar a cada divisão
celular, passando uma cópia para cada célula “filha”.”

http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/recombinante.php
O plasmídeo é retirado da bactéria para que se possa introduzir o DNA do outro
organismo.

Para entendermos melhor o processo vamos ver passo a passo:


Quer-se estudar um
gene humano que
produz uma
proteína que não se
sabe a função.

“Recorta-se” o
gene de interesse
através das enzimas
de restrição, do
DNA humano.
Esse fragmento de
DNA contendo o
gene é multiplicado
por PCR (reações
de polimerização
em cadeia) para
obtermos várias
cópias do mesmo
fragmento (ou da
mesma
informação).

A mesma enzima
que cortou o gene
do DNA humano é
utilizada para
cortar o plasmídeo
bacteriano.

A seguir o
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/recombinante.php
plasmídeo cortado
é misturado com os
fragmentos de DNA
(contendo o gene)
e a enzima ligase
“cola” as
extremidades
coesivas dos
fragmentos ao
plasmídeo,
produzindo o
chamado DNA
recombinante.

Finalmente o DNA
recombinante é
introduzido numa
bactéria
hospedeira.

A bactéria
hospedeira é
colocada em meio
nutritivo seletivo,
apenas aquelas que
possuem o DNA
recombinante
crescem, formando
colónias. Após
muitas gerações de
bactérias, o
produto da
expressão dos
genes, as proteínas
humanas, são
purificadas das
bactérias (são
separadas das
proteínas das
bactérias).

DNA recombinante

A engenharia genética recorre a técnicas de biologia molecular para a manipulação


de genes, alterando a sua estrutura de DNA as suas características. Esta técnica é
conhecida por DNA recombinante e permite recombinar o material genético de um
gene de um determinado individuo, com material genético de uma outra espécie.
Esta técnica é utilizada para: aumento de produtividade de determinadas plantas;
aumento nutritivo de determinada espécie; aperfeiçoamento e rentabilização dos
processos de produção de vinho, iogurtes, queijos; em testes de paternidade e
diagnósticos de doenças infeciosas e genéticas; desenvolvimento de organismos
geneticamente modificados (OGM); estudos de mecanismos de replicação e expressão
génica; determinação da sequência de um gene e proteína codificada; produção de
medicamentos, entre outras aplicações.

Um dos primeiros medicamentos feito através da DNA recombinante foi a insulina


humana.
http://www.medicinageriatrica.com.br/2013/01/16/terapia-genica-producao-de-insulina/

Produção de insulina humana

http://pt.scribd.com/doc/46819023/APLICACOES-DA-ENGENHARIA-GENETICA-Resumo

http://www.medicinageriatrica.com.br/2013/01/16/terapia-genica-producao-de-
insulina/

DNA complementar (cDNA)

O DNA complementar (cDNA) é um outro processo utilizado, na maior parte das


vezes, como um auxiliar da técnica do DNA recombinante.

O cDNA é obtido a partir do RNA mensageiro (rRNA) maturado (já não possui intrões)
por complementaridade de bases. Esta transcrição em sentido inverso é conseguida
através da ação da enzima viral denominada transcriptase reversa. Assim, o mRNA
funciona como molde para a síntese de uma cadeia de DNA. Após a formação da
cadeia de DNA, a enzima DNA polimerase atua, formando, por complementaridade,
a outra cadeia de DNA a partir dos nucleótidos presentes no meio, constituindo-se
uma molécula estável.
Porto editora

Reação de Polimerização em Cadeia (Polymerase Chain Reaction - PCR)

Este processo baseia-se no processo de replicação de DNA que ocorre in vivo e é uma
das técnicas para clonar DNA de modo a obter grandes quantidades de uma
determinada porção de DNA, a partir de uma pequena amostra.

Em primeiro lugar, deve-se extrair o material genético da célula com interesse sem o
danificar. Normalmente, o material extraído é o DNA mas pode-se trabalhar também
com o RNA num método designado RT-PCR (reverse transcription polymerase chain
reaction) que é uma variante do PCR e possui outras aplicações.

Depois de extraído o DNA, é aquecido o DNA para a separação das duas cadeias, é-lhe
adicionada uma mistura que contém nucleótidos (adenina, timina, guanina e
citosina), nucleótidos iniciadores (primers) e a enzima DNA polimerase. Toda esta
mistura é colocada na máquina de PCR, o termociclador, que efetua ciclos de
temperatura preestabelecidos com tempos exatos. Repete-se o procedimento até se
obter as cópias pretendidas.

A polimerização em cadeia faz rápidas replicações de determinadas porções de DNA.

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