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Capítulo 5

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Implantação do
sistema de gestão
integrado

A implantação do sistema de gestão integrado pode ser feita de dife-


rentes maneiras, considerando as características da organização e sua
cultura e definindo uma estratégia para um projeto de implantação.

Um dos métodos que podem ser utilizados é a implantação única


da ISO 9001 e, em seguida, a implantação das demais normas na estru-
tura já estabelecida pelo sistema de gestão da qualidade. Esse tipo de

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implantação é bastante interessante, uma vez que inicialmente organi-

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za a empresa e depois fornece uma base comum para a implantação
de outras disciplinas.

O sistema de gestão integrado também pode ser implantado em pa-


ralelo (sistemática abordada neste capítulo). Nesse método, o tempo
de implantação tende a ser menor, assim como os custos envolvidos,
porém requer maior conhecimento da equipe que irá conduzir o projeto.

Outra característica é que uma implantação em paralelo causa mu-


danças mais imediatas e pode gerar uma maior resistência dos profis-
sionais da organização.

Considerando sua cultura organizacional, a empresa deve decidir se


implanta uma norma por vez ou se faz a implantação em paralelo. Para
isso, deve considerar ainda seus custos e prazos para finalização do
projeto de implantação.

Dada a característica particular dos sistemas de gestão de respon-


sabilidade social, a implantação integrada será tratada aqui em capítulo
específico.

1 A integração dos elementos das normas


de gestão

Para a implantação do sistema de gestão integrado em paralelo,


pode-se estabelecer um fluxo de ações que se inicia com a realização
de um diagnóstico a partir de um escopo previamente definido.

A partir do diagnóstico e do escopo definidos, bem como prazos


finais envolvidos, pode-se estabelecer um cronograma adequado,

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detalhado e realista de implantação, compondo uma equipe de implan-
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tação com quantidade adequada de profissionais.

Para fins didáticos, o método de implantação apresentado aqui con-


sidera os requisitos das normas do SGI em dois grandes grupos princi-
pais. Os requisitos, divididos em Estrutura comum e Elementos especí-
ficos, destinam-se a organizar a linha de raciocínio e podem facilitar a
organização do projeto de implantação.

A estrutura comum é composta por requisitos que são praticamente


iguais entre as disciplinas do SGI ou cuja sistemática deve ser integrada
para funcionar dentro de um SGI, como o Contexto da organização, por
exemplo.

É claro que teremos um contexto para qualidade, outro para meio


ambiente e um terceiro para saúde e segurança do trabalho (SST); en-
tretanto, essa é uma das cláusulas das normas que deve ser elaborada
em conjunto para que um melhor resultado seja alcançado. Da mesma
maneira, os treinamentos devem ser realizados de maneira integrada,
quando aplicável e possível, ou de forma específica quando necessário.

A realização de treinamentos estará presente ao longo de toda a


implantação do SGI; entretanto, o método apresentado destaca suges-
tões de programas de treinamento cuja efetiva realização é importante,
contendo ainda uma carga horária sugerida e baseada em experiência.
O fluxo de implantação principal pode ser descrito conforme a figura 1
a seguir.

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Figura 1 – Fluxo principal de implantação do SGI

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Realização de Definição do
diagnóstico inicial escopo do
SGI inicial

Realização de treinamentos Indicação da equipe


iniciais para a de implantação
equipe de implantação

Realização de
Estabelecimento da Estabelecimento de
treinamentos dos
estrutura comum elementos específicos
elementos específicos

Análise crítica preliminar

Formação de
Auditoria interna
auditores internos

Resolução de não conformidades

Análise crítica final

1.1 Diagnóstico inicial

Ao iniciar a implantação de um sistema de gestão integrado, é impor-


tante determinar qual será a abrangência de sua implantação (escopo),
bem como o grau de conformidade com os requisitos das normas de

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gestão em que a organização se encontra. Todas as organizações têm
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alguma ferramenta de gestão já implantada. Dessa maneira, é bastante


improvável que uma implantação de normas de gestão comece absolu-
tamente do zero. A realização de uma avaliação, com capacidade para
determinar os elementos do sistema que já estão implantados, com
suas características e eficácia, é chamada de diagnóstico inicial.

Outro ponto importante do diagnóstico é a avaliação dos requisitos


legais atendidos, visto que geralmente sua adequação representa a
maior parte do custo da implantação.

A realização de um bom diagnóstico irá percorrer todos os elemen-


tos das normas de gestão, identificando as lacunas de atendimento aos
requisitos de cada uma delas, e subsidiar a elaboração de um cronogra-
ma detalhado de implementação.

O diagnóstico apresenta melhores resultados quando conduzido


como uma auditoria. Mas considerando que o resultado dessa avaliação
deverá compor um cenário do sistema de gestão da organização além da
conformidade (ou não) de determinadas cláusulas das normas, o diag-
nóstico deverá discorrer sobre as sistemáticas atuais, seus objetivos
e sua eficácia em relação àquelas requeridas pelas normas de gestão.
Da mesma maneira, não faz sentido a identificação de não conformida-
des da maneira clássica, e sim a realização de comentários e avaliações
sobre os processos organizacionais, definindo ações que devem ser
realizadas, bem como sistemáticas a serem implementadas para aten-
dimento aos requisitos das normas de gestão, ou seja, a identificação
de gaps no sistema de gestão atual.

1.2 Indicação da equipe de implantação

O próximo passo da implantação de sistemas de gestão é a indica-


ção de uma equipe (ou comitê) de implementação. A implantação de
sistemas de gestão é de responsabilidade de toda a organização, e não
tarefa de um departamento ou de um profissional específico.

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É importante que a equipe seja multidisciplinar e tenha representan-

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tes suficientes das diversas áreas da organização, mas que não seja de-
masiadamente grande a ponto de se tornar um obstáculo à certificação.
A equipe pode ter representantes das seguintes áreas:

•• qualidade;

•• meio ambiente;

•• segurança do trabalho;

•• medicina do trabalho;

•• produção ou realização dos serviços;

•• manutenção;

•• projeto e desenvolvimento;

•• alta direção;

•• recursos humanos.

A liderança da equipe de implementação deve ser exercida pela área


ou pelo profissional que tenha acesso à alta direção da empresa, uma
vez que sua participação é imprescindível. Entretanto, ele deve também
conhecer fortemente a operação da organização, de maneira a direcio-
nar adequadamente os trabalhos em nível operacional, além da neces-
sidade de solicitar decisões de alto nível e alocação de recursos junto à
alta direção.

1.2.1 Treinamentos requeridos

A equipe de implantação deve receber uma carga de treinamen-


tos que seja suficiente para a formação em sistemas de gestão. Essa
equipe irá direcionar os trabalhos e, ao longo da implantação, servir de
referência aos demais profissionais da empresa, que devem receber
uma formação mais sólida e detalhada. Durante a implantação, outros

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profissionais poderão ter a necessidade de receber os mesmos treina-
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mentos que a equipe de implantação. Entretanto, essa necessidade de-


verá ser identificada durante a execução das atividades de implantação.

Os programas de treinamento recomendados para essa fase do pro-


cesso de implantação estão descritos no quadro 1 a seguir.

Quadro 1 – Treinamentos iniciais

CARGA
PROGRAMA DE
OBJETIVO PÚBLICO-ALVO HORÁRIA
TREINAMENTO
SUGERIDA

Orientar a alta direção


sobre suas funções e
O papel da alta direção
responsabilidades durante a Alta direção 4 horas
nos sistemas de gestão
implementação e a manutenção
do sistema de gestão.

Interpretação dos Capacitar a equipe de


requisitos das normas do implantação na interpretação Equipe de
40 horas
SGI (ISO 9001, ISO 14001 e decodificação dos requisitos implantação
e ISO 45001) das normas.

Orientar a equipe nas possíveis


ferramentas que poderão ser Equipe de
Avaliação dos riscos
utilizadas na elaboração de implantação e 4 horas
organizacionais
contexto e identificação de alta direção
riscos organizacionais.

Os treinamentos feitos nesse momento serão suficientes para o es-


tabelecimento da estrutura comum.

1.3 Estabelecimento da estrutura comum

Ao iniciar as atividades de implementação propriamente ditas, a or-


ganização deverá estabelecer sistemáticas para aquelas cláusulas co-
muns das normas de gestão, já de maneira integradas, baseando-se no
resultado do diagnóstico realizado. Além disso, é necessária a identifi-
cação dos processos que farão parte do sistema de gestão.

Implantação do sistema de gestão integrado 71


Nessa fase, as cláusulas referentes a contexto da organização, li-

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derança e planejamento (ações para abordar riscos e oportunidades e
identificação de requisitos legais) deverão ser implantadas. Os elemen-
tos comuns aqui considerados estão descritos no quadro 2 a seguir.

Quadro 2 – Elementos comuns do SGI

SEÇÃO DAS NORMAS ISO

4 5 6 7 10

Entendendo a
Liderança e
organização e Recursos
comprometimento
seu contexto
Não
Entendendo conformidade
necessidades Ações para e ação
e expectativas abordar Comunicação corretiva
das partes riscos e (incluindo
interessadas oportunidades controle de
Política
saídas não
Determinando conformes)
o escopo Informação
do sistema documentada
de gestão

A implantação desses elementos deve ser precedida da elaboração


e implantação da sistemática de controle da informação documentada,
podendo ser complementada pela sistemática de conhecimento organi-
zacional. Todo o sistema, em algum momento, irá requerer algum nível de
documentação. Dessa maneira, a elaboração da sistemática nesse mo-
mento garante um início adequado. O controle da informação documen-
tada permitirá que somente documentos que tenham sido revisados e
aprovados sejam utilizados, uma vez que haverá controle de suas versões
e de seu acesso pelos profissionais que farão uso dessas informações.

Em seguida convém determinar elementos que serão utilizados no


restante da implantação. Nesse momento devemos considerar a elabora-
ção do contexto organizacional, bem como seus riscos organizacionais.

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IMPORTANTE
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Muitas organizações têm áreas dedicadas a identificação, avaliação e


tratamento de riscos organizacionais. Essas áreas deverão ser incluídas
nos treinamentos e nas avaliações de maneira a integrar os conceitos
envolvidos, fazendo com que eles estejam alinhados aos requisitos do
sistema de gestão.

Com a sistemática de controle de informações documentadas es-


tabelecida e o contexto da organização determinado, é possível esta-
belecer a política do SGI e iniciar sua divulgação aos profissionais da
organização.

NA PRÁTICA

Em um sistema de gestão integrado convém que a política da organiza-


ção seja completamente integrada. Confira o exemplo a seguir.
A empresa ABC, produtora de peças plásticas para a indústria auto­
motiva para o mercado nacional, determinada a melhorar seus pro­
cessos continuamente, aumentando o desempenho de sua gestão,
compromete-se a:

• atender aos requisitos de nossos clientes e aqueles requisitos


determinados por leis e regulamentos;

• atender a outros requisitos que sejam subscritos;

• produzir produtos seguros e adequados, protegendo o meio


ambiente, prevenindo a poluição e atendendo outras necessidades
das partes interessadas que estejam sob nosso controle, ou ainda
influenciando quando possível;

• eliminar perigos e reduzir riscos de SST de maneira a preservar a


integridade de trabalhadores, terceiros e visitantes;

• favorecer a consulta e a participação dos trabalhadores, envolven-


do seus representantes quando aplicável ou requerido.

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Nesse momento também é conveniente estabelecer a sistemática

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de investigação de incidentes, saídas não conformes e não conformi-
dades e já aplicá-la durante a implantação, fazendo o mesmo com a
sistemática de gestão de mudanças.

Tais sistemáticas geralmente trazem dificuldade de alinhamento


entre os profissionais da organização em função da cultura organiza-
cional, podendo trazer também dificuldade de aplicação em função da
quantidade de ocorrências.

Lidar com essas dificuldades é imprescindível para uma boa implan-


tação. Dessa maneira, convém que a organização já tenha realizado
treinamentos específicos, como capacitações para uso de ferramentas
de investigação de causas e determinação de ações corretivas, bem
como dos procedimentos internos da organização.

É importante que sejam estabelecidos grupos multidisciplinares


para lidar com os desvios ocorridos no sistema de gestão, uma vez que
a participação na investigação e na solução dos problemas diminui as
resistências no momento da identificação de causas-raízes e de implan-
tação de ações corretivas.

Durante todas as etapas de implantação, as funções, responsabilida-


des e autoridades devem ser definidas. Isso também vale para a implan-
tação dos demais elementos específicos.

Na implementação dos elementos comuns, deve-se manter as sis-


temáticas comuns a todas as normas de gestão. Os procedimentos
estabelecidos nessa fase serão utilizados em todas as disciplinas. Por
exemplo, os procedimentos de controle de informação documentada
serão os mesmos para os sistemas de qualidade, meio ambiente e
saúde e segurança do trabalho.

A ordem de implantação principal pode ser feita conforme esquema


da figura 2 a seguir.

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Figura 2 – Fluxo de implantação da estrutura comum
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Estabelecimento da sistemática
de controle da informação documentada
Determinação de papéis, respo
autoridades organizacionais
Determinação de contexto e riscos organizacionais
(incluindo as ações para abordar riscos)

Estabelecimento da política do SGI

Estabelecimento da sistemática para


investigação de não conformidades e incidentes

Estabelecimento da sistemática
de gestão de mudanças

Paralelamente à implantação dos elementos comuns, é necessário


realizar os treinamentos de conhecimentos gerais aos demais profissio-
nais da organização, incluindo os terceiros. Após a elaboração da políti-
ca, podem ser realizadas sessões de treinamento para sua divulgação,
bem como divulgação do novo sistema de gestão. Nesse momento é
importante tentar diminuir as resistências naturais às mudanças que a
implantação do sistema de gestão trará.

Envolver os trabalhadores no processo, fazendo a consulta sobre


alguns elementos importantes (como as sistemáticas existentes) e
orientando sobre as mudanças e seus benefícios é bastante benéfico.
Deve-se ter em mente que ouvir as demandas dos profissionais que
serão afetados pela implantação e fornecer um retorno positivo sobre
as mudanças é essencial.

1.4 Implantação dos elementos específicos

Nessa fase é interessante estabelecer as necessidades de compe-


tência para os profissionais considerando cada uma das disciplinas,

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além da implantação dos elementos específicos de cada uma das nor-

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mas. As necessidades de competência serão levantadas de maneira
interativa. Por exemplo, ao estabelecer um novo controle operacional,
é provável que um determinado trabalhador deva ser capacitado nele.

A implantação de elementos específicos para as normas ISO 14001


e ISO 45001 também requererão a identificação de requisitos legais, a
identificação de aspectos e impactos ambientais, bem como de peri-
gos, danos e avaliação de riscos de SST. Esses elementos direcionam a
implantação de controles operacionais, procedimentos de emergência
e necessidades de monitoramento, e costumam usar a maior parte do
tempo de implantação das normas.

NA PRÁTICA

O estabelecimento de objetivos já integrados é bastante útil. Veja os


exemplos:

• reduzir as perdas por produto não conforme da linha B em 5% em


relação às perdas do ano anterior, reduzindo a quantidade de pro-
dutos não conformes, de matéria-prima, de energia e de resíduos
perigosos até o final deste ano (qualidade e meio ambiente);

• reduzir a geração de rebarbas na área de injeção de plásticos em


40% em relação ao ano anterior por meio do uso de novos moldes
e reforma das máquinas injetoras, reduzindo a geração de resíduos
e a exposição do trabalhador à operação de retirada de rebarbas de
peças com o uso de estiletes (redução do risco de SST) até o final
deste ano (meio ambiente e SST).

As sistemáticas relacionadas à qualidade serão implementadas


nesse momento, em paralelo às questões específicas para as demais
disciplinas. Ao elaborar processos para a qualidade convém que a orga-
nização já insira as questões relacionadas a funções, responsabilidades
e autoridades, além dos controles operacionais para meio ambiente e

76 Gestão dos sistemas integrados


SST. É possível acrescentar também procedimentos de acionamento de
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emergência, tornando a informação disponível mais prontamente.

Durante essa fase, a organização deverá executar treinamentos es-


pecíficos, como treinamento de operação de processos, equipamen-
tos e prestação de serviços, emergência e outros específicos, além
daqueles utilizados para promover a conscientização dos trabalhado-
res. Podem ser utilizadas peças de comunicação que permitam visua-
lizar os custos/gastos relacionados com falta de qualidade, perdas de
tempo e produto, incidentes de trabalho, lesões e danos ambientais. É
importante que os profissionais da organização entendam as conse-
quências de desvios das sistemáticas estabelecidas.

Outro ponto importante – e que depende, entre outros fatores, do es-


tabelecimento prévio de objetivos e controles operacionais – diz respeito
às sistemáticas de medição e monitoramento. Nesse momento, deve-se
estabelecer indicadores de gestão para monitoramento de objetivos, bem
como indicadores operacionais que monitorem características da qua-
lidade, variáveis de processo, entre outros. A partir dessa identificação,
estabelece-se a necessidade de recursos de medição para todas as disci-
plinas e decide-se sobre os critérios que serão utilizados para calibração.

A sistemática de medição e monitoramento é essencial em um sis-


tema de gestão. A partir das necessidades de medição (como necessi­
dade de medição de parâmetros de um produto, necessidade de medi-
ção de parâmetros de efluentes lançados em um corpo hídrico, ou ainda
medição da concentração de poeiras em um ambiente de trabalho), os
instrumentos adequados para sua medição são definidos. Depois, em
função das características das variáveis que serão medidas, deve-se
estabelecer o critério de calibração, isto é, o valor em que a conformida-
de de um instrumento será avaliada (com valor máximo de erro, valor
máximo de incerteza ou outros parâmetros adequados).

O cuidado a ser tomado em um sistema de gestão integrado é o


fato de que um mesmo instrumento muitas vezes é utilizado para a

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realização de medições da qualidade e meio ambiente ou saúde e se-

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gurança. Nesse caso, deve-se realizar a calibração considerando o cri-
tério de calibração mais restritivo. Veja o seguinte exemplo simplifica-
do: em uma determinada empresa é utilizado o equipamento chamado
pHmetro para medição de uma característica de processo chamada
pH. Em função das características de seu processo de fabricação e re-
quisitos do cliente, o erro máximo permitido para esse produto é de 5%
em relação ao padrão utilizado.

Esse mesmo instrumento (pHmetro) é utilizado para medição do va-


lor de pH de um efluente a ser lançado em um corpo hídrico receptor.
Nesse segundo caso o erro permitido é de 10%. Note que ao atender o
critério de calibração para meio ambiente (10%), o critério para qualida-
de (5%) não será atendido. Dessa maneira, deve-se adotar o critério de
calibração da qualidade, uma vez que, dessa forma, o critério de calibra-
ção para meio ambiente também será atendido.

Outro ponto importante da medição e do monitoramento é o estabe-


lecimento de indicadores para verificação do desempenho do sistema
de gestão. A determinação desses indicadores deve ser capaz de es-
tabelecer o grau de desempenho do SGI. Para isso, convém que sejam
prioritariamente relativos, e não absolutos, e que relacionem as variá-
veis que afetam a medição. Veja alguns exemplos no quadro 3 a seguir.

Quadro 3 – Indicadores

INDICADOR DISCIPLINA MÉTODO DE CÁLCULO

Índice de Peças retrabalhadas


Qualidade Iretrabalho =
retrabalho Total de peças produzidas

Resíduo sólido Meio Total de resíduos classe 1 gerados


Iresíduos classe 1 =
perigoso gerado ambiente total de peças produzidas

Saúde e
Taxa de Quantidade de acidentes × 1.000.000
segurança Tf =
frequência Hora-homem trabalhada
do trabalho

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É importante notar que os indicadores propostos no exemplo são
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relativos, e variam conforme os parâmetros que os afetam. Para o pri-


meiro indicador (“Índice de retrabalho”), note que a quantidade de re-
trabalhos realizados é função da quantidade de peças produzidas. O
mesmo ocorre para os demais indicadores apresentados.

O fluxo principal para implantação dos elementos específicos pode


ser descrito conforme a figura 3 a seguir.

Figura 3 – Fluxo de implantação de elementos específicos

Implantação de requisitos
específicos

Implantação de requisitos Implantação de requisitos Implantação de requisitos


específicos – ISO 9001 específicos – ISO 14001 específicos – ISO 45001

Identificação de
requisitos legais
e outros

Estabelecimento de controles Elaboração do Estabelecimento de


operacionais para plano de emergência controles operacionais
meio ambiente de SST

Determinação de Identificação das Determinação de


monitoramento e medição necessidades monitoramento e medição
de calibração

Avaliação da conformidade
com os requisitos legais
e outros

Implementação dos Implementação dos


demais requisitos específicos demais requisitos específicos

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1.4.1 Treinamentos requeridos

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A implantação de elementos específicos das normas de gestão pode
incluir inúmeros treinamentos. O quadro 4 a seguir lista os treinamentos
específicos que usualmente são requeridos nessa etapa.

Quadro 4 – Treinamentos específicos

CARGA
PROGRAMA DE
OBJETIVO PÚBLICO-ALVO HORÁRIA
TREINAMENTO
SUGERIDA

Orientar os profissionais quanto


ao uso adequado das ferramentas Pessoal de
Ferramentas da
clássicas para resolver problemas produção e 8 horas
qualidade
ocorridos na realização do produto qualidade
ou prestação do serviço.

Identificação Estabelecer uma sistemática Equipe de


de aspectos adequada para a identificação de identificação
8 horas
e impactos aspectos e avaliação de de aspectos
ambientais sua significância. ambientais

Identificação Estabelecer uma sistemática


Equipe de
de perigos e adequada para a identificação de
identificação 8 horas
avaliação de perigos e danos e avaliação de
de perigos
riscos de SST riscos de SST.

Orientar os profissionais de meio


Elaboração
ambiente e SST na elaboração de Segurança
de planos de
planos de emergência adequados do trabalho e 8 horas
atendimento a
e que considerem as meio ambiente
emergências
duas disciplinas.

Serão requeridos outros treinamentos específicos após a elaboração


das sistemáticas e dos processos, como o treinamento da brigada de
emergência no plano de atendimento a emergências estabelecido pela
organização. Entretanto, deve-se atentar para os treinamentos que são
requeridos pela legislação, notadamente aqueles relativos a saúde e se-
gurança do trabalho prescritos pelas Normas Regulamentadoras (NR)
do Ministério do Trabalho.

80 Gestão dos sistemas integrados


Esses treinamentos costumam ser longos, abranger um grande
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número de profissionais e podem ser limitantes em relação ao interesse


da organização em certificar seu sistema de gestão integrado ao final
da implantação, além da eventual fragilidade da organização por não
cumprir os requisitos legais associados.

1.5 Análise crítica preliminar

Após a implantação de todos os elementos do sistema, deve-se ter


um momento para que a alta direção avalie a eficácia do sistema de
gestão integrado. Nessa etapa convém elaborar um procedimento para
realização da análise crítica, estabelecendo sistemática, participantes
obrigatórios e periodicidade de realização. Nessa etapa da implantação,
a análise crítica realizada não estará completa, uma vez que ainda não
foi realizada a auditoria interna do sistema de gestão integrado. A con-
sideração dos resultados de auditoria interna e não conformidades é
uma das entradas obrigatórias para discussão. Sendo assim, a direção
faz uma análise crítica sem a consideração da auditoria interna, com
as não conformidades identificadas pela auditoria interna e suas ações
corretivas, deixando claro nos registros que a análise será complemen-
tada após a realização dessas etapas.

1.6 Auditoria interna, resolução de não conformidades e


análise crítica final

A auditoria interna do sistema é feita ao final da implantação. Esse


é o momento da elaboração da sistemática de auditoria interna, de-
finindo quem serão os auditores internos, a metodologia que será
utilizada, listas de verificação (se aplicável), além do programa e dos
planos de auditoria. Uma vez que a equipe de auditores internos for
definida, deve-se proceder com sua formação, oferecendo treinamen-
tos de interpretação das normas conforme aplicável e formação de

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auditores internos de SGI. Convém que esse treinamento tenha uma

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abordagem integrada, com duração sugerida de 40 horas.

A organização pode optar por utilizar auditores contratados des-


de que definidas as competências necessárias e comprovadas suas
qualificações. É recomendável que os auditores contratados tenham,
minimamente, formação como auditores-líderes em cursos reconheci-
dos por instituições membros da International Personnel Certification
Association (IPC) ou por entidades internacionais fortemente reconhe-
cidas, como o Chartered Quality Institute (CQI-IRCA) ou a Exemplar
Global, além de experiência na realização de auditorias e conhecimen-
to nas atividades desenvolvidas pela organização.

As não conformidades identificadas na auditoria interna deverão ter


suas causas-raízes e ações corretivas estabelecidas e implementadas,
sendo utilizadas para complementar as entradas da análise crítica final
e completa do sistema de gestão.

Considerações finais
A implantação do sistema de gestão integrado pode ser feita de
diferentes maneiras, conforme a cultura da organização, os custos e
prazos envolvidos, podendo ser sequencial, a partir da ISO 9001, ou
em paralelo. Este capítulo apresentou o método em paralelo, que pode
ter diferentes características conforme a organização que irá implan-
tar o SGI.

O fluxo geral de implantação é composto de um diagnóstico inicial


para identificar lacunas no sistema de gestão atual, seguido da cria-
ção de um grupo que será capacitado e responsável pela condução das
ações de implantação, estabelecendo a estrutura dos elementos co-
muns do sistema, além de seus elementos específicos. O processo de
implantação é finalizado com análise crítica preliminar, auditoria interna,
resolução de não conformidades registradas e uma análise crítica final.

82 Gestão dos sistemas integrados


Durante todas as etapas de implantação, a organização deverá en-
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volver os trabalhadores para minimizar os impactos das mudanças ge-


radas, ou seja, minimizar sua resistência a mudanças, além de capacitá-
-los nas novas sistemáticas e nos requisitos de operação para a gestão
de qualidade, meio ambiente e saúde e segurança do trabalho.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14001:
Sistemas de gestão ambiental — Requisitos com orientações para uso. Rio de
Janeiro, 2015.

______. NBR ISO 9001: Sistemas de gestão da qualidade — Requisitos. Rio de


Janeiro, 2015.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). ISO/IEC


Directives – Part 1 Consolidated ISO Supplement — Procedures specific to
ISO. 7th ed. Geneva: ISO/IEC, 2016. Disponível em: <https://www.iso.org/sites/
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20 jul. 2018.

______. ISO 45001: Occupational health and safety management systems —


Requirements with guidance for use. Geneva, 2018.

Implantação do sistema de gestão integrado 83

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