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Capítulo 4

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

O processo de
operacionalização
de treinamentos

A necessidade de desenvolver nos colaboradores novas competên-


cias ou aprimorar as que eles já possuem faz as organizações invisti-
rem cada vez mais em programas de treinamento.

No entanto, é necessário que esses programas sejam estrategica-


mente preparados para que se atinjam os resultados esperados.

O objetivo deste capítulo é demonstrar os caminhos e as ferramentas


para a operacionalização do processo de treinamento nas organizações.

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Serão apresentadas suas quatro etapas: levantamento das necessi-

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dades de treinamento (LNT), planejamento, execução e avaliação.

A primeira etapa, o LNT, consiste no diagnóstico preciso das defi-


ciências encontradas no negócio, nos setores ou no próprio indivíduo.
Para isso, serão demonstrados os métodos que vão auxiliar na análise.

Na segunda etapa, de planejamento, contemplam-se planos, recur-


sos, prazos, responsáveis, custos, além de estabelecerem-se os crité-
rios de avaliação do processo.

Na execução, terceira etapa do processo de treinamento, coloca-se


em prática tudo o que foi planejado.

Por fim, a avaliação, quarta e última etapa do processo, deverá iden-


tificar se os resultados esperados foram atingidos.

É fundamental conhecer o processo e aplicá-lo corretamente para


que as ações de treinamento tragam resultados efetivos. Além disso, a
análise do processo fornecerá importantes insumos para as tomadas
de decisão quando o ciclo for reiniciado.

1 Levantamento das necessidades de


treinamento por competência
O levantamento das necessidades de treinamento (LNT) é a primei-
ra etapa do processo de treinamento e desenvolvimento (T&D). Essa é
uma fase determinante, pois um diagnóstico impreciso poderá compro-
meter todo o processo.

São diversas as ferramentas e metodologias para a investigação das


necessidades de treinamento. Deve-se diagnosticar a situação atual
para compará-la com a desejada, identificando os principais problemas,
elaborando propostas de intervenção e subsidiando a próxima etapa,
o planejamento.

52 Captação, treinamento, desenvolvimento e valorização de pessoas


Boog (2006) mostra que o levantamento de necessidades de trei-
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namento antecede qualquer ação de T&D e é por meio dele que seus
programas serão desenvolvidos.

A figura 1 destaca o papel do LNT ao apresentar o macrofluxo do


processo de T&D.
Figura 1 – Macrofluxo do processo de T&D

INÍCIO
Definição das competências críticas, levantamento MONITORAMENTO
de hipóteses, problemas, melhorias.

IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES


O que fazemos, podemos fazer, melhorar, evitar.

ANÁLISE, PRIORIZAÇÃO
Soluções alternativas.

DEFINIÇÃO
Estratégia do plano de T&D e outras ações
políticas de recursos humanos.

ESTRUTURAÇÃO DOS MEIOS

REALIZAÇÃO DO TREINAMENTO

VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS

N S FIM do processo.
AÇÃO CORRETIVA ATENDIDO?
INÍCIO de outro.

Fonte: adaptado de Boog (2006).

O processo de operacionalização de treinamentos 53


Podemos observar que o início do macrofluxo refere-se à definição

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das competências críticas.

Para essa discussão, apresentaremos as definições de competência


humana (relacionada ao indivíduo) e de competência crítica de negócio
(relacionada à organização):

•• Competência humana: “Um saber agir de maneira responsável e


reconhecida que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimen-
tos, recursos e habilidades que agreguem valor econômico à orga-
nização e valor social ao indivíduo” (FLEURY; FLEURY, 2001, p. 188).

•• Competência crítica de negócio: “maneira pela qual a empresa


quer ser reconhecida pela sociedade, tendo como base sua mis-
são, visão e valores transformados em conhecimentos, habilida-
des e atitudes” (BOOG, 2006, p. 7).

O ponto de partida para a formulação das competências será a análi-


se dos objetivos estratégicos, missão, visão e valores. Por meio desses
elementos, são desenhadas as competências críticas do negócio, que
são, então, desdobradas em competências para as áreas e, por fim, para
os grupos e indivíduos (BOOG, 2006).

As empresas, ao elaborarem o perfil de competências de seus cola-


boradores com base nas competências críticas, definem não apenas os
conhecimentos e as habilidades necessárias, mas também os compor-
tamentos e os valores que devem ser adotados.

Um diagnóstico preciso apontará as competências que a organiza-


ção precisa desenvolver e de quais ela já dispõe, identificando os des-
compassos presentes e o caminho a seguir.

Chiavenato (2009) mostra que o levantamento das necessidades de


treinamento deve ser realizado em três níveis de análise: análise organi-
zacional, análise do indivíduo e análise das operações e tarefas.

54 Captação, treinamento, desenvolvimento e valorização de pessoas


•• Análise organizacional: verifica o comportamento da organiza-
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ção, sua cultura e clima, estilo de gestão, planejamento de pro-


dutos e serviços e qual ênfase será dada no treinamento. Nesse
nível, devem ser identificados os objetivos de treinamento, com
base nos objetivos e nas estratégias traçados para a organização.

•• Análise do indivíduo: análise quantitativa e qualitativa das pessoas


que integram a organização, identificando se elas têm as habili-
dades, os conhecimentos e as atitudes desejados pela empresa,
bem como potencial de desenvolvê-los.

•• Análise das operações e tarefas: nível mais restrito e imediato do


LNT, no qual são analisadas as competências requeridas para o
cargo. Devem ser identificados os tipos de conhecimento, habi-
lidade, responsabilidade, atitude e comportamento necessários
para o desempenho eficaz das atividades. Desse modo, é pos-
sível analisar se há discrepância entre as competências exigidas
pelo cargo e aquelas encontradas no indivíduo.

Para Marras (2011), o LNT vai detectar e diagnosticar as carências


de treinamento em dois cenários, o reativo e o prospectivo, demonstra-
dos na figura 2.

Figura 2 – Cenário de treinamento prospectivo e reativo

PROSPECTIVO REATIVO

Na empresa Alfa, os funcionários


recebem treinamento de Na empresa Alfa, o número de
segurança no trabalho quando acidentes no trabalho aumentou em
são admitidos. Além disso, todos 25% no último mês. Treinamentos
CENÁRIOS DE
passam, semestralmente, por não são frequentes, porém, diante
TREINAMENTO
outras capacitações que reforçam do cenário, a empresa desenvolveu
o tema. Após a implantação do um treinamento de segurança no
programa, nenhum acidente trabalho para seus funcionários.
ocorreu nos últimos 24 meses.

Fonte: adaptado de Marras (2011).

O processo de operacionalização de treinamentos 55


No exemplo, percebe-se que, no cenário reativo, as situações que

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precisam ser corrigidas com treinamento já ocorreram. Analisam-se
suas consequências e aciona-se o treinamento necessário.

Já no cenário prospectivo o objetivo é antecipar-se a possíveis pro-


blemas. Seu posicionamento é proativo, avaliando-se antes as necessi-
dades de treinamento futuras.

O LNT deve ocorrer continuamente, de maneira a detectar rapida-


mente possíveis mudanças que demandarão treinamento. Todas as
áreas da organização, juntamente da área de treinamento e desen-
volvimento, precisam se responsabilizar por isso, pois são os gesto-
res imediatos os primeiros a sentirem as futuras necessidades ou
deficiên­cias em sua equipe.

1.1 Métodos para levantamento de necessidades


de treinamento

São utilizados diversos métodos para garantir a eficácia do diagnós-


tico das necessidades de treinamento.

Alguns exemplos serão apresentados. No entanto, o gestor preci-


sa compreender que seu uso nas organizações dependerá de fatores
como as características da empresa, o perfil da área de T&D, situação
encontrada na organização, entre outros (MARRAS, 2011).

São exemplos de métodos de diagnóstico de treinamento (MARRAS,


2011; CHIAVENATO, 2009):

•• Observações in loco do trabalho.

•• Entrevistas com colaboradores e gestores.

•• Pesquisa de clima organizacional.

•• Avaliação de desempenho.

56 Captação, treinamento, desenvolvimento e valorização de pessoas


•• Análise de cargos.
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•• Aplicação de testes ou exames.

•• Solicitação direta dos gestores.

Além dos métodos abordados, alguns elementos também podem


apontar a necessidade de determinado treinamento. Conhecidos como
indicadores, esses elementos mostrarão ou darão indícios de necessi-
dade de treinamento – indicadores a priori – ou, se o problema já está
ocorrendo e serão necessárias medidas corretivas – indicadores a pos-
teriori, ambos apresentados no quadro 1.

Quadro 1 – Indicadores de treinamento a priori e a posteriori

INDICADORES DE TREINAMENTO INDICADORES DE TREINAMENTO


A PRIORI A POSTERIORI

Ligados ao processo produtivo:


• Qualidade inadequada da produção
• Expansão da empresa e admissão de novos • Baixa produtividade
empregados
• Tempo de aprendizagem e de integração ao
• Redução do número de empregados cargo muito prolongado
• Mudança de métodos e processos de trabalho • Despesas excessivas na manutenção de
• Substituições ou movimentações de pessoal máquinas e equipamentos
• Faltas, licenças e férias do pessoal/expansão dos • Excesso de erros e desperdícios
serviços • Elevado número de acidentes
• Mudanças nos programas de trabalho ou de Ligados aos recursos humanos:
produção
• Relações deficientes entre o pessoal
• Modernização do maquinário
• Número excessivo de queixas
• Produção e comercialização de novos produtos
ou serviços • Pouco ou nenhum interesse pelo trabalho
• Falta de cooperação
• Faltas e substituições em demasia

Fonte: adaptado de Marras (2011).

Esses métodos e indicadores devem ser conhecidos e analisados


de maneira sistemática, para garantir um correto diagnóstico das ne-
cessidades de treinamento nas organizações.

O processo de operacionalização de treinamentos 57


2 O que deve ser considerado no

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planejamento e na execução dos treinamentos
Identificada a real necessidade, é hora de planejar o programa de
treinamento quantificando e escolhendo métodos e recursos que se-
rão mobilizados.

A elaboração dos objetivos do treinamento é a primeira ação nessa


etapa. Serão eles que direcionarão toda a programação.

Os objetivos do treinamento precisam ser claramente identificados,


bem como os prazos para poder atingi-los.

NA PRÁTICA

A empresa Alfa diagnosticou excesso de reclamações de clientes e


determinou como objetivo capacitar os atendentes para o atendimento
aos clientes de forma a diminuir em 80% o número de reclamações em
até dois meses após o término do treinamento.

Nessa fase, os módulos de aprendizagem são idealizados consi-


derando-se métodos, conteúdo, recursos e todos os itens necessários
para sua realização.

Boog (2006) apresenta um roteiro básico para o planejamento de um


treinamento, descrito nos itens a seguir.

1. Quantificar o treinamento, definindo a relação entre o número de


pessoas que precisam dele e a necessidade de treinamento de
cada uma delas.

2. Definir a época do treinamento, acompanhando instrumentos que


indiquem o momento ideal de treinar, como o plano de carreira de
algumas empresas, que determina quando um colaborador será
promovido e em que momento serão necessárias determina-
das competências para uma nova atribuição, capacitando cada

58 Captação, treinamento, desenvolvimento e valorização de pessoas


funcionário no menor tempo e com a melhor relação de retorno
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sobre investimento.

3. Classificar as necessidades quanto ao conteúdo, ou seja, deter-


minar quais conhecimentos, habilidades, atitudes, valores, entre
outros, serão abordados.

NA PRÁTICA

Atualmente, muitos programas têm como objetivo educar os funcioná-


rios acerca dos valores mais importantes da empresa e convencê-los a
adotar esses valores.
O programa de orientação da Saturn Corporation ilustra isso. Os dois
primeiros dias são dedicados à discussão de benefícios, segurança,
estabilidade e o processo de produção da empresa – entrega just-in-
-time –, administração de materiais e assim por diante. No terceiro e no
quarto dia, o foco se transfere para os valores. Cada novo funcionário
recebe uma cópia da carta da missão da Saturn. Então, treinandos e
treinador analisam cada valor da empresa listado na carta – trabalho
em equipe, confiança e respeito pelos indivíduos e qualidade, por exem-
plo – para ilustrar seu significado. São usados pequenos exercícios nos
quais se fazem perguntas como “se você visse um membro da equipe
fazendo isso, o que você faria?” ou “se um membro da equipe estivesse
‘vivendo’ esse valor, o que você veria?” (DESSLER, 2003, p. 149).

4. Eleger a metodologia a ser empregada, definindo por:

◦◦ treinamento formal que ocorre de forma estruturada e planeja-


da com conteúdo, data e treinador predefinidos;

◦◦ treinamento informal por meio do compartilhamento de in-


formações ou a busca de soluções entre os colaboradores,
por exemplo;

◦◦ treinamento dentro ou fora do ambiente de trabalho;

◦◦ e-learning – cursos a distância ou b-learning e cursos híbridos


(parte presencial e parte a distância).

O processo de operacionalização de treinamentos 59


Os exemplos apresentados podem ser utilizados em conjunto ou

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separadamente. Para essa escolha, consideram-se os objetivos de trei-
namento as tecnologias disponíveis e os tipos de competências que se
pretendem desenvolver.

IMPORTANTE

A percepção de que a aprendizagem se dá com base na interação


de diversas situações levou os professores Morgan McCall, Robert
Eichinger e Michael Lombardo a desenvolver o modelo de aprendiza-
gem 70/20/10. O termo refere-se à quantidade de tempo gasto com
cada tipo de forma de aprendizado. Veja:

• Setenta por cento (70) é o aprendizado que acontece com a prática,


como na realização das tarefas que possibilita interiorizá-los.

• Vinte por cento (20) é o aprendizado que ocorre nas interações


com os colegas de trabalho.

• Dez por cento (10) é o aprendizado formal, que ocorre de forma


estruturada, como em cursos, seminários, workshops, etc. (ZANNA,
2017; DINO, 2018).

PARA SABER MAIS

Você pode saber mais sobre métodos de treinamento lendo o capítulo 3


do livro Treinamento e desenvolvimento de recursos humanos: como
incrementar talentos na empresa, de Idalberto Chiavenato (2009).

Dominar os diversos métodos de treinamento fará com que os re-


sultados esperados sejam atingidos de maneira mais efetiva. São eles:

1. Documentar cada evento, registrando conteúdo, material de apoio,


plano de aula e qualquer outro material utilizado no treinamento.

2. Identificar e organizar recursos humanos, materiais e financeiros


necessários.

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3. Estimar os investimentos necessários à execução do treinamen-
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to, levando em consideração: custos das pessoas diretamente


envolvidas (instrutor, monitor, etc.), custos das pessoas indire-
tamente envolvidas (pessoal de T&D, secretárias, gerentes, etc.),
depreciação de equipamentos e instalações que serão utiliza-
dos, hospedagem e refeições, consumo de materiais (papelaria,
etc.) e gerais diversos (telefone, internet, energia, água), todos
rateados em função do tempo de treinamento e do número de
pessoas envolvidas.

4. Produção de materiais como apostilas, programas de computa-


dor, apresentações em PowerPoint.

5. Obter aprovação para o plano de treinamento, apresentando o


programa e os demonstrativos financeiros aos gestores, clara
e objetivamente, enfatizando os resultados trazidos à empresa.

Sugere-se que todas essas informações sejam sintetizadas em


uma planilha para melhor visualização das pessoas envolvidas. Entre
os diversos modelos que podem ser encontrados na literatura, o 5W2H
(quadro 2) permite expor as ações planejadas e, ainda, aprimorar seu
planejamento por meio da completa visualização do processo.

Quadro 2 – 5W2H

HOW
WHAT WHO WHY WHERE WHEN HOW
MUCH

Por que Onde será


O que deve Quando Como
deve feito (local, Quanto
ser feito Quem é o será feito será feito
ser feito espaço em custará
(objetivos, responsável (cronograma, (métodos,
(motivos, que será (custos)
metas) periodicidade) atividades)
benefícios) realizado)

Fonte: adaptado de Boog (2006).

No quadro 3 é apresentado um exemplo de programação de treina-


mento organizado com base no 5W2H.

O processo de operacionalização de treinamentos 61


Quadro 3 – Exemplo de programação de um treinamento de vendas com base no 5W2H

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O QUÊ QUEM POR QUÊ ONDE QUANDO COMO QUANTO

Treinamento
Diminuir o No início do
Treinamento 50% do formal:
número de próximo mês
sobre a Supervisor treinamento presencial
queixas de e repetido
importância da área de no centro de – palestras, Orçamento
clientes em após três
do vendas e convenções seminários – de
relação ao meses do
atendimento gerente de da unidade e a distância R$ 4.000,00
atendimento término do
técnico e treinamento e 50% a – leitura
dos primeiro
humanizado distância de textos e
vendedores treinamento
exercícios

Fonte: adaptado de Boog (2006).

Ao planejar a estrutura do treinamento, serão dados os subsídios ne-


cessários a uma execução assertiva, garantindo que tudo ocorra como
previamente traçado.

2.1 Execução

Aprovado o programa de treinamento, é chegado o momento de co-


locá-lo em prática. Na execução, terceira etapa do processo de treina-
mento, tudo o que foi planejado para suprir as necessidades identifica-
das será implementado.

Deve-se ter preocupação com a qualidade da aplicação, observando-


-se os seguintes fatores (MARRAS, 2011):

•• Didática dos instrutores: garantir um elevado nível de comunica-


ção e didática dos instrutores com vistas a facilitar a fácil e rápida
absorção das informações pelos treinandos.

•• Preparo técnico: o instrutor deve ter conhecimento técnico e prá-


tico do tema tratado.

•• Lógica do módulo: os treinandos devem compreender rapidamen-


te a proposta do programa de treinamento, percebendo as solu-
ções para os problemas que enfrentam no dia a dia e entendendo

62 Captação, treinamento, desenvolvimento e valorização de pessoas


a lógica do programa, com vistas a garantir sua motivação para
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a aprendizagem.

•• Qualidade dos recursos: garantir a qualidade dos recursos neces-


sários para a execução do treinamento, como computadores, in-
ternet, datashow, entre outros.

•• Métodos utilizados: os métodos, previamente definidos na etapa


de planejamento, precisam ser corretamente empregados.

Os fatores aqui apresentados estão intimamente interligados. Assim,


problemas apresentados em um determinado item podem comprome-
ter a execução do treinamento como um todo.

3 Indicadores e avaliação dos resultados


de treinamento
A avaliação é a quarta etapa do processo de treinamento. Sua men-
suração é complexa, porém, necessária.

É considerada complexa, pois o desempenho do colaborador logo


após o treinamento pode ser influenciado por diversos motivos. Mesmo
que tenha passado por um excelente programa de treinamento, sa-
bemos que o desempenho se relaciona com fatores como a predis-
posição e a motivação das pessoas, a influência do chefe imediato, a
expectativa de aumento salarial ou ascensão na carreira, entre outros
(MARCONDES, 2008).

Embora seja um desafio, a avaliação do treinamento precisa ser reali-


zada de modo a se obterem informações sobre a eficácia do treinamen-
to e o desempenho dos colaboradores em decorrência do programa.

Entre os principais tipos de avaliação do treinamento, estão: a avalia-


ção de reação, de aprendizagem, de mudança de comportamento e de
resultados (BOOG, 2006; CHIAVENATO, 2009).

O processo de operacionalização de treinamentos 63


A avaliação de reação é aquela feita pelo participante logo após a rea-

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lização do treinamento e mostra sua satisfação em relação ao programa.
Seu foco está na atuação do instrutor, no conteúdo abordado, nas técnicas
aplicadas e na duração do módulo, ou seja, aspectos relacionados à parte
cognitiva. Sugere-se, ainda, que seja também avaliada a parte operacional,
como o ambiente, os equipamentos utilizados, a alimentação, entre outros.

A avaliação de aprendizagem representa mensurar a aquisição de co-


nhecimentos, habilidades e atitudes por meio de testes objetivos, questioná-
rios abertos ou provas práticas. Algumas empresas aplicam uma avaliação
de aprendizagem antes do treinamento e outra depois, medindo a diferença
de aprendizagem do treinando após sua participação no programa.

A avaliação de mudança de comportamento tem como objetivo verifi-


car o desempenho do colaborador no trabalho. É preciso verificar se hou-
ve mudança em seu comportamento e se o que aprendeu no treinamento
está sendo aplicado e refletindo positivamente em seu dia a dia no trabalho.

Por fim, a avaliação de resultados, que permite mensurar o impacto


do treinamento nos resultados organizacionais. Esses resultados foram
formulados durante a fase de planejamento do treinamento e podem
estar relacionados ao aumento da produtividade, à diminuição de quei-
xas de clientes, à redução de acidentes de trabalho, entre outros.

PARA SABER MAIS

Os treinamentos realizados a distância demandam uma atenção especí-


fica e precisam ser avaliados considerando-se os seguintes indicadores:

1. Taxa de adesão: avalia a quantidade de colaboradores que aderi-


ram ao treinamento em relação ao número total de participantes
convidados.

2. Taxa de evasão: mensura quantos colaboradores abandonaram o


programa durante sua realização.

3. Tempo de permanência na plataforma: tempo que o colaborador fica


logado no sistema, as seções mais visitadas, os conteúdos mais vistos.

64 Captação, treinamento, desenvolvimento e valorização de pessoas


4. Comparação de acertos e erros em atividades: avaliar o nível de
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dificuldade em uma determinada situação.

5. Reação dos usuários: verificar o nível de satisfação dos usuários


quanto a fatores como didática dos multiplicadores, facilidade
de uso da plataforma, se as propostas realizadas no curso foram
cumpridas, etc.

6. Taxa de engajamento: verificar se os colaboradores estão engaja-


dos por meio da leitura dos conteúdos, interações, realização de
exercícios, etc. (QUÉTANT, 2019).

A avaliação dos treinamentos é fundamental para acompanhar a


evolução de cada colaborador e a efetividade dos programas desenvol-
vidos pela área de T&D.

Além disso, a demonstração da eficácia do treinamento mostrará a


alta cúpula que corresponde a um investimento imprescindível para que
a organização alcance seus objetivos estratégicos.

Considerações finais
Toda organização, independentemente de suas características, ne-
cessita do preparo e do aperfeiçoamento contínuo de seus talentos.

Para isso, discutiu-se, neste capítulo, que o processo para a elabora-


ção de treinamentos deve ser cuidadosamente estudado para que seja
aplicado de maneira efetiva, resultando em programas que atendam às
reais necessidades da organização.

O levantamento de necessidades de treinamento representa um


diagnóstico e, se bem realizado, identificará com precisão a situação
real, bem como a ideal, subsidiando as próximas etapas do processo, o
planejamento e a execução.

Finalizando-se o processo, foi apresentado o importante papel da


avaliação, seus tipos e características. Ela tem como objetivo, além de

O processo de operacionalização de treinamentos 65


identificar os resultados do investimento realizado, permitir a retroação

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do sistema como um todo.

Referências
BOOG, Gustavo G. Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e
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CHIAVENATO, Idalberto. Treinamento e desenvolvimento de recursos huma-


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FLEURY, Maria Tereza Leme; FLEURY, Afonso. Construindo o conceito de


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TEIXEIRA, Maria Luísa Mendes; ZACCARELLI, Laura Menegon. Gestão do fator
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MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos: do operacional ao


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ZANNA, Carlla. Gestão de pessoas: o modelo de desenvolvimento 70/20/10.


MeuSucesso.com, 2017. Disponível em: https://meusucesso.com/artigos/
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