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Floriano Pesaro
Diretor de Gestão Corporativa
Patrícia Steffen
Analista / Elaboração e Formatação
© 2023 ApexBrasil
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
Ressalta-se que este conteúdo é meramente informativo e a Agência não se responsabiliza pelas tomadas de decisão a partir
dos dados ou de eventuais erros e omissões da publicação.
A Gerência de Inteligência de Mercado da ApexBrasil, responsável pelo desenvolvimento deste estudo, quer saber sua
opinião sobre ele. Se você tem comentários ou sugestões a fazer, por favor, envie e-mail para apexbrasil@apexbrasil.com.br.
As imagens utilizadas no estudo são meramente ilustrativas, não representando, necessariamente, o tipo/espécie de
produto exportado. As imagens foram extraídas de bases das quais a ApexBrasil tem autorização para uso e publicação.
Sumário
SOBRE ESTE ESTUDO 7
CAPÍTULO 1 10
CAPÍTULO 2 17
CAPÍTULO 3 30
FONTES 33
34
BIBLIOGRAFIA 34
Sobre este
Estudo
6
Introdução
O Estudo de Acesso a Mercado - Cacau, seus derivados e Chocolate é resultado do trabalho conjunto
entre a Gerência de Inteligência de Mercado (GIM), a Gerência de Competitividade (Programa de
Qualificação para a Exportação, modalidade Agro - PEIEX Agro) e a Gerência de Agronegócio da
ApexBrasil.
A produção do estudo contou ainda com o apoio especializado da Associação Brasileira da Indústria de
Chocolates, Amendoins e Balas (ABICAB) que contribuiu com a seleção de mercados e da Associação
Nacional das Indústrias Processadoras de cacau (AIPC) com abordagem técnica em relação às questões
de acesso a mercado.
Os temas trabalhados nesta publicação envolvem informações sobre dois setores distintos: “Cacau e seus
derivados” e “Chocolate”. A união dos dois setores em um único estudo se dá, principalmente, pelas
características de identidade entre os principais requisitos de importação e das questões de acesso a
mercado comum aos produtos escolhidos, avaliando-se, quando aplicável, as especificidades necessárias.
Para efeitos deste estudo, o setor de “cacau e seus derivados” contempla os seguintes produtos (SH6 e
descrição):
SH6 Descrição
180100 Cacau inteiro ou partido, em bruto ou torrado.
180200 Cascas, películas e outros desperdícios de cacau.
180310 Pasta de cacau, não desengordurada.
180320 Pasta de cacau, total ou parcialmente desengordurada.
180400 Manteiga, gordura e óleo de cacau.
180500 Cacau em pó, sem adição de açúcar ou outros edulcorantes.
180610 Cacau em pó, com adição de açúcar ou outros edulcorantes.
180620 Outras preparações alimentícias com cacau, em blocos ou barras, com peso > 2 kg.
Dessa forma, tem-se como objetivo, com este estudo, apoiar os exportadores, em especial os iniciantes
ou com maturidade exportadora em desenvolvimento, no entendimento dos requisitos de acesso a
mercado, fundamentais no planejamento estratégico e preparação para a exportação, o que pode
envolver as seguintes perguntas:
Ao final do estudo, em função das características dos produtos analisados, são apresentadas tabelas com
os tipos de protocolos fitossanitários para o cacau e seus produtos.
Naturalmente, o intuito do estudo não é esgotar todas as informações relacionadas ao setor, dada a
constante dinâmica das questões de acesso a mercado, mas oferecer um ponto de partida e seus
respectivos desafios, apoiando produtores, empresários e técnicos na preparação para exportação.
10
Capítulo 1
Mercados selecionados e
exportações do Brasil
11
Tabela 1. Exportações do Brasil de “Cacau e seus derivados” entre 2018 e 2022 para os mercados
selecionados (US$)
Mercados 2018 2019 2020 2021 2022 Total Média
Estados
55.228.772 66.563.078 57.760.641 58.537.561 41.218.741 279.308.793 55.861.759
Unidos
União
21.992.429 18.930.269 19.068.319 14.864.316 16.701.815 91.557.148 18.311.430
Europeia
Total 99.329.781 107.196.182 107.615.221 115.429.201 80.873.038 510.443.423 102.088.164
Gráfico 1. Exportações do Brasil de “Cacau e seus Derivados” entre 2018 e 2022 para os mercados
selecionados (%)
UE
18%
Chile
27%
EUA
55%
Fonte: ComexStat. Elaboração ApexBrasil
Ao analisar os valores sob a ótica dos produtos, levando-se em consideração os países selecionados, entre
2018 e 2022, destacam-se as exportações de “manteiga, gordura e óleo de cacau”, US$ 355,4 milhões
(com média anual de US$ 71,1 milhões). Contudo, houve queda significativa de 45,1% em 2022 em
comparação com 2021. Destaque também para “cacau em pó, sem adição de açúcares ou edulcorantes”,
com US$ 120,7, milhões exportados (média anual de US$ 24,1 milhões), apresentando aumento de 28,3%
entre 2021 e 2022. Já “pasta de cacau desengordurada” somou US$ 24,5 milhões exportados (média anual
de US$ 4,9 milhões), apresentando queda de 68% conforme demonstrado na tabela a seguir:
Tabela 2. Produtos exportados do grupo “Cacau e seus derivados” para os mercados selecionados
entre 2018 e 2022 em US$
Produtos 2018 2019 2020 2021 2022 Total Média
1.2. Chocolate
Entre 2018 e 2022, o Brasil exportou para os países destacados - Chile, Uruguai, Estados Unidos, União
Europeia e Reino Unido – cerca de US$ 169,2 milhões (média anual de US$ 33,8 milhões) em produtos
contemplados no grupo “chocolate”. Destacam-se as exportações para o Chile e Uruguai, com cerca de
US$ 66,3 bilhões (média de US$ 13,2 milhões) e com US$ 62,4 milhões (média de US$ 12,5 milhões) e
Estados Unidos com US$ 32,2 milhões (média de US$ 6,4 milhões).
Comparando 2021 a 2022, entre os países destacados, os seguintes países selecionados Uruguai e Estados
Unidos apresentaram aumento nas importações do Brasil de chocolate com crescimento de 16,9% e
8,44% respectivamente. Contudo, Chile, União Europeia e Reino Unido apresentaram declínio de (-26,3%)
(-5,7%) e(-20,6%).
Estados
4.204.738 4.422.216 9.679.185 6.708.755 7.275.235 32.290.129 6.458.026
Unidos
União
979.331 1.125.575 1.636.677 1.658.154 1.562.853 6.962.590 1.392.518
Europeia
Reino
150.001 177.604 284.946 308.366 244.786 1.165.703 233.141
Unido
Gráfico 2. Exportações do Brasil de “Chocolate” entre 2018-2022 para os mercados selecionados (%)
Uruguai
19,1%
Chile
França 4,1%
36,9%
Espanha
39,2%
Estados Unidos
0,7%
Já sob a ótica dos produtos, levando em consideração os países elencados, entre 2018 e 2022, destacam-
se as exportações de “Outras preparações alimentícias com cacau, em blocos ou barras, com peso > 2 kg”
com US$ 46,9 milhões exportados (média de US$ 9,3 milhões); “Chocolate e outras preparações
alimentícias com cacau, recheadas, em tabletes, barras e paus”, US$ 9,5 milhões (média de US$ 8,07
milhões) e “Outras preparações alimentícias de farinhas, sêmolas, amidos, féculas ou de extratos de
malte sem cacau ou contendo menos de 40% de cacau em peso”, com US$ 10,1 milhões, (média de US$
2 milhões) conforme demonstrado na tabela abaixo.
Tabela 4. Produtos exportados do grupo “Chocolates” para os mercados selecionados entre 2018 e
2022 (US$)
Chocolate e outras
preparações alimentícias com
1.296.079 1.341.861 1.232.891 1.847.345 1.668.779 7.386.955 1.477.391
cacau, não recheadas, em
tabletes, barras e paus
Outros chocolates e
preparações alimentícias 1.307.954 1.365.321 818.508 1.227.055 1.292.512 6.011.350 1.202.270
contendo cacau
O Mercosul assinou com o Chile o Acordo de Complementação Econômica n.° 35 em 1996. Em 2021, foi
promulgado o 64° Protocolo Adicional ao Acordo de Complementação Econômica n° 35 (64° PA-ACE35),
estabelecendo o “Acordo de Livre Comércio Brasil-Chile, e que visa consolidar e aprofundar temas como:
faciltiação de comércio, comércio de serviços, compras governamentais, barreiras técnicas, entre outros..
Por não possuir acordos comerciais com os outros países selecionados no estudo como Estados Unidos,
Reino Unido, União Europeia, são aplicadas ao Brasil a chamada tarifa da Nação-Mais-Favorecida (NMF),
sem nenhuma preferência tarifária.
As tarifas de importação aplicadas pelo Chile e Uruguai para os produtos selecionados é de 0% graças ao
acordo preferencial ACE-35 e ao acordo Mercosul. Já as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos variam
entre 0 e 7%. União Europeia aplica tarifas entre 0% e 13,4% enquanto as tarifas aplicadas pelo Reino
Unido estão entre 0% e 12%. Cabe salientar que, de maneira geral, as tarifas aplicadas à produtos de
cacau são menos elevadas, variando entre 0% e 9,6%, enquanto para chocolate, considerado como
produto final, varia de entre 1,8% e 13,4%.
Analisando as tarifas, destaca-se que os Estados Unidos e Chile possuem as menores tarifas tanto para o
cacau e seus derivados quanto para chocolate. Importante ressaltar que alguns produtos como 180620,
180631 e 180632 possuem tarifa de 8,3% + componente de agricultura Max. 18,7% + redução de açúcar
aplicada a TR.
16
PAÍSES
SH6
União Estados
Chile
Europeia Unidos
Países
SH6 Estados União Reino
Chile Uruguai
Unidos Europeia Unido
Capítulo 2
Requisitos de acesso a
mercado
18
2. 1 Estados Unidos
A importação de alimentos é regulamentada pela Food and Drug Administration (FDA)4 e pelo United
States Department of Agriculture (USDA)5. A FDA é a agência responsável por garantir que os alimentos
vendidos nos Estados Unidos sejam seguros, saudáveis e rotulados enquanto a USDA é responsável pela
agricultura, recursos naturais, desenvolvimento rural, nutrição e questões relacionadas a políticas
públicas.
Já o processo de importação e exportação é fiscalizado pela Customs and Border Protection (CBP)6,
agência do Departamento de Segurança Interna, fundindo funções do antigo Serviço de Alfândega,
Serviço de Imigração e Naturalização, Patrulha de Fronteira e Serviço de Inspeção de Saúde Animal e
Vegetal.
Essas agências possuem regulamentações específicas que precisam ser cumpridas para que os produtos
sejam importados legalmente. Segundo informações da CBP, os seguintes documentos são necessários
para importação de produtos no país: fatura comercial (a menos que seja uma amostra comercial com
valor inferior a US$ 25); declaração de Valor Aduaneiro; documentos de frete (conhecimento de
embarque marítimo, conhecimento de embarque terrestre); seguro de frete; packing list; certificado pré-
embarque e certificado de origem.
Outras informações e documentações necessárias para entrada do produto nos Estados Unidos podem
ser encontradas no guia de importação7 da CBP.
Todos os produtos importados devem atender aos mesmos requisitos de produtos produzidos
localmente. Devido à grande variedade de alimentos importados pelo país, a FDA tem se empenhado em
proteger cada vez mais seus consumidores. Nesse sentido, para produtos alimentícios, a legislação dos
EUA exige que todo aquele interessado em importar para país possuam o registro do estabelecimento8
junto à FDA. Além disso, todas as empresas devem enviar à instituição a denominada notificação prévia9
de embarque quando da exportação de alimentos ao país.
O registro do estabelecimento deve ser renovado a cada dois anos e confere poderes para a FDA para a
realização de inspeções10 nas instalações/estabelecimentos envolvidos na fabricação, processamento,
embalagem, ou conservação de alimentos, voltados para o consumo humano. O mecanismo de
notificação prévia, por sua vez, consiste na comunicação antecipada de remessas de produtos
19
A FDA também é a agência responsável por garantir que os alimentos vendidos nos Estados Unidos sejam
devidamente rotulados. Em 2009, foi introduzido o regulamento com respeito à embalagem e
rotulagem15 de produtos alimentícios que já sofreu revisões em 2008, 2009 e 2013.
No caso do cacau, os sacos ou contêineres em que os grãos de cacau são transportados devem
ter claramente marcado o país de origem.
2.2 Chile
Para exportar alimentos para o Chile, os exportadores devem cumprir com os requisitos estabelecidos
pelo Serviço Agrícola y Ganadero (SAG)16 e pelo Ministerio de Salud17, além de outros organismos
governamentais relevantes. Estes requisitos são necessários para garantir que os alimentos importados
sejam seguros para consumo humano e não constituam uma ameaça para a saúde pública.
Registro de importadores
Os importadores de alimentos devem se registrar no SAG para obter uma autorização para importar
produtos específicos. O registro de importador é válido por um ano e deve ser renovado anualmente.
Ademais, deve ser fornecida uma declaração de importação que, de modo geral, e nos casos aplicáveis,
deve estar acompanhada dos seguintes documentos: fatura comercial; certificado de origem;
conhecimento de embarque ou conhecimento aéreo; seguro do frete; packing list, licenças e certificados
exigidos por leis e regulamentos que não sejam a Lei Aduaneira, como por exemplo, certificado sanitário
e/fitossanitário. Todas as mercadorias devem ser acompanhadas de documentos originais, incluindo carta
de porte e fatura comercial.
De acordo com a Ley n.° 18.164 18 del Ministerio de Hacienda, os diferentes tipos de álcool, bebidas
alcoólicas e vinagres; os produtos e mercadorias que apresentem perigo para para as plantas; os animais,
aves, produtos, subprodutos e resíduos de origem animal ou vegetal; os fertilizantes e pesticidas; e os
21
A Resolucão Exenta n.° 1.284/202119 estabelece a categorização de produtos de origem vegetal conforme
o risco de pragas e seus potenciais efeitos na saúde e determina requisitos e medidas de controle dos
mesmos na fronteira. A resolução abrange cacau em grãos e cacau em pó, e os produtos são classificados
por tipo de processamento20. A norma divide os produtos em 6 níveis de categoria de risco, considerando
o nível de processamento e o uso do produto, seja como insumo ou produto final. Nesse caso, é
necessário preencher o formulário21 de requerimento para solicitação de autorização de importação de
produtos regulamentados agrícolas do SAG. Especificamente, no caso de cacau em grão, o importador
deverá obter certificação fitossanitária do MAPA. A certificação deve estar em espanhol.
Para as importações de chocolate industrializado, a Resolución Exenta n.° 91/202224 determina que os
produtos de origem animal resultantes de processos de industrialização não precisam ser habilitados para
doces, chocolates, biscoitos, doces, bolos, tortas, misturas e pré-misturas de confeitaria, sorvetes,
sobremesas congeladas e cereais com leite, entre outros.
O SAG possui um guia que se entende por monografia de processos de produção. O documento
“monografia” pode ser emitido pelo fabricante e endossado ou apresentado pela autoridade sanitária
competente do país de origem, no qual seja descrito o processo de fabricação industrial de um produto,
destinado ao consumo ou uso humano, contendo ingredientes de origem animal. O objetivo da
monografia25 é autorizar o ingresso no Chile de um produto de origem animal de estbelecimento produtor
específico. Desta Dessa forma, o SAG avalia os tratamentos a que os produtos são submetidos, garantindo
que eles mitiguem o risco de introdução de doenças no território nacional.
Os alimentos industrializados para serem comercializados no varejo chileno devem possuir rótulos em
espanhol, com informações sobre o peso líquido (no sistema métrico), principais ingredientes (inclusive
os aditivos), data de fabricação, prazo de validade, nome do produtor e do importador e a autorização
sanitária. O Chile, por meio da Lei n.º 20.606 (Ley de Alimentos ou Ley de Etiquetados) e do Decreto n°
13/201526 (que modifica o Decreto Supremo n° 977/1996- Reglamento Sanitário de Alimentos) foi um dos
primeiros países da América do Sul a padronizar regras de rotulagem frontal.
22
O Chile elegeu o modelo de octógonos pretos com a expressão “ALTO EN” para substâncias como
açúcares, sal, gorduras saturadas e calorias. Caso os fabricantes não cumpram com as regras
estabelecidas pela normativa, os importadores poderão receber sanções de acordo as disposições do
Código Sanitário chileno. Essas sanções podem incluir a proibição da comercialização do produto, multas
em dinheiro, embargo ou interdição de estabelecimentos, entre outros. As informações sobre os limites
a serem obedecidos e as especificações para a devida rotulagem podem ser encontradas no Manual de
Rotulagem Nutricional de Alimentos27 desenvolvido pelo Ministério da Saúde chileno. O programa de
rotulagem frontal chileno foi implementado em fases. A terceira e atual etapa do programa de rotulagem
frontal entrou em vigor no dia 27 de junho de 2019.
oficiais da UE, que seja aceitável para as autoridades aduaneiras do Estado-Membro onde são cumpridas
as formalidades. O documento administrativo único poderá ser apresentado da seguinte forma:
• pelo sistema informatizado aprovado e ligado às autoridades aduaneiras; ou
• hospedagem nas dependências designadas da Alfândega.
A UE possui uma das normas de segurança alimentar mais exigentes do mundo – em grande parte graças
ao sólido conjunto de leis para manter os alimentos e ração animal seguro para consumo. Cabe à
Comissão Europeia propor leis que garantam o abastecimento alimentar seguro na Europa e que as
mesmas normas de segurança alimentar se apliquem a todos os produtos importados.
Os controles de importação são cruciais para verificar a conformidade dos alimentos com as normas
relevantes. O tipo de fiscalização e controle de importação variam de acordo com o setor.
A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA, na sigla em inglês) fornece avaliações de
risco independentes e pareceres científicos que servem de base às normas da UE em matéria de
segurança dos alimentos. Entre eles destacam-se alguns temas que auxiliam na segurança alimentar:
• higiene dos produtos alimentares – as empresas que atuam no setor alimentar, desde o setor
agrícola aos restaurantes, todas devem respeitar a legislação alimentar da UE, incluindo os
importadores de alimentos.
• saúde animal – controles e medidas sanitárias aplicáveis a animais domésticos, animais de
criação e animais selvagens permitem monitorar e gerir as doenças e acompanhar as
movimentações dos animais de criação.
• fitossanidade – detecção e erradicação de pragas em fases iniciais para impedir a sua
disseminação e garantir sementes saudáveis.
• contaminantes e resíduos – prevenção de contaminantes nos alimentos para consumo humano
e, aplicação de limites máximos aceitáveis nos alimentos para consumo humano e animal
produzidos na UE e importados.
Além da EFSA, a União Europeia possui uma série de sistemas que ajudam a monitorar a qualidade dos
alimentos em geral:
• O Sistema de Alerta Rápido para Gêneros Alimentícios e ração para animais (RASFF, na sigla em
inglês)32 foi criado para garantir o intercâmbio de informações entre os países membros para
apoiar uma reação rápida das autoridades de segurança alimentar em caso de riscos para a saúde
pública resultantes da cadeia alimentar.
24
Barreiras
As exportações brasileiras de chocolate estão sujeitas às condições de entrada exigidas pelo bloco
europeu. O chocolate é considerado um produto composto já que contêm insumo de origem vegetal e
origem animal. Em conformidade com o artigo 1(2), e o artigo 6(4), do Regulamento (CE) n.º 853/2004 37,
os produtos compostos devem ser fabricados com produtos processados de origem animal produzidos
em estabelecimentos aprovados pela UE localizados em Estados-Membros da UE ou em países terceiros
autorizados.
Dessa forma, o Brasil ainda não está listado como país autorizado a exportar produtos compostos que
tenham insumos lácteos. As regras para a entrada na União de produtos compostos foram estabelecidas
nos artigos 20° a 22° do Regulamento Delegado (UE) n.° 238 e começaram a ser aplicados em 21 de abril
de 2021.
Outro requerimento para um país terceiro é apresentar um plano veterinário de resíduos. Mais
informações podem ser encontradas no Anexo 1 de implementação do Regulamento (UE) n.° 2.021/0539.
Segundo informações da Missão do Brasil na União Europeia, o Brasil já apresentou um plano veterinário
de resíduos e aguarda respostas oficiais do bloco. Informações completas sobre a importação de produtos
compostos40 podem ser encontradas no site da UE.
2.4 Uruguai
O importador de alimentos deve estar registrado junto aos órgãos reguladores, tais como a Dirección
General Impositiva (DGI), o Banco de Previsão Social (BPS) e o Banco de Seguro del Estado (BSE).
Notadamente, no caso de empresas do setor de alimentos e bebidas, além de atender aos requisitos
antes referidos, deverão contar com: registro como empresa importadora junto ao LATU (Laboratorio
Tecnológico del Uruguay); autorização dos Serviços de Vigilância Sanitária (Bromatologia) para a
habilitação de atividades de industrialização, importação, fracionamento, armazenamento, distribuição
ou comercialização de alimentos, tanto nacionais quanto importados; e habilitação e registro como
empresa de alimentos perante o Departamento de Alimentos do Ministério de Saúde Pública (MSP).
No que tange à documentação necessária para importação, os seguintes documentos são necessários:3
romaneio de carga (packing list); registro de exportação; nota fiscal; conhecimento de embarque; fatura
comercial; fatura “proforma”; carta comercial; fatura de frete e certificado de seguro; fatura eletrônica;
certificado de origem e outros certificados.
26
O Decreto n.º 338/982 de 22 de setembro de 1982 estabelece que os produtos alimentares e bebidas
importados que entram no país estão sujeitos à verificação do cumprimento da regulamentação
alimentar nacional. O objetivo é que os produtos da mesma natureza cumpram os mesmos requisitos dos
fabricados no país. No caso, alguns produtos estão sujeitos à apresentação do denominado Certificado
de Comercialização.
Para orientar o importador, bem como o despachante aduaneiro, o governo disponibiliza o Manual para
gestão do Certificado de Comercialização, através de perguntas, respostas e comentários. Está disponível
também um documento de perguntas e respostas frequentes sobre a importação de alimentos. O
documento também possui um link para verificar se seu produto está sujeito à apresentação da
documentação por meio de consulta aos NCMs. Todos os alimentos que se destinem ao consumidor final
ou ao seu fracionamento devem ter o Registro Bromatológico vigente de âmbito nacional ou
departamental antes de ser importado. Para tanto, sugere-se consultar as organizações competentes a
seguir para fins de obrigatoriedade do registro: Servicios Bromatológicos de las Intendencias
Departamentales); Ministerio de Salud.
Alimentos e bebidas importados para o mercado interno estarão sujeitos, no momento da entrada no
país, à inspeção do LATU. O importador de alimentos e/ou bebidas deve solicitar a inspeção desses
produtos, a fim de obter o certificado de comercialização para posterior venda. O objetivo desta
certificação é o cumprimento das regulamentações técnicas e de rotulagem de produtos alimentícios
importados embalados para consumo. Na chegada da mercadoria ao país, caso a inspeção seja solicitada,
as autoridades poderão coletar amostras para fins de análise da mercadoria. Assim que todo esse
processo estiver finalizado, a Dirección Nacional de Aduanas poderá autorizar a transferência da
mercadoria para o depósito do importador. A mercadoria não poderá ser colocada à venda até que o
certificado seja efetivamente emitido.
os exportadores brasileiros devem estar atentos que possivelmente possam impactar as exportações de
chocolate e cacau: o Regulamento Bromatológico Nacional n.° 315/994; Regulamentos Técnicos de
Identidade e Qualidade do Leite (Decreto n.° 408/997); Princípio de Transferência de Aditivos Alimentícios
(Decreto n.° 409/997); Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de da Gordura Láctea (Decreto
n.° 416/997).
Decreto n.° 272/01845, o qual define as substâncias sujeitas ao regime de rotulagem frontal,
como também define os parâmetros e características do aspecto gráfico dos selos de
advertências; e
Açúcares - Azúcares;
Sódio - Sodio;
Fonte: Manual para la aplicación del Decreto n.° 272/018 sobre rotulado frontal de alimentos.
28
Todos os alimentos importados no Reino Unido devem cumprir regras de higiene e segurança alimentar.
As importações de chocolates devem cumprir os mesmos requisitos de segurança alimentar aplicados à
produtos produzidos no Reino Unido. A Agência responsável pela segurança alimentar é a Food Standards
Agency49. Embora o Reino Unido tenha saído da União Europeia, os regulamentos permanecem similares
aos do bloco para alguns casos, sem muitas modificações, apesar de estarem sendo revisados.
2.5.3 Requisitos específicos para a importação de chocolate
Em setembro de 2023, o Department for Environmental Food and Rural Affairs ( Defra, sigla em inglês)
lançou um guia50 sobre a importação de produtos compostos para consumo humano. Esses produtos
contém produtos de origem vegetal e produtos transformados de origem animal. Em conformidade com
os artigos n.° 1, 2, 4 e 6 do Regulamento (CE) n.° 853/2004, os produtos compostos devem ser fabricados
com produtos transformados de origem animal produzidos em estabelecimentos aprovados pela UE
localizados em Estados-Membros da UE ou em países terceiros que sejam autorizados pelo bloco
europeu. De acordo a legislação britânica, o chocolate está isento de controles oficiais caso apresente até
50% de leite em sua composição. O chocolate deve ter passado por tratamento térmico e apresentar
estabilidade quando exposto em prateleira.
29
No documento51 de países terceiros autorizados para a importação de produtos compostos com insumos
lácteos, o Brasil aparece na coluna “C” o que significa que está autorizado a exportar produto composto
lácteo desde que tenha passado por tratamento térmico de acordo com artigo da EUR n.° 2.010/605.
Além disso, alguns tipos de chocolates de países terceiros podem conter ingredientes que não são
permitidos no Reino Unido. Esses ingredientes podem ser novos para o Reino Unido e são considerados
novelty food – alimentos que não têm um histórico significativo de consumo antes de maio de 1997 e
estão sujeitos aos termos e condições do Novel Foods Autorization Guidance52.
Capítulo 3
Certificados e Programa de
Qualidade
31
Rainforest Alliance: é uma certificação utilizada para certificar o cacau atestando que o produto é
sustentável em termos econômico, social e ambiental. Em 2018, a Rainforest Alliance fundiu-se com a
UTZ. A Rainforest Alliance/UTZ trabalha com pequenas e grandes fazendas e está focada na conservação
da biodiversidade e no apoio a meios de subsistência sustentáveis, transformando o uso da terra e as
práticas comerciais.
O objetivo do selo fair trade é promover melhores preços, condições de trabalho decentes,
sustentabilidade local e termos de comércio justos para agricultores e trabalhadores no mundo em
desenvolvimento. Ao exigir que as empresas paguem preços acima do mercado, o comércio justo aborda
as injustiças do comércio convencional, que tradicionalmente discrimina os produtores mais pobres e
mais fracos por uma equidade comercial.
Orgânico: A certificação orgânica pode ser feita por agências locais, internacionais ou por parcerias entre
elas. A certificação por auditoria é recomendada para certificação orgânica já que segue critérios
internacionais adaptados à legislação brasileira e consiste em inspeções regulares na empresa para que
a produção seja continuamente examinada60. A certificação orgânica visa sustentar a saúde das pessoas,
dos solos e dos ecossistemas. A certificação exige que o cacau tenha sido cultivado sem a utilização de
nutrientes sintéticos, além de exigir o uso de métodos e práticas de proteção vegetal e conservação do
solo. Além das certificações mais conhecidas, os produtores e exportadores de cacau também podem ser
certificados para padrões mais específicos destinados a nichos de mercado menores. Esses incluem:
Símbolo dos Pequenos Produtores (SPP): SPP é uma certificação de comércio justo para
pequenos produtores/cooperativas de comércio justo organizado
Além disso, um grupo de trabalho do Programa Cacau de Excelência65, coordenado pela Aliança da
Biodiversidade Internacional e pelo CIAT66, lançou o site dos Padrões Internacionais para Avaliação da
Qualidade e Sabor do Cacau, com seus respectivos protocolos sobre os padrões de qualidade. Esses
protocolos descrevem, a saber: o processo de amostragem de grãos de cacau para avaliação; avaliações
de qualidade física; processo de transformação de pó grosso, licor e chocolate; e estabelecimento de
avaliações sensoriais e de sabores.
Além dos certificados, importadores na Europa, Estados Unidos e Reino Unido podem esperar dos
fornecedores garantias extras de segurança alimentar em relação aos processo de produção e
manueseio67.
• Boas práticas agrícolas (GPA, na sigla em inglês): o principal padrão para boas práticas agrícolas
é fornecido pelo GLOBAL G.A.P. Esta é uma norma voluntária para a certificação de processos de
produção agrícola que fornecem produtos seguros e rastreáveis. Geralmente, organizações de
certificação (como Rainforest Alliance/UTZ) incorporam GAP em seus padrões.
Fontes
34
Bibliografia
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Fontes
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20. SAG. Consulta de produtos.
https://defensa.sag.gob.cl/reqmercado/consulta.asp?tp=4
21. SAG. Formulário de solicitação de importação de produtos regulamentados.
https://www.sag.gob.cl/content/solicitud-de-autorizacion-de-importacion-de-articulos-
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