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AEVSF – Autarquia Educacional do Vale do São Francisco

FACAPE – Faculdade de Petrolina


Curso de Ciência da Computação

LABORATÓRIO DE CIRCUITOS DIGITAIS


Prof. Sérgio F. Ribeiro

EXPERIMENTO 01: GRANDEZAS ELÉTRICAS

1. Objetivos
- Definir tensão e corrente elétrica.
- Definir resistor, diodo, capacitor.
- Como medir grandezas elétricas.

2. Conceitos

2.1. Tensão elétrica


Considere um dispositivo que mantenha uma falta de elétrons em uma de suas extremidades e na
outra um excesso. Este dispositivo é chamado gerador e pode ser uma pilha comum. A falta de
elétrons em um polo e o excesso em outro origina uma diferença de potencial (ddp). Um aparelho
elétrico só funciona quando se cria uma diferença de potencial entre os pontos em que estiver ligado
para que as cargas possam se deslocar.
A tensão elétrica é a diferença de potencial entre dois pontos. A unidade da tensão elétrica, no SI, é
o volt (V) em homenagem ao Físico italiano Alessandro Volta.

2.2. Corrente elétrica


Se um condutor é ligado aos pólos do gerador, os elétrons do pólo negativo se movimentam
ordenadamente para o pólo positivo. Esse movimento ordenado dos elétrons é denominado corrente
elétrica. Por convenção, o sentido da corrente elétrica é contrário ao do movimento dos elétrons no
condutor.
A corrente de uma pilha comum de 1.5V é uma corrente contínua (CC) que também é encontrada em
baterias. Essa corrente CC não tem variação ao longo do tempo, se mantendo praticamente
constante.
Há também a corrente alternada (CA) cuja intensidade varia com o tempo. Um exemplo são as usinas
geradoras de energia elétrica que transformam fontes energéticas como a queda d’água em energia
elétrica. A corrente CA é disponibilizada em nossas residências em uma frequência de 60 Hz, ou seja,
ela varia do polo positivo (+) para o negativo (-) 60 vezes por segundo. A figura seguinte mostra a
diferença entre a corrente contínua e a corrente alternada.

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2.3. Matriz de contatos
Muitos circuitos eletrônicos, principalmente os digitais, durante a fase de prototipagem, são
montados sobre uma base denominada matriz de contatos, também conhecida como protoboard.
Uma matriz de contatos é formada por uma base de plástico na qual existem centenas de orifícios
onde podem ser encaixados, sem muito esforço, os terminais da maioria dos componentes
eletrônicos comuns como resistores, capacitores, transistores, circuitos integrados, etc. O encaixe
desses componentes ao mesmo tempo proporciona uma fixação mecânica e contatos elétricos que
permite sua fácil interligação formando o circuito desejado.
Há muitos modelos de matriz de contatos, diferenciando-se principalmente em função da quantidade
de furos. Considerando uma matriz de contatos de 550 furos na figura abaixo, há duas filas
horizontais de terminais interligados e duas regiões centrais com filas verticais de terminais também
interligados.

A figura abaixo mostra um exemplo de montagem de um circuito na matriz de contato seguindo o


desenho do projeto do circuito ao lado.

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2.4. Diodo emissor de luz
O LED (Light Emitter Diode) é um componente que emite luz quando polarizado de forma direta. Para
polarizar um LED diretamente deve-se conectar o cátodo ao terra do circuito e o ânodo ao Vcc do
circuito (tensão positiva do circuito). Recomenda-se ligar um resistor em série a fim de limitar a
corrente e assim se evita danificar o LED.
Em operação, o LED apresenta uma queda de tensão de aproximadamente 1,7V a 2,1V entre seus
terminais, e a corrente que circula pelo mesmo deve ser da ordem de 10mA a 15mA para que possa
emitir uma boa luminosidade.

2.5. Resistor
Resistor é um dispositivo elétrico muito utilizado em circuitos eletrônicos, com a finalidade de ou
transformar energia elétrica em energia térmica, ou limitar a corrente elétrica em um circuito.
A Lei de Ohm, assim designada em homenagem ao seu formulador, o físico alemão Georg Simon Ohm
(1789-1854), afirma que, para um condutor mantido à temperatura constante, a razão entre a tensão
entre dois pontos e a corrente elétrica é constante. Ou seja, a diferença de potencial V entre os
terminais de um resistor é diretamente proporcional à corrente I que circula pelo mesmo. A
constante de proporcionalidade R é denominada de resistência do resistor e é expressa por
volts/amperes ou ohms. A equação abaixo mostra tal proporcionalidade.
V=RI
A figura abaixo mostra como se deve realizar o cálculo da resistência de limitação de corrente que
deve ser inserida em série com o LED. Para o cálculo do valor desta resistência foram considerados:
VCC = 5V, VLED = 2V e I = 15mA.
VCC – VR – VLED = 0

VR = VCC – VLED

R  I = VCC – VLED

VCC – VLED 5–2


R= = = 200
I 15 x 10-3

Os resistores presentes no laboratório possuem quatro faixas coloridas em seu revestimento. As


faixas coloridas devem ser lidas da extremidade para o centro do resistor. Em um resistor, a primeira
e a segunda faixa formam juntas um número de dois algarismos e a terceira faixa corresponde ao
expoente da potência de 10, pelo qual se deve multiplicar esse número. A quarta faixa representa a
tolerância no valor da resistência elétrica.

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A tabela abaixo apresenta o código de cores indicadas em um resistor.
Faixa colorida Dígito Multiplicador Tolerância
Preta 0 1
Marron 1 101
Vermelha 2 102
Laranja 3 103
Amarela 4 104
Verde 5 105
Azul 6 106
Violeta 7 107
Cinza 8 108
Branca 9 109
Dourada 5%
Prateada 10%
Sem cor 20%

A leitura que se faz do resistor abaixo, cujas faixas têm as cores vermelho, preto, amarelo e prata é a
seguinte:

1ª faixa (vermelho)  corresponde ao 1º algarismo: 2


Obs: a faixa de tolerância está sempre
2ª faixa (preto)  corresponde ao 2º algarismo: 0 à direita do resistor, e o valor do
3ª faixa (amarelo)  corresponde ao multiplicador: 104 resistor é lido da esquerda pra direita.
4ª faixa (prata)  corresponde à tolerância: 10%
Logo o cálculo é feito da seguinte forma: 20 x 104 = 20 x 10.000 = 200.000 = 200k com 10%
de tolerância. Isso significa que o valor real medido por instrumentos pode variar de 180k até
220k.

2.5.1. Associação dos resistores


Em vários circuitos elétricos é muito comum a associação de resistores. Isso é feito quando se
deseja obter valor de resistência maior do que aquele que é fornecido por um resistor apenas.
Os resistores podem ser associados de três maneiras básicas: associação em série, associação
em paralelo e associação mista.

Associação em série
Esse é o tipo de associação onde os resistores são ligados um seguido do outro, de modo a
serem percorridos pela mesma corrente elétrica. O esquema abaixo mostra como fica a
associação de alguns resistores em série.

A B

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A diferença de potencial (ddp) total, aplicada entre os pontos A e B, é igual à soma das ddps de
cada resistor, ou seja:
V = V1 + V2 +V3
E a resistência equivalente, para esse tipo de associação, é dada pela soma de todas as
resistências que fazem parte do circuito, veja como fica:
Req = R1 + R2 + R3
É importante destacar que a resistência equivalente desse tipo de circuito será sempre maior
que o valor de apenas um resistor.
Se no circuito elétrico existir n resistores, todos com iguais resistências, a resistência
equivalente pode ser calculada da seguinte forma:
Req = n  R

Associação em paralelo
Nesse tipo de associação os resistores são ligados um do lado do outro, de forma que todos os
resistores ficam submetidos à mesma diferença de potencial. O esquema abaixo mostra um
circuito com associação de resistores em paralelo.

A corrente elétrica total que circula por este tipo de circuito é igual à soma das correntes que
atravessam cada um dos resistores, ou seja:
i = i1 + i2 + i3
O valor da resistência equivalente desse tipo de circuito elétrico é sempre menor do que o valor
de qualquer uma das resistências que compõem o circuito. E para calcular o seu valor, o da
resistência equivalente, podemos utilizar a seguinte equação matemática:
1 1 1 1
= + +
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅3
Considerando apenas dois resistores, temos:
𝑅1  𝑅2
𝑅𝑒𝑞 =
𝑅1 + 𝑅2

2.6. Diodo
O diodo é um componente eletrônico de dois terminais, que conduz corrente elétrica em um só
sentido, bloqueando a sua passagem no sentido oposto, ou seja, o diodo é um dispositivo polarizado.
Esse comportamento unidirecional é chamado retificação, sendo utilizado para converter corrente
alternada em corrente contínua.

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Quando colocado em um simples circuito bateria-lâmpada, o diodo permite ou impede corrente
através da lâmpada, dependendo da polaridade da tensão aplicada em seus terminais, como mostra
a figura abaixo.

O diodo tem várias aplicações, como por exemplo:


a. Pode funcionar como interruptor automático, ao impor o sentido de alimentação de uma
dada carga.
b. Pode funcionar como proteção contra a troca de polaridades, por descuido, do circuito ou dos
receptores.
c. Pode funcionar como retificador da corrente alternada da rede elétrica, impondo um sentido
determinado para a alimentação das cargas.
Um dos inconvenientes do diodo consiste no fato de necessitar de cerca de 0,7 V para começar a
conduzir, ficando com essa queda de tensão aos seus terminais.

2.7. Capacitor
Também chamado de condensador, é um dispositivo de circuito elétrico que tem como função
armazenar cargas elétricas. É constituído de duas peças condutoras que são chamadas de armaduras.
Entre essas armaduras existe um material que é chamado de dielétrico. Dielétrico é uma substância
isolante que possui alta capacidade de resistência ao fluxo de corrente elétrica.

Todo capacitor tem um parâmetro denominado capacitância cuja unidade é o Farad (F), que
determina quanta carga ele é capaz de armazenar. Como 1 Farad (1F) é considerado uma capacitância
muito grande, é muito comum termos capacitores com capacitâncias com subunidades do Farad,
como microFarad (F), nanoFarad(nF) ou mesmo picoFarad (pF).
Os capacitores são usados em diversas aplicações, como em osciladores, em retificadores, em
acoplamento/desacoplamento de circuitos microcontrolados, ou mesmo em circuitos ressonantes
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para captação de ondas de rádio, ou seja, ao girar o botão de um sintonizador de rádio se está
variando a capacitância de um capacitor possibilitando mudar de estação de rádio.

2.8. Multímetro
Como o próprio nome sugere, o multímetro é o equipamento utilizado para fazer a medição de
múltiplas grandezas elétricas. Desta forma este equipamento realiza, no mínimo, a medição das três
grandezas básicas de eletricidade: tensão, corrente e resistência elétrica.

A parte responsável pela medição da tensão elétrica é chamada de voltímetro. A parte responsável
pela medição da corrente elétrica é chamada de amperímetro. A parte responsável pela medição da
resistência elétrica é chamada de ohmímetro.

A figura abaixo mostra o multímetro digital disponível em nosso laboratório.

A maioria dos multímetros


possui as seguintes escalas:
• Resistência
• Tensão contínua
• Tensão alternada
• Corrente contínua
• Teste de diodo
• Teste de transistor

Ao ligar o equipamento, deve-se selecionar primeiramente qual das funções deseja-se utilizar, de
acordo com a grandeza a ser medida. Deve-se também escolher a escala de medição correta para a
realização das medições. Esta escolha é feita por meio da chave seletora de escalas.

Recomendações básicas
a. Ao medir uma grandeza de cujo valor você não tem a menor ideia, o ideal é sempre posicionar
o multímetro na maior escala da grandeza no qual se deseja medir e ir abaixando a escala até
que tenha uma leitura precisa e agradável;
b. Deve-se selecionar a escala antes de conectar o multímetro no circuito a ser medido. Podendo
danificar o aparelho (ou um pequeno fusível de vidro de proteção que o mesmo possui
internamente) caso utilize ele na escala errada como, por exemplo, tentar medir corrente ou
tensão na escala para resistência.

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2.8.1. Voltímetro
O voltímetro é um aparelho que realiza medições de tensão elétrica em um circuito e exibe essas
medições, geralmente, por meio de um ponteiro móvel ou um mostrador digital. A unidade
apresentada geralmente é o Volt.
Ao colocar o voltímetro na escala de 20VDC, é possível realizar medidas de tensão de até 20V.
Para a medição da tensão elétrica em um circuito, deve-se conectar os terminais do voltímetro
diretamente sobre os pontos onde se deseja saber a tensão a ser medida.

2.8.2. Amperímetro
O amperímetro é um instrumento utilizado para fazer a medida da intensidade da corrente
elétrica.
A medição de corrente elétrica com o multímetro deve ser realizada colocando-se o aparelho em
série com o ramo do circuito que desejamos medir, pois a corrente deve atravessá-lo para que
possa ser mensurada.

Na figura acima temos uma bateria de 9V alimentando um circuito formado por um resistor e um
LED. Basicamente, o LED gera uma queda de tensão em torno de 2V, logo a queda de tensão
sobre o resistor é de 7V. O valor teórico de intensidade de corrente é assim calculado, segundo a
1ª Lei de Ohm:
𝑉 = 𝑅. 𝐼
𝑉
𝐼=
𝑅
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𝐼=
2200
𝐼 = 0,0032𝐴
𝐼 = 3,2  10−3 𝐴
𝐼 = 3,2𝑚𝐴

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2.8.3. Ohmímetro
O ohmímetro é o instrumento para a medida da resistência elétrica. Em geral, utiliza-se um
multímetro numa das escalas de resistência.
Para a medição da resistência elétrica em um circuito, o mesmo deve estar desenergizado
(desconectado da fonte de tensão). Assim, seus terminais devem ser ligados entre os pontos onde
se deseja medir a resistência, necessitando escolher apenas o fundo de escala mais adequado,
sendo os mais comuns: 200, 2K, 20K, 200K, 2M. A figura abaixo mostra um multímetro
operando na função ohmímetro.

2.9. Teste de continuidade


O teste de continuidade serve para verificar se um condutor está em segmento no circuito ou se está
rompido. Pode-se usar o teste de continuidade para verificar se os equipamentos e acessórios se
encontram corretamente conectados e ligados aos condutores, via cabos, conectores, pinos, jumps,
etc.
O teste de continuidade verifica se todas as ligações possuem um bom contato sem muita resistência.
A medição pode ser feita em multímetros digitais na escala de “continuidade”. Um aviso sonoro ou
visual é emitido pelo multímetro, ouvindo-se um bipe quando há continuidade.
O teste de continuidade também é utilizado para testes de diodo, onde é apresentada no display do
multímetro a queda de tensão em cada diodo. Deve-se ter cuidado em desligar a energia do circuito
que for testar antes de começar. Isso é extremamente importante.

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RELATÓRIO

Obs: o relatório deve ser respondido a mão. Posteriormente, deve-se fazer um print e criar um único
arquivo pdf com todas as questões resolvidas do relatório (https://www.ilovepdf.com/pt/jpg_para_pdf).

1. Defina as grandezas tensão elétrica e corrente elétrica. Cite as suas unidades de medida.

2. Apresente as funções de um resistor, capacitor e diodo em um circuito eletrônico.

3. Qual a função de um transistor? Quando se diz que o transistor opera no modo de corte? E em que
situação se diz que o transistor opera em modo de saturação?

4. Smartphones e tablets atualmente possuem telas capacitivas


fazendo com que estes aparelhos não usem mais teclas, uma vez
que todos os comandos podem ser dados ao se pressionar a
própria tela. Anteriormente essa tecnologia foi proporcionada por
meio das telas resistivas, formadas basicamente por duas camadas
de material condutor transparente que não se encostam até que
alguém as pressione, modificando a resistência total do circuito de
acordo com o ponto onde ocorre o toque. A figura ao lado mostra uma simplificação do circuito
formado pelas placas, em que A e B representam pontos onde o circuito pode ser fechado por meio
do toque. Qual é a resistência equivalente no circuito provocada por um toque que fecha o circuito
no ponto A? Mostre os cálculos.

5. Considerando o circuito abaixo, calcule a resistência equivalente entre os pontos A e B. Encontre os


valores de queda de tensão V100, V220, V330, V47, V470 e V150. Encontre também os valores de corrente
ICE, IED, IEF e IDB. Mostre os cálculos.

6. A figura abaixo mostra um resistor R de 40 Ω entre os pontos P e Q. As correntes i1 e i2 unem-se no


ponto P e passam pelo resistor R. Sabendo que a diferença de potencial entre os pontos P e Q é de
12V e que a intensidade da corrente i1 excede em ¼ de uma unidade o triplo da intensidade da
corrente i2, determine o valor das correntes elétricas i1 e i2, respectivamente.

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