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PARAUAPEBAS-PA

2014

Ajudante de Pedreiro

INSTRUTOR: WILLIAM SENA


Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco
Presidente
Jorge Wicks Côrte Real

Departamento Regional do SENAI de Pernambuco


Diretor Regional
Sérgio Gaudêncio Portela de Melo

Diretora Técnica
Ana Cristina Cerqueira Dias

Diretor Administrativo e Financeiro


Heinz Dieter Loges

Ficha Catalográfica
690 SENAI. DR. PE. AJUDANTE DE PEDREIRO
S474a Recife, SENAI. PE/DITEC/DET, 2012.
1. CONSTRUÇÃO CIVIL – AJUDANTE DE PEDREIRO
2. AJUDANTE DE PEDREIRO
3. AJUDANTE DE PEDREIRO – SEGURANÇA DO TRABALHO
I Título

Direitos autorais exclusivos do SENAI. Proibida a reprodução parcial ou total, fora do Sistema,
sem a expressa autorização do seu Departamento Regional.

SENAI - Departamento Regional de Pernambuco


Rua Frei Cassimiro, 88 - Santo Amaro
50100-260 - Recife - PE
Tel.: 81.3202-9300
Fax: 81.3222-3837
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.............................................................................................. 5
SEGURANÇA DO TRABALHO .......................................................................... 6
Acidente de trabalho....................................................................................... 7
Medidas e equipamentos de proteção individual e coletiva .......................... 10
SAÚDE E HIGIENE NO TRABALHO ............................................................... 15
Cuidados com a higiene pessoal .................................................................. 15
Conduta pessoal........................................................................................... 17
AJUDANTE DE PEDREIRO: O QUE FAZ E COMO FAZ ................................ 18
Ferramentas de trabalho............................................................................... 18
Materiais de construção................................................................................ 25
PROCESSO CONSTRUTIVO DE EDIFICAÇÕES........................................... 31
Concreto ....................................................................................................... 31
Argamassa.................................................................................................... 37
Aprendendo a usar o prumo, o nível de bolha e o esquadro ........................ 43
Construção de uma parede de alvenaria...................................................... 47
CONSTRUÇÃO CIVIL E MEIO AMBIENTE ..................................................... 57
Reciclagem ................................................................................................... 58
Coleta seletiva .............................................................................................. 59
CONCLUINDO ................................................................................................. 61
REFERÊNCIAS................................................................................................ 62
SENAI-PE

APRESENTAÇÃO

Os importantes projetos governamentais e da iniciativa privada que têm


chegado ao estado de Pernambuco requerem, em geral, a execução de obras
civis, as quais, por sua vez, exigem mão de obra qualificada, com total domínio
dos procedimentos de trabalho e dos requisitos de segurança, essenciais para
o êxito nessa atividade.

O nosso objetivo, neste momento, é que você conheça os aspectos que são
fundamentais para a segurança pessoal e coletiva, os cuidados com o meio
ambiente e as tarefas, ferramentas e equipamentos que dizem respeito ao seu
trabalho.

Assim, aqui você encontrará orientações de grande valor para o seu


desempenho profissional como Ajudante de Pedreiro.

Leia os textos com atenção, procure resposta para as questões que lhe serão
apresentadas, reflita sobre elas, pesquise, pergunte. Enfim, convidamos você a
aproveitar esta oportunidade para ampliar seus conhecimentos e desenvolver-
se profissionalmente.

Invista em seus estudos! Você só tem a ganhar!

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SENAI-PE

SEGURANÇA DO TRABALHO

Tanto no Brasil quanto em países desenvolvidos, a


construção civil continua como um dos setores mais
problemáticos no que diz respeito aos acidentes de
trabalho.
Figura 1- Símbolo internacional

A Organização Internacional do Trabalho -OIT- é um órgão das Nações Unidas


-ONU- que acompanha e monitora o panorama mundial do trabalho e emite
orientações, em nível internacional, para os países membros.

No Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego -MTE- é responsável pelo


acompanhamento das questões relacionadas ao trabalho, inclusive os
acidentes.

Para se ter uma ideia, segundo o anuário dos trabalhadores 2010/2011 do


MTE, em 2009 foram registrados 528.279 acidentes que resultaram em 2.496
mortes e 13.047 trabalhadores incapacitados permanentemente.
(Fonte: MPAS. Elaboração DIEESE).

Nunca é demais reforçar a importância da segurança do trabalho, pois é por


meio dela que buscamos preservar a nossa própria vida e a de outras pessoas.

Quais são, então, os objetivos do estudo da segurança do trabalho?

Observar e relatar condições de risco nos ambientes de trabalho.


Discutir os acidentes ocorridos e solicitar medidas que previnam acidentes
semelhantes.
Orientar os demais trabalhadores quanto à prevenção de acidentes.

Dica
A OIT adotou o dia 28 de abril como dia mundial da Segurança e
Saúde do Trabalho.

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Acidente de trabalho

O artigo 19 da Lei n.º 8.213, de 24 de julho de


1991, conceitua como acidente do trabalho
"aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho
dos segurados, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da
Figura 2 – Situação de risco.
capacidade para o trabalho".

Compete ao profissional perito do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social)


caracterizar o acidente de trabalho. Ele é responsável por identificar a relação
entre o trabalho exercido e o tipo de agravo que o trabalhador sofreu.

Você já pensou nas situações que podem provocar acidentes? Os acidentes


têm “portas” por onde entram. Veja a seguir.

Portas para os acidentes:


• pressa;
• improvisação;
• presunção, ao pensar que sabe tudo e que não há risco em potencial;
• autoexclusão, por se considerar não responsável diante das situações
de risco.

Por que devemos prevenir os acidentes e doenças decorrentes do trabalho?

Sob todos os aspectos em que possam ser analisados, os acidentes e doenças


decorrentes do trabalho apresentam resultados extremamente negativos para a
empresa, para o trabalhador acidentado e para a sociedade.

Anualmente, as altas taxas de acidentes e doenças registradas pelas


estatísticas oficiais expõem os prejuízos sociais e econômicos para o País,
considerando apenas os dados do trabalho formal.

Os trabalhadores que sobrevivem a esses infortúnios são também atingidos por


danos que se materializam em:
• sofrimento físico e mental;
• cirurgias e remédios;
• próteses e assistência médica;
• fisioterapia e assistência psicológica;
• dependência de terceiros para acompanhamento e locomoção;
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• diminuição do poder aquisitivo;


• desamparo à família;
• estigmatização do acidentado;
• desemprego;
• marginalização;
• depressão e traumas.

A incorporação das boas práticas de gestão de saúde e segurança do trabalho


nas empresas contribui para a proteção contra os riscos prevenindo e
reduzindo acidentes e doenças.

Análise preliminar das condições de trabalho

A análise preliminar das condições de trabalho permite a elaboração de


estratégias que vão subsidiar as etapas de implantação do programa de gestão
de saúde e segurança do trabalho, e é estabelecida com quatro perguntas bem
simples:

O trabalhador está exposto à fonte de perigo?


O trabalhador está em contato com a fonte de perigo?
Qual o tempo e a frequência do contato entre o trabalhador e a fonte de
perigo?
Qual a distância entre o trabalhador e a fonte de perigo?

De forma preliminar, das quatro perguntas conclui-se que:

• quanto maior o tempo de exposição ou de contato com a fonte de


perigo, maior será o risco;
• quanto maior for a frequência da exposição ao perigo, maior será o
risco;
• quanto mais próximo da fonte de perigo, maior será o risco.

A importância de conhecer os riscos

A fonte de perigo pode ser um equipamento, uma máquina, um instrumento ou


qualquer condição de trabalho perigosa.

Os locais de trabalho podem comprometer a saúde do trabalhador em curto,


médio ou longo prazo, provocando lesões imediatas, doenças ou morte, além
de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa.

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SENAI-PE

É importante salientar que a presença de produtos


ou agentes nocivos nos locais de trabalho não
quer dizer que, obrigatoriamente, exista perigo
para a saúde. Isso vai depender da combinação
de diversos fatores, como a concentração e a
forma do contaminante no ambiente de trabalho, o
nível de toxicidade e o tempo em que a pessoa
está exposta ao risco.
Figura 3 – Situação de risco

Desta forma, em qualquer tipo de atividade, torna-se imprescindível investigar o


ambiente de trabalho para conhecer os riscos a que estão expostos os
trabalhadores.

Avaliação de riscos

É o processo de estimar o tamanho dos riscos existentes no ambiente e decidir


se um risco é ou não tolerável.

Formas de avaliar os riscos

Para investigar a presença de riscos no local de


trabalho, existem duas modalidades básicas de
avaliação. A avaliação qualitativa, conhecida como
preliminar, e a avaliação quantitativa, para medir,
comparar e estabelecer medidas de eliminação,
neutralização ou controle dos riscos à saúde e à
segurança.
Figura 4 – Situação de risco

Classificação dos riscos

Os riscos têm uma classificação que está distribuída em 05 grupos – riscos


físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.

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A cada grupo corresponde uma cor, conforme podemos visualizar no quadro a


seguir:

GRUPO I GRUPO II GRUPO III GRUPO IV: GRUPO V


VERDE VERMELHO MARROM AMARELO AZUL
Riscos Riscos Riscos Riscos de
Riscos Físicos
Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes
Esforço físico Arranjo físico
Ruído Poeiras Vírus
intenso inadequado
Levantamento e Máquinas e
Vibrações Fumos Bactérias transporte manual equipamentos
de peso sem proteção
Exigência de Ferramentas
Radiações
Névoas Protozoários postura inadequadas ou
ionizantes
inadequada defeituosas
Radiações não Controle rígido de Iluminação
Neblinas Fungos
ionizantes produtividade inadequada
Imposição de
Frio Gases Parasitas Eletricidade
ritmos excessivos
Trabalho em turno Probabilidade
Calor Vapores Bacilos
e noturno de incêndio
Tabela 1 – Classificação dos riscos

Medidas e equipamentos de proteção individual e coletiva

Para prevenir os acidentes e as doenças


decorrentes do trabalho, a ciência e as tecnologias
colocam à nossa disposição uma série de medidas
e equipamentos de proteção coletiva e individual.
As medidas e os equipamentos de proteção coletiva
visam à otimização dos ambientes de trabalho,
destacando-se por serem mais rentáveis e duráveis
para a empresa, além de protegerem muitos
trabalhadores ao mesmo tempo.
Figura 5 – Situação de risco e EPI

Equipamento de proteção individual - EPI e Equipamento de Proteção Coletiva


- EPC

Equipamento de Proteção Individual (EPI) é todo dispositivo de uso individual,


de fabricação nacional ou estrangeira, que visa proteger a saúde e a
integridade física dos trabalhadores.

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Todo trabalhador exposto a riscos é obrigado a utilizar EPI, responsabilizando-


se por sua guarda e conservação e devendo avisar o empregador sempre que
o EPI apresentar defeitos ou problemas.

O uso de um ou mais EPI vai depender


do tipo de trabalho ou tarefa a ser
executada pelo trabalhador.

Figura 6 – Trabalhador com EPIs

Dica
Todos os equipamentos de segurança devem possuir certificado
de autenticidade (CA).

Equipamentos de Proteção Coletiva


(EPC): como o próprio nome já diz, são
equipamentos utilizados para proteção
coletiva de trabalhadores expostos a
risco. Os mais comuns são:
• enclausuramento acústico de fontes
Figura 7 – Equipamento de proteção coletiva -EPC
de ruído;
• ventilação dos locais de trabalho;
• extintor de incêndio;
• proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos conforme NR* 11;
• cabine de segurança biológica;
• capelas químicas;
• cabine para manipulação de radioisótopos.

*NR: Norma Regulamentadora, editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

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Proteção contra incêndio

Conceitua-se incêndio a presença de fogo em local não desejado e capaz de


provocar, além de prejuízos materiais, quedas, queimaduras e intoxicação por
fumaça.

O fogo, por sua vez, é um tipo de queima,


combustão ou oxidação. Resulta de uma reação
química em cadeia, que ocorre na medida em que
atuem:
a) combustível;
b) oxigênio (comburente);
c) calor.
Figura 8 – Triângulo do fogo

Essa reação é conhecida como triângulo do fogo.

Para que exista o fogo são necessários três elementos:

• combustível: todo corpo capaz de alimentar o fogo; exemplos: gasolina,


pneu, carpete, estofado, etc.
• comburente: elemento químico da atmosfera que alimenta o processo de
combustão; exemplo: oxigênio.
• calor: condição favorável causadora da combustão.

Rompimento do triângulo do fogo

Para que o fogo não exista, basta que o triângulo seja rompido através dos
métodos de:
• isolamento - retirada do material combustível;
• resfriamento - retirada do calor;
• abafamento - retirada do oxigênio.

Classes de incêndio

• Classe A - fogo em material combustível sólido (papel, madeira, tecidos,


fibras, etc.) que queima em superfície e em profundidade deixando
cinzas no final.
• Classe B - fogo em gases e líquidos inflamáveis (óleo, gasolina, gás
liquefeito de petróleo, thinner, etc.) que queimam apenas na superfície.
• Classe C - fogo em equipamentos elétricos ligados à corrente elétrica.

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• Classe D - fogo em metais pirofóricos* (magnésio, potássio, alumínio em


pó, etc.).

Agentes extintores
São certas substâncias (sólidas, líquidas e
gasosas) utilizadas na extinção do incêndio,
definidas conforme a classe de incêndio.

Os principais agentes extintores são água, gases


inertes, CO2, pó químico, geralmente
acondicionados em extintores.

Figura 9 - Extintor de incêndio

Utilização do extintor de acordo com a classe de incêndio

CLASSES DE TIPOS DE EXTINTOR


INCÊNDIO ÁGUA CO2 PÓ QUÍMICO
CLASSE A X ------------- -------------
CLASSE B ------------- X X
CLASSE C ------------- X X
CLASSE D ------------- ------------- X (Especial)
Tabela 2 – Classes de incêndio / tipos de extintor

Como apagar o fogo


• Aproxime-se do foco de incêndio cuidadosamente.
• Posicione-se no sentido do vento e ataque a base do fogo.
• Retire o extintor do suporte e rompa o lacre para destravar a válvula.
• Aperte o dispositivo para liberação do extintor, mantendo-o sempre na
posição vertical.
• Movimente o jato do extintor em forma de leque.
• Assegure-se de que não houve reignição.

Dica
Nunca teste seu extintor, pois mesmo uma pequena descarga
acarretará a perda de pressão interna, tornando-o ineficiente ou
inoperante.

* Pirofóricos: Materiais que se inflamam espontaneamente (segundo o dicionário Houaiss).

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Como verificar se o extintor está em boas condições

Considere os seguintes itens:

• o extintor não pode apresentar sinais de ferrugem ou amassamento;


• checar se o ponteiro do indicador de pressão está na faixa verde e se
não apresenta sinais de umidade ou de envelhecimento;
• o lacre de segurança deve estar intacto. Ele é a sua garantia contra
eventuais defeitos;
• o indicador de pressão não pode estar na faixa vermelha. Após uso,
trocar imediatamente;
• ver os prazos de garantia, durabilidade e teste hidrostático (validade do
cilindro);
• o extintor deve conter a marca de conformidade do INMETRO*,
impressa no cilindro.

Figura 10 – Indicação contato - Corpo de Bombeiros

Dica
Em caso de incêndio, ligue para o Corpo de Bombeiros.

No capítulo seguinte, são apresentados alguns cuidados que se referem à


higiene pessoal. Esses cuidados visam proporcionar ao trabalhador mais
saúde e bem-estar.

* INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.

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SAÚDE E HIGIENE NO TRABALHO

Cuidados com a higiene pessoal

A higiene pessoal conserva a saúde e proporciona bem-estar.

• Escove os dentes pela manhã, à noite e


após as refeições.
• Enxugue bem os pés entre os dedos e use
meias para trabalhar.
• Tome banho após o trabalho.

Figura 11 - Cuidados com a higiene

• Conserve sua roupa de trabalho limpa.


Lave-a quando necessário.

Figura 12 - Cuidados com a higiene

• Mantenha os cabelos limpos e penteados.


• Mantenha as unhas aparadas e limpas.
• Evite o contato das mãos com a boca, olhos, nariz e ouvidos.
• Beba somente água potável, em copo individual ou no bebedouro.

Figura 13 - Cuidados com a higiene


Figura 14 - Cuidados com a higiene

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No refeitório

• Lave as mãos e o rosto antes das


refeições.
• Mantenha o refeitório limpo.

Figura – 15 Cuidados com a higiene

• Use talher para se alimentar.


• Use copo individual.
• Devolva seu prato ou bandeja no local
indicado.
• Lave sua marmita em local apropriado.

Figura – 16 Cuidados com a higiene

No alojamento

• Guarde sua roupa no armário.


• Conserve o alojamento limpo.
• Não feche a ventilação do local.
• Não guarde calçado ou roupa
molhados, no armário.
• Não fume.
Figura – 17 Cuidados com a higiene

Nas instalações sanitárias

• Lave as mãos antes e após usar o


banheiro.
• Use papel higiênico e coloque o papel
usado no respectivo depósito.
• Dê descarga após usar a bacia sanitária.
Figura – 18 Cuidados com a higiene

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Conduta pessoal

• Não traga qualquer tipo de arma para a obra.


• Não faça algazarra, ela pode causar acidente.
• Seja educado, respeite seus colegas.
• Evite brincadeiras no horário de trabalho.
• Não desvie a atenção de quem está trabalhando.
• Mantenha e incentive clima de paz e harmonia.
• Não tome bebidas alcoólicas e não use drogas; elas são prejudiciais à
saúde.
• Alimente-se somente no refeitório.
• Esquente sua marmita na estufa ou em lugar adequado.
• Não use a fiação elétrica para pendurar roupas.
• Respeite o descanso dos colegas.

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AJUDANTE DE PEDREIRO: O QUE FAZ E COMO FAZ

O ajudante de pedreiro auxilia o pedreiro em todas as tarefas construtivas


realizadas no canteiro de obras. Seu desempenho é, portanto, de grande valor
para o bom andamento das obras.

Ferramentas de trabalho

As ferramentas de trabalho a seguir apresentadas são de uso do pedreiro.


Porém, é necessário que o ajudante conheça essas ferramentas para poder
dar suporte ao pedreiro em suas tarefas.

Prumos

Prumo de face

O prumo de pedreiro é um instrumento de primeira


necessidade. É usado para verificar se as paredes estão
em plano vertical. Devido ao seu peso, mantém-se sempre
na vertical, quando pendurado no fio. Compõe-se de três
peças, a saber: o taco, que é de madeira, o fio do prumo,
que é de cordão e o corpo do prumo, que é um cilindro de
latão, cheio de chumbo.

Figura 19 - Prumo de face

Quanto mais pesado for o prumo, menos


erros pode ocasionar. Um vento forte
poderá deslocar um prumo.

Observe que, do lado esquerdo da figura,


no canto da parede, há um escantilhão
Figura 20 – uso do prumo de face e escantilhão
que serve para aprumar e dar planeza à
parede.
Prumo de centro

O prumo de centro é usado para marcar centros, alinhamentos e alicerces. É


composto do fio e do prumo. Este tem a forma de cone, conforme figura a
seguir.
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Figura 21 – Prumo e sua utilização

O prumo de centro serve também como prumo de face.

Esquadro
O esquadro é um instrumento
importante do pedreiro. É usado para
verificar se o encontro de duas paredes,
o canto, está formando um ângulo de
90º. Os dois lados do esquadro formam
este ângulo entre si.
Figura 22 - Exemplo de esquadro de aço

Existem esquadros de madeira e de aço. O mais usado pelo pedreiro é o de


madeira, porque não oxida e a sua limpeza torna-se fácil.

O de aço possui, no entanto, uma vantagem: não se deforma e mantém o


ângulo desejado por mais tempo.

Colher de pedreiro
A colher é a ferramenta principal do pedreiro.
Praticamente todos os trabalhos são executados
com a colher. É usada para assentar tijolos, para
misturar, chapear e alisar argamassas.

Existem colheres de vários tamanhos e formas.


As mais usadas são as de forma triangular e com
os tamanhos de 10, 15 e 20cm no sistema
Figura 23 Colher de pedreiro
métrico, ou de 3”, 6” e 8” polegadas, como eram
designadas antigamente. Estas medidas se
referem ao comprimento da paleta, excluindo-se o cabo.

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A paleta é de aço, e deve ser completamente lisa, para facilitar a saída da


argamassa.

A colher deve ser limpa, não podendo ter argamassa endurecendo nas suas
faces, ou estar enferrujada

Linha

A linha serve para alinhar as fiadas de tijolos, azulejos e cerâmicas. Também


tem a sua utilidade na determinação de alinhamentos. É um auxílio
imprescindível do pedreiro.

O tipo mais indicado é o fio de algodão “cordonês nº 00”. Também é usado o


fio de nylon.

Figura 24 – Fio de algodão cordonês 00

Martelo

É uma ferramenta auxiliar para cortar tijolos, pregar e para outros serviços
semelhantes.

Existem dois tipos de martelo: o de aço


com cabo de madeira e o de aço com
cabo de plástico

Figura 25 – Tipos de Martelo

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Marreta

Utilizada para golpear a talhadeira e o ponteiro para corte


de concreto e argamassa endurecida. Também é usada
para golpear o pontalete.

Figura 26 – Marreta

Enxada

A enxada é uma ferramenta auxiliar na


preparação das argamassas. Também serve
para escavação de alicerces.

Figura 27 – Enxada em uso

A pá serve para misturar as argamassas e para


a movimentação de terra. Existem pás de
Pá de bico forma retangular e de bico, em vários
tamanhos.
Pá retangular

Figura 28 – Tipos de pás

Picareta / Alvião / Chibanca

Utilizados para acertamento de terreno e


abertura de valas.

Figura 30 – Chibanca
Figura 29 – Picareta com cabo

Figura 31 – Picareta Figura 32 – Alvião

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Masseira

Na masseira é colocada a argamassa pronta


para ser usada. Este equipamento fica no lugar
onde o pedreiro trabalha. É constituída de chapa
metálica ou plástico.

Figura 33 – Masseira

O carrinho deve sempre ser usado quando for


necessário transportar a masseira.

Ele evita esforços físicos desnecessários.

Figura 34 – Carrinho para masseira

Balde

O balde é um equipamento necessário para


transportar e guardar água e argamassa. O seu
volume, em geral, é de 15 a 18 litros.

Figura 35 – Tipos de balde

Nível de bolha

O nível de bolhas é um instrumento de verificação que serve para determinar e


verificar a horizontalidade de um
elemento de construção. Existem
níveis com diversos comprimentos,
que variam entre 30cm e 1m.

Figura 36 – Nível de bolha

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São construídos com madeira e também metal, como, por exemplo, o alumínio
ou o ferro fundido.

O corpo do nível tem pequenos tubos de vidro embutidos, ligeiramente


curvados, que contêm um líquido, em geral água ou álcool com corante, e uma
bolha de ar. Nos centros dos tubos estão marcados dois traços. Colocando-se
o nível acima da superfície a ser verificada, esta se encontra no nível quando a
bolha de ar estiver exatamente entre os dois riscos do tubo.

Nível de borracha ou nível alemão

Para nivelar à distância e marcar diversos


pontos, emprega-se o chamado “nível de
borracha”, que é uma mangueira de plástico
transparente cujo comprimento vai depender
de onde será usado. Cheio de água, podemos
marcar os diversos pontos de nível em
paredes, pilares, etc. Devemos ter o cuidado
de não deixar nenhuma bolha de ar dentro da
Figura 37 – Nível alemão
mangueira. É um instrumento muito utilizado
em demarcação de obras.

Trena

A trena é um instrumento útil em medições. Ela é uma fita de pano, reforçada


com arame ou, então, uma fita de aço, alojada numa caixa circular de couro ou
de metal. O seu comprimento varia entre 2 e 30m e as divisões são em cm e
mm.

Devido à implantação de sistema da qualidade nas construtoras, a trena


metálica tem sido a mais indicada, uma vez que apresenta uma maior precisão
que o tradicional metro articulado. Por exigência da ISO 9000, a trena metálica
deve ser calibrada em laboratório de calibração. Essa trena calibrada servirá
como padrão para a verificação das outras trenas utilizadas pelos profissionais
na obra.

Figura 38 – Trena metálica e suas divisões

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Arco de serra

Utilizado para corte de barras de aço e tubos


metálicos.

Figura 39 – Arco de serra

Alicate

Utilizado para corte, amarração de fios e arames.

Figura 40 – Alicate

Dica
Nunca use o alicate como martelo.

Serrote

Utilizado para corte de madeira. Um serrote de qualidade tem um bom


acabamento. Não deve ter saliências, dentes ou
pontos ásperos. Um acabamento fino, bem polido,
tem melhor resistência à ferrugem e ajuda a diminuir
o atrito. A maneira correta de usar:
segure o serrote no comprimento do braço;
curve um pouco a lâmina de modo a ver seus
dentes. Todos devem ter o mesmo comprimento;
Figura 41 – Serrote olhe as laterais planas da lâmina e verifique se existe
um travamento uniforme.
Travamento de má qualidade resulta em corte impreciso.

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Torquês

Utilizada para dobragem e corte de arame recozido


na amarração da ferragem

Figura 42 – Torquês

Trinchão ou broxa

Utilizado para aplicação de tintas em superfícies de


alvenaria.

Figura 43 – Trinchão ou broxa

Talhadeira

Utilizada para cortar tijolos ou blocos de alvenaria.

Figura 45 – Talhadeira com cabo

Figura 44 - Talhadeira comum

Materiais de construção

Materiais de construção são todos os materiais utilizados nas obras


(construção de casas, prédios, etc.), podendo ser obtidos da natureza ou
através da intervenção do homem para produzi-los.

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Os materiais de construção devem satisfazer condições de acordo com a


função que desempenham:
• facilidade de aplicação do material na obra;
• resistência à ação do tempo (durabilidade);
• preservação das condições de higiene como o isolamento do calor, do
som e de infiltrações de água;
• beleza e funcionalidade que darão melhor aparência às obras.

Tipos

Agregados

São materiais que constituem grande parte da composição das argamassas e


dos concretos.
Areia - Componente das argamassas e dos
concretos. É um agregado miúdo. É material
mineral que se apresenta sob a forma de
grãos. A areia de boa qualidade é aquela em
que não há raízes, barro, óleo ou graxa e
outros tipos de sujeira. É classificada em
areias finas, médias e grossas. A unidade de
medida da areia é o m³ (metro cúbico).
Figura 46 - Areia

Agregados miúdos
Tipos de areia Dimensão dos grãos
Fina 0,15 – 0,6 mm
Média 0,6 – 2,4 mm
Grossa 2,4 – 4,8 mm
Tabela 3 – Tipos de Areia

Arenoso - Material de origem mineral sob


a forma de grãos finos. É um agregado
miúdo. Faz parte das argamassas e na
sua composição encontra-se a argila, um
tipo de solo que dá liga (cola) quando
misturado com água. Tem a aparência de
barro.

Figura 47 – Agregado arenoso

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Brita - Componente dos concretos. É um


agregado graúdo. São materiais que resultam
da quebra de pedaços pequenos de rochas
através do britamento de pedras nas
pedreiras. A brita utilizada na construção
deve ser limpa, sem presença de terra ou
barro e sem pó de pedra.

Figura 48 – Brita

Agregados graúdos
Tipos de brita Dimensão média
Brita 0 Menor que 1,8 mm
Brita 1 1,8 – 12,5 mm
Brita 2 12,5 – 25,0 mm
Brita 3 25,0 – 50,0 mm
Brita 4 50,0 – 12,5 mm
Pedra de mão Maior que 76 mm
Tabela 4 – Tipos de brita

Aglomerantes

São os materiais que unidos aos agregados formam os concretos ou as


argamassas. Também chamados de ligantes, pois são componentes que têm a
propriedade de colar os agregados.

No saco de 50 kg, nas


extremidades superior e Cimento - Material que dá liga
inferior, devem constar a
classe e tipo do cimento - (cola) aos componentes das
CP I, CP II, etc. Verso argamassas e dos concretos.
Quando em contato com a
No centro da
embalagem,
Frente água, ocorrem reações
devem constar químicas que o fazem
o nome e a
marca do endurecer. Com o passar do
produto. tempo, torna-se mais
resistente atingindo maior
O tipo e classe do
cimento também devem resistência aos 28 dias.
estar estampados.
Saco de 50kg.

Figura 49 – Especificações do saco de cimento

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Gesso - Material à base de gipsita,


usado em forros, pinturas e divisórias.
É um pó branco que misturado com
água forma uma pasta e seu momento
de pega é mais rápido com menos
água.

Figura 50 – Mina de gipsita.

Cal - Usada em pintura e em


argamassas. Serve como aglomerante
ou corante. A cal virgem não é
diretamente empregada, tem que ser
extinta (hidratada) para ser utilizada.

Figura 51 – Porção de cal para preparo de argamassa

Outros materiais

Água - Utilizada nas argamassas e nos concretos. Deve ser limpa, cristalina,
potável, isenta de óleos e graxas.

Aço - Usado nas ferragens de concreto


armado, vendido em quilo, sob a forma
de varas ou rolos. É utilizado nos
concretos de lajes, vigas, pilares e
vergas.

Figura 52 – Estrutura com armação de aço

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SENAI-PE

Madeira - Usada na construção do


madeiramento das coberturas e nas
esquadrias. Deve estar seca e livre de
brocas e fendas.

Figura 53 – Madeira usada em coberta

Vidro - Material utilizado principalmente nas esquadrias de portas e janelas.


Deve ser bem plano, sem bolhas, rachaduras, manchas, estrias e com
espessura regular.

Existem vidros de diversos tipos que servem a diferentes finalidades.

Telha - Material utilizado nas coberturas.

Figura 54 – Telhado

Tijolos - São materiais componentes das alvenarias, assentados com


argamassas, utilizados na construção de paredes e na fundação de
edificações.

Tipos de tijolos

Tijolo maciço - Muito usado em paredes


estreitas de armários, em caixas d'água,
caixas de esgoto ou em paredes comuns.

Figura 55 – Tijolo maciço

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SENAI-PE

Tijolo furado - Mais leve que o


tijolo maciço, é barato e não
sobrecarrega as estruturas.

Figura 56 – Tijolo furado com dimensões

Tijolo vazado - Mais leve que o tijolo furado.


Usado particularmente nas paredes divisórias
sobre estrutura de concreto armado. É o tijolo
mais leve e tem furos quadrados.

Figura 57 – Tijolo vazado

Tijolo de concreto - Também chamado


bloco de concreto, tem maior resistência do
que o de barro e pode ser utilizado sem
revestimento.

Figura 58 – Tijolo de concreto

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SENAI-PE

PROCESSO CONSTRUTIVO DE EDIFICAÇÕES

Como afirmamos no capítulo anterior, o ajudante de pedreiro é o profissional


que auxilia o pedreiro em todas as tarefas desenvolvidas no processo
construtivo.

Neste capítulo vamos apresentar, então, conceitos e procedimentos que, como


ajudante de pedreiro, você também precisa conhecer e aplicar, de acordo com
as orientações do pedreiro e do encarregado de obras.

Concreto

Concreto é, basicamente, o resultado da mistura de cimento, água, pedra


e areia, sendo que o cimento, ao ser hidratado pela água, forma uma
pasta resistente e aderente aos fragmentos de agregados (pedra e areia),
formando um só bloco.

Outro ponto de destaque no preparo do concreto é o cuidado que se deve ter


com a qualidade e a quantidade da água utilizada, pois ela é a responsável por
ativar a reação química que transforma o cimento em uma pasta aglomerante.
Se sua quantidade for muito pequena, a reação não ocorrerá por completo e se
for superior à ideal, a resistência diminuirá em função dos poros que ocorrerão
quando esse excesso evaporar.

A relação entre o peso da água e do cimento utilizado na dosagem é


chamada de fator água/cimento (a/c). O concreto deve ter uma boa distribuição
granulométrica a fim de preencher todos os vazios, pois a porosidade, por sua
vez, tem influência na permeabilidade e na resistência das estruturas de
concreto.

Cada material a ser utilizado na dosagem deve ser analisado previamente em


laboratório (conforme normas da ABNT*), a fim de verificar a qualidade e para
se obter os dados necessários à elaboração do traço (massa específica,
granulométrica, etc.).

*ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

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SENAI-PE

Dica
Fica claro que esses cuidados são indispensáveis para garantir a
qualidade do processo construtivo e, em consequência, a
resistência e a estabilidade de uma edificação.

Como preparar um bom concreto

Use pedra e areia limpas (sem argila ou barro), sem materiais orgânicos (como
raízes, folhas, gravetos, etc.) e sem grãos que esfarelam quando apertados
entre os dedos. A água também deve ser limpa.

É muito importante que a quantidade de água da mistura esteja correta. Tanto


o excesso como a falta de água são prejudiciais ao concreto. Excesso de água
diminui a resistência do concreto.

Figura 59 – Relação água e concreto

Etapas / procedimentos

Concreto pronto

O concreto também pode ser comprado pronto, misturado no traço desejado e


entregue no local da obra por caminhões-betoneira.

Figura 60 – Caminhão-betoneira

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SENAI-PE

Esse tipo de fornecimento só é viável para quantidades acima de 3m³ e para


obras não muito distantes das usinas ou concreteiras, por questão de custo.

Concreto misturado à mão

Espalhe a areia, formando uma camada de


uns 15 cm.

Figura 61 – Execução de procedimento

Sobre a areia, coloque o cimento.

Figura 62 - Execução de procedimento

Com uma pá ou enxada, mexa a areia e o


cimento até formar uma mistura bem
uniforme.

Figura 63 – Execução de procedimento

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SENAI-PE

Espalhe a mistura, formando uma camada de


15cm a 20cm.

Figura 64 – Execução de procedimento

Coloque as pedras sobre esta camada,


misturando tudo muito bem

Figura 65 – Execução de procedimento

Faça um monte com um buraco (coroa) no


meio.

Figura 66 – Execução de procedimento

Adicione e misture a água aos poucos,


evitando que ela escorra.

Figura 67 – Execução de procedimento

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SENAI-PE

Concreto misturado em betoneira

Coloque a pedra na betoneira.

Figura 68 – Execução de procedimento

Adicione metade de água e misture


por um minuto.

Figura 69 – Execução de procedimento

Ponha o cimento.

Figura 70 – Execução de procedimento

Por último, ponha a areia e o resto da


água.

Deixe a betoneira girar mais 3 minutos


antes de usar o concreto.

Figura 71 – Execução de procedimento

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SENAI-PE

Dica
A betoneira deve ser limpa antes de ser usada (livre de pó, água
suja, restos da última utilização). Os materiais devem ser
colocados com a betoneira girando e no menor espaço de tempo
possível.

Recomendações de traço

Deve-se observar o seguinte:


• utilizar latas de 18l;
• observar o grau de umidade da areia, areia muito úmida – diminuir a
dosagem da água;
• durante a cura do concreto, mantenha-o sempre molhado durante 7 dias
após a concretagem.

Aplicações do concreto

Para calçadas

Piso
• 1 saco de cimento;
• 4 latas de areia;
• 6 latas de pedra;
• 2 latas de água.

Concreto magro (utilizado para contrapiso e calçadas)


• 1 saco de cimento;
• 8 ½ latas de areia;
• 11 ½ latas de pedra;
• 2 ½ latas de água.

Baldrame-sapata corrida, radier (fundações)


• 1 saco de cimento;
• 5 latas de areia;
• 6 1/2 latas de pedra;
• 2 latas de água.

Concreto para pilares, cintas de muro de blocos de concreto


• 1 saco de cimento;
• 4 latas de areia;
• 6 latas de pedra;
• 2 latas de água.
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Argamassa

Denomina-se argamassa a mistura de areia e água com um ou mais


aglomerantes, que são a cal e o cimento. O aglomerante é a substância
responsável pelo endurecimento da argamassa. A areia é o agregado. A
argamassa é empregada no assentamento de tijolos e no revestimento de
paredes, pisos e forros.

Figura 72 – Componentes da argamassa

Tipos

Os principais tipos de argamassa são:


• argamassa de cal;
• argamassa de cimento;
• argamassa de cal e cimento, também chamada de argamassa mista.

Traço

Com o nome “traço de argamassa”


denomina-se a relação em volume ou em
peso entre o aglomerante e a areia.

Figura 73 – Traço

Propriedades físicas e mecânicas do cimento

Como já sabemos, o cimento entra na composição da argamassa como


aglomerante.

Pega - É o fenômeno de endurecimento do cimento. A pega de um bom


cimento não deve começar antes de uma hora e terminar antes de dez horas.

Começa-se a contar esse tempo a partir do amassamento com água.


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SENAI-PE

O tempo de pega é importante. Cimento que endurece rapidamente não serve


para serviços normais, a não ser para trabalhos especiais. Cimento que
endurece muito devagar prejudica o andamento dos serviços.

Como preparar uma boa argamassa

Misture apenas a quantidade suficiente para 1 hora de aplicação. Esse cuidado


evita que a argamassa endureça ou fique difícil de ser trabalhada.

Ferramentas:
• pá;
• enxada;
• betoneira;
• carrinho de mão;
• lata de 18 litros;
• colher de pedreiro.

Água

Deve ser limpa, não contendo impurezas ou substâncias químicas.

Água que pode ser usada:


• água do encanamento da cidade;
• água de poço;
• água de chuva.

Água que não pode ser utilizada na preparação de argamassas ou concreto:


• água do mar;
• água do brejo.

Areia

O método mais usado na obra, apesar de ser muito empírico, consiste no


seguinte: amassa-se um pouco de areia nas mãos. De acordo com a
quantidade de sujeiras que fique nelas, pode-se dizer se a areia é limpa, pouco
ou muito suja.

Um exame melhor é o seguinte: enche-se um vasilhame de vidro até 1/3 do


seu volume, com areia, e os 2/3 restantes com água limpa. Mexe-se o
conteúdo com uma vareta de madeira ou ferro, deixando-o descansar depois.
As impurezas, por serem leves, ficarão sobre a areia. Determina-se então a
porcentagem das impurezas por simples comparação com a areia no fundo do
vasilhame.
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Etapas / procedimentos

Argamassa misturada à mão

Coloque primeiro a areia, formando uma


camada de cerca de 15 cm de altura.

Figura 74 – Execução de procedimento

Sobre essa camada coloque o cimento (e a


cal ou outros materiais locais, se for o
caso).

Figura 75 – Execução de procedimento

Mexa até formar uma mistura uniforme.


Depois, faça um monte com um buraco
no meio (coroa).

Figura 76 – Execução de procedimento

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Adicione e misture a água aos


poucos, evitando que escorra para
fora da coroa.

Figura 77 – Execução de procedimento

Argamassa misturada em betoneira

Coloque a areia na betoneira.

Figura 78 – Execução de procedimento

Adicione metade da água.

Figura 79 – Execução de procedimento

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Ponha o cimento e a cal (e outros


materiais locais, se for o caso).

Figura 80 – Execução de procedimento

Por fim, adicione o resto da água.

Figura 81– Execução de procedimento

Argamassas prontas

Existem também argamassas prontas, para assentamento, revestimento e


rejuntamento, à venda nas lojas de material de construção. Essas argamassas
vêm embaladas em sacos e devem ser misturadas com água na quantidade
recomendada na embalagem.

Dica
É importante armazenar os sacos de argamassa em local seguro,
livre de umidade e excesso de sol. O ambiente deve ter aberturas
para circulação de ar (depósito de ensacados).

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SENAI-PE

Aplicações da argamassa

Argamassa para assentamento

Paredes de tijolos maciços


• 1 lata de cimento;
• ½ lata de cal;
• 6 latas de areia;
• 2 latas de água.

Paredes de blocos de concreto


• 1 lata de cimento;
• 2 latas de cal;
• 8 latas de areia;
• 2 latas de água.

Paredes de tijolos cerâmicos


• 1 lata de cimento;
• 2 latas de cal;
• 8 latas de areia;
• 2 latas de água.

Para revestimento

Chapisco
• 1 lata de cimento;
• 3 latas de areia média;
• ½ lata de água.

Emboço
• 1 lata de cimento;
• 2 latas de cal;
• 8 latas de areia média;
• 2 latas de água.

Reboco
• 1 lata de cal;
• 2 latas de areia fina peneirada;
• 1/2 lata de água.

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SENAI-PE

Figura 82 – Tipos de revestimento.

Para piso cimentado


• 1 lata de cimento;
• 3 latas de areia;
• ½ lata de água.

Aprendendo a usar o prumo, o nível de bolha e o esquadro

Prumo
Como já sabemos, o prumo é
instrumento essencial usado pelo
pedreiro em suas tarefas.
Observe a figura ao lado onde
aparecem o prumo e a forma correta de
manuseá-lo.

Figura 83 - Uso do prumo.

Vejamos, agora, como usar o prumo com os


tijolos.

Coloque os tijolos como aparecem na figura ao


lado.

Figura 84 Uso do prumo.

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SENAI-PE

Encoste o taco do prumo no tijolo A e faça o peso


chegar até a altura do tijolo B. O prumo indica que
o tijolo A se encontra mais para fora que os
demais.

Modifique a posição do tijolo A, como aparece na


figura. Coloque o prumo. O peso já encostou no
tijolo B, mas o taco ainda está longe do tijolo A,
Figura 85 Uso do prumo. isto mostra que o tijolo A está mais para dentro
que os demais.

Movimente o tijolo A, até que ele encoste no taco.


Estando o taco e o peso encostados nos tijolos A
e B, teremos uma posição correta do prumo.
Dizemos que os tijolos estão aprumados.

Figura 86 Uso do prumo

Aprumando tijolos

Coloque o taco do prumo no tijolo a ser aprumado, conforme figura, e segure-o.

Desça o prumo, soltando a corda devagar, até este alcançar a fiada mais baixa
possível, conforme figura, sem tocar no piso.

Faça chegar ao prumo, recuando ou avançando, o tijolo que está sendo


aprumado.

Figura 87 – Uso do prumo.

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SENAI-PE

Nível de bolha

Você lembra do nível de bolha? Já comentamos sobre ele, no capítulo anterior.

Coloque o nível como mostra a figura 1A. Veja a posição da bolha.

Mude a posição do tijolo como aparece na figura 1B e volte a olhar a bolha.

Ponha o nível apoiado sobre dois tijolos, conforme figura 1C. Verifique, agora,
a posição da bolha. Ela deverá estar dentro ou bem próxima da marca.

Coloque o nível apoiado sobre um sarrafo e uma cunha de madeira, como


aparece na figura 2. Empurre a cunha para a direita ou para a esquerda até a
bolha se enquadrar na marca. Quando isso acontecer, observe a posição do
corpo do nível. Essa é a posição horizontal ou posição de nível.

Com quatro cunhas, dois pedaços de tábua e uma régua, monte o exercício da
figura 3. Movimente as cunhas até a bolha indicar que a régua está no nível.
Procure nivelar o conjunto várias vezes até que sua vista reconheça quando a
régua está na posição correta de nível.

Figura 88 – Uso do nível de bolha

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SENAI-PE

Esquadro: construção e uso

Também já comentamos sobre o esquadro no capítulo anterior.

Figura 89 – Esquadro.

Figura 90 – Esquadro

Coloque, com cuidado, uma régua em posição de nível e outra a prumo, como
aparecem na figura 1; elas formam um esquadro.

Corte 3 sarrafos aparelhados de 5cm, nas medidas seguintes:


A = 65 cm B = 55 cm C = 60cm.

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SENAI-PE

Na face interna dos sarrafos, depois de descontar a largura destes, marque as


medidas seguintes: em A 40cm, em B 30cm e em C 50cm (deixando 5 cm em
cada extremidade).
Ajuste os sarrafos como aparecem na figura; serre e pregue como aparecem
no desenho. Confira com um esquadro de metal de precisão.

Verifique o esquadro de sua desempenadeira, colocando-a sobre o esquadro


de madeira, como aparece na figura.

Construção de uma parede de alvenaria

A construção de uma parede de alvenaria é feita em duas etapas:


• primeira etapa: marcação;
• segunda etapa: elevação.

Vamos, a seguir, fazer uma breve descrição de cada uma delas.

Primeira etapa: marcação

A marcação corresponde à execução da primeira fiada de alvenaria, que


obedece ao projeto de modulação de cada parede. A modulação é a
correspondência entre as dimensões da parede que vai ser construída com as
dimensões dos componentes (tijolos ou blocos). Esse procedimento elimina o
desperdício com a quebra de tijolos. De posse das informações iniciais,
começa o assentamento da primeira fiada pelos cantos, tomando como base
os eixos de referência. Logo após, complementar a fiada assentando os
demais tijolos, buscando o alinhamento, nível e prumo.

Segunda etapa: elevação

Inicia-se pelos cantos construindo-se, primeiramente, a prumada guia ou


usando-se escantilhão, que servirão de base para o alinhamento, nível e prumo
das fiadas de elevação da parede.

Assentamento de tijolos - 1ª fiada

Antes de passarmos a detalhar o processo de assentamento de tijolos, é


importante salientar que, nos dias de hoje, praticamente não há necessidade
de cortá-los como se fazia no passado.

As indústrias cerâmicas já fabricam meio bloco cerâmico, o que dispensa o


corte manual.
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SENAI-PE

Evita-se, assim, desperdício e aumento de resíduos nos aterros.


Por falar em desperdício, atualmente um grande desafio na construção civil
chama-se racionalização.

Racionalizando-se processos, uso de materiais e insumos, todos ganham:


trabalhadores, empregadores e sociedade em geral.

Fases para assentamento de tijolos

1ª fase – assentar massa na


marcação.

Figura 91 – Assentamento de tijolo.

2ª fase – assentar o 1º tijolo na massa


e bater com a colher.

Figura 92 – Assentamento de tijolo.

3ª fase – retirar as rebarbas de massa.

Figura 93 – Assentamento de tijolo.

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SENAI-PE

Assentando as demais fiadas de tijolos

Colocada a linha, ponha a argamassa


sobre a fiada anterior, conforme a
figura ao lado.
Assente sobre a argamassa o tijolo
com a face rente à linha, batendo e
acertando com a colher conforme
figura ao lado.
Retire a sobra de argamassa com a
Figura 94 – Assentamento de tijolos.
colher, conforme figura ao lado.

Tipos de parede

Parede de ½ tijolo

Figura 95 – Parede de ½ tijolo.

Material: tijolos comuns, argamassa sem aglomerante.

Ferramentas: colher de pedreiro, linha, martelo de pedreiro e pregos, trena


metálica, broxa, balde, escantilhão.

Ordem de execução

• Fixe a linha na altura da aresta superior da 1ª fiada a ser assentada.


• Molhe a fiada de base, espalhe a argamassa na espessura de cerca de
2cm, na largura de meio tijolo, e no comprimento de 1 tijolo cada vez.
• Assente os tijolos, previamente molhados, em fila, um por um, com
intervalo de 1cm. Acerte a face rente à linha, comprima os tijolos e bata
com a colher até a aresta ficar na altura da linha.
• Termine a fiada e tire as sobras de argamassa, raspando-as com a
colher.
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SENAI-PE

• Mude a linha para a 2ª fiada.


• Espalhe argamassa sobre a 1ª fiada, enchendo ao mesmo tempo os
intervalos entre os tijolos.
• Assente os tijolos como na 1ª fiada, obedecendo à amarração e termine.
• Prossiga o assentamento nas fiadas seguintes, conforme as instruções,
até atingir o respaldo.
• Recolha a argamassa do chão e faça a limpeza do local.

Parede de 1 tijolo

Figura 96 – Parede de 1 tijolo.

Material: tijolos comuns, argamassa sem aglomerante.

Ferramentas: colher, linha, martelo, pregos, broxa, escantilhão, trena metálica,


balde.

Ordem de execução

• Fixe a linha na altura da aresta superior da 1ª fiada a ser assentada.


• Molhe a fiada de base, espalhe a argamassa na espessura de cerca de
2cm, na largura de 1 tijolo e no comprimento de ½ tijolo cada vez.
• Assente os tijolos, previamente molhados, atravessados (a tição), um
por um, com intervalos de 1cm. Acerte a face rente à linha, comprima os
tijolos e bata com a colher, até a aresta ficar na altura da linha.
• Termine a fiada e tire as sobras da argamassa, raspando-as com a
colher.
• Mude a linha para a 2ª fiada.
• Espalhe argamassa sobre a 1ª fiada, enchendo ao mesmo tempo os
intervalos entre os tijolos.
• Assente a 2ª fiada, colocando os tijolos ao comprido, dois a dois,
acertando os da face pela linha e os da contraface a olho, obedecendo à
amarração.
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SENAI-PE

• Prossiga o assentamento nas fiadas seguintes até atingir o respaldo.


• Rejunte as juntas na face.
• Recolha a argamassa do chão e faça a limpeza do local.

Parede de ½ tijolo com pilares de reforço de um 1 tijolo

Figura 97 – Parede de ½ tijolo com pilares de reforço de 1 tijolo.

Material: tijolos comuns, argamassa de cal.

Ferramentas: colher, linha, pregos, martelo, prumo, escantilhão, trena metálica,


balde e broxa.

Ordem de execução

• De acordo com a demarcação assente os tijolos, que servirão para


esticar a linha.
• Assente a 1ª fiada, obedecendo à amarração, tanto nos lugares para os
pilares como na parede.
• Assente a 2ª fiada, conforme a amarração.
• Continue as demais fiadas até o respaldo.
• Rejunte na face e faça a limpeza do local.

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SENAI-PE

Canto em ângulo reto de ½ tijolo

Figura 98 – Canto em ângulo reto de ½ tijolo

Material: tijolos comuns, argamassa sem aglomerante.

Ferramentas: colher, linha, pregos, martelo, prumo, escantilhão, balde, broxa,


esquadro, trena metálica.

Ordem de execução

• Assente o tijolo “a” no canto, obedecendo à demarcação.


• Assente um tijolo na extremidade de cada lance de parede e estique a
linha em ambos os lances.
• Assente a 1ª fiada nos dois lances.
• Aprume o tijolo “b” da 2ª fiada, usando o escantilhão para determinar a
fiada.
• Assente a 2ª fiada, obedecendo à amarração.
• Aprume o tijolo do canto da 3ª fiada, usando o escantilhão e assente a
fiada.
• Continue as demais fiadas até a altura indicada, aprumando sempre os
tijolos de canto.
• Rejunte nas duas faces das paredes.
• Recolha a argamassa do chão e faça a limpeza do local.

Canto em ângulo reto de 1 tijolo

Material: tijolos comuns, argamassa


sem aglomerante.

Figura 99 – Canto em ângulo reto de 1 tijolo.

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SENAI-PE

Ferramentas: colher, linha, pregos, martelo, prumo, escantilhão, broxa, balde,


esquadro e trena metálica.

Ordem de execução

• Assente o tijolo “a” no canto, e no lado comprido deste, dois tijolos de ¼,


obedecendo à demarcação.
• Assente um tijolo na extremidade de cada lance de parede e estique a
linha em ambos os lances.
• Assente a 1ª fiada nos dois lances, sendo que no lance 1 será com
tijolos ao comprido e no lance 2 à tição. Observe a amarração formada
pelos tijolos de ¼.
• Aprume o tijolo “b” da 2ª fiada, usando o escantilhão para determinar a
fiada, e assente os dois tijolos de ¼ ao lado dele.
• Assente a 2ª fiada nos dois lances, sendo que no lance 1 será com
tijolos à tição e no lance 2 ao comprido. Obedeça à amarração.
• Continue as demais fiadas até a altura indicada, aprumando sempre os
tijolos do canto.
• Rejunte nas duas faces.
• Recolha a argamassa do chão e faça a limpeza do local.

Ligação de parede de tijolo de ½ vez em ângulo reto com paredes de tijolo


de ½ vez

Figura 100 – Ligação de


paredes.

Material: tijolos, argamassa sem aglomerantes.

Ferramentas: colher, linha, martelo, prego, prumo, esquadro, escantilhão,


balde, broxa e trena metálica.

Ordem de execução

• Marque onde será construída a parede em seguida molhe-a.


• Coloque a argamassa e assente os tijolos das extremidades.
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SENAI-PE

• Fixe a linha na altura da aresta superior dos tijolos da 1ª fiada.


• Espalhe a argamassa e termine a fiada retirando as sobras de
argamassa.
• Faça a mesma coisa com a fiada que vem de encontro formando a
parede em T.
• Espalhe a argamassa sobre a primeira fiada iniciando a execução da
segunda fiada.

Ligação de paredes de tijolos de ½ vez em cruz

Figura 101 – Ligação de paredes.

Materiais: tijolos, argamassa sem aglomerante.

Ferramentas: colher, linha, martelo, prego, esquadro, prumo, balde, broxa,


escantilhão, trena metálica.

Ordem de execução

• Marque onde será construída a parede em seguida molhe-a.


• Coloque a argamassa e assente os tijolos.
• Fixe a linha na altura das arestas superiores dos tijolos.
• Espalhe a argamassa e termine a fiada retirando o excesso.

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SENAI-PE

Construção de parede de ½ vez em curva

Figura 102 – Parede de ½ vez em curva.

Material: tijolos comuns, argamassa de cal.

Ferramentas: colher de pedreiro, pregos, broxa, martelo de pedreiro, linha de


pedreiro, prumo de face, balde de 9 litros e trena metálica.

Ordem de execução

• Fazer a marcação do raio, esse raio será de 1 metro, a título de


ilustração. O raio deverá ser riscado conforme desenho abaixo,
utilizando-se a linha de pedreiro e prego.
• Efetuada a marcação, assentar a primeira fiada. O aluno deverá colocar
o prumo de face em todos os tijolos, uma vez que não será possível a
utilização da linha de pedreiro nesta tarefa.
• Assentar a segunda fiada, conforme a amarração. Observe atentamente
a ilustração.
• Não se esqueça de manter o local de trabalho sempre limpo.

Pilar quadrado de 1 ½ tijolo

Figura 103 – Pilar quadrado de 1 ½ tijolo.

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Material: tijolos comuns, argamassa de cal

Ferramentas: colher, prumo, martelo, esquadro, broxa, balde e trena metálica.

Ordem de execução

• Espalhe a argamassa para um quadrado de 1 ½ tijolo.


• Assente as fiadas conforme desenho.
• Raspe, rejunte e faça a limpeza.

Dica
Em todas as tarefas executadas é indispensável o cuidado com a
limpeza do local de trabalho.
Deixe sempre o ambiente limpo e em perfeita ordem.

O próximo capítulo apresenta um breve panorama da Construção Civil em


relação ao meio ambiente.

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SENAI-PE

CONSTRUÇÃO CIVIL E MEIO AMBIENTE

Cada vez mais, é preocupante o desequilíbrio que o homem vem causando ao


meio ambiente. Com o passar dos anos, este desequilíbrio vem aumentando,
trazendo danos à população mundial.

Tsunamis, chuvas torrenciais, terremotos, tempestades de neve, tornados,


secas prolongadas, são exemplos de fenômenos que trazem, às vezes, graves
consequências para a vida das pessoas.

Foi com esta preocupação que o CONAMA – Conselho Nacional de Meio


Ambiente – criou a resolução nº 307 que traça diretrizes em relação aos
resíduos sólidos gerados pela indústria da construção civil. Ela estabelece que
a obrigação principal do gerador é a não geração do resíduo, secundariamente
a reutilização, reciclagem e redução, e, por último, a destinação
compromissada.

Foi solicitada pelo Ministério das Cidades uma pesquisa para saber qual era o
percentual de resíduos num aterro que corresponderia a resíduos oriundos da
indústria da construção civil, e foi obtido o seguinte resultado:

Como se pode observar, a


indústria da construção civil
descartou cerca de mais de
60% de resíduos num aterro,
ficando claro que se deve
atentar e tomar algumas
atitudes em relação a esta
questão.

Figura 104 – Gráfico com percentual de resíduos

Então, o que fazer?

O primeiro passo é trabalhar de forma racionalizada, ou seja, tudo começa com


um bom planejamento das atividades, porém não basta planejar, temos que
controlar o que foi planejado, para que possamos verificar a eficácia do nosso
planejamento e tomar as ações corretivas necessárias.

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Muitos dos recursos utilizados num canteiro de obra poderão deixar de existir
devendo ser substituídos por insumos alternativos. Sendo assim, deve-se usá-
los de forma racional, buscando outros meios que gerem menos prejuízo
ambiental.

Observe que usando bem os recursos teremos menos desperdícios* e menos


resíduos nos aterros.

Figura 105 – Fluxo de transformação da matéria-prima

Figura 106 – Resíduos de construção civil.

Reciclagem

Certamente você já ouviu falar em reciclagem. Analise o conceito a seguir.

Reciclar é economizar energia, poupar recursos naturais e trazer de volta ao


ciclo produtivo o que é jogado fora. A reciclagem é um processo industrial que
converte o lixo descartado (matéria-prima secundária) em produto semelhante
ao inicial ou outro.

* Desperdiçar: gastar sem proveito, esbanjar.

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A palavra reciclagem foi introduzida no vocabulário internacional no final da


década de 80, quando foi constatado que as fontes de petróleo e outras
matérias-primas não renováveis estavam e estão se esgotando.

Reciclar significa = Re (repetir) + cycle (ciclo).

Quais benefícios a reciclagem pode nos trazer?

• contribui para diminuir a poluição do solo, água e ar;


• melhora a limpeza da cidade e a qualidade de vida da população;
• prolonga a vida útil de aterros sanitários;
• melhora a produção de compostos orgânicos;
• gera empregos para a população não qualificada;
• gera receita com a comercialização dos recicláveis;
• estimula a concorrência, uma vez que produtos gerados a partir dos
reciclados são comercializados em paralelo àqueles gerados a partir de
matérias-primas virgens;
• contribui para a valorização da limpeza pública e para formar uma
consciência ecológica.

A grande solução para os resíduos sólidos é aquela que prevê a máxima


redução da quantidade na fonte geradora. Quando os resíduos não podem ser
evitados, devem ser reciclados por reutilização ou recuperação, de tal modo
que seja o mínimo possível o que tenha como destino final os aterros
sanitários.

Classificação dos resíduos de construção:

• Classe A - Reutilizáveis ou recicláveis para uso como agregados, pela


própria atividade da construção (concretos, argamassas, cerâmicos,
solos, etc.).
• Classe B - Recicláveis ou reutilizáveis em outras atividades (madeira,
metal, plástico, papel, vidro e gesso).
• Classe C - Sem tecnologia que permita sua reciclagem ou reutilização.
• Classe D – Perigosos (tintas, solventes, óleos, amianto).

Coleta seletiva

A sinalização de acondicionamento diferenciado ou coleta seletiva são os


termos utilizados para o recolhimento dos materiais que podem ser reciclados,
previamente separados na fonte geradora. Dentre estes materiais recicláveis,
podemos citar os diversos tipos de papéis, plásticos, metais e vidros.
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A separação na fonte evita a contaminação dos materiais reaproveitáveis,


aumentando o valor agregado destes e diminuindo os custos de reciclagem.

Para iniciar um processo de coleta seletiva é preciso avaliar, quantitativamente


e qualitativamente, os tipos de resíduos sólidos gerados em determinado
município ou localidade, a fim de estruturar melhor o processo de coleta.

Figura 107 – Sinalização de coleta seletiva

Todo trabalhador pode contribuir para que o planeta seja um lugar melhor para
se viver. A coleta seletiva é um belo exemplo de como cada um pode começar
a mudar a realidade atual. Todos nós somos responsáveis pela melhoria das
condições de vida no planeta.

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CONCLUINDO

Estamos chegando ao fim de nosso estudo.

É sempre importante lembrar!

• Utilize os EPIs necessários às tarefas que serão realizadas.


• Escolha a ferramenta adequada para o serviço que será executado. Não
improvise, pois para cada tipo de serviço há o instrumento certo. Não
confeccione ferramentas, utilizando materiais inadequados ou de qualidade
inferior. Não improvise.
• Inspecione cuidadosamente as ferramentas antes de usá-las. Se estiverem
defeituosas, em mau estado, quebradas, com cabos rachados ou frouxos,
NÃO UTILIZE.
• Mantenha as ferramentas sempre limpas e em bom estado.
• Transporte sempre as ferramentas, principalmente as cortantes e
pontiagudas, em caixas apropriadas e nunca nos bolsos ou no cinto, pois
podem causar ferimentos em seu corpo.
• Use sempre ferramentas com as dimensões exatas.
• Conserve os cabos das ferramentas sempre sem óleos, graxas ou
solventes para que não escorreguem das mãos.
• Sempre mantenha o rosto distante da ferramenta em uso.
• Nunca entregue uma ferramenta jogando-a.
• Guardar as ferramentas após o uso, em caixas ou gavetas, sempre com as
pontas e extremidades cortantes para baixo para que ao pegá-las depois
não venha a se machucar.
• Para serviços em eletricidade, use ferramentas com cabos isolados.
• Ferramentas espalhadas pelo chão podem causar escorregões, cortes, etc.
E em lugares elevados podem cair e ferir alguém, então: GUARDE-AS!
• Procure sempre ler os manuais das ferramentas elétricas portáteis e as
recomendações de segurança indicadas pelo fabricante.
• Aprenda o método de utilização e procure informações sobre a construção
da ferramenta elétrica manual para entender sobre os seus riscos e perigos.

“Lembre-se: quando você trabalha com ferramentas manuais, elas são a


extensão de suas mãos. Portanto, tome cuidado para não se acidentar. Na
dúvida, consulte sua chefia”.

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REFERÊNCIAS

• Projeto Competir. Programa integrado de Racionalização e Gestão de


Resíduos Sólidos da Indústria da Construção Civil – Recife, SENAI-
PE/SEBRAE-PE / GTZ, 2001.
• Mendonça, Olimpio José Torres. Otto Ayres de. Apostila Ajudante de
Pedreiro - Recife, SENAI/DITEC/DET, 2003.
• Silva, Jaildo Assis e Alencar, Ana Paula Pereira. Apostila Servente de
Obra – Recife, SENAI/DITEC/DET, 2012.

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CRÉDITOS

Elaboração
• Ana Paula Pereira Alencar
• Jaildo Assis da Silva
• Olímpio José Torres de Mendonça
• Otto Ayres de Mendonça

Revisão Técnica
• Alexandre Soares da Paz
• Manoel Alves de Oliveira

Digitação
• Ana Daniela C. Teixeira
• Jaildo Assis da Silva

Revisão Ortográfica
• Teresa Lucrécia Melo Santos

Diagramação
• Anna Daniela C. Teixeira
• Lindalva Maria da Silva

Editoração
• Divisão de Educação Profissional e Tecnológica – DET

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