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DEFINIÇÃO

Apresentação da relação do ambiente de trabalho e dos acidentes sofridos pelos


trabalhadores, bem como os tipos de acidentes de trabalho, a responsabilidade das empresas
na prevenção e a promoção da saúde dos trabalhadores.

PROPÓSITO
Compreender a estruturação pelas empresas de ambientes seguros na prevenção aos
acidentes de trabalho, bem como a atuação dos profissionais e das equipes de segurança na
prevenção de acidentes e na promoção de um ambiente de trabalho saudável.

OBJETIVOS
MÓDULO 1

Reconhecer as estratégias a serem adotadas pelas empresas para um ambiente de trabalho


seguro

MÓDULO 2

Identificar a participação das equipes de saúde e segurança na promoção do ambiente de


trabalho seguro

INTRODUÇÃO
A segurança no trabalho é vital para os trabalhadores, suas famílias e a sociedade. Quando o
ambiente profissional não oferece isso, ocorrem tanto doenças quanto acidentes relacionados
à função que eles ocupam.

Fonte: Halfpoint / Shutterstock

Pessoas morrem todos os dias por conta de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho. A
Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que são 2,78 milhões de morte por ano.

Dados internacionais apontam que, em 2017, foram registrados 374 milhões de acidentes de
trabalho no mundo, porém esses dados podem ser ainda maiores, já que muitos deles sequer
são notificados.

No Brasil, registrou-se, em 2018, o seguinte número no mercado de trabalho formal: 623.786


acidentes. No ranking mundial, nosso país já ocupa o quarto lugar relativo aos que são fatais.

MÓDULO 1

Reconhecer as estratégias a serem adotadas pelas empresas para um


ambiente de trabalho seguro

Todas as atividades laborais desenvolvidas possuem pelo menos um risco ocupacional


associado a elas, ou seja, todo trabalhador está exposto a algum tipo de risco ocupacional e
aos agentes associados a ele. Isso não quer dizer que a pessoa irá adoecer ou se acidentar
devido a essa exposição.

É necessário avaliar se o trabalhador está exposto a um agente de risco sem a devida


proteção, seja ela proveniente de:

Fonte: MichaelGaida/pixabay
AMBIENTE

Fonte: skeeze/pixabay

PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Com isso, um programa de segurança do trabalho bem estruturado reduz os acidentes e as


suas consequências.

VAMOS RELEMBRAR QUAIS SÃO OS RISCOS


OCUPACIONAIS?
RISCOS OCUPACIONAIS E NORMAS
REGULAMENTADORAS
O professor Vanilson Fragoso aponta os riscos ocupacionais e as principais normas
regulamentadoras voltadas para a segurança dos trabalhadores.
VANILSON FRAGOSO SILVA

Mestre em Ciências do Meio Ambiente pela Universidade Veiga de Almeida (UVA) e


Graduado em Administração Industrial pelo Centro Federal de Educação Tecnológica
Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ). É professor universitário, consultor, auditor e
instrutor em diversos modelos de gestão. Atua em segmentos diversos, como siderurgia,
química, petroquímica, mineração, construção civil, hotelaria, cimenteira, energia,
farmacêutica, engenharia etc.

Fonte: Plataforma Lattes

FATORES DE RISCOS DE ACIDENTE OU


MECÂNICOS
Eles colocam em perigo o trabalhador ou afetem sua integridade física, moral e emocional. Em
algumas bibliografias, tais fatores ainda são descritos como um risco mecânico.

Esses elementos de risco são representados por

Arranjo físico deficiente;

Máquinas e equipamentos sem proteção;


Ferramentas inadequadas ou obsoletas;

Incêndio ou explosão;

Animais peçonhentos;

Armazenamento inadequado;

Improvisos nos ambientes de trabalho.

Associados a esses fatores, os psicossociais também contribuem para os acidentes de


trabalho, como ocorre, por exemplo, nestes casos:

Jornadas de trabalho extensas;

Horas extras em excesso;

Ritmo acelerado das tarefas;

Ausência de pausas ao longo da jornada;

Movimentos repetitivos;

Violências no ambiente de trabalho;

Assédio e discriminação.

Além disso, existe ainda uma falta de treinamento dos trabalhadores para o manuseio dos
maquinários.

ACIDENTE DE TRABALHO
“Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução
permanente ou temporária da capacidade para o trabalho.” (BRASIL, 1991)
Para o Ministério da Saúde, por sua vez, esse acidente é:

“[...] um evento súbito ou agudo ocorrido no exercício de atividade laboral, que pode ter como
consequência a perda de tempo, o dano material e/ou lesões ao trabalhador. Pode acarretar
danos à saúde, potencial ou imediato, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, que
causa direta ou indiretamente a morte, a perda ou a redução permanente ou temporária da
capacidade para o trabalho”. (BRASIL, 2006)

ATENÇÃO

Não é necessário haver um vínculo empregatício formal para que um evento seja caracterizado
como acidente de trabalho, já que ele pode ocorrer com qualquer trabalhador,
independentemente de vínculo ou inserção nesse mercado.

Para os trabalhadores com vínculo empregatício formal, ou seja, carteira de trabalho assinada,
a referência legal é a Lei nº 8.213/1991, pois ela dispõe sobre os planos de benefícios da
Previdência Social. Será a partir dela que desenvolveremos este tema.

ACIDENTE DE TRABALHO TÍPICO X


TRAJETO
Classificar um acidente de trabalho como típico ou trajeto auxilia na adoção de estratégias de
proteção aos trabalhadores e na prevenção dos acidentes.
Fonte: ME Image / Shutterstock

Os acidentes típicos são os que ocorrem durante o exercício da própria atividade laboral no
ambiente de trabalho. Vejamos este exemplo: um trabalhador fica gravemente ferido após cair
de um andaime na obra em que trabalha.
Fonte: Photo Spirit / Shutterstock

Já os acidentes de trajeto são aqueles que ocorrem no percurso, feito por qualquer meio de
locomoção, da residência para o local de trabalho (ou vice-versa). Estão incluídos nele tanto os
de transporte quanto outros acidentes e violências interpessoais.

EXEMPLO

Às 6h30 de uma terça-feira, após ser fechado por um carro de passeio, o motorista de ônibus
perde a direção e bate em um muro de proteção na Avenida Brasil. Há registro de passageiros
feridos.

Se houver no local trabalhadores que estivessem a caminho do trabalho ou de casa (ou seja,
saindo do serviço), poderemos registrar o acidente deles como um de trabalho de trajeto.

ATENÇÃO

Nem sempre o trajeto de um trabalhador se dá pelo binômio casa-trabalho ou trabalho-casa.


Quando existe a necessidade de diariamente ter de fazer outro percurso, como levar as
crianças para a escola e depois seguir até o trabalho, ele será o trajeto realmente considerado.
Mas fique atento a dois detalhes: além de o percurso feito precisar ser o mesmo todos os dias,
a empresa deve conhecê-lo.

Diversas situações podem acarretar um acidente. Muitas outras, por sua vez, são consideradas
acidentes de trabalho.

De acordo com a Lei nº 8.213/1991:

“Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras


necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no
exercício do trabalho”. (BRASIL, 1991)

Portanto, caso haja um acidente nessas condições, ele é considerado um acidente de trabalho.

Fonte: fizkes / Shutterstock

Ainda segundo a lei federal de 1991, equipara-se a um acidente do tipo o sofrido pelo
trabalhador segurado no local e horário do trabalho em consequência de:

Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de


trabalho;

Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao


trabalho;

Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de


trabalho;

Ato de pessoa privada do uso da razão;


Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força
maior;

A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua


atividade.

TODO TRABALHADOR SEGURADO QUE SOFRA


UM ACIDENTE DE TRABALHO, COM
AFASTAMENTO PROFISSIONAL OU NÃO,
PRECISA REGISTRÁ-LO. OS ACIDENTES SÃO
REGISTRADOS NA COMUNICAÇÃO DE
ACIDENTE DE TRABALHO (CAT).

RELEMBRANDO

Você se lembra da CAT? Então vamos relembrar: ela é um documento emitido pela empresa
para o reconhecimento de um acidente de trabalho (típico ou trajeto), bem como uma doença
ocupacional.

QUEM PREENCHE A CAT? ATÉ QUANDO ELA


PODE SER PREENCHIDA?

A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos os acidentes de trabalho até o


primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência, mas, em caso de morte, a comunicação deve ser
imediata, ou seja, no mesmo dia. Todos os acidentes precisam ser registrados, mesmo aqueles
em que não houve a necessidade de afastamento das atividades.

ATENÇÃO

Caso não faça essa comunicação dentro do prazo estipulado pela lei, a empresa está sujeita à
aplicação de multa. Na ausência do registro, que deveria ser feito por ela, pode efetivá-lo, a
qualquer tempo, o próprio trabalhador, a entidade sindical, o médico ou a autoridade pública.

Mas isso não exclui a possibilidade da aplicação da multa à empresa.

CAUSAS DOS ACIDENTES


Na avaliação das causas dos acidentes de trabalho, existem dois fatores – ainda que eles não
sejam os únicos – principais: ato inseguro e condição insegura.

ATOS INSEGUROS
De acordo com Araújo (2010), eles são caracterizados por ações voluntárias e até mesmo
involuntárias por parte dos trabalhadores que independem das condições que o ambiente
oferece. Isso pode ocorrer em casos de:

· Imprudência: Agir sem precaução, atuando de forma precipitada e sem considerar os riscos
da função;
· Negligência: Não ter cuidado por conta de uma omissão voluntária;
· Imperícia: Falta de aptidão necessária para executar uma função;
· Características pessoais: Quem é a pessoa, seu nível de instrução e seu conhecimento sobre
os riscos.

CONDIÇÕES INSEGURAS
Diretamente relacionadas a fatores ambientais, elas compreendem os seguintes fatores:

· Irregularidades ou defeitos materiais;


· Irregularidades técnica;
· Riscos ambientais existentes nos locais de trabalho.
Fonte: Pongchart B / Shutterstock

É importante que os profissionais de segurança do trabalho estejam atentos aos fatores de


risco que contribuam para os acidentes, assim como aos próprios trabalhadores, pois alguns
deles não utilizam os equipamentos de proteção de forma correta nem seguem as normas de
segurança, colocando a própria vida e a dos colegas em risco.

Em um acidente avaliado como ato inseguro, deve-se investigar se o trabalhador conhecia os


riscos, se teve treinamento adequado, se possuía aptidão para a tarefa, se usou de excesso de
confiança e se houve distração.

Quanto àquele provocado por condições inseguras, é preciso avaliar, entre outras
irregularidades, as falhas no projeto, os erros de instalações, a falha ou deficiência nas
manutenções (como máquinas e ferramentas), a falta de ordem ou disposição de materiais, as
instalações elétricas inadequadas, os defeitos em escadas ou plataformas e a iluminação
inadequada.

CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES


Em um acidente de trabalho, todos sofrem as consequências, mas os mais prejudicados são os
trabalhadores, assim como, muitas vezes, suas famílias. Dependendo da caracterização do
ocorrido, os acidentados poderão usufruir dos seguintes benefícios previdenciários:
Fonte: Stock-Asso / Shutterstock

Auxílio-doença: Benefício por incapacidade devido ao segurado do INSS que comprove, em


perícia médica, estar temporariamente incapaz para o trabalho em decorrência de doença ou
acidente;

Fonte: George Rudy / Shutterstock

Auxílio-acidente: Benefício de natureza indenizatória pago ao segurado social quando, em


decorrência de acidente, ele apresenta uma sequela permanente que reduz sua capacidade
para o trabalho. Essa situação é avaliada pela perícia médica do INSS. Como se trata de uma
indenização, ela não impede o cidadão de continuar trabalhando;
Fonte: ChooChin / Shutterstock

Aposentadoria por invalidez: Benefício devido ao trabalhador permanentemente incapaz


de exercer qualquer atividade laborativa e que também, de acordo com a avaliação da
perícia médica do INSS, não possa ser reabilitado em outra.

No caso de morte, a família fará jus à pensão por morte.

ATENÇÃO

Em um acidente de trabalho cujo trabalhador fique afastado por mais de 15 dias e faça jus ao
auxílio-doença previdenciário, a empresa é obrigada a continuar depositando seu FGTS até
que ele tenha alta médica e possa retornar ao trabalho.

O trabalhador também tem direito à estabilidade provisória de emprego por 12 meses, ou seja,
não pode ser demitido. Neste caso, a demissão só pode ocorrer por justa causa.
JUSTA CAUSA

Ato danoso ou faltoso do empregado que faz com que o empregador perca a confiança
nele, justificando, assim, a rescisão do contrato de trabalho. Neste caso, o empregado
perde vários direitos.

AGORA QUE JÁ FALAMOS BREVEMENTE


SOBRE OS ACIDENTES DE TRABALHO E COMO
ELES SE CONFIGURAM, VAMOS ENTENDER
COMO AS EMPRESAS PODEM TRABALHAR
PARA EVITÁ-LOS?

Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, a segurança dos trabalhadores não começa
com a implantação de uma equipe de segurança do trabalho nem com o treinamento deles
sobre riscos laborais e equipamentos de proteção.

Ela, na verdade, já começa quando uma empresa é criada. Um dos pilares de uma
organização deve ser a compreensão da responsabilidade e o compromisso dela com a saúde
e segurança dos seus funcionários. A partir daí, ela poderá adotar as estratégias de segurança
obrigatórias e outras opcionais que correspondam mais a seu perfil.

Dentro das estratégias obrigatórias, será necessário, dependendo da atividade da empresa,


implementar tanto normas regulamentadoras (NRs) promulgadas pelo Ministério do Trabalho
– extinto em 2019 – quanto outras estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT).
MINISTÉRIO DO TRABALHO

Com a reforma da estrutura administrativa aprovada pelo Congresso, o governo do


presidente Jair Messias Bolsonaro decidiu pela extinção do Ministério do Trabalho (criado
em 1930 pelo então presidente Getúlio Vargas). Com isso, o antigo ministério passou a
integrar uma das pastas do Ministério da Economia. Há ainda muitas críticas relevantes
da comunidade jurídica em relação a tamanha mudança. Sua preocupação gira em torno
das fiscalizações e da legislação trabalhista.

PRINCIPAIS NORMAS
REGULAMENTADORAS VOLTADAS PARA A
SEGURANÇA DOS TRABALHADORES
Algumas normas regulamentadoras (NRs) são comuns a todas as empresas, enquanto outras
se aplicam de forma específica em determinados segmentos de trabalho. As indicadas a seguir
são as principais a serem adotadas:
Fonte: Levent Konuk / Shutterstock

Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT):


NR 04;

Fonte: goodluz / Shutterstock

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): NR 05;


Fonte: Phonix_a Pk. sarote / Shutterstock

Equipamento de proteção individual (EPI): NR 06;

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Considera-se um EPI todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo


trabalhador que esteja destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar sua
segurança e saúde no trabalho. Esta NR foi atualizada em 2018.
Fonte: A_stockphoto / Shutterstock

Proteção contra incêndios: NR 23;

Fonte: Love Silhouette / Shutterstock

Sinalização de segurança: NR 26.


ATENÇÃO

Outras serviços e garantias, como SESMT, CIPA, proteção contra incêndios e sinalização de
segurança, serão abordados de forma mais detalhada no próximo módulo

Na NR 06, fica claro que a empresa é obrigada a fornecer gratuitamente ao empregado um EPI
adequado ao risco e em perfeito estado de conservação, devendo trocá-lo sempre que houver
a necessidade.

Além disso, ela precisa fornecer treinamento adequado quanto ao uso dos dispositivos e exigir
o emprego dos equipamentos pelos trabalhadores.

Aos trabalhadores, cabe usar os equipamentos fornecidos para a finalidade a que eles se
destinam, zelar por sua conservação e comunicar ao empregador quaisquer alterações que
tornem os equipamentos impróprios para o uso.

Duas normas devem ser adotadas em ambientes insalubres ou perigosos, ou seja, que podem
gerar acidentes de trabalho:

NR 15 — ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES


São as que estão acima dos limites de tolerância permitidos pela NR.

Caso seja comprovado, por meio de laudo de inspeção do trabalho, que o ambiente oferece
condições insalubres para os trabalhadores, eles farão jus a um adicional de 40% que incide
sobre o salário mínimo da região para a insalubridade de grau máximo; 20%, para a de grau
médio; e 10%, para a de grau mínimo.

É importante frisar que, quando a insalubridade for eliminada ou neutralizada, o pagamento do


adicional será cessado.

NR 16 — ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS


O exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador um adicional
de 30% incidente sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participação nos lucros da empresa. Exemplo de atividade contemplada na NR 16: pessoas
que trabalham com explosivos.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (ABNT)

Ela é talvez a associação mais conhecida entre os universitários: quem nunca ouviu falar que
“o trabalho deverá ser feito nas normas da ABNT”? Porém, além das regras para a elaboração
de trabalhos acadêmicos, a ABNT, que é uma entidade privada e sem fins lucrativos, fornece
uma série de normas para diversos segmentos da sociedade.

ATENÇÃO

Norma é o documento estabelecido e aprovado por um organismo conhecido que fornece


diretrizes para atividades ou resultados. Muitas normas são de uso voluntário, ou seja, não há
uma obrigatoriedade estipulada em lei para sua adoção.

A ABNT É MEMBRO FUNDADOR DA


INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR
STANDARDIZATION (ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL DE NORMALIZAÇÃO — ISO),
DA COMISSÃO PANAMERICANA DE NORMAS
TÉCNICAS (COMISSÃO PAN-AMERICANA DE
NORMAS TÉCNICAS — COPANT) E DA
ASSOCIACIÓN MERCOSUR DE NORMALIZACIÓN
(ASSOCIAÇÃO MERCOSUL DE NORMALIZAÇÃO
— AMN). DESDE SUA FUNDAÇÃO, EM 1940, É
MEMBRO DA INTERNATIONAL
ELECTROTECHNICAL COMMISSION (COMISSÃO
ELETROTÉCNICA INTERNACIONAL — IEC).

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2020)

Além da publicação de normas, a ABNT atua na área de certificação, possuindo, atualmente,


mais de 400 programas de certificação em diversos segmentos. Ela é o Organismo Certificador
de Produtos (OCP) com maior escopo de acreditação junto ao Inmetro.

O QUE É UMA CERTIFICAÇÃO?

Fonte: Siwakorn1933 / Shutterstock

Trata-se de um processo no qual uma entidade independente avalia se determinado produto


atende às normas técnicas. Essa avaliação se baseia em auditorias no processo produtivo, na
coleta e em ensaios de amostras. O resultado satisfatório dessas atividades leva à concessão
da certificação e ao direito ao uso da marca (ABNT).

Um dos principais benefícios de uma certificação é o comprometimento com a qualidade não


só de produtos e serviços fornecidos para os consumidores, mas também, de certa forma, com
a saúde e segurança dos funcionários, pois é necessário haver um ambiente salubre e seguro
para que todos possam produzir com qualidade.
NORMAS DE SEGURANÇA INTERNACIONAIS

Fonte: ricochet64 / Shutterstock

Por meio das convenções e recomendações, a OIT estabelece padrões trabalhistas,


desenvolve políticas e elabora programas que promovam o trabalho decente para todos os
trabalhadores.

Aos países membro da OIT, cabe adotar as recomendações e aplicá-las internamente. Como o
Brasil é um deles, muitas de suas legislações e normas relacionadas ao trabalho foram
adotadas de acordo com as recomendações e algumas convenções do órgão

Boa parte das recomendações da OIT são voltadas para a segurança dos trabalhadores nos
estabelecimentos. Apesar de esse tópico ser uma preocupação muito antiga, infelizmente
ainda há muitos registros de acidentes de trabalho.

Adotar as recomendações e implantá-las no país até pode parecer fácil, mas, em um território
como o Brasil, não é bem assim. A adoção de medidas de segurança precisa começar com a
conscientização do empregador e dos empregados.

Ter um ambiente seguro significa muito mais do que cumprir regras: é preciso compreender
vários fenômenos, como a natureza social e organizacional das atitudes e dos comportamentos
de segurança dos indivíduos.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR


STANDARDIZATION (ISO)
Fonte: Wright Studio / Shutterstock

Mais conhecida como ISO, a Organização Internacional de Normalização é uma entidade não
governamental composta por 164 membros. Seus especialistas se reúnem a fim de
compartilhar conhecimentos e desenvolver normas internacionais voluntárias que sejam
relevantes para o mercado que apoiam a inovação e forneçam soluções para os desafios
globais.

COMENTÁRIO

A própria organização chama a atenção para uma curiosidade: como a International


Organization for Standardization teria siglas diferentes em diferentes idiomas, seus fundadores
decidiram adotar o formato abreviado de ISO, pois ele deriva do grego isos, que significa igual.

A ISO, hoje em dia, tem mais de 23.249 normas internacionais, mas destacaremos neste tema
somente três: ISO 9001:2015 (sistemas de gestão da qualidade), ISO 14001:2015 (sistemas de
gestão ambiental) e ISO 45001:2018 (sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional).

ISSO 9001:2015 SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE


Fonte: Shutterstock

Conhecida por fazer parte da família ISO 9000, a ISO 9001:2015 especifica os requisitos para
um sistema de gestão da qualidade quando uma empresa visa a aumentar a satisfação dos
clientes por meio da aplicação efetiva do sistema, incluindo, além de requisitos regulamentares
aplicáveis, processos para melhoria do processo e garantia de conformidade com cliente.

Todos os requisitos desta ISO são genéricos e são aplicáveis a qualquer organização,
independentemente dos produtos e serviços que ela oferece.

A família ISO 9000 é o padrão de gerenciamento de qualidade para empresas de qualquer


tamanho, sendo a mais conhecida no mundo.

ISO 14001:2015 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL


Fonte: Shutterstock

A ISO 14001:2015 destina-se às empresas que buscam gerenciar suas responsabilidades


ambientais de maneira sistemática em prol da sustentabilidade.

Esta ISO ajuda no alcance de resultados pretendidos pelas empresas que, no sistema de
gestão ambiental, agreguem valor ao meio ambiente, à própria organização e à sociedade. Ela
é aplicável em qualquer organização independentemente do tamanho e da atividade
desenvolvida.

ISO 45001:2018 SISTEMAS DE GESTÃO DE


SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL
Fonte: geralt/pixabay

A ISO 45001:2018 destaca os requisitos para um sistema de gerenciamento de saúde e


segurança do trabalho ao fornecer orientações para seu uso, permitindo que as empresas
forneçam ambientes de trabalho seguros e saudáveis e prevenindo acidentes e adoecimentos
relacionados ao trabalho.

Consistente com a política de saúde e segurança do trabalho (SST) da empresa, os resultados


pretendidos de um sistema de gerenciamento de SST incluem:

· Melhoria contínua do desempenho em SST;


· Cumprimento dos requisitos legais e outros requisitos;
· Alcance dos objetivos de SST.

Empresas certificadas para a BS OSHAS 18001 (gestão de segurança e saúde) precisarão


migrar para a ISO 45001 até o ano de 2021, uma vez que esta BS foi substituída pela referida
ISO. A certificação credenciada da ISO 45001 demonstra o compromisso de uma empresa em
garantir condições de trabalho decente, saúde, bem-estar e práticas de igualdade, uma vez
que ela está alinhada aos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) das Nações Unidas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. O MOTORISTA DE UM ÔNIBUS DA VIAÇÃO PLATÃO BATEU EM UM


MURO DE PROTEÇÃO EM UMA VIA MUITO MOVIMENTADA. ALÉM DELE,
ALGUNS PASSAGEIROS QUE ESTAVAM RETORNANDO PARA CASA
APÓS UM DIA DE TRABALHO SOFRERAM FERIMENTOS E FORAM
LEVADOS PARA O HOSPITAL MUNICIPAL DA CIDADE. LEVANDO EM
CONSIDERAÇÃO TODOS OS TRABALHADORES ENVOLVIDOS NO
ACIDENTE, ESSA SITUAÇÃO SE EQUIPARA A UM ACIDENTE DE
TRABALHO:

A) Típico.

B) Trajeto e típico.

C) Trajeto.

D) Não é considerado um acidente de trabalho.

2. A NORMA ISO 45001:2018 (SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA E


SAÚDE OCUPACIONAL) POSSUI REQUISITOS QUE DETERMINAM OS
PROCESSOS NECESSÁRIOS E O ESTABELECIMENTO DE MÉTODOS
PARA ASSEGURAR A PRODUÇÃO DOS RESULTADOS DESEJADOS. AO
IMPLANTAR UM SISTEMA COM BASE NA ISO 45001, UM GESTOR
DESEJA:

A) Gerenciar suas responsabilidades ambientais de maneira sistemática em prol da


sustentabilidade.

B) Organizar um sistema de gestão da qualidade de serviços e produtos, visando a aumentar a


satisfação dos clientes.

C) Gerenciar a saúde e a segurança do trabalho, proporcionando aos trabalhadores um


ambiente de trabalho seguro e saudável.

D) Estabelecer um plano detalhado de projeto para o lançamento de um produto inovador no


mercado que supere as expectativas de seus clientes.

GABARITO

1. O motorista de um ônibus da Viação Platão bateu em um muro de proteção em uma


via muito movimentada. Além dele, alguns passageiros que estavam retornando para
casa após um dia de trabalho sofreram ferimentos e foram levados para o hospital
municipal da cidade. Levando em consideração todos os trabalhadores envolvidos no
acidente, essa situação se equipara a um acidente de trabalho:

A alternativa "B " está correta.

Levando em consideração todos os trabalhadores envolvidos, temos a seguinte situação: o


motorista que se acidentou na atividade laboral é um acidente típico, enquanto os passageiros
retornando para casa indicam um acidente de trajeto.

2. A norma ISO 45001:2018 (sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional)


possui requisitos que determinam os processos necessários e o estabelecimento de
métodos para assegurar a produção dos resultados desejados. Ao implantar um sistema
com base na ISO 45001, um gestor deseja:

A alternativa "C " está correta.

A ISO 45001:2018 fornece diretrizes para que as empresas forneçam ambientes de trabalho
seguros e saudáveis para seus funcionários.

MÓDULO 2

Identificar a participação das equipes de saúde e segurança na


promoção do ambiente de trabalho seguro
PRIMEIRAS PALAVRAS
Para a promoção da saúde dos trabalhadores e a prevenção de acidentes de trabalho, as
empresas precisam desenvolver um sistema eficaz de segurança no trabalho. Ele deve ser
aprimorado continuamente, levando em consideração as recomendações da OIT, assim como
as legislações nacionais, a participação de equipes especializadas no assunto, a capacitação
dos trabalhadores e a rede de informações.

ATENÇÃO

Das equipes especializadas que atuam na maior parte das empresas, duas serão abordadas
neste módulo. No entanto, outras também são importantes e desempenham seu papel com o
propósito de contribuir na promoção da saúde dos trabalhadores.

Essas equipes estão contempladas nas normas de nº 04 e 05. Conforme já apontamos neste
tema, elas tratam respectivamente dos SESMT e da CIPA. Tendo isso em vista, destacaremos
a seguir as características das principais normas da área da segurança do trabalho.

NORMAS REGULAMENTADORAS

ANTES DE PROSSEGUIRMOS COM O


CONTEÚDO, VAMOS RELEMBRAR O QUE SÃO
AS NRS?
AS NRS SÃO DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES
AO CAPÍTULO V DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS
DO TRABALHO (CLT), CONSISTINDO EM
OBRIGAÇÕES, DIREITOS E DEVERES A SEREM
CUMPRIDOS POR EMPREGADORES E
TRABALHADORES COM O OBJETIVO DE
GARANTIR TRABALHO SEGURO E SADIO,
PREVENINDO A OCORRÊNCIA DE DOENÇAS E
ACIDENTES DE TRABALHO.

(BRASIL, 2020b)

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA


DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO
TRABALHO (SESMT)

Fonte: Elnur / Shutterstock

A SESMT foi criada para promover a saúde e proteger a integridade física e mental do
trabalhador no local de trabalho. Sua equipe é composta por engenheiros de segurança do
trabalho, técnicos de segurança do trabalho, médicos do trabalho, enfermeiros do trabalho e
técnicos de enfermagem do trabalho.

O número de cada componente na equipe depende do contingente de funcionários da empresa


e da gradação de risco da atividade principal do estabelecimento. Isso significa que o número
de componentes dos SESMT varia de acordo com algumas características do negócio.

VOCÊ SABE COMO ENCONTRAR O GRAU DE


RISCO EM QUE UMA EMPRESA SE ENQUADRA?

Podemos verificá-lo acessando o quadro I da NR 04. Visualizamos ali a relação da


Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) com o correspondente grau de risco
do tipo de atividade principal da empresa.

RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS NA


PREVENÇÃO DE RISCOS
O professor Vanilson Fragoso explica o grau de risco em que uma empresa pode se enquadrar.
Às equipes dos SESMT, cabe:

Aplicarem conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do trabalho ao ambiente


laboral e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir
e até eliminar os riscos existentes à saúde do trabalhador;

Determinarem – quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do risco e ele
ainda persistir, mesmo que esteja reduzido – a utilização de EPI pelo trabalhador de acordo
com as determinações da NR 06, desde que a concentração, a intensidade ou a característica
do agente assim o exija;

Responsabilizarem-se tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas


NRs aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou a seus estabelecimentos;

Manterem permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo de suas


observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la segundo dispõe a NR 05;

Promoverem, por meio de campanhas e programas de duração permanente, a realização de


atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de
acidentes do trabalho e doenças ocupacionais;

Esclarecerem e conscientizarem os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças


ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção;

Registrarem mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças


ocupacionais e agentes de insalubridade.

As empresas são responsáveis pela segurança dos trabalhadores; portanto, devem assegurar
os meios para que as equipes dos SESMT possam trabalhar de forma eficaz, cumprindo todas
as atribuições.
SISTEMA DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA NO
TRABALHO

A inspeção da segurança no trabalho é uma tarefa essencial na prevenção de acidentes e


adoecimento dos trabalhadores. Um sistema de inspeção eficaz é essencial para promover e
monitorar se esse ambiente está em conformidade com a legislação de segurança.

Ao participarem da elaboração e manutenção de uma cultura de prevenção, os inspetores do


trabalho se tornam parte do processo, sendo os facilitadores da mudança.

Entre os objetivos da inspeção do trabalho, destacam-se os seguintes:

Aplicação de normas relacionadas às condições de trabalho e à proteção dos


trabalhadores em seu ambiente de trabalho;

Fornecimento de informações técnicas a empregadores e trabalhadores sobre os meios


mais eficazes de cumprimento dos dispositivos legais;

Identificação de outras situações não contempladas nas legislações que possam causar
danos aos trabalhadores;

Reduzir o número de mortes, lesões e doenças relacionadas ao trabalho, criando uma


cultura de prevenção e promoção da saúde de acordo com o sistema de gestão da
segurança e saúde no trabalho.

AS INSPEÇÕES DE SEGURANÇA PERMITEM AOS


COMPONENTES DOS SESMT DETECTAR RISCOS
DE ACIDENTES EXISTENTES EM EMPRESAS E,
CONSEQUENTEMENTE, TOMAR PROVIDÊNCIAS
EM CARÁTER PREVENTIVO.

(SCALDELAI et al., 2011)

O papel preventivo da equipe implica ações proativas, como a realização de visitas planejadas
de inspeção para fins de educação, além da avaliação de planos para novos compartimentos,
instalações, equipamentos e processos.

A equipe também deve conscientizar as empresas sobre a importância dos fatores


psicossociais, uma vez que as condições “não físicas” são tão prejudiciais quanto as físicas e
podem gerar acidentes de trabalho.

Situações como ritmo de trabalho acelerado, muita exigência das chefias, trabalho monótono,
medo de demissão, violência física e/ou emocional e assédio moral e/ou sexual, além de todo
tipo de discriminação, são exemplos de situações que podem gerar danos no trabalhador.

Fonte: King Ropes Access / shutterstock

A inspeção do trabalho geralmente é realizada pela equipe de segurança, além de engenheiros


e técnicos de segurança do trabalho. Profissionais que enfrentam situações mais exigentes,
eles precisam ter uma abordagem holística, mantendo simultaneamente suas habilidades em
relação aos problemas mais específicos que emergem nos ambientes de trabalho.

A inspeção de segurança permite a detecção de riscos de acidentes, possibilitando a


determinação de medidas preventivas. Para isso, as equipes precisam adotar um cronograma
para a rotina de inspeção.
DEVE SER FEITO UM CRONOGRAMA DE
APLICAÇÃO DE ROTINA DE INSPEÇÃO QUE
ENVOLVA INSPEÇÕES PERIÓDICAS, EFETUADAS
EM INTERVALOS REGULARES PREVIAMENTE
PROGRAMADAS, VISANDO A APONTAR RISCOS
PREVISTOS, COMO DESGASTES, FADIGAS,
SUPERESFORÇO, EXPOSIÇÃO A
DETERMINADAS AGRESSIVIDADES NO
AMBIENTE A QUE SÃO SUBMETIDAS
MÁQUINAS, FERRAMENTAS E INSTALAÇÕES.

(SCALDELAI et al., 2011, p. 121).

A avaliação dos resultados de inspeção fica a cargo do pessoal responsável pelos SESMT.

ATENÇÃO

Não podemos confundir sistema de inspeção de segurança do trabalho, que é feito dentro das
empresas pelos componentes dos SESMT, e inspeção do trabalho, que é realizada pelos
auditores fiscais do trabalho.

COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE


ACIDENTES (CIPA)

COMPOSTA POR UM GRUPO DE


FUNCIONÁRIOS, ELA TEM COMO FINALIDADE
CONTRIBUIR NA PREVENÇÃO DOS ACIDENTES
DE TRABALHO E DAS DOENÇAS
RELACIONADAS AO TRABALHO POR MEIO DO
CUMPRIMENTO DE NORMAS DE SEGURANÇA
NACIONAIS E/OU INTERNACIONAIS ADOTADAS
PELAS EMPRESAS. COM ISSO, O TRABALHO
TORNA-SE COMPATÍVEL COM A PRESERVAÇÃO
DA VIDA.

A NR 05, que versa sobre a CIPA, teve sua última atualização em 2019.

ATENÇÃO

Empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e


indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras
instituições que admitam trabalhadores como empregados, devem implementar uma CIPA.

QUEM FAZ PARTE DA CIPA? QUAIS SÃO OS


CRITÉRIOS PARA A COMPOSIÇÃO DA EQUIPE?
Fonte: KoOlyphoto / Shutterstock

A CIPA é composta por representantes dos empregados e do empregador, obedecendo a


critérios que permitam uma distribuição proporcional de “cipeiros” ao número de funcionários e
ao grau de risco da empresa.

Outro critério a ser observado é o seguinte: enquanto os representantes dos empregadores


(titulares e suplentes) são designados por eles, os dos empregados (titulares e suplentes) são
eleitos pelo voto secreto.

QUALQUER EMPREGADO INTERESSADO EM


PARTICIPAR DA CIPA PODE SE CANDIDATAR. O
MANDATO TEM DURAÇÃO DE UM ANO, SENDO
PERMITIDA APENAS UMA REELEIÇÃO.

A empresa precisa oferecer aos novos componentes da CIPA um treinamento sobre diversos
assuntos, como, por exemplo, o estudo do ambiente, as condições de trabalho, o processo
produtivo, a metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho, além
dos princípios gerais de higiene do trabalho e das medidas de controle dos riscos.

A CIPA tem algumas atribuições importantes:

1
Identificar os riscos do processo de trabalho;

Elaborar o mapa de riscos;

Montar o plano de trabalho com ações preventivas relacionadas à segurança e à saúde no


trabalho;

Realizar periodicamente verificações nos ambientes e nas condições de trabalho;

Identificar situações que tragam riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores;

Realizar reuniões para a avaliação das metas e o estabelecimento de outras;

6
7

Discutir as situações de riscos com a equipe dos SESMT;

Divulgar e promover o cumprimento das NRs;

Promover anualmente, em conjunto com os SESMT, a semana interna de prevenção de


acidentes de trabalho (SIPAT).

VOCÊ JÁ PARTICIPOU DE UMA SIPAT?

Fonte: Matej Kastelic / Shutterstock

Evento anual organizado pela CIPA em conjunto com o SESMT, a SIPAT tem o objetivo de
conscientizar os empregados sobre a importância da saúde e da segurança nos ambientes de
trabalho.
Com duração de uma semana, a SIPAT conta com diversas dinâmicas, palestras e minicursos
para promover uma aproximação dos trabalhadores com assuntos importantes relacionados
não só ao ambiente laboral, mas à própria saúde de uma forma geral.

Porém, para que tudo isso seja colocado em prática, cabe ao empregador proporcionar à
equipe da CIPA os meios necessários para o desenvolvimento do trabalho.

E OS OUTROS EMPREGADOS? COMO ELES


PODEM CONTRIBUIR COM O TRABALHO DA
CIPA?

Todos os trabalhadores de um estabelecimento que mantenha a CIPA precisam colaborar com


o trabalho das equipes.

Aos empregados, cabe:

fizkes / shutterstock

Participar das eleições da CIPA;


SpeedKingz / shutterstock

Colaborar com a equipe;

Pressmaster / shutterstock

Indiciar à equipe as situações de riscos e apresentar sugestões para a melhoria das condições
de trabalho;
Andrey_Popov / shutterstock

Observar e aplicar no ambiente de trabalho as recomendações quanto à segurança do


ambiente.

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

Fonte: Mrs_ya / Shutterstock

A proteção contra incêndios faz parte dos procedimentos de segurança. Quando ocorre um
incêndio (ou há o “princípio” de um), é importante combatê-lo de forma eficiente, evitando os
danos. Para cada situação, existem atuações e equipes de diferentes.
Essa proteção também está contemplada nas NRs. A NR 23 orienta que todos os
empregadores devem adotar medidas de prevenção e elaborar um plano de emergência contra
incêndios de acordo com a legislação estadual e demais normas técnicas.

MAS QUAL LEGISLAÇÃO ESTADUAL SE DEVE


SEGUIR?

Sobre a legislação estadual, as orientações a serem seguidas estão nas normas técnicas do
Corpo de Bombeiros de cada estado. Por outro lado, também é importante observar as
orientações das seguintes normas brasileiras: NBR/ABNT 14276, 14277, 14608 e 15219.

Além de seguirem e aplicarem as normas, as empresas devem orientar os trabalhadores sobre


a utilização dos equipamentos de combate ao incêndio, os procedimentos para evacuação dos
locais de trabalho com segurança e os dispositivos de alarme existentes.
Elas também precisam promover exercícios simulados, ou seja, exercícios práticos realizados
periodicamente para manter a equipe brigadista e os outros trabalhadores em condições de
enfrentar uma situação real de incêndio.

E A BRIGADA DE INCÊNDIOS? SERÁ QUE ELA É


OBRIGATÓRIA EM TODAS AS EMPRESAS?

Uma brigada de incêndios é formada por trabalhadores da própria empresa ou por bombeiros
civis.

ATENÇÃO

Geralmente, não é obrigatório haver uma equipe de brigada de incêndios em empresas com
menos de 20 funcionários, mas isso não constitui uma regra, já que essa realidade depende de
outros fatores, como a atividade da empresa, os turnos de serviço ou a natureza do trabalho.
Essas orientações constam nas instruções normativas do Corpo de Bombeiros de cada estado.

Para as empresas que não são obrigadas a manter uma brigada do tipo, recomenda-se contar
com funcionários que saibam manusear os equipamentos de combate a incêndios, como, por
exemplo, o extintor de incêndios.

E OS INTEGRANTES? SERÁ QUE TEM ALGUM


PRÉ-REQUISITO PARA FAZER PARTE DA
EQUIPE DA BRIGADA DE INCÊNDIOS?

De acordo com a NBR 14276, os candidatos a brigadistas devem:

Permanecer na edificação durante seu turno de trabalho;

Contar com uma boa condição física e boa saúde;

Possuir bom conhecimento das instalações;

Ter responsabilidade legal;

Ser alfabetizados.

Todo brigadista precisa passar por um treinamento na modalidade presencial. A empresa deve
promover esses treinamentos periodicamente.

AÇÕES PREVENTIVAS
· Avaliação dos riscos existentes;
· Inspeção geral dos equipamentos de combate a incêndio e das rotas de fuga;
· Elaboração de relatório das irregularidades encontradas;
· Encaminhamento do relatório aos setores competentes;
· Orientação à população fixa e flutuante sobre a segurança contra incêndio e o pânico;
· Participação nos exercícios simulados.

AÇÕES DE EMERGÊNCIA
· Identificação da situação;
· Alarme e orientação ao escape de área e administração dos pontos de encontro
estabelecidos no plano de emergência;
· Acionamento do Corpo de Bombeiros do estado;
· Corte de energia conforme o planejamento de emergência;
· Primeiros socorros;
· Emergências relativas a gases combustíveis;
· Combate a princípios de incêndio;
· Recepção e auxílio ao Corpo de Bombeiros do estado.

ATENÇÃO

A brigada de incêndios não substitui a equipe do Corpo de Bombeiros Militar.

Por fim, temos a sinalização de segurança, que também faz parte das NRs. A NR 26 adverte
que, em locais de trabalho, devem ser adotadas as cores para a segurança.

Elas são importantes para identificar equipamentos de segurança, delimitar áreas e identificar
tubulações, entre outras funções, embora devam ser usadas com cautela a fim de não causar
distração, confusão ou fadiga ao trabalhador. Outro detalhe: a utilização de cores não dispensa
o emprego de outras formas de prevenção de acidentes.
Fonte: mewaji / Shutterstock

Quanto aos rótulos dos produtos químicos, a NR 26 aponta a necessidade de se atender ao


disposto nas normas técnicas oficiais.

A rotulagem preventiva se trata de um conjunto de elementos com informações escritas,


impressas ou gráficas relativas a um produto químico. Ela deve ser afixada, impressa ou
anexada à embalagem que contém o produto.

Essa rotulagem precisa conter os seguintes elementos:

Identificação e composição do produto químico;

Pictograma(s) de perigo;

Palavra de advertência;

Frase(s) de perigo;

Frase(s) de precaução;

Informações suplementares.

O produto químico não classificado como perigoso deve dispor de uma rotulagem preventiva
simplificada que contenha, no mínimo, a indicação do nome, a informação de que se trata de
produto não classificado como perigoso e as recomendações de precaução.

Caso o manuseio de produtos químicos faça parte do processo de trabalho, a empresa precisa
fornecer um treinamento para os trabalhadores com os seguintes objetivos: compreender a
rotulagem preventiva e a ficha com os dados de segurança desse produto, assim como
entender, além dos procedimentos de atuação em situações de emergência que o envolvam,
os perigos, os riscos e as medidas preventivas para o uso seguro dele.

Em um plano de gerenciamento de segurança no ambiente de trabalho, alguns contatos


importantes não podem estar ausentes, como, por exemplo:

UNIDADES DE EMERGÊNCIAS

Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e hospitais de grande


porte com emergências. Algumas vítimas de acidentes de trabalho graves
devem ser atendidas por serviços apropriados. Os primeiros socorros podem
ocorrer na empresa, mas certamente as vítimas precisarão ser removidas para
unidades de saúde.

CENTRO DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS

Dependendo da atividade da empresa, é importante possuir os contatos de um


centro de assistência toxicológica caso ocorra uma intoxicação exógena em
trabalhadores, o que, aliás, é considerado um acidente de trabalho.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. SOBRE O PROCESSO DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA NO TRABALHO,


ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA.

A) As inspeções de segurança permitem aos profissionais a detecção de riscos de acidentes


existentes em empresas e a tomada das devidas providências para preveni-los.

B) Para um trabalho eficaz, as equipes devem adotar um cronograma para a rotina de


inspeção.

C) O papel preventivo da equipe implica ações proativas, como a realização de visitas


planejadas de inspeção para fins de educação.

D) A inspeção do trabalho é realizada pelas equipes de segurança, saúde, recursos humanos e


gerência.

2. A COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTE (CIPA) TEM


COMO FINALIDADE A PREVENÇÃO DE ACIDENTES E DOENÇAS
RELACIONADAS AO TRABALHO. A RESPEITO DA COMPOSIÇÃO DA
CIPA, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA.

A) A CIPA foi criada para representar os empregados.

B) O mandato dos membros da CIPA tem duração de dois anos.

C) O empregador designa seu representante, enquanto os empregados escolhem os deles por


voto secreto.

D) O empregador poderá substituir todos os membros da CIPA quando quiser.

GABARITO

1. Sobre o processo de inspeção de segurança no trabalho, assinale a alternativa


incorreta.
A alternativa "D " está correta.

A inspeção de segurança dentro das empresas é feita por estes profissionais dos SESMT:
engenheiros de segurança e técnicos de segurança do trabalho.

2. A Comissão Interna de Prevenção de Acidente (CIPA) tem como finalidade a


prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. A respeito da composição
da CIPA, marque a alternativa correta.

A alternativa "C " está correta.

Enquanto os representantes dos empregadores (titulares e suplentes) são designados por eles,
os dos empregados (titulares e suplentes) são eleitos pelo voto secreto.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, vimos a classificação dos riscos ocupacionais e destacamos quão importante é
seu reconhecimento no local de trabalho para que eles possam ser controlados, evitando,
assim, um ambiente insalubre capaz de suscitar, como consequência, o adoecimento do
trabalhador.

Não podemos nos esquecer de que o trabalho tem um efeito de proteger e promover a saúde,
mas, quando ele não está bem estruturado, pode causar mal-estar, sofrimento, adoecimento e
até morte. Com o objetivo de evitar essas situações, as ações de prevenção de doenças e de
promoção da saúde devem ser colocadas em prática.

Para isso, é preciso que empregadores e empregados, cada um dentro de suas competências,
estejam envolvidos. Afinal, a união das equipes possibilita uma melhoria das condições de
trabalho e a redução do adoecimento.
REFERÊNCIAS

ARAÚJO, W. T. Manual de segurança do trabalho. São Paulo: DCI, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Conheça a ABNT. In: ABNT.


Consultado em meio eletrônico 22 jul. 2020.

BRASIL. Acidentes do trabalho fatais, graves e com crianças e adolescentes. Brasília:


Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios da


Previdência Social e dá outras providências. Consultado em meio eletrônico 22 jul. 2020.

BRASIL. Normas regulamentadoras. In: Inspeção do trabalho. Consultado em meio eletrônico


22 jul. 2020a.

BRASIL. SST - normatização. In: Inspeção do trabalho. Consultado em meio eletrônico 22 jul.
2020b.

BRASIL. Caderno de atenção básica. n. 41. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.

SCALDELAI, A. V.; OLIVEIRA, C. A. D.; MILANELI, E.; OLIVEIRA J. B. C. BOLOGNESI, P. R.


Manual prático de saúde e segurança do trabalho. São Caetano do Sul: Yends Editora,
2011.

EXPLORE+
Pesquise na internet para fazer a leitura de:

Benefícios do INSS;
NR 4 – serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho;
Modelo de análise e prevenção de acidentes de trabalho.
Pesquise no site do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho.

Pesquise na internet para assistir ao documentário Carne e osso sobre a vida de quem
trabalha em frigoríficos.

Veja o vídeo Acidentes de trabalho na página da Rede União no YouTube.

CONTEUDISTA
Raquel Juliana de Oliveira Soares

CURRÍCULO LATTES

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