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25/03/24, 15:02 Manejo da fauna

Manejo da fauna
Prof. Luis Renato Rezende Bernardo

Descrição

Introdução ao manejo da fauna, às técnicas de manejo e à importância


das unidades de conservação.

Propósito

Compreender as finalidades do manejo da fauna e a importância da


conservação dos hábitats e da fauna para o uso sustentável dos
recursos naturais.

Objetivos

Módulo 1

Manejo, conservação e soltura de animais

Identificar as técnicas de manejo, conservação e soltura de animais.

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Módulo 2

Áreas de manejo, manejo e controle de


populações
Reconhecer as áreas de manejo bem como o manejo e controle de
populações, inclusive das espécies exóticas e invasoras.

Módulo 3

Ecologia e manejo de áreas fragmentadas


Descrever a ecologia e o manejo de áreas fragmentadas, assim como
o impacto da fragmentação das áreas na fauna.

Módulo 4

Plano de manejo

Reconhecer as etapas de um plano de manejo e o zoneamento de


unidades de conservação.

Extinção pleistocênica
Ocorrida durante o Pleistoceno — época que iniciou há 2,6 milhões de
anos, no período Quaternário.

meeting_room
Introdução
Historicamente, o homem interage com a fauna desde os primórdios
de sua existência. A espécie humana se tornou um dos maiores
predadores na natureza por sua capacidade de criar ferramentas de

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caça e, dessa forma, os humanos abateram muitos animais para sua


alimentação e sobrevivência ao longo das gerações. Na sua fase de
caçador-coletor, a fauna era um recurso base da subsistência
humana e era utilizada para suprir as necessidades cotidianas de
alimentação. A espécie humana era nômade e escolhia onde residir
de acordo com a abundância e com os movimentos migratórios da
fauna, ou seja, a área de vida dos humanos mudava constantemente.
Nesse sentido, a caça é apontada por pesquisadores como a
principal causa da extinção pleistocênica da megafauna neotropical.

Somente com a agricultura e a domesticação de alguns animais


vertebrados, o homem se libertou parcialmente da dependência
diária da fauna silvestre. A agricultura impôs mudanças nos hábitos
humanos, como a fixação de um território e a construção de vilarejos
e cidades. Com o tempo, houve um grande aumento da população
humana e dos impactos sobre os ambientes naturais e sobre a fauna
silvestre.

A colonização dos europeus no Novo Mundo abriu um novo cenário


de exploração dos recursos naturais, incluindo a fauna silvestre. Os
caçadores pioneiros foram se apoderando de grandes áreas naturais,
utilizando armas de fogo, cães de caça e cavalos, e explorando a
fauna silvestre sem limites. Aos poucos, a comercialização de peles
e couros se tornou a principal atividade econômica da época. A
exploração da fauna silvestre seguiu de forma desenfreada até o
século XIX, quando se começou a pensar os recursos naturais como
finitos.

No início do século XX, em meio às contradições entre o passado e o


presente, surgiu nos Estados Unidos a disciplina sobre manejo da
fauna silvestre, considerada uma afronta, diante do enfoque
ecológico e pragmático dado à exploração da fauna silvestre, como
um recurso de alta demanda dentro da sociedade industrial
moderna. Sua base filosófica partia do enunciado de Theodore
Roosevelt, de que a conservação consistia no uso consciente dos
recursos naturais, seguindo lineamentos estabelecidos pela ciência.
A partir de então, políticas de proteção e projetos de manejo da
fauna foram sendo criados e a conservação das espécies passou a
ser uma preocupação mundial.

Neste estudo, entenderemos a importância do manejo da fauna e


das áreas naturais protegidas para a conservação da fauna,
compreendendo qual a sua relação com o homem. Aprenderemos
sobre os tipos de manejo e as técnicas para captura e
monitoramento da fauna após a soltura. Também abordaremos o
efeito da fragmentação de hábitats naturais sobre a fauna silvestre e
por que os fragmentos devem estar conectados entre si. Por fim,

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descreveremos o papel das unidades de conservação e dos planos


de manejo como guias de instruções aos gestores.

1 - Manejo, conservação e soltura de animais


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as técnicas de manejo, conservação e
soltura de animais.

O manejo de fauna
O manejo da fauna é a ciência que visa decidir e atuar para manipular a
estrutura, a dinâmica e as relações entre animais silvestres, seus hábitat
e as pessoas, a fim de alcançar determinados objetivos humanos por
meio dos recursos da fauna silvestre. Em outras palavras, é um
processo ordenado de tomada de decisões e de execução de ações,
fundamentadas em conhecimentos científicos e destinadas a satisfazer
as demandas humanas pela fauna silvestre.

O manejo é um conjunto de técnicas que permitem o


uso — de uma forma sustentável — e a conservação da
fauna silvestre, simultaneamente.

Na imagem a seguir, podemos ver como se dão as interações entre três


elementos básicos no processo de manejo da fauna.

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O triângulo básico do manejo da fauna silvestre.

Onde as letras representam:

a - o impacto humano direto sobre a fauna;

b - o efeito da fauna sobre as pessoas;

c - o impacto humano sobre os hábitats;

d - o efeito dos hábitats sobre as pessoas;

e - o impacto da fauna sobre seus hábitats;

f - o efeito dos hábitats sobre a fauna;

g - o efeito do sistema socioeconômico e político global sobre as


pessoas;

h - os efeitos do uso da fauna sobre o ambiente socioeconômico global;

i - o controle do impacto humano direto sobre a fauna;

j - o controle dos impactos humanos sobre os hábitats.

Antes de prosseguirmos, vamos relembrar termos importantes que


serão usados ao longo deste conteúdo:

menu_book
Fauna
Conjunto de espécies de animais.

menu_book
Espécie
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Grupo de organismos que se reproduzem entre si e compartilham um


mesmo pool de genes.

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Populações
Conjunto de indivíduos da mesma espécie, ocupando o mesmo espaço
e no mesmo período.

Por que manejar a fauna?


O manejo implica mudanças na situação atual de uma população,
mediante a intervenção direta sobre a fauna e seus hábitats, com os
seguintes objetivos:

aumentar a população (abundância, distribuição, produção);


estabilizar a população (sobrevivência da espécie ao longo do
tempo);
reduzir a população (controlar o impacto das espécies que se
comportam como pragas, também para o controle de predadores e
competidores).
O tamanho de uma população varia constantemente e previsivelmente
dentro de condições adequadas, em razão da entrada de novos
indivíduos na população, seja pelo nascimento (aumento da natalidade)
seja pelo processo de imigração (quando indivíduos de outras
populações se juntam ao grupo).

Entretanto, o tamanho da população também pode variar devido à


redução de indivíduos, quando alguns deles morrem ou são predados
(aumento da mortalidade), ou em virtude do processo de emigração
(quando indivíduos deixam a população).

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O mico-leão-dourado é uma espécie cuja população foi muito reduzida, quase tendo sido extinta.

O tamanho de uma população pode ainda estar relacionado com os


fatores de densidade, que podem ser dependentes ou independentes:

Fatores de densidade dependentes

Competição, doença, parasitismo, predação, sobrepastagem,


ajuntamento (adensamento).

Fatores de densidade independentes

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Condições climáticas, escassez de recursos ou locais de


reprodução, abrigos, poluição, doenças não contagiosas.

A utilização da fauna silvestre pode ser sustentável em muitas regiões


com pequenas populações humanas, onde a produtividade de recursos
não sobrepassa a demanda local. Assim, o manejo deve ser sustentável,
de forma ordenada e conservar os recursos naturais para as gerações
presentes e futuras.

Como se maneja a fauna silvestre?


O manejo da fauna silvestre parte do princípio de que cada espécie é
única. Dessa forma, deve-se conhecer a biologia da espécie que se
deseja manejar, isto é, hábitos alimentares, comportamento, interação
com outras espécies.

É importante saber se a espécie está em declínio populacional, se está


ameaçada, se tem entrada ou saída de indivíduos na população. Em
outras palavras, é necessário saber como estão os padrões da estrutura
daquela população (o tamanho, a distribuição, a densidade, a estrutura
etária, a razão sexual) e da dinâmica daquela população (a taxa de
natalidade, a taxa de mortalidade, a imigração e a emigração) antes de
se iniciar um programa de manejo. Vamos entender melhor as
definições:

menu_book
Estrutura de populações
É todo atributo mensurável de uma população durante um determinado
período.

menu_book
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Dinâmica de populações
É a alteração nos parâmetros estruturais ao longo do tempo.

O quadro a seguir apresenta os parâmetros estruturais relacionados à


dinâmica populacional:

Parâmetros estruturais e dinâmica populacional

- Taxas de crescimento
Variação no tempo - Modelos de crescimento
populacional

- Amostragem da estrutura
populacional
Estrutura populacional - Determinação da razão sexual
- Classes de tamanho e idade
relativa

- Estratégias reprodutivas
Reprodução e - Quantificação da taxa de
natalidade natalidade
- Variação da natalidade

- Estimativa da mortalidade ou
Mortalidade e sobrevivência
sobrevivência - Tabelas de vida
- Causas de mortalidade

- Mobilidade
Mobilidade e dispersão - Migração
- Dispersão

- Recrutamento
- Crescimento populacional
Produtividade - Produção de biomassa
- Densodependência
- Capacidade de carga

Quadro: Lista de parâmetros estruturais e da dinâmica populacional.


Elaborado por: Luis Renato Bernardo.

Além disso, o manejo da fauna deve ser regido por um plano de manejo
que estabelece as etapas e as técnicas a serem seguidas para que os

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seus objetivos sejam alcançados. A seguir, demonstramos as etapas do


plano de manejo.

Esquema sequencial dos componentes de um plano de manejo de fauna silvestre.

Uma vez estabelecidos os objetivos, é realizado um reconhecimento da


espécie que se planeja manejar e, em seguida, são planejadas as
estratégias e as técnicas para um manejo experimental. Se este se
aplica corretamente de acordo com a área e com os objetivos do
manejo, então o manejo propriamente dito pode ser realizado.

Atenção!

É importante que cada etapa seja avaliada e ajustada se necessário, ou


seja, deve haver uma avaliação antes, durante e após o processo de
manejo.

Quais são as diferentes formas de utilização da fauna


silvestre?
Um dos principais usos da fauna silvestre pelo homem é a caça, que
pode ser realizada com diversos fins:

Caça esportiva: recreação.


Caça de subsistência ou consumo: alimentação da família.
Caça de controle: redução de danos econômicos em plantações
agrícolas, danos à saúde pública ou animal e aos ecossistemas
naturais.
Caça com fins científicos: investigação biológica.
Caça predatória: ilegal e criminosa, geralmente oriunda do tráfico de
animais.

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Veneno de cobra sendo extraído para produção de soro antiofídico.

Manejo de fauna e conservação


Preservação e Conservação
Tanto a conservação como o manejo de fauna silvestre são respostas
da ação destrutiva do homem sobre a natureza. A conservação refere-se
à proteção e ao uso sustentável dos recursos naturais, já o manejo está
relacionado ao resgate e à restauração de espécies.

É importante sabermos a diferença entre preservação e conservação.

Preservação expand_more

É constituída pela manutenção dos ecossistemas nativos em


seu estado natural, sem interferência humana. É a proteção
absoluta contra quaisquer usos diretos dos recursos naturais
(caça, coleta, manejo, agricultura, pecuária, mineração etc.). Nas
áreas protegidas sujeitas ao regime de preservação, admitem-se
apenas usos indiretos dos recursos naturais, como a
contemplação, o lazer e a recreação, a educação ambiental e a

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pesquisa científica (desde que não implique retirada de materiais


em larga escala).

Conservação expand_more

Engloba toda ação humana que tenha por fim manter os


ecossistemas em seu estado natural, desde sua preservação até
a recuperação de áreas degradadas, incluindo o uso sustentável
e o manejo.

Conservação in situ: é baseada na manutenção da


integridade e da diversidade das espécies dentro dos
ecossistemas que compõem o seu hábitat natural.
Conservação ex situ: é baseada na manutenção da
variabilidade genética original fora do hábitat natural, ou seja, em
outros hábitats, em cativeiro ou em bancos de germoplasma.

Valores da fauna silvestre


Todos os seres vivos, suas espécies e populações são produtos de um
processo evolutivo e apresentam características genéticas únicas, as
quais lhes conferem valores éticos de difícil medida. Assim, o sistema
de valoração de uma espécie se fundamenta no aporte e na utilidade
para o homem.

Esses valores podem ser classificados como:

flag Valores materiais antropogênicos

Bens e serviços diretos ou indiretos com ou sem


valor de mercado. Exemplo: substâncias
medicinais, serviços ecossistêmicos como a
polinização de plantas.

flag Valores culturais antropogênicos

Ético, estético e espiritual. Exemplo: recreação,


lazer, educação, cultura, religião.

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flag Valores ecocêntricos

Conservação e restauração. Exemplo:


funcionamento vital dos ecossistemas

O manejo das populações silvestres pode ser dividido em manejo com


finalidade de proteção, mantendo áreas naturais protegidas, em
programas de resgate ou de reintrodução da fauna, e ainda em
programas de conservação de espécies ameaçadas. Também existem
os criatórios com finalidade conservacionista (CETAS) e científica, e
aqueles com finalidade comercial (pets, produção industrial e
alimentação).

Você já ouviu falar do CETAS e do CRAS?


CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres): Sua função é
recepcionar, triar e tratar os animais silvestres resgatados ou
apreendidos pelos órgãos fiscalizadores.

CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres): Não só trata os


animais, como também, após a reabilitação, os insere em projetos de
reintrodução e soltura na natureza.

Tipos de manejo
O manejo pode ser classificado de duas formas: Manejo de intervenção
e manejo tutelar.

Manejo de intervenção

Intervém mudando o número de indivíduos da população. É feito direta


ou indiretamente, por meio de modificações na disponibilidade de
alimento, hábitat, quantidade de predadores e outros. É indicado para
populações com indivíduos em excesso ou em declínio.

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Monitoramento da reprodução de tartarugas marinhas.

O manejo de intervenção pode ser classificado em três tipos:

flag Extensivo

Baseado no manejo das condições naturais, com


aplicação de técnicas com baixa ou nenhuma
intervenção no animal ou no seu hábitat. Exemplo:
caça periódica em uma área.

flag Semi-intensivo

Possui uma intervenção ativa e direta sobre a


espécie ou sobre o ecossistema que habita.
Indicado para o aumento da população, por isso os
fatores ambientais são manipulados (reduzindo
competidores e/ou predadores, melhorando ou
estimulando a oferta de alimento, controlando
parasitas e doenças). Geralmente, parte do
processo ocorre na natureza e outra parte em
cativeiro ou laboratório. Ex.: manejo de quelônios
na Amazônia.

flag Intensivo

Possui um grau elevado de intervenção e controle


das condições ambientais. Ocorre em ambientes
seminaturais ou completamente artificiais, pois
visam à criação e à comercialização. Ex.: manejo de
jacaré-de-papo-amarelo no Brasil.

Manejo tutelar

Atua de maneira protetora ou preventiva, tendo como propósito proteger


os processos ecológicos ou as espécies ameaçadas de influências
externas sobre determinada população e seu hábitat. Nesses casos, são
utilizadas as unidades de conservação.

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Parque Nacional da Tijuca, unidade de conservação no Rio de Janeiro.

Manejo, conservação e soltura de


animais
Espécimes apreendidos em ações de combate ao tráfico de animais, em
alguns casos, podem ser devolvidos imediatamente aos seus hábitats
naturais, contudo, na maioria das vezes precisam ser entregues a
zoológicos, fundações ou centros especializados que façam a
reabilitação e a possível soltura no futuro.

Esses locais, também chamados de centros de triagem, têm por objetivo


receber, triar e tratar os animais silvestres resgatados ou apreendidos
pelos órgãos fiscalizadores.

Além disso, também recebem animais silvestres mantidos em cativeiro


doméstico de forma irregular.

Papagaio em cativeiro.

Como reforço, veja a seguir as definições de outros termos utilizados


em nosso conteúdo:

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menu_book
Espécime
Sinônimo de indivíduo.

menu_book
Hábitat
Local que oferece as condições de abrigo, alimentação e reprodução
para um indivíduo.

Manejo em cativeiro
O manejo em cativeiro requer uma série de cuidados, especialmente no
que diz respeito ao contato entre pessoas e animais. Nos centros de
triagem, deve haver apenas um número indispensável de pessoas ao
seu funcionamento.

Os animais devem ficar em recintos com o maior isolamento possível,


tanto visual e acústico quanto de pessoas ou veículos.

A higienização do recinto e a alimentação dos animais devem ser


realizadas pelo mesmo funcionário para evitar que o animal se
acostume com a presença de humanos.

Ambientação e enriquecimento de recintos


A ambientação e o enriquecimento de recintos buscam minimizar os
efeitos do cativeiro, de modo que o animal tenha um comportamento
mais próximo ao natural.

Portanto, deve haver um ambiente interativo que estimule o animal ao


desenvolvimento de atividades, contando com barreiras visuais e
estruturas para escalada, nado, voo (de acordo com a espécie), área de

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repouso, área de alimentação e revestimento do solo com areia ou terra


e, quando possível, também com folhagem.

No enriquecimento de recintos, é recomendado que os alimentos sejam


oferecidos ao animal de diferentes maneiras e em diferentes horários,
assim como ocorreria se este estivesse em vida livre.

Enriquecimento ambiental de cativeiro.

Soltura e reintrodução de animais


Durante a permanência no centro de triagem, o animal é acompanhado
por veterinários e biólogos, assim como é avaliado constantemente
quanto às suas condições físicas e comportamentais para retornar à
vida livre. Quando não é possível retornar à vida livre, o animal é
encaminhado para zoológicos, criadouros registrados no IBAMA ou
centros de pesquisa. Quando aptos à soltura, passam por processos de
reabilitação (em recintos maiores e com condições mais parecidas com
o ambiente natural) e de readequação alimentar (com oferta de
alimentos disponíveis na natureza de acordo com a sazonalidade).

IBAMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

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Tartaruga em reabilitação.

Sempre que possível, o animal deverá ser monitorado e acompanhado


até que aconteça sua total reintegração ao ambiente.

Atenção!
A soltura deve ocorrer nas áreas de distribuição natural da espécie,
respeitando a capacidade de suporte do local.

A reintrodução de espécies é um processo diferente da soltura. A


reintrodução é o restabelecimento de uma espécie em uma área onde
historicamente ela existia, mas veio a ser extinta.

Nesse processo, poucas vezes são utilizados animais de centros de


triagem; normalmente são utilizados espécimes translocados de áreas
que venham a ser alagadas pela construção de uma hidrelétrica ou que
sofreram incêndios, por exemplo.

A reintrodução geralmente ocorre em unidades de conservação (UCs),


de acordo com a legislação ambiental vigente e com as normas de
programas de manejo das UCs. A reintrodução visa aumentar o tempo
de sobrevivência das espécies, restabelecer espécies-chave
(ecologicamente ou culturalmente), aumentar a biodiversidade e buscar
o equilíbrio ambiental.

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Projeto do ICMBio de reintrodução de macacos bugio no Parque Nacional da Tijuca, Rio de


Janeiro.

Saiba mais

Espécies-chave ou espécies guarda-chuva são espécies importantes


para a manutenção e o equilíbrio da biodiversidade, pois possuem um
papel vital na estrutura, no funcionamento e/ou na produtividade da
comunidade ou do ecossistema. Seu desaparecimento causa grandes
impactos e mudanças drásticas (ou até catastróficas) no hábitat.

Captura, contenção e transporte


Cada espécie tem características próprias, por isso, o conhecimento
prévio de seu comportamento, alimentação e dimensões é
extremamente necessário. A captura e a contenção física,
independentemente da espécie, requerem cuidados a fim de evitar
acidentes, seja com os animais seja entre animais e humanos.

Diversos equipamentos podem ser utilizados para captura e contenção


da fauna silvestre, variando de acordo com cada grupo animal. Os
equipamentos mais comuns são luvas de proteção, redes de neblina
(para aves e morcegos), sacos e toalhas de pano, puçás, pinção,
cambão, ganchos, laços, redes, armadilhas de queda, gaiolas, jaulas,
caixas de contenção, entre outros.

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Rede de neblina para captura de pássaros.

Quando o animal precisa ser transportado para outros lugares, é


necessária também a contenção de intervenção química. As contenções
químicas são usadas para acalmar (tranquilizantes) e capturar
(imobilizantes) os animais.

Em casos de tratamento contra ferimentos e lesões ou de cirurgia, são


utilizados anestésicos e sedativos.

Para isso, são utilizados equipamentos especiais como zarabatanas e


bastões de aplicação (curtas distâncias), pistolas de ar comprimido
(médias distâncias) e rifles de dardos (longas distâncias).

Dardo com sedativo.

Sistemas de marcação
Todos os animais oriundos de manejo em cativeiro são marcados antes
de serem soltos ou reintroduzidos à vida livre. O sistema de marcação é
necessário para a individualização e o monitoramento do animal após
seu retorno à natureza. Cada grupo animal possui um sistema
específico de marcação, conforme as especificações do IBAMA. A
marcação pode ocorrer através das seguintes maneiras:

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Seringa para aplicação de microchip sob a pele do animal.

Microchipagem

Geralmente, um microchip é instalado sob a pele ou colocado


em um colar (rádio-colar) no pescoço do animal, que passa a
ser monitorado por GPS ou radiotelemetria. É usado em
mamíferos, aves, répteis e peixes.

Anilha em detalhe.

Anilhas

Pequeno anel de metal ou plástico colocado junto à pata. São


usadas em aves e morcegos.

Tatuagem para marcação.

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Tatuagem

Marcação com tinta no corpo. Geralmente, é usada em


mamíferos.

Brinco de marcação em urso.

Brincos

Marcação da orelha do animal com instalação de brincos.


Geralmente, são usados em mamíferos.

video_library
Técnicas de marcação, recaptura e
monitoramento de animais
Neste vídeo, o especialista explica as principais técnicas usadas no
proceso de monitoramento de animais.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Podemos dizer que o manejo da fauna é

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A um conjunto de técnicas que visa apenas à
conservação da fauna silvestre.

um conjunto de técnicas que permitem o uso


B sustentável e a conservação da fauna silvestre
simultaneamente.

um conjunto de técnicas que permitem o uso sem


C restrição da fauna pelo homem, sem qualquer
preocupação com a conservação das espécies.

um conjunto de técnicas que permitem o uso da


D fauna até que o último indivíduo seja explorado, mas
depois recupera sua população em cativeiro.

um conjunto de técnicas que visa apenas à


E conservação da fauna silvestre, permitindo seu uso
somente para pesquisa científica.

Parabéns! A alternativa B está correta.


Manejo de fauna é um processo ordenado de tomada de decisões e
de execução de ações, fundamentadas em conhecimentos
científicos e destinadas a satisfazer as demandas humanas pela
fauna silvestre. Desse modo, é permitido o uso sustentável da
fauna, de forma que as populações sejam mantidas e conservadas
ao longo do tempo.

Questão 2

Um primata foi vítima de atropelamento e, após sua reabilitação, foi


considerado inapto para voltar à vida livre. O animal foi conduzido a
um zoológico, mantido em quarentena e em seguida transferido
para um recinto. Considerando que o cativeiro tende a influenciar no
comportamento natural dos animais silvestres, como deve ser o
recinto desse primata?

Deve conter área de descanso, galhos para escalada


A e os alimentos devem ser oferecidos de várias
maneiras e em horários diferentes.

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Deve ter piso de concreto e os alimentos devem ser


B oferecidos em uma bandeja plástica, para não
estimular a agressividade do animal

Deve ser escuro e úmido, com pouca oferta de


C alimento, pois se o animal retornar à natureza algum
dia, não encontrará alimento e abrigo facilmente.

Deve conter área de descanso, área para nado e


D
alimentos em abundância.

Deve ser amplo, mas sem locais para o animal


E
escalar.

Parabéns! A alternativa A está correta.

A ambientação e o enriquecimento buscam minimizar os efeitos do


cativeiro, de modo que o animal tenha um comportamento mais
natural possível considerando suas características e modo de vida
particulares. Portanto, deve oferecer uma estrutura de qualidade e
estímulos para a procura de alimentos e para o desenvolvimento de
atividades.

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2 - Áreas de manejo, manejo e controle de populações


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as áreas de manejo bem como o manejo
e controle de populações, inclusive das espécies exóticas e invasoras.

Fauna silvestre (nativa) e exótica (não


nativa)
A fauna silvestre engloba todos os animais pertencentes às espécies
nativas, sejam migratórias, aquáticas ou terrestres, que tenham a sua
vida ou parte dela ocorrendo naturalmente dentro da sua área de
distribuição. Quando passam a ser domesticados e são introduzidos
pelo homem em outros lugares fora de sua área de distribuição, passam
a ser considerados animais exóticos ou não nativos daquele local. As
espécies ou subespécies introduzidas pelo homem, inclusive as
domésticas ou em estado selvagem (como leão, canguru, elefante,
girafa), também são consideradas exóticas.

Os animais domésticos são aqueles que passaram por um processo de


domesticação, manejo ou melhoramento zootécnico, possuindo
características biológicas e comportamentais diferentes da espécie
silvestre que a originou (como cão, gato, porco, vaca e outros).

Animais domésticos.

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25/03/24, 15:02 Manejo da fauna

Resumindo a diferença entre as espécies:

Espécie
Grupo de organismos que se reproduzem entre si e compartilham de um
mesmo pool de genes.

Espécie silvestre ou Espécie exótica ou não


nativa nativa

É aquela que ocorre de É aquela que vive fora


forma natural em da sua área de
determinado distribuição ou que
ecossistema ou região.
close tenha sido introduzida
de forma acidental ou
intencional em um
determinado local,
região ou ecossistema.

Aquela espécie que se estabelece e aumenta sua população


“explosivamente” (em número de indivíduos) em seu novo ambiente,
causando impactos significativos sobre as espécies nativas e o
equilíbrio dos ecossistemas, é considerada uma espécie invasora.

Algumas espécies exóticas são introduzidas de forma acidental em


outros ambientes, como é o caso do mexilhão-dourado (Limnoperna
fortunei), que, ao se fixar nos cascos dos navios cargueiros do Sul da
Ásia, chegou às Américas e a outros locais do mundo.

Atualmente, essa espécie é encontrada em populações com muitos


indivíduos, aumentando sua área de ocorrência e sendo considerada
uma praga em muitos países, por causar danos ambientais e
econômicos.

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25/03/24, 15:02 Manejo da fauna

Mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) incrustado sobre pedra em praia.

Em outros casos, muitas espécies foram introduzidas de forma


intencional pelo homem, visando a uma maior produtividade e consumo
de mercado, como é caso da rã-touro-africana (Pyxicephalus adspersus)
e do javali (Sus scrofa), introduzidos no Brasil e em diversas partes do
mundo para a comercialização de sua carne, mas que acabaram
escapando do cativeiro e se multiplicando, causando grandes prejuízos
econômicos e ambientais.

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Rã-touro-africana (Pyxicephalus adspersus) em uma lagoa.

Javalis (Sus scrofa scrofa) em área de pastagem.

No Brasil, existem instruções normativas que licenciam e autorizam


empreendimentos e atividades que envolvam manejo da fauna exótica e
da fauna silvestre brasileira em cativeiro, com finalidades comerciais:
para consumo (como tartarugas e jacarés) ou como pets (como aves e
hamsters). Entretanto, o manejo com finalidades comerciais requer um
planejamento e conhecimento prévio das espécies, para evitar
descontrole e problemas futuros com as populações manejadas.

Manejo e controle de populações


Em alguns casos, o desconhecimento sobre a biologia e o
comportamento das espécies silvestres e exóticas introduzidas causa
problemas e impactos nos novos ambientes.

Exemplo

Os javalis foram introduzidos em todo o mundo com finalidade


comercial, entretanto mostraram afetar negativamente os ecossistemas
naturais, destruindo a vegetação nativa, predando e competindo com a
fauna silvestre, alterando as propriedades químicas e físicas do solo,
afetando a integridade de cursos hídricos e transmitindo doenças à
fauna silvestre e aos rebanhos domésticos. Pode-se dizer, assim, que os

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javalis causam prejuízos econômicos, ecológicos e sanitários em


muitos países.

Em situações como essas, o manejo das populações é autorizado pelos


órgãos governamentais, não com fins de conservação da espécie (como
acontece com as espécies ameaçadas), mas com fins de controle do
tamanho populacional da espécie, reduzindo ou até erradicando sua
população.

Manejo de espécies exóticas invasoras


As espécies exóticas invasoras estão presentes em todos os ambientes,
sejam eles marinhos, de água doce ou terrestres, e ameaçam a
sobrevivência das espécies nativas e o equilíbrio de ecossistemas
naturais. Elas estão entre as principais causas da perda de
biodiversidade e da extinção de espécies silvestres.

O peixe-leão é considerado uma espécie exótica invasora no litoral brasileiro.

Buscando minimizar os impactos das espécies exóticas e invasoras,


especialmente em áreas naturais protegidas, como as unidades de
conservação (UCs), o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) lançou um guia de orientação para o manejo
dessas espécies. O material contém informações sobre prevenção,
detecção precoce e respostas rápidas de intervenção; métodos de
controle e erradicação; e sugestões de protocolos de monitoramento. O
guia visa auxiliar os gestores das UCs com a problemática das espécies
exóticas invasoras.

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25/03/24, 15:02 Manejo da fauna
Fluxograma para detecção precoce e resposta rápida de espécies exóticas invasoras.

A partir do diagnóstico gerado com as orientações do guia, os gestores


das UCs contam ainda com a Estratégia Nacional para Espécies
Exóticas Invasoras, iniciativa elaborada e implementada com a
participação do Ministério do Meio Ambiente e de órgãos ambientais
federais. Seu objetivo é orientar a implementação de medidas para
evitar a introdução e a dispersão, reduzir significativamente o impacto
de espécies exóticas invasoras sobre a diversidade biológica brasileira e
serviços ecossistêmicos, bem como controlar ou erradicar espécies
exóticas invasoras.

O foco desse documento está no controle de espécies como o


mexilhão-dourado, o javali e o coral-sol.

video_library
Manejo de espécies invasoras no
Brasil
Neste vídeo, o especialista detalha como é realizado o controle das
principais espécies invasoras no Brasil.

Planos de ação e controle de espécies exóticas invasoras


Os planos de ação e controle estabelecem as ações necessárias para
conter a expansão territorial e demográfica das espécies exóticas
invasoras e para reduzir os seus impactos, especialmente em áreas
prioritárias de interesse ambiental, social e econômico. São
instrumentos apoiados pela legislação ambiental e geralmente são
previstos nos planos de manejo das unidades de conservação (UCs).
Contam com diversas etapas que vão do diagnóstico e do planejamento
à execução de ações.

Técnicas do manejo de controle e redução de danos


Várias técnicas para o manejo e para a redução de populações são
aplicadas para mitigar os impactos das espécies exóticas invasoras em

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todo o mundo. A captura com redes, puçás, armadilhas de queda,


armadilhas de gaiola ou de curral com isca estão entre as técnicas mais
utilizadas.

Caça com arma de fogo acompanhada com cão.

Além disso, a caça também auxilia no manejo e na redução de danos.


Geralmente, a caça dessas espécies é realizada com armas de fogo ou
armas brancas, com uso de cães e com emprego simultâneo de
armadilhas, ou ainda por tiro aéreo.

Outra técnica é a instalação de rádio-colar e rastreamento após sua


soltura, para revelar a localização dos grupos.

Como forma de reduzir danos e controlar populações sem o abate dos


espécimes, utilizam-se as cercas de arame e elétricas para isolar
determinadas áreas (nascentes ou plantações agrícolas, por exemplo).
Repelentes acústicos, de sabor, de odor e ópticos, também dificultam e
reduzem o acesso das espécies exóticas invasoras. Métodos
anticoncepcionais e castração são capazes de controlar a fertilidade e,
com isso, reduzir o tamanho das populações em longo prazo.

Uso de cerca elétrica como barreira de contenção para evitar entrada de animais.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

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Uma espécie que se estabelece e aumenta sua população de forma


descontrolada em seu novo ambiente, causando impactos
significativos sobre as espécies nativas e sobre o equilíbrio dos
ecossistemas é considerada

A espécie silvestre.

B espécie exótica.

C espécie invasora.

D espécie críptica.

E espécie ameaçada.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Espécies invasoras se multiplicam descontroladamente em seu


novo ambiente, afetando as espécies nativas.

Questão 2

Há milhares de anos, o homem tem capturado e manejado animais


visando a um melhoramento zootécnico e à alteração de
características biológicas, físicas e comportamentais de certas
espécies. Esses animais podem ser chamados de

A animais selvagens.

B animais invasores.

C animais exóticos invasores.

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D animais domésticos.

E animais ferais.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Animais domésticos são aqueles que passaram por um processo


de domesticação, manejo ou melhoramento zootécnico, tendo suas
características biológicas e comportamentais diferentes da espécie
silvestre que os originaram. São exemplos o cão, o gato, o porco e a
vaca.

3 - Ecologia e manejo de áreas fragmentadas


Ao final deste módulo, você será capaz de descrever a ecologia e o manejo de áreas
fragmentadas, assim como o impacto da fragmentação das áreas na fauna.

Ecologia e manejo de áreas


fragmentadas
A destruição, a fragmentação e a transformação dos ambientes naturais
em áreas agrícolas ou áreas urbanas estão entre as maiores ameaças à
fauna. Juntamente com a caça e com o tráfico ilegal de animais

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silvestres, são os principais responsáveis pelo declínio e pelo risco de


extinção das populações. Dessa forma, entender como as
transformações dos ambientes naturais afetam a fauna silvestre é
primordial para a conservação das espécies.

Devastação de ambiente natural para transformação em área agrícola.

Atualmente, as áreas de preservação ambiental e unidades de


conservação atuam como refúgios e também como verdadeiros
laboratórios para pesquisas que visam à manutenção dos ecossistemas
naturais e das espécies da flora e da fauna em vida livre. Essas áreas
são extremamente importantes por manterem a diversidade genética
das espécies e também por possibilitarem estudos comparativos com
espécimes mantidos em cativeiro. Mas, antes de prosseguirmos,
perguntamos:

Você sabe o que é fragmentação?

Resposta

Ao modificar a paisagem, o homem transforma ecossistemas naturais


extensos e contínuos em áreas menores de hábitats. Esse processo de
redução e quebra da extensão do hábitat natural das espécies é
denominado fragmentação. Os fragmentos geralmente acabam
isolados uns dos outros, intercalados por áreas alteradas em plantações
ou cidades. Isso gera uma alteração ecológica em toda a comunidade
biológica do hábitat.

A consequência da fragmentação é a diminuição na riqueza de


espécies, seguida de uma redução da heterogeneidade de hábitats, que
leva à perda de espécies raras, normalmente especialistas e endêmicas
daquele local. Da mesma maneira, espécies que utilizam grandes áreas
de hábitats, como os grandes mamíferos, acabam desaparecendo dos
fragmentos menores por não fornecerem os recursos necessários para
sua sobrevivência.

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A qualidade do fragmento é fundamental para a conservação das


espécies, principalmente das especialistas e das endêmicas que muitas
vezes dependem de recursos-chave (alimentos ou condições climáticas
específicas) daquele hábitat. A eliminação de uma espécie-chave pode
romper o fluxo de interações entre as espécies da comunidade biológica
e causar extinções em efeito cascata.

A fragmentação de hábitats pelo homem é um fator


determinante para levar uma espécie à extinção.

Antes de prosseguirmos no tema, é necessário apresentarmos mais


dois conceitos importantes:

flag
Homogeneidade de hábitats
O ambiente é considerado homogêneo quando apresenta uma baixa
diversidade de elementos (espécies, condições ambientais, recursos,
interações), ou seja, quando possui poucos e simples elementos.

flag
Heterogeneidade de hábitats
O ambiente é considerado heterogêneo quando apresenta uma maior
riqueza de espécies, um maior número de interações entre elas, além de
uma maior diversidade de recursos e condições climáticas e
ambientais.

Para você compreender melhor estes conceitos, ilustramos a seguir


cada um deles.

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25/03/24, 15:02 Manejo da fauna
Esquema ilustrando a complexidade de hábitats. Em A, um ambiente homogêneo e simples, com
poucas espécies. Em B, um ambiente heterogêneo com muitas espécies.

Consequências da fragmentação
A fragmentação de hábitats naturais tem consequências
prejudiciais,tais como:

Alta mortalidade das espécies de determinado fragmento devido


às mudanças abióticas, bióticas ou ecológicas.
Empobrecimento da qualidade do hábitat, levando ao declínio
populacional pelas menores taxas de sobrevivência e reprodução.
Isolamento e diminuição da variabilidade genética das populações
em razão das alterações no processo migração das espécies.
Diminuição das chances de recolonização de áreas com
possibilidade de extinção local das populações de espécies
afetadas.
Perda de diversidade taxonômica, genética e funcional (ou seja,
perda de biodiversidade) local e dos serviços ecossistêmicos
(serviços ambientais).

Teoria da biogeografia de ilhas


Para compreender melhor a problemática da fragmentação de hábitats
sobre as espécies da fauna silvestre, é necessário entender a teoria de
biogeografia de ilhas de MacArthur e Wilson (1963).

O modelo da teoria do equilíbrio de biogeografia de


ilhas mostra que o número de espécies decresce à
medida que a área disponível diminui nas ilhas
(oceânicas).

Ilhas maiores e próximas ao continente tendem a ter uma maior riqueza


de espécies e manter sobrevivência ao longo das gerações, devido às
trocas de fluxo gênico durante os movimentos migratórios. Essa teoria
propõe ainda que o número de espécies de uma ilha é resultado do
equilíbrio dinâmico entre imigrações e extinções.

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Diferentemente das ilhas oceânicas que estão isoladas envoltas por


mar, os fragmentos de hábitat são circundados por uma matriz alterada
de paisagem, capaz de permitir a passagem de algumas espécies. As
recomendações da teoria de biogeografia de ilhas passaram a ser
usadas como estratégias de manejo e conservação de áreas protegidas.
Tais recomendações levam em consideração os seguintes aspectos:

Fragmentos maiores preservam um maior número de espécies.


Um fragmento grande e único é melhor do que vários fragmentos
pequenos que totalizem a mesma área.
Fragmentos mais próximos entre si são melhores do que
fragmentos mais distantes.
Fragmentos mais próximos entre si são melhores do que
fragmentos dispostos em linha reta.
Fragmentos conectados por corredores ecológicos são melhores.
Fragmentos circulares são melhores do que fragmentos alongados
ou de forma irregular.

Saiba mais

Quando falamos em fragmentos melhores, referimo-nos a fragmentos


capazes de abrigar as espécies silvestres que originalmente ocupavam
essas áreas e de manter as interações entre essas espécies e a
diversidade de recursos e condições climáticas e ambientais.

A seguir, vamos entender melhor porque a forma dos fragmentos


influencia nas características dos hábitats.

Efeitos da forma dos fragmentos sobre a diversidade de


espécies
Os efeitos da forma dos fragmentos sobre a diversidade biológica e a
sustentabilidade dos hábitats podem ser tão importantes quanto o
tamanho desses fragmentos. Fragmentos de área circular, por exemplo,
apresentam uma baixa razão borda/interior enquanto fragmentos
alongados apresentam uma alta razão borda/interior.

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A razão borda/interior indica a fração da área do fragmento que se


encontra sob o efeito de borda. A borda do fragmento é a área mais
afetada pelo processo de fragmentação, pois é onde ocorrem alterações
imediatas e de maior impacto, como as mudanças na luminosidade, na
temperatura, na umidade e na velocidade do vento, por exemplo. Essas
mudanças na borda levam a um empobrecimento da qualidade do
hábitat.

Exemplo de área fragmentada.

E como ocorre esse empobrecimento de qualidade do hábitat?

Com as mudanças das condições climáticas e ambientais, a


comunidade de plantas é modificada e as plantas do interior do
fragmento passam a ser substituídas por espécies pioneiras (as
primeiras a recolonizar uma área alterada). Isso gera um efeito cascata,
substituindo também as populações de animais silvestres, eliminando
aquelas mais sensíveis às mudanças ambientais e levando-as a
diferentes graus de ameaça ou até à extinção. O efeito de borda diminui
à medida que se segue na direção do interior do fragmento.

Ameaças à fauna
Critérios de ameaça à fauna silvestre
Para classificar uma espécie dentro de um grau de ameaça de risco de
extinção, são considerados alguns critérios baseados na estrutura e na
dinâmica da população em uma determinada área, região ou
ecossistema. São eles:

A redução da população (passada, presente e/ou projetada).


A distribuição geográfica é restrita ou fragmentada, está em
declínio ou apresentando flutuações.

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A população é pequena e com fragmentação, declínio ou


flutuações.
A população é muito pequena ou a distribuição é muito restrita.

Comentário

A classificação também pode ser feita por meio de análise quantitativa


de risco de extinção: é feita uma PVA — Análise de Viabilidade
Populacional — no Programa Vórtex, por exemplo, que estima se a
população pode se extinguir ao longo do tempo.

Grau de ameaça à fauna silvestre


A partir da avaliação dos critérios de ameaça, a espécie é enquadrada
em alguma categoria de não ameaçada ou de ameaçada de extinção, de
acordo com o grau de perigo.

Classificação em categorias de ameaça à extinção.

Vamos entender melhor algumas dessas categorias a seguir:

Extinta

Quando o último indivíduo


morreu.

Extinta na natureza

Quando o último indivíduo está


extinto na natureza, mas
sobrevive em cativeiro, em
criação ou com uma população
naturalizada fora de sua área
original de ocorrência.

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Regionalmente extinta

Quando o último indivíduo está


extinto no país (por exemplo, no
Brasil), mas existe em outras
partes do mundo.

Criticamente em perigo

Quando o risco de extinção na


natureza é extremamente alto.

Em perigo

Quando possui um risco muito


alto de extinção na natureza.

Vulnerável

Quando há um risco alto de


extinção na natureza.

Quase ameaçada

Quando a espécie está próxima


de atingir os critérios de ameaça
ou provavelmente estará
ameaçada em um futuro
próximo.

Como evitar a extinção da fauna diante da fragmentação de


hábitats?

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A medida mais eficaz para combater a fragmentação de hábitats é a


proteção dos remanescentes naturais. A criação de áreas naturais
protegidas ou unidades de conservação (UCs) vem buscando conservar
e evitar a extinção das espécies. Nas áreas protegidas, podem ser
criadas as zonas de amortecimento, por exemplo, que suavizam os
impactos humanos e de efeito de borda entre a matriz e o fragmento.
Também é preciso realizar estratégias de conexão entre fragmentos
diferentes (como os corredores ecológicos), que proporcionem a
passagem e o deslocamento da fauna entre esses fragmentos.

Unidades de conservação
São espaços territoriais instituídos legalmente pelo Poder Público com
recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, de características
naturais relevantes, com objetivos de conservação e limites definidos, sob
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas
de proteção.

Algumas vezes, essas espécies são translocadas, ou seja, as


populações são transportadas pelos manejadores para outras áreas.

Um exemplo de translocação bem-sucedida foi o manejo do mico-leão-


dourado (Leontopithecus rosalia), que evitou a extinção da espécie na
natureza.

O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é uma espécie que passou por um programa de


manejo.

video_library
A importância das unidades de
conservação

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Neste vídeo, o especialista fala sobre a importância das unidades de


conservação para a manutenção das espécies ameaçadas e como as
unidades de conservação que só existem no papel ainda desempenham
um grande trabalho na preservação da biodiversidade.

Agora estudaremos mais sobre os corredores ecológicos como


estratégia de conexão entre diferentes fragmentos naturais.

Corredores ecológicos
Os corredores ecológicos são conexões entre diferentes fragmentos ou
hábitats que permitem o fluxo gênico entre populações silvestres,
minimizando assim o isolamento causado pela fragmentação e
proporcionando o movimento de indivíduos entre populações isoladas, o
que, consequentemente, contribui para o aumento da sobrevivência das
espécies.

Corredor ecológico ligando dois fragmentos de cerrado em meio a uma área de pastagem.

As matas ciliares (áreas florestais que acompanham o trajeto dos rios)


são consideradas importantes corredores ecológicos para a fauna
silvestre. Além disso, em todo o mundo, corredores artificiais vêm sendo
criados pelo homem para aumentar a área de sobrevivência das
espécies, assim como evitar os atropelamentos pela travessia nas
rodovias. A seguir, vemos dois exemplos de corredores ecológicos:

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O Parque Nacional do Iguaçu é um importante corredor


ecológico que liga porções remanescentes de Mata Atlântica
no Brasil e na Argentina.

Corredor ecológico criado pelo homem para travessia da fauna


sobre rodovia.

Zona de amortecimento
São áreas no entorno que estabelecem uma separação gradual (e não
brusca) entre os ambientes naturais da área protegida e a matriz,
minimizando o efeito de borda e das atividades humanas na manutenção
da diversidade biológica nos fragmentos.

Somente os corredores ecológicos não são suficientes para assegurar


que os fragmentos isolados cumprirão o seu papel de conservação das
espécies. Para isso, o estabelecimento da zona tampão ou zona de
amortecimento circundando o fragmento é extremamente importante.

A necessidade da zona de amortecimento é tratada na definição do


Plano de Manejo de Unidades de Conservação, apoiado pelo Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

As espécies são classificadas quanto ao seu risco de extinção.


Quando o último indivíduo de uma espécie estiver extinto em um

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país, mas existir em outros países que também fazem parte da sua
distribuição original, podemos dizer que ele está

A extinto

B regionalmente extinto.

C extinto na natureza.

D criticamente em perigo.

E em perigo.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Quando o último indivíduo de uma população deixa de existir em


um país, mas continua ocorrendo em outros de sua distribuição
original, dizemos que a espécie está extinta regionalmente. Isso
porque ela não deixou de existir em toda a sua área de distribuição
original.

Questão 2

A fragmentação afeta significativamente a fauna silvestre. Como


estratégias para a conservação da fauna e dos remanescentes de
hábitats, podemos considerar

o aumento das translocações dos animais e o


A oferecimento de comida artificialmente para não
faltar alimentos nos fragmentos.

o isolamento dos animais nas áreas restantes para


B evitar a transmissão de doenças e a construção de
recintos para acasalamento.

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C a conexão dos hábitats por meio de estradas e


rodovias e a criação de unidades de conservação.

a conexão dos hábitats por meio de corredores


D
ecológicos e a criação de unidades de conservação.

a separação dos fragmentos em mais áreas com


E tamanhos menores para cada espécie ter a sua área
e o isolamento dos fragmentos.

Parabéns! A alternativa D está correta.

A medida mais eficaz para combater a fragmentação de hábitats é


a proteção dos remanescentes. A criação de áreas naturais
protegidas ou unidades de conservação (UCs) vem buscando
conservar e evitar a extinção das espécies. Também é preciso
realizar estratégias de conexão entre fragmentos (corredores
ecológicos), que proporcionem a passagem e o deslocamento da
fauna entre os fragmentos.

4 - Plano de manejo
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as etapas de um plano de manejo e o
zoneamento de unidades de conservação.

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Entendendo o plano de manejo


Planos de manejo são essenciais para a eficácia de ações que visam
preservar espécies ou áreas de relevante interesse.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação –


SNUC (Lei Federal n° 9.985/2000) determina que todas
as unidades de conservação (UCs) devem dispor de
um plano de manejo.

O plano de manejo é o principal instrumento de gestão das unidades de


conservação, no qual constam a caracterização da UC, o zoneamento e
os corredores ecológicos com normas e programas de gestão, incluindo
medidas com a finalidade de promover sua integração à vida econômica
e social das comunidades vizinhas.

E como ocorre o manejo em unidades de conservação? expand_more

O manejo de uma unidade de conservação implica elaborar e


compreender o conjunto de ações necessárias para a gestão e
para o uso sustentável dos recursos naturais em qualquer
atividade no interior e nas áreas do entorno dela, de modo a
conciliar os diferentes tipos de usos com a conservação da
biodiversidade, de maneira adequada e em espaços apropriados.
Ele estabelece a diferenciação e a intensidade de uso mediante o
zoneamento da área e do seu entorno.

O plano de manejo tem como objetivo auxiliar as unidades de


conservação:

No cumprimento dos objetivos estabelecidos na sua criação;


Na definição dos objetivos específicos de manejo;
Na orientação da gestão da unidade de conservação;
Na promoção do manejo da unidade de conservação, tanto da
fauna silvestre quanto da fauna exótica invasora.

Por isso, é um processo contínuo de consulta e tomada de decisões


com base no entendimento das questões ambientais, socioeconômicas,
históricas e culturais que caracterizam uma unidade de conservação e a
região onde ela está inserida.

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Planos de manejo também são fundamentais quando lidamos


especificamente com uma espécie problemática ou quando são
necessárias intervenções ambientais que afetem determinadas
espécies em particular. Espécies exóticas invasoras precisam
necessariamente de um plano de manejo para monitorar e conter sua
expansão, e seu plano precisa levar em consideração as características
biológicas da espécie, as ameaças que ela representa e a região onde
ela será manejada.

Espécies silvestres muitas vezes também precisam ser manejadas,


como é o caso das capivaras.

Essa espécie tem se adaptado bem a áreas periurbanas que possuem


lagos e rios e, devido à falta de predadores naturais, se multiplicam
rapidamente, tornando-se, em alguns casos, um problema para os
moradores locais.

O aumento na populção de capivaras tem se tornado um problema em algumas regiões.

Muitas vezes, é necessário o manejo da espécie mediante castração,


translocação e abate dos animais, no entanto, essas ações só devem
ser tomadas caso soluções menos invasivas não tenham sido
suficientes para resolver o problema. Por exemplo, em vez de esterilizar
ou abater um animal, é possível reduzir sua população diminuindo o
número de locais que ela pode usar como ninho ou os recursos
alimentares disponíveis, dificultando assim sua reprodução.

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25/03/24, 15:02 Manejo da fauna

Quando são necessárias intervenções no meio ambiente que irão afetar


uma ou mais espécies, é preciso que seja desenvolvido um plano para o
manejo dessas espécies.

Exemplo

Quando uma área de mata vai ser suprimida para que haja a construção
de um empreendimento, é necessário um plano de afugentamento e
resgate de fauna local, o que evita que os animais que habitam aquela
área venham a morrer ou se ferir durante o processo de supressão da
vegetação.

A execução de um plano de manejo, como no caso do exemplo, é um


processo simples que envolve biólogos e veterinários que verificam se
existem animais em cada uma das árvores antes do seu corte e, caso
haja algum animal, ele é afugentado para a área adjacente onde não
haverá supressão da vegetação.

No entanto, em alguns casos, não existe uma área adjacente para onde
afugentar os animais, de forma que é necessário que o plano de manejo
inclua o resgate e a translocação das espécies. Isso torna o plano de
manejo muito mais complexo, precisando considerar metodologias de
captura, contenção e transporte dos animais, além de estudos de
viabilidade de soltura em outro local na natureza.

Estudos de viabilidade de soltura dos animais são


complexos, mas essenciais para que o manejo de uma
espécie não se torne um problema, pois soltar animais
em locais que não sejam ideais para a espécie ou que
não tenham condições ambientais de mantê-la pode
criar um problema não só para a espécie translocada,
mas também para as espécies que habitam aquele
local.

video_library
Prevenindo conflitos entre humanos e
animais
Neste vídeo, o especialista trata sobre a importância de um bom manejo
das espécies e de políticas direcionadas a evitar conflitos no processo
de preservação das espécies.

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25/03/24, 15:02 Manejo da fauna

Etapas para construção do plano de manejo


A construção de um plano de manejo está dividida em três grandes
partes que objetivam cercar a tomada de decisão de cuidados para que
os resultados atinjam o objetivo esperado. Essas partes são
classificadas nas etapas a seguir:

1. Elaboração e aprovação do plano de manejo expand_more

Organização e planejamento.
Caracterização e levantamento de dados.
Planejamento integrado, análise integrada e zoneamento.
Análise e aprovação.

2. Implementação do plano de manejo expand_more

Detalhamento das ações e execução do plano de manejo.

3. Ajustes e revisão do plano de manejo expand_more

Modificação de pontos que necessitam de ajustes para a


implementação do plano.

Zoneamento
Quando lidamos com planos de manejo em unidades de conservação, o
zoneamento é essencial. Essa etapa pode ser definida como a
delimitação de zonas, áreas e setores, com definições, objetivos de
manejo e normas, visando proporcionar os meios e as condições para
que todos os objetivos da UC possam ser alcançados de forma
harmônica e eficaz.

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25/03/24, 15:02 Manejo da fauna

E qual a diferença entre zonas e áreas em unidades de conservação


(UCs)?

Zonas Áreas

São porções do São porções menores


território com do território, que
características indicam, dentro das
homogêneas e zonas, onde ocorrerão
predominantes, os programas e projetos
delimitadas com base prioritários de gestão.
em critérios close
socioambientais e no
tipo e grau de
intervenção previstos, e
para as quais se
estabelecem objetivos,
diretrizes e normas
próprias.

A diferença de zona e área em uma UC.

Tipologia de zonas em unidades de conservação


O zoneamento deve estar previsto no plano de manejo e ser dividido em
zonas conforme a categoria da unidade de conservação:

Zona de Preservação (ZP): onde se protege integralmente os


ecossistemas e seus processos ecológicos, visando à
manutenção da biodiversidade, dos recursos hídricos e das
formações geológicas.
Zona de Conservação (ZC): onde ocorrem ambientes naturais bem
conservados, mas passíveis de pequena intervenção humana,
como atividades de pesquisa científica, educação ambiental e

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contemplação da natureza, com mínimo impacto sobre os


atributos ambientais da unidade de conservação.
Zona de Recuperação (ZR): constituída por ambientes naturais
degradados que devem ser recuperados para atingir um melhor
estado de conservação.
Zona de Uso Extensivo (ZUE): constituída, em sua maior parte, por
regiões naturais conservadas e que podem ter intervenção
humana e atrativos passíveis de visitação pública, como
atividades de pesquisa científica, educação ambiental e visitação
pública, com baixo impacto sobre os recursos ambientais.
Zona de Uso Intensivo (ZUI): onde os ambientes naturais
apresentam maior intervenção humana e que concentram a
infraestrutura de gestão e de suporte às atividades desenvolvidas
na unidade de conservação.
Zona de Exploração Sustentável (ZES): constituída por recursos
florestais ou agroflorestais passíveis de exploração sustentável.
Zona de Ocupação Humana (ZOH): onde ocorre ocupação por
moradias ou atividades de produção em propriedades particulares.
Zona de Uso Sustentável (ZUS): onde os atributos naturais
apresentam maiores efeitos da intervenção humana, abrangendo
porções territoriais heterogêneas em relação ao uso e ocupação
do solo.
Zona de Proteção dos Atributos (ZPA): concentra os elementos
sociais e/ou ambientais relevantes para a proteção, tais como a
biodiversidade, os recursos hídricos, a beleza cênica, o patrimônio
histórico-cultural ou as comunidades tradicionais; e que
justificaram a criação da unidade de conservação.
Zona sob Proteção Especial (ZPE): corresponde às unidades de
conservação do Grupo de Proteção Integral e às terras indígenas
homologadas.
Zona de Amortecimento (ZA): é a região do entorno de uma
unidade de conservação onde as atividades humanas estão
sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de
minimizar os impactos negativos sobre a unidade

Saiba mais

No caso da delimitação da zona de amortecimento e da respectiva


setorização, esta deve observar os atributos naturais ou marcos reais de
fácil visualização e identificação, tais como corpos hídricos, divisores de
água, linhas férreas ou de alta tensão e estradas.

Tipologia de áreas em unidades de conservação


O zoneamento é elaborado conforme os seguintes tipos de áreas, que
devem estar previstas no plano de manejo considerando a categoria da
unidade de conservação.

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Área de Uso Público (AUP): possibilita atividades de uso público e


de instalação de infraestrutura de suporte às atividades permitidas
na zona em que se insere.
Área de Administração (AA): oferece suporte ao desenvolvimento
das atividades e à infraestrutura de serviços administrativos, de
proteção, de fiscalização e de pesquisa científica.
Área de Ocupação Humana (AOH): indica a ocorrência das
ocupações humanas.
Área Histórico-Cultural (AHC): circunscreve o patrimônio
histórico-cultural ou arqueopaleontógico e as atividades
correlatas.
Área de Interferência Experimental (AIE): constituída por
ambientes naturais, conservados ou alterados, destinada a
pesquisas científicas de maior impacto.
Área de Experimentação (AE): permite o desenvolvimento de
pesquisas direcionadas à exploração sustentável de recursos
madeireiros ou subprodutos florestais ou agroflorestais.
Área de Manejo Sustentável (AMS): compreende ecossistemas de
espécies nativas ou exóticas, com potencial de exploração
comercial sustentável de recursos florestais ou agroflorestais.
Área de Interesse para a Conservação (AIC): constituída por
fragmentos de ecossistemas naturais de maior dimensão e suas
conexões, sendo relevantes para a conservação ambiental e/ou o
incremento de corredores ecológicos.
Área de Interesse para a Recuperação (AIR): caracterizada por
ambientes naturais alterados ou degradados, prioritária às ações
de mitigação e redução dos impactos negativos, por meio do
estímulo à recuperação ambiental.
Área de Interesse Histórico-Cultural (AIHC): caracterizada por
territórios com presença de atributos históricos, culturais
(materiais ou imateriais) ou cênicos relevantes para o turismo e
para o desenvolvimento socioeconômico local.

Reserva Particular do Patrimônio Natural Santuário do Caraça, em Minas Gerais.

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Após a fase de elaboração concluída e o plano de manejo aprovado,


inicia-se a fase de execução das atividades programadas no
documento. Cada etapa e programa precisa ser avaliado e ajustado, se
necessário. O plano de manejo da unidade de conservação deve sempre
seguir de acordo com a justificativa da sua criação, principalmente se
essa diz respeito a um programa de manejo e monitoramento de fauna.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O plano de manejo de uma unidade de conservação contempla o


conjunto de ações necessárias para a gestão e o uso sustentável
dos recursos naturais no seu interior e nas áreas do entorno,
conciliando de maneira adequada e em espaços apropriados os
diferentes tipos de usos com a conservação da biodiversidade.
Após a elaboração e a aprovação do plano de manejo, é correto
dizer que

o documento não poderá ser alterado, sob qualquer


A
circunstância.

as áreas do entorno deverão seguir


B
permanentemente com as mesmas atividades.

o plano de manejo pode ser ajustado desde que


C suas alterações sigam em concordância com a
justificativa da sua criação.

as ações previstas no plano de manejo não


D
precisam ser avaliadas.

o plano de manejo da unidade de conservação,


E assim como a unidade de conservação pode deixar
de existir, caso o gestor ambiental queira.

Parabéns! A alternativa C está correta.

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Após a fase de elaboração concluída e o plano de manejo aprovado,


inicia-se a fase de execução das atividades programadas no
documento. Cada etapa e programa precisa ser avaliado e ajustado,
se necessário. O plano de manejo da unidade de conservação deve
sempre seguir de acordo com a justificativa da sua criação,
principalmente se esta diz respeito a um programa de manejo e
monitoramento de fauna.

Questão 2

Em um município do interior do estado de Goiás, uma fazenda foi


desapropriada para ser transformada em unidade de conservação
de proteção integral. Pesquisadores descobriram que, nessa
fazenda, os lobos-guarás estavam tendo seus filhotes no período
reprodutivo e, apenas após atingir certa idade, se deslocavam para
outras áreas. Com base na definição de zonas e áreas previstas no
plano de manejo conforme a categoria da unidade de conservação
(UC), podemos considerar como zona de recuperação (ZR)

aquela onde se protege integralmente os


A
ecossistemas e seus processos ecológicos.

aquela constituída em sua maior parte por regiões


B naturais conservadas e que podem ter intervenção
humana e atrativos passíveis de visitação pública.

aquela com ambientes naturais bem conservados


C com permissão para atividades de pesquisa
científica.

aquela constituída por recursos florestais ou


D
agroflorestais passíveis de exploração sustentável.

aquela constituída por ambientes naturais


E
degradados que devem ser recuperados.

Parabéns! A alternativa E está correta.

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A zona de recuperação (ZR) é constituída por ambientes naturais


degradados que devem ser recuperados para atingir um melhor
estado de conservação. Após a regeneração natural desse local e a
retomada do uso pela fauna, essas zonas podem ser
reclassificadas, passando a fazer parte das zonas de conversação
ou de preservação.

Considerações finais
Neste conteúdo, conhecemos os tipos de manejo da fauna e as técnicas
utilizadas para realizá-lo. Vimos também como o manejo pode afetar a
conservação de espécies silvestres ou o controle das espécies exóticas
invasoras. Ainda, compreendemos a importância das áreas naturais
protegidas e os efeitos da fragmentação dos hábitats sobre as espécies
silvestres. Vimos que o plano de manejo e as suas ações previstas são
capazes de conservar espécies e evitar sua extinção.

headset
Podcast
Antes de encerrarmos, ouça este podcast, onde o especialista apresenta
as principais espécies invasoras e como elas impactam o meio
ambiente e a economia no Brasil e no mundo.

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25/03/24, 15:02 Manejo da fauna

Explore +
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema:

Acesse os sites do Ibama e dos órgãos ambientais estaduais, onde você


encontra orientações sobre os aspectos legais do manejo de fauna.

Acesse o site do ICMBio, onde você encontra informações sobre os


planos de manejo e as unidades de conservação do país.

Referências
BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a
ecossistemas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, §


1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras
providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2000. Consultado
na internet em: 11 jan. 2022.

CURY, K. Roteiro metodológico para elaboração de planos de manejo


para as unidades de conservação do Distrito Federal. Brasília, DF:
IBRAM, 2013.

GANEM, R. S. (org.). Conservação da biodiversidade: legislação e


políticas públicas. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, Edições Câmara,
2011. (Série memória e análise de leis, n. 2)

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS


NATURAIS RENOVÁVEIS. IBAMA. Espécies exóticas invasoras:
Estratégia nacional e plano de implementação 2019. [S. l.]: Ibama, 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS


NATURAIS RENOVÁVEIS. IBAMA. Instrução Normativa Ibama nº 7, de 30
de abril de 2015. Institui e normatiza as categorias de uso e manejo da
fauna silvestre em cativeiro, e define, no âmbito do Ibama, os
procedimentos autorizativos para as categorias estabelecidas. Diário
Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 55-59, 6 maio 2015.

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25/03/24, 15:02 Manejo da fauna

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS


NATURAIS RENOVÁVEIS. IBAMA. Portaria Ibama nº 102, de 15 de julho
de 1998. Normatiza os criadores comerciais de fauna silvestre exótica.
Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 52-54, 16 jul. 1998.

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE.


ICMBIO. Guia de orientação para o manejo de espécies exóticas
invasoras em unidades de conservação federais. [S. l.: s. n.], 2019.
Versão 3.

MACARTHUR, R. H.; WILSON, E. O. An equilibrium theory of insular


zoogeography. Evolution, p. 373-387, 1963.

OJASTI, J.; DALLMEIER, F. (ed.). Manejo de fauna silvestre neotropical.


Washington D.C., EUA: SI/MAB Biodiversity Program, 2000.

PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina, PR:


E. Rodrigues, 2001.

RAMBALDI, D. M.; OLIVEIRA, D. A. S. de. Fragmentação de ecossistemas:


causas, efeitos sobre a biodiversidade e recomendações de políticas
públicas. Brasília, DF: MMA/SBF, 2003. 510p.

SAMPAIO, A. B.; SCHMIDT, I. B. Espécies exóticas invasoras em


Unidades de Conservação federais do Brasil. Biodiversidade Brasileira,
v. 3, n. 2, p. 32-49, 2013.

STRADIOTTI JÚNIOR, D.; CÓSER, A. C.; STRADIOTTI, C. G. P. Animais


silvestres vida e manejo III: animais em extinção em biomas. Alegre, ES:
[S. n.], 2015.

TRANI, E. (coord.). Roteiro metodológico: planos de manejo das


Unidades de Conservação do Estado de São Paulo. [São Paulo]:
Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo,
2020.

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