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SUMÁRIO
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INTRODUÇÃO
Os alunos tradicionais iranianos, no início de sua formação tradicio-
nal, familiarizam-se com as leis da natureza e seus componentes, incluindo
elementos, humor, temperamentos, anatomia, espíritos, faculdades e suas
ações. Na etapa seguinte, os alunos se familiarizam com os sinais e as causas
das doenças, que são muito semelhantes ao que hoje é conhecido como se-
miologia e etiologia na medicina convencional. A próxima etapa é aprender
as regras ou leis dos tratamentos — quase trezentas leis. Ao aprender essas
leis, os alunos se tornam aptos a se familiarizar com a escolha de diferentes
tratamentos, que incluem tratamentos à base de ervas, minerais, animais (o
que significa usar produtos de animais), manuais (o que significa manipu-
lação ou cirurgias menores) ou até mesmo psicológicos, com base nas con-
dições e nos critérios do paciente.
A diferença nesse estilo de treinamento é a lógica aristotélica, que é
enfatizada. A lógica aristotélica pode ser incluída, ou usada, em qualquer
nível de aprendizado da medicina tradicional iraniana. Por exemplo, a lógi-
ca aristotélica explica os elementos como componentes da natureza, a lógi-
ca aristotélica explica os sinais e o diagnóstico, a lógica aristotélica ajuda a
escolher o tratamento adequado para o paciente e assim por diante. Na
perspectiva da lógica aristotélica, para uma melhor compreensão de um ob-
jeto ou fenômeno, quatro causas precisam ser consideradas: causa material,
causa eficiente, causa formal e causa final.
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LÓGICA ARISTOTÉLICA: CAUSA FINAL
A causa final explica o objetivo final da criação do fenômeno. Por
exemplo, na febre infecciosa, com inchaço em parte de um membro, a pre-
venção da disseminação da bactéria para outras partes do corpo poderia ser
considerada a causa final da inflação. O objetivo da febre pode ser conside-
rado o de proporcionar um ambiente hostil para as bactérias invasoras, na
medicina convencional; na medicina tradicional iraniana, a dissolução do
humor úmido pelo calor da febre pode ser considerada a causa final da fe-
bre, portanto ajudar a natureza a dissolver ou eliminar o humor úmido, é
claro, seria um tratamento de causa material e, ao mesmo tempo, um trata-
mento de causa final. Em níveis mais elevados, o objetivo da febre infeccio-
sa poderia ser considerado manter o indivíduo ou paciente longe de um
ambiente ergonomicamente inadequado e, portanto, mudar ou corrigir o
ambiente poderia ser um tratamento de causa final.
De acordo com a medicina tradicional iraniana, um curandeiro, ou
médico, deve sempre ser considerado a causa última, ou causa final, para o
melhor tratamento do paciente. Sem considerar a causa final, todos os tra-
tamentos nos outros três níveis — ou seja, de causa material, de causa for-
mal, e de causa eficiente — podem ser considerados como terapia sinto-
mática. Na medicina tradicional, acreditamos que o curandeiro, ou médi-
co, é um servo da natureza e deve seguir a direção da natureza, portanto, o
curandeiro, na medicina tradicional iraniana, além de tratar a febre, a infla-
ção e a infecção, deve administrar a dieta, o sono, a vigília, o exercício e o
descanso do paciente, considerar as emoções do paciente e avaliar seu traba-
lho e o ambiente em que vive.
Ao concluir a compreensão da causa final, entendemos as quatro
causas da lógica aristotélica. Como lição de casa, quero que você pratique e
classifique o diagnóstico e os sintomas de algumas doenças — a escolha das
doenças que você quer escolher é sua — e também classifique os tratamen-
tos que você conhece nas quatro causas da lógica aristotélica.
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SEIS PRINCÍPIOS ESSENCIAIS
Às vezes, o objetivo final da natureza de uma doença, ou dos sinais e
sintomas de uma doença, é manter um indivíduo, ou um paciente, longe
de um ambiente ou comportamento inadequado. Um curandeiro, ao co-
nhecer o ambiente e os comportamentos adequados, pode ajudar o pacien-
te a obter um tratamento melhor para sua doença.
Há seis princípios para manter a saúde e tratar doenças, que come-
çam com o ar ou, em outras palavras, o ambiente físico em que uma pessoa
vive. Por exemplo, uma casa, uma cidade ou um país, com uma montanha
ou um mar próximo, o solo ou a areia, o vento soprando, a circulação do
ar, o ângulo da luz solar, e as estações do ano são classificados como essenci-
ais para o ar. O segundo princípio essencial é composto pelos alimentos e
bebidas que uma pessoa consome. O terceiro princípio essencial é o do
movimento e da quietude; uma pessoa, ou qualquer organismo vivo, está
se movendo ou está parado. O quarto princípio essencial é dormir ou acor-
dar; uma pessoa precisa dormir e acordar. O quinto princípio essencial —
muito importante nos tratamentos — é a retenção e a expulsão; um orga-
nismo vivo precisa manter o material necessário em seu corpo e expulsar o
material desnecessário do corpo. Por fim, o sexto princípio essencial é o psi-
cológico. Um organismo vivo experimenta sentimentos que podem afetar
seu corpo, porque ele tem consciência. Ao compreender o perturbador,
por exemplo, o medo, a felicidade, a tristeza, a raiva ou a ira, e ao usá-lo, o
curador pode alcançar outro nível de tratamento.
O princípio essencial mais eficaz dos seis é o ar, mas o gerenciamento
do ambiente é muito difícil e caro, por isso a maioria dos estudiosos acredi-
ta que o melhor e mais poderoso essencial é o gerenciamento de pertuba-
ções da mente. A felicidade, por exemplo, pode ajudar na digestão. Propor-
cionar um ambiente melhor leva a uma melhor digestão. Da mesma forma,
evitar a tristeza ou gerenciar uma posição triste pode ajudar a prevenir ou
tratar uma doença.