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LEMNIS FARMÁCIA

Gripes e resfriados na visão antroposófica

Rodolfo Schleier1
Silberto Azevedo2

Na medicina antroposófica, a imunidade é característica da organização do Eu,


que molda a nossa constituição física individual. É essa organização a
responsável pela consciência individual e pelas três faculdades exclusivas do
ser humano, que são o andar ereto, o falar e o pensar. Em um nível mais físico,
esta organização do Eu também é responsável pela capacidade de
diferenciarem tecidos e substâncias “próprias” das “estranhas”. E a sua ação
no organismo humano é mediada principalmente pelo sangue e pelo calor. É
por isso que as reações inflamatórias e febris apresentam aumento da irrigação
sanguínea acompanhada de aumento na temperatura.
Esse “organismo calórico” não é estático. Ele está sujeito a variações,
conforme a constituição física, temperamento, estado de saúde do indivíduo;
assim como às variações do ambiente: temperatura, umidade, microrganismos,
etc. Algumas pessoas toleram melhor as baixas temperaturas; enquanto outras
são mais sensíveis às variações externas e usam roupas quentes mesmo
debaixo de sol. Um caso bem conhecido é o de Win Hof, o “Homem Gelo”, um
holandês que é capaz de andar sobre a neve e até mesmo nadar em águas
geladas sem sentir frio. Os especialistas acreditam que seu cérebro possua
alguma capacidade incomum de regular a temperatura, gerando calor e
aquecendo seu corpo.
Essa independência do meio externo em relação ao calor possibilitou ao
homem se adaptar aos locais mais remotos da Terra, com suas temperaturas
extremas - desde os 40 ºC negativos da Sibéria e Alasca até os 50 ºC nos
desertos da África. É certo que ele também desenvolveu ferramentas e roupas
adequadas para se adaptar ao frio ou calor, descobriu o fogo, a agricultura, etc;
Mas de certa forma, todas essa criação foi resultado da mesma organização do
Eu, que além do calor e da imunidade concede ao homem a capacidade de
observar o mundo, tirar suas próprias conclusões e pensar objetivamente.
Portanto, durante o outono, o nosso corpo se adapta à estação fria e a
imunidade pode ser estimulada ou reprimida. Mas de que forma?
A medicina antroposófica, assim como a homeopatia e as demais medicinas
vitalistas 3 (chinesa, ayurveda, etc.), investe no fortalecimento das defesas
próprias do organismo.

1
Rodolfo Schleier é farmacêutico-bioquímico (USP) e especialista em fitoterapia (FACIS-IBEHE). Desde
2005 atua no Departamento Médico-Científico do Laboratório Weleda.
2
Silberto Azevedo é farmacêutico-bioquímico (UFMG), Perito Toxicologista (IML-BH), Mestre em
Administração (PUC Minas/FDC) e Diretor da Lemnis Farmácia.
3
As medicinas complementares estão apoiadas em um paradigma vitalista. Tal paradigma revela a
existência de uma "dinâmica vital", algo que está além do corpo físico. É através do fluxo desta "dinâmica
vital" que se determina o estado de saúde ou doença (Luz, 1996).
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O medicamento antroposófico reorienta o organismo a desenvolver seu
“exército”. Não é por acaso que um dos medicamentos mais usados nesta linha
terapêutica é justamente o ferro – o mesmo metal que se utiliza para fabricar
armas e ferramentas. Não o ferro material, possível de ser visto e analisado em
laboratório; mas o ferro dinamizado, em sua forma mais sutil.
O processo de calor também tem relação com a vontade, com o impulso
metabólico. É possível estimulá-lo, através de medicamentos, atividade física e
alimentos adequados a cada tipo humano. 4
Por outro lado, pacientes e médicos, de uma forma geral encaram a febre
como doença em si própria, que deve ser combatida a todo custo
principalmente com medicamentos antitérmicos (Wannmacher e Ferreira,
2004). Em resposta ao abuso desses produtos, a Organização Mundial de
Saúde preconiza o uso de medidas não-farmacológicas, como banhos e
compressas mornas. Há evidências na literatura de que essas estratégias são
equivalentes em eficácia e segurança ao tratamento convencional, e com
vantagens adicionais como o baixo custo. 5
Outro fator responsável pelo uso excessivo de antitérmicos é o “medo da
convulsão” ou “fobia da febre”. No entanto, estudos mais recentes têm
mostrado que a convulsão não depende da febre alta, podendo ocorrer mesmo
em temperaturas próximas de 37º C. Com raras exceções, a febre é somente
um sintoma, tendo inclusive papel de defesa e de resistência a infecções, e só
precisaria ser controlada quando compromete o estado geral do paciente.
Antitérmicos e antipiréticos não previnem aparecimento de convulsões ou sua
recorrência (Wannmacher e Ferreira, 2004).
“Dê-me a força, para gerar a febre, e eu curarei toda doença“, escreveu há
mais de dois mil anos o pensador grego Parmênides. Essa frase reflete um
conhecimento antigo, de que o elemento calórico está associado à imunidade.

Metais e plantas utilizados no tratamento de gripe e resfriados

Além do ferro a medicina antroposófica faz uso de outros metais. Um deles, o


mercúrio, ligado à fluidez e à comunicação, que dinamizado é indicado para
doenças do sistema respiratório. Outro exemplo, a prata (Argentum), tem
relação com os líquidos vitais enquanto que o enxofre (Sulfur) é por si um
mineral dissolvente, por isso sua indicação nas inflamações.
Há outros elementos de origem natural, preparados pelo processo da
dinamização, que podem auxiliar o organismo a enfrentar a “influência do frio”.
São substâncias já empregadas na homeopatia há mais de 200 anos, e que
ganharam novas possibilidades terapêuticas através do trabalho conjunto de
médicos e farmacêuticos na fundação da Weleda na década de 1920. Entre

4
N A: Ficar em casa, concentrado em atividades puramente intelectuais pode agravar a tendência às
doenças respiratórias.. A natação é indicada para pessoas com asma (Natali et al., 2002). Quem já assistiu
ao filme “Diários de Motocicleta” deve lembra-se da cena em que o protagonista, portador de asma,
melhora consideravelmente após atravessar um rio a nado em plena Amazônia
5
A prática antroposófica recomenda ao paciente em processo gripal aquecer os pés ao deitar de forma a
controlar o ritmo metabólico e respiratório.
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eles está o fósforo (cujo nome significa em grego “carreador da luz”). É
característica dessa substância trazer qualidades de luz e calor e torná-las
disponíveis para a organização do Eu em suas tarefas no organismo humano,
em diferentes regiões do nosso corpo.
Algumas plantas também são utilizadas nos medicamentos antroposóficos com
a finalidade de prevenir ou tratar o processo gripal e os distúrbios associados,
tais como: tosse, expectoração, coriza, inflamação, dor, infecção, congestão
nasal, sinusite, febre, etc.
Para citarmos como exemplo, o Infludo Weleda tem em sua formulação, além
do fósforo (Phosphorus D3), a presença de quatro plantas, a saber:
Acônito D3 (Aconitum napellus) que possui alcalóides que atuam
diretamente no sistema nervoso, aliviando os calafrios;
Briônia D3 (Bryonia alba) que acumula líquidos em suas raízes, e não
nos frutos como ocorre nas demais plantas da mesma família (melancia,
abóbora, chuchu). A forte relação com a organização líquida, típica das
Cucurbitáceas, faz com que ela atue sobre a secreção nasal;
Eupatório D3 (Eupatorium perfoliatum) que é uma planta norte-
americana já usada há séculos pelos índios, e conhecida em vários
idiomas como “cura-ossos”, por aliviar dores musculares generalizadas
nas doenças virais (incluindo gripe e dengue).
Eucalipto D3 (já citado num artigo sobre sinusites neste mesmo site) tem
função secativa e analgésica, aliviando as dores que acompanham as
doenças respiratórias.
Outro bom exemplo também de utilização de metais e plantas é o Previgrip
(Weleda) que contém:
Prunus D1 (Prunus spinosa), uma espécie de ameixa silvestre comum
na Europa, onde é usada como fortificante e na preparação de licores;
Ferrum sidereum D10 (ferro meteórico, de origem cósmica) que confere
disposição e aumenta a imunidade;
Phosphorus D5 que presente tanto no Infludo como no Previgrip, traz
suas forças de luz e calor para o organismo;
Por sua vez, o Weletuss (Weleda), conta com o metal cobre (Cuprum aceticum
D4) e a Briônia D3, além de outras duas plantas:
Drosera D2 (Drosera rotundifolia), uma planta carnívora presente em
todos os continentes, e utilizada na medicina popular e na homeopatia
para tosse seca e doenças respiratórias em geral;
Ipeca D3 (Cephaelis ipecacuanha) é uma planta nativa do Brasil, usada
há muito tempo para aliviar náuseas e vômitos, e indicada na
homeopatia e antroposofia para tosse seca;
Estas plantas e minerais, trabalhados conforme a farmacotécnica
antroposófica, auxiliam o organismo a enfrentar os sintomas das gripes e
resfriados: coriza, congestão nasal, cefaléia, dores no corpo, dentre outros.

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Preparo, cultivo e cuidados

Quanto ao modo de preparação, a antroposofia preconiza o uso de


determinadas partes da planta, dependendo de qual órgão humano se quer
estimular. Voltando ao exemplo do Prunus, são usados os ramos floridos, para
direcionar sua força ao pólo metabólico.
Devido à coleta indiscriminada de plantas silvestres, e de manuseio
inadequado que pode trazer contaminação, é recomendável adquiri-las de
fornecedores comprometidos com a qualidade e também com a
sustentabilidade. Esses cuidados incluem: cultivo orgânico ou biodinâmico;
controle sanitário desde o plantio; controle de qualidade em todas as etapas do
processo; autenticidade da planta; teor de princípio ativo dentro dos limites
exigidos pelas farmacopéias; ausência de contaminantes de qualquer tipo. A
Drosera citada anteriormente é protegida por lei em vários países, e hoje sua
coleta na natureza é permitida com certas ressalvas. A ipeca utilizada pela
Weleda é provém de cooperativas devidamente licenciadas pelo IBAMA no
Cerrado.
Os metais empregados vêm de minérios coletados na natureza, e de forma
responsável. Não são permitidos compostos sintéticos ou provenientes de
mineração ilegal. O Ferrum sidereum, ferro de origem cósmica, é obtido a partir
de meteoritos que caem regularmente na Terra.
Estes princípios e cuidados devem valer para todas as matérias primas e
insumos farmacêuticos e, portanto, para todos os produtos acabados, como
medicamentos antroposóficos, homeopáticos, fitoterápicos, chás e cosméticos
orgânicos.
As plantas e minerais foram aqui citados somente como exemplo de
possibilidades dentro das medicinas naturais e, portanto não devem ser
utilizadas sem a orientação de um profissional de saúde. Plantas e minerais
podem ser tóxicos quando usados incorretamente.
Finalizando, conforme preconiza a Organização Mundial da Saúde, a
transmissão do vírus da gripe pode ser prevenida por medidas simples, tais
como:
lavar as mãos com freqüência com água e sabão;
não compartilhar alimentos, copos e objetos de uso pessoal;
cobrir o nariz e a boca quando espirrar;
utilizar, preferencialmente, lenço descartável;
evitar o contato direto com pessoas gripadas;
E finalmente, em caso de aparecimento de sintomas da gripe ou de
adoecimento procure a assistência médica e não utilize medicamentos sem
orientação do profissional habilitado.

ATENÇÃO: ESTE TEXTO TEM CARÁTER INFORMATIVO. NÃO USE


PLANTAS MEDICINAIS OU MEDICAMENTOS SEM O CONHECIMENTO DO
SEU MÉDICO.

"SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO"


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“ERYSIDORON 1, INFLUDO, PREVIGRIP, SINUDORON, PYRIT-ZINNOBER E
WELETUSS SÃO MEDICAMENTOS. SEU USO PODE TRAZER RISCOS. PROCURE
O MÉDICO E O FARMACÊUTICO. LEIA A BULA”.

Referências bibliográficas:

Luz, M. T. Estudo comparativo das medicinas ocidental contemporânea, homeopática,


tradicional chinesa e ayurvédica em programas públicos de saúde. Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social (Série Estudos em Saúde
Coletiva, 140), 1996.

Moraes, WA. As bases epistemológicas da medicina ampliada pela antroposofia. 2. Ed.


São Paulo: ABMA – Associação Brasileira de Medicina Antroposófica, 2007.

Natali, A. J. et al. Efeito do treinamento em natação sobre a severidade do


broncoespasmo induzido por exercício. Revista Paulista de Educação Física, Vol. 16,
No. 2, pp. 198-210, jul./dez. 2002.

Nayak, C. et al. A multi-centric open clinical trial to evaluate the usefulness of 13


predefined homeopathic medicines in the management of acute rhinitis in children.
International Journal of High Dilution Research, Vol. 9 (2010), No. 30, pp. 30-42.

Schramm, H. Heilmittel-Fibel zur Anthroposophischen Medizin. Novalis: Basel, 1997.

Steinsbekk, A. et al.: Homeopathic care for the prevention of upper respiratory tract
infections in children: A pragmatic, randomised, controlled trial comparing
individualised homeopathic care and waiting-list controls. Complementary Therapies in
Medicine, Vol. 13 (2005), pp.231 – 238.

Wannmacher, L.; Ferreira, M. B. C. Febre: mitos que determinam condutas. Uso


racional de medicamentos. Organização Panamericana da saúde e Organização mundial
da saúde. Vol 1, n 9, 2004. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/HSE_URM_FEB_0804.pdf, acesso: 10-05-
10.

Weleda Nachrichten (Comunicação Corporativa da Weleda AG) No. 228, Natal de


2002.

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