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PLEITOS DE ELEVAÇÃO DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO

Senhores:

Posicionamento da ABIPLAST em relação aos pleitos apresentados pela ABIQUIM de elevação para 20% do imposto
de importação de resinas termoplásticas (PE,PP,PVC, entre outros).

José Ricardo Roriz Coelho


Presidente do Conselho da ABIPLAST

1. Impactos desses pleitos de aumento de alíquota de importação:

Impactos de elevações tarifárias são inflacionários:

As importações são balizadores de concorrência para produção doméstica de resinas altamente


concentrada.

Hoje os preços de resinas brasileiro já são maiores que no mercado internacional pois nossa alíquota de
importação já é alta, comparativamente com países produtores de resinas (12,6% no Brasil e com a elevação
solicitada 20% em comparação com 6,5% na média dos países da OCDE)

Prejudicam a competitividade de toda a indústria brasileira: Os plásticos são utilizados como matérias-
primas por toda a matriz industrial brasileira:

• embalando produtos da cesta básica (sacos para arroz, feijão, farinha, açúcar, massas, garrafas de
óleo de cozinha, embalagens de biscoito, doces, etc)
• peças e componentes automotivos (para choques, painéis automotivos, tanque de combustível,
peças técnicas para motor e sistemas de embreagem, entre outros)
• aplicações médicas como descartáveis como seringas, cateteres, até nas máscaras e equipamentos
de higienes para ambientes hospitalares,
• insumos para construção civil (tubos, conexões, conduítes, equipamentos para infraestrutura,
isolamentos acústicos e de temperatura, pisos, decoração e acabamento),
• agricultura (silos bolsas, geomembranas, estufas, mangueiras para irrigação)
• eletroeletrônicos e eletrodomésticos: os eletroportáteis são basicamente constituídos de plásticos
(exemplos: liquidificadores, ventiladores, batedeiras, cafeteiras, aspiradores); refrigeradores,
máquinas de lavar roupa e louça, fogões, televisores e ar-condicionado possuem muitas peças
plásticas em sua estrutura de produto (alguns produtos chegam a ter 60% de partes e peças plásticas
em sua estrutura).

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Impacta no custo das exportações das commodities agrícolas:

Aproximadamente 40% da pauta de exportação brasileira de produtos agrícolas é embalada em plásticos,


como soja, açúcar, farelos, carnes, frutas, etc.

De acordo com a ABIA, as embalagens representam de 15% a 20% do custo de um produto alimentício e 2/3
dos produtos alimentícios são embalados em plástico.

Impacta na casa das famílias brasileiras (eletroeletrônicos).

Todas as casas brasileiras têm eletrodomésticos e a indústria nacional entrega mais de 100 milhões de
unidades de produtos aos brasileiros todos os anos (e alguns eletrodomésticos chegam a ter 60% de partes e
peças plásticas em sua estrutura).

A perda de competitividade será real e o impacto nos preços pagos pelo consumidor será diretamente
proporcional e imediato.

Insumos para programas governamentais ficarão mais caros:

Programas governamentais que podem ser impactados

• “Minha Casa, Minha Vida” (tubos e conexões, caixas d´agua, decoração, pisos, isolamentos)
• obras de infraestrutura (produtos para infraestrutura - Marco Legal do Saneamento),
• itens da cesta básica (plástico embala e é uma solução que vem para reduzir custo e aumentar a
durabilidade e conservação dos itens da cesta básica)
• Rota 2030: governo incentiva a produção automotiva, mas aumenta custos de aquisição de insumos
no Brasil, fazendo aumentar a importação de componentes automotivos,
• farmácia popular (embalagens de medicamentos, frascos, os blisters – cartelas de remédios, são
plásticos)
• Impacto no preço desses produtos se refletirão em alta no custo de bens para atingir as
finalidades desses programas sociais e de incentivo.

Baixa performance da petroquímica refere-se a elementos externos ao mercado e setor já vem sendo
completado com melhorias no ambiente competitivo, como a volta do REIQ:

o Performance baixa da indústria química deve-se a uma indústria brasileira principalmente de bens
intermediários mais desaquecido ao longo de 2023, e os resultados negativos de algumas empresas
do setor químico estão relacionadas a acidentes ambientais (como no caso o acidente geológico em
Alagoas).
o Industria química pleiteou e teve ano passado o retorno do REIQ – Regime especial para a indústria
química, que concede incentivos de PIS/COFINS para a indústria petroquímica (sem que tais ganhos
sejam compartilhados também com a indústria a jusante da cadeia – transformadores e demais
usuários de plásticos), tanto de tal medida é uma das contempladas na “NIB – Nova Industria Brasil”
o No relatório de produção e vendas do ano de 2023, a Braskem atribui o volume de vendas de resinas
-5% menor em 2023 a uma maior oferta de produtos no mercado internacional combinada com uma
estratégia de priorização de vendas com maior valor agregado. Se a resina é uma commoditie

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vendida no mercado internacional, a tentativa de aumentar as margens desse produto resultam em
uma maior demanda por materiais concorrentes (no caso, importados)
o Além disso, existem expansões e investimentos no aumento de capacidade produtiva de resinas nos
EUA e Asia. Como o comércio regional na América do Norte, na Asia e Europa são feitos entre os
países de cada região geralmente dentro de acordos comerciais com alíquota zero, no caso de não
haver importação de resinas, e prejuízo a produção de transformado plástico competitivo no Brasil,
veremos um aumento ainda mais significativo do déficit comercial de produtos transformados
plásticos (produtos que entram no país com um valor adicionado muito maior), além de perda de
competitividade de produtos que usam plástico na sua composição ou embalagem para exportar, ou
competir no mercado interno.
o No período de 2023 o setor de transformados plásticos apresentou uma expansão em sua
produção de +5%, com performances positivas na produção de embalagens plásticas (+3%),
acessórios para construção civil (+9,5%) e laminados plásticos (+1,7%), Apesar de tal movimento
ser uma recuperação das quedas nos anos anteriores e ainda não estarmos com uma demanda nos
níveis pré-pandemia, o mercado de transformado plástico vem buscando produzir com melhores
custos de matérias primas.
o Nossa expectativa é de um crescimento tímido em 2024 da ordem de 1,5% frente aos resultados
de 2023.

Nosso setor entende que a Petroquímica já está contemplada com a desoneração tributária (REIQ) para
aumentar sua competitividade, porém agora buscar aumentar proteção tarifária é prejudicar os demais
elos da cadeia industrial transformadores e usuários de plástico.

2. Detalhamento técnico do que são esses pleitos:

A ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química solicitou à CAMEX – Câmara de Comércio


Exterior do MDIC a ELEVAÇÃO no imposto de importação para 76 produtos na LETEC.

Desse total, 31 produtos solicitados são matérias-primas do capítulo 39 (plásticos e suas obras).

Estão nos pedidos: PP, PE, PET, PVC e outros.

3. Como poderiam ser contemplados tantos pleitos na LETEC

No final de janeiro/2024, foi publicado o Decreto 11.895 que internaliza a decisão CMC 27/15 do
Mercosul, que autoriza os países membros a criarem uma nova lista de exceção à TEC – Nova LETEC
, com até 100 produtos, para elevação tarifária. Trata-se de uma nova lista de exceção, só que neste
caso apenas com a finalidade de aumentar alíquotas, por 12 meses, prorrogáveis por mais 12. A
LETEC tradicional que conhecemos, segue igual, sem qualquer mudança.

FATO RELEVANTE: Na prática, o Brasil estará autorizado a elevar as alíquotas de importação de mais 100 NCM´s.
Os critérios e a operacionalização dessa nova LETEC não foram publicados.

4. Qual o trâmite/prazo:

A CAMEX publicou a lista em 11/03/2024 e ficará em Consulta Pública até o dia 25/04/2024

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Depois do prazo de consulta pública, os pleitos vão para o GECEX, a fim de serem deliberados
(deferidos ou indeferidos)

O pedido foi publicado sem data de permanência na LETEC. O que não é usual. O prazo normalmente
é de 365 dias, podendo ser prorrogado por mais 365 dias.

5. Durante o período de consulta pública:

É possível fazer manifestações de apoio ou contrárias aos pleitos. E também solicitar ao CAT –
Comitê de Alterações Tarifárias, a argumentação dos pleitos publicados

Abaixo, a lista de pedidos da ABIQUIM referente ao Capítulo 39:

NCM DESCRIÇÃO ATUAL PRETENDIDA


3903.11.20 Poliestireno expansivel, sem carga, em forma primária 12.6% 20%
3903.19.00 Outros poliestirenos em formas primárias 12.6% 20%
3912.31.11 Carboximetilcelulose com teor> =75%, em formas primárias 12.6% 20%
3909.50.19 Outros poliuretanos em líquidos e pastas 12.6% 20%
3901.40.00 Copolímeros de etileno e alfa-olefina, de densidade inferior a 0,94 12.6% 20%
3909.40.11 Fenol-formaldeído, lipossolúvel, puro ou modificado 12.6% 20%
3903.90.90 Outros polímeros de estireno, em formas primárias 12.6% 20%
3907.99.91 Outros poliésteres em líquidos e pastas 12.6% 20%
3909.40.91 Outros fenóis-formaldeídos em formas primárias 12.6% 20%
3907.91.00 Outros poliéteres não saturados, em formas primárias 12.6% 20%
Poli(tereftalato de etileno), de um índice de viscosidade de 78 ml/g
3907.61.00 12.6% 20%
ou mais
Poli(cloreto de vinila), não misturado com outras substâncias,
3904.10.10 12.6% 20%
obtido por processo de suspensão
Poli(cloreto de vinila), não misturado com outras substâncias,
3904.10.20 12.6% 20%
obtido por processo de emulsão
3904.22.00 Policloreto de vinila, plastificado, em forma primária 12.6% 20%
3906.10.00 Polimetacrilato de metila, em forma primária 12.6% 20%
Outros polímeros acrílicos, em blocos irregulares, pedaços, pós,
3906.90.49 12.6% 20%
etc
3907.29.39 Outros polieterpolióis, em formas primárias 12.6% 20%
Outros poliéteres, em formas primárias, não classificados em
3907.29.90 12.6% 20%
códigos anteriores
3907.30.22 Resinas epóxidas sem carga, em líquido e pastas 12.6% 20%
3907.30.29 Outras resinas epoxidas sem carga, em formas primárias 12.6% 20%
3907.69.00 Outros poli(tereftalato de etileno) 12.6% 20%
3912.39.10 Metil-, etil- e propilcelulose, hidroxiladas 0% 20%
3902.30.00 Copolímeros de propileno, em formas primárias 12.6% 20%
3902.10.20 Polipropileno sem carga, em forma primária 12.6% 20%
3902.10.10 Polipropileno com carga, em forma primária 12.6% 20%
3901.90.90 Outros polímeros de etileno, em formas primárias 12.6% 20%
2916.12.40 Ésteres de 2-etilexila do ácido acrílico 0% 20%
Outros copolímeros de etileno e acetato de vinila, em formas
3901.30.90 12.6% 20%
primárias

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Outros polietilenos sem carga, densidade >= 0.94, em formas
3901.20.29 12.6% 20%
primárias
3901.10.30 Polietileno de densidade inferior a 0,94, sem carga 12.6% 20%
3901.10.20 Polietileno de densidade inferior a 0,94, com carga 12.6% 20%

6. Algumas afirmações que eu fiz em reuniões e para jornalistas:

"A Industria Petroquímica no mundo é caracterizada a muito tempo por ter ciclos de alta e baixa no
resultado das Empresas e a mais de 10 anos a produtoras de Resinas brasileiras recebem o benefício fiscal
do REIQ para se habilitaram para os ciclos de baixa, se em todo este tempo não se prepararam, porque
agora vão querer compensar queda nos resultados com aumento de alíquotas de importação,
prejudicando a todos os segmentos que utilizam produtos Plásticos "

"Estas solicitações prejudicam a competitividade de toda a indústria brasileira. Os plásticos são utilizados
como matéria-prima em uma vasta gama de setores, desde o empacotamento de produtos básicos até
componentes automotivos, equipamentos médicos, construção civil, agricultura, entre outros."

"As importações servem como referência para a concorrência com a produção nacional de resinas, a qual
está altamente concentrada. Atualmente, os preços das resinas brasileiras já são superiores aos do
mercado internacional, devido à nossa alta alíquota de importação, em comparação com países
produtores de resinas (12,6% no Brasil versus 6,5% em média nos países da OCDE), e com a elevação
proposta para 20% a diferença de preços tende a aumentar."

"Aproximadamente 40% da pauta de exportação brasileira de produtos agrícolas é embalada em plásticos,


como soja, açúcar, farelos, carnes, frutas, entre outros produtos",

"A principal fornecedora doméstica optou por uma estratégia de vendas com maior valor agregado. No
entanto, como grande parte de seus produtos são commodities, isso significa que buscam impor margens
maiores às vendas para lidar com questões que vão além do mercado",

"A baixa competitividade de um elo da cadeia, que ja se beneficia de um Regime Especial de Isenções
Tributarias, não pode recair sobre o restante de indústria"
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"Novas políticas industriais são voltadas para incrementar o valor adicionado das cadeias produtivas, e
aqui estamos vendo uma inversão dessa lógica. Fala-se de uma política nova, mas com medias antigas que
são anacrônicas e contra a competitividade da indústria brasileira"

“As importações de resinas vêm preponderantemente de países que têm superavit na produção de
Petróleo, se o Brasil já é um grande exportador de óleo por que não podemos competir com eles?"

7. Nota preparada para a imprensa:

ABIPLAST contesta pleitos de elevação do imposto de importação


Associação acredita que as solicitações feitas pela Abiquim na CAMEX vão resultar em uma série de prejuízos à
competitividade da indústria brasileira

São Paulo, março de 2024 - Nesta terça-feira, 12, a ABIPLAST- Associação Brasileira da Indústria do Plástico
acompanhou a publicação de uma série de pleitos emitidos pela Abiquim - Associação Brasileira da Indústria Química
na Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) referentes à proposta de Elevação Tarifária para produtos químicos. Entre
esses produtos, destacam-se as resinas termoplásticas, tais como o Polietileno (PE), Polipropileno (PP), Policloreto de
vinila (PVC), entre outros. O pedido feito ao órgão propõe um aumento das alíquotas de importação de 12,6% para
20% para esses itens.

Segundo José Ricardo Roriz, presidente da ABIPLAST, tais solicitações prejudicam a competitividade de toda a
indústria brasileira. Os plásticos são utilizados como matéria-prima em uma vasta gama de setores, desde o
empacotamento de produtos básicos até componentes automotivos, equipamentos médicos, construção civil,
agricultura, entre outros.

Roriz contesta ainda que os impactos das elevações tarifárias sejam inflacionários. "As importações servem como
referência para a concorrência com a produção nacional de resinas, a qual está altamente concentrada. Atualmente,
os preços das resinas brasileiras já são superiores aos do mercado internacional, devido à nossa alta alíquota de
importação, em comparação com países produtores de resinas (12,6% no Brasil versus 6,5% em média nos países da
OCDE), e com a elevação proposta para 20% a diferença de preços tende a aumentar."

Além disso, o aumento do imposto de importação afetaria também o custo das exportações de commodities
agrícolas. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), as embalagens representam de 15% a
20% do custo de um produto alimentício, e dois terços desses produtos são embalados em plástico.
"Aproximadamente 40% da pauta de exportação brasileira de produtos agrícolas é embalada em plásticos, como
soja, açúcar, farelos, carnes, frutas, entre outros produtos", comenta Roriz.

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Outro ponto preocupante é que, com a aprovação do aumento do imposto de importação, os insumos para
programas governamentais, como o "Minha Casa, Minha Vida", ficarão mais caros. Isso afetaria também obras de
infraestrutura, itens da cesta básica, produção de automóveis incentivados pelo programa Rota 2030, Farmácia
Popular, entre outros programas governamentais, que utilizam plásticos como matéria-prima. Portanto, o aumento
dos preços desses produtos se refletirá nos custos desses bens.

Em 2023, o setor de transformados plásticos apresentou uma expansão em sua produção de 5%, com desempenho
positivo na produção de embalagens plásticas (3%), acessórios para construção civil (9,5%) e laminados plásticos
(1,7%). Isso demonstra a demanda contínua por resinas termoplásticas e a busca por maior competitividade no
mercado internacional.

No Brasil, as resinas de PP são produzidas de forma monopolística, e historicamente apresentam preços mais
elevados do que os internacionais, o que interfere na competitividade das cadeias que delas dependem. Outro fator
que desencadeia os altos preços do PP no Brasil é a elevada alíquota do imposto de importação aplicável ao produto,
que é uma das mais altas do mundo. "A principal fornecedora doméstica optou por uma estratégia de vendas com
maior valor agregado. No entanto, como grande parte de seus produtos são commodities, isso significa que buscam
impor margens maiores às vendas para lidar com questões que vão além do mercado", ressalta o presidente da
ABIPLAST.

Sobre a ABIPLAST
A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) representa o setor de transformados plásticos
e reciclagem desde 1967, atuando para aumentar a competitividade da indústria. Para isso, realiza ações
que promovem novas tecnologias, novos processos, pesquisa de produtos com foco na sustentabilidade,
entre outras. Há anos, a concreta implementação da economia circular na cadeia produtiva está no topo
das prioridades da ABIPLAST. A entidade, referência no tema, desenvolve juntamente com seus
associados ações que preparem os setores para a atual realidade que se delineia, avançando em direção
a resultados efetivos. A ABIPLAST representa atualmente cerca de 12,6 mil empresas que empregam
cerca de 360 mil pessoas.

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