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1 - Notas de Aulas 5 1
Sumário
Conceito de Eletrostática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Lei de Coulomb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Exemplo 1: Carga pontual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Exemplo 2: Dipolo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Exemplo 3: "Linha" de cargas finita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Lei de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Bibliografia:
Conceito de Eletrostática
Estudo dos fenômenos envolvendo distribuições de cargas elétricas e de campos elétricos,
cujos valores e posições são independentes do tempo em relação e um referencial inercial,
observados em escala macroscópica.
Escala macroscópica: o tamanho das cargas é muito menor que a escala espacial dos fenô-
menos observados (tamanho característico onde as variações das grandezas medidas são
relevantes). Ou seja, as cargas são tomadas como pontos e o valor dos campos estão asso-
ciados a um ponto do espaço.
Para fixar uma escala de referência entre o macroscópico e o microscópico, considere o raio
de Bohr = 0.529 177 2108 × 10−10 m (∼ 0.53 angstroms), ou seja, o diâmetro médio do átomo
de hidrogênio é 1 Å= 0,10 de um milionésimo de milímetro = 0,10 nm 1 . Para se estudar o mo-
vimento de cargas em escala microscópica é necessário recorrer à Eletrodinâmica Quântica.2
1
Lembre-se, também, que o raio do próton é estimado da ordem de 10−15 m=um milionésimo de nanômetro!
2
Veja por exemplo, http://en.wikipedia.org/wiki/Quantum_electrodynamics
No caso de sistemas em escala macroscópica, a força de Coulomb exercida sobre uma carga
de prova q0 , colocada em certo ponto ~r0 , pode ser calculada usando-se o princípio de super-
posição.
Se a posição das cargas da distribuição não for mantida fixa (pela ação de outras forças) o
problema torna-se matematicamente complicado (e insolúvel exatamente) porque será ne-
cessário resolver um sistema de equações de movimento acopladas3 para todas as cargas
presentes incluindo a carga de prova: a posição, a velocidade e a aceleração de cada carga
variará em cada instante.
Na Eletrostática considera-se que as cargas que produzem os campos estão, na média, em
estado estacionário em uma região muito pequena (considerada pontual) em relação à escala
de observação dos fenômenos de interesse.
Lei de Coulomb
Força sobre a carga q0 situada em ~r provocada pela carga q1 situada em ~r1 , como mostra a
figura ao lado, é dada por
q1
bc
q0 q1 ~r − ~r1 ~r − ~r1 q0
F~ 0,1 = κ bc F~0,1
|~r − ~r1 |2 |~r − ~r1 |
~r1
ou ~r
q0 q1 ~r
F~0,1 = κ 2 , ~r1 = 0
|~r| |~r|
b
onde
1
κ= , ǫ0 = 8.584 × 10−12 F m−1
4πǫ0
3
Classicamente, ou seja sem levar em conta efeitos relativísticos, e para um sistema de N cargas pontuais,
por exemplo, teríamos um conjunto de equações diferenciais ordinárias de segunda ordem acopladas,
d2~ri X
mi 2
= F~i,j , i, j = 1, 2, . . . N
dt j
Campo Elétrico
Campo vetorial cujo módulo é igual ao módulo da fôrça eletrostática sobre uma carga de prova
q0 > 0 dividido pelo valor da carga q0 , e cuja direção é igual à direção da força eletrostática.
~ r ) no ponto ~r, produzido por uma carga q1 situada em ~r1 será dado
Logo, o campo elétrico E(~
por:
q1
bc
~ r ) = 1 F~0,1 = q1 ~r − ~r1
E(~
~r − ~r1
~ r)
q0 4πǫ0 |~r − ~r1 |3 b E(~
~r1
onde ~r
O
fonte.
Observações:
• Graficamente o campo elétrico é representado por linhas de força que são localmente
perpendiculares às linhas equipotenciais, como será visto mais adiante.
As linhas de força são construídas de tal maneira que a tangente em cada ponto dá a
direção do campo. Por isso, não se cruzam e partem de uma carga positiva e terminam
em uma carga negativa. A densidade de linhas é proporcional à intensidade do campo.
~r1
n n ~rn
X 1 X ~r − ~ri ~r
~ r) =
E(~ ~ i (~r) =
E qi (1)
i=1
4πǫ0 i=1 |~r − ~ri |3
O
Exemplo 1: Campo de uma carga pontual q .
Considerar a carga q1 situada na origem do sistema de coordenadas (posição mais conveni-
ente), isto é, ~r1 = 0 e considerar um sistema de coordenadas esféricas polares.
O campo elétrico será dado por:
~ r) = 1 ~r ~ r ) = q1 1 ǫ̂r
E(~ q1 3 ou E(~
4πǫ0 |~r| 4πǫ0 r 2
∇ ~ r ) = q1 1 ∂ (r 2 1 ) = 0,
~ · E(~ r 6= 0
4πǫ0 r 2 ∂r r2
porque o campo diverge em r = 0.
Observe que esse é o único ponto onde existe carga (fonte de campo) e que esta carga é
considerada pontual causando a divergência! De maneira direta pode-se constatar também
~ × E(~
que ∇ ~ r ) = 0.
As linhas de força (direção do campo) são radiais não apresentando qualquer curvatura!
q 1 ~
(~r − d)
~1 =
E
~ 2 |~r − d|
4πǫ0 |~r − d| ~
~
~ 2 = −q
E
1 (~r + d)
~ 2 |~r + d|
4πǫ0 |~r + d| ~
~ =E
Campo resultante: E ~1 + E
~ 2:
Considerando que ǫ̂r · ǫ̂z = cos θ e ǫ̂θ · ǫ̂z = −senθ, resulta (ver figura ampliada):
E1r E2r
"z }| { z }| {#
~ · ǫ̂r = q (r − d cos θ) (r + d cos θ)
Er = E −
4πǫ0 (d2 − 2dr cos θ + r 2 )3/2 (d2 + 2dr cos θ + r 2 )3/2
" #
~ · ǫ̂θ = q dsenθ dsenθ
Eθ = E + ,
4πǫ0 (d2 − 2dr cos θ + r 2 )3/2 (d2 + 2dr cos θ + r 2 )3/2
| {z } | {z }
E1θ E2θ
~ · ǫ̂φ = 0,
Eφ = E
~ ·E
∇ ~ =0 e ~ ×E
∇ ~ =0
e, de modo análogo,
" #
q (d/r)senθ (d/r) senθ 2qdsenθ
Eθ = + ∼
4πǫ0 r 2 (1 − 3(d/r) cos θ) (1 + 3(d/r) cos θ) 4πǫ0 r 3
Definindo o vetor momento de dipolo p ~ = q ~δ, onde ~δ é o vetor de posição da carga positiva
em relação à carga negativa (ver figura abaixo) teremos:
2p cos θ p senθ
Er ∼ e Eθ ∼ , com p = 2qd
4πǫ0 r 3 4πǫ0 r 3
2 1/2
y−1 y+1
+ q −q
[x2 + (y − 1)2 ]3 [x2 + (y + 1)2 ]3
Figura 3: Módulo do campo elétrico de um dipolo em função da posição no plano (x, y). As cargas estão
localizadas em (0, 1) e (0, −1).
(b) Para uma distribuição de cargas contínua descrita por uma função densidade de cargas
ρ(~r′ ), o campo elétrico no ponto ~r será dado pela soma vetorial dos campos elementares
produzidos por elementos de carga dq ′ = ρ(~r′ )dr ′3
dq = ρdr ′3
rs
~r − ~r′
~ r)
dE(~
V b
~r′ ~r
isto é:
Z
~ r) = 1 ~r − ~r′
E(~ ρ(~r′ ) dr ′3 (2)
4πǫ0 V |~r − ~r′ |3
Exemplo 3: ǫ̂z
Campo Eletrostático produzido por uma "linha"
de cargas finita de tamanho 2L, com densidade ~ r)
dE(~
P
de cargas linear uniforme λ (carga por unidade
de comprimento), em um ponto distante de d e
localizado na perpendicular ao ponto médio.
d
Considerar o eixo ǫ̂x ao longo da direção da linha
de cargas e o eixo ǫ̂z perpendicular no ponto mé-
dio da linha de cargas, como mostra a figura ao λ x′
lado. ! !
−L O dq = λdx L ǫ̂x
A contribuição para o campo no ponto ~r = d ǫ̂z
produzida pelo elemento de carga dq = λ dx′ , localizado na posição ~r′ = x′ ǫ̂x é
Z Z L
L L
λ d dx′ λ x 1 2λ L
Ez = dEz = = p = √
−L 4πǫ0 −L (x′2 + d2 )3/2 4πǫ0 d (x′2 + d2 ) 4πǫ0 d d2 + L2
−L
Obs:
• O campo aponta na direção ǫ̂z , por simetria. A contribuição na direção ǫ̂x dos elementos
de carga λdx′ localizados em ±x′ se cancelam mutuamente.
• No limite L ≫ d o campo resulta
~ ≃ 1 2λ
E ǫ̂z
4πǫ0 d
que é independente de L.
• No limite d ≫ L, por outro lado, resulta
~ ≃ 1 2λL
E ǫ̂z
4πǫ0 d2
que pode ser visto como o campo de uma carga pontual q = λ(2L) a uma distância d.
Exercício 4:
Obtenha o campo eletrostático em um ponto ~r = d ǫ̂z gerado por uma espira quadrada de
lado L com densidade linear de cargas λ uniforme e cujo centro está no ponto O .
Use eixos de coordenadas cartesianos com os eixos {ǫ̂x , ǫ̂y } paralelos aos lados da placa.
Obtenha os casos limites L ≫ d e d ≫ L.
Dica: Use o resultado do exemplo anterior e as propriedades de simetria da espira quadrada.
Lei de Gauss
Fluxo do Campo Elétrico FE produzido por uma carga q (pontual).
O fluxo dFE em um elemento infinitesimal de área orientado d~s = n̂da é definido por:
~ · d~s = E
~ · n̂da = 1 q q
dFE = E cos θda = dΩ, (3)
4πǫ0 r 2 4πǫ0
onde
• da é o elemento infinitesimal de área sobre S ,
• n̂ é o versor normal à superfície apontando para fora,
• dΩ = cos θda/r 2 é o elemento infinitesimal de ângulo só-
lido,
• θ o ângulo entre E~ e n̂.
I I (
~ · n̂da = q q/ǫ0 , se q estiver no interior de S ;
ΦE = E dΩ = Lei de Gauss
S S 4πǫ0 0, se q estiver fora de S .
(4)
H
onde usamos que dΩ = 4π .
Fluxo Total do Campo Elétrico FE através de uma superfície Gaussiana arbitrária S que con-
tém uma distribuição de carga limitada em uma região V .
Considerando o princípio da superposição para o campo elétrico produzido pela densidade
de carga ρ(~r′ ),
I Z
FE = ~ · n̂da = 1
E ρ(~r′ )dv ′ Lei de Gauss (5)
S ǫ0 V
~
E
θ
n̂
da
b
dΩ
q
S
Se a densidade de carga é nula no interior de V , i.e. ρ(~r′ ) = 0, o fluxo total será nulo,
(FE = 0).
I Z
~ · n̂ds =
A ~ ·A
∇ ~ dv (6)
S V
~ = A(~
onde A ~ r) é um campo vetorial e (∇·
~ ) é o operador divergente.
I Z Z
~ · n̂ds =
E ∇ ~ = 1
~ · Edv ρ(~r′ )dv ′ → ∇ ~ r ) = 1 ρ(~r)
~ · E(~ (7)
ǫ ǫ0
S
|V {z 0 V
}
Comparando os integrandos
Uma distribuição discreta de cargas pode ser escrita como uma distribuição contínua de car-
gas usando-se a função δ de Dirac.
X
ρ(~r′ ) = qi δ(~r′ − ~ri ) (8)
i
4
Ver, por exemplo, §1.5 do livro de Reitz-Milford, Foundations of the Electromagnetic Theory, 2nd edition, pg.
13.
onde
Z ∞ Z ∞
f (x)δ(x − x0 )dx = f (x0 ) → δ(x − x0 )dx = 1
−∞ −∞
se f (x) é contínua em x0 .
5
Sobre a Função δ -Dirac, ver Apêndice II do livro de Cohen-Tannoudji, Quantum Mechanics vol.II, pg. 1468
ou o §5.2 do livro de Byron-Füller, Mathematical of Classical and Quantum Physics, vol.I, pg. 224.