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Citação Marx:
“A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classe” (Marx
e Engels, 1998, as cited in Silva, 2009, p. 47).
Produção:
“A produção é o facto que distingue o homem dos não-humanos na medida em que a
produção é um dado primordial, visa a satisfação das necessidades humanas, permite a
reprodução social e pressupõe a cooperação entre produtores.” (Marx e Engels, 1976, as cited
in Silva, 2009, p. 47)
Conflitos de classe:
“Marx e Engels (1998) sustentam que todas as sociedades estão perpassadas por conflitos de
classe, em que as classes dominantes, além de se apropriarem do excedente produzido pelas
classes exploradas, as sujeitam do ponto de vista político e ideológico.” (Silva, 2009, p. 49)
Modo de produção:
“a maneira como uma sociedade organiza o trabalho e o capital, homens e instrumentos para
produzir mercadorias, é o fundamento ou base sobre a qual se erguem todas as outras
instituições importantes da vida social” (Worsley, 1983:413 as cited in Silva, 2009, p. 50)
Nova definição de classe (“mais abrangente, mas sem retirar a prevalência do económico”)
- classes sobretudo “definidas e analisadas a partir das estruturas económicas (relações de
propriedade)”, mas combinando esta dimensão, sobretudo nos referidos segmentos da
pequena burguesia, com as (super)estruturas políticas e ideológicas (individualismo e forte
tendência para a mobilidade social ascendente)”.
- “a velha pequena e a nova pequena burguesia seriam assim designadas consideram não só a
dimensão económica (continua determinante), como também a política e a ideológica,
mantendo-se todavia o económico como facto determinante” (Silva, 2009, p. 53)
Benschop:
“as classes e relações de classe devem ser definidas não só a partir dos processos de produção
como de distribuição, o que pressupõe o cruzamento das perspectivas marxista e weberiana,
dando lugar a um conceito amplo de classe e, com este, a análise não só das relações de
produção materiais, como as de distribuição e serviços.” (Benschop, 1993 as cited in (Silva,
2009, p. 56)
“A partir desta teste é possível destacar, para além das formas de exploração directa nos
processos de produção, outras formas de exploração indirecta com base na apropriação de
recursos credenciais, organizacionais-políticos e interaccionais, dando assim lugar a diversos
tipos de exploração (credencial, organizacional e clientelar), sempre que o poder exercido
seja ilegítimo e não assente em formas democráticas de decisão, possibilitando assim o
controlo do trabalhador e, consequentemente, a extracção de sobretrabalho ou excedente
económico”
Resumo do neomarxismo:
“Numa perspetiva sintética cada vez mais defendida por diversos neomarxistas, a análise de
classes comporta a análise da estrutura de classes, da formação de classe e luta de classes, da
consciência e acção de classe, a qual deve, por seu turno, ser articulada com outras variávies
como seja a questão de género.” (Silva, 2009, p. 60)
Classe, estatuto e partido:
“É conhecida a distinção weberianda de classe, estatuto e partido: classe na esfera económica,
estatuto na esfera social e partido na esfera política. Estas dimensões, embora analiticamente
distrinçáveis, devem ser articuladas de modo a compreender e explicar as diversas formas de
desigualdade social, nomeadamente as desigualdades de classe.” (Silva, 2009, p. 61)
“classes, grupos de status e partidos são fenómenos de distribuição do poder dentro duma
comunidade” (Weber 1972:62 as cited in Silva, 2009)
Status:
“significa uma efectiva reivindicação de estima social, em termos positivos (com privilégios) ou
negativos (privação, destituição); baseia-se tipicamente em formas ou estilos de vida, numa
educação formal que pode ser aprendizagem empírica ou instrução racional e na honra ou
prestígio herdado ou ocupacional” (Weber (1978:305) as cited in Silva, 2009, p. 62)
“socialmente definido e reconhecido pelo modo e estilo de vida, o qual se demarca (...) por
uma distinta identidade do grupo de pertença, traduzível pela medida de estima, consideração
e prestígio na escala da hierarquia social (por nível de instrução, nascimento ou profissão, tipos
e graus de consumo).” (Silva, 2009, p. 63)
Status é “susceptível de gerar rendimentos e com forte tendência, não raro coerciva, para
monopolizar bens e oportunidades de vida e materiais” (Silva, 2009, p. 63)
“Em sentido inverso é também plausível que a situação de classe na base da propriedade se
possa converter, a médio-logo prazo, em qualidade de status” (Silva, 2009, p. 63)
Partido:
“grau de oportunidades e competências na esfera organizacional e de poder, em particular nas
organizações partidárias, estrategicamente ocupada em influenciar os demais cidadãos ora a
conservar ora a conquistar o poder, designadamente estatal”
Contributo de Weber:
“uma concepção ampla e plural de classe é, sem dúvida, a contribuição mais relevante de
Weber (1972) para a teoria de distribuição de poder numa sociedade, em que a formação, o
desenvolvimento, a luta e a classificação entre grupos sociais constituem elementos fulcrais da
teoria das classes sociais, cujas componentes – económica, social e política – são, como
dissemos, reversíveis e convertíveis entre si.” (Silva, 2009, p. 64)
“segundo Dahrendorf (1959:64), o que define basicamente uma classe e determina o conflito
de classes não é tanto a (não) posse de propriedade, como pretendia Marx, mas antes o
conflito em torno da autoridade e/ou poder”
Perspetivas Neoweberianas:
Tourain – classe social não tem interesse quando não se tem consciência dela:
“o neoweberiano Touraine (1971, 1995:85-88), o qual relativiza as desigualdades sociais em
favor das relações de dominação, por parte de dirigentes, tecnocratas e gestores sobre
dirigidos, relações essas baseadas no conhecimento e analisadas de modo dicotómico.” (Silva,
2009, p. 67)
“quer neoweberianos como Darhendorf (1959) e Parkin (1979), quer sobretudo os teóricos das
elites suspeditam as acções sociais às relações de poder”
Neoweberianos:
“os neoweberianos, que não o próprio Weber, incidem o foco de análise numa desvalorização
relativa do económico e numa certa substancialização ou reificação do poder, muito próxima
dos teóricos da circulação das elites como Pareto (1989).
(Bordieu, 1997)
“Os habitus são princípios geradores de práticas distintas”. (Bordieu, 1997, p. 9).
“a ideia central é que existir num espaço, ser um ponto, um indivíduo no espaço, é diferir, ser
diferente” (Bordieu, 1997, p. 10)
“a diferença (aquilo que exprimo ao falar de espaço social) existe, e persiste.” (Bordieu, 1997,
p. 12)
“espaço social como estrutura de posições diferenciadas, definidas, em cada caso, pelo lugar
que ocupam na distribuição de uma espécie particular de capital.” (Bordieu, 1997, p. 15)
“O campo do poder (...) é o espaço das relações de força entre (...) os agentes que são
suficientemente providos de uma das diferentes espécies de capital para ficarem em
condições de dominar o campo correspondente (...)” (Bordieu, 1997, p. 33).
(Becker, 1963)
Regras sociais:
Definição de outsider:
“Quando uma regra é imposta, a pessoa que presumivelmente a infringiu pode ser vista como
um tipo especial, alguém de quem não se espera viver de acordo com as regras estipuladas pelo
grupo.” (Becker, 1963, p. 15)
“aquele que infringe a regra pode achar que os seus juízes são outsiders” (Becker, 1963, p. 15)
“quer uma regra tenha força de lei ou de tradição, quer seja simplesmente resultado de
consenso, a tarefa de impingi-la pode ser o encargo de algum grupo especializado, como a
polícia (...), por outro lado, pode ser uma tarefa de todos, ou pelo menos a tarefa de todos no
grupo a que a regra se aplica. Muitas regras não são impostas (...)” (Becker, 1963, p. 16)
“Regras informais podem morrer de maneira semelhante por falta de imposição. (...) regras
operantes efetivas de grupos, aquelas mantidas vivas por meio de tentativas de imposição”.
(Becker, 1963, p. 16)
“alguns dos que violam regras não pensam que foram injustamente julgados”
“alguns desviantes (...) desenvolvem ideologias completas para explicar por que estão certos e
por que os que os desaprovam e punem estão errados.” (Becker, 1963, p. 17)
“À medida que supõem que atos infratores de regras são inerentemente desviantes, e assim
deixam de prestar atenção a situações e processos de julgamento, a visão de senso comum
sobre o desvio e as teorias científicas que partem de suas premissas podem deixar de lado uma
variável importante.” (Becker, 1963, p. 17)
Conceção estatística:
Críticas à estatística:
“A mistura contém pessoas comumente consideradas desviantes e outras que não infringiam
absolutamente qualquer regra. (...) está longe demais da preocupação com a violação de regras,
que inspira o estudo científico dos outsiders.” (Becker, 1963, p. 18)
“revelando a presença de uma “doença”. (...) Quando está funcionando de modo eficiente, sem
experimentar nenhum desconforto, o organismo humano é considerado “saudável”. Quando
não funciona com eficiência, há doença.” (Becker, 1963, p. 18)
“as pessoas não concordam quanto ao que constitui comportamento saudável” (Becker, 1963,
p. 19)
“A metáfora médica limita o que podemos ver tanto quanto a concepção estatística. Ela aceita
o julgamento leigo de algo como desviante e, pelo uso da analogia, situa sua fonte dentro do
indivíduo, impedindo-nos assim de ver o próprio julgamento como parte decisiva do
fenómeno.” (Becker, 1963, p. 20)
“Se isso for verdade, é igualmente verdadeiro que as questões de quais regras devem ser
impostas, que comportamentos vistos como desviantes e que pessoas rotuladas como outsiders
devem também ser encarado
s como políticas.”
“Ela identifica o desvio como a falha em obedecer a regras de um grupo.” (Becker, 1963, p. 20)
“Essa concepção é mais próxima da minha, mas não dá peso suficiente às ambiguidades que
surgem ao se decidir quais regras devem ser tomadas como o padrão de comparação com
referência ao qual o comportamento é medido e julgado desviante.” (Becker, 1963, p. 21)
“define o desvio como a infração de alguma regra geralmente aceite. Ela passa então a
perguntar quem infringe regras e a procurar os fatores nas personalidades e situações de vida
dessas pessoas, e que poderiam explicar as infrações. Isso pressupõe que aqueles que
infringiram uma regra constituem uma categoria homogénea porque cometeram o mesmo ato
desviante.” (Becker, 1963, p. 21)
“grupos sociais criam desvio ao fazer as regras cuja infração constitui desvio, e ao aplicar essas
regras a pessoas particulares e rotulá-las como outsiders.” (Becker, 1963, p. 22)
“o desvio não é uma qualidade do ato que a pessoa comete, mas uma consequência da
aplicação por outros de regras e sanções a um “infrator”. O desviante é alguém a quem esse
rótulo foi aplicado com sucesso; o comportamento desviante é aquele que as pessoas rotulam
como tal”. (Becker, 1963, p. 22)
“desvio é (...) uma consequência das reações de outros ao ato de uma pessoa, os estudiosos (...)
não podem supor que essas pessoas cometeram realmente um ato desviante ou infringiram
alguma regra, porque o processo de rotulação pode não ser infalível;
- algumas pessoas podem ser rotuladas de desviantes sem ter de fato infringido uma regra.
- (...) não podem supor que a categoria daqueles rotulados conterá todos os que realmente
infringiram uma regra, porque muitos infratores podem escapar à detecção e assim deixar de
ser incluídos na população de “desviantes” que estudam.
À medida que a categoria carece de homogeneidade e deixa de incluir todos os casos que lhe
pertencem, não é sensato esperar encontrar fatores comuns de personalidade ou situação de
vida que expliquem o suposto desvio.” (Becker, 1963, p. 22)
Becker vai focar-se, sobretudo, “no processo pelo qual eles passam a ser considerados outsiders
e suas reações a esse julgamento”. (Becker, 1963, p. 22)
(Serrano, 2020)
“Alberti (2008) refere que o populismo se baseia numa premissa democrática radical, segundo
a qual o “povo” visto como uma entidade moral homogénea e o seu “senso comum” devem
prevalecer e ter precedência sem qualquer restrição institucional” (Serrano, 2020, p. 224).
“Elchardus e Spyrut (2014) concluíram que o populismo aparece principalmente como uma
relação a um diagnóstico social que se traduz no sentimento de que a sociedade está em
declínio, incapaz de enfrentar os novos desafios da diversidade e da globalização. (...) e daí a
crença em soluções de senso comum, como impedir a imigração, diminuir a diversidade e
fechar fronteiras.” (Serrano, 2020, p. 224)
“Hawkins (2009, 2010) define o populismo como um discurso maniqueísta que atribui uma
dimensão moral binária a conflitos políticos.” (Serrano, 2020, p. 225)
(Crenshaw, 2008)