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(Silva, 2009)

Citação Marx:
“A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classe” (Marx
e Engels, 1998, as cited in Silva, 2009, p. 47).

Produção:
“A produção é o facto que distingue o homem dos não-humanos na medida em que a
produção é um dado primordial, visa a satisfação das necessidades humanas, permite a
reprodução social e pressupõe a cooperação entre produtores.” (Marx e Engels, 1976, as cited
in Silva, 2009, p. 47)

“Eles [os fundadores do materialismo histórico e dialéctico] centraram a sua análise no


dominante modo de produção capitalista, sem deixarem de reconhecer (...) a existência de
múltiplas classes sociais provenientes ou ligadas a outros modos de produção e, portanto, uma
relativa heterogeneidade social inclusiva no seio das classes exploradas e dominadas.” (Silva,
2009, pp. 47-48)

Classe social e proletário vs. patrões:


“Segundo Marx (1974) e Marx e Engeles (1998) e, posteriormente, Lenine (1947), classe social
é constituída pelo conjunto de agentes ou actores sociais que ocupam uma posição comum
perante os meios de produlão num determinado modo de produção, o que, no caso do
sistema capitalista, coloca em campos antagónicos e cava contradições irreconciliáveis entre a
classes dos trabalhadores assalariados que apenas dispõem e vendem a sua força de trabalho
e a dos que controlam os meios de produção e se apropriam da mais-valia produzida por
aqueles.” (Silva, 2009, p. 48)

Conflitos de classe:
“Marx e Engels (1998) sustentam que todas as sociedades estão perpassadas por conflitos de
classe, em que as classes dominantes, além de se apropriarem do excedente produzido pelas
classes exploradas, as sujeitam do ponto de vista político e ideológico.” (Silva, 2009, p. 49)

Falta de consciência de classe:


“Tão-pouco é casual, tal como sustentam Marx e Engels (1965), que as classes dominantes, ao
controlarem os vários aparelhos políticos e ideológicos, procurem reproduzir como dominante
a sua ideologia junto e sobre as classes dominadas, inculcando nestas uma “falsa consciência”
que explicaria a eventual ausência de consciência e acção de classe”. (Silva, 2009, p. 50)

Modo de produção:
“a maneira como uma sociedade organiza o trabalho e o capital, homens e instrumentos para
produzir mercadorias, é o fundamento ou base sobre a qual se erguem todas as outras
instituições importantes da vida social” (Worsley, 1983:413 as cited in Silva, 2009, p. 50)

Classe em si vs. classe para si:


“distinção e concepção relacional que Marx (1975ª:143;1976:136) faz entre “classe em si” – a
classe objectiva definida em termos económicos – e a “classe para si” – a classe organizada e
subjectivamente possuidora duma consciência política” (Silva, 2009, p. 51)
Definição de classe:
“suposta convergência de interesses comuns objetivos de classe em termos económicos e
sociais mas só se torna politicamente real quando surge como força social consciente,
organizada e voltada para a transformação social através da acção coletiva.” (Silva, 2009, p. 52)

Nova definição de classe (“mais abrangente, mas sem retirar a prevalência do económico”)
- classes sobretudo “definidas e analisadas a partir das estruturas económicas (relações de
propriedade)”, mas combinando esta dimensão, sobretudo nos referidos segmentos da
pequena burguesia, com as (super)estruturas políticas e ideológicas (individualismo e forte
tendência para a mobilidade social ascendente)”.
- “a velha pequena e a nova pequena burguesia seriam assim designadas consideram não só a
dimensão económica (continua determinante), como também a política e a ideológica,
mantendo-se todavia o económico como facto determinante” (Silva, 2009, p. 53)

Contrariamente à tese anterior, trabalhadores assalariados dos serviços também devem


fazer parte da tradicional classe operária:
“também os trabalhadores assalariados dos serviços (empregados, funcionários), porque
excluídos do poder de disposição sobre o cpaital e dos centros de decisão, aproximar-se-iam,
como refere Mallet (1975), da tradicional classe operária constituindo assim uma “nova classe
operária”. (Silva, 2009, p. 53)

Importância de contexto cultural:


“Thompson (1982) [...] veio contrapor que o factor mais relevante na configuração das classes
sociais não seria a estrutura de classes mas antes os processos históricos, as práticas e os
contextos culturais de classe, as sociabilidades, as experiências e lutas vividas pelos actores
sociais nos contextos de trabalho e residência.” (Silva, 2009, p. 54)

Novas formas de exploração, incluídas no contexto de classe:


Wright “manteve o critério económico da propriedade privada/recursos produtivos e inerente
relação de exploração como o eixo nuclear das desigualdades de classe.”
“Porém, [...] redefiniu e alargou o conceito de classe e de exploração, incorporando, além do
número de trabalhadores na empresa, critérios como o controlo de recursos organizacionais e
a posse de credenciais escolares no âmbito das relações de mercado e relevando factores
aduzidos pelos (neo) weberianos (dominação/poder e qualificações) como componentes de
outras formas de exploração autónomas da exploração capitalista – organizacional e
credencial.” (Silva, 2009, p. 55)

Relações de exploração vs. relações de dominação:


“as relações de exploração comportam directa ou indirectamente relações de poder e
dependência política, não é necessariamente sustentável o contrário. As relações de
dominação nem sempre implicam exploração, podendo esta ocorrer ou não.” (Silva, 2009, p.
56)

Benschop:
“as classes e relações de classe devem ser definidas não só a partir dos processos de produção
como de distribuição, o que pressupõe o cruzamento das perspectivas marxista e weberiana,
dando lugar a um conceito amplo de classe e, com este, a análise não só das relações de
produção materiais, como as de distribuição e serviços.” (Benschop, 1993 as cited in (Silva,
2009, p. 56)
“A partir desta teste é possível destacar, para além das formas de exploração directa nos
processos de produção, outras formas de exploração indirecta com base na apropriação de
recursos credenciais, organizacionais-políticos e interaccionais, dando assim lugar a diversos
tipos de exploração (credencial, organizacional e clientelar), sempre que o poder exercido
seja ilegítimo e não assente em formas democráticas de decisão, possibilitando assim o
controlo do trabalhador e, consequentemente, a extracção de sobretrabalho ou excedente
económico”

“configuram-se três tipos de exploração, enquanto formas indirectas de extracção de


sobretrabalho:
(i) exploração credencial – [...] forma de extracção de sobretrabalho com base no poder de
disposição sobre credenciais individuais como resultado de relações sociais ou
oportunidades educativas (diplomas, títulos, referências, certificados ou cartas de
acreditação). [...] As credenciais são fonte de exploração de outrem quando, além de serem
mantidas social ou institucionalmente como raras, constituem base para explorar força de
trabalho alheia através de obtenção de uma renda credencial. [...] os suportes associativos ou
profissionais dos detentores de credenciais são, em regra, exclusivistas e tendencialmente
monopolizadores quanto ao acesso e exercício de determinadas profissões por outrem”
(Silva, 2009, pp. 56-58)

Nova definição de classe:


“Para todos estes autores, a classe social definir-se-ia não só pela natureza e pelo grau de
propriedade e/ou posse dos meios de produção, tal como concebeu Marx (1974), mas
também pela posse/não-posse de outros recuros nomeadamente organizacionais com a
respectiva ocupação de determinados cargos e funções directivas ou de enquadramento nos
aparelhos (re)produtivo, político e ideológico, de credenciais escolares; e, tratando-se de
empresas, também do número de trabalhadores ao seu serviço, aspectos estes que, para
maior precisão analítica, terão ainda de ser articulados com outras variáveis tais como género,
etnia ou nacionalidade.” (Silva, 2009, p. 59)

“Lugares contraditórios de classe” ou de pertença múltipla:


“Há, porém, segundo Wright (1985), situações de classe, cujos agentes, ao apresentarem
traços relacionais em comum com mais de uma classe ou serem originários da articulação de
diversos modos de produção, detêm, na terminologia de Wright (1985:86), “lugares
contraditórios de classe” ou de pertença múltipla, relativamente autónomos, tais como, por
exemplo, o de gestores ou técnicos altamente credenciados, assalariados e sem propriedade,
mas com posse de recursos escolares, autoridade e/ou capacidade de decisão; o de detentores
de alguns meios de produção mas sem explorarem força de trabalho alheia; o de assalariados
num local e de pequenos patrões noutro; ou ainda as locações de classe mediadas por relações
familiares.” (Silva, 2009, pp. 59-60)
“As posições das classes intermédias serão decisivas nas estratégias de alianças, seja na
aproximação e na colisão com as classes dominantes, seja na identificação e no alinhamento
com as classes trabalhadores assalariadas.” (Silva, 2009, p. 60)

Resumo do neomarxismo:
“Numa perspetiva sintética cada vez mais defendida por diversos neomarxistas, a análise de
classes comporta a análise da estrutura de classes, da formação de classe e luta de classes, da
consciência e acção de classe, a qual deve, por seu turno, ser articulada com outras variávies
como seja a questão de género.” (Silva, 2009, p. 60)
Classe, estatuto e partido:
“É conhecida a distinção weberianda de classe, estatuto e partido: classe na esfera económica,
estatuto na esfera social e partido na esfera política. Estas dimensões, embora analiticamente
distrinçáveis, devem ser articuladas de modo a compreender e explicar as diversas formas de
desigualdade social, nomeadamente as desigualdades de classe.” (Silva, 2009, p. 61)

Situação de classe para Weber:


“a definição de classe pressupõe similaridade nas oportunidades de vida e partilha de
interesses (posse ou não de bens, rendimentos, acesso a mercados) (...) tal teria também lugar
ao nível da reprodução e da redistribuição de bens e serviços.” (Silva, 2009, pp. 61-62)

“classes, grupos de status e partidos são fenómenos de distribuição do poder dentro duma
comunidade” (Weber 1972:62 as cited in Silva, 2009)

Relação entre classe, estatuto e partido:


“campos diferentes (...) não constituem contudo (...) compartimentos estanques nem espaços
de contraste absoluto, podendo mesmo ser revertíveis, mutuamente convertíveis, e até
sobrepor-se” (Silva, 2009, p. 62)

Status:
“significa uma efectiva reivindicação de estima social, em termos positivos (com privilégios) ou
negativos (privação, destituição); baseia-se tipicamente em formas ou estilos de vida, numa
educação formal que pode ser aprendizagem empírica ou instrução racional e na honra ou
prestígio herdado ou ocupacional” (Weber (1978:305) as cited in Silva, 2009, p. 62)

“socialmente definido e reconhecido pelo modo e estilo de vida, o qual se demarca (...) por
uma distinta identidade do grupo de pertença, traduzível pela medida de estima, consideração
e prestígio na escala da hierarquia social (por nível de instrução, nascimento ou profissão, tipos
e graus de consumo).” (Silva, 2009, p. 63)

Status é “susceptível de gerar rendimentos e com forte tendência, não raro coerciva, para
monopolizar bens e oportunidades de vida e materiais” (Silva, 2009, p. 63)
“Em sentido inverso é também plausível que a situação de classe na base da propriedade se
possa converter, a médio-logo prazo, em qualidade de status” (Silva, 2009, p. 63)

Partido:
“grau de oportunidades e competências na esfera organizacional e de poder, em particular nas
organizações partidárias, estrategicamente ocupada em influenciar os demais cidadãos ora a
conservar ora a conquistar o poder, designadamente estatal”

Contributo de Weber:
“uma concepção ampla e plural de classe é, sem dúvida, a contribuição mais relevante de
Weber (1972) para a teoria de distribuição de poder numa sociedade, em que a formação, o
desenvolvimento, a luta e a classificação entre grupos sociais constituem elementos fulcrais da
teoria das classes sociais, cujas componentes – económica, social e política – são, como
dissemos, reversíveis e convertíveis entre si.” (Silva, 2009, p. 64)

Weber e ética protestante:


“A alegada prioridade analítica da religião e da ética protestante sobre o económico
representaria, segundo Aron, a refutação e subsequente inversão da tese marxista acerca da
infraestrutura técnico-económica como causa da superestrutura político-religiosa, tese esta
que não colhe à luz de uma interpretação mais cuidada de Weber.” (Silva, 2009, p. 64)

“correlação entre a doutrina protestante e o tipo ideal de empresário capitalista, indiciando


uma ‘afinidade electiva’ entre ambos os factores no nascimento do capitalismo, embora não
necessariamente no seu funcionamento ou desenvolvimento.” (Silva, 2009, p. 65)

Situações de classe com base em três critérios (propriedade, aquisitiva, social):


“(i) o critério da propriedade – o qual dá lugar a classes privilegiadas ou desprivilegiadas
conforme detenham ou não propriedade e bens económicos herdados; (ii) o critério da
capacidade aquisitiva, o qual permite aferir e classificar classes privilegiadas ou não conforme
o seu poder de aquisição ou compra; (iii) e, por fim, o critério social que remete para aspectos
sócio-simbólicos indutores da (in)capacidade de mobilidade social intra ou intergeracional,
abrangendo nestas designações os intelectuais e outras camadas de especialistas sem
propriedade, mas detendo em contrapartida, credenciais escolares ou recursos sociais e
simbólicos (conexões sociais, prestígio).” (Silva, 2009, p. 65)

Dahrendorf (1959) contraria Marx, considerando que:


“o conflito de classes não é irresolúvel, podendo mesmo obter-se, mediante um equilíbrio
das pressões das organizações sindicais e patronais, pela intervenção ‘protectora’ do Estado
social e pela negociação e concertação institucional, uma relativa harmonização e superação
de tais conflitos”.
“considera Dahrendof (1959:129 ss) que nem sempre a história das sociedades teria sido uma
história de luta de classes antagónicas” (Silva, 2009, p. 66)

Conflitos são afinal em torno do poder:


“os conflitos de classe seriam apenas uma das modalidades ou manifestações, entre outras
(v.g. conflitos étnicos, sexuais), do conflito dicotómico em torno da (des)igual distribuição do
poder em qualquer organização social”

“segundo Dahrendorf (1959:64), o que define basicamente uma classe e determina o conflito
de classes não é tanto a (não) posse de propriedade, como pretendia Marx, mas antes o
conflito em torno da autoridade e/ou poder”

“a desigualdade de poder e de autoridade, que inevitavelmente acompanha a organização


social, é que constitui a desigualdade fundamental da estrutura social; é o factor determinante
dos conflitos de classes.” (Dahrendorf (1959) as cited in Silva, 2009, p. 66)

Perspetivas Neoweberianas:
Tourain – classe social não tem interesse quando não se tem consciência dela:
“o neoweberiano Touraine (1971, 1995:85-88), o qual relativiza as desigualdades sociais em
favor das relações de dominação, por parte de dirigentes, tecnocratas e gestores sobre
dirigidos, relações essas baseadas no conhecimento e analisadas de modo dicotómico.” (Silva,
2009, p. 67)

“substitui (...) o conceito de exploração económica pelo de alienação e considera que “a


classe operária já não é na sociedade programada um actor histórico privilegiado... O tema
sociológico das classes sociais não tem sentido ou interesse algum a não ser quando existe
um certo grau de consciência de classe. Ora bem, a exploração proletária pode definir uma
situação de classe, mas é incapaz de explicar a formação de uma consciência e de uma acção
de classe, posto que toda a acção social supõe um assinalar de objectivos e, portanto, a
definição de um certo quadro social de acção coletiva” (Silva, 2009, p. 67)
Parkin e Giddens:
“para quem o fio condutor da respectiva posição social seria definida pelo fechamento social
(social closure) que pressupõe estratégias de inclusão e, eventualmente, de usurpação para
uns e de exclusão, em relação a outros, seja no mercado de trabalho, seja em processos de
participação e, em última instância, de decisão no seio de qualquer organização ou
associação (económica, política, cultural, étnica).” (Silva, 2009, pp. 67-68)

“quer neoweberianos como Darhendorf (1959) e Parkin (1979), quer sobretudo os teóricos das
elites suspeditam as acções sociais às relações de poder”

Weber sobre conflito de classes:


“para Weber (1978) o conflito de classes é apenas uma das modalidades ou formas de
conflitualidade social, ao lado de outras tais como sexuais, étnicas ou religiosas, as quais, em
qualquer organização social, ocorrem em torno da luta por causa do desigual controlo e
distirbuição de recursos”

Neoweberianos:
“os neoweberianos, que não o próprio Weber, incidem o foco de análise numa desvalorização
relativa do económico e numa certa substancialização ou reificação do poder, muito próxima
dos teóricos da circulação das elites como Pareto (1989).

(Bordieu, 1997)

“O habitus é esse princípio gerador e unificador que retraduz características intrínsecas e


relacionais de uma posição num estilo de vida unitário, quer dizer, num conjunto unitário de
escolha de pessoas, de bens, de práticas.” (Bordieu, 1997, p. 9)

“Os habitus são princípios geradores de práticas distintas”. (Bordieu, 1997, p. 9).

“a ideia central é que existir num espaço, ser um ponto, um indivíduo no espaço, é diferir, ser
diferente” (Bordieu, 1997, p. 10)

“a diferença (aquilo que exprimo ao falar de espaço social) existe, e persiste.” (Bordieu, 1997,
p. 12)

“espaço social como estrutura de posições diferenciadas, definidas, em cada caso, pelo lugar
que ocupam na distribuição de uma espécie particular de capital.” (Bordieu, 1997, p. 15)

“a génese de um Estado é inseparável de um processo de unificação dos diferentes campos


sociais, económicos, cultural (ou escolar), político, etc., que acompanha a progressiva do
monopólio estatal da violência física e simbólica legítima” (Bordieu, 1997, p. 33).

“O campo do poder (...) é o espaço das relações de força entre (...) os agentes que são
suficientemente providos de uma das diferentes espécies de capital para ficarem em
condições de dominar o campo correspondente (...)” (Bordieu, 1997, p. 33).
(Becker, 1963)

Regras sociais:

“Regras sociais definem situações e tipos de comportamento a elas apropriados, especificando


algumas ações como “certas” e proibindo outras como “erradas”.

Definição de outsider:

“Quando uma regra é imposta, a pessoa que presumivelmente a infringiu pode ser vista como
um tipo especial, alguém de quem não se espera viver de acordo com as regras estipuladas pelo
grupo.” (Becker, 1963, p. 15)

“aquele que infringe a regra pode achar que os seus juízes são outsiders” (Becker, 1963, p. 15)

“quer uma regra tenha força de lei ou de tradição, quer seja simplesmente resultado de
consenso, a tarefa de impingi-la pode ser o encargo de algum grupo especializado, como a
polícia (...), por outro lado, pode ser uma tarefa de todos, ou pelo menos a tarefa de todos no
grupo a que a regra se aplica. Muitas regras não são impostas (...)” (Becker, 1963, p. 16)

“Regras informais podem morrer de maneira semelhante por falta de imposição. (...) regras
operantes efetivas de grupos, aquelas mantidas vivas por meio de tentativas de imposição”.
(Becker, 1963, p. 16)

“alguns dos que violam regras não pensam que foram injustamente julgados”

“alguns desviantes (...) desenvolvem ideologias completas para explicar por que estão certos e
por que os que os desaprovam e punem estão errados.” (Becker, 1963, p. 17)

“À medida que supõem que atos infratores de regras são inerentemente desviantes, e assim
deixam de prestar atenção a situações e processos de julgamento, a visão de senso comum
sobre o desvio e as teorias científicas que partem de suas premissas podem deixar de lado uma
variável importante.” (Becker, 1963, p. 17)

Conceção estatística:

“A conceção mais simples de desvio é essencialmente estatística, definindo como desviante


tudo o que varia excessivamente com relação à média.” (Becker, 1963, p. 18)

Críticas à estatística:

“A mistura contém pessoas comumente consideradas desviantes e outras que não infringiam
absolutamente qualquer regra. (...) está longe demais da preocupação com a violação de regras,
que inspira o estudo científico dos outsiders.” (Becker, 1963, p. 18)

Conceção de desvio enquanto algo “patológico”:

“revelando a presença de uma “doença”. (...) Quando está funcionando de modo eficiente, sem
experimentar nenhum desconforto, o organismo humano é considerado “saudável”. Quando
não funciona com eficiência, há doença.” (Becker, 1963, p. 18)

Críticas à conceção patológica:

“as pessoas não concordam quanto ao que constitui comportamento saudável” (Becker, 1963,
p. 19)
“A metáfora médica limita o que podemos ver tanto quanto a concepção estatística. Ela aceita
o julgamento leigo de algo como desviante e, pelo uso da analogia, situa sua fonte dentro do
indivíduo, impedindo-nos assim de ver o próprio julgamento como parte decisiva do
fenómeno.” (Becker, 1963, p. 20)

“Se isso for verdade, é igualmente verdadeiro que as questões de quais regras devem ser
impostas, que comportamentos vistos como desviantes e que pessoas rotuladas como outsiders
devem também ser encarado
s como políticas.”

Conceção mais relativística:

“Ela identifica o desvio como a falha em obedecer a regras de um grupo.” (Becker, 1963, p. 20)

“Essa concepção é mais próxima da minha, mas não dá peso suficiente às ambiguidades que
surgem ao se decidir quais regras devem ser tomadas como o padrão de comparação com
referência ao qual o comportamento é medido e julgado desviante.” (Becker, 1963, p. 21)

“define o desvio como a infração de alguma regra geralmente aceite. Ela passa então a
perguntar quem infringe regras e a procurar os fatores nas personalidades e situações de vida
dessas pessoas, e que poderiam explicar as infrações. Isso pressupõe que aqueles que
infringiram uma regra constituem uma categoria homogénea porque cometeram o mesmo ato
desviante.” (Becker, 1963, p. 21)

Conceção de desvio, defendida por Becker:

“desvio (...) é criado pela sociedade.” (Becker, 1963, p. 21)

“grupos sociais criam desvio ao fazer as regras cuja infração constitui desvio, e ao aplicar essas
regras a pessoas particulares e rotulá-las como outsiders.” (Becker, 1963, p. 22)

“o desvio não é uma qualidade do ato que a pessoa comete, mas uma consequência da
aplicação por outros de regras e sanções a um “infrator”. O desviante é alguém a quem esse
rótulo foi aplicado com sucesso; o comportamento desviante é aquele que as pessoas rotulam
como tal”. (Becker, 1963, p. 22)

“desvio é (...) uma consequência das reações de outros ao ato de uma pessoa, os estudiosos (...)
não podem supor que essas pessoas cometeram realmente um ato desviante ou infringiram
alguma regra, porque o processo de rotulação pode não ser infalível;

- algumas pessoas podem ser rotuladas de desviantes sem ter de fato infringido uma regra.

- (...) não podem supor que a categoria daqueles rotulados conterá todos os que realmente
infringiram uma regra, porque muitos infratores podem escapar à detecção e assim deixar de
ser incluídos na população de “desviantes” que estudam.

À medida que a categoria carece de homogeneidade e deixa de incluir todos os casos que lhe
pertencem, não é sensato esperar encontrar fatores comuns de personalidade ou situação de
vida que expliquem o suposto desvio.” (Becker, 1963, p. 22)

Pessoas desviantes têm em comum:

“partilham o rótulo e a experiência de serem rotuladas como desviantes”


“o desvio como produto de uma transação que tem lugar entre algum grupo social e alguém que
é visto por esse grupo como infrator de uma regra.” (Becker, 1963, p. 22)

Becker vai focar-se, sobretudo, “no processo pelo qual eles passam a ser considerados outsiders
e suas reações a esse julgamento”. (Becker, 1963, p. 22)

“minha insatisfação com a expressão “teoria da rotulação” (Becker, 1963, p. 180)

(Serrano, 2020)

“Alberti (2008) refere que o populismo se baseia numa premissa democrática radical, segundo
a qual o “povo” visto como uma entidade moral homogénea e o seu “senso comum” devem
prevalecer e ter precedência sem qualquer restrição institucional” (Serrano, 2020, p. 224).

“Elchardus e Spyrut (2014) concluíram que o populismo aparece principalmente como uma
relação a um diagnóstico social que se traduz no sentimento de que a sociedade está em
declínio, incapaz de enfrentar os novos desafios da diversidade e da globalização. (...) e daí a
crença em soluções de senso comum, como impedir a imigração, diminuir a diversidade e
fechar fronteiras.” (Serrano, 2020, p. 224)

“Hawkins (2009, 2010) define o populismo como um discurso maniqueísta que atribui uma
dimensão moral binária a conflitos políticos.” (Serrano, 2020, p. 225)

“A mediatização da comunicação política é inseparável da comercialização dos media e da luta


pelas audiências, fenómenos que não sedo de hoje se relacionam com a dinâmica do
populismo uma vez que constituem o pano de fundo adequado a mensagens populistas. A
política-espetáculo e o primado da imagem exigem que os líderes políticos sejam bons
“atores”, capazes de dominarem os instrumentos da representação e de chegarem a uma
audiência ávida de emoções.” (Serrano, 2020, p. 226)

(Crenshaw, 2008)

“Através da consciência da interseccionalidade, podemos reconhecer e fundamentar melhor


as diferenças entre nós e negociar os meios pelos quais essas diferenças encontrarão
expressão na construção de políticas de grupo.” (Crenshaw, 2008, p. 300)

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