Você está na página 1de 8

Comparação entre as abordagens de classe marxista e

weberiana
1. Semelhanças:
1a. “classes” são categorias historicamente determinadas
(sociedades divididas em classe x sociedades de classe);

1b. “propriedade” e “falta de propriedade” são as divisões básicas de classe;

1c. “classes” designam mecanismos causais;

2. Diferenças:
2a. Modelo “dicotômico” (Marx) x modelo “pluralista” (Weber);

2b. Abordagem multidimensional (Weber) x abordagem centrada nas relações


de classe (Marx);

2c. Divisões de classe baseadas na exploração (Marx); divisões de classe


baseadas no mercado (Weber);

2d. “Classes” como sujeitos históricos x “classes” como coletividades.


Abordagem de classe marxista

Definição:

“A análise de classe, isto é, a análise que pretende entender os fenômenos


sociais e políticos a partir das relações entre classes sociais situadas no
processo produtivo, é um dos pilares teóricos do marxismo... Para ser mais
específico, o marxismo tem como obrigação não apenas identificar as
relações objetivas de exploração que se estabelecem, ao longo da história,
entre produtores diretos e proprietários dos meios de produção, mas também,
na medida em que atribui às relações de classe a condição de princípio
estruturador da totalidade social, analisar os meios pelos quais as classes
atuam na política. Nesse caso, o problema teórico fundamental consiste em
saber como um grupo de indivíduos ocupantes de lugares objetivos no
processo produtivo torna-se uma coletividade que luta para a realização de
seus interesses”. (Codato; Perissinoto, 2014, p. 191)
Abordagem de classe marxista

Diferentes registros teóricos e empíricos:

- Discurso geral sobre a história:

“A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem


sido a história das lutas de classes.”

- Discurso crítico d'O capital:

“A produção capitalista, encarada em seu conjunto, ou como processo de


reprodução, produz não só mercadoria, não só mais-valia; produz e
reproduz a relação capitalista: de um lado, o capitalista e do outro, o
assalariado.”

- Estudos histórico-políticos.

As classes sociais são consideradas em seu grau máximo de densidade


empírica.
Abordagem de classe marxista (II)
“As condições econômicas
- O registro abstrato ou “depurado”: transformaram, em primeiro
lugar, a massa do povo em
- Duas classes básicas estruturadas pelas relações de produção trabalhadores. A dominação do
(posse/controle das forças produtivas) => classes são posições nas relações capital sobre os trabalhadores
de produção; criou a situação comum e os
interesses comuns dessa classe.
- Modo de produção capitalista: as relações de produção são constituídas Assim, essa massa já é uma
pela propriedade privada dos meios de produção => duas classes básicas: classe em relação ao capital,
capitalistas e trabalhadores (burguesia e proletariado); mas não ainda uma classe para
si mesma. Na luta, da qual
- Relações de classe são relações de exploração (apropriação de mais- indicamos apenas algumas
valia); fases, essa masse se une e
forma uma classe para si. Os
- Relações de classe envolvem necessariamente dependência e conflito; interesses que ela defende
tornam-se interesse de Classe.”
(Miséria da Filosofia, 1985 [1847], p.
- Consciência de classe como elo entre estrutura e ação => classe “em si” e 159)
classe “para si”.
Abordagem de classe marxista (III)
- Dominação econômica está “amarrada” à dominação política e ideológica:

“os pensamentos da classe dominante são os pensamentos dominantes


em cada época, ou seja, a classe que é o poder material dominante na
sociedade é simultaneamente o seu poder espiritual dominante.”

“o poder político do Estado moderno nada mais é do que um comitê


para administrar os negócios comuns a toda a classe burguesa.”

Modelo dicotômico é “relaxado” nos estudos históricos:


- Classe de “transição”;
- Frações ou subdivisões de classe.

Principais críticas:
- Complexidade estrutural das sociedades capitalistas atuais;
- Manifestação das contradições sistêmicas no plano da ação;
- Classe enquanto ator coletivo e sujeito histórico;
- Exploração e teoria do valor trabalho.
O 18 Brumário e a análise de classe da política
“Os homens fazem a sua própria história; contudo, não a fazem de livre e
espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sob
as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como se
encontram.” (p. 25)

Autonomia da política:

i) Grupos políticos sem base classista;


ii) Representação simbólica de classe;
iii) Autonomia do Estado e sua função de classe;
iv) A dialética das formas políticas.

Estratégias de operacionalização da análise de classe da política:

a) Representação objetiva de classe;


b) Representação simbólica de classe;
c) Representação subjetiva de classe.
O 18 Brumário e a teoria do Estado
Avanços importantes na obra marxista;

1) Estado não é uma forma institucional neutra; traz em si uma marca de


classe;

2) Diferenças entre interesses gerais e particulares de classe;

3) Processo político possui uma dinâmica própria.


O 18 Brumário, os "estudos histórico-políticos" e o materialismo
histórico

Qual é a relação entre os "estudos históricos" e os "estudos


metodológicos"?

Marx propõe uma interpretação da política que é solidária de sua


concepção materialista da história:

i) Lugar de destaque do “econômico”;

- Interesse geral das classes


- Variável que determina as condutas políticas e as representações “em
última instância”;
- Realidade última dos conflitos políticos.

ii) Centralidade da oposição entre aparência e essência.

Você também pode gostar