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INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA

Luís Cláudio Dallier Saldanha


Introdução a Educação a Distância

Sumário
1. O que é EAD? ..................................................................................................................... 3

2. Quando tudo começou? .................................................................................................... 5

3. Como estamos? ................................................................................................................. 7

4. Quem garante a qualidade na EAD? ................................................................................. 9

5. Quem faz ead tem lugar no mercado de trabalho? ....................................................... 10

6. Estudar a distância é mais fácil? .................................................................................... 12

7. Como otimizar o uso de ferramentas digitais na EAD? ................................................ 13

8. Como superar a distância? ............................................................................................. 14

Referências bibliográfica ....................................................................................................... 16

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Introdução a Educação a Distância

Introdução

Seja bem-vindo ao curso de extensão Introdução à Educação a Distância do UNISEB


Interativo!

Nosso curso é composto de 8 (oito) videoaulas e deste livro digital, que servirá como texto de
apoio e de complemento às aulas.

Cada uma das videoaulas procura responder a um questionamento importante relacionado


com a educação a distância.

Na primeira aula, apresentamos conceitos e definições para responder à pergunta “O que é


EaD?”. A segunda aula oferece um breve panorama histórico da EaD, ao responder à indagação
“Onde tudo começou?”. A terceira aula responde ao questionamento “Como estamos?”, com
informações e dados referentes à EaD hoje no Brasil. Na quarta aula, tratamos da legislação
educacional ao lidarmos com a questão “Quem garante a qualidade na EaD?”. A quinta aula aborda
os desafios e as oportunidades para quem faz um curso a distância, ao responder à pergunta “Quem
faz EaD tem lugar no mercado de trabalho?”. Na sexta aula, mostramos vantagens e, também,
dificuldades na educação a distância diante do seguinte questionamento: “Estudar a distância é mais
fácil?”. “Como otimizar o uso de ferramentas digitais na EaD?” é a pergunta que procuramos
responder na sétima aula, abordando alguns recursos digitais que podemos usar em um curso a
distância. Finalmente, a oitava aula apresenta algumas considerações e recomendações para uma
boa aprendizagem, respondendo à pergunta “Como superar a distância?”.

Neste material, você encontrará informações e comentários relacionados com cada um


desses temas. Com isso, será possível retomar os assuntos abordados nas videoaulas, além de
complementar seus estudos.

Assim, com este livro, queremos contribuir para a reflexão sobre a educação a distância,
ajudando você a se familiarizar com essa modalidade educacional inovadora, conhecendo e
vivenciando melhor algumas de suas dimensões.

1. O que é EAD?

Nossa primeira pergunta ou tema tem a ver com a necessidade de se saber exatamente o
que é educação a distância, percebendo o que ela tem de específico em relação a outras formas de
ensinar e aprender.

Além de apresentar um conceito atual e adequado para EaD, nossa preocupação é ajudá-lo a
entender que a forma como vemos, atualmente, a educação a distância tem a ver com um
amadurecimento de definições e conceitos que foram propostos ao longo das últimas décadas.
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Introdução a Educação a Distância

Vários autores propuseram definições para a EaD e tentaram caracterizá-la a partir do modo
como essa modalidade educacional acontecia em determinados períodos. Alguns apontavam uma
definição a partir dos comportamentos de ensino separados dos comportamentos de aprendizagem,
facilitados “por dispositivos impressos, eletrônicos, mecânicos e outros” (MOORE, 1973, apud
BELLONI, 2003, p. 25).

Outros destacavam o aspecto bidirecional da comunicação na EaD, apontavam a separação


física entre os aprendentes e educadores e enfatizavam a liberdade do aluno ou estudante para
satisfazer suas necessidades de aprendizagem.

A EAD também foi associada aos modos de produção ou à industrialização do ensino. Houve
um teórico que chegou a defini-la como “um método de transmitir conhecimento, competências e
atitudes” a partir da aplicação de “princípios organizacionais e de divisão do trabalho, bem como
pelo uso intensivo de meios técnicos, especialmente com o objetivo de reproduzir material de ensino
de alta qualidade”. Desse modo, a EaD seria uma “forma industrializada de ensino e aprendizagem”
(PETERS, 1973 apud BELLONI, 2003, p. 27).

Essas definições ou caracterizações da EaD podem ser consideradas tradicionais e


apresentam a educação a distância como processo educacional no qual professor e aluno não
compartilham fisicamente o mesmo espaço, diferentemente da educação presencial. São definições
“descritivas e definem a EaD pelo que ela não é, ou seja, a partir da perspectiva do ensino
convencional da sala de aula. O parâmetro comum a todas elas é a distância, entendida em termos
de espaço” (BELLONI, 2003, p. 27).

É importante que entendamos a educação a distância não somente em função da ausência


física do professor no mesmo ambiente em que se encontra o aluno, ou seja, a EaD não é
simplesmente uma oposição à educação presencial em termos de aspectos físicos. É preciso ir um
pouco mais adiante.

Uma das formas de entender a EaD é chamando a atenção para a distinção que podemos
fazer entre ensino e educação. Inicialmente, muitos compreendiam a EaD apenas a partir do ato de
ensinar usando algum recurso para se chegar até o aluno. Devemos compreender que educação a
distância é, antes de tudo, educação. Por isso, a educação a distância deve se caraterizar por um
uso eficaz e criativo de recursos tecnológicos para promover a aprendizagem quando alunos e
professores não estão no mesmo ambiente ou espaço físico. Confira uma definição que aborda um
pouco esse aspecto:

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Introdução a Educação a Distância

EAD é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, no qual


professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. Apesar de
não estarem juntos, de maneira presencial, eles podem estar conectados,
interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet.
Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-
ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes. Na expressão "ensino a
distância" a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que ensina a
distância). Preferimos a palavra "educação", que é mais abrangente. (MORAN,
1994, p. 1)

Avançando um pouco mais, podemos afirmar que a educação a distância compreende


ensino-aprendizagem com o uso de recursos tecnológicos que permitem a interação entre
professores, tutores e alunos, apesar de não compartilharem o mesmo espaço ou tempo, numa
experiência de aprendizagem colaborativa.

Assim, podemos conceber a EaD como o processo de ensino-aprendizagem mediado pelas


tecnologias da informação e da comunicação (TIC), com estudantes e professores desenvolvendo
atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

2. Quando tudo começou?

Se é importante chegarmos a um conceito de educação a distância, também é fundamental


conhecermos um pouco da história dessa modalidade educacional.

Observando os fatos e acontecimentos históricos relacionados com a EaD, poderemos


compreende melhor o modo como a educação a distância se apresenta e acontece em nossos dias.

Alguns estudiosos situam o começo da EaD no início do século XVIII. Landim (1997, p. 2-4)
apresenta como marco inaugural da EaD o anúncio sobre um tipo de curso por correspondência
publicado na Gazeta de Boston, em 1728. Há também aqueles que defendem o início do ensino a
distância por volta de 1850, na Europa, quando agricultores e pecuaristas aprendiam, por
correspondência, como plantar ou cuidar melhor de seu rebanho.

É possível, ainda, sintetizar a história da educação a distância a partir dos recursos


tecnológicos utilizados nessa modalidade. Nesse caso, teríamos quatro gerações de educação a
distância, como apresentamos no quadro a seguir:

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Introdução a Educação a Distância

Geração Início Características

Estudo por correspondência, no qual o principal meio


de comunicação eram materiais impressos, geralmente
1ª até 1970
um guia de estudo, com tarefas ou outros exercícios
enviados pelo correio.

Surgem as primeiras Universidades Abertas, com


design e implementação sistematizados de cursos a
distância, utilizando, além do material impresso,
2ª 1970
transmissões por televisão aberta, rádio e fitas de
áudio e vídeo, com interação por telefone, satélite e TV
a cabo.

Esta geração é baseada em redes de conferência por


3ª 1990
computador e estações de trabalho multimídia.

FONTE: HTTP://WWW.ESCOLANET.COM.BR/SALA_LEITURA/HIST_EAD.HTML

No Brasil, Nunes (1994) afirma que o marco inicial da EAD está relacionado com o rádio, um
exemplo é a implantação do Instituto Rádio Monitor em 1939, e com os cursos por correspondência,
podendo ser exemplificado pelo Instituto Universal Brasileiro em 1941. Há, também, aqueles que
remontam o começo da EaD, no Brasil, à década de 1920, com uso da transmissão radiofônica, ou
ao ano de 1904, com os cursos por corresondência particulares.

Veja um resumo dos principais marcos da EaD no Brasil:


1904 Mídia impressa e correio – ensino por correspondência privado
1923 Rádio Educativo Comunitário
1965-1970 Criação das TVs Educativas pelo poder público
Oferta de supletivos via telecursos (televisão e materiais impressos), por
1980
fundações sem fins lucrativos
1985 Uso do computador “stand alone” ou em rede local nas universidades
Uso de mídias de armazenamento (videoaulas, disquetes, CD-ROM etc.) como
1985-1998
meios complementares
1989 Criação da Rede Nacional de Pesquisa (uso de BBS, Bitnet e e-mail)
Uso intensivo de teleconferências (cursos via satélite) em programas de
1990
capacitação a distância

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Introdução a Educação a Distância

1994 Início da oferta de cursos superiores a distância por mídia impressa


1995 Disseminação da Internet nas Instituições de Ensino Superior
Redes de videoconferência. Oficialização da educação a distância no Brasil por
1996
meio da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação)
Criação de Ambientes Virtuais de Aprendizagem – Início da oferta de
1997
especialização a distância, via Internet, em universidades públicas e particulares
Criação de redes públicas, privadas e confessionais para cooperação em
1999 – 2001
tecnologia e metodologia para o uso das novas tecnologias na EaD
Credenciamento oficial de instituições universitárias para atuar em educação a
1999 – 2002
distância

FONTE: PATRÍCIA TORRES E JOÃO VIANNEY

A educação a distância, tal qual conhecemos hoje, desponta somente na década de 1990,
com o uso definitivo das tecnologias da informação e da comunicação (TIC), especialmente com a
utlização da internet a partir da segunda metade da década de 1990. Antes disso, as experiências
de educação a distância se davam por meio dos cursos por correspondência, uso do rádio e da
televisão e de transmissões via satélite, com a oferta de cursos livres, profissionalizantes, supletivos
e de complementação à educação básica.

Nos anos iniciais da década de 2000, os cursos a distância no contexto universitário


começam a surgir. Na segunda metade dessa década, dá-se o crescimento do número de
instituições de ensino superior credenciadas para oferecerem cursos de graduação e de pós-
graduação a distância. Surgem iniciativas para regular e supervisionar esses cursos e garantir a
qualidade da educação a distância no Brasil. Mas este já é um assunto para tratarmos melhor mais
adiante.

3. Como estamos?

Após uma rápida panorâmica sobre a educação a distância no século XX, vamos tratar
brevemente dessa modalidade educacional neste início do século XXI, procurando apontar
tendências e apresentar dados da EaD hoje no Brasil.

Depois de uma ênfase inicial na formação continuada de professores, a educação a distância


no Brasil se expandiu com diversos outros cursos nas instituições de ensino e no mundo corporativo.
Com a abertura de cursos de graduação e pós-graduação a distância, cursos livres e uso da
educação online para treinamento e capacitação, a EaD está cada vez mais presente no mundo
educacional e, também, em diversas empresas e organizações.

Aumenta a oferta de cursos para estudantes de regiões ou lugares com dificuldades de


acesso a estabelecimentos de ensino e, também, crescem as alternativas para quem precisa de
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Introdução a Educação a Distância

flexibilidade para acompanhar a rotina escolar de um curso. A flexibilidade nas rotinas escolares e a
possibilidade de conciliar vida profissional com formação têm sido alguns dos atrativos da EaD hoje
em dia.

A oferta de EaD no Brasil, na educação formal, é predominantemente no Ensino Superior.


Ainda é pouco expressiva a oferta de educação a distância em cursos técnicos e EJA (Educação de
Jovens e Adultos).

Mas nem todos os cursos na modalidade a distância se enquadram na educação formal.


Muitos cursos são livres e não precisam ser oferecidos por instituições de ensino credenciadas pelo
MEC especialmente para esse fim. Também há diversas empresas que realizam capacitação e
treinamento por meio da educação a distância.

Alguns números nos ajudam a entender a situação da EaD hoje.

Cerca de 2.261.900 alunos estudaram em cursos com metodologias a distância, no ano de


2010, em cursos autorizados, cursos livres e cursos corporativos. Dos cursos oferecidos na
modalidade a distância, 70% eram cursos informais. Apesar de haver mais alunos em cursos
informais, livres ou corporativos, em 2010, foram contabilizados 656.524 alunos em instituições
credenciadas para ministrar EaD pelo Sistema de Educação (Conselho Nacional de Educação e
Conselhos Estaduais de Educação).

Atualmente, sabemos que não é mais comum cursos a distância por transmissão radiofônica
ou realizado com o recebimento de material e envio de atividades e provas pelos correios. Hoje, as
tecnologias da informação e da comunicação (TIC) são largamente utilizadas nos cursos a distância.
Em função disso, podemos indetificar alguns modelos de cursos em EaD: cursos com aulas
transmitidas via satélite, cursos com aulas gravadas em vídeo, cursos com material e atividades
disponíveis em plataformas ou ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) etc.

Entre os diversos modelos, podemos destacar os cursos baseados em teleaulas, que são
transmitidas ao vivo, via satélite, para os alunos que comparecem semanalmente num polo
presencial. Além das teleaulas, os materiais são disponibilizados no ambiente virtual de
aprendizagem, onde os estudantes também podem desenvolver algumas atividades e interagirem
com outros alunos, com tutores e professores. Esses cursos contam também com o apoio de tutores
presenciais nos polos.

Diante do crescimento dos cursos a distância e da expansão das instituições que os


oferecem, as matrículas nos cursos de graduação saltaram de 5.287 em 2000 para 878.893 em
2010, é preciso enfrentar alguns desafios e dificuldades. Entre os desafios, encontra-se o de lidar
com a evasão e a dificuldade que alguns estudantes encontram para adptar-se à metodologia da

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Introdução a Educação a Distância

EaD. A novidade desse modelo educacional leva muitos alunos a estranharem a inédita forma de se
estudar e aprender. Assim, cursos de nivelamento e acompanhamento dos tutores são algumas das
medidas que as instiuições tomam para lidar com esse desafio.

De qualquer modo, a educação a distância, assim como a educação presencial, apresenta


perspectivas e desafios que precisam ser considerados para o estabelecimento e a qualidade desse
modelo educacional.

4. Quem garante a qualidade na EAD?

É muito comum a preocupação com a qualidade da educação a distância, aliada a diversas


dúvidas sobre a validade e a legalidade dos cursos de graduação em EaD.

Por isso, vamos esclarecer alguns aspectos da legislação educacional brasileira a respeito da
educação a distância.

A EAD é reconhecida e oficializada na educação formal no Brasil por meio da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996. No artigo 80, diz a LDB/96: O Poder Público
incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

O art. 80 daLDB/96 foi regulamentado pelo Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 e


pelo Decreto nº 6.303, de 2007, que alterou a redação de alguns itens do Decreto nº 5.622.

Para ler os Decretos na íntegra, é só seguir os links:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/decreto/D5622.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/decreto/D6303.htm

O Decreto nº 5.622 estabelece, por exemplo, que os cursos a distância precisam ter
momentos presenciais obrigatórios nos quais serão realizadas avaliações presenciais, atividades de
laboratório, estágio (quando obrigatório) e defesa de trabalho de conclusão de curso (quando
previsto). Também estabelece que a educação a distância somente será ofertada na educação
básica em situações especiais e emergenciais. O Decreto estabelece que diplomas e certificados de
cursos e programas a distância, expedidos por instituições credenciadas e registrados na forma da
lei, terão validade nacional.

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Introdução a Educação a Distância

Mais recentemente, foi publicado o Decreto nº 7.480, de 16 de maio de 2011, por meio do
qual é criada a Diretoria de Regulação e Supervisão em Educação a Distância, no contexto de
reestruturação do MEC, depois da extinção da Secretaria de Educação a Distância (SEED).

A regulação e supervisão do MEC na educação a distância é uma das formas de se garantir a


qualidade nos cursos a distância. Nesse sentido, as avaliações e os processos de credenciamento
de instituições e de reconhecimento de cursos na modalidade a distância são ações que podem
contribuir para a qualidade e credibilidade da EaD no Brasil. Além disso, há um documento do MEC
chamado Referenciais de Qualidade para EaD que propõe elementos norteadores para a EaD,
objetivando orientar as Instituições e as Comissões de Especialistas na análise dos projetos de
cursos a distância.

5. Quem faz ead tem lugar no mercado de trabalho?

Esta é uma pergunta bastante recorrente quando se fala de EaD no Brasil. Há muita gente
que teme pelo futuro, caso a opção seja fazer uma graduação a distância.

Isso se deve, em parte, ao fato de em nosso país a oferta de curso superior a distância ser algo muito
recente. A novidade acaba levando muita gente a desconhecer a validade, a qualidade e as possibilidades de
uma formação a distância numa instituição credenciada e bem avaliada pelo MEC.

Outra razão está no fato de haver ainda preconceito em relação a profissionais formados em
cursos a distância. Mas é importante dizer que não há uma visão única do mercado de trabalho em
relação ao profissional formado na modalidade a distância. Existem instituições e profissionais que
identificam a EaD como mais uma alternativa de formação. Muitas empresas chegam mesmo a
utilizar metodologias de aprendizagem a distância na formação e treinamento de seu pessoal. No
contexto da educação corporativa, cresce o número de organizações que lançam cursos com
metodologia de estudo a distância.

Apesar da crescente aceitação, é preciso combater alguns mitos e preconceitos, em relação à


EaD, que ainda circulam pela sociedade e acabam infuenciando os processos seletivos e o mercado
de trabalho.

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Introdução a Educação a Distância

Alguns mitos e preconceitos:

Mito Verdade
Na graduação, melhores resultados no
ENADE em 7 das 13 áreas avaliadas em
Os alunos aprendem menos do que num
2006. Na pós-graduação, a maturidade do
curso presencial
aluno favorece a autoaprendizagem em
ambiente virtuais.
EaD é curso de quinta categoria, com Os certificados têm a mesma validade dos
diploma pelo correio e que não vale nada. cursos presenciais.
Não há controle de qualidade nos cursos a O MEC tem mecanismos e ações de
distância. regulação e supervisão.
Além de cumprir as atividades regulares, é
Os certificados dependem apenas do
necessário realizar avaliações presenciais,
acesso regular ao AVA e da “leitura” do
apresentar trabalho de conclusão de curso
material.
e realizar estágio.
Os fóruns, chats e acompanhamento por
Quem estuda a distância não convive ou
meio da tutoria possibilitam o diálogo
não se relaciona com outras pessoas.
pedagógico.
EaD é modismo do Brasil, sem relevância A EaD está estabelecida e desfruta de
“lá fora”. reconhecimento em vários países.
Os professores têm baixa formação e Acesso a aulas de professores de alto
titularidade. gabarito (mestre e doutores).

Também é importante destacarmos que o aluno egresso de um curso a distância pode


apresentar características e perfil valorizados pelo mercado de trabalho. Ninguém duvida de que a
fluência tecnológica, a autonomia, a autodisciplina, a maturidade, o cumprimento de prazos e o
comprometimento sejam aspectos atraentes e que têm grande aceitação no mundo do trabalho.
Essas características, incentivadas e muito recorrentes no universo da educação a distância, devem
ser reconhecidas como qualidades presentes no profissional que passou por uma boa formação a
distância.

Não devemos deixar de mencionar, ainda, o peso que tem a instituição de ensino no
reconhecimento e aceitação do profissional formado a distância. Alunos egressos de instituições
com atestada qualidade e credibilidade na oferta de cursos a distância têm mais chances de
inserção e aceitação no competitivo mercado de trabalho.

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Introdução a Educação a Distância

6. Estudar a distância é mais fácil?

Um dos equívocos em relação à educação a distância é pensar que essa modalidade


educacional é mais fácil e não exige tanto do aluno, comparada com um curso presencial. Aliás,
essa é uma das razões pelas quais muitos procuram um curso a distância. Tal motivação se mostra
descabida quando examinamos mais atentamente a dinâmica de um curso a distância e as
exigências que tanto a modalidade presencial quanto a distância impõem ao estudante, pois afinal
estamos tratando de educação e de formação profissional.

Na verdade, abordar a EaD como mais fácil ou mais difícil, tentando compará-la com a
educação presencial, é uma forma falsa de apresentar a questão da aprendizagem a distância. A
questão não deve ser tratada por meio da definição do que é mais fácil ou mais difícil, mas da
percepção de que educação a distância e educação presencial são, antes de tudo, EDUCAÇÃO.

Assim, se não é adequado estabelecer qual é mais fácil ou mais difícil, pois se trata de
modalidades educacionais com metodologias e características peculiares, é preciso entender o que
torna a educação a distância diferente e desafiadora.

Comecemos indicando um dos aspectos mais lembrados para se referir à educação a


distância como uma modalidade conveniente e atrativa: a flexibilidade. Isso mesmo, a flexibilidade é
uma das características que tornam a educação a distância diferente.

Podemos falar de flexibilidade, por exemplo, em relação às rotinas escolares e ao tempo. Mas
aqui é preciso muito cuidado para não confundirmos as coisas e achar que na EaD flexibilidade é
sinônimo de facilidade.

Devemos admitir que a flexibilidade na gestão do tempo é muito conveniente e abre as portas
para muita gente fazer um curso a distância. Essa flexibilidade, no entanto, não deve ser vista como
uma liberdade para o aluno não cumprir com suas obrigações e tarefas ou somente estudar quando
quiser e tiver tempo.

Flexibilidade é possibilidade de escolha de horários para autoestudo, para realização de


atividades e outras tarefas em horários convenientes e mais adequados, mas nunca liberdade para
deixar de estudar. A EaD não é para quem não tem tempo para estudar, mas para quem precisa de
flexibilidade e de liberdade na gestão do tempo de estudo.

O fato de não precisar comparecer à instituição de ensino todos os dias e de não se submeter
à rigidez de rotinas escolares é um atrativo na EaD e uma possibilidade para muitos fazerem sua
graduação, mesmo quando há dificuldades de locomoção ou uma jornada de trabalho que ocupa
quase todo o dia, no entanto, essa autonomia do aluno implica responsabilidade e autodisciplina. E

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Introdução a Educação a Distância

aí reside tanto a vantagem quanto o risco na EaD. Se o aluno não souber gerir adequadamente seu
tempo e seu processo de aprendizagem, corre o risco de colocar a perder todo o processo
educacional.

Também é importante atentar para o fato de que menos tempo em rotinas escolares
convencionais não significa menos compromisso ou trabalho, pois deve haver investimento de
tempo e dedicação em autoaprendizagem e aprendizagem colaborativa, com a realização de
leituras, participação em chat, debates temáticos em fórum, encontros virtuais ou presenciais com
tutores, uso e exploração dos recursos do ambiente virtual de aprendizagem (AVA) etc.

Assim, a flexibilidade e a autonomia na EaD implicam tanto a liberdade para tomar decisões
estratégicas quanto a cooperação na construção do conhecimento a partir do diálogo com outros
estudantes e do acompanhamento de tutores.

Além desses aspectos, a educação a distância também não pode ser considerada mais fácil,
já que está sujeita a uma legislação educacional que estabelece, por exemplo, múltiplas formas de
avaliação (tanto presenciais quanto virtuais), parâmetros e referenciais de qualidade, critérios de
avaliação institucional e a impossibilidade de um curso de graduação a distância ter duração menor
do que a equivalente de um curso presencial.

Desse modo, professores, tutores e alunos devem ponderar que, se a educação a distância é
diferente, o papel de cada um acaba sendo redefinido e, consequentemente, as possiblidades e os
desafios do ensino-aprendizagem a distância devem ser encarados dentro de seu próprio contexto.

7. Como otimizar o uso de ferramentas digitais na EAD?

Temos visto que a educação a distância apresentou mudanças significativas no contexto


educacional. Muda a forma de aprender e de ensinar, mudam as funções do professor, o ambiente
de aprendizagem torna-se virtual, as rotinas escolares ganham flexibilidade e a realização dos
trabalhos ou atividades escolares contam com recursos inovadores. Tudo isso aponta para a
introdução e uso intensivo de tecnologias da informação e da comunicação no processo
educacional.

Dito de outra forma, estudar e aprender já não são mais a mesma coisa depois das
ferramentas digitais e da Internet. Não dá para fazer educação a distância, hoje, sem os recursos ou
ferramentas digitais.

Esses recursos digitais, disponíveis na Internet e no AVA, passíveis de uso para fins de
aprendizagem, impõem mudanças e a necessidade de adequar a pesquisa e o estudo ao contexto
das ferramentas digitais.

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Introdução a Educação a Distância

Sabemos que o acesso à informação tornou-se mais rápido e a própria informação torna-se
praticamente infinita na rede. Diante disso, um dos desafios é usar ferramentas e procedimentos
adequados para acessar e processar informações que sejam relevantes para o estudo ou pesquisa
que se quer desenvolver.

Professores, tutores e alunos devem otimizar o uso de mecanismos de busca e o trabalho


com a informação. É preciso explorar adequamente os buscadores, como o Google, sabendo refinar
as buscas e valendo-se de orientações para selecionar os resultados e apropriar-se das informações
que sejam relevantes.

Assim, professores e alunos devem estar atentos à necessidade de confrontar os resultados


da busca com os objetivos, a relevância e os critérios de validade relacionados com o tema ou
assunto a ser trabalhado. As fontes devem ser checadas e as informações precisam ser
processadas e contextualizadas.

Em um curso de graduação, por exemplo, buscar informações e subsídios para uma pesquisa
ou trabalho bibliográfico é mais recomendável em portais de periódicos ou nas versões eletrônicas
de revistas acadêmicas e científicas (como Scielo, Portal.periódicos.CAPES e RENOTE) e em
páginas de fundações e instituições de ensino e pesquisa de reconhecida competência (como
ABED, FIPE, Domínio Público e RIVED).

Além das ferramentas que promovem a busca de informação e a navegação pelos textos
encontrados na WEB, temos outros recursos que contribuem para o ensino-aprendizagem a
distância.

Podemos destacar o chat e o fórum virtual como recursos digitais que favorecem a
aprendizagem colaborativa por meio de interações, discussões e diálogos mediados pela escrita em
ambiente virtual. Por meio dessas ferramentas, é possível responder a dúvidas e perguntas
decorrentes das leituras e da assistência às aulas virtuais, aprofundar ou ampliar tópicos do
conteúdo do curso e facilitar o convívio intelectual entre alunos, tutores e professores.

Enfim, utilizar adequada e criativamente as ferramentas digitais de que dispomos é uma forma
de superar a distância, assunto de que trataremos adiante, e de tornar a tecnologia aliada na
construção do conhecimento, pois conhecimento não se busca, se constrói!

8. Como superar a distância?

Temos visto que, na educação a distância, a interação entre professores e alunos se dá de


forma indireta, mediada por recursos tecnológicos de comunicação. Para muitos, essa interação
mediada tecnologicamente é uma forma de superar a distância física entre professores, alunos e

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Introdução a Educação a Distância

turores; para outros, esse tipo de mediação é limitada e compromete a formação do aluno, já que a
relação ou reciprocidade entre estudantes e professores é indireta ou virtual.

Podemos, entretanto, apontar a superação da distância na EaD a partir de dois aspectos. O


primeiro está relacionado com o uso das TICs na mediação pedagógica, promovendo a presença e o
diálogo virtuais do professor e do aluno no AVA. O segundo aspecto diz respeito à pessoalidade e
ao envolvimento dos sujeitos que participam da EaD, pois a distância física e o uso de recursos
tecnológicos de mediação não implicam, necessariamente, uma manifestação mecânica e impessoal
dos professores, alunos e tutores.

Como se costuma dizer, o fato de alguém usar o telefone para namorar ou conversar
longamente com quem se ama não torna, necessariamente, os interlocutores sujeitos “impessoais”,
“robotizados” e “frios”. Guardadas as devidas proporções e as limitações da analogia, estudantes e
professores também podem cultivar relações e diálogos significativos por meio das tecnologias de
comunicação empregadas na educação a distância.

Isso aponta para a centralidade da interação e da interatividade na EaD. Interação porque a


educação implica inter-relação entre sujeitos; interatividade porque a interação entre sujeitos se dá
por meio das novas tecnologias e há estreita relação com os recursos tecnológicos.

Desse modo, deve-se entender a interatividade não apenas como respostas ou reações de
usuários diante das novas tecnologias. É preciso redimensionar a interatividade a partir de uma
relação dialógica entre sujeitos (aluno-professor/tutor e aluno-aluno), mediada pelas novas
tecnologias e, ainda, mediada socialmente.

Tal concepção deve excluir da educação a distância o autodidatismo, no qual há um


isolamento pessoal e institucional, e a visão do estudante como mero usuário de um pacote
educacional, no qual a relação se dá apenas com softwares e programas de autoinstrução.

Assim, se o autodidatismo e o estudante como mero usuário devem ser evitados e não podem
ser confundidos com autoaprendizagem na EaD, é preciso superar também uma compreensão da
interatividade que se reduz à relação apenas individual e solitária com materiais e conteúdos
colocados à disposição no ambiente virtual de aprendizagem (AVA).

Essa relação dialógica entre sujeitos que se fazem presentes por meio de recursos virtuais
deve ser estendida aos textos ou materiais disponibilizados, pois a interatividade não é o mero
acesso a conteúdos ou o consumo de informações por meio de softwares e ferramentas digitais.

É preciso ir além do acesso a informações e de procedimentos quase autômatos de


cumprimento de “tarefas”, pois o diálogo do aluno com os textos, por meio da leitura crítica e criativa,

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Introdução a Educação a Distância

é que fornece subsídios e conteúdo para o diálogo do aluno com outros estudantes e com seus
professores e tutores.

A aprendizagem no contexto do ciberespaço deve ir além de procedimentos


que não passam, às vezes, de mera conectividade com textos, com
informações ou mesmo com o outro. É preciso encontrar o outro, e não apenas
conectá-lo; é preciso selecionar e editar criticamente as informações, e não
somente acessá-las; é preciso construir o conhecimento no diálogo com os
textos e com a alteridade do Outro, e não apenas buscá-lo. (SALDANHA, 2008)

Assim como na sala de aula presencial a simples presença física não garante a inter-relação
ou o diálogo entre alunos e professores, do mesmo modo a existência de revolucionários meios
tecnológicos de comunicação na EaD não cria, necessariamente, situações de interação entre os
alunos, tutores e professores. Além de recursos tecnológicos que permitem a presença virtual de
professores e alunos num chat ou teleaula, por exemplo, é necessário haver envolvimento e
participação que sejam pessoais, significativas e comprometidas com a construção e produção do
conhecimento.

Finalmente, cabe lembrar que a distância física não deve ser o fator decisivo na EaD ou um
obstáculo à formação integral, antes deve ser encarada como um desafio a ser sempre superado
pela mediação pedagógica e pelo uso adequado das novas tecnologias.

Referências bibliográfica

BELLONI, Maria Luíza. Educação a distância. Campinas, SP: Autores Associados, 1999.

LANDIM, Cláudia M. F. Educação a distância: algumas considerações. Rio de Janeiro, s/n, 1997.

MORAN, José Manuel. Novos caminhos do ensino a distância. In: Informe CEAD - Centro de
Educação a Distância. SENAI, Rio de Janeiro, ano 1, n.5, out-dez de 1994, páginas 1-3.

NUNES, Ivônio B. Noções de educação a distância. Revista Educação a Distância nº. 4/5, Dez./93-
Abr/1994 Brasília, Instituto Nacional de Educação a Distância, p. 7-25.

SALDANHA, Luís Cláudio Dallier. Subjetividade no ciberespaço ou a aprendizagem nos labirintos do


hipertexto. Revista @mbienteeducação. UNICID, São Paulo, 2008b.

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