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Seleção de textos

Disciplina: Educação Aberta e a Distância


Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Secretaria de Educação a Distância

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do


Sul de Minas Gerais - Campus Muzambinho.

Centro de Educação a Distância – CEAD

Curso
Licenciatura em Pedagogia EaD

Coordenadora do Curso
Maria Aparecida Lúcio Mendes

Coordenadora de Plataforma e Tutoria


Professora Assistente
Cristiane Fortes Gris Baldan

Disciplina
Educação Aberta e à Distância

Professora
Cristiane Fortes Gris Baldan

Diagramação da Capa
Igor Xavier de Magalhães Silva Brasil

Diagramação do Texto
Adélia Ribeiro Paulino

Muzambinho
2022
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA1

Seja Bem-Vindo à Educação a Distância (EaD) do IFSULDEMINAS!


Nada melhor que iniciar o curso de Licenciatura em Pedagogia EaD
falando de Educação Aberta e a Distância, nossa primeira disciplina.
Aprenderemos que o EaD tem representado, cada vez mais, uma nova
possibilidade de ensino e de aprendizagem para todos, incorporando ao
processo educacional as tecnologias de informação e comunicação.
Discutiremos o papel dos estudantes de educação a distância no
processo de ensino-aprendizagem, fornecendo subsídios que os auxiliem na
organização pessoal e interação nesse novo ambiente de estudo. Estudaremos
o contexto histórico, as concepções e características, a legislação brasileira, a
mediação pedagógica, entre outros elementos constituintes dessa modalidade.
Conheceremos as particularidades do Ambiente Virtual de aprendizagem (AVA)
utilizado pelo IFSULDEMINAS, onde terá acesso as aulas e aos materiais do
curso. E, por fim, conversaremos um pouco sobre normas acadêmicas e as leis
relacionadas com direitos autorais e outras questões legais.
Para atingirmos esse objetivo, utilizaremos trechos de dois materiais
didáticos UAB validados pelo MEC, pertencentes a um repositório nacional
compartilhado entre instituições públicas que ofertam cursos de Pedagogia
EaD. Do primeiro, utilizaremos textos da UFSCar das autoras Marcia Rozenfeld
G. de Oliveira e Valéria Sperduti Lima, e também um capítulo de autoria de
Leandro Botazzo Guimarães; do segundo, da Universidade Federal do Paraná,
texto das professoras Suely Scherer e Vanessa Rodrigues Lopes. Além de um
texto adaptado de Lélis Maia de Brito e coautores (2013), da Universidade
Federal de Ouro Preto.
Preparados? Então, vamos em frente!
Bom Estudo!
Profa. Cristiane Fortes Gris Baldan

1 O material desta disciplina foi produzido a partir de textos selecionados e/ou escritos pelos docentes.
A organização e disponibilização dos materiais em arquivo único visa exclusivamente a facilidade de
acesso aos materiais selecionados, os responsáveis reforçam os direitos autorais dos respectivos autores
destacados no início de cada material utilizado.
1
O estudante da EaD:
seu papel e sua organização
para o estudo
Marcia Rozenfeld G. de Oliveira / Valéria Sperduti Lima
(Adaptado)

Licenciatura em Pedagogia
1 O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo

OLIVEIRA, M.R.G.de; LIMA, V.S.. O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o
estudo. Org.: Otsuka, J.; Oliveira, M.R.G.de; Lima, V.S.; Magri, D.M.C. In: Educação a
Distância: formação do estudante virtual. São Carlos, Coleção UAB−UFSCar. p.59-74,
2011.

1.1 Primeiras Palavras


Iniciamos com esta disciplina o curso de Licenciatura em Pedagogia na
modalidade de Educação a Distância (EaD). Mas, o que você sabe sobre Educação
a Distância? O que o motivou a fazer uma faculdade a distância? Será tão fácil como
muitos dizem? Qual o seu papel, como aluno, neste processo de ensino-
aprendizagem?
Pretendemos, nesta unidade, discutir o papel dos estudantes de
educação a distância no processo de ensino-aprendizagem, bem como fornecer
subsídios que os auxiliem na organização pessoal, para que tenham sucesso nessa
modalidade. Abordaremos, inicialmente, as características gerais e o perfil desejado

O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo 1


do estudante na modalidade a distância e as formas adequadas de interagir nesse
novo ambiente de estudo, nessa nova sala de aula, que envolve, além do ambiente
virtual (AVA), as atividades no polo de apoio presencial e demais espaços que
possibilitem sua aprendizagem.
Abordar as necessidades dos estudantes nesse processo de aquisição do
conhecimento, tomando como ponto de partida seu perfil, sua organização pessoal,
estilos de aprendizagem e autonomia, pode fornecer subsídios para um bom
desempenho na educação a distância. Dessa forma, destacaremos a importância da
organização pessoal e do comprometimento necessários para estudar nessa
modalidade como caminho seguro para obter bons resultados, mesmo diante de
qualquer dificuldade.
Nesse sentido, apontaremos algumas dicas e sugestões de organização
dos estudos, do material e do seu tempo de dedicação, acreditando que a
organização pessoal seja a chave para o sucesso nos estudos em EaD. Além disso,
trataremos da autonomia do estudante em EaD, do que se espera dele e, sobretudo,
da postura desejada para que se concretize a proposta de aprendizagem como um
processo contínuo de desenvolvimento ao longo da vida.
Por último, apontaremos como desenvolver uma interação e uma
comunicação adequadas na direção de uma postura colaborativa, essencial nesse
modelo de educação. Esperamos que a leitura desta unidade contribua para uma
reflexão sobre a educação a distância, auxiliando estudantes, professores e tutores
dessa modalidade a construir uma trajetória de sucesso e confiança durante todo o
curso.

1.2 Problematizando o Tema


É importante ressaltar que, ao tratarmos da
Qual o papel do
EaD nos seus diferentes aspectos, estaremos, de fato, estudante da
inseridos em um campo maior, que é o da Educação. EaD?
Nessa perspectiva, questões que envolvem qualquer
processo de aprendizagem, incluindo o formal e o não formal, estarão presentes.
No entanto, na educação a distância a separação espaço temporal entre
professores e estudantes possibilita um outro tipo de acompanhamento e assistência
2 O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo
que não o convencional.

A autora refere-se à característica dos


espaços e tempos não compartilhados nessa
Como o conhecimento
dos diferentes aspectos modalidade de educação e à flexibilidade que
que envolvem a decorre dessa característica. Sendo assim,
aprendizagem pode recursos tecnológicos, sistemas de
contribuir para um bom
acompanhamento e acompanhamento e tutoria, material didático
orientação dos estudantes etc. consistem em importante ponte entre os
em EaD? estudantes e os docentes.
As propostas em EaD devem, portanto,
contemplar uma multiplicidade de recursos
Como garantir que os técnicos e pedagógicos com o objetivo de
estudantes participem facilitar a construção do conhecimento e
ativamente de um curso,
possibilitar as mediações e interações. Assim,
disciplina em EaD, de
forma colaborativa e os estudantes necessitam conhecê-las para
cooperativa? usufruir, de forma satisfatória, todo o
processo.

Qual o papel do estudante da EaD? Como o conhecimento dos diferentes


aspectos que envolvem a aprendizagem pode contribuir para um bom
acompanhamento e orientação dos estudantes em EaD? Como garantir que os
estudantes participem ativamente de um curso, disciplina em EaD, de forma
colaborativa e cooperativa? Essas são algumas das questões que suscitaram a
elaboração da presente unidade.

1.3 O Papel do Estudante na EaD

Pretendemos, a seguir, destacar algumas características dos estudantes


e as formas de participação adequadas ao ambiente virtual.

O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo 3


1.3.1 Características gerais dos estudantes na EaD

Temos discutido o perfil do público que é levado a estudar na modalidade


a distância, para, partindo dessa referência, melhor planejar cursos e disciplinas,
sejam eles de graduação, pós-graduação,
Estudantes online ou
especialização ou outras iniciativas. Alguns virtuais são os
aspectos podem ser elencados, como o fato de que estudantes participantes
de cursos ou programas
os estudantes online são, de maneira geral, online que utilizam os
adultos com mais de 25 anos e, na sua maioria, computadores e a
trabalham e estudam, embora encontremos dados internet na mediação do
processo de ensino e
publicados pelo National Center for Education aprendizagem.
Statistics (2002 apud PALLOFF; PRATT, 2004) que
demonstram a presença crescente de outras faixas etárias.

Nesse contexto, o processo de ensino-aprendizagem, quando focado na


educação de adultos, precisa levar em conta uma aprendizagem significativa, que
envolve a ação do sujeito. Utilizamos o termo aprendizagem significativa com base
nos conceitos de David Ausubel (1968) e partimos da visão de educação como
construção efetiva de conhecimentos, numa perspectiva emancipatória do sujeito
histórico e social.

Saiba mais:
Na aprendizagem significativa, o aprendiz não é um receptor passivo.
Ao contrário, ele deve fazer uso dos significados que já internalizou, de
maneira substantiva e não arbitrária, para poder captar os significados
dos materiais educativos. Nesse processo, ao mesmo tempo que está,
progressivamente, diferenciando sua estrutura cognitiva, está fazendo a
reconciliação integradora, de modo a identificar semelhanças e
diferenças e reorganizar seu conhecimento. Ele constrói, produz o seu
conhecimento.

A aprendizagem nos adultos difere da aprendizagem nas crianças em


vários aspectos (DEPRYCK, 2006), e, portanto, os educadores da EaD devem ter
4 O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo
essas diferenças em consideração. Por isso, é muito importante conhecer bem os
estudantes (PETERSEN, 2006). Podemos compreender ainda que o aprender, para
o estudante adulto, segundo Garcia Llamas (apud PRETI, 2010), implica encarar os
problemas que se apresentam a partir da realidade.
Nessa direção, outras características podem ser somadas ao aprendiz
adulto, por exemplo, ser auto diretivo, ser possuidor de uma rica experiência – que
pode e deve ser explorada no processo de ensino-aprendizagem – e, finalmente, ser
buscador, na aprendizagem, de um olhar mais prático, mais aplicado às suas
necessidades mais imediatas (PRETI, 2005). O adulto precisa de mais tempo para
estabelecer conexão entre o novo conteúdo e as aprendizagens anteriores, em parte
por estar submetido a pressões temporais ou por se deparar com a necessidade de
aprender muitas coisas ao mesmo tempo.
No entanto, essa aprendizagem costuma ser mais sólida e efetiva, na
medida em que esse estudante a articula com experiências e vivências anteriores,
concedendo significado a elas. Nesse sentido, é importante compreender o
estudante e as estratégias que tem desenvolvido para realizar adequadamente seus
estudos, especialmente quando são estudantes-trabalhadores e pais/mães de
famílias (MILL; BATISTA, 2013). Dessa forma, entendemos que o papel do
estudante em qualquer processo de aprendizagem – sobretudo na modalidade a
distância – necessita ser ativo, investigativo e crítico quanto aos conteúdos,
procedimentos e atitudes a serem desenvolvidos durante esse processo.
É essencial que ele assuma a responsabilidade por seu desempenho,
compreendendo os colegas, tutores e professores como corresponsáveis e parceiros
nessa jornada, e que, acima de tudo, a aprendizagem se faça prazerosa e
significativa, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

1.3.2 Interação e comunicação: postura desejada

Considerando que a aprendizagem na educação online é baseada na


qualidade das interações e comunicações que, efetivamente, ocorrem no ambiente
virtual, destacamos alguns aspectos que devem ser levados em conta.
A simples participação em um curso online ou o acesso à sala virtual não

O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo 5


garantem a interação necessária ao aprendizado efetivo. Interagir ativamente é
contribuir com algo substancial para a discussão ou atividade, é agir de forma
intencional e diretiva, buscando corresponder ao que é esperado naquele momento.
De um modo geral, as interações na EaD podem ser divididas em
assíncronas (os participantes não estão logados ao mesmo tempo) e síncronas (os
participantes estão logados ao mesmo tempo). Entretanto, a participação síncrona,
como aquelas que acontecem via chat ou web conferência, exige uma sincronia
temporal, que é muito difícil conseguir, principalmente referindo-se aos aspectos
tecnológicos e de conciliação dos horários pessoais de cada estudante. Portanto, as
interações assíncronas, nas quais a maioria dos cursos ou programas se baseia,
são as mais usuais. Elas ocorrem em diferentes ferramentas e com objetivos
variados, mas o ritmo de acesso e participação deve ser definido pelo moderador,
que pode ser tanto o tutor quanto o professor.
Contrariamente ao modelo tradicional de educação, a maioria dos
modelos adotados para EaD assume novas experiências educacionais, em que o
professor não é mais o detentor de todo o conhecimento. Normalmente, a
construção do conhecimento e dos significados em uma sala de aula virtual ocorre
por meio da participação ativa de todos os estudantes, tutores e professores.
Destacamos, assim, que o estudante na modalidade a distância precisa ser
flexível e estar aberto a novas experiências e ideias.
É importante que o estudante de EaD compreenda que a aprendizagem
online não ocorre somente pela interação com o professor ou com os tutores, mas
nas interações estabelecidas com os colegas e com o material didático disponível na
comunidade de aprendizagem. O que se espera dele, portanto, é que desenvolva a
postura de aprender ao longo da vida, sabendo onde e como buscar informações e
construir conhecimentos, a partir da compreensão dos conceitos envolvidos,
procedimentos necessários e atitudes desejadas.
Segundo Coll et al. (2001), os conteúdos a serem explorados no momento
da aprendizagem podem ser agrupados em categorias, que se resumem em
factuais, conceituais, procedimentais e atitudinais, o que permite ampliar a
compreensão do que se espera de um estudante e do modo como se estabelece a
aprendizagem. Na visão do autor, os conteúdos devem ser trabalhados
6 O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo
conjuntamente, complementando-se para uma aprendizagem significativa. Os
conteúdos factuais se referem à aprendizagem de fatos, informações, nomes ou
símbolos; já os conteúdos conceituais, aos conceitos, leis, princípios, exigindo uma
ampla compreensão e capacidade de abstração.
O caráter procedimental dos conteúdos pode ser compreendido como a
aprendizagem de técnicas, métodos e habilidades concernentes a ações e ao saber
fazer. Finalmente, os conteúdos atitudinais referem-se a valores, normas e atitudes,
incluindo aqui o caráter afetivo da aprendizagem. De acordo com o autor, os
processos de aprendizagem devem abranger, ao mesmo tempo, os campos
cognoscitivos, afetivos e comportamentais, destacando-
Cognoscitivos é
se, assim, a importância das relações sociais que estão
relativo à faculdade ou
presentes no momento da aprendizagem. capacidade de
No que tange à educação online, destacamos conhecer; cognitivo.

que todas essas categorias são importantes, considerando


que aprender a interagir de forma colaborativa e cooperativa é condição sine qua
non.

1.3.3 Presença e participação virtual

A presença em um curso online é percebida pelas interações e acessos


no ambiente virtual, por isso, como descrevemos no item acima, as interações e
comunicações são muito valorizadas. As mensagens iniciais de apresentação e
reconhecimento do estudante com seu grupo e equipe de professores e tutores
colaboram para um ambiente de confiança, essencial para a participação virtual.
A presença em fóruns, tarefas, wikis e demais atividades assíncronas
dependerá da leitura cuidadosa das mensagens já postadas, do contexto, do que se
espera do estudante e, sobretudo, dos objetivos da atividade. Assim, o estudante
deverá participar contribuindo com sua experiência anterior, opiniões, interpretações
e pensamentos pessoais perante o grupo.
É de suma importância a manifestação clara e educada de opiniões,
respeitando-se sempre as diferenças, que são muito comuns nos grupos de
trabalho. Devemos compreender essas diferenças pessoais como forma de

O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo 7


enriquecimento da discussão e trocas de ponto de vista, que contribuirão para a
construção de uma visão mais ampla de qualquer situação.
Palloff & Pratt (2004) apontam que tanto o estudante virtual quanto o
professor e os tutores desenvolvem uma “personalidade eletrônica”, o que lhes
permite sentir-se à vontade, mesmo com a ausência de sinais visuais. Para isso,
alegam ser necessárias determinadas habilidades:

 Saber elaborar um diálogo interno para formular respostas.


 Criar uma imagem de privacidade no que diz respeito ao espaço
pelo qual se comunica.
 Saber lidar com questões emocionais sob a forma textual.
 Criar uma imagem mental do parceiro durante o processo de
comunicação.
 Criar uma sensação de presença online por meio da
personalização do que é comunicado.

Essas habilidades são essenciais para a construção de comunidades de


aprendizagem, e, sem elas, dificilmente os sujeitos envolvidos no processo se
adaptarão bem em uma sala de aula virtual, como explicam as autoras. Por outro
lado, alguns limites devem ser respeitados nas participações virtuais.
Muitos estudantes, por se sentirem seguros e confortáveis nas relações
online, passam a expor sua vida particular e problemas pessoais ao grupo, como
forma de desabafo. Nesses casos, a interferência dos tutores e professores via e-
mail particular, para ajudar a estabelecer limites para esse diálogo, é fundamental.
Também observamos que alguns estudantes tomam a frente em
trabalhos coletivos, causando desconforto nos demais colegas, que, por terem outro
ritmo, se sentem prejudicados. Nessa situação, a intervenção dos tutores e
professores é muito importante no sentido de auxiliar nas relações no grupo de
estudantes, para que todos possam se manifestar e contribuir para a atividade
proposta.
Outro aspecto importante na aprendizagem online é a atitude crítico-
reflexiva. Desenvolver essa postura nos cursos online exige da equipe responsável

8 O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo


pela disciplina o planejamento de atividades e leituras que possibilitem aos
estudantes dialogarem interna e externamente. Esse aspecto é, particularmente,
estimulado na educação a distância por meio de atividades assíncronas, em que
estudantes e professores podem se permitir um tempo para responder às questões
e refletir, buscando recursos para uma resposta mais elaborada. Diferentemente da
educação presencial, em que o imediatismo das situações em sala de aula exige
respostas rápidas, nem sempre bem-preparadas.

1.3.4 Participação em atividades coletivas

Salientamos aqui o papel do estudante e a importância da atitude


colaborativa e cooperativa, que deve ser estimulada durante a aprendizagem a
distância. Segundo Palloff & Pratt (2004 apud PREECE, 2000), se os recursos
utilizados em EaD forem apenas para transmitir informações, não poderemos
considerar a sala de aula virtual uma comunidade de aprendizagem.
Entretanto, se o desenho do ambiente e as estratégias escolhidas pelos
responsáveis viabilizarem as interações entre os participantes e a coparticipação
nos processos de ensino e aprendizagem, poderemos ter o desenvolvimento da
comunidade de aprendizagem virtual. Nesse cenário, teremos a participação dirigida
dos estudantes como corresponsáveis pelo desenvolvimento da proposta e,
consequentemente, da aprendizagem.
Tal atitude não é trivial, pois muitos estudantes sentem dificuldade, no
início, em interagir dessa maneira, cabendo aos responsáveis pela disciplina ou
curso mostrar a importância dessa participação em comunidade, para a construção
do conhecimento e pertencimento ao grupo, e aos colegas estudantes apoiar a
inserção dos outros colegas nas atividades coletivas.

Desse modo, vale ressaltar que o estudante virtual deve ser aberto e flexível.

1.4 Planejamento e Organização Pessoal Discente para Estudos em EaD


A organização pessoal é imprescindível para estudar em EaD. Cada

O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo 9


estudante possui um contexto particular e diferenciado, dispondo de mais ou menos
tempo para a realização das atividades propostas no curso. Portanto, planejar seus
estudos e seguir uma agenda pessoal são condições necessárias para que se tenha
sucesso nos estudos em EaD. Além disso, a flexibilidade possibilitada por essa
modalidade de estudo exige dos participantes uma disciplina pessoal muito maior do
que a necessária em uma modalidade presencial.

1.4.1 Organização do tempo e espaço pessoal para estudo

Um dos pontos mais importantes para a organização pessoal do


estudante de EaD é a administração do tempo e espaço para se dedicar ao curso. O
primeiro passo é estabelecer uma agenda de atividades compatível com o tempo
disponível para o estudo online. Para isso, é necessária uma avaliação realista do
tempo que é preciso para acomodar todas as atividades diárias, como trabalho,
transporte e relações familiares (PALLOFF; PRATT, 2004).
Ao elaborar uma agenda, o estudante deve fazer um planejamento ou
lista com os dias e horas que tem disponíveis e locais adequados, considerando que
os cursos online exigem, normalmente, de 20 a 25 horas semanais. Tendo em
mãos essa distribuição de dias e horários, o estudante precisa estabelecer
prioridades nas tarefas e estimar o tempo que gastará com elas. Para isso, poderá
contar sempre com a orientação de tutores (orientadores de estudo) e professores.

1.4.2 Organização da agenda de atividades: estabelecendo prioridades

Para uma organização adequada das atividades, é necessário


estabelecer metas e objetivos, que podem ser compartilhados com colegas, tutores
e professores, o que auxilia o estudante a verificar se suas opções são mais ou
menos pertinentes.

10 O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo


O ideal é que o responsável pela disciplina ou curso estimule essa
iniciativa, o que promoverá um trabalho colaborativo no grupo. Nesse contexto, é
importante ser flexível, lembrando que imprevistos podem acontecer e que sempre é
possível retomar o planejamento e readequar a agenda pessoal (muitas vezes, essa
situação deve ser dialogada com os tutores).
Para estabelecer os objetivos de um curso ou disciplina, o estudante
deverá ter em mãos o plano de ensino, fornecido pelo responsável, e o calendário
de atividades. A partir daí, ele deve observar as unidades e prazos que precisarão
ser cumpridos, bem como as orientações específicas. Com base nessa primeira
análise, o estudante poderá passar às prioridades.
O entendimento da importância e urgência das atividades poderá ser
conferido com o grupo de colegas, tutores e professores sempre que necessário.
Atividades que, embora não sejam importantes, ajudam o estudante a se sentir mais
à vontade na sua execução, como jogos, chats, bate-papos, podem ser elencadas
na agenda, no entanto, deve-se ficar atento e manter certo controle para que os
estudantes não consumam o seu tempo precioso de estudos e atividades e, dessa
forma, não percam muito tempo com elas.
Priorizar o que está sendo apontado pelo professor e equipe como
essencial ou primordial pode ajudar a ajustar a perspectiva do estudante com
relação ao que é urgente em um dado momento. Atividades importantes, mas não
urgentes, com um prazo mais estendido, como uma pesquisa ou um relatório, são as
mais difíceis quanto ao seu planejamento e condução. São nesses casos que os
estudantes precisam seguir com mais rigor sua agenda estabelecida. Planejar as
etapas dessas atividades e dispô-las em um calendário possível pode ajudar em tal
organização; caso contrário, elas se perderão entre as mais urgentes.
Por outro lado, esperar até a última hora para finalizar um trabalho ou
uma discussão no fórum poderá comprometer todo o desempenho desejado em
uma atividade e, consequentemente, o trabalho em equipe será prejudicado. A ideia
de construção de comunidade de aprendizagem pode se perder nessa situação. Isso
pode acontecer quando alguns estudantes acessam o ambiente virtual apenas nos
fins de semana ou uma ou duas vezes na semana.

O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo 11


Quanto mais distribuído for o tempo de atividades ao longo da semana, com
dedicação, participação, leituras e tarefas de forma planejada, melhor será o
aproveitamento do tempo disponível pelos estudantes.

Finalmente, não deixar acumular atividades de uma semana para outra


ajudará os estudantes a não se sobrecarregar. O preferível é entrar no ambiente
virtual um pouco todos os dias, pois tentar fazer tudo em um único dia pode ser
cansativo e improdutivo. Ao receber do professor e tutores o cronograma de
atividades da semana, o estudante deve elaborar uma agenda e, se possível,
apresentá-la ao grupo. Essa atitude pode estimular a troca de opiniões e ajustes
necessários para o sucesso dos estudos em EaD, bem como para a construção de
uma comunidade de aprendizagem, já que, assim, todos podem compartilhar
dúvidas e esforços.
Deve-se também incluir um tempo para descanso na agenda da semana,
pois, como a sala de aula virtual está sempre disponível, alguns estudantes
assumem um ritmo de acesso exagerado, o que pode levá-los à exaustão e ao
desânimo. Desse modo, reservar esse tempo para descanso é fundamental e, em
alguns momentos, alivia a ansiedade, que pode estar presente, principalmente, no
início do curso.

1.4.3 Organização do material de estudo (livros didáticos, mapa de atividades,


textos etc.)

A organização do material de estudos é, também, muito importante na


educação online. Muitas vezes, os estudantes se perdem em prazos e atividades por
não encontrarem o material no momento exigido, por não estarem com o calendário,
cronograma de atividades e orientações disponíveis para consulta sempre que
necessário. Para essa organização do material didático, os estudantes devem
organizar todos os materiais em seu computador pessoal, criando a sua biblioteca
digital do curso.

12 O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo


Todo esse material deve ser organizado em pastas no seu computador
pessoal. Isso porque os materiais virtuais podem ficar indisponíveis após o
encerramento da disciplina. O comparecimento ao polo de apoio presencial deve
fazer parte da sua rotina, seja para atividades presenciais, seja para consulta a
livros, mapas, estudos em grupo etc. Tal organização ajudará a melhorar o
rendimento nos estudos e possibilitará que os estudantes se concentrem mais em
suas atividades.

1.4.4 Disciplina pessoal e comprometimento

O comprometimento do estudante em EaD é a chave para a finalização


de qualquer curso e para o sucesso no seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Manter-se estimulado a compatibilizar sua agenda de estudos com seus
compromissos profissionais, familiares e momentos de lazer e descanso possibilita
dedicar-se ao curso com mais prazer (MILL; BATISTA, 2013).
Para isso, é necessária uma disciplina pessoal que consiste em um
processo de autoconhecimento e desenvolvimento da autonomia. Como cita Litwin
(2001), a autonomia não deve ser confundida com o autodidatismo. Um autodidata é
um estudante que seleciona o material didático por conta própria e não tem uma
equipe formada por professores e tutores, que são os responsáveis pelo desenho do
curso, por exemplo, seleção de conteúdos, estratégias e atividades.
A flexibilidade proporcionada pela modalidade a distância permite que o
estudante organize seu espaço e tempo de dedicação, porém, mesmo que se
considerem diferentes modelos educacionais na modalidade a distância, o estudante
não está só. O acompanhamento constante e o apoio das diversas equipes
envolvidas nos programas em EaD devem garantir suporte técnico, pedagógico,
institucional e emocional para que o estudante se sinta amparado diante de qualquer
dificuldade e prossiga no curso.

1.5 A Importância do Desenvolvimento da Autonomia para o Estudo em EaD


Apesar das diferenças entre as terminologias encontradas em referência
à autonomia, tais como auto formação, autoaprendizagem, aprendizagem aberta,

O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo 13


aprender a aprender, auto regulação, auto poiese etc., destacamos que a concepção
sobre aprendizagem se baseia no aprendiz (estudante) como sujeito, autor e
condutor de seu processo de formação (PRETI, 2005). Esse processo engloba
apropriação, reelaboração e construção do conhecimento. Essa visão de educação
coloca o estudante como centro do processo de ensino-aprendizagem, sujeito social
e historicamente situado, como portador de um repertório próprio de conhecimentos,
pensamentos e anseios.
Segundo Preti (2005), a autonomia, levada ao contexto de uma relação
pedagógica, significa, por um lado, reconhecer no outro sua capacidade de ser, de
participar, de decidir, configurando-se como ato de liberdade e compartilhamento.
Por outro lado, significa a capacidade que o sujeito deve “tomar para si” sua própria
formação, sua aprendizagem, tendo, portanto, um sentido político e emancipatório.
Nesse sentido, o professor assume um papel de facilitador, mediador,
orientador e corresponsável no processo de ensino-aprendizagem, sendo a
interação entre professor-estudante, tutor-estudante e estudante-estudante
imprescindível para esse processo de mediação e apropriação.
A autonomia não deve ser encarada como uma qualidade humana pronta
e acabada, mas construída no convívio com os outros seres humanos. É parte e
resultado do envolvimento e conhecimento adquiridos, mas, sobretudo, de um
compromisso ético-profissional. Não é possível exercer autonomia sem participação.
A motivação e o entusiasmo naquilo que se faz são condição necessária a sua
realização. Aprende-se quando se está em atitude de interesse, aberto e disponível.
Pesquisas no campo da psicologia apontam para a importância dessa dimensão na
aprendizagem, e, nesse sentido, todos os momentos de troca e diálogo devem ser
aproveitados, sejam eles assíncronos ou síncronos.
Também o material didático escrito permite, principalmente ao estudante
adulto, a construção de sua autonomia intelectual e o desenvolvimento de sua
capacidade de expressão. Assim, esse estudante poderá fazer sucessivas
aproximações e reflexões, dialogando com o texto escrito e tendo, no grupo de
colegas, tutores e professores, o suporte necessário a sua compreensão. O tempo e
o espaço necessários à dedicação auxiliam o estudante a superar dificuldades de
inúmeras origens, desde um longo afastamento dos estudos, condições de trabalho
14 O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo
difíceis ou problemas familiares até aquelas provindas da personalidade do
estudante, como excesso de ansiedade, receio do novo, visão muito pragmática etc.
Assim, todas as dimensões comentadas acima estão articuladas e
determinam a capacidade de cada estudante para construir sua autonomia. Todo
estudante é importante na comunidade de aprendizagem e só através da reflexão e
auto avaliação é que se pode assumir o papel de construtor da própria autonomia,
que implica participação e interação com colegas, tutores e professores.

1.6 Considerações Finais


Procuramos, na presente unidade, apresentar um panorama do aluno
virtual, considerando seu perfil, as particularidades do seu processo de
aprendizagem e destacando a importância da sua organização na disciplina pessoal
para participar de um curso na modalidade a distância e lograr êxito nessa iniciativa.
Soma-se a isso a necessidade da construção da autonomia, que levará o estudante
a assumir a condição de corresponsável pelo processo de ensino e aprendizagem.

Portanto, o que se espera do estudante em EaD é uma participação ativa,


que desenvolva interações significativas e comunicação adequada com seu grupo
de colegas, tutores e professores, assumindo a importância de integrar-se a uma
comunidade virtual de aprendizagem colaborativa, essencial nesse modelo de
educação.

Esperamos que a leitura desta unidade contribua para uma reflexão sobre
a educação a distância, auxiliando estudantes, professores e tutores dessa
modalidade a construir uma trajetória de sucesso e confiança durante todo o curso.

O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo 15


REFERÊNCIAS

AUSUBEL, D.P. Educational psychology: a cognitive view. New York: Holt,


Rinehart and Winston, 1968.

COLL, C.; MARTÍN, E.; MAURI, T.; MIRAS, M.; ONRUBIA, J.; SOLÉ, I.; ZABALA, A.
O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001. (Série Fundamentos).

DEPRYCK, K. Ensino a distância: o quê, porquê e para quem? In: VERMEERSCH,


J. Iniciação ao ensino a distância. Brussel: Het Gemeenschapsonderwijs, 2006.

LITWIN, E. (Org.). Educação a Distância: temas para o debate de uma nova


agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.

MILL, D.; BATISTA, V.L. Estratégias de organização dos estudos na educação


virtual pela visão dos estudantes. In: MILL, D.; MACIEL, C. (Orgs.). Educação a
Distância: elementos para pensar o ensino-aprendizagem contemporâneo. Cuiabá:
EdUFMT, 2013.

OLIVEIRA, Marcia Rozenfeld G.; LIMA, Valéria Sperduti. O estudante da EaD: seu
papel e sua organização para o estudo. In: Educação a distância: formação do
estudante virtual / organizadores: Joice Otsuka, Daniel Mill, Marcia Rozenfeld G. de
Oliveira. -- São Carlos: EdUFSCar, 2013. 132 p. – (Coleção UAB-UFSCar)

PALLOFF, R.M.; PRATT, K. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes
on-line. Tradução de Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004.

PETERSEN, P.M. Aprendizagem no ensino a distância. In: VERMEERSCH, J.


Iniciação ao ensino a distância. Brussel: Het Gemeenschapsonderwijs, 2006.

PREECE, J. On-line communities: designing usability, supporting sociability. New


York: Wiley, 2000. PRETI, O. Autonomia do aprendiz na Educação a Distância:
significados e dimensões. Cuiabá: UFMT/Nead, 2005.

______. Produção de material didático impresso: orientações técnicas e


pedagógicas. Cuiabá: UAB/UFMT, 2010. 210 p.

VALADARES, J.A.; MOREIRA, M.A. A teoria da aprendizagem significativa: sua


fundamentação e implementação. Coimbra: Edições Almedina, 2009.

16 O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo


2
Concepções e políticas
de EaD em diferentes
contextos históricos
Suely Scherer / Colaboração Vanessa Rodrigues Lopes
(Adaptado)

Licenciatura em Pedagogia
2 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos

SCHERER, S.; LOPES, V.R.. Concepções e políticas de educação a distância em diferentes


contextos históricos. In: Organização pedagógica na EaD. UFPR, Programa de
Atualização em Educação a Distância. p.9-27, 2016.

2.1 Introdução
O que você sabe sobre Educação a Distância? O que sabe da história da
Educação a Distância? Afinal, o que é educação a distância e quais as suas
características? Você conhece outros cursos que são oferecidos nesta modalidade?
Como acontecem?
Você deve estar pensando: para que tantas perguntas? Mas, é a partir de
questionamentos que somos instigados, mobilizados para conhecer mais sobre
diferentes assuntos. Vamos, a partir das suas respostas às questões acima,
dialogando com o texto que segue.
Nesta unidade estudaremos sobre a história e políticas públicas da EaD
Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 17
em diferentes contextos. Também iremos conhecer características do processo de
ensino e de aprendizagem nesta modalidade.
O estudo desta unidade contribuirá para que você compreenda sobre o
que foi construído historicamente na EaD, podendo conhecer a modalidade de
educação que escolheu para cursar a Licenciatura em Pedagogia.

Então, vamos estudar?


Preparado (a)? Espero que sim!
Sigamos com os nossos estudos.

2.2 Concepções Teórico-Metodológicas da EaD

A educação nas escolas apresenta uma diversidade muito grande de atitudes,


metodologias, paradigmas e histórias. Isto revela o quanto podemos ser diferentes e
o quanto, pela riqueza da diversidade, precisamos respeitar e sermos respeitados
em nossas diferenças. No entanto, o respeito e a diversidade não impedem novas
buscas e pesquisas que geram mudanças, devendo, sim, suscitá-las
O que se percebe é que, em alguns casos, as escolas ainda estão
centradas em processos de transferência de informações, e por vezes esquece de
pensar em movimentos que viabilizem uma relação maior delas com o mundo.
Enquanto nos diferentes espaços da comunidade, local ou global, se pesquisa
continuamente os avanços da ciência e da tecnologia, as escolas precisam se
articular mais a estes movimentos, repensando seus processos educacionais. Nesse
sentido, precisam fazer parte da escola a compreensão da complexidade, da
autonomia, da criatividade e criticidade, da liberdade, da comunicação, bem como
do uso de tecnologias digitais, fixas ou móveis, e ambientes que favoreçam
diferentes movimentos de ensino e de aprendizagem.
O que se observa com frequência é que o certo, a ordem e o acabado

18 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


ainda representam os movimentos de muitas escolas. O acaso, a incerteza, a
desordem, o contraditório, a autonomia, pouco são considerados como
possibilidades para educar. Assim, o ensino com uso de tecnologias digitais,
ambientes virtuais, ainda é algo “desconhecido” e “pouco explorado” para muitas
escolas, e para outras, esse processo de ensino em nada contribui para a
aprendizagem dos alunos.
Nesse contexto, a EaD é compreendida por muitos professores e alunos,
como um espaço para a “folga” e para o descompromisso. Para eles, parece difícil
compreender que é possível educar quando os alunos estão distantes fisicamente,
ou quando não estão todos reunidos no mesmo lugar (espaço físico). No entanto,
com o avanço das tecnologias digitais surgem novas possibilidades de ensino e de
aprendizagem, em especial para a EaD. É importante destacar que não é a
presença dessas tecnologias em um curso que define a concepção de EaD, mas, a
metodologia de uso dessas para educar, orienta as ações de professores e alunos.
E então, vamos conhecer possibilidades de ensino e de aprendizagem da
modalidade de EaD? Ao mesmo tempo em que estudaremos estas possibilidades,
vivenciaremos processos de ensino e de aprendizagem nesta modalidade.
Iniciaremos estudando concepções e políticas que constituíram a história da EaD ao
longo dos anos. Procure ir dialogando com o texto a partir de suas certezas, também
reflita e questione ao identificar concepções de EaD, políticas e características desta
modalidade.

2.2.1 Iniciando a história…

Na história da EaD podemos identificar articulações com diferentes


avanços da ciência e da tecnologia. Essa história pode ser apresentada de
diferentes formas, neste material, optamos por discuti-la a partir de gerações.
Segundo Aretio (2001) há três gerações de EaD: ensino por
correspondência, ensino multimídia e ensino telemático, enquanto Moore e Kearsley
(2007) apresentam cinco gerações: estudo por correspondência, transmissão por
rádio e televisão, uma abordagem sistêmica, que envolve o nascimento da
Universidade Aberta, teleconferência, e aulas virtuais baseadas no computador e na

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 19


internet.
Nesta disciplina, a partir do que sugerem os autores citados e outros,
iremos estudar a história da EaD em três gerações, articuladas com os avanços das
tecnologias: ensino por correspondência, ensino multimídia e teleconferência, e
aulas virtuais baseadas na internet. Essas etapas se complementam, como
estudaremos a seguir.

2.2.2 O ensino por correspondência…

Você considera que a EaD, mesmo que seja em um


processo de ensino por correspondência, é algo recente?
Pelas informações que podem ser encontradas em vários
espaços, não é algo tão novo. Segundo Nunes (2009), em
20 de março de 1728, em Boston, teve-se o marco inicial
do ensino por correspondência, portanto da EaD, com o
anúncio de aulas de taquigrafia, ministradas por Caleb
Philips. O curso foi oferecido para as pessoas da região,
que semanalmente recebiam as tarefas em casa. Já em 1833, segundo Simonson
(2006), um anúncio no diário sueco oferecia a oportunidade de estudar “redação por
correio”.
Depois, em 1840, na Grã-Bretanha, Isaac Pitman anunciou que iria
ensinar o seu sistema de taquigrafia por correspondência.
Em 1873, Anna Eliot Ticknor fundou uma escola em Boston para o
desenvolvimento de estudos em casa. Moore e Kearsley (2007) afirmam que o
objetivo dessa escola era ajudar as mulheres, a quem, em grande parte, era negado
o acesso às instituições educacionais formais naquela época. Segundo Simonson
(2006) esta escola atraiu mais de dez mil estudantes em 24 anos, que mantinham
uma correspondência mensal com os professores, que enviavam leituras dirigidas e
testes para suas casas.
Segundo Nunes (2009), em 1910, a Universidade de Queensland, na
Austrália, iniciou programas de ensino por correspondência, e em 1924, Fritz
Reinhardt criou a Escola Alemã por Correspondência.

20 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


Com tudo isto acontecendo nestes países,
como será que iniciou a história da EaD no
Brasil? Vamos refletindo e seguindo com a
leitura...

Segundo Alves (2009), no ano de 1900 surgiram no Brasil as primeiras


publicações em jornais disponibilizados no estado do Rio de Janeiro, em que eram
oferecidos, à população, curso profissionalizante em datilografia, ofertados por
professores particulares e não ainda por uma instituição de ensino regulamentada.
Marcando assim, o início da história da EaD no país. O material didático era
elaborado pelos professores e enviado ao aluno, por correspondência. Quatro anos
mais tarde, em 1904, surgiram as chamadas “Escolas internacionais”, que ofereciam
cursos profissionalizantes para pessoas que buscavam empregos, especialmente
nas áreas de serviços e comércio.
Na etapa do ensino por correspondência, no Brasil, podemos ressaltar a
importância do Instituto Monitor, que iniciou as suas atividades em 1939, e do
Instituto Universal Brasileiro, que lançou seus primeiros cursos em 1941. Estes dois
institutos contribuíram na formação profissional de muitos brasileiros para o mercado
de trabalho. A seguir apresentamos um folder desse Instituto, que data da década
de 1980, para se ter uma ideia de como os cursos eram divulgados nos vários
estados brasileiros.
Observe que nesse folder a EaD ainda é conhecida como “ensino por
correspondência”, e caracterizada como “a solução prática e objetiva para aqueles
que não podem perder tempo”. Será que podemos considerar que na educação
presencial “perdemos” tempo? Ou, que na EaD “não perdemos” tempo? Reflita
sobre como nos organizamos no tempo para estudar presencialmente e em cursos a
distância. No processo EaD temos mais flexibilidade de horários, característica que
discutiremos mais adiante, mas isso não significa que não necessitamos de tempo,

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 21


igual ou diferente do presencial, para o estudo nesta modalidade.

Fonte: Disponível no endereço: <http://s166.photobucket.com/user/235Victor/media/SCANS%20-


%20ZC%201467/zc1467-5_zps6658b244.jpg.html>. Acesso em: 20 de jul. 2016.

Podemos observar que neste período histórico da EaD, essa modalidade


de educação tinha como foco a transmissão da informação, em linguagem escrita,
sem considerar o perfil dos alunos. A comunicação entre professor e aluno era
limitada, por vezes, levava semanas para o aluno receber um retorno, com
mensagens enviadas por correspondência.
O modelo da EaD apenas por correspondência, mesmo com algumas
iniciativas de uso do rádio no decorrer do período, prevaleceu até a década de 1960.
E o que podemos perceber é que o material impresso, o uso do correio, continuou
presente nas gerações seguintes da história da EaD, sendo integradas outras
tecnologias ao processo de comunicação entre professores e alunos.
22 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos
É importante percebermos que nesta primeira etapa da história da EaD,
os cursos oferecidos eram mais de caráter técnico, objetivando a transmissão de
informações e sua memorização por repetição. O diálogo entre professor e aluno era
pouco, pois os contatos pelo correio eram lentos na época, tornando inviável uma
proposta com mais diálogo entre professor e aluno. No entanto, este mesmo modelo
de educação, da transmissão de uma grande quantidade de informações do
professor para vários alunos, esperando respostas iguais, também era o modelo que
mais se encontrava nas escolas presenciais daquele período histórico.
E assim iniciaram as atividades na modalidade de EaD, destinada,
principalmente, às pessoas que não conseguiam, por diversos fatores, ter acesso a
cursos presenciais, com a mesma especificidade dos oferecidos por
correspondência.

Você percebe a importância de


conhecermos a história da modalidade de
EaD para o processo de desenvolvimento
humano e social no mundo e no Brasil?
Vamos conhecer como esta história
continua sendo construída por várias
pessoas…

2.2.3 Ensino multimídia e teleconferência…

Na década de 1960, segundo Aretio (2001), começa uma nova etapa de


EaD, denominada por ele de ensino multimídia. Esta surge com a utilização de
vários recursos que favorecem o processo de
aprendizagem.
Além do texto escrito, começam a ser produzidos
áudios e vídeos, com o uso de rádio e televisão. O telefone
também se incorpora ao processo para a comunicação entre
professores e alunos.

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 23


Quando o rádio surgiu como uma nova tecnologia no início do século XX,
muitos educadores perceberam uma oportunidade de articular novas propostas de
EaD.
Segundo Nunes (2009), a primeira autorização para uma emissora
educativa foi concedida em 1921, pelo Governo Federal à Latter Day Saints’
da University of Salt Lake City. Em fevereiro de 1925, a State University of
Lowa oferecia seus primeiros cursos, por rádio, validando cinco créditos.

Na Europa, neste período, houve uma expansão


da EaD, sem muitas mudanças em sua estrutura, mas
com métodos e meios mais sofisticados. Simonson
(2006) afirma que as gravações de áudio eram mais
usadas na educação de cegos e no ensino de línguas
para vários estudantes.
Além dos programas radiofônicos, em 1934, a televisão educativa
também estava em desenvolvimento. Naquele ano, segundo Moore e Kearsley
(2007) a State University of Iowa realizou transmissões pela televisão sobre temas
como higiene e astronomia. Em 1951 a Western Reserve University foi a primeira
universidade que ofereceu cursos valendo créditos, com o uso da televisão.
A EaD, segundo Giusta (2003), por muito tempo, representou a distância
do ponto de vista geográfico e do ponto de vista político, pela marginalização dos
seus estudantes em comparação com quem usufruía da modalidade presencial. A
visão era de que se usava tecnologias para chegar apenas até aqueles que de outro
modo não poderiam se beneficiar da educação escolar.
Neste sentido, Giusta (2003) lembra que, um acontecimento mudou, em
definitivo, esta visão da EaD: a criação, em 1969, da Universidade Aberta da Grã-
Bretanha – a Open University. Na sequência, outras Universidades contribuíram
para elevar a importância da modalidade de EaD, como a Fern Universität, na
Alemanha (1974), e a UNED, na Espanha (1972), que criaram cursos de graduação
e pós-graduação de ótima aceitação por parte dos estudantes de todo o mundo.

Estas Universidades mostraram que era possível oferecer cursos na

24 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


modalidade de EaD com qualidade, usando materiais impressos, e investindo em
tecnologias como a televisão, o rádio, e mais recentemente a internet.
No Brasil, esta geração da história da EaD foi marcada por cursos a
distância, utilizando, além do material impresso, transmissões por televisão e rádio,
gravações de áudio e vídeo, dentre outros. Segundo Alves (2009), em 1923, foi
fundada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, numa iniciativa de Edgard Roquete
Pinto e um grupo de amigos. Operada pelo Departamento de Correios e Telégrafos,
segundo Niskier (1999), a emissora transmitia programas de literatura,
radiotelegrafia e telefonia, línguas, literatura infantil e outros de interesse
comunitário.
Os programas educativos, a partir deste período, foram sendo
implantados a partir da criação, em 1937, do serviço de radiodifusão educativa do
Ministério da Educação. Destacaram-se a Escola Rádio-Postal, A Voz da Profecia,
criada pela Igreja Adventista em 1943, com o objetivo de oferecer cursos bíblicos.
Neste período, em 1946, o SENAC iniciou as suas atividades e, logo depois
desenvolveu no Rio de Janeiro e São Paulo a Universidade do Ar, que, em 1950, já
atingia 318 localidades.
Em 1956, o Movimento Educação de Base (MEB), com a promoção da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), criou as escolas radiofônicas.
Estas foram criadas com o objetivo de alfabetizar e apoiar os primeiros passos da
educação de jovens a adultos que não tinham acesso à escola. Este movimento
ocorreu, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste do país.
Podemos citar outros movimentos de EaD nesta geração da história,
como o Projeto Minerva (rádio educativo), criado em 1970. Este projeto, vinculado
ao Governo Federal, que ofertava cursos nos níveis do ensino fundamental e ensino
médio (científico, contabilidade, magistério), com o objetivo de resolver em um curto
prazo, os problemas de desenvolvimento econômico e social do país.
Mas a revolução de 1964 abortou algumas iniciativas, e o sistema de
censura reduziu significativamente o trabalho da rádio educativa brasileira.

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 25


E a televisão? Quando será que começou a ser explorada no
Brasil para fins educacionais?

A televisão, para fins educacionais, foi usada de maneira positiva em sua


fase inicial, e, há registros de vários incentivos no Brasil a esse respeito,
especialmente nas décadas de 1960 e 1970. Um destaque pode ser dado a TV
Educativa do Maranhão, criada em 1969, o Programa Nacional de Teleducação
(Prontel), e o Centro Brasileiro de TV Educativa (Funtevê), órgão integrante do
Ministério da Educação e Cultura. Destaca-se ainda a TVE, do Ceará, que oferecia a
TV Escolar em 1974. Ainda naquele mesmo ano, no estado do Rio Grande do Norte,
foi lançado o Projeto SACI (Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares),
a primeira experiência de utilização da transmissão via satélite para fins
educacionais no Brasil.
Mais adiante, em 1978, surgiram os projetos da Fundação Roberto
Marinho (Rede Globo do Rio de Janeiro), que em parceria com a Fundação Padre
Anchieta (TV Cultura de São Paulo) lançou o Telecurso 2º Grau, com o objetivo de
formar em nível de ensino médio, vários brasileiros jovens e adultos. Neste projeto
foi disponibilizado também material impresso, fitas de vídeo e aulas pela televisão.
Em 2000, o Telecurso foi reestruturado passando a denominar-se Telecurso 2000.
Esse material também foi utilizado nos Centros de Estudos Supletivos, hoje mais
conhecidos como Centros de Educação de Jovens e Adultos.
Em 1995 foi lançado pelo MEC o Programa TV Escola com o objetivo de
oferecer formação continuada aos professores da educação básica, para o uso de
tecnologias educacionais. O curso utilizou, principalmente, material impresso, a
televisão e o vídeo. A difusão nas escolas foi realizada via satélite, por emissoras de
canal aberto ou a cabo.
Ainda nesta geração da EaD, na década de 80, quando as
telecomunicações começaram a ser integradas aos processos de EaD, segundo
Aretio (2001), surgiu a possibilidade de grupos de estudantes e professores se
comunicarem mesmo que distantes fisicamente, usando recursos de áudio e vídeo.
Dessa forma, ao potencializar o uso do rádio e televisão, ampliando-se a
possibilidade de transmissão via satélite, a comunicação bidirecional entre

26 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


professores e alunos foi favorecida, iniciando propostas de áudio conferências e
videoconferências. Naquele período, a comunicação entre professores e alunos
começou a acontecer de forma síncrona (pessoas interagindo ao mesmo tempo) e
assíncrona (pessoas interagindo em tempos diferidos) através de diversos meios.
Segundo Moore e Kearsley (2007, p.39) “a primeira tecnologia a ser
usada na teleconferência em escala razoavelmente ampla durante os anos 1970 e
1980 foi a áudio conferência”. As áudio conferências eram organizadas com alunos
individualmente em suas casas ou em seus locais de trabalho, usando telefone.
Quando estavam em pequenos grupos, usavam microfones e alto-falantes.
Além das áudio conferências, naquele período, iniciam-se as experiências
com as videoconferências. Segundo Moore e Kearsley (2007), em 1986, na Penn
State University, iniciaram os primeiros cursos completos de graduação transmitidos
por teleconferência, reunindo grupos de alunos em três locais diferentes.
No Brasil, podemos destacar a Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), que, através do Laboratório de Ensino a Distância (LED), ofereceu em
1996, o primeiro Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção a
distância, usando principalmente a tecnologia das videoconferências.
Nesta geração da história da EaD, segundo Peters (2001), podemos falar
em uma mudança paradigmática na EaD, pois com as tecnologias que surgiram no
período, mesmo que distantes fisicamente, os alunos puderam estabelecer
comunicação entre si e com os professores de forma mais rápida que pelo correio.
Com isto, começou-se a pensar em cursos na modalidade de EaD mais
individualizados, com aulas e orientações específicas para diferentes grupos.
Mas, vale lembrar que não é a presença da tecnologia em um curso que
possibilita uma educação mais dialogada, o movimento de uma educação ocorre a
partir da compreensão de educação do grupo de professores, alunos e gestores do
curso. Ou seja, podemos usar a tecnologia das videoconferências para estabelecer
a comunicação entre professores e alunos, ou, apenas para transmitir informações,
sem oportunizar diálogos, estudos em grupos, debates, seminários… Reflita

sobre estas questões…

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 27


2.2.4 Aulas virtuais baseadas na internet…

Esta geração da história da EaD, iniciada na década de 1990, é


apresentada por Taylor apud Aretio (2001) como a geração do Ensino por Internet.
Segundo Moore e Kearsley (2007), em 1993 foi apresentado o primeiro navegador
WEB ou WWW (World Wide Web - que em português significa "Rede de alcance
mundial").
No entanto, anterior a este período, em meados de 1980, a National
Sciences Foundation desenvolveu uma rede com cinco centros de
supercomputadores conectados a universidades e organizações de pesquisa, que,
aperfeiçoada, em 1987 possibilitou usar a rede para troca de e-mails e arquivos de
dados.
Na década de 1990, algumas
universidades ofereceram programas de graduação
completos por meio da web, entre elas o Online
Campus do New York Institute of Technology. No
final desta década, nos Estados Unidos, segundo
Moore e Kearsl (2007, p.47), “84,1% das
universidades públicas e 83,3% das faculdades
públicas com cursos de quatro anos ofereciam
cursos com base na web.”
Com o acesso à internet, novos modelos de Universidades surgiram,
universidades puramente virtuais, além de combinações e colaborações entre
instituições de todos os tipos. Além disso, a internet viabilizou a oferta de cursos na
modalidade EaD, considerando uma educação sem distância, pois é possível que
professores e alunos estejam muito próximos, interagindo continuadamente, nada
distantes, apesar da distância física.
A internet também viabilizou a comunicação com uso de imagem e som,
em tempo real, personalizada, de professor para aluno, aluno para professor e entre
alunos, independente da distância existente. Hoje, se conectados à internet,
podemos dialogar via texto escrito, áudio e/ou vídeo, acessar informações em várias
linguagens, conversar a dois, ou em grupos maiores, vendo e ouvindo os

28 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


interlocutores pelo computador, tablete ou telefone celular.
É importante lembrar que muitas pessoas ainda não possuem acesso à
internet, mas este é um caminho que temos de trilhar, lutando juntos por este direito,
independente do bairro, município, estado ou país em que vivemos. Fazemos parte
de uma grande rede, e, para aprendermos a nos relacionar com ela e por ela,
aprendendo e ensinando, temos de estar conectados.
São várias pessoas, várias experiências e histórias, fazendo a história da
EaD, e muito ainda há por fazer. O importante é participar deste processo como
sujeito, sendo e fazendo história. Agora você é parte desta história, ajude a construí-
la!
Com o avanço das tecnologias, as experiências e pesquisas em EaD se
multiplicaram e continuam se multiplicando. São várias as abordagens de educação
que qualificam essas experiências em todo o Brasil e no exterior, desenvolvidas por
diferentes instituições educacionais ou centros de formação profissional.
Vale lembrar que os cursos de graduação na modalidade de EaD
começaram a ser ofertados no Brasil, em 1995, a partir da iniciativa da Universidade
Federal do Mato Grosso (UFMT), que ofertou o curso de Licenciatura em Educação,
habilitação em séries iniciais. A partir daí, os números da EaD no Brasil,
principalmente os vinculados aos cursos superiores, foram aumentando. Segundo
Sanchez (2008), entre 2003 e 2006, a oferta de cursos superiores a distância
passou de 52 cursos para 349. Em 2016 havia 34.366 opções de cursos superiores,
e 1.494.418 alunos matriculados, segundo dados do Censo da Educação Superior
de 2016, realizado pelo INEP.
Com o aumento da oferta de cursos a distância e os avanços das
tecnologias, em especial, as digitais, surgiram diferentes propostas de cursos
ofertados totalmente ou parcialmente a distância, caracterizadas pelo acesso à
internet, cujas terminologias indicam algumas de suas características. São elas:
aprendizagem online, E-learning, educação bimodal, blended learning ou B-learning,
M-learning ou mobile learning.

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 29


Você já ouviu falar em alguma dessas
terminologias? Vamos conhecer um pouco
sobre as características dessas propostas
de educação e refletir sobre a relação
delas com o perfil do aluno...

2.2.5 E-Learning, B- Learning e M- Learning…

A aprendizagem online ou E-learning


(aprendizagem eletrônica) são terminologias
costumeiramente usadas para cursos cujas atividades são
realizadas apenas em ambientes virtuais, exigindo que o
aluno esteja online para desenvolver as atividades. Nessa
proposta, é necessário que os alunos tenham
disponibilidade de conexão à internet.
Blended learning, ou simplesmente B-learning, também conhecida por
Educação Bimodal, ou ainda Educação Semipresencial, se refere a proposta de
cursos, cujo desenvolvimento acontece parte em espaços presenciais e parte em
espaços a distância. Alguns autores ainda relacionam estes termos com educação
híbrida ou misturada, por se tratar de cursos que propõem ações nos dois espaços.
M-learning é o processo de aprendizagem que ocorre com o uso de
alguma tecnologia móvel e sem fio, como por exemplo, telefone celular ou tabletes.
Nesse processo, a aprendizagem pode ocorrer em diferentes espaços, como em
casa, na rua, na escola, no museu, no shopping… Para isso, basta que o aluno
tenha acesso à internet a partir de alguma tecnologia móvel e rede sem fio.
O acesso à internet e o uso de tecnologias digitais possibilitam diferentes
ações na EaD, como por exemplo, que você visite um museu de arte, sem sair de
casa.

30 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


Outra tecnologia que favorece a aprendizagem em tempos de internet é a
Realidade aumentada, que possibilita modificar a realidade presencial. Você já ouviu
falar em realidade aumentada? Realidade aumentada é uma tecnologia que permite
a superposição de objetos tridimensionais virtuais em um cenário real.
Você pode observar que a EaD hoje pode ir além da leitura individual de
um livro texto. Com acesso à internet, você pode se comunicar continuadamente
com seus colegas de turma e professores, produzindo conhecimento; pode também
se movimentar virtualmente em cenários, construir objetos virtuais em Realidade
aumentada, estando em casa ou em qualquer lugar em que você tenha acesso à
internet a partir de alguma tecnologia.
Nesse sentido, o que pesquisadores e educadores buscam são
propostas de EaD ricas em comunicação e aprendizagem, que integrem ao material
impresso, outros materiais e tecnologias digitais, oportunizando a produção
qualificada do aluno, a comunicação entre alunos, e destes com os professores e/ou
tutores. O “ensino a distância”, em que o aluno estuda sozinho, apenas “por leitura
de textos”, abre espaço para a Educação a Distância, em que o aluno habita
espaços e produz com colegas e professores, ao longo do curso.

Você conhece o museu Casa de Portinari?


Vamos explorá-lo? Acesse o endereço:

http://www.museucasadeportinari.org.br/

O que você achou da visita ao museu? Com o uso de cenários


tridimensionais como o do museu virtual, você pode conhecer vários lugares,
desmontar e montar peças de um carro, por exemplo, conhecer partes do interior do
corpo humano, com apenas alguns cliques. Os sistemas de realidade virtual, como
são chamados, possibilitam que você vivencie diferentes experiências na EaD, pois
você poderá movimentar-se, ouvir, tocar objetos, ver, como se estivesse no mundo

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 31


real.

Saiba mais: Se quiser conhecer um pouco mais sobre os projetos de


algumas das principais Universidades mencionadas, visite os endereços
sugeridos a seguir:

Open University da Inglaterra, criada em 1967, que representa um modelo de


sucesso até a atualidade, considerada a maior universidade do Reino Unido.
<http:// www.open.ac.uk>.
Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), criada em 1972 na
Espanha. <http://www.uned.es/>
FernUniversität na Alemanha, criada em 1974. <http://fernunihagen. de/>

Para conhecer mais da história da EaD e suas gerações, leia:


MOORE, Michael; KEARSLEY, Greg. Educação a Distância: Uma visão
integrada. Tradução por Roberto Galman. São Paulo: Thomson Learning,
2007.
ALVES, João Roberto Moreira. A história da EaD no Brasil. In: LITTO,
Frederic M.; FORMIGA, Marcos (orgs.). Educação a Distância: o estado da
arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p. 9-13.
NUNES, Ivônio Barros. A história da EaD no mundo. In: LITTO, Frederic M.;
FORMIGA, Marcos (orgs.). Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2009. p. 02-08.
CARNEIRO, M.L.F. Educação a Distância: História e Tecnologias. In:
CARNEIRO, M.L.F; TURCHIELO, L. B. (org.). Educação a Distância e Tutoria:
Considerações Pedagógicas e Práticas. Porto Alegre: Evangraf, 2013. p.14-35.

Para saber mais sobre M-learning leia:


SACCOL, A.; SCHLEMMER, E.; BARBOSA, J. M-learning e u-learning: novas
perspectivas da aprendizagem móvel e ubíqua. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2011.

Para conhecer mais sobre Realidade virtual e Realidade virtual


aumentada, assista os vídeos disponíveis no endereço:
<https://www.linkedin.com/pulse/veja-realidade-aumentada-hugo-magalh
%C3%A3es-martins.> Acesso em: 10 mar. 2018.

32 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


2.3 Características da EaD

Para estudarmos as características da EaD, inicialmente


sistematizaremos alguns elementos conceituais relacionados a esta modalidade.
Vamos iniciar discutindo o conceito de educação.
Baseados nos estudos de Paulo Freire, podemos afirmar que a ação de
educar é uma ação na qual todos (educadores e educandos) ensinam e aprendem
dirigidos pelo educador ou educadora; dirigidos, não direcionados. É uma ação em
que o professor ou professora, então educador ou educadora, não apenas informa,
mas estabelece uma interação com os educandos e ao dirigir o processo, sendo
conhecedor profundo de sua área, é também aprendiz na busca constante de novos
conhecimentos em todos os espaços.
Neste sentido, Morin (2001, p.11) afirma que “a educação pode ajudar a
nos tornarmos melhores, se não mais felizes, e nos ensinar a assumir a parte
prosaica e viver a parte poética de nossas vidas.”
E a EaD? Sendo educação, busca os sentidos e significados aqui
apresentados. A EaD, compreendida como uma modalidade de educação, mobiliza
professores e alunos para criarem novas rotinas, exigindo, como toda mudança,
novas atitudes, novas leituras, novas formas de ver e se organizar no mundo. Ao
vivenciar e conhecer a EaD, muitas vezes, professores e alunos mudam processos
de ensino e aprendizagem da educação presencial. Neste sentido, Moran (2004)
afirma que:

(...) obrigar alunos a ficar confinados horas seguidas de aula numa mesma
sala, quando temos outras possibilidades, torna-se cada dia mais
contraproducente. Para alunos que têm acesso à Internet, à multimídia, as
universidades e instituições educacionais têm que repensar esse modelo
engessado de currículo, de aulas em série, de considerar a sala de aula
como único espaço em que pode ocorrer a aprendizagem. [...] A
flexibilização de gestão de tempo, espaços e atividades é necessária,
principalmente no ensino superior ainda tão engessado, burocratizado e
confinado à monotonia da fala do professor num único espaço que é o da
sala de aula.

Ao pensarmos na flexibilização de gestão de tempo, espaços e atividades


nas instituições educacionais, é importantíssimo focar na aprendizagem dos alunos.
É necessário pensar em propostas para uma verdadeira educação, buscando uma
Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 33
educação coerente com o mundo que queremos juntos (re)construir. Ou seja, é
necessário flexibilizar e democratizar com responsabilidade, sugerindo a
corresponsabilidade.
Para conhecermos mais da educação que acontece na modalidade de
EaD, iremos dialogar sobre características dessa modalidade, partindo dos estudos
realizados por Landim (1997), Oliveira (2001) e Moraes (2008). Lembre-se que estas
são apenas algumas características selecionadas para o nosso estudo nesta
disciplina, mas você poderá encontrar outras ao longo de seus estudos no curso. E,
elas não se limitam, na maioria dos casos, a cursos na modalidade de EaD. As
características selecionadas, neste momento, são:

 Democratização – pela EaD há possibilidade de educação para todos com


redução ou eliminação das dificuldades de acesso a cursos. Representa a
igualdade de oportunidades de formação, de modo especial para as pessoas que
não puderam frequentar a escola presencial em sua idade de escolarização. Esta
característica pudemos observar ao longo da história da EaD.
 Individualização – possibilidade de atenção singular a cada sujeito em seu
contexto de tempo e espaço de estudo.
 Autonomia – em processos de EaD o aluno toma muitas decisões em relação ao
seu processo de aprendizagem, sempre articuladas com a proposta do curso. Ele
necessita desenvolver a capacidade de se organizar, de produzir, de emancipar-
se, de se tornar sujeito da aprendizagem. Segundo Moraes (2008), a EaD, se
bem planejada, pode se constituir em um instrumento de formação do aprendiz e
desenvolvimento de sua autonomia.
 Dialogicidade – é a possibilidade de diálogo consigo mesmo, com os colegas e
professores, com os objetos de estudo, nos processos de reflexão e produção. O
diálogo é possível quando há compreensão do outro, dos significados que
atribuímos ao que é discutido, é a busca coletiva pelo entendimento de um objeto
em estudo.
 Socialização – estimula a colaboração, o desenvolvimento da capacidade de
participação de grupos, de gerar espaços sociais e políticos em seu entorno. Na

34 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


EaD, em algumas propostas, incentiva-se o compartilhamento de ideias e
produções, o que favorece a socialização de todos envolvidos.
 Abertura – diversidade e amplitude na oferta de cursos. No contexto histórico
discutido anteriormente, percebemos esta característica ao observarmos o quanto
os cursos podem ser ofertados de forma diferente, atingindo a poucos ou muitos,
com pequenas ou grandes distâncias, dispersos geograficamente ou
aglomerados.
 Educação Permanente – a EaD é um caminho para a aprendizagem ao longo da
vida. É a oportunidade de ampliarmos continuadamente nossos conhecimentos,
seja para a vida profissional ou apenas para aprimoramentos na vida social e
cultural.
 Flexibilidade/Mobilidade – esta modalidade foi criada para atender estudantes
em diferentes necessidades, principalmente em relação a tempo e local de
estudo. Possibilita a mobilidade do estudante em relação a locais e horários de
estudo, assim como acesso ao curso a partir de tecnologias móveis.
 Construcionismo contextualizado – a proposta de EaD precisa atender ao
interesse dos alunos, sugerindo produções a partir dos contextos que constituem
a realidade destes. Um produto contextualizado, segundo Valente (1999), está
vinculado à realidade da pessoa ou do local onde é produzido e utilizado.

A partir destas características, podemos mencionar alguns movimentos


que caracterizam os processos de ensino e de aprendizagem nesta modalidade.
Fazendo a leitura de textos de autores como Nunes (1992) e Preti (2000), podemos
destacar que na EaD:
@ Professores e alunos podem ficar separados por uma diferença
temporal e espacial.
@ O aluno aprende a fazer a gestão de seu tempo de estudo, pois cabe a
ele escolher os melhores horários e locais para desenvolver os estudos, articulado
com o cronograma no curso. É importante incluir neste processo de gestão os
horários de interação com colegas e professores.
@ Os alunos são em sua maioria adultos e dispersos geograficamente.

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 35


@ Os estudos são realizados pelo aluno, na maioria dos casos, de forma
individual e flexível em termos de horários, pois o aluno estuda no horário e local
que lhe é mais conveniente.
@ É uma modalidade de educação que necessita de tecnologias, em
especial as digitais, para viabilizar a interação entre professores e alunos (notebook,
computadores com acesso à internet, tecnologia de videoconferência, telefone
celular, tablet, ...).
@ Há uma estrutura organizacional a serviço do estudante: sistema de
informação e comunicação, secretaria, tutoria, equipe de produção de material
didático, campus central, polos de apoio presencial, etc.
@ A linguagem para comunicação, na maioria dos cursos, ainda é a
escrita, mas a depender do modelo de EaD outras linguagens são utilizadas como
áudios, vídeos, usando recursos como o telefone celular e ambientes virtuais de
aprendizagem com fóruns, chats, web conferência, áudio conferências...
@ Os materiais didáticos usados nos cursos são elaborados para estudos
independente do professor, com linguagem clara, reflexões ao longo do processo,
atividades avaliativas e sugestão de estudos complementares. Muitos materiais são
digitais e organizados em formato de hipertextos, com links para diferentes espaços,
uso de softwares e objetos digitais de aprendizagem.
@ Há a possibilidade de comunicação simultânea com um grande número
de estudantes.
@ Os cursos são antecipadamente planejados, e os materiais são
produzidos com antecedência. Há uma espécie de pré-produção. Esta pré-produção
pode envolver a organização de materiais em textos impressos, hipertextos, vídeos,
material digital e disponível em ambientes virtuais, programas de rádio e televisão,
etc.
@ Tendência a uma estrutura curricular flexível, em módulos, por
exemplo, possibilitando uma maior adaptação aos interesses de cada aluno.
Estas são algumas características de cursos oferecidos na modalidade
EaD. Mas, como mencionado, há outras características que você poderá perceber
ao longo do curso. O interessante é vivenciar e continuar estudando.

36 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


Estas são algumas das características da EaD.
Será que enfrentamos dificuldades ao estudar
nesta modalidade? E quais as vantagens de
estudar em um curso a distância?
Reflita sobre estas questões, afinal agora você
é estudante de um curso nesta modalidade...

E como podemos caracterizar a EaD que acontece apenas em ambientes


virtuais acessados pela internet? Algumas pessoas preferem denominá-la de EaD
online. Este ambiente, espaço virtual de aprendizagem, é a possibilidade de
estarmos juntos, mesmos distantes. Podemos estar juntos em uma sala de aula em
um prédio, como podemos estar juntos em uma “sala de aula virtual”. Para estarmos
juntos na sala de aula de um prédio, ao participarmos de um curso, temos de nos
locomover de nossas casas ou local de trabalho até o prédio, em um determinado
horário; para estarmos juntos em uma “sala de aula virtual” (fórum, chat, web
conferência, por exemplo), para participarmos de um curso, podemos permanecer
em diferentes lugares, distantes ou não (poucos metros ou milhões de quilômetros)
e nos unirmos independente de horário.
Estas são duas maneiras de “estar junto” e uma não anula a outra. Nos
dois casos, podemos estar muito próximos ou muito distantes do outro, em nossos
pensamentos, ações e sentimentos. Em outras palavras, é possível estarmos juntos
virtualmente.
Apesar da distância física, que caracteriza a EaD, alunos e professores
podem estar juntos virtualmente, falando, ouvindo, vendo, sentindo, aprendendo e
ensinando um com o outro. E onde isso acontece? No espaço virtual, que é um
espaço de diálogo, de interação, de estudo, de produção. Um espaço que
professores e alunos podem habitar. Você pode se perguntar como podemos nos
tornar habitantes de um ambiente virtual ou de um curso a distância, por exemplo. E,
quem são os habitantes? Segundo Scherer (2005, p.60).

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 37


Os habitantes são aqueles que se responsabilizam pelas suas ações e
pelas dos parceiros, buscando o entendimento mútuo, a ação comunicativa,
o questionamento reconstrutivo; o habitante está sempre sendo parte
(sentido dinâmico) do ambiente. Portanto, o encontramos sempre no
ambiente, pois ele também vive lá, observando, falando, silenciando,
postando mensagens, refletindo, questionando, produzindo, sugerindo,
contribuindo com a história do ambiente, do grupo e dele.

Você possui estas características? Se considera um habitante deste curso?


Reflita…

Convido você a assumir essa responsabilidade, se comprometer com sua


aprendizagem e com a aprendizagem dos colegas. Estar sozinho em um espaço
físico, não implica estar sozinho virtualmente, afinal podemos estar conectados de
diversas formas, via ambiente virtual disponível em um site ou um ambiente como o
WhatsApp, acessível pelo telefone celular. Participe das ações e estudos no
ambiente virtual, seja um habitante do curso, esteja junto virtualmente com seus
colegas e professores.
Em alguns casos “Estar junto virtual” é uma proposta para a interação em
cursos oferecidos em ambientes virtuais. Valente (2011) realizou estudos sobre esta
abordagem de EaD, em que se prevê um alto grau de interação entre o professor e
os estudantes. Nessa abordagem explora-se as potencialidades de tecnologias
digitais para que o professor possa “estar junto” dos estudantes, acompanhando,
interagindo, questionando, em ambiente virtual. Na imagem a seguir apresentamos o
movimento proposto por Valente (2005) para a abordagem do “Estar Junto Virtual”.

38 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


Fonte: Valente (2005).

Podemos observar pelo esquema dessa imagem, que quando o professor


propõe uma atividade ou lança questões ao grupo de estudantes, esses podem
reportar uma ideia ou questão ao professor e colegas. Ao receber esse ideia ou
questão, o professor e/ou estudantes podem refletir e terão a oportunidade de
compreender melhor a questão/atividade proposta, podendo questionar ou reportar
novas ideias ao grupo, e possibilitar novas reflexões.
Pode-se entender o “reportar ideias” como enviar um material em formato
de vídeo ou imagens, enviar questões ou considerações sobre o exposto por algum
colega do grupo ou professor. Porém, é importante que o professor se atente para
que não “dê a resposta” ao problema, ou induza os alunos a uma resposta. É
importante o professor propor questionamentos que desafiem os alunos para que
estes vivenciem momentos de reflexão e aprendizagem.
As interações entre professor e aluno consideradas na abordagem “Estar
Junto Virtual” oportunizam ao professor conhecer melhor os processos de
aprendizagem dos alunos e consequentemente fazer inferências sobre o
conhecimento em construção. Sendo assim, esta é uma abordagem possível para
cursos que são oferecidos em ambientes virtuais.
O que podemos compreender é que o ambiente virtual é real, pois
podemos estar presentes nele, sentindo, aprendendo, comunicando... A partir de
uma via de acesso física: o teclado, o monitor, o mouse, o telefone celular... Mas,
lembre-se que não são todos os cursos oferecidos na modalidade EaD que são

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 39


desenvolvidos em ambientes virtuais. Assim, estas últimas características se limitam
a cursos compreendidos como sendo de EaD online.

2.4 A Legislação Brasileira e a EaD

No contexto histórico da EaD apresentado, pudemos conhecer algumas


concepções de EaD, e agora discutiremos questões relacionadas diretamente às
políticas e à legislação brasileira para cursos nesta modalidade.
A EaD começou a existir legalmente no Brasil, em 20 de dezembro de
1996, quando foi instituída pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação, a Lei
no 9394. Anterior a esta data existiam, como apresentado anteriormente, várias
ações em EaD no Brasil, no entanto, a modalidade ainda não estava oficializada por
uma lei. Com a LDB instituída podiam ser oferecidos cursos, concedendo
certificação aos egressos. A seguir você pode visualizar a redação do artigo 80
da LDB.

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de


programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de
ensino, e de educação continuada.
§1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais,
será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.
§2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e
registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.
§3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de
educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos
respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração
entre os diferentes sistemas.
§4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão
sonora e de sons e imagens;
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos
concessionários de canais comerciais.

A partir deste artigo, em 1998, o decreto n o 2.494, regulamentou a LDB,


detalhando mais os seus processos. Neste decreto, aponta-se as formas de uma
instituição se credenciar para a oferta dos cursos, além de apresentar requisitos
para fazer a matrícula de alunos, transferências para o ensino presencial, a
diplomação e certificação dos alunos, a avaliação da aprendizagem (exigência do
presencial). Muitas das concepções presentes neste decreto estavam vinculadas a

40 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


uma certa superioridade da modalidade presencial em relação à EaD, como a
exigência da avaliação ser realizada presencialmente.
Neste decreto, a EaD era compreendida como “uma forma de ensino que
possibilita a autoaprendizagem com a mediação de recursos didáticos
sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação,
utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados através dos diversos meios de
comunicação.” Que características da EaD podemos identificar nesta frase? Reflita e
dialogue com seus colegas e tutor sobre esta questão.
Em 19 de dezembro de 2005, foi revogando o decreto de 1998, com a
publicação do decreto no 5.622, que em certos aspectos ampliou a compreensão da
modalidade de EaD. Neste decreto, o conceito de EaD aparece como: “Modalidade
educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e
aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e
comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas
em lugares ou tempos diversos”.
Alguns pontos a destacar neste decreto são: a obrigatoriedade de
momentos presenciais para avaliações, estágios, defesas e atividades em
laboratórios; a necessidade de criação de polos presenciais; que os resultados de
avaliações presenciais devem prevalecer sobre os demais resultados de avaliação.
Neste decreto, especificamente no Art. 2º, são apresentadas as possibilidades de
ofertas da EaD, nos seguintes níveis:

I - educação básica, nos termos do art. 30 deste Decreto;


II - educação de jovens e adultos, nos termos do art. 37 da Lei n o 9.394, de
20 de dezembro de 1996;
III - educação especial, respeitadas as especificidades legais pertinentes;
IV - educação profissional, abrangendo os seguintes cursos e programas:
a) técnicos, de nível médio; e
b) tecnológicos, de nível superior;
V - educação superior, abrangendo os seguintes cursos e programas:
a) sequenciais;
b) de graduação;
c) de especialização;
d) de mestrado; e
e) de doutorado (BRASIL, 2005).

De 2005 até os dias atuais, muitas legislações foram publicadas e


revogadas (canceladas), dentre elas: Decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005;

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 41


Decreto 5.773, de 09 de maio de 2006; Decreto 6.303, de 12 de dezembro de 2007;
Decreto 6.861, de 27 de maio de 2009; Decreto 8.142, de 21 de novembro de 2013,
e Decreto 8.754, de 10 de maio de 2016.

Em 25 de maio de 2017, com a publicação do decreto 9.057/2017, o MEC


novamente regulamenta o art. 80 da LDB (Lei 9.394/1996). Ao final deste mesmo
ano, o decreto 9.235/2017, de 15 de dezembro de 2017, altera o decreto
9.057/2017, dispondo sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e
avaliação das instituições de educação superior e dos cursos superiores de
graduação e de pós-graduação no sistema federal de ensino.

Saiba mais:
Para saber mais sobre a legislação brasileira da EaD, acesse o endereço
do Ministério de Educação (MEC): <http://portal.mec.gov.br/seed> e opte
pelo link “Regulamentação da EaD”.

Faça também a leitura integral do decreto no 9.057, que regulamenta o Art.


80 da Lei no 9.394/1996. Após a leitura, converse com seus colegas,
tutores e professores sobre os pontos que lhe chamaram a atenção.

Voltando ao ano de 2006, outro registro importante da legislação


brasileira sobre EaD, também compreendida como uma política para EaD, é o
Decreto no 5.800, de 8 de junho de 2006, que oficializa a Universidade Aberta do
Brasil (UAB). A UAB é um projeto elaborado pelo Ministério de Educação e a
Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino, como a
Universidade Federal do Paraná.
A UAB faz parte do atual conjunto de políticas públicas desenvolvidas
pelo Governo Federal para a área de educação, voltadas para a expansão da
educação superior com qualidade e promoção da inclusão social. Para integrar-se
ao Sistema UAB, os projetos dos governos locais e das instituições públicas
precisam ser aceitos pelos Fóruns Estaduais Permanentes de Apoio à Formação
Docente.
Esses fóruns são órgãos colegiados criados para dar cumprimento aos
objetivos da Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da

42 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


Educação Básica [...] com a finalidade de organizar, em regime de colaboração entre
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a formação inicial e
continuada dos profissionais do magistério para as redes públicas da educação
básica (BRASIL, 2009).
De maneira geral, a UAB tem por objetivo estabelecer um amplo sistema
nacional de educação superior a distância, ampliando o acesso à educação superior
no Brasil, gratuitamente. O Decreto n o 5.800 oficializa a UAB, destacando a
articulação e integração de Instituições do ensino superior, municípios e estados,
visando a democratização, expansão e interiorização da oferta de ensino público no
país.
A UAB iniciou suas atividades em 2006, com um projeto-piloto em 20
estados brasileiros, com o curso de Administração em parceria com empresas
estatais, principalmente o Banco do Brasil. Além desse curso, o Programa Pró-
Licenciatura atendia, em 2007, em torno de 20 mil estudantes em todo o Brasil, com
a oferta de cursos de licenciatura em diferentes áreas. Os estudantes eram
prioritariamente professores em atividade da rede pública da Educação Básica, que
não possuíam habilitação na área específica em que atuavam.

Saiba mais:
Para saber mais sobre a UAB, leia na íntegra o decreto n o 5.800 que
trata da UAB. E ainda poderá acessar o site da UAB, para saber as
novidades, saber mais sobre as instituições integrantes, os cursos
oferecidos e o seu percurso histórico. Disponível no endereço:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/d5800
.htm>

Leia mais sobre a UAB pelo link: <http://www.capes.gov.br/uab>.

Além desses projetos, várias Instituições de Ensino Superior aderiram ao


projeto da UAB oferecendo cursos, prioritariamente de Licenciatura e formação
continuada de professores, em diferentes áreas. Para termos ideia de como a UAB
cresceu, no dia 23 de julho de 2016, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES) divulgou uma relação com 84 instituições públicas de
ensino superior, integrantes do Sistema UAB, que tiveram editais aprovados para
oferta de vagas em cursos.
Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 43
A UAB articula experiências das Instituições de Ensino Superior, as quais,
isoladamente, não teriam como atuar em todo território nacional. Nasceu com o
objetivo de expandir e levar até o interior dos estados a oferta de cursos e
programas de educação superior do país, favorecendo, prioritariamente, a formação
de professores para atuarem na Educação Básica.
Pelo sistema UAB também são ofertados mestrados profissionais em
formato semipresencial, de abrangência nacional, cujo foco é a formação continuada
de professores da Educação Básica nas áreas de: Matemática (Profmat); Letras
(Profletras); Ensino de Física (ProFis); Artes (ProfArtes); e História (ProfHistória). E
ainda nesse mesmo formato são ofertados cursos na área de Administração Pública
(ProfiAP), e em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (ProfÁgua).

2.5 Considerações Finais

Chegamos ao fim de mais uma aula pessoal, espero que as informações


desta semana tenham ajudado vocês a entender melhor o contexto histórico e as
evoluções desta modalidade de ensino. Vocês podem ler mais sobre estas e outras
iniciativas criadas em EaD acessando o link a seguir.

Timeline: Educação a Distância - Evolução histórica.

44 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos


Disponível em https://www.timetoast.com/timelines/educacao-a-distancia-evolucao-historica.

Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos 45


3
Processo de ensino e de
aprendizagem na EaD:
Componentes e papéis
Suely Scherer / Colaboração Vanessa Rodrigues Lopes

Licenciatura em Pedagogia
3 Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papeis

SCHERER, S.; LOPES, V.R.. O processo de ensino e de aprendizagem na EaD:


componentes e papeis. In: Organização pedagógica na EaD. UFPR, Programa de
Atualização em Educação a Distância. p.29-36, 2016.

3.1 Introdução

Nesta unidade vamos dialogar sobre o processo de ensino e de


aprendizagem em EaD, apresentando alguns componentes e papeis dos sujeitos
envolvidos nesses processos.
A EaD é discutida neste material como sendo Educação a Distância, não
apenas Ensino a Distância, como você observou ao longo do texto lido até este
ponto. A expressão Ensino a distância, usada por alguns autores, remete a um único
processo, o de ensino, cujo ator é o professor. Já na educação consideramos dois
processos, o de ensino e o de aprendizagem, e ambos podem ser vivenciados por
dois atores, o professor e o aluno.

46 Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papéis


O processo de ensino e de aprendizagem em EaD envolve, como sugere
Preti (2009), uma organização que atenda a todos os componentes desta
modalidade: Os alunos, os professores especialistas, os tutores, o material didático
e o centro de EaD da instituição.

Diferente da educação presencial, aparecem


nesta modalidade, os tutores. Os tutores como sugere
Preti (2009), são especialistas, ou não, da disciplina ou
área de conhecimento em que atuam, com a função de
acompanhar e apoiar os alunos em seus estudos. Nesta
unidade, estudaremos sobre os recursos tecnológicos e
material didático, os papeis do tutor, do professor, e do
aluno. Ao discutir estes papeis, perceberemos a
importância do comprometimento de cada um destes
sujeitos no processo de ensino e de aprendizagem, bem
como, da interação entre os mesmos.

3.2 Recursos Tecnológicos e Material Didático

O material didático na modalidade de EaD é muito importante,


principalmente, se pensarmos em modelos de EaD em que há previsão de pouca
interação entre alunos, professores e tutores. Preti (2009) considera o material
didático o elo de comunicação entre aluno e professor, por isso é importante atentar
para a sua elaboração, quando for o caso, ou na seleção de materiais disponíveis
em espaços virtuais, a serem usados em um curso na modalidade EaD.
Quando o material didático é elaborado é importante pensar em como ele
será usado ao longo do curso: em que linguagem ele será produzido (áudio, vídeo,
impresso, hipertexto...); que recursos tecnológicos, disponíveis na instituição, serão
usados para o estudo do material durante o curso, a comunicação entre alunos e
professores (fóruns, web conferências, áudio conferências, vídeo conferências,
chat...). Mas, que recursos tecnológicos podem ser usados para comunicação em
processos de EaD? Vamos dialogar sobre isso...

Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papéis 47


Ao longo da história da EaD, várias tecnologias foram utilizadas para
favorecer a comunicação entre professores e alunos. A EaD foi e ainda pode ser
realizada usando recursos como: material impresso, rádio, televisão,
videoconferência, computadores, sistema de realidade virtual, telefone fixo, telefones
celulares, vídeos, dentre outros. No entanto, é importante lembrar que o sucesso do
ensino e da aprendizagem nesta modalidade não depende apenas das tecnologias
disponibilizadas, mas, do modelo de EaD oferecido, da concepção de educação de
todos os envolvidos no processo.
Moran (2009) apresenta modelos de EaD existentes no Brasil, articulados
com o uso de recursos tecnológicos. Vamos discutir alguns deles...
Um dos modelos apresentados por este pesquisador é o modelo das
teleaulas. Neste modelo utiliza-se satélite e interação pela internet (e-mail, chat,
fóruns...). As teleaulas são aulas ao vivo, transmitidas por satélite, de um
determinado local para várias salas em diferentes lugares.
É parecido com o sistema de um programa de televisão, em que as
pessoas de vários lugares podem enviar e-mails, acessar ao chat, ... para quem
apresenta o programa. A diferença para os programas televisivos, é que na EaD,
são transmitidas aulas, e os professores, a princípio, conhecem o perfil dos alunos
atendidos. Neste modelo, o acompanhamento dos professores e tutores acontece
nas telesalas, com alguma ação complementar por ambientes virtuais.
Um avanço neste sistema, segundo Moran (2009) são as aulas por
videoconferência. Neste modelo, a comunicação entre alunos e professores
acontece de forma síncrona. Por exemplo, um aluno de uma das salas de
videoconferência pode questionar o professor durante a aula. O professor, ao ver e
ouvir o aluno que o questiona, dialoga com este e com os demais alunos, presentes
nas diferentes salas. É como se pudéssemos conversar com o apresentador de um
programa de televisão, “ao vivo”, não apenas por áudio, como acontece em algumas
emissoras, mas por áudio e vídeo. Além das videoconferências, neste modelo, os
alunos recebem a tutoria presencial e em ambientes virtuais.
Outro modelo de aula em EaD é o que Moran (2009) chamou de modelo
aula gravada e tutoria. Neste modelo grava- se a aula dos professores, e o aluno a
recebe em formato de vídeo ou CD-ROM, com acompanhamento de tutores locais
48 Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papéis
mais generalistas, ou seja, sem formação específica em cada área do curso. Neste
modelo, falta a interação com professores mais experientes, e comunicação mais
intensa, por exemplo, com uso de ambientes virtuais.
A educação online é outro modelo apresentado por este pesquisador.
Neste, o aluno se conecta pela internet a uma plataforma virtual, um Ambiente
Virtual de Aprendizagem. Neste ambiente, encontra materiais em diferentes
linguagens (textos, imagens, vídeos, áudios...), e pode dialogar com seus colegas,
tutores e professores. O objetivo deste modelo de EaD é o compartilhamento de
informações, a colaboração entre colegas, tutores e professores, ou seja, a
produção coletiva.
A educação online pode ser favorecida com o uso de recursos
tecnológicos como Facebook, WhatsApp, Skype, Hangout, Twitter, Podcast, Objetos
Educacionais Digitais (OED), dentre outros. E assim, as tecnologias vão surgindo e
podem contribuir para que os modelos de EaD online favoreçam cada vez mais a
interação, a presença virtual, a produção coletiva, e o compartilhamento de
produções.
Ou seja, muitos são os recursos tecnológicos que podem ser usados para
comunicação em cursos a distância, e também para a produção de material didático.
Uma perspectiva atual na EaD é a integração de diferentes recursos tecnológicos,
com suas diferentes linguagens, ao currículo do curso, da produção e escolha de
materiais didáticos, aos processos de construção de conhecimento.

3.3 O Papel do Professor e do Tutor

Em EaD, além de professores, em algumas instituições encontramos um


grupo de profissionais denominados tutores. Esses tutores, em muitos casos são
professores, com formação específica na área. No entanto, ainda há instituições em
que os tutores não são professores e nem possuem formação adequada para
atuarem em determinadas áreas do curso, o que pode desqualificar a docência no
curso.
A tutoria, desenvolvida por tutores ou professores, envolve ações como:
orientação ao aluno para o aprofundamento de temáticas e práticas;

Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papéis 49


acompanhamento e avaliação das aprendizagens dos alunos; articulação entre os
diferentes espaços de aprendizagem; organização e desenvolvimento de encontros
presenciais. Em ambientes virtuais de aprendizagem, o tutor é responsável por
possibilitar aos alunos o tempo necessário à reflexão, desafiando para discussões
produtivas e envolventes, atento às diferenças individuais.

De forma geral, o tutor:


Orienta e estimula os alunos no processo de aprendizagem.
Está em contato constante com os alunos, enviando notícias do curso,
lembretes, convites para uma participação mais ativa.
Indica materiais e leituras complementares.
Atende dúvidas relacionadas ao conteúdo e ao desenvolvimento do curso
(datas, questões técnicas, publicações de resultados, etc.).
Avalia as atividades realizadas.
Acompanha a participação dos alunos no ambiente virtual de aprendizagem.
(Navegação no ambiente, entradas, envio de trabalhos, etc.).

Você deve ter percebido que o tutor será um dos seus grandes parceiros no
desenvolvimento de todas as atividades do curso!

Quanto ao papel dos professores, responsáveis pelas disciplinas, este


muda de uma instituição para outra, mas no geral, eles são responsáveis pelo
planejamento e desenvolvimento da disciplina, encontros presenciais e orientação
do grupo de tutores da disciplina.
Você provavelmente está percebendo que curso em EaD não é um “curso
sem professor”. No entanto, alguns papéis do professor são redimensionados nesta
modalidade. O professor (também compreendido como tutor) precisa estar atento a
várias competências exigidas nesta modalidade, principalmente as relacionadas ao
uso de tecnologias digitais.
Neste sentido, Demo (1998) afirma que o professor na modalidade de
EaD precisa agregar ao seu fazer docente habilidades e competências para lidar

50 Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papéis


com materiais didáticos produzidos em diferentes linguagens, trabalhar em
diferentes ambientes, conviver com diferentes tipos de avaliação, dentre outros.
Aliado a este perfil de professor de EaD, Belloni (2001) afirma que um dos
papéis do professor na EaD é o de constituir-se em um parceiro dos alunos no
processo de aprendizagem. Dito isto, a seguir são apresentadas as três dimensões
que traduzem os papeis deste professor, segundo a referida autora:

Pedagógica – o professor precisa saber orientar, aconselhar, e fazer a tutoria,


tanto no campo da área específica da disciplina quanto na área pedagógica,
relacionada ao processo de aprendizagem do aluno.

Tecnológica – o professor precisa conhecer a relação entre as tecnologias de


informação e comunicação e a educação (produzindo, avaliando, selecionando
e definindo estratégias de uso de materiais didáticos e tecnologias para o
processo de aprendizagem).

Didática – a autora comenta que o professor precisa ter formação específica


na área em que irá atuar, planejando, avaliando ao propor metodologias da
área específica que contribuam para a aprendizagem dos alunos. Neste
sentido, torna-se importante a busca por formação continuada em sua área de
atuação.

No entanto, não basta ter tutores, professores, materiais didáticos,


recursos tecnológicos... para que o aluno aprenda! Eles são importantes no
processo de aprendizagem, mas tão importante quando eles, são os papeis e a
atitude do aluno em relação ao seu processo de aprendizagem.

Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papéis 51


Você, aluno de EaD, já sabe qual o seu papel, o
que fazer para aprender a distância!
Estudamos isso na Unidade I deste material
didático.
Vamos relembrar?

Estabeleça objetivos claros; sendo persistente em seus estudos;

Planeje e cumpra um plano pessoal de estudo semanal (organize-se,


prevendo horários e locais em que você irá estudar).

Busque informações necessárias para compreender as leituras realizadas,


vídeos assistidos, quando for o caso;

Agende um horário, com tempo mínimo de estudo diário, a partir do seu


ritmo de aprendizagem e necessidades, e cumpra-o fielmente;

Reserve um tempo e determine um local, se for o caso, para acessar e


estudar com colegas e professores com acesso a internet, previsto em
seu plano de estudo semanal;

Não fique com pendências, pois o acúmulo de atividades dificulta o


acompanhamento e aproveitamento do curso;

Aproveite todos os recursos oferecidos no curso;

Relaxe, faça intervalos em seus estudos.

Grife, sublinhe, ponha sinais e comentários na margem do texto estudado.


Se fizer leitura em tela, use os diferentes recursos do computador no texto
em estudo (cores, sublinhado, comentários...);

Faça esquemas, sínteses, e procure os pontos principais de cada texto


e/ou vídeo;

Pergunte, discuta, proponha...nos espaços de estudo coletivo;

52 Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papéis


Fique atento aos prazos para cumprimento das tarefas;

Explore o potencial da Internet: busque informações, tire suas dúvidas,


troque informações, partilhe seus conhecimentos e informações, acesse
aplicativos, participe de fóruns, reuniões de estudo, web conferências, e
seminários virtuais com os colegas da turma, tutores e professores.

Organize seu tempo de estudo com o uso de internet. A internet facilita,


pois as informações, materiais e diálogos do curso, estão acessíveis nas 24 horas
do dia. Além disto, a comunicação pode acontecer em tempo real com o tutor ou
outros alunos, seja para tirar dúvidas, produzir individual ou coletivamente ou
participar de debates. Com a internet, mesmo estando sozinho presencialmente,
você poderá ficar acompanhado virtualmente. Basta acessar ao ambiente virtual do
curso.
Lembre-se de que em seus estudos você não está sozinho, os
professores e tutores estão à disposição para orientá-lo durante todo o processo.
Além disso, você conta com a oportunidade de interagir com seus colegas de curso.

Sugestão: Você agora é aluno de um curso a distância, e precisará


organizar seus horários e locais de estudo. Sugerimos baixar um
aplicativo em seu telefone celular para lhe ajudar nessa organização. O
aplicativo é o “Agenda do estudante”, e é compatível com todos
dispositivos.

Com ele você pode inserir disciplinas, anotações de aulas, notas da


disciplina, datas importantes, dentre outros.

Após baixar o aplicativo, organize o seu plano individual de estudo para


este primeiro semestre no curso, a partir do cronograma das disciplinas.
O aplicativo está disponível no link: <https://play.google.com/store/apps/
details?id=com. clawdyvan.agendadigitalaluno&hl=pt-BR>.

Em caso de dúvidas nesta produção dialogue com seu tutor e/ou


professor no fórum.

Saiba mais: Leia dicas de como estudar melhor no endereço:


http://www.psicopedagogia. com.br/guia/estudar.shtml.

Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papéis 53


REFERÊNCIAS

ALVES, João Roberto Moreira. A história da EaD no Brasil. In: LITTO, Frederic M.;
FORMIGA, Marcos (orgs.). Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson
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ARETIO, Lorenzo García. La Educación a Distancia: de la teoria a la práctica.


Barcelona: Ariel, 2001. BELLONI, M. L. O que é Mídia e Educação. Campinas, SP:
Autores Associados, 2001.

BRASIL, Ministério da Educação/ Secretaria de Educação a distância. Referenciais de


qualidade para cursos a distância. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/referenciais.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2016.

BRASIL. Decreto no 5622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art.80 da Lei n.


9394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/seed/legislação>. Acesso em 18 jun.
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CARNEIRO, M.L.F. Educação a Distância: História e Tecnologias. In: CARNEIRO, M.


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FERREIRA L.; TAROUCO L.; BECKER F. Fazer e compreender na Realidade Virtual:


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Tecnologias na Educação, Porto Alegre, 2004.

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GIUSTA, Agnela da Silva; FRANCO, Iara Melo (orgs.). Educação a Distância: Uma
articulação entre a teoria e a prática. Belo Horizonte- MG: PUCMinas, 2003.

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Tradução por Roberto. Professor em ambientes virtuais de aprendizagem:
dialogando sobre a tutoria na modalidade Galman. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papéis 55


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educacionais: fundamentos teóricos e epistemológicos. In: MORAES, Maria Cândida;
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VALENTE, José Armando. A espiral da espiral de aprendizagem: o processo de


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Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/ document/?
code=000857072&fd=y> . Acesso em 05 set. de 2016.

56 Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papéis


4
Ambientes virtuais de
aprendizagem
Cristiane Fortes Gris Baldan / Adaptado de Brito et al. (2013)

Licenciatura em Pedagogia
4 Ambientes virtuais de Aprendizagem

Adaptado de: BRITO, L.M.de; GIUBERTI JÚNIOR, J.R.; GOMES, S.G.S.; MOTA, J.B..
Ambientes virtuais de aprendizagem como ferramentas de apoio em cursos
presenciais e a distância. Novas Tecnologias na Educação, UFRGS. v.11, n.1, julho, 2013.

4.1 Introdução

A educação tem apresentado avanços no que diz respeito ao uso de


Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). A utilização dessas tecnologias
educacionais visa inovar as formas de ensino e enriquecer o aprendizado “tornando
o processo de ensinar e aprender mais agradável, ágil e útil para o mundo atual”
(LOVATTE; NOBRE, 2011). Nesse sentido, esse conjunto de ferramentas
tecnológicas vem sendo utilizado para dinamizar o processo de ensino-
aprendizagem nos cursos a distância e também presenciais.
Segundo Pereira et al. (2011) a utilização de ambientes virtuais de
aprendizagem (AVA), vem se apresentando como uma nova ferramenta tecnológica
que atende às inovações na educação. Os AVA’s são “softwares desenvolvidos para
o gerenciamento da aprendizagem via web a partir da Comunicação Mediada por
Ambientes virtuais de aprendizagem 57
Computador (CMC)”. O AVA pode ser reestruturado como uma “sala de aula
presencial física para o meio online” usando “tecnologias adequadas para propiciar
aos aprendizes novas ferramentas que facilitem a aprendizagem” (DILLENBURG;
TEIXEIRA, 2011).
Para Franco et al. (2003) e Sarmento et al. (2011), os ambientes
incorporam ferramentas da web como o correio eletrônico, os fóruns, as salas de
discussão (chat) e outras ferramentas de envio de arquivos e avaliação das
atividades e participações dos integrantes por meio de relatórios e gerenciamentos.
Pequeno et al. (2004) avança nas discussões ressaltando que “o uso pedagógico
dessas tecnologias pode ser notado através do crescimento dos ambientes de texto
colaborativos (wiki), e das experiências de produção multimídia, como, por exemplo,
em blogs e no site youtube”.

Você conseguiria dizer o que é mais


importante para você em um Ambiente
Virtual de Aprendizagem?
Vamos estudar um pouco mais!

Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) contam com várias


ferramentas tecnológicas que permitem a organização de um curso, desde sua
concepção. Possibilitam além do gerenciamento das informações concebidas por
ele, promover as interações necessárias entre os agentes do processo de ensino e
aprendizagem. São sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao
suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação.
Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar
informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos
de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir
determinados objetivos. São utilizados para viabilizar a construção do conhecimento
em cursos de educação à distância, que se dá na interação do discente com a

58 Ambientes virtuais de aprendizagem


informação, o conteúdo a ser estudado, e na interação com seus pares, professores
e colegas de turma.
Sarmento et al. (2011) relatam que o mais importante em um ambiente
virtual de aprendizagem é a facilidade do uso das ferramentas tecnológicas. Ou seja,
o ambiente precisa desenvolver padrões de usabilidade, que segundo o autor,
compreende-se no grau de facilidade em que o sistema possibilita a interação do
usuário com as ferramentas e as interações com os demais usuários.
Nesse sentido, o que se discute é a importância do papel das tecnologias
da informação e comunicação associadas aos ambientes virtuais de aprendizagem
no processo de ensino-aprendizagem. É preciso que as ferramentas tecnológicas
possam oferecer um conjunto de funcionalidades que auxiliam o educador e o
educando a promover as interações por meio desse ambiente. Além dessa interação
tem-se discutido de que maneira os processos de ensino-aprendizagem ocorrem
nesses ambientes e quais são os tipos de aprendizagem e os canais utilizados em
um AVA que facilitem o ensino e a aprendizagem dos usuários (BRITO et al., 2013).
Portanto, o acesso e a utilização das ferramentas tecnológicas, por meio
de um AVA, permitem que alunos e professores desenvolvam um processo de
ensino-aprendizagem capaz de abranger qualquer dimensão de aprendizagem do
aluno, seja no modelo a distância ou presencial. Dessa forma, é importante a
utilização de ferramentas tecnológicas que permitem a interação e a construção do
conhecimento entre os alunos e os professores (BRITO et al., 2013).

Vamos conhecer um pouco mais sobre o


ambiente que estamos utilizando em nosso
curso, o Moodle??

4.2 Plataforma Moodle e suas Ferramentas

Ambientes virtuais de aprendizagem 59


O MOODLE é a plataforma de aprendizagem mais utilizada do mundo.
Essa palavra, geralmente incomum, é um acrônimo, formada a partir de iniciais de
outras palavras, e significa “Modular Object-Oriented Dynamic Learning
Environment” ou em português “Ambiente de Aprendizagem Dinâmico Orientado a
Objetos Modulares”. Criado em 2001 por Martin Dougiamas, educador e cientista
computacional, esse software livre e gratuito é um dos mais utilizados pelas
Instituições de Ensino Superior do Brasil que oferecem cursos a distância, podendo
também ser utilizado como apoio ao ensino presencial, muito utilizado para a
construção dos AVA´s.
Esse software disponibiliza ferramentas que propiciam a comunicação
entre os participantes do AVA bem como ferramentas de publicação de conteúdo.
Mais que isso, o AVA também apresenta ferramentas de gerenciamento das
atividades online. Portanto, essa plataforma apresenta toda a estrutura
administrativa, acadêmica, bem como ferramentas de interação.
Os ambientes virtuais dos cursos a distância apresentam várias
ferramentas síncronas e assíncronas que propiciam a inter-relação entre alunos e
professores/tutores, podendo ser utilizadas de várias formas, isoladas ou
conjugadas. Podendo ainda ser utilizados, de forma complementar, outras
ferramentas e recursos disponíveis na Web.
As ferramentas de interação dos ambientes virtuais de aprendizagem são
muito importantes neste processo da construção do conhecimento, mas para que
sejam realmente eficazes no processo de ensino e aprendizagem, os professores
devem utilizá-las de forma pedagogicamente adequada e contextualizada aos
propósitos de formação do curso. O uso que se faz destas ferramentas depende do
objetivo do professor e das características dos participantes (necessidades e/ou
interesses), cabendo ao professor dar vida, ou seja, dinamizar o seu uso com os
alunos.
As principais ferramentas síncronas e assíncronas disponíveis aos
usuários no AVA são vídeo-aulas, web conferência, chats, fóruns, tarefas,
questionários, glossários, wikis, laboratório de avaliação, listas de discussão, e-mail,
mural, enquetes, portfólios, perfil e FAQs. No ambiente Moodle estas ferramentas
proporcionam o desenvolvimento de conteúdo e atividades, sendo designados como
60 Ambientes virtuais de aprendizagem
“Recursos” e “Atividades”. As atividades são ferramentas que promovem a interação
entre professores e alunos na construção do conhecimento, indicando suas
potencialidades pedagógicas inerentes e algumas outras desenvolvidas por usuários
destas ferramentas. Vejamos os principais recursos e atividades disponíveis no
Moodle.

1 PERFIL
O perfil no AVA é como se fosse uma Carta de Apresentação. Auxilia a
disponibilização de informações (descrição de perfil, foto, e-mail e link
para envio de mensagens) pessoais dos acadêmicos, professores e
tutores do curso.

2 DIÁLOGO/MENSAGEM
A ferramenta diálogo permite o desenvolvimento
de conversas bidirecionais entre os participantes de um
curso. Pode ser interessante para dar feedbacks pessoais
aos alunos sobre atividades desenvolvidas. Sendo,
também, importante para o acompanhamento de alunos, podendo ser utilizada como
espaço para aconselhamento. As mensagens encaminhadas neste espaço ficam
registradas, permitindo um controle da interação.

3 E-MAIL
Indicado para enviar e receber arquivos anexados às
mensagens, esclarecer dúvidas, dar sugestões, dentre outros, os e-
mails podem ser respondidos a qualquer momento e em qualquer
lugar, por isso é uma ferramenta assíncrona muito utilizada na EAD. Os alunos e
professores da EAD conseguem transferir arquivos importantes, fazer perguntas e
dar respostas mais elaboradas e que auxiliem melhor no ensino. Uma cópia das
mensagens enviadas pela plataforma Moodle pode ser enviada ao e-mail,
garantindo maior praticidade.

4 MURAL
Ambientes virtuais de aprendizagem 61
O mural é uma ferramenta de comunicação que faz uma analogia com os
murais de avisos presentes nas instituições. Por essa razão, não se tem a troca de
mensagens, servindo apenas para a transmissão direta de uma informação, que
pode ser ou não relacionada com o tema do curso, para todo o grupo de
participantes. No nosso AVA geralmente o chamamos de Fórum de Avisos e
Notícias.

5 VIDEOAULAS
Muito utilizadas em cursos a distância esta ferramenta
consiste em vídeos previamente gravados e armazenados no
servidor. O usuário dispõe de controles semelhantes aos
encontrados em um videocassete, podendo avançar, pausar ou
retroceder. Com o sistema streaming (fluxo contínuo), o usuário não precisa carregar
todo o arquivo de vídeo antes de começar a assistir, otimizando o tempo de espera,
principalmente como conexões lentas.

6 TAREFAS
A ferramenta Tarefas é um módulo de atividade que
permite aos professores comunicar tarefas, recolher trabalhos e
fornecer notas e comentários. A entrega dos trabalhos pode ser
realizada por meio de arquivos digitais em diversos formatos, ou mesmo redigir a
resposta diretamente no editor de texto do AVA (Texto online).
Para os trabalhos realizados off-line, esta ferramenta pode ser utilizada
para registrar o resultado e notificar os alunos sobre a realização do mesmo, caso
de avaliações aplicadas em encontros presenciais. Os trabalhos podem ser
submetidos e avaliados individualmente ou em grupo. Ao oferecer feedback às
atividades, o professor poderá fazer upload de arquivos e deixar comentários para
os alunos como marcações no trabalho entregue, documentos comentados ou de
áudio falado.
Uma forma de uso desta ferramenta pode ser auxiliando os alunos no
desenvolvimento do seu trabalho final, dividindo as etapas deste trabalho em tarefas

62 Ambientes virtuais de aprendizagem


a serem submetidas à análise do professor (bibliografia, proposta do trabalho, roteiro
do trabalho, algumas versões preliminares, etc), ou ainda na entrega de atividades
como redações, projetos, relatórios, imagens e outros.

7 QUESTIONÁRIO
A ferramenta questionário é um ambiente em que o
professor pode criar e configurar testes de múltipla escolha,
verdadeiro ou falso, correspondência e outros tipos de perguntas.
Nos casos de questão fechada, a tentativa pode ser corrigida
automaticamente, podendo fornecer feedback e/ou mostrar as respostas corretas.
O questionário pode ser utilizado como atividade para acompanhamento
de estudos dirigidos, onde os alunos devem ler material teórico e a cada momento
ou parte desta leitura é oferecido um pequeno questionário, ou como um exercício
de fixação para que os alunos possam perceber se estão realizando determinada
atividade prática de forma correta.

8 FÓRUM
Importante ferramenta de um AVA, permite
discussões online através de mensagens postadas no
fórum durante um determinado período de tempo,
estabelecido pelo tutor ou professor da disciplina. Esta ferramenta permite a
comunicação assíncrona dos participantes de um curso, de acordo com sua
disponibilidade pessoal, não sendo necessário que todos estejam simultaneamente
conectados, como nos chats.
O fórum é apresentado no Moodle como uma atividade de discussão
muito importante e que apresenta diversos tipos de estrutura. Suas mensagens
podem apresentar diversos formatos e permitem anexar documentos. Se os
participantes do fórum realizarem assinatura no mesmo, receberão notificações de
suas participações em seu e-mail e os professores podem encaminhar mensagens
ao fórum, solicitando o envio de cópia para o e-mail de cada aluno.
A configuração do fórum como ferramenta pedagógica para
desenvolvimento de atividades e de interação professor x alunos x tutor apresenta
Ambientes virtuais de aprendizagem 63
várias possibilidades de utilização, pois é favorável na construção de atividades
conjugadas.

Sempre que participamos de uma conversa com um grupo de pessoas,


começamos com uma saudação (por exemplo: Olá, pessoal...) e procuramos saber
qual o assunto e como contribuir com novas informações.
No fórum também precisamos proceder dessa forma, garantindo o diálogo e a
colaboração no desenvolvimento de um tema.

Como interagir colaborativamente no fórum:


leia as mensagens dos colegas;
a seguir, contribua com novas informações e questionamentos;
retorne ao fórum e leia as novas postagens dos participantes;
a seguir, contribua com novas informações e questionamentos.

Ou seja, use o fórum para discutir e não simplesmente para responder,


ignorando quem escreveu anteriormente. Se há mensagens, leia-as antes de postar
a sua.

Importante!

Se cada participante finalizar a mensagem com uma nova questão ao grupo, poderá
facilitar a continuidade das discussões sobre o tema proposto.

Sempre revise a mensagem antes de enviar, evitando erros ortográficos, gramaticais


e/ou de digitação.

9 WEB CONFERÊNCIA
A web conferência é um recurso
tecnológico que possibilita conectar professores,
tutores e alunos por meio da internet, para a
realização de eventos e/ou aula online. A
comunicação é feita por áudio e vídeo, em tempo real e com a possibilidade do uso
de textos e arquivos.
64 Ambientes virtuais de aprendizagem
Durante uma web conferência, os participantes podem interagir por meio
de chat enviando questionamentos que serão respondidos ao longo da reunião.
Além dessa dinâmica, a web conferência traz outras vantagens como a facilidade de
realização, a mobilidade e a economia. As transmissões são gravadas e podem ser
acessadas através de um link mesmo depois do evento.

10 CHAT

Os bate-papos ou chat, como também é denominado, é


um serviço de comunicação síncrona bastante popular. Essa
ferramenta permite a troca de mensagens escritas, proporcionando
discussões interativas entre diversas pessoas concomitantemente, disponibilizadas
em uma “sala” (canal) para discussão de assuntos distintos.
Permite que os alunos tenham autonomia na forma de se expressar,
promovendo a troca de ideias e de informações, além de ter o feedback imediato à
opinião exposta e a possibilidade de reformulá-la, enriquecendo a discussão. É um
meio para expor dúvidas, questionamentos, posicionamentos, e até mesmo discutir
questões mais complexas sobre o conteúdo de estudo.

11 GLOSSÁRIO
A ferramenta glossário é um ambiente que permite
aos seus integrantes a construção e manutenção de lista de
termos ou definições, como em um dicionário. O uso desta
ferramenta permite a pesquisa dos registros por ordem
alfabética, categoria, data ou autor.
Alguns exemplos de utilização do glossário: banco colaborativo de termos
chaves; espaço "apresente-se" onde novos estudantes adicionam seus nomes e
detalhes pessoais; centralização de dicas ou melhores práticas sobre algum item;
área de compartilhamento de vídeos, imagens ou arquivos de som; ou ainda como
recurso de revisão de fatos a serem lembrados. Pode ser utilizado ainda para
socializar conceitos sobre os temas estudados em determinada matéria.

12 WIKI
Ambientes virtuais de aprendizagem 65
O Wiki é considerado um módulo de atividade que permite a adição e
edição de uma coleção de páginas da web, podendo ser desenvolvido de forma
colaborativa, onde todos podem editá-lo, ou de forma individual, onde cada pessoa
terá o seu Wiki para edição. É uma ferramenta importante para a construção de
ideias e escrita colaborativa, permitindo o amadurecimento do grupo de estudos.
Este espaço pode ser usado para realizar anotações de uma palestra por
membros de um grupo, organizando um esquema de trabalho juntos; para a
colaboração na coautoria de conteúdos, livros; para anotações pessoais, como um
diário; ou ainda anotações de aula em grupo, onde os integrantes realizam seus
registros e impressões pessoais de uma aula em um local único editado por todo o
grupo.

13 ENQUETE
A enquete é o instrumento utilizado para coletar opiniões
acerca de um assunto referente a disciplina, módulo, tema etc. O
professor pode fazer uso desse recurso para, por exemplo, saber qual o melhor dia
e horário para a realização de um chat, uma pesquisa de campo, um trabalho
presencial, entre outros.

14 PORTFOLIO
O portfólio é o conjunto de todos ou de parte dos
trabalhos realizados pelo estudante durante todo o curso.
Geralmente utiliza-se essa ferramenta quando se pretende fazer uma análise da
evolução do aluno, pois nele pode-se ter textos e outros materiais produzidos em
todas as fases do curso. No que diz respeito ao compartilhamento, um portfólio pode
ser individual ou em grupo e pode ser acessível e/ou comentado apenas pelo tutor,
ou por todos os estudantes do curso, dependendo de como o seu sistema foi
programado.

15 DIÁRIO
O diário é um recurso que permite ao aluno escrever
sua trajetória de aprendizagem, reflexão ou síntese do conteúdo
66 Ambientes virtuais de aprendizagem
estudado, guiada pelo professor ou livre. O acesso às informações registradas ficam
restritas ao participante e a seu professor/tutor, permitindo maior privacidade ao
aluno e abrindo um canal para a mediação do seu professor/tutor. Esta ferramenta
pode ser utilizada para construção de portfolios ou projetos de pesquisa.
Pode ainda ser utilizado como um local privativo para o aluno, onde pode
postar suas dúvidas, emoções e inquietações. Este é um sistema que pode servir
para avaliar o curso, o professor e permite, também, a auto avaliação do aluno.

16 LABORATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Também conhecido como Oficina,
permite a avaliação de trabalhos de forma auto
avaliativa ou a avaliação de trabalhos de colegas de turma. Esta avaliação é feita de
acordo com um padrão proposto pelo professor, podendo ser anônima. São geradas
duas notas para o trabalho de cada aluno, uma pela entrega/apresentação e a outra
pelas submissões aos seus colegas, ambas registradas no diário de classe.
É uma ferramenta de aprendizagem ativa, onde os alunos aprendem no
desenvolvimento do seu trabalho e na avaliação dos trabalhos de seus colegas. Esta
ferramenta pode ser útil no desenvolvimento de textos de projetos, fornecendo um
feedback mais rápido. Além de propiciar a interação dos alunos com os textos que
estão sendo desenvolvidos por seus colegas.
17 BLOG
No Moodle a ferramenta blog é definida como uma
forma de diário online, onde cada usuário pode inserir
informações de forma cronológica. Neste ambiente, o blog é
baseado no usuário, sendo que este poderá utilizá-lo para inserir informações
relativas ao curso. Além disso, o usuário pode registrar seus blogs externos com
entradas automáticas para o blog do Moodle. Também pode ser utilizado como
caderno virtual ou diário de bordo, permitindo a auto avaliação e o estudo autônomo
dos alunos. As anotações e estudos de cada usuário poderão ser compartilhados
com seus pares, tornando este um blog público.

18 FAQ
Ambientes virtuais de aprendizagem 67
O FAQ (Frequently Asked Questions) consiste em uma listagem de
respostas às dúvidas mais comuns apresentadas pelos usuários. O FAQ é uma
ferramenta de livre acesso, porque ela também pode conter respostas às dúvidas
referentes ao funcionamento geral do curso, e isso pode auxiliar na captação de
novos alunos.

Saiba mais: Leia tudo sobre o Moodle no endereço:


https://www4.tce.sp.gov.br/ecp/sites/default/files/manual-completo-
moodle_0.pdf

Ufa!! Muitas ferramentas não é mesmo?


Mas não se preocupe, você irá se familiarizando
com elas ao longo do nosso curso.
Chegamos ao final desta aula!
Bom estudo!

4.3 Considerações Finais

Verificamos que existe uma quantidade potencial de ferramentas


interativas a serem utilizadas pedagogicamente em um AVA como o Moodle. E,
percebemos que muitas delas podem ser utilizadas de formas diversas, adequadas
à proposta de ensino aprendizagem. Percebemos que a inter-relação entre alunos e
professores depende da escolha e utilização da ferramenta adequada ao processo
interativo. Mas o sucesso na aplicação destes recursos dependerá do envolvimento
e comprometimento daqueles que os utilizam, afinal estas ferramentas serão apenas
o meio que viabilizará a interação entre os autores do processo de ensino-
aprendizagem.

68 Ambientes virtuais de aprendizagem


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Ambientes virtuais de aprendizagem 71


5
Questões legais em EaD
Leandro Botazzo Guimarães (Adaptado)

Licenciatura em Pedagogia
5 Questões legais em EaD

GUIMARÃES, L.B. Questões legais em EAD. Org.: Otsuka, J.; Oliveira, M.R.G.de; Lima,
V.S.; Magri, D.M.C. In: Educação a Distância: formação do estudante virtual. São Carlos,
Coleção UAB−UFSCar. p.95-107, 2011.

5.1 Primeiras Palavras

Aprendemos até agora que participar de uma graduação na modalidade a


distância requer comprometimento, disciplina e responsabilidade. É importante
compreender agora que essa responsabilidade envolve também conhecer e
respeitar, além das normas acadêmicas definidas pela Instituição de Ensino Superior
(no caso, o IFSULDEMINAS), as leis relacionadas com direitos autorais e outras
questões legais.
É certo que essas questões afetam também os estudantes de cursos
presenciais, mas afetam em especial os estudantes de cursos a distância, já que
passam a maior parte do tempo conectados à internet para acessar informação
online, realizar atividades e comunicar-se com seus colegas de turma, tutores e
professores.

72 Questões legais em EaD


Conhecer essa temática é importante para que o percurso do estudante
virtual seja mais produtivo e seguro, preparando-o para uma postura mais crítica e
consciente de suas responsabilidades nos diversos espaços virtuais e reais.

5.2 Problematizando o Tema 1 - Artigo 307 do Código


Penal: atribuir-se ou atribuir
A discussão dessa temática faz-se a terceiro falsa identidade
importante já que abarca a rotina de estudos no para obter vantagem, em
proveito próprio ou alheio,
curso online. Assim, a pirataria de músicas, filmes e ou para causar dano a
softwares (prática de baixar arquivos sem o outrem. Pena: detenção de
respectivo direito de uso), tão comum entre os três meses a um ano, ou
multa.
usuários da internet, caracteriza uma violação aos
direitos autorais. Também o uso indevido de senhas de terceiros, fazendo-se passar
por outra pessoa, é prática que alguns internautas cometem sem saber que essa
conduta caracteriza um crime1.

Quais são os direitos e obrigações do estudante


virtual? Deixar de mencionar autores
pesquisados em trabalhos acadêmicos
caracteriza plágio? Baixar músicas e filmes pela
internet é sempre crime?
Vejamos a seguir...

Já o uso de redes de relacionamento social, como Facebook e Twitter,


que visam manter contatos virtuais com amigos e familiares, é um dos serviços mais
utilizados pelos internautas brasileiros. Nessas redes, fotos e vídeos são publicados
muitas vezes sem a autorização das pessoas envolvidas, o que pode caracterizar
violação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem. Ao elaborar
trabalhos acadêmicos, o fato de deixar de mencionar os autores e as obras
utilizadas caracterizará plágio, mesmo que a obra esteja em domínio público, quer
dizer, quando deixa de incidir direitos econômicos sobre ela.

Questões legais em EaD 73


A autoria de textos individuais produzidos durante um curso online
pertence exclusivamente ao estudante. Já a autoria dos textos produzidos em
grupos (em fóruns de discussão e wikis, por exemplo) será coletiva. Dessa forma, o
estudante não poderá utilizar em pesquisas individuais um trabalho coletivo sem a
autorização expressa do grupo.

A netiqueta2 estabelece regras de convívio na internet. Essas regras,


assim como as normas acadêmicas e as leis em geral, também são aplicadas ao
ambiente virtual do curso. A conduta do estudante no ambiente virtual também pode
caracterizar violação a essas regras e, até
2 – Netiqueta é o conjunto
mesmo, caracterizar, por exemplo, crime de de boas maneiras e normas
racismo, crimes contra a honra, pedofilia, entre gerais de bom senso que
proporcionam o uso da
outros.
internet de forma mais
Pelo exposto, percebemos que são amigável, eficiente e
agradável.
muitos os problemas que podem advir do
ambiente virtual, quando essas informações não são conhecidas ou compreendidas.
Alegar o desconhecimento da lei ou adotar o discurso de que a legislação brasileira
é inadequada para as questões virtuais é, primeiro, desconhecer o assunto e,
segundo, tentar justificar uma conduta errada com um argumento falho. Conhecendo
sobre o assunto, o estudante poderá colaborar para o bom desenvolvimento de
nossa sociedade.

5.3 A Rotina no Curso Online e as Questões Legais

Passaremos a expor em seguida as principais situações que ocorrem


durante um curso online e orientações para uma conduta legal.

5.3.1 Identidade digital

Diferentemente dos serviços disponíveis na internet que requerem o


cadastro de usuário e senha, os quais podem ser facilmente falsificados, a
identidade digital do estudante de um curso a distância, em especial no ensino
formal, resulta normalmente de aprovação em processo seletivo e matrícula
efetuada com a apresentação de documentos pessoais. O acesso do estudante ao

74 Questões legais em EaD


ambiente virtual do curso é feito mediante usuário e senha gerada a partir desses
dados. Dessa forma, todas as pessoas envolvidas no curso online (professores,
alunos, tutores, equipe técnica) podem confiar que o acesso está sendo feito pela
pessoa identificada.

Esse é um requisito dos cursos online (o acesso remoto mediante


identidade digital), portanto, o estudante deve zelar para que seu usuário e senha
não sejam utilizados por terceiros, não repassando esses dados e evitando o acesso
em computadores públicos, os quais podem conter programas que gravem seus
dados para uso posterior. Lembre-se que o usuário e senha o identificam de forma
inequívoca no ambiente virtual, sujeitando-o às normas acadêmicas dos cursos do
IFSULDEMINAS e às leis em geral.

5.3.2 As normas acadêmicas e regras de utilização do AVA

Participar de uma graduação, independente da modalidade, significa


obedecer a um conjunto de normas relacionadas ao funcionamento do curso e às
obrigações e direitos dos estudantes. Tratando-se de cursos a distância, somam-se
às normatizações regras específicas da modalidade.

Existem normas que regem a vida acadêmica dos alunos do


IFSULDEMINAS de um modo geral, tais como a Resolução n° 069/2017, de 14 de
novembro de 2017, que dispõe sobre a aprovação das alterações das Normas
Acadêmicas dos Cursos de Graduação do IFSULDEMINAS.
Conhecer e seguir essas regras é importante para o desenvolvimento do
aprendizado do aluno durante o curso e nas relações com as diversas instâncias
administrativas e pedagógicas do IFSULDEMINAS.

Já com relação às normas de utilização do AVA do IFSULDEMINAS,


apresentamos aqui regras básicas sobre o uso do AVA que visam orientar o
estudante sobre o que pode e o que não pode ser realizado nesse espaço virtual.
São exemplos destas regras:

 A identidade digital do aluno para acessar o AVA não deve ser repassada
para terceiros em nenhuma hipótese;

Questões legais em EaD 75


 Qualquer suspeita de comprometimento de sua senha de acesso deve ser
comunicada imediatamente à Coordenação de Curso;

 A finalidade do ambiente virtual é apenas para uso acadêmico e educacional,


sendo vedado qualquer outro tipo de utilização, tais como comercial, política ou
religiosa;

 Deve-se respeitar as áreas de acesso restrito, não executando tentativas


alheias a suas permissões de acesso;

 Não fazer uso das ferramentas de comunicação do AVA para molestar,


ameaçar ou ofender os seus usuários ou terceiros;

 Não enviar arquivos que tenham como finalidade a decodificação de senhas,


a monitoração da rede, a leitura de dados de terceiros, a propagação de vírus
de computador, a destruição parcial ou total de arquivos ou a indisponibilização
de serviços;

 Não praticar ou fomentar ações que incentivem o racismo, a discriminação de


qualquer espécie ou atitudes que possam violar quaisquer outros direitos
constitucionais do cidadão;

 Respeitar a propriedade intelectual alheia;

 Todos os usuários do ambiente estão sujeitos a auditoria. Os procedimentos


de monitoramento são realizados periodicamente pela administração da
plataforma do IFSULDEMINAS;

 A administração do AVA reserva para si o direito de revelar a identidade de


um usuário (ou qualquer outra informação) na eventualidade de uma queixa
formal ou de uma ação legal originada por qualquer situação causada pelo uso
desse ambiente;

 Cada usuário é responsável por sua identidade digital, sendo conhecedor das
determinações contidas nessas regras, assumindo, portanto, as consequências
administrativas, cíveis e penais decorrentes do desvio de finalidade e do
desrespeito às normas de uso do AVA.

76 Questões legais em EaD


Agora que você, estudante, conhece a normatização dos cursos na
modalidade a distância do IFSULDEMINAS, é importante aprender como se
comunicar no ambiente virtual para tirar o melhor proveito das ferramentas do AVA e
aprender cada vez mais. Nesse sentido, a netiqueta objetiva viabilizar o
desenvolvimento de um ambiente de comunicação virtual saudável e confiável.

5.3.3 Comunicando-se de forma legal

Para além da netiqueta, é importante que o estudante saiba que o seu


comportamento no ambiente virtual do curso é regido não só pelas normas
acadêmicas, mas também pelas leis em geral. Assim, condutas como ameaças aos
colegas de turma, tutores e professores, disseminação de pornografia, propaganda
política e pessoal e uso de linguagem agressiva podem causar transtornos para a
comunidade virtual e violar, senão as leis, as normas acadêmicas do curso ou do
AVA, podendo gerar consequências administrativas, civis e penais para os
envolvidos.
Dessa forma, ao redigir suas mensagens procure sempre seguir as
orientações da netiqueta. Lembre-se que a linguagem escrita é limitada e muitas
vezes é a causa de desentendimentos. Assim, antes de revidar uma suposta
mensagem agressiva ou ofensiva, procure contatar o autor e solicitar
esclarecimentos ou mais informações sobre o que foi redigido por ele, já que muitas
vezes o texto escrito não carrega exatamente a intenção e a emoção do autor. Caso
a situação se torne insolúvel, comunique imediatamente aos seus tutores,
professores e coordenação do curso.
Uma dica importante ao participar de comunidades virtuais é ter cautela
ao escrever e bom senso ao responder, já que liberdade de expressão requer
responsabilidade. Quando a pessoa abusar dessa liberdade, poderá incorrer, entre
outras, nas seguintes práticas criminosas:

 Ameaça (artigo 147 do Código Penal): ameaçar alguém, por qualquer meio,
de causar-lhe mal injusto e grave. Pena: detenção de 1 a 6 meses ou multa.

 Pedofilia via internet (artigo 241-A da Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e


do Adolescente): trocar, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por sistema
Questões legais em EaD 77
de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena
de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. Pena:
reclusão de 3 a 6 anos e multa.

 Apologia ao crime (artigo 287 do Código Penal): fazer, publicamente,


apologia de fato criminoso ou de autor de crime. Pena: detenção de 3 a 6 meses, ou
multa.

 Calúnia (artigo 138 do Código Penal): caluniar alguém, imputando-lhe


falsamente fato definido como crime. Pena: detenção de 6 meses a 2 anos e multa.

 Difamação (artigo 139 do Código Penal): difamar alguém, imputando-lhe fato


ofensivo à sua reputação. Pena: detenção de 3 meses a 1 ano e multa.

 Injúria (artigo 140 do Código Penal): injuriar alguém, ofendendo lhe a


dignidade ou decoro. Pena: detenção de 1 a 6 meses ou multa.

 Racismo (artigo 20 da Lei 7.716/89): discriminação por preconceito de raça,


cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de 1 a 3 anos e multa.

Agora que você já sabe quais são as principais normas que regem sua
vida acadêmica, é importante aprender sobre as normas específicas que incidem
sobre a produção de trabalhos acadêmicos, pois, desde a primeira atividade do
módulo inicial até a apresentação do TCC, o aluno deverá ater-se às normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), ao padrão de trabalhos
acadêmicos do IFSULDEMINAS, bem como às leis de direitos autorais.

5.3.4 Realizando seus trabalhos: cuidado com o plágio

Ao realizar seus trabalhos acadêmicos durante o curso, o estudante depara-


se a todo instante com dúvidas sobre propriedade intelectual.

Mas o que significam os termos propriedade intelectual, direitos


autorais e plágio?

Sabemos que o inventor de uma máquina, o autor de um livro, ou o


compositor de uma música, é geralmente, de um modo ou de outro, o
‘proprietário’ de sua obra. Em consequência [...] não podemos

78 Questões legais em EaD


simplesmente copiar essas obras ou comprar uma respectiva cópia
desconsiderando os seus direitos autorais. Da mesma forma, os
desenhos industriais originais de móveis, ou de papel de parede são
a propriedade de uma pessoa física ou jurídica (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL, 2004).

Dessa forma, o termo “propriedade intelectual” designa tipos de


propriedade que resultam da criação da mente humana, sendo subdividida
tradicionalmente em:

Direitos autorais: protege obras literárias, artísticas e científicas, tais como


livros, músicas, pinturas, esculturas e filmes;
Direitos conexos aos direitos autorais: protege interpretações,
transmissões de rádio, tais como concertos;
Software: protege os programas de computador;
Propriedade industrial: protege as invenções, como uma nova forma de
motor a jato; os desenhos industriais, como a forma de uma garrafa de
refrigerante; as marcas de comércio ou de serviço, nomes comerciais como
logotipos ou nomes de produtos e indicações geográficas;
Cultivares: protege a produção de novas variedades de plantas.

Percebemos que os trabalhos acadêmicos são regidos pelas leis de


direitos autorais, direitos estes que tiveram sua importância aumentada. Segundo
Gandelman,
com Gutenberg, que inventou a impressão gráfica com os tipos
móveis (século XV), fixou-se definitivamente a forma escrita, e as
ideias e suas diversas expressões puderam finalmente, e
aceleradamente, atingir escala industrial. Aí, sim, surge realmente o
problema da proteção jurídica do direito autoral, principalmente no
que se refere à remuneração dos autores e de seu direito de
reproduzir e de qualquer forma utilizar suas obras (GANDELMAN,
2001, p. 30).

A proteção jurídica dos direitos autorais no Brasil atualmente é regulada


pela Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 (LDA), e, especificamente, pela Lei n o
9.609, de 19 de fevereiro de 1998, quanto à proteção de programas de computador.
Considerando a facilidade de circulação das obras intelectuais pelo
mundo, surgiu a necessidade de tutelar esses direitos de autores e titulares nos

Questões legais em EaD 79


diversos países e continentes. Surgiram assim os tratados internacionais, que
complementam e norteiam a legislação brasileira, e os dois acordos internacionais
mais importantes na área de direitos autorais são a Convenção de Berna da
Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) e o Acordo Trips da
Organização Mundial do Comércio (OMC).
A Convenção de Berna, de 9 de setembro de 1886, revista em Paris, a
24 de julho de 1971, é voltada para proteção de obras literárias e artísticas. No
Brasil, foi ratificada pelo Decreto no 75.699, de 6 de maio de 1975. Já o Acordo
Trips, mais recente, foi promulgado no Brasil pelo Decreto n o 1.355, de 30 de
dezembro de 1994. Trata dos aspectos dos direitos de propriedade intelectual
relacionados ao comércio e às novas tecnologias, como programas de computador e
internet.
Agora que você já sabe que o direito autoral é um ramo da propriedade
intelectual e que os trabalhos acadêmicos, assim como os livros, são juridicamente
protegidos, é importante conhecer quais são os direitos protegidos pelos direitos
autorais:
Existem dois tipos de direito cobertos pelo direito de autor: direitos
patrimoniais, que permitem ao titular dos direitos receber uma
remuneração em virtude da utilização de sua obra por terceiros, e os
direitos morais, que permitem ao autor adotar certas medidas para
preservar o vínculo pessoal existente entre ele mesmo e a obra
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL,
2004).

Para que uma obra receba a proteção da lei autoral e tenha garantidos os
direitos morais e patrimoniais nela previstos, basta que a criação seja expressa por
qualquer meio ou fixada em qualquer suporte, inclusive a internet, em blogs, Twitter
e sites, por exemplo. Uma ideia sem ter sido exteriorizada pelo seu criador de forma
hábil não goza da proteção autoral.
Como exemplos de criações protegidas, podemos citar os textos de obras
literárias, artísticas e científicas, peças teatrais, composições musicais, obras
audiovisuais (incluindo-se os filmes), fotografias, desenhos, pinturas, gravuras,
esculturas, ilustrações, adaptações, traduções, programas de computador
(softwares), coletâneas, enciclopédias e dicionários.

80 Questões legais em EaD


Nesse ponto, é importante conceituar reprodução, contrafação, domínio
público e plágio, já que o objetivo é orientar o estudante na realização de seus
trabalhos acadêmicos.
Contrafação, segundo o inciso VII do artigo 5o da LDA, é a reprodução
(cópia) não autorizada. Via de regra, a reprodução parcial ou total da obra de outros
autores requer a autorização expressa do autor ou do titular dos direitos autorais,
nos termos do inciso I do artigo 29 da mesma lei, mesmo que para fins didáticos e
sem intuito de lucro:

Artigo 29 – Depende de autorização prévia e expressa do autor a


utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como: I – a
reprodução parcial ou integral (BRASIL, 2010).

Temos que considerar ainda, para a reprodução parcial ou total de uma


obra, se ela se encontra em domínio público ou se está licenciada de forma
alternativa, por exemplo, por meio de uma das licenças Creative Commons
(https://br.creativecommons.org/) que autorize a reprodução da obra com menção do
autor e fonte. Nesses casos, prescinde a autorização prévia e expressa do autor ou
titular dos direitos autorais.
Contudo, se a obra for publicada por uma licença Creative Commons que
autorize a reprodução com a condição de uso não comercial e se essa obra for
incluída como material didático em um curso a distância pago, este uso viola a
referida licença, posto que se trata de atividade “direcionada à obtenção de
vantagem comercial ou compensação monetária privada” nos termos da referida
licença.
Já as obras em domínio público, de acordo com a LDA, são aquelas
sobre as quais deixam de incidir direitos patrimoniais (exploração da reprodução,
tradução, adaptação, edição, representação, execução musical, radiodifusão etc.).
Após transcorrer as situações ou prazos abaixo previstos, as obras são
consideradas em domínio público:

Artigo 41 – Os direitos patrimoniais do autor (obras literárias e


científicas) perduram por 70 (setenta) anos contados de 1º de janeiro
do ano subsequente ao de seu falecimento […];
Artigo 43 – Será de 70 (setenta) anos o prazo de proteção aos
direitos patrimoniais sobre as obras anônimas ou pseudônimas,
Questões legais em EaD 81
contado de 1º de janeiro do ano imediatamente posterior ao da
primeira publicação […];
Artigo 44 – O prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras
audiovisuais e fotográficas será de 70 (setenta) anos, a contar de 1º
de janeiro do ano subsequente ao de sua divulgação (BRASIL,
2010).

Diferentemente dos conceitos de reprodução, contrafação e domínio


público tratados anteriormente, a definição de plágio não é legal, ou seja, não
decorre da lei, mas de sua interpretação e aplicação.

No plágio alguém assume como seu o trabalho de outro e usufrui da


notoriedade alheia sem merecimento. [...] Mas o plágio na maioria
das vezes não é fácil de definir e muito menos de provar. Na
Academia, ele não está limitado à cópia integral de uma tese ou
dissertação de 100 ou 200 páginas. Pode ser a cópia de um capítulo
ou de parte dele; de um trecho relativamente longo; e até de um
parágrafo ou frase muito importante e original, mas sem citação do
autor (BALBINO, 2010, s/p).

Outra prática dos plagiadores muito comum no meio acadêmico,


especialmente em TCC de graduação, consiste em

‘pulverizar’ os trechos do texto original por todo o trabalho,


alinhavando-os com suas próprias palavras ou com obras também
plagiadas de outros autores que trataram o mesmo tema. O plagiador
também pode trocar algumas frases e parágrafos de lugar, além de
substituir expressões comuns. Tudo para fazer parecer que seu
trabalho, no máximo, foi inspirado em obras, mesmo que as gritantes
semelhanças, junto com o desenvolvimento e as conclusões
idênticas, indiquem clara apropriação do trabalho de outro(s)
(BALBINO, 2010, s/p).

Para ajudar na árdua tarefa de detectar plágio em trabalhos acadêmicos,


professores e alunos já contam hoje com programas que fazem uma varredura por
completo em documentos à procura de ocorrências de plágio. E o avanço dessas
tecnologias é crescente, ao ponto de alguns AVA, como o Moodle, já incorporarem
módulo de integração com sistemas de detecção e prevenção de plágio online.
Como a princípio as pessoas respeitam as leis e, a priori, todos são
inocentes, até que se prove o contrário, faz-se necessário, após ter refletido sobre
os principais conceitos que envolvem os direitos autorais, apontar alguns fatores que
colaboram para a ocorrência de plágio no ambiente acadêmico. Palloff & Pratt

82 Questões legais em EaD


(2004) elencam: (i) o fato de que a maior parte dos plágios ocorre como resultado da
ignorância das regras de citação, não sendo algo intencional; (ii) as mudanças das
regras de formatação de trabalhos acadêmicos também dificultam a vida dos alunos;
e (iii) o acesso facilitado a uma quantidade imensa de informação ajuda a confundir
os alunos na realização de suas pesquisas. Assim, muitas vezes, eles acreditam
que, pelo fato de o conteúdo pode ser acessado livremente na internet, esse
conteúdo é de domínio público.

Diante desse cenário, faz-se necessário que a universidade cumpra seu


papel de educar, em sentido amplo, promovendo esclarecimento sobre a
temática, preparando os alunos para essas questões.

Em sentido estrito, os professores podem definir, já no início da disciplina,


os critérios de correção para atividades plagiadas com o intuito de educar e não,
exclusivamente, o de punir o aluno pela prática indevida, explicando a situação e
solicitando a reelaboração do texto, e, no caso de reincidência, repassar o caso para
a coordenação do curso tomar as medidas cabíveis ao caso de plágio.
Para evitar esse tipo de situação constrangedora, temos que tentar mudar
a cultura da cola na escola. Em termos concretos,
Vocês terão neste 1°
acompanhar pari passu o aluno, propor atividades
semestre a disciplina
intermediárias e menos complexas e ir aumentando Elaboração de Trabalhos
o grau de exigência e complexidade gradativamente, Acadêmicos!
atribuindo notas parciais a cada pequeno texto
produzido e evitando aplicar atividades únicas e com grande carga de produção de
texto, são exemplos de práticas que visam minimizar esse problema.
Outro ponto que deve ser explicado aos alunos o mais cedo possível é
quanto às normas da ABNT para a produção de trabalhos acadêmicos no que se
refere à apresentação (NBR 14724), citações (NBR 10520) e referências (NBR
6023).
Não é pelo fato de uma obra estar em domínio público, por exemplo, que
podemos usá-la sem mencionar os devidos créditos e sem seguir as normas da
Questões legais em EaD 83
ABNT. Nesse sentido, a normatização da ABNT quanto às citações e referências
visa garantir basicamente que os trechos de obras utilizados na produção de um
texto serão devidamente citados para permitir que o leitor possa checar a
informação na fonte original e dar o crédito ao autor da obra mencionada.
É inconcebível pensarmos a produção de trabalhos acadêmicos, por mais
originais que sejam, sem o uso do recurso de citações. Assim, a legislação autoral
permite transcrever fragmentos de textos de outros autores em nossos textos sem a
necessidade de autorização prévia do autor ou do titular dos direitos autorais, por
exemplo, uma editora.
Essa situação enquadra-se em uma das limitações aos direitos autorais e
conforme previsto no inciso III do artigo 46 da LDA:

Artigo 46 – Não constitui ofensa aos direitos autorais: III – a citação


em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação,
de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou
polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o
nome do autor e a origem da obra (BRASIL, 2010).

Ao fazermos as transcrições é importante seguir também o que preconiza


a ABNT no que se refere às citações em documentos, segundo a NBR 10520. Além
disso, o bom senso deve ser usado ao realizar a transcrição na medida em que for
necessária para atingir seu fim de elucidar, complementar, aprofundar, destacar o
estudo.
Para a norma da ABNT, citação é uma menção de uma informação de
outra fonte. Vale lembrar que informação pode ser um fragmento de texto, figura,
ilustração, fotografia, desenho, tabela, gráfico etc. E fonte vai muito além dos livros
e periódicos científicos.
São exemplos de fontes que podem ser referenciadas além das fontes
tradicionalmente usadas (livros, monografias, publicação periódica, revistas, matéria
de jornal etc.): eventos, patentes, documentos jurídicos, imagem em movimento
(DVD, VHS etc.), documento iconográfico (inclui pintura, gravura, ilustração,
fotografia etc.), documento cartográfico, documento sonoro, partituras etc. e
documento tridimensional (inclui esculturas, maquetes etc.).

84 Questões legais em EaD


Por tratar-se de uma limitação ao direito do autor, não importa o modo
como a obra citada foi licenciada – Creative Commons, GNU Free Documentation
License (GFDL) ou de forma tradicional –, esteja ou não disponível em domínio
público, essas regras devem ser seguidas, sob pena de incorrer em plágio.

5.4 Considerações Finais

Como visto, são inúmeras as questões legais que emergem em um curso


a distância, com destaque especial para a proteção aos direitos autorais. De toda
sorte, mais do que alertar o estudante para os cuidados que deve tomar ao acessar
o AVA, comunicar-se em rede e elaborar trabalhos acadêmicos, essencial é manter-
se atento às leis e às normas que regem a vida acadêmica, pautando-se sempre
pela ética e responsabilidade.

Lembre-se: em caso de agressão virtual, não revide na mesma moeda.


Comunique ao seu tutor ou professor. Em caso de dúvida sobre como citar trecho de
obra em seu texto, consulte as normas de produção de trabalhos acadêmicos ou
procure ajuda na biblioteca.

A internet nos oferece inúmeras possibilidades de crescimento. Graduar-


se a distância é uma delas. Aproveite essa oportunidade e cresça com seus colegas
de turma, tutores e professores. Compartilhe, socialize, interaja, aprenda junto. E
torne-se uma pessoa mais preparada para transformar a sua realidade.

Questões legais em EaD 85


Chegamos ao final desta disciplina!
Espero ter contribuído com a sua compreensão
em relação a modalidade de EaD!
Além de ser um aluno EaD, você poderá utilizar
recursos desta modalidade como professor, em
futuro próximo!
Bom estudo! Abraços

REFERÊNCIAS

BALBINO, J. Fui plagiado, e agora?. 2009. Disponível em:


<https://senaed2009.wordpress.com/2009/05/28/fui-plagiado-e-agora/>. Acesso em:
12 mar. 2018.

BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a


legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, 20 fev. 1998.

GANDELMAN, H. De Gutenberg à internet: direitos autorais na era digital. 4. ed.


Rio de Janeiro: Record, 2001.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA PRORIEDADE INTELECTUAL. Curso geral da


propriedade intelectual. 2004. Guia do curso.

PALLOFF, R.M.; PRATT, K. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes
on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004.

86 Questões legais em EaD


Sumário

1 O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo............................................1

1.1 Primeiras Palavras............................................................................................................. 1

1.2 Problematizando o Tema...................................................................................................2

1.3 O Papel do Estudante na EaD...........................................................................................3

1.3.1 Características gerais dos estudantes na EaD.................................................................4

1.3.2 Interação e comunicação: postura desejada....................................................................5

1.3.3 Presença e participação virtual........................................................................................7

1.3.4 Participação em atividades coletivas................................................................................9

1.4 Planejamento e Organização Pessoal Discente para Estudos em EaD...............................10

1.4.1 Organização do tempo e espaço pessoal para estudo...................................................10

1.4.2 Organização da agenda de atividades: estabelecendo prioridades................................10

1.4.3 Organização do material de estudo (livros didáticos, mapa de atividades, textos etc.). .12

1.4.4 Disciplina pessoal e comprometimento..........................................................................13

1.5 A Importância do Desenvolvimento da Autonomia para o Estudo em EaD..........................13

1.6 Considerações Finais.......................................................................................................... 15

2 Concepções e políticas de EaD em diferentes contextos históricos........................................17

2.1 Introdução........................................................................................................................ 17

2.2 Concepções Teórico-Metodológicas da EaD...................................................................18

2.2.1 Iniciando a história…......................................................................................................19

2.2.2 O ensino por correspondência…....................................................................................20

2.2.3 Ensino multimídia e teleconferência…...........................................................................23

2.2.4 Aulas virtuais baseadas na internet…............................................................................28

2.2.5 E-Learning, B- Learning e M- Learning….......................................................................30

2.3 Características da EaD....................................................................................................33

2.4 A Legislação Brasileira e a EaD.......................................................................................40

2.5 Considerações Finais.......................................................................................................... 44

3 Processo de ensino e de aprendizagem na EaD: Componentes e papeis..............................46


3.1 Introdução........................................................................................................................ 46

3.2 Recursos Tecnológicos e Material Didático......................................................................47

3.3 O Papel do Professor e do Tutor......................................................................................49

4 Ambientes virtuais de Aprendizagem......................................................................................57

4.1 Introdução........................................................................................................................ 57

4.2 Plataforma Moodle e suas Ferramentas..........................................................................60

4.3 Considerações Finais.......................................................................................................69

5 Questões legais em EaD.........................................................................................................72

5.1 Primeiras Palavras........................................................................................................... 72

5.2 Problematizando o Tema.................................................................................................73

5.3 A Rotina no Curso Online e as Questões Legais.............................................................74

5.3.1 Identidade digital............................................................................................................ 74

5.3.2 As normas acadêmicas e regras de utilização do AVA..................................................75

5.3.3 Comunicando-se de forma legal.....................................................................................77

5.3.4 Realizando seus trabalhos: cuidado com o plágio..........................................................78

5.4 Considerações Finais.......................................................................................................85

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