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Beatriz Alice
Weyne Kullmann
de Souza
Equilíbrio de partícula:
análise bidimensional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar as condições necessárias para que uma
partícula esteja em equilíbrio estático em duas dimensões. Vai aprender
como representar as forças que atuam sobre ela, de maneira a facilitar
sua análise, bem como aplicar as equações de equilíbrio estático na
resolução de problemas envolvendo situações reais, em duas dimensões.
20º C
B 40º C
A B 40º A
70kN
300N
(a) (b)
60º k
45º C D
A E
(c)
Figura 1. Exemplos de sistemas de forças.
Fontes: a) e b) adaptada de Finotti (2014); c) adaptada de Hibeller (2011).
Nas ilustrações, as dimensões dos cabos, barras, suportes ou nós podem ser
desprezadas; por isso, você pode tratá-los como partículas quando analisar a
situação de equilíbrio estático. Outro ponto importante de se levar em conside-
ração nessa análise consiste na representação gráfica do sistema. Cabe lembrar
que você, para analisar uma situação de equilíbrio, precisa representar todas
as forças que atuam sobre a partícula. Por isso, em primeiro lugar, você tem
que definir “quem” é essa partícula. Como assim? Vamos pensar nas forças
que atuam na Figura 1c; dependendo da partícula a ser analisada, as forças a
serem representadas mudam:
Além disso, imagine como ficaria confuso representar todas essas forças
simultaneamente no desenho. Para minimizar essa complexidade, quando
representamos uma situação para analisar as condições de equilíbrio estático,
desenhamos um diagrama de corpo livre. Ou seja, tendo determinado a par-
tícula a ser analisada, representamos no desenho apenas as forças que atuam
sobre ela, excluímos o entorno, que não nos interessa, pois não influencia na
análise. Assim, as opções de partículas apontadas para análise anteriormente
seriam representadas da seguinte maneira:
260N x
20º P
a P
20º α 530N
Nas situações analisadas pela Engenharia, por tratar-se de modelos reais, a maneira
como as forças de reação atuam sobre um determinado objeto deve ser levada em
consideração. Em geral, na Engenharia, essas forças são chamadas de Reações de
Apoio, pois acontecem em pontos de apoio entre duas estruturas, sujeitas à ação de
forças externas coplanares.
Como regra geral, podemos dizer que:
se o movimento de translação de u objeto é impedido por um apoio, a reação é
uma força sobre o objeto na mesma direção do movimento de translação impedido;
se o movimento de rotação do objeto é impedido, um momento de binário também
é associado à reação, e esse momento é contrário ao gerado pela força de ação.
Equilíbrio de partícula: análise bidimensional 5
rolete F
Figura 4. Rolete.
Fonte: adaptada de Equilíbrio... ([201-?]).
pino
Figura 5. Pino.
Fonte: adaptada de Equilíbrio... ([201-?]).
Fx
apoio fixo Fy
y
20º
B 40º C FB FC
20º 40º
A x
70kN P
■■ Para o ponto B:
C y
FC
40º
B 40º A FB x
P
300N
■■ Para o ponto C:
B y
FCBA
60º k
60º FCD
45º C D
x
A E FCE
Equilíbrio de partícula: análise bidimensional 7
F = Fxi + Fy j
M = Mxi + My j
Não esqueça que as forças retratadas nas equações de equilíbrio de uma partícula são
vetores, ou seja, além de suas intensidades e dimensões, possuem direção e sentido.
Quando, na resolução de exercícios, você precisa determinar uma força, pode partir
do princípio que ela será positiva, ou seja, orientada da mesma forma que o eixo em
questão. Entretanto, se o resultado fornecer uma força negativa, significa que o sentido
é contrário ao assumido inicialmente. Veja um exemplo:
F 5N x
No diagrama de corpo livre acima, vamos determinar F para que a partícula esteja
em equilíbrio.
Foi assumido F como uma força com mesmo sentido do eixo x. Então, aplicando a
equação de equilíbrio, teremos:
∑F = 0
Ou seja,
+ F + 5N = 0
F = – 5N
F 5N x
Equilíbrio de partícula: análise bidimensional 9
1. Com base nas figuras a seguir, desenhe o diagrama de corpo livre para os pontos
solicitados, os conectores têm massa desprezível:
Exemplo 2a
C
A
3 5
4 45º
B
TBD
P
Fonte: adaptada de Hibbeler (2011, p. 65).
Exemplo 2b
D E
20º 35º
800N
500N
A
60º
40º C
B
■■ No ponto D, exemplo de 2b i
D
x
P F
20º
■■ No ponto E, exemplo de 2b ii
E
x
F P
35º
y
20º
35º
FDA FEA
FBA x
60º
40º
P
Equilíbrio de partícula: análise bidimensional 11
F=k.s
–F
+s F
Na situação (a) a mola está em seu estado natural, ou seja, nem comprimida, nem
distendida. No exemplo a mola possui um comprimento inicial l0 = 0,4m, sua constante
é k = 500 N/m e o eixo horizontal marca a posição s = 0, que representa nenhuma
deformação na mola. A partir dele, se a mola for distendida, conforme ilustrado na
situação (b), ou seja, se aumentar seu comprimento inicial, consideramos s > 0, isto é, a
deformação tem sinal positivo. Caso contrário, terá sinal negativo. Por isso, na situação
(c) ilustrada na figura, que representa a compressão da mola, s < 0.
De maneira análoga, representamos o sinal da força F que atua sobre a mola: se ela
provoca a distensão da mola, recebe o sinal positivo e se provoca a compressão, o
sinal será negativo.
C
A
3 5
4 45º
B
Resolução:
Para começar, você deve determinar que ponto será levado em consideração ao
desenhar o diagrama de corpo livre. Em seguida, pensar de que maneira você vai
posicionar os eixos cartesianos de forma a facilitar a análise. Como a questão toda é
que os cabos sustentam o cilindro, você deverá considerar o ponto B, pois nele estão
concentradas todas as forças em questão. Além disso, se você posicionar a origem
do sistema de eixos nesse ponto, ficará fácil decompor as forças de tração, observe:
Equilíbrio de partícula: análise bidimensional 13
y
TA TC
5
3
45°
4
B x
TBD
Feito isso, você pode pensar em como aplicar as equações de equilíbrio. Perceba
que as trações possuem direções diferentes dos eixos cartesianos, ou seja, formam
ângulos com os eixos x e y. Sempre que isso acontece, fica mais fácil se você trabalhar
com as componentes das trações em questão, ou seja, você precisará decompor as
trações TA e TC.
No caso da tração TC, a decomposição é bastante simples, pois o ângulo foi indicado
na figura, então, você terá:
TCx = TC cos45° e TCy = TC sin45°
Por outro lado, o ângulo da tração TA não é fornecido. Como fazer, então?
Se você observar, foi inserido na figura um pequeno triângulo cuja hipotenusa
coincide com a direção da tração e os catetos são paralelos aos eixos x e y. Pela proprie-
dade trigonométrica de equivalência de triângulos, quando um triângulo encontra-se
inserido em outro, seus elementos são proporcionais, ou seja, o triângulo formado
pelos eixos cartesianos e a tração é igual, possui os mesmos ângulos que o triângulo
pequeno. Então, basta você determinar o ângulo que esse triângulo faz com o eixo
x, que você terá o mesmo ângulo, em relação ao mesmo eixo, para a tração TA. Veja:
Triângulo pequeno:
5 4
cos α =
3 5
4
α = cos–1 = 36,87º
5
4
14 Equilíbrio de partícula: análise bidimensional
Agora que você já conhece o ângulo que TA faz com o eixo x, poderá adequar seu
diagrama de corpo livre, já decompondo as trações:
y
TAy
TCy
TAx TCx x
TB
Como TBD corresponde à força que o cilindro exerce no ponto B, ela será igual ao
peso do cilindro, ou seja, TBD = mg = 40 . 9,81 = 392,4N
Agora vamos aplicar as equações de equilíbrio:
∑ Fxi + ∑ Fy j = 0
2. Para descer um carro que estava sendo transportado em um navio, foi montado
o sistema da figura a seguir. Determine a tração no cabo AC, sabendo que o carro
pesa 15750N.
B
2º
30º
Para determinar a tração no cabo AC, em nosso diagrama de corpo livre, vamos
representar as forças que atuam no ponto A:
y
TAB
2°
A 30° x
TAC
15750N
y
TABy
TABx = – TAB sin2°
TABx TABy = + TAB cos2°
TACx x TACx = + TAC cos30°
TACy TACy = – TAC sin30°
15750N
16 Equilíbrio de partícula: análise bidimensional
2m
kAB = 300N/m
30º
A B
(a)
y
TAC
30°
A TAB x
P
2m
I
30º
AC cos 30° A B
BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. Mecânica vetorial para engenheiros: estática: resumo e
exercícios. 9. ed. São Paulo: Makron Books, 2010.
BEER, F. P. et al. Mecânica vetorial para engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGH,
2012.
EQUILÍBRIO de um corpo rígido. [201-?]. Disponível em: <http://www.eletrica.ufpr.
br/ufpr2/professor/49/TE224/Aula%205%20Equil%C3%ADbrio%20de%20um%20
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FINOTTI, G. Mecânica geral I. 2014. Disponível em: <http://www.joinville.ifsc.edu.
br/~rubens.hesse/estatica_dinamica/Mecatronica/apostila1_gilson>. Acesso em:
11 abr. 2018.
HIBBELER, R. C. Estática: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2011.
VETORES de força. [201-?]. Disponível em: <http://www.eletrica.ufpr.br/ufpr2/profes-
sor/49/TE224/Aula%202%20Vetores.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.