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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL

MECÂNICA GERAL -ESTÁTICA


Professor D. Sc. Marco Antonio Silva Pinheiro
Professora Dra Joseanne Maria Rosarola Dotto

Este conteúdo é destinado aos alunos de Engenharia e deve


ser utilizado juntamente com a referência bibliográfica:
Beer, Ferdinand P.; Johnston, E. Russel. Mecânica Vetorial para Engenheiros. ESTÁTICA.
Volume1. 3 ed. para obter melhor aproveitamento.
Mecânica Geral - Estática

1.2 Fundamentos da Estática


1.2.1 Definição de Mecânica e de outros conceitos básicos
Mecânica: Descreve e prediz as condições de repouso e/ou movimento de
corpos sob a ação de forças. A mecânica dos corpos rígidos se divide-se em
estática, dinâmica e cinemática.

Mecânica

Corpos Rígidos Corpos Deformáveis Fluidos

Est át ica Cinemát ica Dinâmica

Conceitos Básicos
grandezas fundament ais

espaço (posição) t empo massa

grandeza derivada

força

Ponto material: pequena porção a matéria que ocupa um ponto no


espaço.
Corpo rígido: combinação de um grande número de pontos materiais.

Leis fundamentais de Newton:


1a Lei ou Lei da Inércia
“Se a intensidade da força resultante que atua sobre um ponto
material é zero, este permanecerá em repouso ou em movimento
retilíneo uniforme (MRU)”

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2a Lei ou Lei Fundamental da Dinâmica
“Se a força resultante não é nula, o ponto material terá uma
aceleração constante e proporcional à intensidade da resultante e
na mesma direção e sentido”

3a Lei ou Lei da Ação e Reação


“As forças de ação e reação entre corpos em contato têm a
mesma linha de ação, mesma intensidade e sentidos opostos”

1.2.2 Estática dos pontos materiais

1.2.2.1 Forças sobre um ponto material.


Resultante de 2 forças
Força representa a ação de um corpo sobre o outro. É caracterizada por:
• Ponto de aplicação;
• Intensidade;
• Direção e
• Sentido. Portanto trata-se de uma grandeza vetorial!
A resultante entre duas forças aplicadas sobre um ponto material pode
ser obtida usando a LEI DO PARALELOGRAMO.

P Os efeitos de R são os mesmos de


P e Q agindo simultaneamente.

1.2.2.2 Forças sobre um ponto material.


Resultante de 3 ou mais forças

A resultante de três ou mais forças aplicadas sobre um ponto material pode ser
obtida usando sucessivamente a Lei do Paralelogramo ou pela Regra do
Polígono. Traça-se um polígono com as forças dadas, obedecendo-se o
seguinte critério: transporta-se a primeira força, em módulo, direção e sentido
de modo que a origem da mesma coincida com um ponto material (O). Da
mesma maneira transporta-se as demais forças de modo que a origem da
segunda força adicionada coincida com a extremidade da primeira e assim

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sucessivamente. A força que fecha o polígono tendo origem O e extremidade
da última força adicionada dá em módulo, direção e sentido a resultante das n
forças.

1.2.2.3 Vetores

Entidade matemática que pode ser representada por intensidade,


direção e sentido.

Notação: P→ P P ou P (negrito)
Tipos de vetores:
Vetor aplicado (fixo): não pode ser deslocado sem alteração nas
condições do problema; ponto de aplicação é um
ponto material.
Vetor livre: pode ser deslocado paralelamente em relação a si mesmo.
Vetor deslizante: pode ser deslocado ao longo de sua linha de ação,
sem que altere efeitos no problema.

1.2.2.4 Adição de vetores

Usa-se Lei do Paralelogramo para se somar dois vetores aplicados


sobre um ponto material.
P
Propriedades da soma de vetores: R = P + Q
 
p1) P + Q  P + Q;
    Q
p2) P + Q = Q+ P (comutativa);
(
        
) ( )
p3) P + Q+ S = P + Q + S = P + Q+ S (associativa);

p4) k P = vetor de mesma direção e sentido e intensidade igual a kP.

Exercício de aplicação

(1) Seja V um vetor-força horizontal de intensidade V = 4N→. Fazer as
seguintes operações vetoriais:
  
a) V + A A : vetor-força horizontal
  com A = 3N e sentido →
b) V − 2A 
  B : vetor-força vertical com
c) V + B B = 3N e sentido 

Respostas: a) R = 7 N→; b) R = 2 N←; c) R = 5 N, fazendo 36,9º com a horizontal.

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Relações trigonométricas para obtenção de forças resultantes
Seja um triângulo de lados A, B e C, com ângulos internos iguais a a, b e
c. Para se obter um dos lados ou ângulos internos a partir do conhecimento
dos demais, pode-se usar as leis descritas no quadro abaixo.

• Lei dos senos


A B C
= =
sen(a) sen(b) sen(c)
• Lei dos cossenos

C= A2 + B2 - 2 A B cos(c)

1.2.2.5 Decomposição de uma força em componentes

É a substituição de uma única força por duas ou mais forças que, juntas,
têm o mesmo efeito sobre o ponto material.
Há dois casos importantes:
1) uma das componentes P é conhecida: a segunda componente, Q, é
obtida pela aplicação da regra do triângulo, unindo a extremidade de P
com a extremidade de R.
Q
P

A R

2) a linha de ação de cada componente é conhecida: a intensidade e o


sentido das componentes são obtidos pela aplicação da lei do
paralelogramo, com retas paralelas às linhas de ação que passam pela
extremidade de R.

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Exercícios de aplicação
(1) Decompor as forças resultantes abaixo nas direções indicadas.

y
a) Rx =
R = 10 N Ry =

x
 = 30o

y Rx =
b)
R = 200 N
Ry =
 = 40o x
 = 30o Rx´ =

Ry =

Respostas: a) Rx = 8,66 N; Ry = 5,00 N;


b) Rx = 153,21 N; Ry = 128,56 N; Rx´ = 176,91 N; Ry = 217,01 N

(2) Um automóvel é puxado por meio de duas cordas como mostra a


figura. Se a resultante das duas forças exercidas pelos cabos tem intensidade
1500 N e é paralela ao eixo do automóvel, pede-se:
a) calcular a tração em cada uma das cordas, sendo α = 30o;
b) calcular o valor de α para que a tração no cabo 2 seja mínima.
T2

T1

Sugestão: Se necessário, ver a solução em Beer, Ferdinand P.; Johnston, E. Russel.


Mecânica Vetorial para Engenheiros. ESTÁTICA. Volume1. Problema resolvido 2.2
Respostas: a) T1 = 979 N; T2 = 669,7 N; b) a = 70º

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1.2.2.6 Componentes Cartesianas
Vetores Unitários
Componentes de uma força que são normais entre si.
y F

F
Fy x´
Fy´ 
 x Fx´

Fx

Fx e Fy são chamadas de componentes cartesianas.

 
Vetores Unitários: são vetores com intensidade 1 ( i e j ), orientados
segundo os eixos positivos x e y.

 
Fx = Fx i   
  F = Fx i + Fy j
Fy = Fy j

Fx = F cos()   
F = Fcos() i + Fsen() j
Fy = Fsen()


Os termos Fx e Fy são componentes escalares da força F.
  
Os termos Fx e Fy são componentes vetoriais da força F.

Exercícios de aplicação
(1) Uma força de 800N é exercida sobre um parafuso A, conforme
mostra a figura. Determine as componentes vertical e horizontal da força.
Sugestão: Solução em Beer, Ferdinand P.; Johnston, E. Russel.
Mecânica Vetorial para Engenheiros. ESTÁTICA. Volume1. F = 800 N
Exemplo 1.
  
Resposta: F = - 655 i + 459 j

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  
(2) A força F = 3,5 i + 7,5 j kN é aplicada em um parafuso. Determine
a intensidade da força e o ângulo que ela forma com a horizontal.
Sugestão: Solução em Beer, Ferdinand P.; Johnston, E. Russel. Mecânica Vetorial para
Engenheiros. ESTÁTICA. Volume1. Exemplo 3.
Respostas: F = 8,28 kN; θ = 64,98º

1.2.2.7 Adição de forças pela soma das componentes x e y

As componentes escalares Rx e Ry da resultante de várias forças


atuantes sobre um ponto material são obtidas pela adição algébrica das
correspondentes componentes escalares das forças dadas.
  
Sejam então três forças P, Q e S aplicadas sobre um ponto material. O
desenvolvimento a seguir mostra o enunciado prévio.
   
R = P + Q+ S
      
R = Px i + Py j + Qx i + Qy j + Sx i + Sy j
      
R = Px i + Qx i + Sx i + Py j + Qy j + Sy j
  
R = (Px + Qx + Sx ) i + (Py + Qy + Sy ) j
   
Rx i + Ry j = (Px + Qx + Sx ) i + (Py + Qy + Sy ) j

Rx = Px + Qx + Sx Ry = Py + Qy + Sy

Rx = Fx Ry = Fy

Exercícios de aplicação

(1) Quatro forças são exercidas sobre um pino. Determinar a resultante das
forças sobre este pino.

Sugestão: Solução em Beer, Ferdinand


P.; Johnston, E. Russel. Mecânica
Vetorial para Engenheiros. ESTÁTICA.
Volume1. PROBLEMA RESOLVIDO 2.3.
Resposta: R = 199,6 N; θ = 4,1º (com a
horizontal).

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1.2.2.8 Equilíbrio de um ponto material
Diagrama de corpo livre

Se a resultante do sistema de forças atuantes é nula, o efeito global


sobre o ponto material também é nulo. Diz-se que o PONTO MATERIAL ESTÁ
EM EQUÍLIBRIO.
“Quando a resultante de todas as forças que atuam sobre um ponto
material é zero, este ponto está em equilíbrio”.
 
R= F = 0
Decompondo nas componentes cartesianas:
 
(Fx i + Fy j ) = 0
 
(Fx ) i + (Fy ) j = 0
condição necessária e suficiente
Fx = 0 Fy = 0

Quando um ponto material está submetido a várias forças, a verificação


de seu equilíbrio pode ser feita pela REGRA DO POLÍGONO - ao unir todas as
forças da origem com a extremidade, o resultado será um polígono fechado,
pois a resultante é nula.

Diagrama de corpo livre: esquema representativo a partir de um ponto


escolhido convenientemente, de onde são incluídas todas as forças
necessárias para resolução do sistema.

Exercícios de aplicação
(1) Considere um caixote de 75 kg, conforme ilustra a figura. Este
caixote estava entre dois prédios e está agora sendo colocado sobre um
caminhão, que o removerá. O caixote é suportado por um cabo vertical, unido
em A por duas cordas que passam por roldanas fixadas nos prédios, em B e C.
Deseja-se determinar a tração em cada uma das cordas.

Sugestão: Solução em Beer, Ferdinand P.;


Johnston, E. Russel. Mecânica Vetorial para
Engenheiros. ESTÁTICA. Volume1. Exemplo
Fig.2.29.
Respostas: TAB = 647 N; TAC = 480 N.

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(2) Duas forças P e Q de intensidade P = 5 kN e Q = 6 kN estão
aplicadas à conexão de avião ilustrada. Sabendo-se que a conexão está em
equilíbrio, determinar as trações T1 e T2.
T2
Sugestão: Solução em Beer, Ferdinand
P.; Johnston, E. Russel. Mecânica
Vetorial para Engenheiros. ESTÁTICA.
Volume1. Problema resolvido 2.6.
Respostas: T1 = 3,8 kN; T2 = 3,98 kN.

1.2.2.9 Componentes cartesianas de uma força no espaço

A partir das figuras abaixo e de relações geométricas e trigonométricas,


obtém-se o módulo F de uma força espacial, em termos de suas componentes
cartesianas.

(a) (b) (c)

Fy = Fcos( y )

Fh = Fsen( y )

Fx = Fh cos() = Fsen( y ) cos()

Fz = Fh sen() = Fsen( y ) sen()

F2 = OA2 = OB2 + BA2 = Fy2 + Fh2  Fh2 = F2 − Fy2

F2 = OC2 = OD2 + DC2 = Fx2 + Fz2  Fh2 = Fx2 + Fz2


Das expressões anteriores tem-se:

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F2 − Fy2 = Fx2 + Fz2

F2 = Fx2 + Fy2 + Fz2  F= Fx2 + Fy2 + Fz2

Observando-se os triângulos formados no triedro pode-se escrever que:


Fx = F cos( x ) Fy = Fcos( y ) Fz = F cos( z )

Fx Fy Fz
cos( x ) = cos( y ) = cos( z ) =
F F F


   
F = F cos( x ) i + cos( y ) j + cos( z ) k 
     
F = F , com  = cos( x ) i + cos( y ) j + cos( z ) k

 F 
 = é o vetor unitário na direção de F
F

As componentes λx, λy e λz são chamadas de cossenos diretores da



força F .
 x = cos( x )  y = cos( y )  z = cos( z )


Como  é um vetor unitário escreve-se que:

2x + 2y + 2y = 1 ou cos2 ( x ) + cos2 ( y ) + cos2 ( z ) = 1

Exercícios de aplicação
(1) Uma força de 500 N forma ângulos de 60o, 45o e 120o
respectivamente com os eixos x, y, e z. Determine as componentes Fx, Fy e Fz
da força.

   
Resposta: F = 250 i + 345 j - 250 k

(2) Uma força F tem as componentes Fx = 100 N, Fy = -150 N e Fz =
300 N. Determine o módulo F e os ângulos θx, θy e θz que a força forma com os
eixos coordenados.
Sugestão: ver a solução em Beer, Ferdinand P.; Johnston, E. Russel. Mecânica Vetorial para
Engenheiros. ESTÁTICA. Volume1 3 ed. Exemplo 2, p. 45.
Respostas: F = 350N; θx = 73,4º; θy = 115,4º; θz = 31º;

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(3) O cabo de sustentação de uma torre está ancorado por meio de um
parafuso em A. A tração no cabo é de 2500N.
y
Determinar:
a) as componentes Fx, Fy e Fz da força
que atua sobre o parafuso;
b) os ângulos θx, θy e θz que definem a
direção da força.

x
z

Sugestão: ver a solução em Beer, Ferdinand P.; Johnston, E. Russel. Mecânica Vetorial para
Engenheiros. ESTÁTICA. Volume1. Problema resolvido 2.7.
   
Respostas: a) F = - 1060 i + 2120 j - 795 k

b) θx = 115,1º; θy = 32º; θz = 71,5º;

Observação: forças com linha de ação conhecida podem ser


determinadas a partir de coordenadas dos pontos de aplicação da força e
outros pontos coordenados que passem por tal linha. Escreve-se então:
   AB
F = F com  =
AB
  
AB = ( xB - xA ) i + ( yB - yA ) j + (zB - zA ) k

AB = ( xB - xA ) 2 + ( yB - yA ) 2 + (zB - zA ) 2

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1.2.2.10 Adição de forças concorrentes no espaço
Quando se têm várias forças aplicadas em um ponto, pode-se obter a
resultante do sistema de forças usando o somatório das componentes de todas
as forças em cada uma das direções, conforme representam as equações a
seguir.
 
R= F
  
R = Rx i + Ry j + Rz k
  
R = (Fx i + Fy j + Fz k)
  
R = ( Fx ) i + ( Fy ) j + ( Fz ) k

componentes da força resultante:


Rx =  Fx Ry =  Fy Rz =  Fz

módulo ou intensidade da força resultante:

R = R2x + R2y + R2z

cossenos diretores da força resultante:


Rx Ry Rz
cos( x ) = cos( y ) = cos( z ) =
R R R
Exercício de aplicação
(1) A fim de remover um caminhão acidentado, dois cabos são atados ao
caminhão em A e puxados por dois guinchos B e C, como ilustrado na figura.
Determinar a resultante das forças exercidas sobre o caminhão pelos dois
cabos, sabendo-se que a tração no cabo AB é de 10 kN e no cabo AC é de
7,5kN.

Respostas:
  
a) R = - 10,41i + 10,89 j + 0,85 k ; R = 15,09 N
b) x = 133,6º; y = 43,8º; z = 86,7º;

Sugestão: ver a solução em Beer, Ferdinand P.; Johnston, E. Russel. Mecânica Vetorial para
Engenheiros. ESTÁTICA. Volume1. Problema resolvido 2.8.

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1.2.2.11 Equilíbrio de um ponto material no espaço

Um ponto material estará em equilíbrio se não houver componentes de


força resultante em cada uma das direções ortogonais. Escreve-se então:
Rx =  Fx = 0 Ry =  Fy = 0 Rz =  Fz = 0

Exercício de aplicação
(1) Um cilindro de 200 kg é pendurado por meio de dois cabos AB e AC,

amarrados ao topo de uma parede vertical. Uma força H , horizontal e
perpendicular à parede, mantém o peso na posição ilustrada. Determinar a
intensidade H desta força e a tração em cada cabo.

Sugestão: ver a solução em Beer, Ferdinand P.; Johnston, E. Russel. Mecânica Vetorial para
Engenheiros. ESTÁTICA. Volume1. Problema resolvido 2.9.
Respostas: H = 235 N; TAB = 140 N; TAC = 1236 N.

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