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ESTÁTICA E DINÂMICA

Aula 01 – Estática de Partículas

Prof. Anderson José Antonietti


anderson.jose@ifsc.edu.br
Introdução
 Nesta aula, estudaremos o efeito das forças que atuam
sobre partículas.
 O uso da palavra “partícula” não implica que o estudo
será limitado a pequenos corpos, como um átomo ou
elétron. Significa que o tamanho e o formato dos corpos
em consideração não afetarão significativamente a
resolução dos problemas.

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Força sobre uma partícula
 Muitas situações práticas importantes na engenharia
envolvem forças no mesmo plano.
 Elas incluem as forças atuando sobre uma polia, o
movimento de um projétil e um objeto em equilíbrio
sobre uma superfície plana.

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Força sobre uma partícula
 Uma força representa a ação de um corpo sobre outro e
geralmente é caracterizada por seu ponto de aplicação,
sua intensidade, sua direção e seu sentido.
 Forças que atuam sobre uma dada partícula, no entanto,
têm o mesmo ponto de aplicação.
 A direção de uma força é definida pela linha de ação
(linha pontilhada sobre qual está a força) e o sentido da
força.

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Vetores
 Deslocamentos, velocidades, acelerações e quantidades
de movimento podem ser representadas
matematicamente por vetores, pois são quantidades
físicas que têm intensidade, direção e sentido.
 Volume, massa ou energia são quantidades físicas que
têm intensidade, mas não direção e, por isso, são
representadas por números simples ou escalares.

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Vetores
 Vetores são representados por setas nas figuras e serão
distinguidos dos escalares pelo uso de negrito (P). De
forma manuscrita, um vetor pode ser expresso pelo
desenho de uma pequena seta acima da letra usada
para representá-lo ( ).
 A intensidade do vetor define o comprimento da seta
usada para representá-lo.

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Adição de vetores
 Por definição, vetores se somam de acordo com a lei do
paralelogramo. Essa lei é baseada em evidência
experimental e não pode ser provada ou deduzida
matematicamente.
 Como o paralelogramo construído com os vetores P e Q
não depende da ordem em que P e Q são selecionados,
concluímos que a adição de dois vetores é comutativa.

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Adição de vetores
 Da lei do paralelogramo, podemos deduzir outro
método para se determinar a soma de dois vetores,
conhecido como regra do triângulo.
 Como o lado do paralelogramo oposto a Q é igual a Q
em intensidade e direção, podemos desenhar apenas
metade do paralelogramo. A soma dos dois vetores
pode, portanto, ser determinada dispondo-se P e Q no
padrão ponta-a-cauda e vice-versa, o que confirma o
fato de que a adição de vetores é comutativa.

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Adição de vetores
 A subtração de um vetor é definida pela adição do vetor
oposto correspondente. Portanto, o vetor P - Q, que
representa a diferença entre os vetores P e Q, é obtido
adicionando-se a P o vetor oposto -Q.

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Adição de vetores
 Constata-se experimentalmente
que duas forças P e Q que atuam
sobre uma partícula A podem ser
substituídas por uma única força R
que tem o mesmo efeito sobre
essa partícula.
 Essa força é chamada de
resultante das forças P e Q e pode
ser obtida pela lei do
paralelogramo ou pela regra do
triângulo, para a adição de duas
forças.

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Adição de vetores
 A determinação da força resultante, pela lei do
paralelogramo, pode ser obtida pela lei dos cossenos
com sinal (+):

2. . . cos

 Pela regra do triângulo, pode ser obtida pela lei dos


cossenos com sinal (-) é aplicada:

2. . . cos

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Adição de vetores
 A soma de três vetores P, Q e S será, por definição,
obtida primeiro somando-se os vetores P e Q, e depois
adicionando-se o vetor S ao vetor P + Q.

 O resultado obtido teria sido o mesmo se os vetores Q e


S tivessem sido substituídos pela soma Q + S.

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Adição de vetores
 A determinação do vetor P + Q, no entanto, poderia ter
sido omitida, e a soma dos três vetores obtida
diretamente, dispondo-se os vetores dados no padrão
ponta-a-cauda e unindo-se a cauda do primeiro vetor à
ponta do último.

 Esse procedimento é conhecido como regra do


polígono para adição de vetores. 13
Resultante de várias forças
concorrentes
 Considere uma partícula A sobre a qual atuam várias
forças coplanares, isto é, várias forças contidas em um
mesmo plano.

 Como as forças consideradas aqui passam todas por A,


também são denominadas concorrentes. 14
Resultante de várias forças
concorrentes
 Os vetores que representam as forças que atuam sobre
A podem ser adicionados pela regra do polígono.
 Como o uso da regra do polígono é equivalente à
aplicação repetida da lei do paralelogramo, o vetor R
assim obtido representa a resultante das forças
concorrentes dadas, ou seja, a força única R tem sobre a
partícula A o mesmo efeito que as forças originais
dadas.

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Decomposição dos componentes de
uma força
 Vimos que duas ou mais forças que atuam sobre uma
partícula podem ser substituídas por uma força única
que tem o mesmo efeito sobre a partícula.
 Reciprocamente, uma força única F que atua sobre uma
partícula pode ser substituída por duas ou mais forças
que, juntas, têm o mesmo efeito sobre a partícula.
 Essas forças são chamadas de componentes da força
original F, e o processo de substituição de F por esses
componentes é denominado decomposição dos
componentes da força F.

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Decomposição dos componentes de
uma força
 Obviamente, para cada
força F existe um número
infinito de possíveis
conjuntos de componentes.
 Conjuntos de dois
componentes P e Q são os
mais importantes no que
concerne a aplicações
práticas. Mas, mesmo
assim, o número de
maneiras pelas quais uma
dada força F pode ser
decomposta em dois
componentes é ilimitado.
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Decomposição dos componentes de
uma força
 Em muitos problemas práticos, começamos com um
dado vetor F e queremos determinar um conjunto de
componentes útil. Dois casos são de particular
interesse:
1. Um dos dois componentes, P, é
conhecido. O segundo componente,
Q, é obtido aplicando-se a regra do
triângulo e unindo-se a ponta de P à
ponta de F. A intensidade, a direção e
o sentido de Q são determinados
graficamente ou por trigonometria.
Uma vez determinado Q, ambos os
componentes P e Q devem ser
aplicados em A.
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Decomposição dos componentes de
uma força
2. A linha de ação de cada
componente é conhecida. A
intensidade e o sentido dos
componentes são obtidos
aplicando-se a lei do
paralelogramo e traçando-se
retas a partir da ponta de F,
paralelas às linhas de ação
dadas. Esse processo conduz a
dois componentes bem
definidos, P e Q, que podem ser
determinados graficamente ou
calculados trigonometricamente
aplicando-se a lei dos senos.
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Decomposição dos componentes de
uma força
 A lei dos senos, aplicada a um triângulo de forças, é a
igualdade de relações entre o seno de um determinado
ângulo com o seu cateto oposto.
 A lei dos senos aplicado ao triângulo de forças a seguir é:

45° 105° 30°


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Exemplo 1
1) As duas forças P e Q atuam sobre um parafuso A.
Determine sua resultante.
a) Pelo método gráfico;
b) Por trigonometria.

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Exemplo 1
 Solução gráfica:
 Um paralelogramo com lados iguais a P e Q é
desenhado em escala. A intensidade e o ângulo que
define a direção da resultante são medidos. São eles:

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Exemplo 1
 Pode-se usar também a regra do triângulo. As forças P e
Q são desenhadas no padrão ponta-a-cauda.
Novamente, a intensidade e o ângulo que define a
direção da resultante são medidos.

23
Exemplo 1
 Solução trigonométrica:
 A regra do triângulo é usada novamente. Dois lados e o
ângulo incluso são conhecidos.

 Para determinar R aplica-se a lei dos cossenos:

24
Exemplo 1
 Para determinar aplica-se a lei dos senos:

 Ou seja:

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Exemplo 2
2) Uma barcaça é puxada por dois rebocadores. A
resultante das forças exercidas pelos rebocadores é uma
força de 5 kN dirigida ao longo do eixo da barcaça.

Determine:
a) A força de tração em cada um dos cabos, sabendo que a
45°;
b) O valor de para o qual a tração no cabo 2 seja mínima.
26
Exemplo 2
 Solução a):
 Pode-se aplicar a regra do triângulo.

27
Exemplo 2
 Usando a lei dos senos, temos:

 Resultando em:

28
Exemplo 2
 Solução b):
 Para determinar o valor de para o qual a tração no
cabo 2 é mínima, aplica-se novamente a regra do
triângulo. Observa-se que o valor mínimo de T2 ocorre
quando T1 e T2 são perpendiculares.

 Assim, o valor mínimo de T2 é:

29
Exemplo 2
 Os valores correspondentes de T1 e são:

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Componentes retangulares de uma
força
 Em muitos problemas, será desejável decompor uma
força em dois componentes que são perpendiculares
entre si.
 Na figura, a força F foi decomposta em um componente
Fx ao longo do eixo x e um componente Fy ao longo do
eixo y. O paralelogramo desenhado para se obter os
dois componentes é um retângulo, e Fx e Fy são
chamados de componentes retangulares.

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Componentes retangulares de uma
força
 Os eixos x e y geralmente são dispostos na horizontal e
na vertical, respectivamente. Podem, no entanto, ser
dispostos em duas direções perpendiculares quaisquer.

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Componentes retangulares de uma
força
 Para simplificar o trabalho com componentes
retangulares, dois vetores de intensidade unitária,
dirigidos respectivamente ao longo dos eixos positivos x
e y, serão introduzidos neste ponto.

 Esses vetores são denominados vetores unitários e são


representados por i e j, respectivamente.
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Componentes retangulares de uma
força
 Lembrando a definição do produto de um escalar por
um vetor, notamos que os componentes retangulares Fx
e Fy da força F podem ser obtidos multiplicando-se
respectivamente os vetores unitários i e j pelos
escalares apropriados.

 Os escalares Fx e Fy são denominados componentes


escalares da força F, enquanto as verdadeiras forças
componentes Fx e Fy recebem o nome de componentes
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vetoriais de F.
Componentes retangulares de uma
força
 O componente escalar Fx é positivo quando o
componente vetorial Fx tiver o mesmo sentido que o
vetor unitário i (ou seja, o mesmo sentido que o eixo x
positivo) e é negativo quando Fx tiver sentido oposto.
 Pode-se chegar a conclusão semelhante com relação ao
sinal do componente escalar Fy.

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Componentes retangulares de uma
força
 Representando por F a intensidade da força F e por o
ângulo entre F e o eixo x, medido no sentido anti-
horário a partir do eixo x positivo, podemos expressar
os componentes escalares de F da seguinte maneira:

 As relações obtidas valem para qualquer valor do


ângulo , de 0° a 360°, e definem tanto o sinal como o
valor absoluto dos componentes escalares Fx e Fy.

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Exemplo 3
3) Uma força de 800 N é exercida no parafuso A, como
mostra a figura. Determine os componentes vertical e
horizontal dessa força.

37
Exemplo 3
 Solução:
 Considerando o eixo cartesiano, pode-se escrever as
equações das componentes de F como:

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Exemplo 3
 Assim, podemos escrever F na forma vetorial como:

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Direção da força
 Quando a força F é definida pelos seus componentes
retangulares Fx e Fy, o ângulo , que define sua direção,
pode ser obtido da seguinte maneira:

 A intensidade F da força pode ser obtida aplicando-se o


teorema de Pitágoras da seguinte maneira:

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Exemplo 4
4) Uma força F = (700 N)i + (1500 N)j é aplicada a um
parafuso A. Determine a intensidade da força e o ângulo
que ela forma com a horizontal.

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Exemplo 4
 Solução:
 O ângulo pode ser obtido da equação:

 A intensidade da força F pode ser calculada levando em


consideração o teorema de Pitágoras ou qualquer uma
de suas componentes. Considerando a componente Fy:

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Adição de forças pela soma dos
componentes
 Considere, por exemplo, três forças P, Q e S atuando
sobre uma partícula A. A resultante R delas é definida
pela relação:

 Decompondo cada força em seus componentes


retangulares, escrevemos:

 A partir dessa equação, percebemos que:

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Adição de forças pela soma dos
componentes
 Concluímos, então, que quando várias forças atuam
sobre uma partícula, os componentes escalares Rx e Ry
da resultante R são obtidos adicionando-se
algebricamente os correspondentes componentes
escalares das forças dadas.

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Exemplo 5
5) Quatro forças atuam no parafuso A, como mostrado na
figura. Determine a resultante das forças no parafuso.

45
Exemplo 5
 Solução:
 A maneira mais simples de abordar um problema de
adição de quatro forças é decompor as forças em
componentes.

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Exemplo 5
 Calculando cada um dos componentes e lançando em
uma tabela temos:

 Então, a resultante R das quatro forças é:

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Exemplo 5
 A intensidade, a direção e o sentido da resultante
podem agora ser determinados. A partir do triângulo da
figura a seguir, temos:

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Equilíbrio de uma partícula
 Definição:
Quando a resultante de todas as forças que
atuam sobre uma partícula é igual a zero, a
partícula está em equilíbrio.
 Uma partícula sobre a qual se aplicam duas forças
estará em equilíbrio se as duas forças tiverem a mesma
intensidade e a mesma linha de ação, mas sentidos
opostos. A resultante dessas duas forças é, então, igual
a zero.

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Equilíbrio de uma partícula
 Outro caso de equilíbrio de uma partícula é
representado na figura que mostra quatro forças
atuando em A.

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Equilíbrio de uma partícula
 A resultante das forças dadas é determinada pela regra
do polígono. Começando no ponto O com F1 e dispondo
as forças no padrão ponta a cauda, encontramos que a
ponta de F4 coincide com o ponto inicial O. Logo, a
resultante R do sistema de forças dado é zero e a
partícula está em equilíbrio.

51
Equilíbrio de uma partícula
 Decompondo cada força F em componentes
retangulares, temos:

 Concluímos que as condições necessárias e suficientes


para o equilíbrio de uma partícula são:

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Equilíbrio de uma partícula
 Para a partícula anterior, verificamos que as condições
de equilíbrio são satisfeitas.

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Primeira Lei de Newton do
Movimento
 Sir Isaac Newton formulou três leis fundamentais nas
quais se baseia a ciência da mecânica. A primeira dessas
leis pode ser enunciada nos seguintes termos:
Se a força resultante que atua sobre uma partícula
é nula, a partícula permanecerá em repouso (se
originalmente em repouso) ou se moverá à
velocidade constante em linha reta (se
originalmente em movimento).
 Dessa lei e da definição de equilíbrio apresentada,
conclui-se que uma partícula em equilíbrio ou está em
repouso ou se desloca em linha reta à velocidade
constante.
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Diagrama de corpo livre
 Na prática, um problema de engenharia mecânica é
derivado de uma situação física real. Um esboço
mostrando as condições físicas do problema é
conhecido como diagrama espacial.
 Muitos problemas que envolvem estruturas reais,
entretanto, podem ser reduzidos a problemas que
envolvem o equilíbrio de uma partícula. Isso é feito
escolhendo-se uma partícula significativa e traçando-se
um diagrama separado mostrando essa partícula e
todas as forças que atuam sobre ela.
 Tal diagrama é denominado diagrama de corpo livre. O
nome deriva do fato de que, ao se desenhar o corpo
escolhido, ou partícula, ele está “livre” de todos os
outros corpos presentes na situação real. 55
Diagrama de corpo livre
 Como exemplo, considere o caixote de 75 kg mostrado
no diagrama espacial da figura.

 Deseja-se determinar a tração em cada uma das cordas


AB e AC.

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Diagrama de corpo livre
 Para resolver esse problema, deve-se traçar um
diagrama de corpo livre mostrando a partícula em
equilíbrio.

 Como estamos interessados nas forças de tração nas


cordas, o diagrama de corpo livre deve incluir ao menos
uma dessas forças de tração ou, se possível, ambas as
forças de tração. 57
Diagrama de corpo livre
 Como o ponto A está em equilíbrio, as três forças que
atuam sobre ele devem formar um triângulo fechado
quando desenhadas no padrão ponta a cauda.
 Os valores TAB e TAC das forças de tração nas cordas
podem ser encontrados por trigonometria usando a lei
dos senos:

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