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Capítulo 5
5/1Introdução
Nos capítulos anteriores, tratamos todas as
forças como concentradas sobre suas linhas de
ação e nos seus pontos de aplicação. Na
realidade, forças “concentradas” não existem no
sentido exato, pois cada força externa,
mecanicamente aplicada a um corpo, é
distribuída sobre uma área de contato finita,
ainda que pequena.
A força exercida pelo pavimento sobre o pneu de um automóvel, por exemplo,
é aplicada ao pneu em toda a sua área de contato, Fig. 5/1a, a qual pode ser
facilmente visualizada se o pneu for macio. Na análise das forças atuando no
carro como um todo, se a dimensão b da área de contato for desprezível em
comparação com as outras dimensões pertinentes, tal como a distância entre
rodas, então, podemos substituir a força de contato distribuída real pela sua
resultante R, tratada como uma força concentrada.
Até mesmo a força de contato entre uma esfera de aço rígida e sua pista, em
um rolamento de esferas sob carga, Fig. 5/1b, é aplicada sobre uma área de
contato finita, embora extremamente pequena.
As forças aplicadas a um elemento de duas forças numa treliça, Fig. 5/1c, são
aplicadas sobre uma área de contato real do pino contra o furo e,
internamente, ao longo da seção como mostrado.
Nestes e noutros exemplos semelhantes podemos tratar as forças como
concentradas ao analisar seus efeitos externos sobre corpos tratados como um
todo. Trata-se de uma aproximação.
Se, por outro lado, queremos achar a distribuição das forças internas no material de um corpo, próximo ao ponto de contato,
onde as tensões e deformações internas podem ser apreciáveis, não devemos, então, tratar a força aplicada (cargas) como
concentrada, mas, sim, considerar a distribuição real de forças.
Quando forças são aplicadas sobre uma região cujas dimensões não sejam desprezíveis em comparação com outras dimensões
pertinentes, devemos então considerar a distribuição verdadeira de força. Fazemos isto somando os efeitos da força distribuída
sobre toda a região usando integração matemática. Isto requer o conhecimento da intensidade da força em todos os pontos.
Existem três categorias de problemas deste gênero.
(1) Distribuição Linear. Quando uma força está distribuída ao longo de uma linha, como na carga vertical contínua suportada por
um cabo suspenso, Fig. 5/2a, a intensidade w das forças aplicadas é dada como uma força por unidade de comprimento da linha,
newtons por metro (N/m) .
(2) Distribuição numa Área. Quando uma força está distribuída sobre uma área, como a pressão hidráulica da água contra a face
interna da seção de uma represa, Fig. 5/2b, a intensidade é dada como força por unidade de área. Esta intensidade é chamada
pressão para a ação de forças devida a fluidos e tensão para a distribuição interna de forças em sólidos. Em unidades SI, a
unidade básica de pressão ou tensão mecânica no sistema inercial (LMT) é o newton por metro quadrado (N/m2), também
chamado pascal (Pa).
(3) Distribuição Volumétrica. Uma força que está distribuída sobre o volume de um corpo é
chamada de força de corpo (Forças volumétricas - forças proporcionais ao volume do corpo que
sofre a acção da força). A força de corpo mais comum é a força de atração gravitacional, que atua
em todos os elementos de massa em um corpo. A determinação das forças nos suportes da
estrutura pesada em balanço na Fig. 5/2c, por exemplo, teria que considerar a distribuição da
força gravitacional por toda a estrutura. A intensidade da força gravitacional é o peso específico
ρg, em que ρ é a massa específica (massa por unidade de volume) e g é a aceleração devida à
gravidade. As unidades de ρg são (kg/m3)(m/s2) = N/m3, no sistema SI.
A força de corpo devida à atração gravitacional da Terra (peso) é, de longe, a força distribuída
mais encontrada. Consideramos neste capítulo a determinação do ponto num corpo no qual se
pode considerar que atua a resultante das forças gravitacionais.
CENTROS DE MASSA E centróides - 5/2 Centro de Massa -
Considere um corpo tridimensional de qualquer tamanho
e forma com massa m. Se suspendermos o corpo, como
mostrado na Fig. 5/3, de qualquer ponto, ele estará em
equilíbrio sob a ação da força de tração na corda e, da
resultante W das forças gravitacionais atuando em todas
as partículas do corpo. Esta resultante é, claramente,
colinear com a corda. Considere que marcamos sua
posição, fazendo um furo hipotético, de tamanho
desprezível, ao longo da sua linha de ação.
Repetimos agora a experiência, suspendendo o corpo a partir de outros
pontos, tais como B e C, e, em cada caso, marcamos a linha de ação da
força resultante. Para todos os propósitos práticos essas linhas de ação
serão concorrentes num único ponto G, que é chamado de centro de
gravidade do corpo.
Determinando o Centro de Gravidade
Para se determinar matematicamente a localização do centro de gravidade de qualquer corpo, Fig. 5/4a, aplicamos o princípio
dos momentos ao sistema de forças gravitacionais (forças paralelas). O momento da força gravitacional resultante W em relação
a qualquer eixo é igual à soma dos momentos, em relação ao mesmo eixo, das forças gravitacionais dW atuando em todas as
partículas do corpo, tratadas como elementos infinitesimais. A resultante das forças gravitacionais atuando em todos os
elementos é o peso do corpo e é dado pela soma W = ∫ dW. Se aplicarmos o princípio dos momentos em relação ao eixo y, por
exemplo, o momento, em torno deste eixo do peso elementar (dW) é x dW, e a soma desses momentos para todos os elementos
do corpo é ∫ xdW. Esta soma de momentos deve ser igual à do momento da soma (momento da força resultante). Ou seja:
xcmW = ∫ xdW.
Com expressões semelhantes para as outras duas componentes, podemos exprimir as coordenadas do centro de gravidade G
Substituindo W = mg e dW = g dm,
Para visualizar o sentido físico dos momentos das forças de
gravidade na terceira equação, podemos reorientar o corpo e os
eixos associados de modo que o eixo z seja horizontal. É
essencial reconhecer que o numerador de cada uma destas
expressões representa o somatório dos momentos, enquanto o
produto de W pela coordenada correspondente de cm
representa o momento do somatório (momento da força
resultante). Esse princípio dos momentos terá uso repetido por
toda a mecânica.
ÁREAS
VOLUMES
• Quando existe simetria dum sistema em relação a um
ponto, o centro de massa coincide com o referido ponto.
Quando existe simetria em relação a uma recta ou a um
plano, o centro de massa é um ponto dessa recta ou
desse plano.
• Centróides de linhas, superfícies e volumes. Se a
densidade é constante a posição do centro de massa
coincide com a posição do centróide. O centróide é uma
propriedade puramente geométrica do corpo.
Escolha do Elemento de Integração.
Ordem do Elemento. Sempre que for possível,
deve-se dar preferência a um elemento
diferencial de primeira ordem em relação a
um elemento de ordem superior, de modo
que toda a figura seja representada com
apenas uma integração. A título de exemplo,
damos preferência a um elemento de primeira
ordem na forma de um disco de volume dV =
πr2 dy.
Termos de ordem superior são desprezados
em comparação com termos de ordem
inferior.
Coordenadas do centróide de um Elemento. Quando se utiliza um elemento de
primeira ordem ou de segunda ordem é essencial que se usem as coordenadas do
centróide do elemento para o braço dos momentos no cálculo do momento do
elemento diferencial. Assim, para a faixa horizontal de área da Fig. 5/12a, o
momento de dA em relação ao eixo y é xc dA, em que xc é a coordenada x do
centróide C do elemento.
Como um segundo exemplo, considere o meio cone sólido da Fig. 5/12b, com a
fatia semicircular de espessura diferencial, como elemento de volume. O braço de
momento na direção x é a distância xc ao centróide da face.
Escolha do elemento de integração
• Ordem do elemento
• Continuidade
• Desprezar termos de ordem superior
• Escolha das coordenadas
• Coordenada centróide do elemento
EXEMPLO 5/1 - centróide de um arco circular. Localize o centróide de um arco
circular, como mostrado na figura.
R: Quando existe um eixo de simetria o centróide localiza-se sobre o eixo de
simetria. Fazemos coincidir o eixo x com o eixo de simetria e portanto a coordenada
y do centróide é zero (ycentróide = 0). Um elemento de arco diferencial tem
comprimento dL = r dθ, sendo θ o angulo e a coordenada x do elemento é r cos θ.
Podemos usar a simetria do seguinte modo. Consideramos os arcos correspondentes a dois quartos de círculo justapostos. Por
simetria os centróides dos dois arcos de círculo deverão ter valores de x simétricos e o mesmo valor de y.
Area A=bh/2.
Este mesmo resultado é válido para qualquer dos outros dois lados do
triângulo, considerando-se uma nova base com a nova altura correspondente.
Assim, o centróide situa-se na interseção das medianas, pois a distância deste
ponto a partir de qualquer lado, considerado como a base, é um terço da
altura do triângulo.
EXEMPLO 5/3 - centróide da área de um setor circular. Localize o
centróide da área de um setor circular em relação ao seu vértice.
R: Solução I. Consideramos eixo x coincidente com o eixo de simetria o
que implica que o centróide tem coordenada y=0. Podemos Considerar
a área dividida em aneis circulares parciais colocados (como mostrado
na figura) desde o centro até a periferia. O raio do anel é representado
por r0 e sua espessura por dr0, de modo que sua área é dA = 2r0α dr0. A
coordenada x do centróide do elemento do Exemplo 5/1 é xc =
r0 sen α/α.
A área é A=(2α/2 π) π r2.
EXEMPLO 5/3 - Solução II. A área pode também ser preenchida
considerando triângulos de área diferencial. Cada triângulo (como o
mostrado na figura), tem área dA = (r/2)(r dθ). Do Exemplo 5/2, o
centróide do elemento de área triangular está a dois terços de sua altura a
partir do vértice, de modo que a coordenada x ao centróide do elemento é
xc=(2/3)r Cos[ϴ].
A= π r2(2α)/(2π)