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Resumo
Este trabalho tem por objetivo analisar o desempenho dinâmico de redes de
distribuição/subtransmissão com alta penetração de geração fotovoltaica (PV) durante
perturbações na radiação solar. Para esse fim, uma usina PV com capacidade de 30 MW foi
modelada. Essa potência correspondente à capacidade de 29 projetos fotovoltaicos que
estão em curso no Brasil. As perturbações na radiação solar estudadas são as causadas
pelo ciclo diário e pela passagem de nuvens. Nas primeiras, estuda-se sua relação com a
ocorrência de fluxos reversos de potência e incrementos nos níveis de tensão na rede. Nas
segundas, analisa-se seu efeito sobre a regulação de tensão do sistema. Finalmente, são
investigadas alternativas para atenuar os efeitos negativos. Essas alternativas
correspondem a reforços na rede e estratégias de controle local na usina fotovoltaica que
visam regular a potência reativa injetada na rede.
Abstract
This work aims to analyze the dynamic performance of distribution/subtransmission networks
subjected to high penetration of photovoltaic generation (PV) during disturbances in solar
radiation. For that purpose, a 30 MW photovoltaic plant was modeled. This power
corresponds to the capacity of 29 projects that are underway in Brazil. The disturbances that
are under study are those caused by the daily cycle and by passing clouds. In the former, it
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is studied their relation with the occurrence of reverse power flows and increasing voltage
levels. In the latter, it is analyzed their effect on voltage regulation. Finally, they are
investigated alternatives to mitigate the negative effects of the disturbances in the system.
These alternatives correspond to grid reinforcements and local control strategies imposed on
the PV plant aimed to regulate the reactive power injected into the grid.
1. INTRODUÇÃO
Assim, este trabalho analisa o efeito das variações na radiação solar na operação de
uma usina fotovoltaica, estudando sua relação com a ocorrência de fluxos reversos de
potência e com problemas na regulação de tensão do sistema. Para isso, é modelada uma
usina fotovoltaica com potência nominal de 30 MW, o que permite estudar alguns eventos
que podem ocorrer nos 29 projetos fotovoltaicos dessa potência que estão em curso no
Brasil. Além disso, são investigadas alternativas para mitigar os efeitos negativos.
A usina fotovoltaica modelada neste trabalho é constituída por vinte grupos idênticos
de 1,5 MW ligados em paralelo, para um total aproximado de 30 MW. O esquema desses
grupos é apresentado na figura 1. A escolha de 1,5 MVA como potência nominal dos grupos
foi feita com base nas estações de conversão DC/AC existentes no mercado, as quais
podem chegar aos 2 MW (ABB, 2015). O sistema da figura 1 é baseado no modelo
proposto em Yazdani et al. (2011) e os seus principais componentes são um gerador
fotovoltaico, um conversor de fonte de tensão VSC (Voltage Source Converter) e um
sistema de controle com base em uma estratégia de controle de corrente, trabalhando em
coordenadas d-q. O controle é composto por um MPPT (Max Power Point Tracking), que é
responsável de fornecer a referência de tensão DC que garante a máxima geração possível
para cada valor de radiação solar; um PLL (Phase-Locked Loop), que permite a
sincronização da usina com a rede; e um controlador da tensão DC, Kv(z). Além disto, a
usina é ligada a uma rede de média tensão no PCC (Point of Common Coupling) mediante
um filtro RL e um transformador elevador. Uma descrição detalhada do modelo pode ser
encontrada em Yazdani et al. (2011).
3. METODOLOGIA
de 132 kV e nível de curto circuito de 1500 MVA via dois transformadores de 132/33 kV
conectados em D/Yg.
Figura 1. Esquema do grupo fotovoltaico de 1,5 MW. A cor azul é usada para
representar ao sistema de controle.
A figura 3-a mostra uma curva de radiação solar diária típica que permite observar as
perturbações na radiação solar estudadas neste trabalho. Por um lado, a variação pelo ciclo
diário corresponde a uma forma semelhante a uma parábola com máximo ao meio-dia. Por
outro, a passagem de nuvens ocasiona variações aleatórias de menor duração que
distorcem a forma da curva. Neste trabalho é estudado separadamente o efeito dessas
perturbações, utilizando curvas de radiação diferentes em cada caso.
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(a) (b)
Figura 3-a. Curva de radiação diária típica. Figura 3-b. Estratégia de injeção
dinâmica de potência reativa.
Fonte: NREL, 2015.
4. ANÁLISE E RESULTADOS
1
Coordenadas geográficas: Latitude 31,35; Longitude -103,75. Data: março 22 de 2012.
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período de amostragem de uma hora. A radiação atinge o seu valor máximo (945 W/m^2) ao
meio dia e é nula nas horas da noite.
Na figura 4-c é apresentada a curva da potência injetada pela usina fotovoltaica
operando com fator de potência unitário e com a mesma radiação (figura 4-a) nos vinte
grupos que a compõem. A figura também mostra a carga na rede, supondo-a constante e
igual a 15 MW. Ao comparar as figuras 4-a e 4-c observa-se que a potência gerada pela
usina fotovoltaica durante o dia segue a mesma forma da radiação solar. Além disso, a
potência gerada é maior do que o valor da carga no período das 10 ás 17 horas, o que leva
ao surgimento de fluxos de potência reversa. Isto é corroborado na figura 4-b, na qual
mostra-se que a potência ativa na barra 2 é negativa das 10 ás 17 horas, indicando uma
mudança no sentido do fluxo de potência ativa na barra nesse período.
Por sua vez, na figura 4-d é apresentada a tensão no ponto de ligação da usina
fotovoltaica á rede (barra 6). Nela, observa-se que a tensão do barramento aumenta à
medida que a potência gerada cresce, atingindo um valor máximo em torno de 1,1 pu ao
meio-dia. Para aprofundar neste aspecto e mostrar a influência dos fluxos reversos de
potência na regulação tensão foram simulados os cinco casos mostrados na figura 5-a.
Nessa figura, são apresentadas as tensões máximas alcançadas nas barras da rede durante
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(a) (b)
Na figura 5-b são mostrados os resultados obtidos para as três estratégias estudadas,
comparando-as com a condição operativa base na qual o sistema PV trabalha com fator de
potência unitário. Nos resultados da figura 5-b a carga é mantida constante com um valor
igual à metade da potência nominal da usina PV. Assim, é de notar que todas as estratégias
são capazes de reduzir os níveis de tensão na rede, com variações significativas entre elas.
A menos eficaz, embora na prática pode ser a mais custosa, é o reforço da rede de
distribuição, a qual só tem um efeito pequeno sobre as barras 5 e 6. A estratégia de injeção
dinâmica de potência reativa baseada na figura 3-b trabalha apropriadamente, pois mantém
os valores de tensão abaixo do limite máximo típico de 1,05 pu. Por sua vez, a estratégia de
fator de potência constante e igual a 0,95 consegue a maior redução nos níveis de tensão.
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Porém, o funcionamento da usina com este fator de potência pode ser desnecessário em
alguns períodos do dia. Para discutir isso, na figura 6 são mostradas as tensões máximas
alcançadas na rede para diferentes condições de carga com a usina PV trabalhando com
fator de potência de 0,95. A figura permite observar que para a condição na qual a carga é
3,5 maior á potencia nominal da usina, as tensões máximas nas barras 4, 5 e 6 caem abaixo
do limite mínimo típico de 0,95 pu. Tendo em conta a variabilidade da potencia gerada por
uma usina PV, condições semelhantes ás da figura 6 podem apresentar-se durante o
decorrer do dia. Desta maneira, a estratégia de manter um fator de potência constante pode
ser inadequada para garantir a regulação de tensão.
Para simular o efeito das nuvens passageiras foi aplicada a curva da figura 7-a nos
vinte grupos da usina PV. Essa curva representa um comportamento aleatório da radiação
solar que atinge o sistema fotovoltaico durante 60 segundos. A potência gerada nesse
período segue a forma da radiação, como é mostrado na figura 7-c. Isto é devido ao
adequado desempenho do sistema de controle, principalmente do MPPT que mantém a
usina trabalhando na sua máxima capacidade em função da radiação solar incidente. Na
figura 7-b são mostradas as tensões na barra 6 para duas condições de carga. Em cores
claras são apresentadas as tensões obtidas quando o sistema fotovoltaico trabalha com
fator de potência unitário. Por sua vez, as cores escuras representam as tensões após
aplicar a estratégia de injeção dinâmica de potência reativa da figura 3-b. Mostra-se na
figura 7-b que as tensões seguiram a forma da radiação e que a estratégia de injeção de
reativos funciona adequadamente, diminuindo os níveis da tensão quando a carga é menor
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4. CONCLUSÃO
função dos níveis de tensão do barramento. Mostrou-se também que esse fornecimento
pode ser feito pela própria usina com a implementação de controles locais. Além disso,
mostrou-se que o reforço das linhas na rede de distribuição tem um efeito menos
significativo sobre a regulação de tensão que o conseguido pelos controles locais.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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