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21º CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA

11 a 14 de Julho de 2023 - UFPA


CT 23 – Sociologia da Saúde

O ACOLHIMENTO DA UMBANDA COMO PRÁTICA TERAPÊUTICA

Adriana Cristina Zielinski do Nascimento


Doutoranda em Sociologia - UFPR. Membro do grupo de pesquisa em Sociologia da Saúde da
Universidade Federal do Paraná. E-mail: adrianazielinski@gmail.com

Marisete Teresinha Hoffmann-Horochovski


Professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e do Mestrado Profissional de
Sociologia em Rede Nacional da Universidade Federal do Paraná. Membro do grupo de pesquisa
em Sociologia da Saúde da Universidade Federal do Paraná. E-mail: marisetehh@gmail.com

Curitiba - PR
2023
O ACOLHIMENTO DA UMBANDA COMO PRÁTICA TERAPÊUTICA

Adriana Cristina Zielinski do Nascimento1


Marisete Teresinha Hoffmann-Horochovski2

RESUMO

Este trabalho, parte de pesquisa em andamento sobre a Umbanda, se dedica a


pensar o acolhimento como prática terapêutica. Interessa aprofundar as
discussões relacionadas ao acolhimento religioso, realizado em diferentes
espaços considerados sagrados, com o intuito de desvendar como ele atua sobre
o processo saúde-doença, suscitando emoções e (novas) formas de
subjetividades. Parte-se do pressuposto que a Umbanda, caracterizada por uma
riqueza de símbolos em função de sua complexidade ritualística, detém um saber,
transmitido geracionalmente, que está ligado ao cuidado e à execução de práticas
de cura. Metodologicamente, utiliza a observação participante em quatro terreiros
da cidade de Curitiba, Paraná. A investigação sociológica aponta para uma
interação entre quem cuida e quem é cuidado e para uma diversidade de práticas
e saberes tradicionais, da escuta ao benzimento, que podem atuar
significativamente no processo de cura.
Palavras-chave: Acolhimento; Saúde; Umbanda.

INTRODUÇÃO
O presente trabalho se dedica a pensar o acolhimento como prática
terapêutica na religião da Umbanda. Alicerçado em pesquisa, em andamento,
desenvolvida na cidade de Curitiba/PR, visa aprofundar questões relacionadas ao
acolhimento religioso, com o intuito de averiguar como ele atua sobre o processo
saúde-doença, suscitando emoções e (novas) formas de subjetividades.
Ressalta-se que o acolhimento, assim como outras práticas religiosas, pode ser
realizado no espaço do terreiro, onde ocorre a maior parte das cerimônias, bem
como em outros lugares próximos à natureza, como praia ou mata, considerados
sagrados para os adeptos da Umbanda, religião brasileira fundada em 1908 no
Rio de Janeiro.
1
Doutoranda em Sociologia - UFPR. Membro do grupo de pesquisa em Sociologia da Saúde da
UFPR. E-mail: adrianazielinski@gmail.com
2
Professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e do Mestrado Profissional de
Sociologia em Rede Nacional da Universidade Federal do Paraná. Membro do grupo de pesquisa
em Sociologia da Saúde da UFPR. E-mail: marisetehh@gmail.com
A origem do termo, Umbanda, remonta à cultura banto e, de acordo com
Bairrão e Leme (2003), designava aquele que curava, o curandeiro, cuja função
era tratar dos males da comunidade seguindo os conhecimentos de sua tradição.
Sem se afastar da perspectiva de cura, a Umbanda se consolida como uma
religião caracterizada por uma riqueza de símbolos em função de sua
complexidade ritualística, envolvendo uma multiplicidade de elementos
socioculturais.
Agrega em seu bojo, vertentes religiosas de matrizes africanas e
indígenas, além do catolicismo e espiritismo. Segundo Verger (1999a, p. 193), “a
umbanda é uma religião popular tipicamente brasileira, que apresenta um caráter
universalista que engloba principalmente em seu corpo doutrinário cinco
influências: africana, católica, espírita, indígena e orientalista”. Isso a torna
constitutivamente plural. Essa pluralidade se reflete na prática cotidiana,
possibilitando uma diversidade de cultos, conforme a influência maior de uma ou
outra matriz religiosa, que é transmitida oralmente e geracionalmente, dos mais
velhos para os mais jovens.
Assim, dentro da religião de Umbanda, os adeptos são preparados como
médiuns, isto é, aprendem com mãe ou pai de santo e podem criar a habilidade
para obter uma conexão entre o plano físico e o plano espiritual por meio da
incorporação3 de entidades espirituais. Essas entidades são espíritos que,
incorporados ou não, guiam seus protegidos, de acordo com os fiéis.
No percurso da preparação mediúnica, o adepto passa por vários rituais de
iniciação e desenvolvimento, além dos processos educativos internos ministrados
normalmente pelo(a) dirigente do terreiro, mãe ou pai de santo. É o dirigente que,
por meio de sua abordagem e de seu processo anterior de aprendizagem, dará a
identidade daquele espaço sagrado com sua ritualística. Isso porque a
aprendizagem, de forma oral, não distingue teoria e prática, comum em outras
religiões institucionalizadas. O futuro sacerdote ou dirigente de terreiro de
Umbanda, aprende na vivência cotidiana das práticas, sem depender da chancela

3
Incorporação: fenômeno mediúnico, transe que de acordo com Linares (2018, p. 96-99), é “a
faculdade que determinadas pessoas têm de poder, até mesmo, emprestar seu corpo físico a um
espírito desencarnado [...] para que este possa, por meio daquele, manifestar-se, comunicar-se
pelo transe mediúnico”
de outra esfera, senão a de quem lhe ensina os ritos, ou seja, sua liderança de
terreiro, o(a) mais velho(a), mãe ou pai de santo.
Apesar da diversidade de culto, há uma unicidade de pertencimento e
crença religiosa. Ainda que cada terreiro tenha sua identidade em função da
forma de aprendizagem de cada casa, a Umbanda tem em sua essência uma
identidade maior que a constitui como religião que resiste num contexto adverso.
Não obstante, embora essa seja uma temática relevante, assume um papel
secundário neste artigo que se dedica fundamentalmente a pensar o acolhimento,
suas formas e os locais onde ocorre, sua relação com a herança cultural
afro-brasileira e sua articulação com a interculturalidade na perspectiva da
resistência em existir.
O trabalho está organizado em duas partes centrais, além desta breve
introdução e das considerações finais, e articula teoria e prática, se apoiando em
autores como Quijano (2005), Le Breton (2019), Elias (1994), entre outros, e na
observação participante em quatro terreiros da cidade de Curitiba, Paraná. A
escolha dos terreiros pesquisados ocorreu por um deles estar entre os mais
antigos de Curitiba; outro possuir uma liderança feminina e ser também um dos
mais antigos; um terceiro por ser dirigido por uma liderança mais jovem e, por fim,
um quarto por ser o terreiro de uma das autoras desta pesquisa4. Na primeira
parte, aborda-se o acolhimento na Umbanda, o lugar do corpo e das emoções,
procurando descrever como se dá o acolhimento de quem busca a religião e suas
motivações. Na segunda parte, apresenta-se discussões relacionadas aos
espaços de acolhimento na Umbanda, principalmente os espaços físicos e os
simbólicos, sublinhando sua relação com a herança cultural afro-brasileira.

ACOLHIMENTO NA UMBANDA, O LUGAR DO CORPO E DAS EMOÇÕES


O Sistema Único de Saúde (SUS) trabalha o termo "acolhimento”, no
campo da saúde, como uma ferramenta de intervenção que procura qualificar a
escuta, construir vínculos, garantir acesso com responsabilização e resolutividade

4
A pesquisadora, que assina como primeira autora, é Mãe de Santo há mais de vinte anos à
frente do Terreiro de Umbanda Tia Maria (Associação Espiritualista Luz da Manhã - ALMA). No
caso deste terreiro, houve uma participação observante na perspectiva de Wacquant (2002).
nos serviços. Trata-se de uma “tecnologia do encontro”, com o objetivo de
construir redes e processos de produção de saúde. Os objetivos do acolhimento
consistem em atender, ouvir pedidos, prestar atendimentos resolutivos
responsáveis e estabelecer articulações entre os serviços da rede, encaminhando
e orientando pacientes e familiares para a continuidade da assistência (BRASIL,
2007).
É nesta perspectiva de escuta qualificada, aconselhamento, orientação e
encaminhamento para o SUS quando necessário, que se procurou verificar o
acolhimento na religião umbandista. Importante registrar aqui que a Umbanda,
como religião brasileira, reflete a história e a sociedade do país e apresenta um
conjunto de práticas capaz de acompanhar as rápidas transformações de uma
sociedade cada vez mais planetária, pluralista, multicultural e inter-racial (MELLO
E OLIVEIRA, 2013).
Por meio da observação participante e também da participação
observante, foi possível constatar que os adeptos, os iniciantes nos rituais
religiosos, primeiramente são acolhidos pelo(a) mais velho(a), designado(a) como
liderança, Pai ou Mãe de Santo. É a liderança que ao longo de um tempo, que
pode variar de terreiro para terreiro com variação de mais de um ano, dentro de
um processo ritualístico próprio, prepara o adepto, com conhecimentos de forma
oral, com desenvolvimento mediúnico e experiências do cotidiano umbandista
para assim, poder acolher as pessoas que procuram a Umbanda.
A busca pela Umbanda pode ocorrer por diversas motivações, sendo as
mais comuns: busca de benzimento e de remédios naturais, como chás,
garrafadas, entre outros; busca de consultas com entidades espirituais com
perguntas de diversas ordens, de campo amoroso, de trabalho, de bons
caminhos, de relações sociais, entre outras. Neste processo, muitas pessoas que
recebem o auxílio que necessitam, acabam convertendo-se à religião, sendo
acolhidas pelo pai ou mãe de santo, tornando-se um adepto e ajudando outras
pessoas.
Vale salientar que, a princípio, os acolhimentos são feitos pelas lideranças
dos terreiros e pelas entidades espirituais que, por meio da mediunidade,
apresentam-se nos terreiros para acolher, benzer, orientar, dar conselhos,
transmitir ensinamentos para a promoção da cura e outros atendimentos para
outros fins e, ao longo do processo, os adeptos são preparados para acolher e
tornarem-se o mais velho, experienciando e aderindo os conhecimentos de forma
oral.
O acolhimento inicia antes mesmo de começar a ritualística, as pessoas
vão chegando, adeptos e simpatizantes interagindo, pois observa-se que muitos
já se conhecem, entre conversas, abraços e sorrisos, outras pessoas que chegam
na assistência para receber atendimento, muitas vezes denota-se certa tristeza,
portanto, percebe-se uma diversidade de necessidades para a busca desta
religiosidade.
Ao iniciar a sessão, as entidades espirituais, incorporadas nos médiuns,
adeptos da Umbanda, ficam à disposição das pessoas para o acolhimento. As
pessoas são levadas ao centro do local da ritualística para o acolhimento, que
inicia com o benzimento, também chamado de passe, percebe-se que
independente da motivação da ida ao terreiro, todas as pessoas optam por passar
pelo benzimento.
Durante o passe, pode acontecer a consulta com a entidade espiritual ou
encaminhado a outra entidade espiritual para acolhimento e aconselhamento,
conforme a necessidade. Todo o acolhimento, incluindo a aplicação da benzeção
(passe), são intermediados pelos médiuns com entidades espirituais incorporadas
e por outros que auxiliam para sanar dúvidas quanto à comunicação entre a
entidade e a pessoa (BARBOSA, 2015).
Durante a pesquisa, observou-se que algumas entidades espirituais
utilizavam ervas ou plantas medicinais para o passe e indicações de remédios
com algumas plantas e raízes, com intuito de proporcionar a manutenção da
saúde ou até mesmo como uma forma complementar ao tratamento iniciado pelo
médico ou no passe aplicado dentro do terreiro.
O conhecimento tradicional da Umbanda em relação a ervas, raízes,
plantas para formular chás e remédios naturais, além do exercício da escuta e do
aconselhamento, o benzimento, a disponibilidade de tempo e energia para o
acompanhamento no tratamento, podem proporcionar a diminuição da distância
entre o enfermo e o cuidador. A relação de acolhimento vivenciada nos terreiros
pode permitir uma interação entre as subjetividades do cuidador e de quem é
cuidado. O adepto ou simpatizante convalescente encontra forças para a
superação de seus problemas de saúde por meio do acompanhamento da mãe
ou pai de santo, liderança do terreiro, intermediado pela dedicação e assistência
empreendidas por parte da coletividade do terreiro, formando uma espécie de
rede de cuidados, conforme afirma o Pai de Santo João (2023):

As pessoas que vem na assistência do terreiro, quando chegam, a gente


não sabe o que vem buscar, muitos vem pela saúde, para tomar
benzimento, o passe com as entidades ou vem tomar a defumação para
limpeza espiritual ou para pedir conselhos ou para de algum jeito superar
algum problema e a gente acolhe tudo, só não acolhe maldade. O
terreiro inteiro, os médiuns estão ali para ajudar de alguma forma,
porque eu dedico minha vida a ensinar os mais novos para fazer o bem,
então assim formamos uma grande família que ajuda os outros.

O acolhimento é rodeado de um rico universo simbólico religioso que


constitui uma importante herança histórica e social, assimilado e aderido pelos
adeptos desta religião. No campo religioso, os mitos e as crenças exteriorizam o
domínio dos símbolos (MAUSS, 1974), pois os símbolos têm a ver com os
códigos culturais, refletem a estrutura social na qual o indivíduo está inserido.
No interior do terreiro, nas paredes, estão dispostos artefatos indígenas,
africanos e o altar (congá) conta com imagens de orixás e santos católicos,
símbolos que podem promover nos adeptos e simpatizantes, um sentimento de
pertencimento e envolvimento nas práticas religiosas. Outro símbolo observado é
a música, o que os umbandistas chamam de rezas cantadas, ao som de
atabaques (tambores) que apontam ritmos mais rápidos ou suaves, a depender
possivelmente da necessidade da ritualística para o acolhimento.
Em função do acolhimento, vale trazer aqui Le Breton (2019) explicando
que, ao nos relacionarmos com outrem, empregamos uma série de movimentos
corporais, posturas e gestos regidos por normas sociais e culturais que orientam
a maneira mais adequada de nos comportarmos de acordo com as diferentes
situações. Dada a função significativa que exercem, transmitindo sentidos
particulares durante as interações, os movimentos corporais passam a se
constituir em uma forma de comunicação que só pode ser compreendida
conforme seu contexto de origem. Ainda, segundo Le Breton (2019), é por
intermédio de sua corporeidade que os sujeitos exprimem e comunicam aquilo
que sentem aos outros durante suas relações cotidianas, através da mobilização
de diversos signos e códigos próprios de um repertório cultural particular.
Para o autor, os olhos são responsáveis por captar os sentidos
intercambiados entre os sujeitos e por difundir informações, integrando a
comunicação operada pelo corpo. Assim, tal como os movimentos corporais, o
contato de olhares evidencia o tom afetivo de certa ocasião, seja pela forma como
se olha, quanto pelo tempo e a direção do olhar, fazendo com que ele seja
entendido também como uma experiência emocional. Desse modo, no
acolhimento dado nos rituais de Umbanda, entrar em contato visual com o outro
pode indicar reconhecimento, pois, “não fitar o outro é como riscá-lo do mapa
simbolicamente, rejeitá-lo ou considerar seu rosto insignificante, isto é: vilificá-lo
no meio social” (LE BRETON, 2019, p. 291).
Sem esse olhar para o acolhimento Umbandista, pode resultar no que Le
Breton (2011) chamou de objetificação do corpo humano como metáfora moderna
do corpo/máquina, sendo a atuação do médico como de conserto a avaria desta
máquina. Ao tornar o ser humano uma máquina, interfere no relacionamento do
paciente com os profissionais de saúde, que é calcado no distanciamento. Le
Breton (2011, p. 290) escreveu que o afluxo de doentes aos curandeiros e aos
praticantes das medicinas paralelas “atestam bem a amplitude do fosso que se
escavou entre o doente e o médico”.
O relativo sucesso do acolhimento terapêutico umbandista consiste na
percepção do adepto da religião para além da doença e do entendimento desta
doença, na totalidade de corpo e espírito. Os saberes populares sobre o corpo,
não coadunam com a representação oficial, pois “não isolam o corpo do cosmos,
eles se articulam em um tecido de correspondência” (LE BRETON, 2011, p. 130).
E conforme Giglio-Jacquemot afirma,

O recorte em doenças materiais e doenças espirituais não se baseiam


em critérios descritivos. Ele não separa as doenças em função da parte
atingida da pessoa - seu corpo ("parte material") ou seu espírito ("parte
espiritual") - nem segundo suas manifestações. Nenhuma classificação
nosográfica se perfila atrás dessa distinção que, também, não remete à
uma oposição entre doenças físicas e mentais. Corpo e espírito estão
numa relação demasiado simbiótica para que a doença atinja um, sem
atingir o outro. Na umbanda, esses dois componentes da pessoa, são
concebidos como diferentes, não são independentes: eles interagem e
se penetram mutuamente. Em virtude dessa concepção, o espírito e o
corpo estão implicados em toda doença, quer seja classificada na
categoria das doenças materiais ou na das doenças espirituais
(GIGLIO-JACQUEMOT, 2006, p.86).
Vale salientar que, nos terreiros pesquisados, mesmo com a compreensão
de corpo e espírito interligados diante das doenças, existe um ponto em comum
de orientação de que todas as doenças já acompanhadas pelos médicos sejam
mantidas, inclusive, durante os benzimentos, acolhimentos e aconselhamentos,
podem acontecer indicações pela procura de exames médicos complementares.
Além da continuidade do uso dos saberes umbandistas no terreiro, portanto, os
umbandistas sugerem as ervas medicinais como complemento de tratamento ou
ainda, indicam como prevenção de alguma doença.
Brito (2017) entende que a Umbanda é um arranjo estruturado de saberes
corporais, intelectuais e metafísicos que são partilhados na experiência coletiva
das casas em que é praticada. Cabe destacar que a mediunidade, por meio da
incorporação de espíritos, é o elemento central da crença e prática umbandista, o
que leva a um protagonismo da liderança de terreiro que ensina de forma oral,
como já mencionado anteriormente, os seus adeptos, e ainda, o desenvolvimento
mediunico dos seus médiuns para o atendimento com acolhimento das pessoas
que lá buscam.
A convivência dos adeptos e simpatizantes na casa de Umbanda cria um
fluxo de informações que gera uma ecologia de saberes diversos. A pauta central
das manifestações das entidades espirituais incorporadas nos médiuns da
Umbanda é um apontamento para a cultura da paz, a prática da fraternidade, o
exercício do amor e a tolerância, por meio do acolhimento (NASCIMENTO, 2020).
Ao acolher pessoas na sua condição de vulnerabilidade social, física e psíquica, a
Umbanda enquanto prática religiosa permite tratar as mazelas situacionais dos
seus adeptos e simpatizantes, sem descartar o acompanhamento médico e as
indicações de medicamentos.
Neste contexto, o adepto umbandista aprende com seu mais velho,
mantendo um ciclo de transmissão e a permanência da religião. Para Elias
(1994), cada pessoa é criada por outras que existem anteriormente a ela,
surgindo necessariamente como parte de uma associação de pessoas, de um
todo social. Isso, porém, não distingue graus de importância entre o indivíduo e o
grupo social ao qual ele pertence. Apenas quer dizer que nem a sociedade é
maior que o indivíduo, nem o indivíduo é parte da sociedade, assim como nem o
indivíduo tem maior ou menor valor que seu coletivo. Elias (1994), busca uma
maneira de pensar os indivíduos como indissociáveis da relação com o outro,
assim como de conceber a sociedade como resultante de um agrupamento de
pessoas, a exemplo, o coletivo de adeptos da religião de Umbanda ao manter o
ciclo de aprendizado que vai criando e recriando o grupo social de pertencimento.
Destarte, os médiuns que recebem o aprendizado do seu mais velho,
dirigente do terreiro, poderá se tornar dirigente, mãe ou pai de santo, liderança de
um novo grupo e assim poderá ter um espaço físico para seus atendimentos ou
como trata-se aqui, acolhimento, cuidado. Para se obter este espaço físico, a
nova liderança provavelmente tentará algumas estratégias para a efetivação,
conforme abordado na próxima seção.

LUGARES DA UMBANDA
Aos poucos, as pessoas vão chegando e, ao se aproximarem do horário de
início da cerimônia ou sessão, a quantidade de pessoas aumenta. Entre
cumprimentos, abraços, sorrisos e conversas, os grupos começam a se separar, a
princípio pela cor da roupa, sendo que os de branco ficam dispostos em
semicírculo, mais próximos do altar (também chamado de congá), e outras
pessoas com cores diversas de roupa ficam sentadas na assistência, uma
espécie de sala de espera, que serve para assistir a sessão e aguardar o
atendimento.
A porta do terreiro fica aberta o tempo todo, durante a ritualística,
possibilitando que alguns cheguem e outros saiam de acordo com suas vontades
ou necessidades, mas a maioria permanece no local. No meio do salão, existe
uma mureta com menos de um metro de altura que separa a área de gira (da
cerimônia praticamente dita), da assistência. Ainda que utilizada para separar os
adeptos da assistência, a mureta apresenta uma abertura para a circulação das
pessoas entre os dois espaços.
Os lugares de reza e de acolhimento na Umbanda têm espaço físico para a
maioria de suas sessões, que podem ser nomeados como terreiro, denominação
mais utilizada neste artigo, templo, roça ou barracão. Geralmente esses lugares
compreendem um espaço próprio para uso exclusivo da religião, mas podem
também, em caso de escassez de recurso, serem improvisados na casa da
liderança. Além do espaço do terreiro, como a religião tem intrínseca relação com
a natureza, os umbandistas podem fazer suas sessões em rios, mares, florestas,
fontes, nascentes, pântanos, pedreiras, cachoeiras, cemitérios e campinas.
Dentre as inúmeras razões que explicam essa relação com a natureza em si,
destaca-se a influência das religiões de matriz indígena e africana.
Sobre o lugar do terreiro na geografia urbana, e o lugar muitas vezes sem
placa e até interligado a casa, o que pode apontar uma espécie de subalternidade
social e simbólica, Brumana e Martínez afirmaram que:

(...) nada permite identificar pela sua arquitetura um terreiro umbandista


(...) Quase nunca um terreiro é um edifício construído exclusivamente
para esse fim. Na maioria das casas é a adaptação ou o aproveitamento
de um espaço na casa do pai ou mãe-de-santo: uma construção no
jardim, a ampliação de uma garagem, a adaptação de um quarto. O
terreiro é, pois, em geral a casa de seu chefe, não tanto porque ele mora
no terreiro, mas porque transformou sua casa em terreiro (BRUMANA;
MARTINEZ, 1991, p.119).

Nesta perspectiva, Birman (1985, p. 73-74) aponta que os terreiros, em


comparação com igrejas que ocupam pontos de destaque na geografia urbana,
são difíceis de encontrar, o que é compatível ainda com o lugar social da
Umbanda em nossa sociedade.
Enquanto local de culto e prática, o terreiro é espaço aberto ao público,
fazendo da casa um espaço de comunhão e acolhimento. Por outro lado, o
terreiro enquanto instituição religiosa não ocupa o mesmo lugar de destaque dos
templos cristãos de outras religiões, tendo sua exposição, normalmente sem
placas de identificação, velada para desviar as atenções, promovendo uma
provável invisibilização da estrutura religiosa umbandista, afro-brasileira.
Nesse sentido, conforme Nogueira (2014), salienta-se a importância de
historicizar o processo de construção do conhecimento que engendrou as
estruturas naturalizadas e racializadas de certos paradigmas epistemológicos,
bem como realizar um exercício crítico “sobre os sistemas de posições e lugares
geopolíticos da produção filosófica, isto é, a problematização da invisibilidade do
lugar histórico e político na construção de conhecimento e da pressuposição da
neutralidade de um sujeito universal” (NOGUEIRA, 2014, p. 22).
Interessante pensar, a partir de Quijano (2005), como as pessoas podem
ser afetadas internamente sobre as questões do conceito de colonialidade que o
autor aborda, sobre o apagamento de identidade e aponta como esta lógica
colonialista atravessa os modos de vida, de se ver e de se identificar, dos povos
negros e indígenas, por meio da globalização.
Quijano (2005) aponta três conceitos para entender as estruturas de poder
que sistematizam a América Latina dentro de um contexto de uma história global,
sendo: a globalização, originada do capital moderno e colonial, estrutura de poder
baseada, não somente, mas principalmente na classificação racial; o
eurocentrismo que é a racionalidade justificativa do colonialismo; e o colonialismo
que é basicamente a prática de domínio político, cultural ou religioso sobre um
determinado povo. Nesse sentido, a colonialidade do poder tem muito haver com
as relações com o racismo, com a América Latina, com a nossa relação com o
trabalho, a religião, entre tantas que atravessam os nossos modos de vida e de
viver.
Quando há um rompimento com o período do colonialismo, vem uma nova
forma de colonização, é o que Quijano (2005) chama de colonialidade, uma nova
forma de ideia de raça, de enriquecimento da supremacia branca, o que tem
muita relação com o dia-a-dia. Nesse sentido, os estudos deste autor se tornam
relevantes para pensar o local físico e simbólico da religião de Umbanda no que
tange seu escopo de matrizes religiosas como a africana, que coaduna com a
história do povo Africano trazido para o Brasil, com seus costumes, saberes e sua
religiosidade.

A história é, contudo, muito distinta. Por um lado, no momento em que os


ibéricos conquistaram, nomearam e colonizaram a América (cuja região
norte ou América do Norte, colonizaram os britânicos um século mais
tarde), encontraram um grande número de diferentes povos, cada um
com sua própria história, linguagem, descobrimentos e produtos
culturais, memória e identidade. São conhecidos os nomes dos mais
desenvolvidos e sofisticados deles: astecas, maias, chimus, aimarás,
incas, chibchas, etc. Trezentos anos mais tarde todos eles reduziram-se
a uma única identidade: índios. Esta nova identidade era racial, colonial
e negativa. Assim também sucedeu com os povos trazidos forçadamente
da futura África como escravos: achantes, iorubás, zulus, congos,
bacongos, etc. No lapso de trezentos anos, todos eles não eram outra
coisa além de negros (QUIJANO, 2005, p.116).

O resultado disso é que todos estes povos foram despojados de suas


identidades, então com esta nova identidade racial, colonial e negativa, aponta
um deslocamento de seu lugar na história, tidos portanto como raças inferiores,
capazes de produzir culturas inferiores, estas são as bases do racismo, talvez
este seja um fio condutor para a reflexão quanto ao lugar simbólico e físico, onde
se encontra a religião de Umbanda com sua matriz africana e indígena.
Nesse sentido, destaca uma mãe de santo durante a pesquisa que: "A
gente cuida muito das pessoas, da natureza e sempre que precisar estamos aqui
com rezas, plantas e ervas para ajudar, mas está cada dia mais difícil de estar na
religião, porque tem muito preconceito ainda." (Mãe Yabá, 2023)
Para tanto os estudos de Quijano (2005), neste artigo, corroboram para
reflexões do lugar cultural da religião de Umbanda a partir do conceito da
colonialidade do poder, quiçá este conceito podem nos dar pistas da localização
dos terreiros na geografia urbana, pois a colonialidade do saber e do poder
(QUIJANO, 2005) organiza quem tem legitimidade para falar e quais saberes são
levados em conta.
A partir destes apontamentos teóricos, é possível reconhecer que o lugar e
a natureza são perpassados pelos fluxos do mundo capitalista globalizado. No
entanto, por outro lado, o domínio sobre território e saberes tradicionais forma um
importante arcabouço a partir do qual as tradições podem reordenar as relações
da vida cotidiana, oportunizando a resistência em existir e manter assim a
produção simbólica que permite a esses mesmos sujeitos, neste caso aqui
discutidos, os adeptos da religião de Umbanda, se identificarem com os aspectos
sociais e naturais aos quais estão conectados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, o intuito é dialogar - a partir do aporte teórico, da observação
participante e participação observante -, trazer discussões e reflexões referentes
aos caminhos da religião de Umbanda no que tange o acolhimento (e os locais
onde é realizado), bem como sua relação com a herança cultural afro-brasileira e
sua articulação com a interculturalidade na perspectiva da resistência em existir.
O acolhimento é fundamental na ritualística umbandista, importante para o
bem estar físico e mental das pessoas que buscam esta religião e, de certa
forma, sobrevive como uma prática terapêutica a despeito da hegemonia do
pensamento biomédico. O acolhimento e cuidado observado nos terreiros
apresentam-se como tentativas de soluções para cada adepto ou simpatizante da
religião, a partir dos conhecimentos geracionais e orais dos mais velhos, bem
como da escuta e aconselhamento das entidades espirituais.
No campo, observou-se que os simpatizantes procuram a religião de
Umbanda com a tentativa de resolver problemas de saúde física e mental, além
de assuntos de ordem financeira, amorosa, entre outros, que são encaminhados
para o acolhimento com escuta e aconselhamento. Em relação a problemas de
saúde, mesmo após terem ido ao médico, optam pela busca do benzimento e
remédios naturais com as ervas e plantas do próprio terreiro, outra situação
observada é de alguns casos em que os simpatizantes encontram dificuldades de
acesso ou a demora por consultas médicas e procuram pela busca de cura no
ambiente de terreiro.
Vale salientar que, nos terreiros pesquisados, todas as pessoas passaram
pelo benzimento, escuta e aconselhamento. Dentre os aconselhamentos,
observou-se que em casos específicos, havia a indicação de busca por
psicólogos e até médicos para a melhora do quadro de saúde. Contudo, a maioria
das pessoas continua semanalmente com os benzimentos e remédios naturais,
pois acreditam que isso é fundamental para assegurar o bem-estar físico, mental
e espiritual.
As práticas terapêuticas acontecem tanto nos espaços dos terreiros como
nos locais de natureza, como mar, rios, montanha, campina, floresta, valendo-se
do ambiente natural para inclusive utilizar plantas extraídas de alguns destes
espaços para tratamento de saúde-doença. Dentre as práticas terapêuticas,
observou-se uma escuta atenciosa das necessidades de cada pessoa, permitindo
uma ampliação nas relações, o que pode tornar o acolhimento mais eficaz.
A partir da pesquisa e das literaturas utilizadas, aponta-se que o
conhecimento tradicional da Umbanda, bem como o exercício da escuta e do
aconselhamento, o benzimento, o acolhimento e o acompanhamento no
tratamento, podem proporcionar bem-estar para o frequentador que busca por
auxílio, para tanto, a necessidade de um espaço físico acolhedor e seguro.
Conforme as reflexões relacionadas aos locais simbólicos e físicos, a
Umbanda encontra-se socialmente marginalizada pela invisibilidade e pela
exclusão social marcada pelo preconceito religioso e racial. Não obstante, as
expressões religiosas de matrizes africana e indígena parecem resistir em seus
territórios, corroborando com os cuidados com o meio ambiente em seu entorno
conforme preconiza as fontes das relações doutrinárias destas comunidades.
Entende-se até então que a religião de Umbanda integra socialmente, uma
vez que membros de uma comunidade religiosa compartilham a mesma
cosmovisão, valores comuns, praticando sua fé em grupo, desenvolvendo uma
rede de sociabilidades.
Os saberes tradicionais umbandistas, pela influência de suas matrizes
indígena e africana, percebem seus adeptos intimamente conectados à natureza,
reconhecendo que são parte integrante e dependentes dela. Nesse sentido, o
lugar como espaço das tradições é também um foco de resistência ao capitalismo
como forma hegemônica de organização das relações entre pessoas e destas
com a natureza circundante. Resgatar o lugar como espaço crítico é uma postura
potente e educativa frente aos processos de alienação impostas por este sistema
de modernidade capitalista.
Concorda-se com Quijano (2005), quando aponta caminhos para uma
descolonização, uma vez que a colonialidade implica na permanência do
colonialismo; uma descolonização epistêmica, uma descolonização do
conhecimento com vistas à valorização dos saberes que foram subalternizados e
a construção de epistemologias que valorizem tais saberes, como forma,
inclusive, de pensar o mundo por outro viés, que não o eurocêntrico.
Enfim, pode-se pensar que a interculturalidade existente na religião de
Umbanda apresenta uma postura descolonial que emerge no espaço da diferença
colonial em uma lógica que foge às grandes especulações epistemológicas
ocidentais. O conceito de colonialidade de Quijano (2005), permite vislumbrar a
religião de Umbanda enquanto espaços ocupados por uma epistemologia própria,
dotada de uma lógica diferente da europeia.
A africanidade, os saberes dos povos nativos e as religiões de matriz
africana, como a Umbanda, seriam veículos potentes para pensar outros olhares
sobre a realidade nacional e nossas origens. Portanto, seguindo Quijano (2005),
acredita-se que a colonialidade do poder tem como substrato a colonialidade do
ser, de modo que as lutas de resistência são fenômenos que marcam a dinâmica
dos grupos subalternizados.
Nesse sentido, reconhecer a dimensão identitária do lugar, tanto do ponto
de vista espacial quanto social, é tarefa importante para empoderar populações
excluídas e silenciadas, como os adeptos da religião aqui apresentada, que
teimam em resistir na sua existência. Para tanto, acredita-se que é necessário
reconectar os saberes com a realidade social e a natureza.
A coletividade, encontrada entre os adeptos de Umbanda e sua relação
com o território, tem fundamental importância para se ressignificar as relações
humanas para além da alienação cotidiana, pois o processo de globalização,
histórica, que visa aumentar os lucros, que é o que move os capitais produtivos
ou especulativos de mercado, normalmente torna as culturas do povos
tradicionais esquecidas ou até destruídas.
Sem encerrar o debate, destaca-se que ao ressignificar a discussão e
reflexão por meio do aporte teórico e da observação participante, é possível
descortinar os saberes, possibilitando novos olhares ao que está posto. Contudo,
vale salientar, novamente, que a pesquisa está em andamento e para tanto,
necessitando de mais estudos com referenciais teóricos que discutam a temática,
além de aprofundamento investigativo, com o intuito de confirmar ou não,
algumas hipóteses aqui elencadas.

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