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PROGRAMA ENSINAR
POLO ITAPECURU-MIRIM
CURSO DE HISTÓRIA LICENCIATURA
Itapecuru-Mirim/ MA
2021
1- Definição e recorte do tema de pesquisa
O tema será pesquizado no Nordeste brasileiro, entre os anos de 1922 (quando Lampião
torna-se líder dos cangaceiros) e 1938 (ano de sua morte).
ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de; FERNANDES, Leandro Cardoso de. Lampião, a medicina
e o cangaço. São Paulo: Traço. 2005.
HOBSBAWM, Eric J. Bandidos. São Paulo: Editora Paz e Terra, 4° Edição, 2010.
MELLO, Frederico Pernambucano. Estrelas de Couro: a estética do cangaço. 3. ed. São Paulo:
Escrituras Editora, 2015.
OLIVEIRA, Iranilson. Artes de curar e modos de viver na geografia do cangaço. História, Ciências,
Saúde – Manguinhos, v.18, n.3, 2011, 745-755.
PERICÁS, Luiz Bernardo. Os Cangaceiros: ensaio e interpretação histórica. 1°edição. São Paulo:
Boitempo, 2010.
Souza, Ricardo Luiz de. Festas, procissões, romarias, milagres : aspectos do catolicismo popular /
Ricardo Luiz de Souza. – Natal : IFRN, 2013.
Silva, R. R., & Siqueira, D. (2009). Espiritualidade, religião e trabalho no contexto organizacional.
Psicologia em Estudo, Maringá, 14(3), 557-564.
2- Apresentação do Trabalho
Desde muito criança, ouvi várias relatos sobre Lampião e seu bando. Histórias que
sempre me despertaram interesse e curiosidade. O ingresso no curso de História me fez ter
um olhar ainda mais aprofundado sobre as narrativas de Lampião e seu bando que minha
avó, habitante do sertão da Paraíba costumava contar. Ao estudar mais profundamente sobre
o tema, a religiosidade e as supertições praticadas pelo bando me chamaram muita atenção,
pois diversas dessas atividades religiosas presentes no cangaço, também eram praticadas por
minha avó. Logo, pude perceber que religião e superstições são elementos que desde muito
cedo fizeram parte da vida do nordestino. Sempre foram características de um povo
sofredor, que quando se via desolado com a fome e a pobreza, buscava na religião um
refúgio para a dor, um impulso para não desistir de viver. Um povo que procurava nas
superstições uma forma mágica de ler interpretar o mundo, uma maneira de cura para as
enfermidades e até mesmo formas de se livrar das coisas ruins e “manter o corpo fechado”.
Explorar o campo da religiosidade e supertições nesse movimento é importante para
compreender as formas alternativas que os cangaceiros se apropriaram para desenvolver
estratégias de sobrevivência em meio caatinga, que na maior parte do ano possui uma
paisagem árida e seca.
Apesar de já existirem diversas pesquisas sobre o fenômeno do Cangaço, os aspectos
da religiosidade e das superstições são pouco explorados. Logo, o estudo desse tema é
necessário, pois busca fazer uma abordagem de aspectos ainda pouco estudados. Ademais,
contribui para a compreensão das práticas supersticiosas e da manifestação religiosa que se
fizeram presentes em toda a existência do bando de Lampião.
3- Esboço de um sumário
Introdução
Capítulo 1: Da indumentária a religiosidade: expressões do catolicismo popular no Cangaço
Capítulo 2: A religiosidade e a superstição como auxiliadoras nos momentos de batalhas e
de cura de ferimentos.
Conclusão
4- Aportes conceituais da pesquisa
Catolicismo popular: De acordo com Ricardo Luiz de Souza, “O catolicismo popular é
uma expressão cultural, além de religiosa, e muda de forma e de posição a partir das transformações
ocorridas no contexto cultural mais amplo do qual faz parte” (SOUZA, 2013, p. 6). Além disso,
seus praticantes são fiéis que “exercem seus cultos à margem da Igreja ou com uma margem de
autonomia maior ou menor em relação à instituição. Seus costumes e práticas são de caráter
tradicional, sendo transmitidos de uma geração.[...] Seus praticantes se situam, majoritariamente,
entre os setores mais pobres e menos escolarizados da população, possuindo, ainda, profunda
ressonância no meio rural. Contrastam, assim, com os setores intelectuais da Igreja, que tenderam,
historicamente, a ver suas manifestações com um misto de desprezo e desconfiança,
reconhecendoas, contudo, como estratégias válidas e eficazes para a manutenção da fé católica no
seio da população” (SOUZA, 2016, p. 5).
Cangaço: Para Luiz Bernardo Pericás, o “cangaço independente (principalmente no período
lampiônico), está associado aos bandoleiros “autônomos”, sem vínculos diretos com os coronéis,
que carregavam uma boa quantidade de equipamento, armamento e munição, e que atuavam no
Sertão e nos limites do Agreste Nordestino, cruzando a fronteira de vários estados, agindo em geral,
no início, com o argumento de vingança, de preferência interfamiliar (ou ingressando nos bandos
como “refúgio”, para proteger-se da perseguição da polícia ou de outros inimigos)” (PERICÁS,
2010, p. 16-17).
Religião e religiosidade: Para Silva Siqueira (2009), a religião é uma ordem institucional,
enquanto que a religiosidade é compreendida na dimensão pessoal. Desse modo, a religiosidade se
manifesta de forma particular em cada indivíduo. Segundo Gomes, Farina e Forno (2014, p. 110),
“a religiosidade é a expressão ou prática do crente que pode estar relacionada com uma instituição
religiosa”. Fornazari e Ferreira (2010) afirmam que a religiosidade aumenta a certeza de que existe
uma dimensão maior, responsável pelo controle sobre as contingências presentes na vida, ajudando
o indivíduo a lidar com os acontecimentos de forma mais tranquila e confiante.
Superstiçãos: A superstição é uma prática simbólica, cuja finalidade é depositar em um ato
mágico a responsabilidade pela solução de um problema concreto (Buhrmann & Zaugg, 1981;
Womack, 1992; Schippers & Van Lange, 2006). Desse modo, o povo sertanejo desenvolveu
práticas ao longo do tempo com características mágicas para tentar solucionar diversos problemas
que por eles eram enfrentados.
Para Askevis-Leherpex (1990, p.92), há duas formas de superstição: a qual ocorre através de
objetos, divindades, espíritos e outra que se encontra no acontecimento de imprevisibilidades,
focando no surgimento de sorte ou na evitação de azar.