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Objectivos

Objectivo geral

 Analisar o impacto da pré-fabricação na construção civil.

Objectivos específicos

 Identificar os tipos de pré-fabricados;


 Analisar os impactos dos pré-fabricados na construção civil;
 Descrever as técnicas de transporte dos pré-fabricados.
Introdução

A pré-fabricação é um processo industrial que tem tido grande desenvolvimento na Europa,


apesar de em Portugal ainda ter uma dimensão moderada.

Apresenta-se como uma solução com fortes argumentos no que toca a automação,
mecanização, optimização e rentabilização de processos da construção, carências de mão-
de-obra em comparação com a construção tradicional, prazos de execução e impactos
ambientais, controlo de qualidade e consumos energéticos.

Podem ser obtidos elementos pré-fabricados usando como matéria-prima três tipos
principais de materiais: o betão, o metal e a madeira.

Na pré-fabricação em betão recorre-se ao betão e ao aço em varão ou cordão, quando há


pré-esforço, sendo que na construção metálica pré-fabricada, os materiais de eleição são
alumínio e o aço.

Hoje a pré-fabricação é vista como uma alternativa da construção tradicional, em que parte
dos elementos é pré-fabricada em indústrias especializadas, sendo depois colocados em
obra de modo a se assemelharem o mais possível às estruturas tradicionais. A indústria da
construção requer uma vasta gama de escolhas na selecção dos componentes de edifícios.

A pré-fabricação não deve ser vista apenas como uma variação da construção tradicional,
com as suas técnicas de betonagem in situ. Todos os sistemas de construção têm as suas
características que de uma forma ou de outra influenciam o aspecto final do edifício, a
altura do mesmo, a estabilidade, etc.

Em suma, a pré-fabricação pode desempenhar um papel fundamental no processo evolutivo


do sector da construção. Com fortes potencialidades ao nível da sustentabilidade,
produtividade e gestão de processos, pode ser um dos motores para impulsionar o sector
para uma tendência de crescimento e afirmação enquanto indústria produtiva, racionalizada,
sustentável e competitiva, ultrapassando os desafios e exigências atuais.
Resumo histórico da pré-fabricação

A pré-fabricação surgiu com o aparecimento do betão armado, só que em pequenas


dimensões e em proporções menores às atingidas com a industrialização do mesmo.

O grande incremento na utilização de betão armado nas construções ocorreu no período


entre ao final do século XIX e início do século XX. Na mesma época, surgiram também as
primeiras aplicações de elementos fabricados fora do seu local final de utilização na
construção civil. Cita-se a construção do Cassino de Biarritz, em França, em 1891, (Fig. 1)
como a primeira construção a utilizar elementos pré-fabricados, no caso, as vigas.

Figura 1 - Cassino de Biarritz

Na tabela 1, estão indicados alguns dos principais acontecimentos históricos relacionados


com o desenvolvimento de elementos pré-fabricados.

Ano Acontecimento
1895 Primeira construção de estrutura porticada com betão pré-fabricado - Construção de
Weavne´s Mill, em Inglaterra.
1900 Aparecimento dos primeiros elementos de grande dimensão para coberturas
(elementos com dimensões de aproximadamente 1,20m de altura, 5,10m de largura e
0,05m de espessura) - Estados Unidos da América
1904 Arquitecto inglês John Brodie desenvolve o 1º sistema de painéis pré-fabricados
Inglaterra
1905 Execução de elementos de pisos para um edifício de quatro andares-Estados Unidos
da América.
1906 Início da execução daqueles que devem ser considerados os primeiros elementos
pré-fabricados -vigas treliça “Visintini” e estacas de betão armado, na Europa
1907 Construção de um edifício industrial em que todos os elementos foram pré-
fabricados executados no estaleiro de obras – Estados Unidos da América

1907 Execução das primeiras aplicações do processo “tilt up”, no qual as paredes são
fabricadas e depois erguidas para a posição vertical – Estados Unidos da América

Desde o final de 1910 até pouco depois do final da segunda guerra mundial (1950), o
desenvolvimento da pré-fabricação acompanhou o desenvolvimento do betão armado.

Dessa forma, vários autores apontam o período pós guerra como o início da utilização de
pré- fabricados. Nesse período foi necessário construir em grande escala, sobre tudo na
Europa, devido a devastação provocada pela guerra, sendo a pré-fabricação uma forma
eficiente de dar resposta às necessidades exigidas.

Figura 2 - Construção pré-fabricada na Polónia no período pós-guerra

O período compreendido entre 1950 e 1970 ficou caracterizado pela necessidade de serem
construídos diversos edifícios, tanto habitacionais como escolares, hospitalares e industriais
e pontes devido à devastação provocada pela segunda guerra mundial.

Utilizando uma filosofia baseada nos sistemas fechados, as construções ocorridas no


período de pós-guerra na Europa na área de habitação criaram um estigma associando a
construção pré-fabricada, que durante muitos anos esteve associada à uniformidade,
monotonia e rigidez na arquitectura, com flexibilidade “zero”.

Já o período compreendido entre 1970 e 1980 ficou marcado pela rejeição social para com
os edifícios pré-fabricados, como consequência de acidentes resultantes da aplicação dos
mesmos (acidente no Edifício "Ronan Point" em Inglaterra, que ruiu após explosão de uma
botija de gás). Este contexto deu origem ao declínio dos sistemas pré-fabricados de ciclo
fechado de produção.

Figura 3 - Edifício “Ronan Point (explosão de gás no 18° andar gerou um colapso progressivo)

Após 1980, foi a fase que ficou marcada pela demolição de grandes conjuntos habitacionais
e pela consolidação da construção em ciclo aberto (fabricação de elementos para várias
empresas). Esse período ficou caracterizado pela padronização e consolidação de
componentes pré-fabricados.

No início dos anos 90 surgiu na europa a “segunda geração tecnológica” no campo da


industrialização da construção, que ficou caracterizada pela flexibilidade de processos de
produção, de forma a atender à encomenda de elementos especiais (elementos produzidos
tendo em conta as necessidades arquitectónicas do empreendimento).

O processo construtivo dos pré-fabricados na construção civil

Processo industrial

As peças a serem industrializadas devem ser projectadas pelo arquitecto da obra, com o
aval do engenheiro responsável. Na indústria, as peças são fabricadas e transportadas para o
local da obra. Geralmente, essas fábricas que moldam as peças contêm modelos prontos,
desenvolvidos por arquitectos projectistas da própria empresa, para servir de opção aos
clientes.

Após a fabricação dessas peças, elas são transportadas ao local da obra, muitas vezes
acompanham um manual para a montagem, com o passo a passo de cada peça como uma
espécie de “quebra-cabeça” (principalmente quando da utilização dos pré-fabricados em
aço, que em diversos casos precisa haver o encaixe das peças de modo específico).

Elementos pré - fabricados de madeira

O uso da madeira, embora seja associada ao desmatamento, nem sempre é obtido por esse
método. Para se obter a madeira a ser utilizada na construção por um meio ambientalmente
mais correto, recomendam-se os produtos derivados de madeira certificada, como
laminados, painéis em MDF, madeira ecológica, dentre outros. Na construção civil, a
madeira constitui um importante material para quem opta por construir a partir da
industrialização de todo o processo da obra.

Do Valle, Ino, Folz e Callil argumentam que a pré-fabricação de estruturas em madeira é


passível de sucesso em sua implantação no país, dado o fato que o Brasil culturalmente já é
um grande consumidor do material na construção de cobertura.

Elementos pré - fabricados de aço

Um dos métodos alternativos que a construção industrializada oferece é o sistema LSF


(Light Steel Framing) (Figura 4), como é conhecido o modelo de pré-fabricação a partir da
utilização do aço galvanizado. O processo de galvanização do aço garante a durabilidade da
estrutura metálica. Geralmente utilizado em treliças e detalhes particulares e específicos na
obra, esse material ganha cada vez mais destaque como o principal elemento construtivo
em algumas obras devido ao seu comportamento, sobretudo mecânico e elástico.

O aço é uma tendência inovadora nesta área, haja vista a necessidade de um material que
sirva de opção para substituir a madeira (com o pressuposto da consciência ambiental) e
que, ao mesmo tempo, não dificulte o trabalho de engenheiros e arquitectos. Ademais, o
aço é um material de construção caracterizado por sua resistência e acentuado módulo de
elasticidade (Aço A-36, por exemplo, possui E = 200 [GPa]), configurando ser um material
sólido de elevada rigidez.

Uma particularidade do aço que advém de suas características e propriedades mecânicas e


químicas consiste na facilidade que o material, caso utilizado, tem de vencer grandes vãos.
Os arquitectos geralmente optam, dentre os pré-fabricados abordados pelo presente artigo,
em utilizar o aço, em virtude da facilidade para reformas futuras. Todavia, o uso do aço
enfrenta uma grande concorrência da madeira, em razão da tradição dos chalés como
edifícios pré-fabricados

Elementos pré - fabricados de concreto

Outro método industrializado de construção tem como material principal o concreto. Tal
método tem uma aceitação maior no mercado, pois muitas pessoas concluem que o uso do
concreto garante uma segurança maior e é mais confiável, quando comparado ao aço ou
madeira. Isto porque o uso maior e mais tradicional do concreto em alvenarias dão a correta
impressão que este material tem maior durabilidade. Em posse de conhecimento técnico,
pode-se inferir que o concreto tem menos propensão a sofrer com o intemperismo que os
demais materiais, entretanto sabe-se que o aço, por possuir módulo de elasticidade cerca de
oito vezes superior a do concreto (Econcreto = 25 [GPa], em média), é mais resistente às
tensões que a estrutura é submetida.

Paredes inteiras de concreto e vigas pré-moldadas também deste material são os principais
constituintes de uma obra pré-fabricada em concreto (Figura 5).

Influência dos pré-fabricados na construção civil

Podemos dizer que as vantagens da pré-fabricação são aquelas relacionadas a execução da


estrutura em fábrica. Isso se dá devido às facilidades da produção de elementos em série e
ao auxílio da tecnologia.

Porém a pré-fabricação só é viável se o tempo de execução do empreendimento for muito


curto, devido aos aumentos nos preços dos materiais de construção civil. A mais notória das
vantagens deste sistema é a redução do tempo de execução da edificação, dentre outras as
quais podemos citar:

 Redução do número de funcionários e acidentes de trabalho;


 Desaparecimento quase que total de cimbramento e formas;
 Diminuição de armazenamento de insumos no canteiro;
 Melhoria dos trabalhos realizados mecanicamente, em comparação com os manuais;
 Melhor aproveitamento das seções existentes;
 Facilidade de controlo de qualidade;
 Possibilidade de evitar interrupções na concretagem;
 Possibilidade da recuperação de elementos ou parte da construção em certas
desmontagens;
 Evita a improvisação;
 Maior controle no recebimento de materiais e controle de obras.

As desvantagens da pré-fabricação são aquelas decorrentes da colocação dos elementos nos


locais definitivos de utilização e, da necessidade de realizar as ligações entre os vários
elementos que compõe a estrutura.

Outra desvantagem da pré-fabricação é quanto ao tempo de execução do empreendimento,


uma vez que os materiais sofrem constantes reajustes. Como limitações e desvantagens
podemos citar também:

 Limitação do porte vertical;


 Falta de monolitismo da construção, especialmente nas regiões sísmicas;
 Necessidade de superdimensionar certos elementos, considerando as situações
transitórias;
 Limitação nos gabaritos de transporte;
 Inadaptação à topografia;
 Custo do transporte dos elementos comparados aos da matéria-prima;
 Certa limitação quanto a arquitectura;
 Acesso dos equipamentos de montagem;
 Custo com ICMS para produtos industrializados

Técnicas de transporte dos pré-fabricados

Considerando que os elementos são executados em fábrica, o transporte refere-se ao


translado destes elementos da indústria ao local de montagem.

De certo modo a posição de transporte das peças deve ser a mesma do armazenamento.
Deve-se utilizar dispositivos de apoio como cavaletes, caibros ou vigotas, constituídos ou
revestidos de material suficientemente macio para não danificar as peças.

Considerando que o transporte pode ser apenas feito através das rodovias, o deslocamento
das peças deve ser feito por caminhões, carretas e carretas especiais também conhecidas
como extensivas, caso este só aplicado a peças especiais com o comprimento elevado
(figura 4).

Figura 4 - Esquema de veículos para transporte dos elementos pré-fabricados

Fonte: EL DEBS, 2000

As limitações que possam ocorrer nesta etapa são decorrentes dos gabaritos de transporte, o
comprimento das peças, o peso dos elementos e principalmente à distância a percorrer.

O principal problema em geral é a obediência aos gabaritos, onde se recomenda obedecer


às limitações de 2,50m na largura e 4,50m na altura. Dimensões bem maiores podem ser e
são empregadas constantemente, mas devem ser verificadas as condições para tal, como
consulta ao órgão e/ou concessionária responsável pelas vias de tráfego a serem
percorridas, equipamentos e escoltas necessárias para garantir a segurança dos demais
usuários da rodovia e principalmente a acessibilidade, uma vez que várias obras ficam
impossibilitadas ao uso dos pré-fabricados de grande porte. Geralmente quando ocorre esta
última condição, existem apenas duas soluções a serem tomadas, a primeira dela é diminuir
o comprimento das peças e consequentemente alterar-se o projecto, a outra é a fabricação
do elemento no canteiro de obras, neste caso ele deixa de ser um pré-fabricado e passa a ser
um pré-moldado, nome este que se dá a elementos executados in loco.

Quanto ao comprimento, pode-se transportar elementos de até 30m, sendo este um valor de
referência para a indústria de pré-fabricados, em certos casos este valor pode chegar aos
40m ou mais. Na figura 5 pode-se ver um exemplo de carreta com 12,50m de comprimento,
enquanto na figura 6 o transporte de uma coluna com 16,70m.

Figura 5 - Carreta transportando coluna com 12,50m de comprimento.

Figura 6 - Carreta especial transportando coluna com 16,70m de comprimento.


Tabela 2 – Valores das máximas cargas por eixo nas rodovias nacionais.
Situação Carga por eixo
Eixo isolado com 2 pneus1 50 KN (5 tf)

Eixo isolado com 4 pneus1 100 KN (10 tf)


Conjunto de 2 ou 3 eixos com 4 85 KN (8,5 tf)
pneus por eixo2
1. Eixo isolado – distância entre eixos superior a 2,00 m.
2. Conjunto de eixos – distância entre eixos de 1,20 a 2,00m.

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