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.

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PARA QUE Esrunnn !)
MECANICISMO? a
O inicio de uma
viagem 4
'

mariag?—
*, : ,] i“

:*
A NATUREZA E SIMS LHS
issmvmvi ocums NA morre 5 É_;£ULO 2
Precursºr“ dº Nºm" 6 16
meus DISSE: FAÇA-SE NEWTON
Entre o velho e o novo 14 A Europa da época de Newton 18
As academias de créncras 20
_
,
.

Bmw E TUDO FOI LUZ 2]


":

O sistema do mundo 23 OPOSIÇÃO A "mun Nº


As leis do movrrrienio- 25 SÉCULO XVII 30
As regras de racrocrnio O éter 31
i em filosofia 26 Newton, o alquimista 32
i A Lei da Gravitação Universal 27

os nominmcns 41
o ILUMINISMO E os
EWTOMANOS no sÉcuLu mm 35
O valor da razão 37
O mecanicismo 39

LHTORI RECOMENDADA 48
BBUOBITIFII 47
os AUTORES 48
["II DO TEMPO 49
! CIENCIA NO TEMPO DE ISAAC NEWTON 52

_; ::.LI
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"A filosofia esta' escrita nesse grande

*- livropermanentemente aberto diante de !


]
olhos refiro-me ao Universo

nossos
— .

mas que não podemos compreender

]!
ª sem
ª
e dominar os
primeiro conhecer a língua
'

.!
símbolos em que esta' escrito.
A linguagem
seus símbolos
-

desse livro e' a matemática e


,
-

,. e outras
são triângulos, circun erêneias l
º': cuja ajuda 3
figuras geométricas,
sem
,
labirinto escuro.”
l vagueia-se em vão em um

Galileu Galilei
l

números
”Figuras, descrições, medidas,
] e desenhos ainda não expõem
um fenômeno.”
|
Goethe

:
l
lllllllllllllllllll-lll..-
(

__J._4_._'__.._'_!——-,_7
——

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Este livro nasceu da vontade de ver a ciência sendo
ensinada na escola
deforma diferente. De uma maneira que
faça com que o aluno perceba que a produção do conheci-
mento te'cníco-cíentífico é parte da cultura humana, assim
como a literatura, a píntura,_a música, o cinema.

Ás sextas-feiras os autores deste livro, todos professores


do ensino médio, se reúnem num grupo de estudo denominado
Teknê. Assim como nos velhos ateliês da Idade Média, onde os
artesãos estudavam e trabalhavam o
ferro, o bronze, a pedra,
no Teknê se estudam a ciência, a técnica, a arte e se trabalha a
palavra. Lá não só são lidos e discutidos textos de filosofia e
história da ciência e da técnica como também são escritos
textos didáticos e ensaios, além de serem produzidas ex— -.

períêncías educacionais. Nesse trabalho compartilha—se


uma grande amizade. O Teknê e' a forma que encontramos
de manter vivo um sonho que alimentamos desde os bancos
universitários: continuar estudando, discutindo, escre—
vendo e, acima de tudo, ensinando deforma criativa. Este
":
ajudaram
'

livro e' dedicado a todos aqueles que nos na

construção desse projeto de vida.


;

r |

'

Os autores
lll.I'llIII-IIIIIIIIll-IIIIIIIII
%.
'-
.“,s'
*.
í'.
...,
't
.ªº"

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estudar o mecanicismu?

bomba. O cére-
coração e' uma

bro é computador. O fun—


um

cionamento do aparelho respi-


ambiental.
ratório é afetado pela poluição
deve ter usado uma dessas frases
Você já
em conversas com amigos. E talvez esteja
um livro
achando estranho começarmos
com essas frases tão
banais. Não se

conclusões. Apesar de
precipite em suas

a entender o que
banais, elas nos ajudam
o homem moderno pensa da natureza,
O que vem à quando
sua mente

uma bomba, um aparelho


ou
falamos em
essas
um computador? Com certeza
lembrar de uma
palavras fazem você se

afirmamos que
maquina. Quando
o

bomba,
coração funciona como uma

estamos pensando nocorpo humano


como uma grande máquina, formada de
partes, blocos com funções distintas, que,

JM;-7
ao serem encaixados de modo correto,
o funcionamento observado.
provocam
Se olharmos para o passado, veremos '

nem sempre o homem comparou


a
que
natureza a uma máquina ou a partes dela.

___”,
a R

Scanned
A
CamScanner
by
Essa comparação, que chamaremos de o
problema, convidamos
sobre
Você
mecanicismo, em outras épocas era o assunto, conhecendo mais ref] ,!
inaceitável. Isso nos coloca a
seguinte os
percursos que nog
mundo
levªram a. ª
questão: teríamos um e
comparação do universo
uma a
um
sociedade diferentes, caso a natureza nao Vários caminhos
podem ser
Usa d
fossecomparada a uma maquina? realizarmos essa
reflexão. ªº
Responder a essa questão é uma tarefa entrar neste tema
através de
ESth ª
f
u
muito difícil. Sem pretendemos solucionar à vida e à obra de Isaac
Newtºn

O início de uma

viagem,.............
Um dia, quando ainda éramos estu- essa
que inspirou Pope a escre Ver
Ve nª
dantes, deparamos com estes versos de tão fortes e provocativos?
Pope, poeta inglês do século XVIII, que Descobrimos que
abriam
havíamos a ——

o
capítulo de um livro: dido física sem conhecer as
tramas que
personag.
as as levaram a fazer o .º :

fizeram. Um
colega levantou a que “
seria
”Na noite se escondiam a Natureza e
como o
hoje se Newton
mundo '

tivesse existido? Difícil de


[suas leis. imaginar. Foi; _

uma
pessoa tão genial
,

como os ve
Deus disse: Que
surja Newton!, e tudo
Pope sugerem?
[foi luz."
Precisavamos investigar.
Se antes de Newton tudo '

era
ridão como diz o
poeta Pope

Já havíamos estudado as leis de


—*:
passado não teve importância em—
Newton e a gravitação universal nos livros ._

vida. Mas se,


didáticos. Sabíamos
ao contrário, ele fez parte
que Newton havia uma história, não foi
sido um físico de
um ser divinom
grande importância.
Entretanto, esses versos tinham algo de
passado, que deve ter sido
algo mar fg“
desafiador. Eles o colocavam
posi- numa em sua existência. Por isso,
ção suprema, como se ele fosse parte da convidam?
você
criação do universo, tal como é narrada
a uma
viagem ao encontro da “«

desse ”misterioso" Isaac Newton.


no livro do
Gênesis, na Bíblia.
Isso viagem deve iniciar-se pela visita a
nos levou
refletir, a indagar:
a
antecessores, àqueles que paviment.
Quem foi Newton? Que
personagem foi a estrada que Newton
percorreu.

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CAPíTuwª
',

l
'1

A natureza
estavam ocultas na noite
É suas
stamos na Europa do século XVI.
Num mundo em transformação. A
do século XIII, a Europa viu
partir
ordem social ser alterada. As cidades,
sua

o comércio, o transporte, a
navegação
tiveram um desenvolvimento igual na
sem

sua história. Essas mudanças estavam, de


associadas a conhecimentos
algumª forma,
novos: novas
técnicas vindas do Oriente;

descobertade textos de filósofos gregos da

Antiguidade (como Aristóteles); notícias de


lantas, animaispovos até então des-
e

conhecidos, encontrados na América.

Frei André Thevet desenhou


a) 0 cosmógrafo francês
na Europa, o abacaxi, durante
uma fruta desconhecida
1575.
uma expedição ao Brasil, em
[|er A história das Índias.
edltado em
b) Gravura do
mostrando uma folha de bananeira.
1565,

Conhecimentos novos aliados a

novas necessidades permitiam a alguns


homens olhar de forma diferente para
a

sua realidade. Trabalhos


até então des-
valorizados, como os dos técnicos,
passavam a ser reconhecidos como algo
de grande valor.

___-'ª—
.r. ,

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PI'GGIII'SDI'BS
ueNewtonlll-IBI-lllllll-Illll......
A
Valorizaçãg do
dedicação trabal
,

tecnico e a
de Q _

listas,
Newton costumava dizer
como
Galileu, 51 Co
de novos
artefatos trazi ru
que apoiou ”em ombros de gi-
se
.

gantes”. Entre esses gigantes en-


vidades para
InundOda 0
.

entender isa
cia. Vamos
contramos, no século XVI, Galileu
pouco melhor.
Galilei, um ilustre cientista ita—
A luneta foi
liano que deu grande destaque ao Cons
Holanda trUÍda
na
época de
trabalho dos técnicos, tendo
conhecer Gªlileu. x

muitas declarado que foi ao


e utilizar esse
vezes in
mento, Galileu
possibilitousm'
.

arsenal de Veneza (onde se cons-


nova forma de
truíam centenas de embarcações entendime nto
natureza. da
para o comércio e a defesa da
O que Galileu fez
poderosa República Veneziana, fois
Ele não aceitava mais imples.
considerada por muitos his- as ex
l' |
toriadores como a primeira no cações dadas para o
mOVimeªtl—
mundo a realizar produções em
dos corpos terrestres e
mentos do céu.
os
aconieQ-(Í
série) para aprender com os que Buscando novos
ali trabalhavam. Ele mesmo cons— conhecimentos sobre o
UIIÍVerso
ele direcionou
truiu Vários aparatos técnicos.
Com esse simples
a luneta para o
céu,
Estaria essa atitude ligada a uma
os astros e os seus
gesto, ºbservmi
nova forma de compreender O mOVimentos.
universo?

't!“
Galileu com a luneta senado de Ven eza. Indicando
no
mas de explicar a
novas for-
natureza, ele contr IbUIU para transformar a cul-
. Lunetas donstruídas por GaliIeU. ª“?

tura de seu tempo. ]e estão no Museu de História dª Clª


em
Florença, Itália.

ªªa
_

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satélites foram revelados Os comerciantes do lim da Idade Média desenvolveram muitas téc
Júpiter, cujos de
1610. com o uso sua nlcas bancárias, aplicando conhecimentos matemáticos. Nessa
por Galileu,
em

luneta. Imagem, do século XV. dots ilorentlnos realizam transações utlll—


zando moedas de ouro que pesavam 72 g.

Tomou conhecimento de fatos até


momento desconhecidos, suficiente. Da forma,
aquele mesma

como as crateras da Lua, as fases exigiram-se dos filósofos conhe-


de Vênus e os satélites de Júpiter. cimentos técnicos, ou pelo menos
Marcou, dessa forma, o uso da teorias não contraditórias com o

experiência na construção da mundo prático.


dência. O contexto cultural no
qual
As transformações pelas os homens da época de Galileu

quais a Europa passava colocaram viviam levou-os a uma insa-

também a matemática em evi- tisfação com a sociedade da


dência. Até então, só os
grandes forma como então era
organi-
estudiosos possuíam esse conhe- zada. Iniciou-se, assim, a cons-

cimento. Com a ascensão do trução de um mundo em que a

comércio e o desenvolvimento das aprovação da Igreja não era in-

cidades, a matemática passou a ser dispensável. Essa construção não


uma ferramenta importante para ocorreu de forma deliberada, a

o cidadão comum. Presencia—se partir de um acordo claro e

valo- definido dos que viviam naquele


nessa época tanto a sua

rização, quanto a sua


ampla di- momento, mas como decorrência
vulgação. Muitos dos habitantes da problematização dessa época
das novas cidades começaram a e da atuação concreta dos homens
sentir necessidade de estuda-la. para transformar a realidade.
As mudanças trouxeram L.
técnicos
A construção de um novo
novas
exigências para os
mundo acontece sempre porque
e filósofos da natureza. Reivin- os homens, por estarem cons-
dicou-se dos primeiros um conhe- tantemente buscando solucionar .i—
cimento teórico, matemático, pois problemas, interferem no con-
mais texto encontram.
apenas saber fazer não era em
que se

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Eles nascem determinado
em
Kepler
tempo e local e aos poucos toma m
contato com os
problemas e so—

luções de sua época histórica. No Kepler foi um


seu lrabalho,
ªSlrônº
vida, vão alemão. Nasceu
Hino
em sua
em 1571
questionando soluções dadas 1630. Assim
ªCle.
as ceu em
cºmo
no
passado e, assim, fabricando líleu, viveu num a.

saídas, que irão dar o perfil


ªmbiente em
novas
transformação.
ao mundo que seus filhos en— Uma das
questões
contrarão. Esse questionamento e técnic ,

busca de
solução, que estão
importantes para os que
Vivia”
KªPl'Iãn
essa no mundo de Galileu
e
diretamenieligaclos aotempoeao
nª“;
era o

local onde se vive, nem sempre


aprimoramento do
porte maritimo. Por
provocam mudanças radicais, co- dades de
difícul
mo as iniciadas
pelos contem-
orientação,
barcações, durante
ªs
em.
porâneos de Galileu.
&
ld“.
Média, nunca se
afastavam d:

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«.

costa. Mas o intercâmbio com as


novas colônias da America e
com o Oriente tornava neces-

sário maior segurança em alto«


mar. Os europeus tinham que
melhorar a estabilidade de suas
embarcações e tornar mais
pre—
ciso o sistema de orientação. ()
de tecnicas de
aprimoramento
navegação em alto-mar exigia,
no entanto, conhecimentos a

respeito dos corpos celestes. De—


terminar a latitude, por exem-

conhecer não só
plo, requeria o

mapa celeste, como o movi—

mento dos astros.


Nesse ambiente, muitos
cientistas dos séculos XVI e

XVII direcionaram seus es—

tudos para a astronomia. Ao


contrário da maioria dos filo»
sofos naturais da época, Kepler
acreditava que as órbitas pla—
netárias eram reais
que os mo— e ..

vimentos observados podiam


ser explicados com argument»
.-,—_
._
físicos. Abandonou, assim,
um
a

idéia de que o movi-


antiga . |_
mento dos corpos celestes pos—

.-ª|_
suía uma
explicação exclu—
sivamente divina.
Com seu trabalho, Kepler
.
pretendia descobrir um conjunto
'

de leis que explicassem que o

'provocava os movimentos dos

planetas. Essas leis, que deviam Johannes Kepler (1571-1630).


estar de acordo com as obser-

Nações do ceu já realizadas, for— Kepler, o cientista que apa-

mariam uma ”Física celestial”. rece em nossos livros didáticos,


No entanto, apesar de não místico?

;_i'lnh
asso- era um

ciar a causa do movimento dos Ele nos diz no livro Primeiras

dissertações nmtemáticas sobre


planetas a Deus, Kepler usou os

argumentos místicos em seu mistérios do cosmo, escrito em

trabalho. 1597:

m (t-

a
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Lu prouiro provar que Deus, "11

criação deste universo móvel (*


nu lmrmonizuçiiv dos corpos
celestes, linha em vista os cinco so'/idos

regulares da geometria, celebrados desde


os dias «lv l'imgorus (* ile Plnliio, (* que Ele
tinlm :imntorlmio a sim imfim'zn 0 mi—
mcro de corrs, ris smzs
proporções (' as

relações dos SI'HS movimentos”. Representação


mônica do
slstema de Kepler.
Assim, Kepler acreditava que Deus
criara um universo simples e harmônico
e
que, para garantir isso, teria feito uso da idéia,Kepler imaginou um Cubo
entre
matemática e das figuras geométricas esferas de Júpiter e Saturno, Um
.

tem,
regulares no ato da criação, Por exemplo, entre as dejúpitere Marte, um
"

Odaedro
Deus teria criado seis porque a planetas as de Marte e Terra, e assim fez
para os
matemática possui apenas cinco sólidos planetas.
regulares. Veja! Para construir esse
modelo,
universo, utilizando sólidos
regulª
Kepler não se baseou exclusivamente
observações astronômicas.
Kepler apresentou seu modelo no
livro Primeiras
dissertações matemáticas sab" i-
mistérios do cosmo,
que lhe deu
lauraedro cubo os
prestigio
'

junto a filósofos naturais reconhecidos)


Quatro anos
após a publicação dessa obra,
tornou-se assistente do astrônomo
dina.|
marquês Tycho Brahe. No ano seguinte, i:
dodmmedm
Tycho morreu, deixando-lhe todos osseus '

ll Owodm
dados astronômicos, fato determinante
o: sólldos regulares (poliedros): tetraedro, cubo. para 0 futuro de Kepler.
octaedro, dodecaedro & lcosaedro, cujas faces têm
lados e ângulos iguais. Esses sólidos eram admirados
pelos pltagóricos e por Platão, devido a sua unl- um
tormidade, Os sotidos regulares eram considerado;
símbolos da perfeição.
Tycho Brahe dedicou-se à Obse
ção do céu, com o
propósito de cole
No modelo de universo construído
dados sobre corpos celestes. Em
os
por Kepler, os
planetas orbitavam sobre
época os telescópios não eram conh
esferas cujo centro era o Sol. Essas esferas
foram sempre Associadas a um dos sólidos
dos. Mesmo assim, obteve
informam
extraordinarianwnte precisas. 0 m
regulares, de modo que os raios das resultado de suas medidas foi fruto &
esferas internas e externas
sólidos aos
cuidado, determinação e paciênciª
representassem distâncias
as dos respec— que realizou as suas observações ast'
tivos planetas ao Sul Para concretizar
essa nômicas

Wio
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;
Os“ dados que Tycho Brahe coletou celeste. O quadrante recebeu esse nome
s㺠até hoje considerados de boa precisão. por ser formado a partir da quarta parte
vºcê ia imaginou o trabalho que esse de uma circunferência, enquanto o sex—

cientista teve para conseguir tal feito? tanle representava a sexta parte ele uma

N㺠se esqueça de que ele vivia no seculo circunferência.


XVL e possuía
não aparelhos sofis—
os
Os instrumentos com que Tycho
ticadºª dos astronomos atuais, Brahe trabalhou similares aos mais
eram

primitivos da epoca, apesar de maiores.


O tamanho dos instrumentos e o cui—
dado ceu fo-
com
que os direcionou para o

ram falores fundamentais para a precisão


obtida. Com aparelhos de grandes dimen—
soes foi possível repetir com mais detalhes
e
por mais tempo as observações, mas,
mesmo sabendo de tal ”vantagem", não

podemos subestimar a perseverança desse


cientista.

Tycho Brahe, por sua determinação


e
dedicação a um objetivo, conseguiu
Observatório Uranibarg. construído por Tycho Brahe. medidas tão exatas, que serviram de base
&
para toda a construção da mecânica
ii Tycho utilizou sextantes
qua- e celeste posterior.
'! drantes para fazer suas observações.
i Com esses instrumentos é possível medir No observatório que havia cons-
h ângulos da
posição de
planetas e outros truído na ilha de Hyveen, na Dinamarca,
astros, partir da Estrela Polar (estrela
a
Tycho Brahe fez estudos a respeito da Lua,
'! que permite localizar o Pólo Norte). do Sol, dos planetas e, em especial, de
i Quadrantes e sextantes eram ins- Marte, Outro estudo célebre foi o relativo
trumentos utilizados para observação a cometas.

Foi Brahe quem mostrou

que os cometas cruzavam as


órbitas dos diferentes pla-
netas. Baseando—se em suas

próprias observações, passou


a
rejeitar o sistema defendido
pela Igreja: o de Ptolomeu.

O quadrante (à direita) e o sextanle


('a esquerda) eram Instrumentos
utlllzados para observação celeste
na época de Tycho Brahe.

11 a?)
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ll III—ET"

A palavra comem vem do grego


komv'tcs. O núcleo de um cometa tº
formado de gas congelado e de
poeira interestelar. Quando esta
relativamente próximo ao Sol, a

radiação solar faz com que o gás e a


poeira do núcleo descongclom,
formando a sua cauda brilhante.
Há evidências de que o cometa
registrado por Giotto nesta pintura
do século XIII é o cometa dc
Halley,
cujo nome
homenageia o astrônomo
inglês Edmund Halley, o
primeiro a

estabelecer, no século XVII, ;] periodi— :


cidade com que este cometa aparecia i

“ª Terrª
Adoração dos megas. de Giotto.

ll SISTER IIE "um

Ptolomeu foi um astrônomo grego do -


í
lo II que propôs um sistema *“
que a T—
em
() centro do universo. Os
eplciclo ocuparia plan .;
- '

girariam em órbitas circulares e ao red. ,

circunferência de raio pequeno, chama


epiciclo. O centro dessa pequena ci ,

ferência, por sua vez, movia-se sobre uma "


,?

cunferência, de raio maior, que girava em to


'

da Terra.
delerenle

Para dos cometas,


casos como o o sis- àsobservações deTycho Brahe. Isso, aliad
tema heliocêntríco proposto por Copérnico
'

fato de esse sistema ser contrário à Bib ,

apresentava pontos contraditórios em relação com


que Tycho Brahe também o negase.
»

Wiº

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0 mm mm
lares. A Turra realizava diariamente uma
mCo ªrniconas 1493 na
NILO];
,. —, =

E'.
volta ªºmplvta em umclxoflxo,um tomo
SLI-Lm
. ,
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a | ecc cm 1543 SISlen
“7'_-»
dºs: _,

Polonia (.
_

qur
.

mC'ªmã.Apr(*q011mva ainda um mo-


. .

pmpr'yséfÉL'ÍÍOSÍÁUCOI WWWSUIWTCOW
““
Vimcnm dv translação ao redor do 501.
"3,58 Imovql. ,
Essaorauma grandedifcrvnça em relação
Copórmconaofnroprlmmronstrôno—
_ _ _

an sistema de
[Ju,]omgu, no qual a Terra,
SISiºmª num mm 0 Sºl
mº a pensar no sendo considerada fixa, não em um pla-
cenlfºv ,
nela. Isso porque só eram chamados pla-
Nosnstcma chnpcrmm,
.

planetas
'

que se deslocavam no céu


os
notas os astros
(.m “ )mn Jucu yl. m Úrhihlx circu-
girªvªm (planeta :

viajante).

% Mix nx

X
m.;” .

ªtx
NK
); !"!"Fn'M-IQC
&
a
&
/
,

uv
Tn
yu
j
'em/NX

Essa representação
do sistema
hellocéntrico llustrava
olivro de Copérnico
De revolution/bus orb/tum. de 1543.
“paço.

Ao negar as duas maisimportantes

concepções de universo da época, Tycho


propôs um novo modelo, no
qual os

planetas giravam ao redor do Sol, em

órbitas circulares. E o Sol, juntamente


com a Lua, tinha um movimento de

translação circular em torno da Terra,


que, fixa, ocuparia, assim como ensi-
centro do universo.
"

. .
-,
,.
nava a
Igreja, 0

,!) lêr—J? No século XVI, uma questão muito


Reprmmação do sistema deTycho Brahe, diferente discutida em a unificação das teorias ex-
do de Ptolomeu. mas que mantinha aTerra no centro ,

phcatlvas sobre o ceu e a Terra.


. .

do unlvmo,

_: __.“
,

13 E

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Porém sua tentativa de buScar le“
Kepler concluiu que o
]ohannes
conceito
da Terra como
copernicano das crateras da
que explicassem
ao mesmo
tempo“ o

descobertas movimento dos corpos celestes e d os


planeta e as
dos
satelites
Lua, das manchas solares, terrestres fracassou. Ele ainda estava Pr
de Júpiter e das fases de_Venus
criaçao
feitas por
de uma fraca
ao conhecimento considerado,
verdade absoluta.
em S㺪
Galileu exigiam a
aos época, como
ao mesmo tempo
que se aplicasse
e aos terrestres.
corpos celestes

Entre o Vªmº

ainda mantinha
evidências do mundo que estava sendo
A ligação que Kepler também prenúncios do
estavam sendo
substituído e

com conhecimentos que Ç


contri- mundo que estava por vir. Seria um grªnde
não diminui sua
questionados ordem. equívoco esperar que, pelo fato de serem
buição para a construção da nova
cientistas, não tivessem Cºn-
grandes
e não as manifestassem em seus
de
tradições
não ocorrem
As mudanças culturais
deliberada.
livros, apresentando um tratado de astro.
hora para a outra, de forma verdadª
uma nomia que contivesse apenas as

transformação profunda como a que


Uma
forma hoje estabelecidas.
século XV processa-se de
ocorria
Kepler passou vários anos tentando
no

lenta, perpassando várias gerações. de


adaptar os dados a respeito observações
'

de Marte aos sistemas planetários propostos


.

Brahe e Nicolau Copérnico, l


Lembre-se: é presença
o passado por Tycho '

Não conse- Porém não conseguiu fazer, com a precisão


marcante em nossas vidas.
concordassem com
de uma hora para a outra anular que tais dados
desejada,
guimos asórbitas circulares previstas. Após vários
a nossa herança.
anos de tentativas, abandona tudo que tinha
Galileu, Tycho Brahe e Kepler viviam
mundo em transformação, e
par- considerado até então e chega à formulação
num

ticipavam ativamente dessa transformação.


da chamada “primeira lei de Kepler", que |
afirma que os planetas giram em torno doi
Mas, como o passado estava marcado em
suas vidas, eles deixaram em seus trabalhos Sol em órbitas elípticas.
|

planeta

Primeira lei deKepler:


os planetas giram em torno
do Sol em órbitas elípticas.

©"
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Vamos conhecer o
pensamento de para descrever como ocorre O movimento
sobre assunto:
Kepler esse
dos planetas, e toda
pessoa quehoje se
Uma
dedique ao estudo dos movimentos plane-
vez que a bondade tários irá entrar em contato com as três leis
divina nos deu em
Tycho formuladas por Kepler. Essas leis, tão im-
Brahe o mais cuidadoso dos
portantes no século XX, já tinham crédito na
observadores, de
cujas observações diver- época de sua divulgação. Newton, por exem-
os meus cálculos em 8' [...] e'justo
gem que plo, desenvolveu seu estudo sobre a mecâ—
,, reconheçamos com gratidão que faça-
e
nica celeste baseando—se nelas.
desta dádiva de Deus [...]
mas uso Porque Apesar do sucesso de suas três leis,
se eu tivesse podido considerar despre-
Kepler não chegou a explicar, como era seu
zíveís 8' de longitude, já teria corrigido
desejo, as causas físicas dos movimentos
suficientemente a hipótese [...] descoberta observados no céu. N ão conseguiu explicar,
no capítulo XVI. Mas, como não podiam
por exemplo, o que fazia com que as órbitas
ser negligenciados, estes 8' abriram cami-
planetárias fossem elípticas. Esse era um
nho a uma reforma completa da astrono-
constituíram assunto
problema em aberto.
mia e o
principal de Questões científicas, aliadas ao am—
deste trabalho”.
grande parte biente cultural da época, tornavam algu-
Esse erro de ângulo de 8 minutos de mas
indagações fundamentais.

Kepler era bastante aceito em sua O que faz planetas


que fala
'
com
que os te—
nham
época. Ele, porém, não o aceitava. Após trajetórias que são observadas?
as

de tentativas de O que provoca a queda dos objetos


adaptar
'
anos os dados de
observações celestes aos sistemas de Tycho próximos à superfície terrestre?
eCopérnico, percebeu que a única forma de
'
Qual a
ligação entre o movimento
dos planetas dos corpos
acabar com aquele erro era negar a órbita e o
próximos à su—
circular. perfície da Terra?
Mas por que era tão difícil negar o cír- Chegamos ao século XVII. Os europeus
culo? dessa época viveram num mundo de
profun-
Pense círculo. Ele é das mudanças religiosas.
num uma
figura Mudanças como as

geométrica especial. Todos os seus


pontos provenientes do crescimento das cidades e do
estão à mesma distância de seu centro. comércio já tinham se concretizado. No
Equi- campo
líbrio total. O círculo não possui arestas. Vo- da ciência, pessoas como Galileu e
Kepler já
cê não acha que haviam questionado a autoridade das teorias
essa é a
figura geométrica
mais perfeita? defendidas pela Igreja e proposto novos mo-
Desde a Antiguidade,
círculo era poro delos explicativos para o universo, mas,
ape-
“suas características considerado uma figura sar das novas teorias, a ciência estava, como

|
geométrica perfeita. Como o céu era a mo- vimos, repleta de questões em aberto.
rada de Deus, tudo Isaac Newton (1642—1727) viveu com in—
o que lhe dizia
respeito
era
perfeito. Assim, Igreja apoiava as teo-
a tensidade o século XVH. Para entender quem
'

que utilizavam o círculo para represen-


-
s foi esse cientista, prosseguiremos nosso cami—
tªr movimento dos céus. Você pode ima-
o nho com duas questões em mente:
-' ar a
mudança que Kepler provocou com º
O trabalho de Isaac Newton sofreu
(,"simples ato de achatar o círculo? influência de trabalhos de outros cientistas?
Além da lei sobre a órbita dos planetas, .
Qual o impacto da obra de Newton
,ºler propôs duas outras leis matemáticas na ciência e na sociedade daquela época?
15 &
Scanned by CamScanner
Iaça- se Newton
ntes mesmo de nascer, Newton
ficou órfão de pai. Devido ao

segundo casamento de sua mãe,


seus avós maternos criaram, o que pode
o

ter sido determinante para sua carreira.


Seu pai, cuja família não valorizava a
educação escolar, era analfabeto. A fami-
lia de sua mãe, entretanto, considerava
positiva a educação
escolar, Além des—
se fator, a
proximi—
dade de seu tio
William Ayscough
foi muito impor—
tante para seu fu—

turo, já que este,


por ter sido orde—
nado no clero da

Igreja Anglicana,
tinha uma excelen—
te instrução.

J-Zi
Isaac Newton
(1642-1727). &

© 16

Scanned by CamScanner
V

/_

! WMI Hummm

Você já ouviu falar da Reforma? Na pri—


meira metade
do
século XVI, Martinho Lutero,
um monge agostiniano,
questionou a Igreja
Católica, rejeitando,
entre
outras cºisas, As
indulgências. Nessa época Igreja, atraves da»,
a

indulgências, trocava perdao divino por


o

ela ofertadas. No
mercadorias ou propriedades
a

século XV, as índulgêncras tornaram-se um

rande comércio.
Lutero submeteu suas idéias sobre os

dogmas da Igreja debate, Fundou,


»
a
assim, a

religi㺠protestante. Rapidamente ldLªlElx


suas

tornaram-se bandeiras daqueles que não mais


da Igreja.
aceitavam os ensinamentos
Com Lutero, vemos crescer na Europa um
movimento de rebelião contra a Igreja Católica.
Isso desencadeou o surgimento de diversas
correntes do protestantismo, como () calvinismo.
Calvino negava a hierarquia imposta pela
colocava Deus posição de
teologia antiga e na

Criador de um mundo que não necessitava de


nenhuma ação externa para funcionar.
O rei da Inglaterra,
para vencer a oposição
do papa ao seu segundo casamento, utilizou o
movimento desencadeado por Lutero e fundou
a Igreja Reformada Anglicana.

L'
:
«wªp;
"
na: .
.

Jean Calvino
criador de uma das
correntes religiosas
que surgiram a
partir da reforma
protestante.

Martinho Lutero (no centro). monge agostiniano que question ou a Igreja Ca.
tólica, fundando a
religião protestante no século XVI.

“ ,

17 a

Scanned by CamScanner
Aos 18 anos, Newton foi enviado [1 Uni- Naquela época os
Gªludant,Ls
universidades tinham
versidade de Apesar de sua fa-
Cambridge. tutores ªs

esl “dªreOs
u
muitos orientavam sobre que deviam
mília não pobre, ele, como o
ser

estudantes, prestou na universidade ser— sobre as obras que deviam ler,


Como era comum na
viços a
colegas e a seu tutor. época N QWt
não estudara matemática no
liceu (o
equivale a nossa escola secundária ) liceu
ele não teve que se preocupar, Velªsó«,
mmº vo
com as provas de matemática e,
na
escola
não pense que para Newton
isso foi b
º
Na universidade, ele precisou e
Studar
'

para suprir sua detrciencra em uito


"lªte
Graças a disciplina rigor-05,1
sido educado na sua
antiga escola
Cºrn
(“Elinga
Inha
seguiu sem
grandes problemas
deficiência, tornando—se um grªn d E
“pºra/room e

matemático. Em 1665, aos 23 físico e


ªnºs' ISaac
Newton completou seus estu
Universidade de Cambridge, onde Newton estudou, dos na
Uni—
tornando-se catedrático aos 26 anos. versidade.

AIEul'ona da
epoca de Newton.
Na segunda metade do século XVII, a mo), o mercado de consumo em
ascensãº
a intensificação dos contatos
Inglaterra e a Holanda eram os países que
concentravam a maior parte da atividade e suas colônias eram fatores
com
Pºrtugal
que favoreciam
comercial e manufatureira da
Europa. o desenvolvimento da Inglaterra.
Os
ingleses, particularmente, viviam As mudanças eram grandes. A manu-
momento de significativo crescimento fatura comércio
um e o se
desenvolviam A
econômico. A fartura de mão-de—obra bara- lenha, combustível da época, já não
o
era
ta (consequência do declínio do feudalis- suficiente. Novos combustíveis eram
um
sários. Inovações técnicas eram bem-Vindas.
A Inglaterra, em
expansão, trouxera
ruína para Itália
a e a
Alemanha, os cen-
tros europeus econômicos e culturais
mais importantes da
época e de Galileu
Kepler. As crises pelas quais passavam
essas duas
regiões ocasionaram a trans-
ferência de pessoas envolvidas com—a
ciência e com a técnica
para a zona de
prosperidade do momento: a Inglaterra.
A roca mecânica (a lamosa Jenny). Inventada por Você pode imaginar o que os imi-
James Hargreaves, possibilitou o aumento do ritmo
de produção de tecldos na Inglaterra, pela a roda fa- grantes italianos e alemães levaram para
zia girar vários (usos ao mesmo tempo. a
Inglaterra?

© 18 J

Scanned by CarnScanner
Eles chegaram a ilha levando as Na Universidade de Cambridge, por
técnicas artísticas do Re—
exemplo, havia grupo de estudiosos
e
.

'açõeª um

lnmimento. Proporcionaram a Inglaterra que acreditava ser


possível explicar o

Siícniomento cultural tão rico


quanto homem e todo o universo considerando
vivido por Galileu na Itália
aquele
re—
apenas a ação de corpos sobre corpos.
nascentista. Esse grupo tinha uma visão mecanicista
do mundo,
negava as explicações pau-
No entanto, existiam diferenças tadas em substâncias
e,)-
do século XVII e a Itállª
espirituais. Para
tre a Inglaterra alguns desses cientistas, um
corpo só
da Renascença.
Na Inglaterra, a? inu- podia sair do outro
repouso se corpo
danças não sofriam, como na Italia, a
atuasse sobre ele.
oposiç㺠da Igreja.
No ambiente religioso em que Galileu
vivia, o padre era o único com plenos
poderes para interpretar a Todo
Biblia.
Conhecimento que se pretendia livre dos
ensinamentos religiosos era
despres-
tigiado. Naquele contexto, só eram aceitas
as idéias que passavam pelo crivo da
Galileu e muitos
Igreja. dos seus con-

temporâneos, por questionarem essa

ordem, tiveram seus trabalhos con—

denados pela Inquisição. A Igreja con-

siderou-os heréticos.
A Igreja dominante na
Inglaterra era

a Reformada Anglicana, que surgiu com a


No século XVII, um
Reforma Protestante. A ciência emergente grupo de estudiosos da Uni-
versidade de Cambridge acreditava
que os mo—
era vista com bons olhos pelo movimento vimentos dos corpos não poderiam ser
espontâneos.
da Reforma. Ao explicar a natureza sem
Em
utilizar os recursos da teologia antiga, a Cambridge havia também os que
ciência mostrava que rejeitavam as teses mecanicistas
nova era
possível para
pensar numa ordem diferente daquela explicar o universo. Acreditavam, ao

defendida pela Igreja. Além disso, havia contrário, na existência de um


espírito
uma forte ligação entre os ensinamentos do criador e motor da natureza.
Defendiam
a realidade e a eternidade das substâncias
protestantismo e a tese defendida
pela
dência que estava sendo construída: a idéia espirituais. Para eles, existia um ”espírito"
da natureza,
de que a verdade sobre a natureza era que seria o
responsável pela
acessível ao homem. origem e
”sustentação" do universo. O
espaço, para grupo de estudiosos, não
esse

Nesse contexto, presenciamos de- era


apenas o local ocupado pelos corpos,
bates sobre o universo, mas uma substância
que mostram um espiritual que teria
novo olhar os atributos de
para a natureza. Deus, como perfeição,
eternidade, etc.
!
___—“_
*

., ! H.
Scanned by Camãanner
*
ns
academias de '

ciencias...................................._.. divulgação dos estudos


Apesar de debates importantes esta— realizªdoS º

rem ocorrendo na universidade, ela não era financiar trabalhos nas áreas
considarª d
cit-nullªS
CICS A academia
oúnico local de debates científicos. Ao longo pºl“ Prlmltªr'ª_5-
do século XVII, foram criadas em diversos inglesa, ª. Rºyªl Sºciªl)/, reunia os cienª
países europeus as academias científicas. tistas
mais Prºgl'CSSIStas e
famosOs da:
quele Pais, como, por exemplo, Isaac
Newton. A Rom
.

Frontispiclo do livro História


da Royal Society de Londres 5ºº'ºty foi funda.
para o desenvolvimento do mental
conhecimento natural, de Pªra ºde—
Thomas Sprat. 1667. Sçfwºl“ rrVento da
crencra na
Ingla—
terra, tendo Sido
inclusive, a
Fes: [
ponsável pela

[
pu-
lilica

_“Ǫº do .

Pri—
meiro
ªrtigo de
Newton , no ano
de 1672.
Muitas das
academias cientí.
ticas tinham tambem a
preocupaç㺠de .

excluir as discussões filosóficas do âmbito


da ciência.Só eram
"
,

, consideradoscientífiCOS
conhecimentos aplicação prática 0
& l ª
'

. os com
" “: “' N , ; “P“ 'ª'
.

ob'etivo era incentivar 0 estud º


' "

Gravura Museu de Clênclas de ] d 8Prº-


pertencente ao
Londres mostrando o trabalho de observação e blemªS técnicos centrªis Pªrª O
contrºlªdªs de
mºmento,
Pesquisªdºres
eigpelrirrgplãação
dº como os relacionados à hidráulic &, à
secuo .

artilharia e a
navegação. Nesse sentido ,

Você sabe o que representa uma essas academias representavam um


espaço
academia? ”revolucionário”. Elas permitiam tanto as
Não chamamos de academia apenas discussões de novos temas, o sur- quanto
o local em
que se pratica ginástica. Uma gimento de "novas idéias“ sobre assuntos
academia e' um espaço onde as pessoas se já debatidos em outras épocas.
reúnem com
objetivo comum. Nas
um Vivendo nesseambiente de debate e
academias de ginástica, elas reúnem-se transformação, Newton dedicousua vida
para fazer ginástica, musculação, etc. Nas à busca de entendimento completo do
um

academias científicas,oobjetivo da reunião universo. Para chegar a isso, não se


é a discussão de assuntos da ciência ou
restringiu estudo da física, pois acre
ao
outras questões culturais do momento. ditava que muitas das ”verdades" seriam
Os cientistas se reuniam nas acade- reveladas por estudos de história das
mias com o
propósito de intensificar a
religiões, alquimia, teologia, etc.
& 20 --——_

Scanned CamScanner
;
by
E tudo loi

luz
saac Newton escreveu duas grandes
obras: Philasophine lzntm'nlis principia
mathematicn (Princípios matemáticos da
filosofia natural) em 1687 Opticks (Óptica)
e

em 1704. Essas duas obras diferenciam-se


não só pelos conteúdos estudados, como
também pela forma de abordagem. Nos
Principia, Newton procurou estudar o

lá”,;
movimento dos corpos celestes e ter-

restres. Em Opticks, os objetos de estudo


foram, como o próprio nome indica, os
fenômenos ópticos e a natureza da luz. Os l'
Principia possuem uma estrutura com :

forte base matemática, com princípios


teórios, leis, etc. Já em Opticks, Newton
'

privilegiou a abordagem experimental.

,,

Scanned by CamScanner
existem os engenheiros, 05
técmws, Os
constroem os
nosSºS Pro-
operários que
Eles são
dutos tecnológicos. diferentes
criticados por
dos artífices Nemo“
Aqueles homens não procuravªm uma
escola para aprender seu Saber, hem tra—
em fábricas, como as
balhavam nºss“
onde cada um realiza uma tarefa
espe:
cífica, sem a necessidade de saber Cºmo
inteiro que está
se faz o produto ªju-
dando a construrr.

Na Idade Média, artífices se


os

em corporações de ofício,
organizavam
mestres, Oficiais
formadas por &
ªpren.
mais
dizes. Os mestres
eram 05
exPe_
'
rientes, em geral pessoas mais Vªlha5_
"

J.;. ;:v ": 4_u_ sá '"

procurou
Era através da aprendizagem com eles
Além de estudar os movimentos, Ne wton

que os aprendizes passavam oficíaiª


a
natureza da luz.
compreender a
Os oficiais, apesar de não terem o Sªber

obra
Esses dois livros formam uma
do mestre, dominavam ªquilo que fa-
Newton
ampla. Nos Principia, produção era
muito ziam. A sempre ªcom—
mecânica clássica, e por todos ªprendiZes,
apresenta a base da panhada “&

à
muito daquilo que é exposto ali serve

compreensão dos conceitos apresentados


como fio
em Opticks. Por isso optamos,

condutor, nesta visita à obra de Newton,


pelas idéias expostas nos Principia.
Começaremos nossa análise pelo
prefácio dos Principia.
O prefácio de um livro é uma das
da obra. É nessa
partes mais importantes
parte que o autor apresenta
um pa—

norama do conteúdo, ressaltando os

pontos mais importantes a serem dis—


cutidos. (Nunca despreze o prefácio de
um livro; leia-o com muita calma.)
Logo no início, encontramos a afir-
mação de que a mecânica dos antigos
estudiosos era imperfeita. Segundo
Newton, 0 erro não estava na mecânica
em si, mas nos
que com ela trabalhavam:
os
artífices. '

Os artífices eram as
pessoas que .
fiªr“
construíam os artefatos técnicos. Hoje Oticlna de artífices do século XVII.

Qu _
*

Scanned by CamScanner
|V

mestres —, desde a
preparação os fenômenos podiam ser compreendidos.
ciaiS e
até acabamento fi- Com afirmações construiu
da matéria-prima o essas uma

nal dos produtos. explicação para o universo.


Mas por que Newton criticava esses Mas não foi muita pretensão de
Newton afirmar que universo é tão
artífices? o

Segundo Newton, eles não utili- simples que pode ser explicado única e
a matemática em seus trabalhos, exclusivamente através de cinco forças?
zavam
ignorando O fato de a mecânica possuir Essa não era uma
proposição ex—

círculos perfeitos, tratados na clusivamente de Newton. No século XVII,


linhas e

geometria.
encontramos outros pensadores europeus
um conhe-
Ainda no
prefácio dos Principia, preocupados em construir
cimento objetivo, claro e seguro a respeito
encontramos a afirmação de que todos os
do universo, que garantisse a simplicidade
fenômenos da natureza possuem a mesma
causa: forças agindo sobre os corpos.
Para da natureza.

Newton, existiam apenas cinco tipos de


Você acredita que o universo seja
naturais, a partir das quais todos
forças simples?

o sistema
fossem obedecidas, os cientistas teriam
A obra Philosophiae naturalis principia
três livros. O trabalho.
mathematica foi dividida em sempre sucesso em seu
Essas regras mostram a visão de
livro III merece atenção especial. Nele,
Newton aplicou os estudos desenvolvidos Newton a respeito da natureza e da

nos livros I e II sobre a relação entre forças ciência. Elas são tão importantes quanto
movimentos, o caso dos corpos as três leis de Newton sobre o movimento,
e para
celestes. que estudamos nos cursos de física no

Antes de iniciar a discussão sobre os ensino médio. Antes de conhecer essas

movimentos dos planetas, satélites, etc., regras de raciocínio, vamos discutir


ele apresentou um conjunto de consi- alguns detalhes sobre as tão famosas leis
do movimento.
derações a respeito de como deve se
desenvolver o trabalho científico. Esse

conjunto de considerações recebeu o nome As três leis de Newton


de “Regras de raciocínio em filosofia”.
Veja! O nome ”Regras de raciocínio As três leis sobre o movimento foram
em filosofia” tem um significado. As regras apresentadas na
parte dos Principia intitu-
de jogo são os passos que os jogadores
um lada ”Axiomas ou Leis do movimento”.
devem obedecer ao longo do jogo para que Nem todas as considerações dessa
a
partida tenha sucesso. Algo parecido parte dos Principia são estudos inéditos de
ocorre aqui. As “Regras de raciocínio em Newton. Por exemplo, Galileu Galilei já
filosofia” devem ser seguidas por aqueles havia estudado o que hoje conhecemos por
elas Lei da Inércia Primeira lei de Newton.
que fazem ciência. Para Newton,
se ou

— 23 ,E
l-..
Scanned by CamScanrier
*
ambiente dos acontecimentos
Para Galileu, corpo em mo-
um
impº rfeltos
vimento com velocidade constante per— corruptos. Na Terra, as coisas n ElU
,

era
todos os
acontecimentos “nh
maneceria situação caso não atuasse
nessa eternas,

sobre ele qualquer força, ou se o somatório início, meio e fim. A pintura nos
perma—
das forças fosse igual a zero. O corpo, visualizar como o

organizado pelo
espaço
homem
era
percebidot
assim, movimentada—se indefinidamente medievar Obª
sobre trajetória circular. A proposta abaixo pintura
uma serve uma
(afrescº) da lda—
de Galileu difere um pouco da de Newton, de Média.
_

0
qual afirmava que, se a força resultante Perceba que os
elementos deSs
sobre corpo e' zero, este pode
Sãa
um estar ou
castelo,
pintura o as
pºSSOas
——

&

em repouso ou em movimento, em linha todos


apresentados juntos, num me
smº
reta, com velocidade constante.
A
plano, Não há idéia de profundidade. Ess
formulação da Lei da Inércia, pro-
posta por pensadores antes de Newton, era
pintura ilustra muito bem como na
épºcª
difícil de ser amplamente aceita no mundo
se
enxergava-o. espaço, Seja] ou
hie.
medieval. Para admitir a inércia, foi ne-
rarquizado e finlto. O tamanho dos ele-
cessário um olhar sobre a natureza com-
mentos representados não dependia da Sua
localização espacial, mas do Papel
pletamente distinto do medieval. que
exerciam na sociedade. A relação
entre o
tamanho do castelo e o das pessoas
A concepção de espaço nãº
obedecia que era observado no dia-a
ao

Para o homem medieval, dia. Perceba que as pessoas retrat


espaço era
o
ªdas
hierarquizado e finito. O céu era um local possuem tamanhos diferentes. As ma iores
perfeito, morada de Deus; Terra são aquelas que possuem um
a a era o
lugar de
destaque na sociedade, Um
senhor feudal tinha
ne-
cessariamente maior
ta-
manho que um servo.
Não
havia continuidade
entre a
representação do céu e da
Terra. O céu era
Cºmple-
tamente destacado. O es-

paço não era


homogêneo.
No final da Idade Mé—
dia, a Europa sofreu pro-
fundas mudanças sociais e
técnicas, e as pessoas dessa
época passaram a sentir e
imaginar as estruturas de
sua sociedade de forma
diferente de até então. A
popularização da matemá-
tica, que aconteceu com a

Entrada
intensificação do comércio,
em Jerusalém, de Pietro Lorenzetti
(por volta de 1280-1348). também possibilitava uma

© 24

Scanned by CamScanner
't

i
nOV a forma
de perceber o mundo. Tudo os
pintores, passassem a representar o

iSBU fv/
mm que os artistas, e em
especial espaço geometricamente, não mais res-
i-Jbilkuuªmt -. _
'. peitando os critérios medievais.
Nesse quadro de Van Eyck, do século
XIV, O espaço tem uma representação
distinta daquela feita no início da Idade
Média. O tamanho dos elementos não mais
respeita a hierarquia social, estando agora
ligado ao lugar do espaço
diretamente
ocupado pelo elemento. Além disso,
o

entre
espaço é homogêneo, sem distinção
céu e Terra. Ha idéia de profundidade
nessa
pintura. Veja! representado nela
O rio

parece não ter fim. Observando quadros


por que não pensar que espaço
como o
esse,

seja infinito?
Nessa visão de espaço,
nova a Lei

da Inércia não é algo absurdo. Se o es—

paço é uniforme e
pode ser pensado
como infinito, é permitido imaginar que
nele de
um corpo pode movimentar-se
forma também uniforme, com veloci—

As leis _

do mºvlmentolllIll..-lll-IIIIIIIIIIIIIIIIIII.
novidade de Newton Apresentaremos aqui 0 enunciado des-
A grande ao

três leis do movimento sas leis, mas, no livro de Newton, 0 encon—


enunciar as nos

Principia foi associa-las e torna-las uma traremos em uma


linguagem diferente, por-
estudo do movimento dos que seu livro era destinado a um pequeno
base para o

corpos. público da época, àqueles iniciados em ciência.

Primeira IGI
uniforme
Toda partícula continua em seu estado de repouso ou de movimento
em linha reta, quando a força resultante sobre ela for igual a zero.

) miuda lei
A força resultante sobre uma partícula é proporcional a sua aceleração e tem a

mesma direção dessa.

TGI'BOÍI'I hl
Todo corpo, ao
agir sobre outro, recebe deste último uma reação
de mesma direção
e valor, porém em sentido oposto.

_í—L 25 É

Scanned by CamScanner

nsregras de raciocínio.................,
em lilosolia

O universo é simples; explicações expucaçãoenuma teoria diferentes E, ªssim


teremos uma ciência baseada
complexas a seu
respeito não são satis— em
Uni
fatórias. número muito grande de “leis”.
Não
Respeitando essa ”regra", diremos: as poderemos prever acontecimentos fUturos
nem construir aparatos técnicos
teorias que descrevem ou explicam o bªseadºs,
nas teorias e fatos conhecidos.
comportamento da natureza devem ser
O que você acha? Acreditando
sempre simples e diretas. Todo cientista que
acontecimentos semelhantes não
que deseja realizar um trabalho sa- possuem
tisfatório deve em suas pesquisas in- a mesma explicação, o homem teria
troduzir apenas as hipóteses necessárias. conseguido construir a ciência e a tecno.
Hipóteses, como assim? logia que hoje conhecemos?
Pense num detetive. Antes de iniciar Mas, seguindo essas duas rºgras
de
a
investigação de um crime, ele faz diversas raciocínio, como procederíamos se fôs.
considerações sobre os motivos daquele semos um investigando a queda
cientista

acontecimento. Ele pensa na possibilidade à


de corpos próximo superfície de
Júpiter?
de suicídio, assassinato devido a roubo, Quando estudamos o movimento de
vingança, etc. Todas as possibilidades são uma pedra abandonada próximo à
su-

hipóteses sobre aquele crime. perfície da Terra, verificamos que este


é
Na ciência ocorre algo parecido. Os movimento acelerado.
um
Explicamºs
cientistas levantam hipóteses sobre o com- fenômeno afirmando que
esse a
força
portamento ou sobre o que provoca deter- gravitacional existente entre a pedra e a
minado comportamento na natureza. Por Terra é o agente responsável pela acele-
exemplo, Kepler, ao estudar o movimento ração adquirida por esse
corpo. E para o

planetário, trabalhou vários anos com a caso deJúpiter?


hipótese de que os planetas giravam em Seguindo os conselhos de Newton,
órbitas circulares em tomo do 501. diremos que, ao largarmos a
pedra próxi-
mo à superfície de
Júpiter, o corpo adqui-
rirá aceleração provocada pela ação
uma
um z'w da força gravitacional que existe entre tal
A similares devemos sempre
efeitos corpo e o planeta Júpiter.
atribuir causas idênticas. O mais surpreendente é
que para
Se desprezarInos essa regra, estaremos chegarmos a essa conclusão não é preciso
atribuindo uma causa diferente para cada irmos a Júpiter. Como os efeitos são
fenômeno que ocorre ao nosso redor. similares (em ambos os casos temos
Nenhum acontecimento será
novo com-
corpos próximos à superfície de planetas),
parável com os fenômenos já conhecidos. é única.
a causa
Logo, a lei que descrevee
Para cada caso, devemos
pensar numa
explica o movimento do corpo na Terra

©zs

Scanned by CamScanner
&
Todos objetos que vemos a nossa
os
l

força volta possuem massa. Segundo Newton,


gravitamoniil esse nosso conhecimento deve ser esten-

dido a todos os corpos sem exceção. Essa

afirmação vale, inclusive, para os objetos


força encontram fora de nosso alcance,
que se
gravitacional
como
aqueles situados na região celeste.
Logo, não precisamos ”pesar” os pla—
netas, satélites, etc., para concluir que eles
possuem massa.

Sobre um acontecimento, as con-

Terra
Júpiter siderações hipóteses baseadas em
e as

observações ou experimentações devem


ser aceitas em detrimento de quaisquer
será idêntica
àquela que descreve e explica outras não baseadas em experiências.
o movimento do
corpo em ]úpiter ou em Considerando de racio-
as ”Regras
qualquer outro planeta. cínio em filosofia”, Newton continua o

livro 111 apresentando suas conclusões


sobre o movimento dos corpos celestes.

Proposições comuns aos corpos


Essas conclusões estavam, também,
baseadas famosas três leis do
conhecidos devem ser aplicadas para
nas suas

todos os movimento e nas Leis de Kepler.


corpos.

AleidallllllllllllllIIIIIIIIIIIIIIIIIIlllllllllllll

Gravitação Universal
Como vimos, apesar do sucesso de força. relação é hoje conhecida como
Essa
suas leis, Kepler deixara questões em Lei da Gravitação Universal.
aberto sobre que provocava os mo-
o Respeitando as ”Regras de racio-
vimentos observados no céu. Newton, cínio em filosofia”, Newton garantiu a

conhecendo esse limite, trabalhou com a universalidade da Lei da Gravitação,

intenção de explicar as causas dos efeitos afirmando que quaisquer corpos rela-
leis. tivamente próximos entre si deveriam atrair-
registrados nessas
Ele, então, atribuiu a uma força se com uma força de natureza gravitacional.
existente entre A força gravitacional em qualquer caso
gravitacional os corpos
celestes a causa dos efeitos registrados por dependeria apenas das massas dos corpos
Porém não contentou envolvidos e da distância entre eles.
Kepler. se com essa

atribuição. Buscou uma relação ma- Paremos pouco nossa viagem


um

lei. Todos os
temática que permitiSse calcular essa
para refletirmos sobre essa

—-—ê:_ ,

273

Scanned by CamScanner
Newton, atração entre corpos, constriilu Um Cºn
corpos sofrem, segundo innrº
mútua. Existe uma atração do tipo gra— teórico simples, claro e
(lblUÍIVQ
movimentos dos dtfu Pªra
vitacional entre você e a Terra. E entre este explicar os

diversas
Tantªs
livro e a Terra. corpos em situações,
Uma pessoa atraindo a Terra?
Sim, e

por mais incrível que possa parecer existe (| sucesso da atração


entre este livro
uma atração gravitacional
e Apesar de não termos nenhuma
você. gravitacional
percepção dessa atração,
William Herschel, um
astrônºmº do
século XVIII, construiu
telescópiºs de
reflexão de qualidade superior aos Cºns—
truídos pelos fabricantes profissionais da
época. Com seu
telescópio, Observºu
cuidadosamente o ceu, anotando
Sºmpre
os resultados. Em 1781, verificOu
a
presença de uma curiosa estrela no
Céu.
Análises suas e de outros
astrônomoS
mostraram que a tal estrela era Um

planeta.
Todos os outros planetas ja' ºram
conhecidos desde a
Antiguidade. Hers-
chel trouxe, assim, uma grande
novidade
para a astronomia: mostrou que o sistema
solar era maior do que se
acreditava
havia séculos. Os cientistas se
Segundo Newton. os corpos se atraem mutuamente.
ªmpol—
garam com a descoberta do novo planeta,
Newton, no século XVII, defendeu que recebeu o nome de Urano. Baseando.
se na Lei da Gravitação Universal,
com determinação essa tese. Veja-
muita os as.

mos 0 seguinte! Os
trônomos determinaram a órbita do novo
planetas, o Sol e a Lua
ja' não eram considerados corpos divinos, planeta.
A descoberta de Urano contribuía
certo? Então, por que procurar leis com
a tese de que o sistema solar ainda não
especiais para explicar seus
compor- tinha
sido todo descoberto. A partir de
tamentos? Já não havia mais motivos para 1840, vá-
rios astrônomos se convenceram de
leis especiais. Logo, as leis deviam ser que a
órbita de Urano não se
estendidas a todos
corpos. E, assim,
os adaptava àquela
Newton defendeu que todo corpo de prevista pela Lei da Gravitação UniversaL_-|
Mas como, para esses astrônomos, a
massa diferente de zero sofre uma
atração
teoriall
de Newton estava absolutamente
similar à dos corpos celestes. correta,, '
eles optaram pela defesa de
'

Isaac Newton sintetizou o que vários que existiria,


outros cientistas haviam tentado de-
um outro
planeta mais distante do Sol do
que Urano que explicaria a obser—l
distorção
monstrar em seus trabalhos. Ele unificou vada. Um matemático
com sucesso a física celeste e a terrestre.
inglês, John Cou
Adams, e um astrônomo e matemático
Baseando-se apenas na atuação de forças francês, Urbain Le Verrier, buscaram; '

<Sªas i" .

Scanned by CamScanner
Urano. planeta descobeno
através do telescópio,
em 1781, por Wllllam
Herschel.

separadamente, atraves de calculo», prever


a
posição do novo planeta. Ambos marca«
ram a mesma
região no céu. Ao posiciona—
rem seus
telescópios para o local indicado,
os astrônomos descobriram o novo planeta,
que recebeu o nome de Netuno.
Assim como aconteceu com Urano,
a órbita
prevista para Netuno era diferente
da observada no céu. Novamente os
cientistas confiaram em Newton. Ava-
liaram que um novo planeta ainda des-
conhecido causava
perturbação ob—
a

servada. Em 1930, o planeta esperado foi


descoberto. Esse planeta ficou conhecido Netuno, cuja exustencia foi prevista atraves de cálculos
matemátlcos baseados na Lei da Gravitação Unl-
como Plutão. versal, de Newton.

Plutão, o planeta mais distante do Sol, foi o ultimo a ser descoberto, em 1930. Sua
exlsténcla também foi prevista com base nas leis de Newton.

—,,;_—_e ,dª— ,_

za &
|

= .<
__-
':,_;<A,,_- , —*v—
*

Scanned by CamScanner
CAPM w

oposição
a Newton
no século XVII

M
respondendo satisfato—
esmo

riamente a questões funda-


mentais para a época, Newton
sofreu oposição de alguns cientistas
europeus do século XVII.
Um dos grandes opositores foi o
filósofo e matemático alemão Gottfried
Wilhelm Leibniz (1646-1716). Esse
,
cientista procurava em seus trabalhos uma

explicaçãomatemática para o universo.


Ele criou um método de cálculo
que
'
consistia em dividir
que se estava
o
'
estudando partes infinitesimais.
em

Leibniz propunha, então, analisar o


problema através do estudo dessas partes
muito pequenas. Apesar da
divergência
de pensamento entre Newton e Leibniz,
Newton construiu um método de cálculo
idêntico ao de Leibniz, que um tivesse
sem

l conhecimento do resultado dos estudos

E
'

do outro. Isso fez com


que esses dois
cientistas disputassem por vários anos a

1
*

honra da invenção desse método, que foi


muito importante para 0 desenvolvimento
da matemática.
.
Newton utilizou esse método de
'

! cálculo
teria
em seus estudos. Sem isso não
conseguido obter os resultados
&
*
apresentados nos Principia.
(ea; 30

Scanned by CamScanner
Newton e Leibniz não se enfrentaram Você já pensou nisso? A idéia de
que
apenas
nas questões matemáticas. Leibniz
quaisquer corpos de massa diferente de
Lei da Gravitação Universal.
rejeitava a
zero atraem—se sem
que nada material
Ele, como muitos outros cientistas, não
seja responsável pela transmissão dessa
aceitava idéia de que entre dois corpos
a
atração não é algo tão facil de aceitar. Se
houvesse atração mútua sem que existisse você esquecer um pouco o sucesso da Lei
um elemento material entre eles, de capaz da Gravitação Universal, irá com certeza
transmitir a atração. achar muito estranho que a Lua sofra
x «:x,

uma força de atração do tipo gravita-


cional da Terra, sem
que nada exista
entre elas.
Newton não explicitou nos Principia
como a atração mútua entre os corpos
ocorria que a transmitia. Para os
e o
WllhelmLeibniz.
'

opondo-se a
críticos, essa falta de explicação era
Newton, afirmava inconcebível. Como podia uma obra, que
que. se dois
pretendia tão abrangente, não conter
:
se
corpos se atraem,
alguma coisa explicações a respeito de como ocorriam
'

deve exlstlr entre


eles.
esses fenômenos?

",

Os
adeptos da teoria newtoniana se No dia—a-dia, observamos que os
esforçaram para responder aos críticos de corpos se movimentam sem grandes
Newton construindo explicações para o
problemas na superfície da Terra. Também
problema da ação a distância evidenciado sem
grandes problemas, corpos como os
pela Lei da Gravitação Universal. pássaros sobrevoam a Terra. O éter não
A grande maioria optou por preen-
poderia mudar essa situação. Não era pelo
cher o espaço vazio entre os corpos com fato de se ter chegado à conclusão de
que
uma substância, que seria responsável o
espaço estava todo preenchido que os
pela transmissão da força gravitacional. movimentos até então observados mu-

Essa substância foi chamada de éter. Não davam. Logo,


para ser coerente com os
confunda este éter com aquela substância acontecimentos diários, o éter precisava
que os químicos e biólogos tanto utilizam ser rarefeito.
em seus laboratórios. Outra característica importante do éter
Para se pensar no
espaço preenchido era ser
homogêneo, isto é, ter as mesmas ca-
pelo éter, era importante que essa nova racteristicas em todas as
partes. As coisas
matéria não contrariasse os acontecimentos no universo não estão paradas. Se o éter
do dia—a-dja. Por exemplo, assim como o ar, mudasse longo do espaço, um mesmo
ao

o éter seria obrigatoriamente invisível. acontecimento poderia ser diferente na

—_» , 31 &

Scanned by CamScanner
Isso tanto con- preferida. Porém nem tºdas
cias deve sera
Itália Inglaterra. era
as hipóteses podiam ser ºSCÇlhldas
e na
em
tra'rio as observações do cotidiano, quanto O eter e 50 Um
filo- função da experimentaçao,
contrário às ”Regras de raciocínio em
exemplo. Newton acreditava queotempo
sofia“ apresentadas por Newton. tinham uma
e'XlStGl'lClâ real,
espaço
'
A

de substancra e o
Mas a
hipótese uma
acontecrmentos
independente dos dos
e
etérea preenchendo todo o espaço, apesar isso afirmava que o GSpaço e o
de ter muitos adeptos na época, trazra corpos. Por
complicações. Como aceitar que todo O tempo
eram absolutos,
do
ou
as
melhºr,
formas do espaço
e tempo nao eram
universo estava preenchido com algo alterações
de ªtor.
material?
relativas, não sofriam
do com os acontecimentos naturais. ln-
Conceber o éter não foi uma tarefa
fácil. Defende-lo, menos ainda. Mesmo dependente de qualquer corsa, o
tempo
sempre fluía
e o espaço era
sempre hºmo-
com todos os seus problemas, essa hipó-
eterno.
tese permaneceu na Física ate' o início do gêneo e

Para Newton, 0 eSpaço ªbsºluto


século XX, quando Albert Einstein, com
”os sentidos de Dªus"
sua teoria da Relatividade Espacial, a eli— representava
Dessa forma,
minou por completo. (Sensoríum Dei). Deus
estava presente em todas as Pªrtes do
A hipótese do éter não estava pauta- ele
da Como pôde Newton universo e agia sobre Segundo sua
em experiências. Física de
aceita-la? vontade. Para a Newtºn, DEUS
Newton defendia que, se temos duas não era uma hipótese, mas uma reali-
experiên- dade.
hipóteses, aquela baseada em

NBWÍIIII,
n ªllIlIÍMÍSÍE
Durante os 25que elaborou
anos em transformar uma substância em outra,
os seus mais importantes trabalhos de Física Baseavam-se sempre em
observações e
eMatemática, Newton dedicou-se a estudos experiências.
sobre alquimia e religião.
A universidade em que
trabalhava, Cambridge, era um
local com tradição alquímica.
No período de 1650 a 1670,
havia um
grupo de estudiosos
nessa universidade muito inte-
ressado no assunto. São dessa

época os primeiros trabalhos


alquímicos experimentais de
Newton.
Os alquimistas busca—
vam entender a essência das Buscando a
compreensão sobre a natureza da:
substâncias. Estudavam como era transtormações. os alqutmlstas
possível rlênclas e observações.
realizavam expo-:

&& _,;i.

L.—
Scanned by CamScanner
Na ciência moderna, as Idéias deixadas pelos alqulmlstas não são consideradas.

Hoje, ao ouvirmos a
palavra alquimia, dermos isso, vamos tomar exemplo de um
o

lembramos de coisas esotéricas, de assuntos


alquimista do século XV, com
cujas obras
desprezados no trabalho científico. Nas Newton teve contato. Esse alquimista, Basilius
grandes centros de pesquisa de nosso tempo, Valentinus, acreditava que na natureza todas
esse é um saber desvalorizado, ou melhor, não as coisas correspondiam. Para ele, cada
se

consideram resultados da alquimia


se os nos
planeta correspondia a um metal e a uma nota
estudos de física. Ela não traz hoje verdades da escala musical. Essa idéia teve grandes
científicas sobreo universo. implicações para a física, e particularmente
Havia, porém, uma certa ligação entre in— para a Física de Newton.

vestigações alquimicas e físicas. Por exemplo, Talvez você


esteja achando confusa toda
a palavra harmonia era um termo comum aos essa ligação entre fisica e alquimia. Afinal, a

cientistas e aos alquimistas. Muitos alqui— primeira é científica e a segunda, esotérica.


mistas de endiam que o universo possuía uma Antes de tirar conclusões precipitadas lembre-
ordem e tinha harmonia, assim como a música. se das ”Regras de raciocínio em filosofia”,

Além disso, as coisas do universo estavam representantes pensamento de Newton.


do
todas relacionadas. Para melhor compreen— Nelas percebemos que toda a proposta new-

Scanned by CamScanner
puienilcr
ºrdem do an,-vª

dever de Iiasmr
Ionmna está baseada na idéia de um
universo ii natureza pelo Criador.
simples e harmônim, um universo CNI"
imposta Nªlulo
acreditava que
sua missao em
(“Stªin-i, fa“
fIIIIL'ÍOIIiUIlL'nIU e descrito e explicado
atraves

de teoria simples, matemáticas e abrangenlus.


mistérios, (' ti““ Pªrª 1550, Prf? “"porta"
antigos
os Mimis
npi'emll'l' com
os
”“'-ªlmas 'In;
Para Newton, a alquimia, a religião,

no universo.
Deus colocam
física e a matemática eram assuntos que
Nos último.—' tempos
em
que "'ªba)
estavam interligados. Ele mªrvdilava
numª
óer (,,,, Cªl,,(iridge, off.—zica .É (:
alarm/afim "
ordem do sistema do mundo criada por um
crm” mais a sua prinCipal preocupªção.
pensante ÍIIÍCÍISFIIIP,
e que estava sempr? religiao Ihc
presente em tudo. O universo rico e Ílm'lllÚHIfO alquimia e a
ocupavam 11
"”"-ºr
a que parece nim ler
era um
enigma elaborado por Deus por
suª pariu da tempo, de
ªgrªdadº
o (: seus colegas. Alguns (“Ingas "ªº
seus
livre e espontânea vontade. Assim como
viam com bons olhos um ”Now/on '“ísliL—ºu
alquimista Valentinas, Newton arruditam
na
ele sofreu
Por esse motivo, P'T'Sªões dá
harmonia do universo

O homem tinha, segundo Newton, 0 algumas pessoas afixar


para da Cª'llbridge. O
_

certo é que, apos


sair
universidªde “,

dedicou—se apenas a questões adminigimh-vu;


burocráticas. Passou (1
representa,-
e Cam.
Parlamento inglês e a
b,.ldgejnnto ao
ºxªfºer
do
a função de Representante Rei, comº
Controlador da Casa da Moeda,
Isaac N'wton tinha o projeto de des-
maiar os mistérios da natureza possíveis
de
se revelarem ao homem, Para entendº, Um
estudou fisica, mªte—
pouco desse universo,
mática, religião, alquimia. Acreditava que à .

a união dos conhecimentos dessas me,“

permitiria a realização
tarefa
de SW,

Desvendnr "segredos” do universo em u


os

dos projetos mais importantes daquela


épºcª,,
muitos acreditavam
porém que as leis
que—'!.
fenômenos da natureza
iggiam os estav”

riam como a matemática, por isso somente


e
:
os estados de física e matemática seria
importantes para conhecer a natureza.
O que hoje estudamos nas escolas com?»".
obra de Newton é resultado da “leitura”, isto“ ,

é, da interpretação feita, principalmente à.


partir do século XVIII, de seus estudos. Essa:
“leitura” caminhou ao
longo da história 5,
,/ &
chegou aos livros didáticos.
Quadro pintado por Joanes Stratensis Flandrus, em
1570, representando um laboratório de alqulmla.

Scanned by CamScanner
F

BWÍOIIͪIIOS
do século XVIII

saac Newton formulou suas teorias


utilizando tanto experimentos e
observações, quanto idéias ja' tra—
balhadas por outros cientistas. Sua obra
representa uma grande síntese das teses
formuladas por filósofos naturais ante-
riores e contemporâneos a ele.
»!

Newton concretizou o desejo de

grande parte dos filósofos naturais de


sua
época: unificar as físicas celeste e ..
terrestre. As leis utilizadas para explicar
os movimentos observados no céu pas-
saram a ser idênticas àquelas
que ex-
plicavam os movimentos observados na
Terra.

Com Newton, os movimentos ce-


lestes tiveram uma explicação tão racional

quanto os dos corpos da Terra. Vejamos l


um
exemplo. l

Edmond l
Halley, um astrônomo
inglês da época de Newton, aplicou a
física newtoniana ao estudo dos cometas. .

Associou a
aparição de cometas que
ocorreu em 1531 e 1607 à de 1682, afir—
mando que se tratava do mesmo cometa.

“E?

Scanned by CamScanner
Utilizando a Lei da Gravitação Universal,
previu para 1758 uma nova
aparição. Cºm
um
pequeno erro de dias, o tal cometa
reapareceu. Em homenagem a Halley, esse
astro foi batizado de ”cometa de
Halley”.
Com essa utilização das leis de Newton,
Halley marcou o primeiro grande triunfo
da física newtoniana.

A unificação da física celeste e terrestre ªbriu


caminhos para as viagens espaciais.

explorar o sistema solar, o


Para
Cometa de Halley. Suas aparições foram previstas
com a utilização das leis de Newton.
homem precisou abandonar certeZas
antigas e estabelecer uma nova relação
da física celeste natureza. Foi necessário percebê-
A unificação e ter- com a

restre foi um acontecimento muito es- la como um local que podemos e devemos

pecial. Pense bem nesta questão: será que modificar.


os homens estariam
hoje construindo
naves
espaciais para explorar o sistema
solar se, ao longo de sua história, não Tradição
tivessem abandonado aidéia de que o céu
é a morada de Deus e um local
repleto de Você já deve ter escutado expressões
corpos divinos? do tipo: ”Você é muito tradicional!", ou
Provavelmente, se os planetas, os "Não seja tradicionall". Ser tradicional
satélites (como Lua)
cometas e os a
significa seguir regras existentes há muito
continuassem sendo vistos como na Idade tempo. No século XVIII havia pessoas que
Média, os homens não teriam nem
pen— desejavam derrubar a tradição, que não
sado na
possibilidade de sair da Terra. mais aceitavam submeter as teorias sobre
”Ora raciocinariam eles céu é universo às
—, se o a o estabelecidas pela

normas

morada de Deus, ele é inalcançável para Igreja. Elas acreditavam que era
possível
nós. Como podemos pensar em construir construir universo
uma
explicação para o

uma nave
para viajar no espaço? Lá só os sem recorrer a
argumentos teológicos, com
divinos podem chegar.” base observações Ao
seres em e
experiências.

|
&

Scanned by CamScanner
céu a Terra, obra de Newton
COmparar
o a
Opticks. Foram por isso chamados de
tradição.derrubar a
atraiu os que desejavam rzczutonimios.
Newton explicava satisfatoriamente, A
França foi um dos locais onde mais
com leis
matemáticas e experimentais, intensa e rapidamente
penetra ram as teses
terrestres até então
fenômenos celestes e newtonianas. A física newtoniana foi
Observados, e por isso seu trabalho foi adotada nesse
país por alguns pensadores
considerado o caminho da “Verdade” por que desejavam afastar falsas crenças e

um grupo de filósofos europeus do século libertar homens de


os suas
fantasias e

XVIII. Ao longo do século esse grupo de medos. Nesse


grupo encontravam—se
filósofos dedicou a vida a defender e filósofos como O francês Voltaire, defensor
divulgar as idéias dos Principia e de da filosofia iluminista.

0 valor

nal-azia............................,...........
O projeto iluminista era construir
uma sociedade com base exclusivamente
na razão. Os iluministas desafiavam a

tradição e a autoridade. Defendiam o

progresso do conhecimento e a liberdade


de pensamento. Para eles, só o verdadeiro
conhecimento da natureza, obtido pela
ciência matemática e
experimental, podia
fornecer a liberdade desejada.
A construção de uma nova sociedade
mexe com o dia—a-dia das pessoas. Para
tornar possível a sua existência, é preciso
abandonar crenças antigas e defender
verdades antes não aceitas. Isso não é
muito fácil. Por isso, para concretizar seu
projeto, os iluministas precisavam fazer
com que grande parte dos homens acre-
ditasse na razão como elemento capaz de
O filósofo Voltaire (1694—1778) teve grande
trazer felicidade, e
divulgar as novas impor-
tância na divulgação das idéias de Newton.
descobertas e as novas teorias era um

caminho para essa transformação de Voltaire, mesmo sem ter


grandes
mentalidade. O newtonianismo, ao conhecimentos de matemática, estudou
explicar o funcionamento do universo intensamente a obra de Newton. Ele foi
por leis que excluíam o milagre, con- um dos que defenderam o newtonianismo
firmava as teses iluministas da supe— como um aliado da causa iluminista. Para
rioridade da razão e vinha colaborar ele, era
importante pôr a nova ciência ao

como seu aliado. alcance dos que se encontravam longe das


E
, ,,

|I I-—» Lg.. 37

Scanned by CarnScanner
de
academias cientificas. Por isso a filosofia poemas como os
Desaguller e pº
e a literatura
precisavam trabalhar na passaram
a ser comuns
na Eurºpa do Sé
difusão das teses newtonianas, ou melhor, XVIH. Newton assumiu pouco a Pºu Co
da humanidade,
da pliilosophia “atm-«lis. papel de salvador ªque] &
de tirar os homens das
Em 1738, Voltaire publicou Elementos que foi capaz "trev ªs
daflosojia de Newton. Nesse livro, defendeu medievais", Isaac Newton deixou de Ser
cientista comum, um homem morta].
que a metafísica e a física newtonianas Ele
eram as
portadoras da verdade. De ma- representava, agora,
uma
autoridade “e
neira muito clara e didática, apresentou, deveria ser segurda por todos que
dºsª—
"Verdade”,
jassem alcançar
a
sem utilizar a
linguagem específica do
mundo da ciência, as teses de Newton. O que foi divulgado como verdade, nº
Conhecedor do debate científico de sua entanto, foi o newtonianismo, quer diz
er
da obra de
época, fez essa apresentação contrastando uma leitura específica Newter;
o sistema de mundo de Newton com o de realizada principalmente nª França dº
Leibniz, defendendo sempre a supe— século XVIH. Nessa interpretação, ªpenas ºs
rioridade do elementos matemáticos e aqueles ligadºs à
primeiro.
O livro de Voltaire não foi o único experimentação foram valorizados.
responsável pela divulgação das teses de Lembra—se do interesse de NEWton
Newton junto aos leigos. Madame de pela alquimia e pela ação divina? Tudo 1550
Châtelet, marquesa que foi companheira foi desconsiderado. Os defensores da física
de newtoniana queriam instaurar uma
Voltaire, escreveu o livro Newton para razão
madames. Com essa obra pretendia di— exclusivamente matemática e experi-

vulgar as idéias newtonianas entre mu— mental. Para isso realizaram uma inter.
da obra de Newton que não se
lheres de época.
sua pretação
limitou a leitura dos artigos e livros dessª
Ao longo do século XVIII, o new-

tonianismo saiu das universidades e das cientista. O que se divulgou como a


academias científicas, alcançou o
grande verdade foi fruto da interação dessa obra
de outros pensadores, como Leibniz
público, virou poesia. com a

Newton e sem
paralelo, cujo Nome
o
tempo não removera' do Livro da Fama,
ciência Celeste promoveu mais
a

que todos os Sábios que brilharam anteriormente


A Natureza compelida, à sua Mente penetrante obedece,
e alegremente lhe mostra todos os secretos Caminhos;

contra a Matemática ela não tem defesa,


esubmete-se Zi Consequencia experimental;
o seu Gênio dominador, da Causa certa

cada Aparição a priori deduz


e revela do Arquictelo Todo Poderoso as leis inalteradas,”|

.. .
Na noite se escondiam a Natureza e suas leis.

” Deus disse: Que suria Newton!, e tudo foi luz.":

í.'í.“ivazsuguilíy, The Newlonim System of the World the Best Model of Guvemmeni, m
Allegorical Poem
z Alumni" Pape.

©1313
_ _||_| J_.,-

Scanned by CamScanner
,

º . .

mecamclsmo
ciência pro— instrumento mecânico capaz de ser todo
Muitos homens de
curaram explicar tudo através
dos prin- compreendido a partir da ação de pe-
da mecânica quenas partes,
cípios newtoniana;uti-
as
forças e a atração entre materia, Dentro dessacompreensão mecânica
movimentos de mundo, o universo foi comparado a
lizadas para explicar os
ce-

lestes e terrestres, tornaram-se soluções uma


máquina e Deus a um arquiteto.
problemas de eletricidade, mag-
de Nessa concepção, Deus teria planejado o
para
de todos os mundo colocado para funcionar. Sua
netismo, de química, enfim,
e

assuntos com os quais os


defensores presença seria, assim, desnecessária para
dessa doutrina trabalhavam. Os
new— que o universo continuasse funcionando
tonianos explicavam o mundo
uti— na maisperfeita harmonia. Como uma
lizando apenas a idéia de forças atuando máquina, a natureza já não precisava de
seu Criador para funcionar perfeitamente.
entre corpos ou entre as partículas que
Ela obedecia a leis que garantiam sua
os compõem. Eles eram mecanicistas, ou
um grande ordem harmonia.
seja, para eles, a natureza era
e

fra

FRANKENSTEiN Eo

NIVERSO-MAQUINA
Existe filme que ilustra muito falecimento de sua mãe, Frankenstein
um

bem essa visão de universo—máquina: decide vencer a morte, criando a vida. Conz
Frankenstein de Mary Shelley, dirigido essa determinação inicia o curso de

por Kenneth Branaglz, baseado no romance medicina numa universidade onde en—
de mesmo nome escrito por Mary Shelley, contra um professor que havia realizado
em 1818, estudos sobre a reanimação de algumas
O filme narra a história de um partes do corpo humano. O professor não
médico, Victor Frankenstein, que vive na deixa que Frankenstein torne contato com
Europa no
final do século XVIII. Após o o caderno de anotações dos resultados de

Scanned by CarnScanner
suas
pesquisas. Para esse professor, elas não Esse filme e' o exemplo de ""la
Con;
deviam ter continuidade. O cepção mecânica da natureza,
importante era
preservar, e não criar vidas. O professor Pense numa maquina'Toda
llldlca
ma'quin
morre e Victor Frankenstein toma contato possui um esquema que quais são
Cada blºco
constituem, de
como
com o
referido caderno de anotações. blocos que a
Pretendendo criar vidas, prossegue com as apresenta, qual funçao
a

de
cana Elmª (188qu
ordem
peSquisas. Depois de várias tentativas, partes e qual
a
assocazçao delas. De
da
constrói uma criatura, a partir de órgãos posse do esquema maquina, ql'ªlque,
de diferentes mortos. Quando finalmente a técnico que saiba ler os codigos em que estão
entende
criatura ganha vida, Frankenstein se descritas as partes a
máquina
ele tem
arrepende do feito. Tenta matarsua criatura, Compreendendoja, de
Cºªdfções de
por considera—la um monstro, mas ja' e' tarde ate
reproduzi—la e
mesmo ªpªÚcª'ÇOLÍ—la
demais. Victor Frankenstein acreditava ºlªeo
homem era uma grande máquina, ºu
melhor, que a vida
humana e
ºs todos
fenômenos naturais
podiam'ser entendidºs
como resultado da simples interação Entre
partículas. Pensando fºrma, dessa ªshldou.
analisou cada uma
o corpo humano, de
suas partes final desse estudo,
e, ao

acreditou ter entendido o Se“ funcio-


namento. Sentiu-se, então, em
Cºndições,
de reproduzir as partes, junta—las e criarª
vida humana.

comparação do universo a uma


A

máquina foi a resposta encontrada ao


longo da história pelos que desejar "

]
modificar a ordem medieval. 0 unive
máquina passou a ser divulgado comõ :
verdade para toda a sociedade ocidental.

Cena do filme Frankenstein de Mary


Shelley, dirigldo por Kenneth Branagh.

Newton exerceu por algum


tempo um a
questionar a autoridade de Isaac Newton.
papel similar ao de Aristóteles na Idade Essas pessoas sentiam—se incomodadas
Média. O papel de
destaque dado a com a idéia de
que tudo era mecânico,
Newton não passou despercebido na vida. Como
podiam
todos os fenômenos
Europa dos séculos XVIII e XIX. Poetas, naturais
artistas até
ser entendidos como a simples
e mesmo cientistas começaram
interação entre partículas?
©“. .
Jil-.

'I'ª'

Scanned by CamScanner
[
Im,

'iªomânticos
l

ocê é um romântico? Se é, está

sempre dizendo palavras amo-

para seu(sua) namorado(a),


rosas
se lembra das
certo? O romântico sempre
com gestos que
datas especiais, se preocupa
sente. E por isso muitas
demonstrem o que
vezes considerado um sonhador.
Se você não é um romântico, pro-
racional. As
vavelmente é uma pessoa
uma explicação
suas atitudes têm sempre
Você busca constantemente uma
lógica.
utilidade os seus atos, Por que dizer
para
a toda hora “eu te amo”? Eles já sabem

disso!
Na Alemanha do século XIX, os
românticos eram artistas, poetas e cien-
tistas que questionavam o mecanicismo.
Eles defendiam a superioridade da
sensibilidade sobre a razão. Os cientistas
não mais
participantes desse movimento,
aceitando autoridade de Isaac Newton,
a

instauraram a Filosofia Natural Ro-


mântica.
Para os filósofos naturais român-
ticos, a física mecanicista devia ser

desprezada, pois, além de considerar


a

natureza um objeto morto, ela a estudava

com o único propósito de tomá-la útil ao

homem.

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CLASSICISMOx ROMANTISMO
.—'l"»'F '».'-',.ç

O século XVIII
“.
”Abr,.
presenciou
'
a

passagem da visão clássico para a


romântica nas artes. A visão
classica pantava—se mmm
postura
racional diante da realidade na-

tural e social, e teve forte presença


no iluminismo. Os artistas clás—
sicos enfatizaoam em suas obras
o caráter racional e universal do
universo.

O romantismo foi um mo—

vimento de oposição ao classi-


cismo. As obras românticas, ao
contrário das clássicas, possuem
uma
forte carga de sentimento.
Vejamos o exemplo do pintor romântico compasso na mão, não observando oi']
William Blake. Ele, assim como outros mundo à sua volta. É como se para Newton. '

únicas coisas válidas fossem ele;?


românticos, não aceitava a ideia de que as os
mentos da matemática. Blake J
através da matemática experimentação
e da representam
Newton de tal forma que ele não
enxerguó
*

era possível compreender todos os enigmas

do universo. ce'u, nem as pedras cheias de variações


lado, Blake mostra minerais sobre as quais está sentado,,
No quadro ao seu

lado romântico ao representar Newton Criticando postura exclusivamente


a

racional diante da realidade, Blake mostra


como um fechado em si mesmo.
homem
Perceba que Newton, na pintura de Blake, um Newton que desconsidera a variedade '

esta' voltado para um papel com um e a riqueza da natureza.

A física mecanicista pretendia des- fundamentais da natureza, como vidae


crever matematicamente os fenômenos consciência.
estudados, preocupava-se somente com O mecanicismo fracassava também
as características quantificáveis. Os por acreditar que o universo poderia ser
filósofos naturais românticos consi- plenamente compreendido quando o

deravam-na um fracasso, pois ela des- homem entendesse o funcionamento de

prezava o
que eles julgavam qualidades todas as suas
partes. Para os românticos!

© 42
'

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V" ,ª

organismo vivo, uma


e ra um
cometera um
grande erro ao
realizar
natureza ser dividida,
fººl] ada, não podia
ª
expenencras em
quartos escuros. Segundo
unidªde
des membrada.
Ao
contrário—da proposfa Goethe,.para se chegar à verdade, é

românticos, apos precrso investigar


so
os
para natureza sem a

meca nicista,
ar-

r o todo (a natureza integral- tifícios, ao ar livre. Isso


porque, ao

(20111131;
men
homem
artes isoladas.
poderia compreender construir
uma
situações artificiais para realizar
experiência, o homem se afasta da
suasgªinsiderando aalgo vivo,
natureza
a idéia
natureza.
Os filósofos naturais alemães deram
os filósofos naturais desprezavam
duro
morto.
Para grandes contribuições à ciência. Não se
algo
e
de matéria como pode
de forças dizer que mecanicismo tenha continuado
vida
0
eles, em
tudo havia açao e a

vencedor após Filosofia Natural Ro-


Nesse movrmento, procuravam
a
secretas. mântica. Mas também não é
enfatizar a união entre
entre
espirito.
arte
Smente,O afirmar que os românticos venceram,
possível
intelecto) e matéria; crencra. pois
e

um conhecrmento ainda se pretendia que pensar a natureza


era alcançar
objetivo
sensitivo e intuitivo
da natureza.
.
como uma
máquina fosse a verdade.
adotaram o movr- Entretanto movimento romântico ques-
o
Os físicos que
tionou profundamente as bases dessa forma
mento romântico não se contentavam com

Lembra-se das de perceber a natureza.


os fatos experimentais.
Esses
“Regras de raciocínio"
de
Eles
Newton? Os românticos mostraram que um
físicos não as seguiam. interpretavam outro olhar para a natureza poderia ser
observações e fatos experimentais
sem
as
válido. Indicaram a existência de sis-
medo de criar hipóteses.
temas não mecânicos: nem todos os
.

de Goethe, dos
prin-
um
Veja o caso
fenômenos
do podiam ser
compreendidos
cipais representantes romantismo
das como resultado de forças agindo entre
alemão. Em seu livro Doutrinas cores

Newton. Para ele, Newton partículas.


ele se opõe a

O Círculo das Nesse circulo, Goethe relaciona as cores com seu significado sensivel. A partir do
cores.
centro da figura, no sentido horário: razão, entendimento, sensibilidade, fantasia. No circulo Interno: belo,
nobre, bom, útil, vulgar, desnecessário. Goethe utilizava-se de "sentimentos” para explicar os fenomenos F
naturais, e, assim, atingir a essência da natureza.

_!!! . 43 «&
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-,:l

viagem
hegamos ao fim de nossa viagem.
É hora de realizarmos um balançº
sobre as
personagens vistas e os

lugares visitados.
Com esta viagem, tivemos oportu-
nidade de conhecer O cientista que ins-
pirou Pope a escrever os versos fortes e

provocativos que aparecem nas páginas


4 38. Mesmo sabendo
que muitos deta—
e

lhes importantes foram esquecidos, temos


certeza de que
aquilo que aprendemos nos
permite dizer que Newton não foi o ser

divino que Pope nos anunciou.


Isaac Newton, efetivamente, teve um
papel importante para o
processo de
construção de um olhar para a natureza
diferente do medieval. Concretizou o
que
muitos filósofos naturais haviam tentado

anteriormente, abrindo espaço para a


construção de uma nova ordem, em que
apenas as explicações puramente racio-
nais foram consideradas válidas.

Apesar de reconhecermos o valor da


obra de Newton,
aprendemos durante a
nossa
viagem que, sem os seus ante-
cessores e sucessores, o mecanicismo não
sairia vencedor.

A comparação do universo a uma

máquina não foi obra de


única per-
uma

sonagem histórica. Embora as leis de


Newton tenham sido a base da
elaboração
dessa nova visão, ela foi fruto do
trabalho
realizado por várias
gerações.

3344

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antecessores, Isaac Newton nesse mundo os cientistas pensariam
Sem seus em

não
te ria
formulado teorias tão
naturais. Sem
“abran- entrar num laboratório, estudar como
os fenômenos
sobre
ocorre o processo defecundação e a pa rtir
Ten.“)s' retes dos séculos seguintes, a daí tentar reproduzir a fecundação num
ºs
“ergo universo-máquina não se teria tubo de ensaio?

Cºncelllzado. insistentemente
Sem a divulgação do neW- Não queira responder agora a essa
Cºnçre'smo feita por questão. Apenas reflita sobre essa hipó-
tomaràlores Voltaire,
como
olharo novo tese. Em sua reflexão, lembre-se de
que a
em: natureza tornado
a
teria alcançado
não o razão sempre foi considerada a
nem

si:;de público e se grande a única forma de se chegar à verdade

%lerdade- _ .

Vivessemos mun-
legítima. Não se esqueça de que, ao longo
da história, os homens construíram
Imagine que num
a natureza fosse conmderada soluções para as suas vidas diferentes das
do em que
morada de Deus. Você acha que atuais.
sagrªdª! a

Imagem de fecundaçao artificial vista do microscópio.

um;
_
,,
-=..__.I,
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Leitura
recºmendªda-...-l......luIllllllll-III......
Pm'n você, que Pªl“ em lista com a!g un 8 '

deseja se aprofundar no temª, 563118 ""lª


livrºs
que poderiam ser consultados.

De Arquimedes a Einstein, de Pierre Thuillier.


'V os à história da Ciência
O livro desse francês é coletânea de textos re 1 ª t'
uma E '

deles você encontrará uma discussao bastante mteress:"inte sobre o Newto


'

um

alquimista.
da COPPE / UF
' ª

Ufmª Pºbhcªçªº R]
300 dos
anos
”Principia" de Newton e
——

homenagem aos trezentos anos dos Prínczpm.


Essa coletânea de artigos sobre

NBWtº n e sua ob ra
publicação contém uma
_

A história ilustrada da ciência, de Colin A. Ronan.


Essa coleção de Brasil uer faze
no.
primeira
quatro volumes é básica parª. quem,
na história das ciências. Em
les/» ªsse hist
r.
hf'lguªgenlsm? desde
incursão

criadº
procura traçar um amplo Pªmªl
das ciências inglês cienc1 ' suas
Ong
até o século XX.

A vida de Isaac Newton, de Richard 8. Westfall.


Vida
_

interessante obra de
.

Nesse livro, Westfall discute de forma a e a


bastªnte
Newton, de quem é um dos maiores estudiosos.

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Bimiogralia..................................
da ciência moderna.
Edwin A. As tmses metafísicns Brasília: Editora UnB 198 &
BURTT,
CASÍNII
Paolo. Newton
e a conscwncm européia. São Paulo: Editora
Unesp 1995;
Einstein C ampinas:

espaço-tempo absoluto: de Newton


Michel. A mercm e () (:
GHINS:
IX, 1991.
Coleção CLE,
v.

socioeconômicas de In meninice de Newton Havana Edit on 31


BOI'I'S. L as míavs
'

'

HESSENI
'

Academia, 1985.
F. Historia delas ciencias. Madri: Alianza Editorial, 1986. 5 v
MAgoN, Stephen
Mathematical principles of natural hiloso In an d ._
] lub system of the world.
ON, Isaac.
NEWTLos Angeles: University
of California Press,,7 1961?
OF NATURE: selections from his writings. Londres: The Hutn er
Nizi-x—TON'S PHILOSOPHY
,

1984.
Library of Classics,
A, A história ilustrada dn ciência. Rio de ] an elfº : Unlversldade de
-

_|_
. _

N, Colin
RONACambridge/ Zahar, 1987.
História das ciências. Lisboa: Terramar, 1995.
SERRES, Michel (org.).
tem medo da ciência? Ciência e poderes. Rio de Janeiro; Siciliano 1989
STENGERS, I. Quem ' .

_/ ,
PRlGOGlNE, I. A nova aliança. Brasília: Editora UnB, 1991.

TATON, René.
Histoire generale des sciences. Paris: Presses Universitaire de France ,

1994. 4 v.
De Arquimedes n Einstein, [: face oculta da invenção Científica, Rio de
THUILLIER, Pierre.
1994.
Janeiro: Zahar,
de Newton. Campinas: Editora Unicamp, 1996.
VOLTAIRE. Elementos dafílosofia
Paracetso a Newton: la magia en la creación de la Ciencia mod em"
WEBSTER, Charles. De
-

1993.
México: Fondo de Cultura Económica,
de Newton. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.
WESTFALL, Richard 5. A vide

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08

autºres......................................,ª
'o de aneiroe rofe
Pºlª UmverSldªdº Federal dodemecmlicismo deªenvslº
,
.
.

Graduados em FÍSÍCª I

trullffº
º 0
do ensino secundário, os autores de Newton
-
e o
'“

Genº as:
Vªn?-
trabalhos de pesquisa nas areas de Educaçao e
. ,

tese
PUC-R],
nTaaÉÉPCILQEI/Eãªcaçã
com
Marco Braga mestre em Educação pela

Científica e Tecnológica. Doutor em Engenharia denProduçaO


R] niif
pg
.

Professor 0 C e fº t-R] º dª reds


área de História e Filosofia da Ciência e da Tecnologiª.
particular de ensino.

Andréia Guerra
UFRJ na

área de História
mestra e doutoranda
Filosofia da Ciência
e
em Engenhariª de
e
[30123353 CCOPPF:
da Tecnolºgla'( 1132131) Oleg” 0

de lªnºlrº
do Instituto de Telecomunicações do R10
'

Pedro II e

de
]airo Freitas —

mestre em Química pela UFRJ, com


de Sau
tese na
e
Flãicº'qUírjúc.r.
áf㪠Jºaqulm Venanci
Professor do Pedro II da Escola Politecmca
Colégio e

(Fundação Oswaldo Cruz).


de
josé Cláudio Reis mestre em Educação pela PUCÍRL

com tese
flª
ªreª
Educaç. 5
COPPE/
Científica e Tecnológica. Doutorando em Engenharia
de
PerUǪº

'1
Professor do
Colega
,

na área de História Filosofia da Ciência


e e da Tecnologla.
Pedro II e da rede particular de ensino.

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LINHA DO TEMPO

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Tycho Brahe
Roger Bacon

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Leibniz

Francis Bacon Newton Movimento romântico

Descartes l.
_

Renascimento
”#1
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Dominio árabe na Península Ibérica

Crundas Grandes navegações


__-——

Descobrimento
do Brasil

Revolução Francesa
_

] Santa Inquisição

Reform-

! Protestante
_

513
.
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A CIÉNCIA NO TEMPO DE ISAAC NEWTON
(1642-1727)
1642 25 de dezembro.
Nasce Isaac Newton
em
Morre Galileu em 8 de janeiro.
mede pressao ªtmºSfªncª'
Evangelista Torricelli (1608-1647)
ª
1643 O físico italiano

1646 Nasce Gottfried Mlhelm Leibniz em Leipzig' Elª Sºfª º grªnde ªntªgºniªtª dº N
no
campo científico.
1657-1658 mecanismo de regulagem de [ElÓgÍn—L
Huygens, físico holandês, inventa o pêndulo como
'

1671 Constrói-se o Observatório de Paris.


de ºbservatório aStrºnºmiºº
1675 O rei Carlos da
Inglaterra patrocina a construç㺠um

Parque Real de Greenwich.


dele Pªrª 1758
1682
Halley observa um grande cometa e prevê umª nova ªpªriç㺠(Cºme ª.;(«g
Halley).
natural.
1687 Newton publica 0 livro Prínctpios nmtemáticos dafllvsºjíª
1700 Leibniz funda academia científica que mais tarde serª ª Acaderrua de Cie
uma (;;;:
Prussianas.
1703 Newton e' nomeado de Ciências de Londres, a
Royal Sodety.
presidente da Academia
1704 Newton publica o livro Óptica.
1707 Escócia e
Inglaterra unem-se sob o nome de Grã-Bretanha-
1712
Halley publica o primeiro mapa estelar da era telescópica.
1716 Morre Leibniz em 14 de novembro.

1727 Morre Newton em 20 de março.

Cronologia baseada no livro Nascimentos da Física —

35000.C,-1900d.C., do professorjosé Maria Fil —

Bassalo, publicado pela


_
.

Editora da Universidade Federal do Pará.

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L) |

: NEWTON -

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E () TRIUNFO DO
:
MECANI CISMO
:
: EAML
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SUPLEMENTO DE TRABALHO
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o: presentamos seguir uma série de questões para que você possa
a

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avaliar sua compreensão do texto Newton e o
U)

© triunfo do mecanícísmo.
L
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:
Após as questões, sugerimos algumas atividades, que visam
o debate de

proporcionar aspectos mais gerais sobre o tema tratado no


O
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D.
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O
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QUESTÓES
>
L-
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V)

1. Em que a atitude de Galileu de dar


destaque aos trabalhos dos
D

O
L
0
técnicos estava ligada a uma nova forma de compreender o

2 universo?
É
..

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E
,E=
1
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E
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_

2. Cite uma das questões técnicas importantes para


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homens que
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Q
E)
os

n."-*;
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viviam no mundo de Galileu e Kepler.

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A. 0
Qual de Brahe para
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importância Tycho o desenvolvimento do

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trabalho de Kepler? i
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4. Qual foi o
procedimento de Tycho Brahe para conseguir medidas as- 4

l
tronômicas
=
O
E precisas? '

2
E.
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II“.

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0
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-

.r-. ”Lm. ..—“-


trabalho?
O que Johannes Kepler desejava conseguir com seu
Bodemos dizer
que Newton concretizou o desejo de grande parte dos
filosofos naturais de sua
época. Que desejo era esse?

O trabalho de Isaac Newton sofreu influência do trabalho de outros 12.


QUE?! ª importancia da ciência matemática e
experimental para o

cientistas? Explique. prºjeto iluminista?

artífices? 13. do trabalho de Isaac Newton foi desconsiderada


Qual a crítica de Newton aos
Que parte pelos
cientistas do século XVIII?

O que Newton pensava sobre o trabalho dos cientistas, quando


elaborou a primeira regra de raciocínio em filosofia? E ao elaborar as
outras três regras? 14.
Com/base nos
poemas de ]. T. Desaguller e Alexander
Pope apresentados
na
pagina 38, explique como Newton era visto no século XVIII.

15. Como mecanicistas


os
percebiam a natureza?

Newton acreditava numa ordem do sistema do mundo. Para ele, quem


tinha criado essa ordem?

16.
Qual o principal questionamento feito pelos cientistas que instauraram
a Filosofia Natural Romântica ao mecanicismo?
10. O que,segundo Newton, era importante estudar para se conseguir
compreender o universo?

Scanned by CamScanner
J

l .—

—-"_
'
'

17. Por que os filósofos naturais românticos consideravam o mecamcxsmo

um fracasso?

ATIVIDADES

1. Pesquisa sobre as pinturas medievais e renascentistas


Pesquise em livros de história da arte exemplos de pinturas medievais
e
renascentistas, procurando observar as diferenças entre as obras dos
dois períodos. Em
seguida monte um quadro comparativo entre as
características da pintura medieval e as da renas centista e relacione-
as com o mundo medieval e
com o mundo renascentista.

2. Produção de texto
Este livro começa com dois
pensamentos, um deles de Goethe. Escreva
um texto a
partir desse pensamento, questionando a visão mecanicista
da natureza.

3. Debate sobre ofilmc Frankenstein de


Mary Shelley
Assista a esse filme e pense nas
seguintes questões:
0
Qual o
objetivo de Victor Frankenstein ao
ingressar na univer-
sidade para estudar medicina?
º
Que experiências realizadas por Frankenstein o levaram a pensar
em reconstruir a vida humana?
º
Segundo o médico, qual o
princípio gerador da vida?
'
Como Frankenstein reconstruiu a vida?

Organize com sua debate sobre o filme. As questões que


turma um

propomos a seguir servirão para estimular a discussão. Durante o


debate, utilize argumentos retirados do filme e do livro Newton e o
triunfo do nmcanícismo, que você acabou de ler.
'
Qual a
ligação do mecanicismo com a criatura de Victor
Frankenstein?
'
Frankenstein diz ao capitão do navio que viaja rumo ao pólo Norte
que ambos compartilham da mesma loucura. Que loucura é essa?
Você acha que o homem deve tentar construir ou reconstruir vidas?

Qual o
papel da ética na ciência?

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