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PROF: JAIRO de ALMEIDA MONTALVÃO

CURSO: ENGENHARIA MECÂNICA

DISCIPLINA: PROCESSOS DE FABRICAÇÃO II

TEMA DA AULA: TORNOS


4. Torno Mecânico
Tornos são máquinas-ferramenta que permitem usinar
peças de forma geométrica que necessitam de rotação, como
eixos, polias, pinos, roscas, peças cilíndricas, cones e
esferas.

Essencial para o desenvolvimento tecnológico, o torno é a


mais antiga máquina-ferramenta desenvolvida pelo homem.
Usado também para fabricar rodas, partes de
bombas de água, cadeiras, mesas e utensílios
domésticos, antigas civilizações, como os egípcios,
assírios e romanos, já utilizavam os tornos como meio de
fazer objetos com formas redondas.

Na operação de torneamento são realizados dois


movimentos básicos: a rotação da peça e o movimento de
avanço da ferramenta.
4.1. O inicio

Os primeiros tornos de que se tem conhecimento do


funcionamento foram chamados de Tornos de Vara, muito
utilizados por artesões durante toda a idade média e meados
do século XIX. Apesar disso, provas arqueológicas e
desenhos egípcios mostram que esta máquina já existia há
muitos anos, alguns datados de 300 a.C
Durante a Idade Média os tornos de vara foram muito utilizados.
Era de fácil de montagem, permitindo aos artesões se deslocarem
facilmente para lugares onde houvesse a matéria prima necessária
para trabalharem.
No final do século 15, Leonardo da Vinci (inventor, cientista, pintor,
escultor, entre muitas outras funções, nascido na Itália em 1452), desenhou
três máquinas em uma página. A primeira delas, um torno, já utilizava uma
roda que ainda funcionava somente para a inércia. A segunda era uma
serra e a terceira, um sistema que usava um pedal para girar uma roda,
que poderia ser anexado a diversos dispositivos. O torno Leonardo da Vinci
se constituía simplesmente de um pedal e da roda que mantinha o
movimento inercial.
Desenho de Leonardo da Vinci
Mais tarde, pela necessidade de uma velocidade contínua
de rotação, foi criado o Torno de Fuso. Esses tornos
necessitavam de duas pessoas - ou mais - para serem utilizados.
Enquanto um servo girava a roda, o artesão utilizava suas
ferramentas para dar forma ao material. Esse torno permitia que
objetos maiores e com materiais mais duros fossem trabalhado.
A revolução a vapor
Depois da invenção da máquina a vapor, pelo escocês James
Watt em meados do século XVIII, os meios de produção como teares e
afins foram adaptados a nova realidade. A sua invenção foi essencial
para a revolução industrial.
O inglês Henry Moudslay adaptou a nova maravilha de Watt a
um torno, criando o primeiro torno a vapor. Essa invenção não só
diminuia a necessidade de mão de obra, uma vez que os tornos
podiam ser operados por uma pessoa apenas, como também fez com
que a mão de obra se tornasse menos especializada. Outro
mecanismo que criou, permitia que a ferramenta ficasse fixa durante o
trabalho, aumentado a sua precisão.
A medida que a manufatura tornava-se mais mecânica e menos
humana, as caras habilidades dos artesões eram substituídas por mão
de obra barata. Isso deu condições para que Joseph Whitworth, em
meados do século XIX, mantivesse uma fábrica com 700 funcionários e
600 máquinas-ferramenta. Moudslay e Whitworth ainda foram
responsáveis por várias outras mudanças nos tornos da época, como o
suporte para ferramenta e o avanço transversal.
Torno paralelo

Em 1906, Em meados do século XIX, dois inventores ingleses, Henry


Maudslay e Joseph Whitworth, colocaram vários acessórios nos tornos da
época, o que proporcionou um grande avanço na produção de peças
torneadas. Eles criaram o porta-ferramentas (que possibilitou trabalhar
com materiais mais duros pois o torneiro não precisaria mais segurar as
peças com as mãos), o recambio e o fuso para avanços automáticos,
acoplaram o torno a um motor a vapor e adicionaram uma polia
escalonada para fazer troca de rotações.
1925: Torno Paralelo. O problema de ter de fixar o torno
é resolvido pela substituição do mesmo por um motor elétrico nos
pés da máquina. A variação de velocidades vinha de uma caixa
de engrenagem e desengates foram postos nas sapatas para
simplificar alcances de rotação longos e repetitivos. Apesar de
apresentar dificuldades para o trabalho em série devido a seu
sistema de troca de ferramentas é o mais usado atualmente
1960: Torno Automático. Para satisfazer a exigência de grande
rigidez criou-se uma estrutura completamente fechada. A
máquina é equipada com um engate copiador que transmite o
tipo de trabalho do gabarito através de uma agulha.
1978: Torno CNC. Apesar de não apresentar nenhuma grande

mudança na sua mecânica, o torno de CNC como é chamado substituiu


os mecanismos usados para mover o cursor por microprocessadores. O
uso de um painel permite que vários movimentos sejam programados e
armazenados permitindo a rápida troca de programa.

.
4.2. Tipos de tornos

4.2.1. Torno Horizontal (Universal) ou torno convencional

Esse torno possui eixo e barramento horizontais, é usado para


varias funções, principalmente em peças de grande comprimento.
4.2.2. Torno Vertical

É usado para trabalhar com peças com um diâmetro elevado,


como flanges, polias e rodas dentadas);
4.2.3. Torno Revolver
São tornos, nos quais varias ferramentas, são montadas no porta
ferramentas em forma de castelo, onde atacam a peça
sucessivamente, em diversas operações pelo acionamento de
comando rápido. Os tornos revólver são para trabalhos em série e
de grande produção.

É um torno simples o qual é possível executar processos de


usinagem com rapidez, em peças pequenas (Ex: buchas);
4.2.4. Tornos Copiadores

são os tornos que, com dispositivos adaptados,


produzem um movimento combinado, obrigando a
ferramenta a cortar um perfil na peça, que acompanha,
por meio de uma guia, uma outra peça semelhante,
tomada como modelo.
4.2.5. Tornos de Plato

São tornos em geral de eixo horizontal, serve para tornear peças


curtas, porém com grande diâmetro, como por exemplo, aros das
rodas das locomotivas e dos vagões ferroviários, e fabricação não
seriada.
4.2.6.Tornos Automáticos

Possuem mudança automática de alimentação, tanto das


ferramentas como do material, em uma ordem determinada das
ferramentas necessárias à cada operação, Nos tornos automáticos
que servem para a grande produção seriada, o material da peça a
tornear tem movimento de rotação e avanço de alimentação
automática, sendo, esses movimentos de avanços e recuos das
ferramentas, comandados por meio de “CAMES” (curvas) ou por
meio da ação de hidráulicos.

Os principais tipos de tornos automáticos se classificam de acordo


com as seguintes características: Número de fusos: monofuso,
bifuso e multifuso (existem até 8 fusos)
4.2.7. Torno CNC

Máquina na qual o processo de usinagem é feita por Comandos


Numéricos Computadorizados (CNC) através de coordenadas X
(vertical) e Z (longitudinal).Sua grande vantagem em relação ao
torno mecânico é o acabamento e o tempo de produção.
 Os principais fatores que determinam a melhor relação custo x benefício
para a escolha de um equipamento são os seguintes:

- Custo do equipamento
- Custo do ferramental de corte
- Custo do meio refrigerante
- Gasto com energia elétrica
- Custos com manutenção e peças
- Área ocupada pelo equipamento
- Características construtivas da máquina
- Processo de fabricação da peça
- Tempo do ciclo de fabricação
- Tempo de preparação do equipamento
- Conforto operacional para preparar a máquina e realizar manutenções
- Precisão e grau de acabamento superficial dos produtos fabricados em série
- Capacidade de produzir peças por completo
- Necessidade de realizar operações posteriores em outras máquinas.
4.3 Nomenclatura dos Tornos
Todos os tornos, respeitando-se suas variações de dispositivos ou
dimensões exigidas em cada caso, são compostos das seguintes
partes:
a) - Corpo da máquina: Composto por barramento, cabeçote fixo,
cabeçote móvel e caixas de mudança de velocidade.
b) - Sistema de transmissão de movimento do eixo:
Composto por: motor, polia, engrenagens e redutores.
c) - Sistemas de deslocamento da ferramenta e de
movimentação da peça em diferentes velocidades:
Compostos por engrenagens, caixa de câmbio, inversores de
marcha, fusos, vara etc.
d) - Sistemas de fixação da ferramenta: Compostos por torre,
carro porta-ferramenta, carro transversal, carro principal ou
longitudinal e da peça: placas e cabeçote móvel.

e) – Comandos dos movimentos e das velocidades: Compostos


por manivelas e alavancas.
4.4. Torno Horizontal (Universal) ou torno convencional
Máquina ferramenta na qual se remove o material da superfície de
uma peça em rotação, por meio de uma ferramenta de corte que se desloca
continuamente, os seus mecanismos têm que permitir, ao mesmo tempo, dois
movimentos principais:
a) Fazer girar a peça que está suportada e presa por meios apropriados. Este
movimento é o chamado MOVIMENTO DE CORTE (Mc).
b) Fazer deslocar a ferramenta, enquanto ataca a superfície da peça. Este
movimento é o chamado MOVIMENTO DE AVANÇO (Mf).
Para isso, são necessárias diferentes velocidades, conforme a espécie
de material a tornear, a qualidade da ferramenta de corte e a natureza do
trabalho a executar. Há, também, com freqüência, a necessidade de inverter o
sentido da rotação, a fim de que sejam possíveis certas operações no torno.
Para fazer esses movimentos, possui o torno mecânico
fortes estruturas de ferro fundido como o barramento, pés,
cabeçotes e o carro principal, que suportam o conjunto de órgão e
de mecanismos destinados às seguintes funções:
- Prender ou suportar a peça a tornear;
- Fixar a ferramenta de corte;
- Transmitir os movimentos, a partir do motor elétrico;
- Modificar os movimentos ou as velocidades;
- Comandar as modificações dos movimentos ou das velocidades.
4.4.1. Partes do Torno Mecânico Convencional
Os tornos são composto das seguintes partes: caixa de
engrenagens, cabeçote fixo; caixa Norton; torre porta-ferramenta; carro
transversal; carro principal; barramento; cabeçote móvel; carro porta-
ferramenta
4.4.2.Cabeçote Fixo

O cabeçote fixo é a parte do torno pela qual a peça é presa e da


qual recebe o movimento de rotação característico do processo de
torneamento. Dentro do cabeçote fixo do torno contém, além de sua
peça principal, o eixo da árvore, os mecanismos de redução e de
inversão do movimento.

É um conjunto constituído de carcaça, engrenagens e eixo-


árvore. O elemento principal do cabeçote é o eixo-árvore, onde está
montada a placa, responsável pelo movimento de rotação da peça;
o eixo-árvore é vazado de ponta a ponta, de modo a permitir a
passagem de barras.
4.4.3 Barramento

O banco do torno, ou barramento é uma peça de ferro fundido

resistente, que sustenta os elementos fixos e móveis do torno,


assentando-o. Na parte superior do barramento estão as guias
prismáticas ou planas, que fornecem um guia apropriado a suportar
pressões e resistente ao desgaste, à ferramenta, cujo avanço
longitudinal deve ser perfeitamente paralelo à direção criada pelo
eixo ideal de trabalho, ou as pontas, a fim de garantir o alinhamento
da máquina.
Barramento
4.4.4 Eixo da árvore
Eixo da árvore é um eixo oco, construído de um aço especial, como aço-
cromo-níquel, endurecido, retificado e superacabado, de maneira a apresentar
superfícies finamente polidas nos contados dos mancais. O eixo da árvore é
assentado em mancais de bronze fosforoso ou rolamentos de esferas. Junto ao
rebaixo posterior (lado esquerdo), fica em contato com um mancal de encosto, que
recebe pressão longitudinal resultante do esforço de corte exercido pela
ferramenta. O furo no centro do eixo tem dupla finalidade:
1ª - A parte da frente serve para colocar as pontas do centro, haste das
ferramentas como broca, mandril, e alargador, todos esses dispositivos são fixados
por meio do cone interno.
2ª - Permitir o torneamento de peças diretamente no vergalhão, sem que para isso
seja necessário cortá-los previamente, uma vez que este atravessa o oco do eixo
da árvore.
4.4.5 Cabeçote Móvel

O cabeçote móvel é a parte do torno que se desloca sobre o


barramento, oposta ao cabeçote fixo; a contra ponta e o eixo
principal estão situados na mesma altura e determinam o eixo de
rotação da superfície torneada.

O cabeçote pode ser fixado ao longo do barramento por meio de


parafusos, porcas, placas e alavanca com excêntrico.
a) Funções do cabeçote móvel

O cabeçote móvel tem as seguintes funções:

 Servir de suporte à contra ponta, destinada a apoiar um dos


extremos da peça a tornear;

 servir para fixar o mandril de haste cônica para furar com broca no
torno;

 Servir de suporte direto para ferramentas de corte de haste cônica


como brocas alargadores e machos;

 Deslocar a contra ponta lateralmente para tornear peças de


pequena conicidade.
b) Composição do cabeçote móvel

As principais partes do cabeçote móvel são: base, corpo,


mangote, trava do mangote e volante.
Base - desliza sobre o barramento e serve de apoio ao corpo.
Corpo - é onde se encontra todo o mecanismo do cabeçote móvel e
pode ser deslocado lateralmente, a fim de permitir o alinhamento ou
desalinhamento da contra-ponta.
Mangote - é uma luva cilíndrica com um cone morse num lado e
uma porca no outro; a ponta com o cone morse serve para prender
a contraponta, a broca e o mandril; o outro lado é conjugado a um
parafuso, que ao ser girado pelo volante, realiza o movimento de
avanço e recúo.
Trava do mangote - serve para fixá-lo, impedindo que se movimente
durante o trabalho.
Volante - serve para fazer avançar ou recuar o mangote.
4.4.4 Carro Principal

O carro principal é um conjunto formado por avental, mesa, carro


transversal, carro superior e porta- ferramentas. O avanço do carro
principal pode ser manual ou automático. No avanço manual, o giro
do volante movimenta uma roda dentada, que engrenada a uma
cremalheira fixada no barramento, desloca o carro na direção
longitudinal.

A mesa, que desliza sobre as guias prismáticas do barramento,


suporta o carro transversal. Nela também estão montados o fuso e
o volante com anel graduado, que determinam o movimento do
carro transversal.
4.4.6 Caixa Norton

A caixa NORTON ou caixa de mudança rápida, serve para proporcionar

avanços mecânicos e passos de roscas com economia de tempo. Em lugar de


calcular e montar as engrenagens da grade, é preciso apenas mudar a posição de
certas alavancas.

Os tornos antigos não possuem caixa de mudança rápida de avanço de carro


(CAIXA NORTON). No extremo do fuso é adaptado uma engrenagem, por meio da
qual se estabelece, com as engrenagens da grade a transmissão de velocidade de
rotação do eixo da árvore ao fuso, com redução desejada. É necessário, portanto,
um outro jogo de engrenagens que permita as convenientes combinações de
engrenagens na grade, para produzir diferentes velocidades de rotação do fuso,
portanto, diversos avanços do carro, em consequência, à ferramenta.
Serve para transmitir o movimento de avanço do recâmbio para a
ferramenta.
4.4.7. Recâmbio

É a parte responsável pela transmissão do movimento de rotação do


cabeçote fixo para a caixa Norton. É montado em uma grade e protegido
por uma tampa a fim de evitar acidentes.

As engrenagens do recâmbio permitem selecionar o avanço para a


ferramenta.
4.4.8 Sistemas de transmissão
Conforme o material e o diâmetro da peça a ser torneada,
esta tem que girar com um número variável de rotação. Para isso, a
transmissão de movimento do motor à árvore é feita por meio de
polias escalonadas com correrias planas ou em “V”, ou , então,
através de um sistema de engrenagens que permiti essa gradação
do número de rotações.
4.4.9. Mangote
O mangote é um tubo cilíndrico, provido de porca e parafuso, que
se desloca dentro do corpo do cabeçote, por intermédio da atuação da
porca e parafuso. Na extremidade do mangote há um cone interno para a
colocação das pontas ou das hastes da ferramenta. O parafuso interno
atravessando uma porca no mangote e comandado externamente por um
volante, possibilita assim avanços e recuos longitudinais do conjunto
interno e, portanto, o contra-ponta nele fixado.
Os deslocamentos longitudinais, quer dizer, avançar ou
recuar o mangote, podem ser regulados por um dos dois
seguintes meios:
1º Pela graduação retilínea na parte superior ou lateral. Quando
se usa a contra-ponta no torneamento externo, é conveniente
aproximar bem o cabeçote móvel da peça para que a distância do
mangote seja a menor possível.
2º Graduação circular no eixo do volante.
4.4.10 Carro do torno
O carro do torno é uma forte peça construída de ferro
fundido e que proporciona à ferramenta cortante os
movimentos exigidos para operações de torneamento. O carro
do torno compõe-se de três partes, cada uma com finalidades
diferentes, que são:
1 – Carro principal
2 – Carro transversal
3 – Carro longitudinal ou carrinho superior.
4.4.11 Avental de torno
O avental do torno é uma caixa de ferro fundido,
adaptada na parte da frente do carro longitudinal. Nela contém o
mecanismo de movimento longitudinal do carro ao longo do
barramento do torno, assim como o mecanismo de movimento
automático transversal do carro transversal. A figura abaixo
indica todos os mecanismos do avental.
Movimento manual do carro Estando o pinhão P1 desligado pela
atuação da alavanca A2, gira-se o volante V. A rotação do pinhão P2 faz
girar a engrenagem R1 e o pinhão P3, que, engrenado na cremalheira,
produz o deslocamento longitudinal do carro.

Podemos ter três tipos de movimentos neste sistema


1º Movimento automático do carro através do fuso
2º Movimento automático do carro através da vara.
3º Movimento automático do carro transversal
Obrigado pela Atenção
FIM
Referencias Bibliográficas

CIMM 2009, O bom e velho torno, disponível o site:


http://www.cimm.com.br/portal/noticia/exibir_noticia/5621-o-bom-e-velho-torno,
acesso dia 14/04/2015

Disponível no site: http://tecmecanico.blogspot.com.br/2011/09/torno.html


Acesso 23/02/2017

Apostila de torneamento disponível no site :


file:///C:/Users/Jairo/Downloads/Usinagem%20tornearia.pdf Acesso
23/02/2017

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