Você está na página 1de 46

PROF: JAIRO de ALMEIDA MONTALVÃO

CURSO: ENGENHARIA MECÂNICA

DISCIPLINA: PROCESSOS DE FABRICAÇÃO II

TEMA DA AULA: “RETIFICAÇÃO”


9. Definição de Retificação

O FERRARESI (2006): processo de usinagem por abrasão destinado à


obtenção de superfícies com o auxílio de ferramenta abrasiva de
revolução, conhecida como rebolo. Para tanto, a ferramenta gira e a peça
ou a ferramenta se desloca segundo uma trajetória determinada, podendo
a peça girar ou não;
 A impossibilidade de definir geometricamente as arestas das
ferramentas abrasivas é que deu a este processo o nome de usinagem
com “arestas de geometria não definida” (STOETERAU, 2004).
9.1 Importância da Retificação
 Assegurar a produção de componentes com tolerâncias dimensionais
e geométricas superiores aquelas obtidas em operações que utilizam
ferramentas de corte com geometria definida (torneamento,
fresamento, furação, etc).
 Tolerâncias a partir de 0,001 mm, sendo comum: 0,005 mm
 Desbaste: empregadas penetrações de 0,01 a 0,03 mm
 Operações de acabamento fino: 0,002 a 0,005 mm
9.2 Características do processo retificação:
Máquina – retífica plana - usada para usinar peças que necessitam
exatidão de medidas e elevada qualidade de acabamento de superfícies.

Rebolo

Peça
Relação entre processos de fabricação e acabamento superficial
(Adaptado de Whitehouse (1994) apud Stoeterau, 2004)
Relação entre precisão e processo de usinagem (Stoeterau, 2004)

 Possibilidade de obtenção de tolerâncias estreitas (entre IT4 e IT6 e tolerância


geométrica compatível) e de baixas rugosidades (Ra de 0,2 a 1,6 μm);
 baixa capacidade de remoção de cavaco.
 em geral é um processo de acabamento.
 As vezes é operação intermediária, para gerar superfícies de referência para
outras operações, ou é a ultima operação a ser realizada em uma dada
superfície (á ultima de várias precedentes).
9.3. Características do Processo Retificação

Objetivos da Retífica:
Reduzir rugosidades ou saliências e rebaixos de superfícies
usinadas com máquinas-ferramenta, como furadeira, torno, plaina,

fresadora; conferir à superfície da peça a exatidão de medidas que


permita obter peças semelhantes que possam ser substituídas umas

pelas outras; retificar peças que tenham sido deformadas ligeiramente

durante um processo de tratamento térmico; remover camadas finas de


material endurecido por têmpera, cementação ou nitretação.
Exige atenção: todo o custo acumulado nas operações
anteriores não poderá ser recuperado
 Drawback (desvantagem): retificação e pouco eficiente:
um elevado consumo de Energia e revertido em uma
baixa taxa de remoção de material (comparando-se com
as ferramentas de geometria definida)
9.4. CLASSIFICACAO PROCESSOS RETIFICACAO
1) Dureza da peça usinada:
1.1 - Retificação mole: realizada antes do tratamento térmico, com a peça ainda mole, para
gerar superfícies exatas (referência para outras operações);
1.2 - Retificação dura: realizada após tratamento térmico, com a peça já endurecida, visando
conferir as dimensões finais à peça usinada.
2) Superfície a ser usinada:
2.1 - Retificação cilíndrica
2.1.1) Externa
a) Entre pontas
 Longitudinal (ou de passagem)
 Mergulho (ou com avanço de penetração)
b) (centerless)
2.1.2) Interna
2.2 - Retificação plana
a) Tangencial
b) Frontal
2.3 - Retificação de perfis
9.4.1 Retificação cilíndrica
Tem o avanço é paralelo ao eixo da peça e ocorre através
do movimento da mesa da retificadora ou através do
movimento do rebolo.

RETIFICAÇÃO CILÍNDRICA EXTERNA – ENTRE PONTAS


a) Retificação cilíndrica externa:
Ex: Retífica De Eixo Virabrequim – Retífica

Retificação Cilíndrica Externa – Entre Pontas


9.4.2 Retificação de Mergulho
Esse processo tem um avanço de penetração, onde o rebolo executa
movimento de avanço numa direção perpendicular à superfície retificada.
A espessura do rebolo é maior que o da peça

RETIFICAÇÃO CILÍNDRICA EXTERNA DE MERGULHO ENTRE PONTAS


(a) uma superfície por vez; (b) várias superfícies
 Característica da retifica de mergulho
 A peça possui somente movimento de rotação podendo, mas pode
apresentar um pequeno movimento longitudinal;
 O rebolo é mais largo que o comprimento da superfície a ser
usinada;
 O processo é mais rápido e mais econômico que retificação
Longitudinal;
 Mais flexível/produtivo: retificação de várias superfícies
simultaneamente;
 Máquinas retificadoras com CNC – representam maior número;
 Permite a usinagem de perfis com diversas geometrias (forma
adequada ao rebolo);
9.4.3 Retificação Sem Centros (Center Less)
É um caso especial nela a peça é apoiada (não fixada) na cunha de
apoio, de aço de alta dureza ou outra liga.
O rebolo de corte gira a alta rotação e exerce pressão sobre a peça,
retificando-a. Esta gira sobre seu próprio eixo mesma devido ao atrito
gerado pelo rebolo de arraste, o qual gira no sentido indicado pela seta.
A peça deve constantemente tangenciar os dois rebolos e a cunha de
apoio.

Retificação Cilíndrica Externa Sem Centros


 Particularidade da retificação Center Less
 O rebolo de corte com diâmetro maior (∅400 a ∅600 mm),
largura de 100 a 250 mm e velocidade também maior (20 a
30 m/s).
 O rebolo de arraste tem diâmetro menor (∅300 a ∅350 mm),
largura igual à do rebolo de corte (100 a 250 mm) e
velocidade periférica menor (8 a 30 m/s).
 Os eixos dos dois rebolos são levemente inclinados de 1 a 5°
(arraste da peça no sentido longitudinal - sentido de avanço
da peça)
- Empregam-se dispositivos apropriados e sistemas de alimentação de
peças por robôs ou pneumáticos;
- Dispensa furos de centro para localização e centragem da peça;
- Dificuldade de ajuste da régua e configuração da máquina;
- Angulo de apoio: de 0° a 45°.
9.4.4 Retificação Interna:
A peça fica presa ao cabeçote da máquina-
ferramenta com movimento de rotação.
O avanço é realizado pelo cabeçote ou pelo rebolo -
movimento é axial de ida e volta.
No retorno do rebolo ele sai da peça e, então,
ocorre um pequeno movimento de penetração radial,
para que uma nova camada de material seja retirada
no próximo passe da ferramenta.
RETIFICAÇÃO CILÍNDRICA INTERNA
 Retificação Interna
 Considerações
O fato de a retificação interna exigir que o rebolo fique em
balanço causa uma maior imprecisão no processo, devido a deflexão
do eixo porta-rebolo.
Também tem a necessidade de se ter um rebolo com pequeno
diâmetro (entrar no furo a ser usinado), faz com que sua rotação tenha
de ser bastante alta (≈ 15000 rpm) para que se possam ter velocidades
periféricas similares as da retificação externa.
9.4.5 Retificação Plana - Tangencial
O eixo do rebolo é paralelo à superfície retificada. A mesa
executa um movimento de avanço alternativo e um movimento de
avanço transversal, enquanto o rebolo executa o movimento em
profundidade.
É operação mais lenta e muito usada para a retificação de
peças grandes.prod
9.4.6 Retificação Frontal - Tangencial
O eixo do rebolo é perpendicular à superfície retificada.
Em geral, o rebolo é bem maior que a peça, o que dispensa o
avanço transversal e possibilita a retificação de diversas peças
simultaneamente, aumentando em muito a produtividade do
processo.
9.4.7. Retificação de Perfil
A superfície usinada é uma superfície qualquer, gerada pelo perfil do
rebolo.
Peça
Rebolo

b)
a)

Peça Rebolo

a) Retificação de perfil com avanço radial


b) Retif. de perfil com avanço longitudinal
9.4.8 - Variações da Retífica Cilíndrica:
 Retificação Cônica Externa ou Interna
Pode ser com avanço longitudinal da peca, com avanço radial do
rebolo com avanço circular do rebolo ou com avanço longitudinal do
rebolo.

Peça

Rebolo

Retificação cônica externa com avanço longitudinal


 Esquema de operações de retificação

As superfícies cilíndricas externas que podem ser retificadas


9.5 – PRINCIPAIS VARIÁVEIS DO PROCESSO DE RETÍFICA
 Espessura média de Cavaco: os grandes, induzem forcas
maiores sobre o grão abrasivo, gerando uma superfície retificada mais
rugosa. Forcas maiores induzem maior auto afiação no rebolo. E
espessuras menores promovem aumento no risco de queimas de retifica.
Taxa de Remoção: corresponde a quantidade de cavacos removidos
por unidade de tempo (mm3/s).
 Velocidade de Corte: corresponde a velocidade periférica do rebolo,
combinada com a velocidade da peca (da mesa da maquina).
 Taxa “G” de remoção de material: corresponde a relação entre a
quantidade de material removido pela retifica e a quantidade de material
removido do rebolo, durante a operação.
9.6 - Variáveis do processo de retífica
 Grandezas físicas das operações de retificação
Grandezas para as operações cilíndrica e plana:
 Vs: Velocidade periférica do rebolo (m/s);
 Vw: Velocidade periférica da peça (mm/min) ou m/min;
 ap: Profundidade de corte – de usinagem (mm);
 ae: Penetração de trabalho ou profundidade de penetração do rebolo (mm);
 lc: Comprimento de contato rebolo-peça (mm).
 Fn: Força Normal de retificação (N)
 Ft: Força Tangencial de retificação (N)
7. Operações de retificação – parâmetros - resumo

Movimentos da peça e rebolo e formas


9.6.1 Parâmetros / valores típicos:

 A velocidade do rebolo (vs): 10 a 45 m/s para rebolos


convencionais, mas pode chegar a 90 ou 120 m/s para
rebolos superabrasivos.
 Isto representa, por exemplo, um valor de rotação do eixo
árvore superior a 10000 rpm para um rebolo com diâmetro
de 200 mm.
 Já a velocidade da peça assume valores mais modestos,
na faixa de 10 a 25 m/min (Nussbaum, 1988).
• ap é selecionada em função da largura do rebolo, sendo recomendado
que o valor daquela não ultrapasse um terço do valor deste. Exceto em
situações especiais, situa-se na faixa de centésimos de milímetros,
podendo, porém, variar de milésimos a décimos de milímetros. Estes
baixos valo res de penetração de trabalho contribuem para a obtenção de
tolerâncias estreitas (qualidades de trabalho IT4 ou IT3) visto que as
forças atuantes são baixas.
 Em Operações com ferramentas de geometria definida são
empregados, maiores valores de ae e ap.
 Como consequência, elevação das forças de usinagem e, produção de
tolerâncias mais abertas (qualidades de trabalho iguais ou superiores a
IT7).
9.7 – Parâmetros/Valores Típicos
Finalmente, o comprimento de contato rebolo-peça define a
extensão de contato entre ambos, sendo particularmente elevado na
operação cilíndrica interna (quando o diâmetro do rebolo se aproxima
do diâmetro da peça)
• Por outro lado, no caso da operação cilíndrica externa a extensão do
contato do rebolo-peça resumir-se-ia a uma reta, não fossem as
deformações elásticas impostas ao par.
 De forma a correlacionar as operações de retificação plana, cilíndrica
externa e cilíndrica interna, Hahn (apud Oliveira, 1989) propôs uma
grandeza denominada diâmetro equivalente (De), que representa o
grau com que a superfície do rebolo e da peça se adaptam:

Onde:
Ds é o diâmetro do rebolo;
Dw é o diâmetro da peça.
 O sinal positivo representa a operação cilíndrica externa, e o
negativo a operação cilíndrica interna.
Finalmente, o comprimento de contato rebolo-peça
define a extensão de contato entre ambos, sendo
particularmente elevado na operação cilíndrica interna
(quando o diâmetro do rebolo se aproxima do diâmetro da
peça)
• Por outro lado, no caso da operação cilíndrica externa a
extensão do contato do rebolo-peça resumir-se-ia a uma
reta, não fossem as deformações elásticas impostas ao par.
9.7.1 Parâmetros – consideração sobre Relação G
9.7.2 Aspectos da interface rebolo/peca/cavaco
Importante:
- As forças normais (radiais) são bem superiores às forças
tangenciais, pois o atrito prevalece sobre a força de corte;
- Altas temperaturas de corte são desenvolvidas (1000 a
1600ºC);
- A energia total requerida para o processo de retificação é da
ordem de 2 a 20 vezes maior que para outros processos de
usinagem, para o mesmo volume de cavaco removido na
unidade de tempo.
- Em números médios (%), a quantidade de calor é
distribuída na seguinte proporção:
- peça: 85
- cavaco: 5
- rebolo: 10
- Utilizar fluido com alta capacidade refrigerante para
remover calor da peça;
- considerar tipo, posicionamento do bico, velocidade de
aplicação, vazão de fluido e projeto do boca;
9.7.3 Aspectos da interface rebolo/peça/cavaco – SPARK OUT
1) Necessidade de se deixar o rebolo usinando, sem avanço,
para que este possa chegar a dimensão desejada.
2) Operação de faiscamento: deixar o rebolo usinando a peca,
sem aumentar a profundidade de corte a fim de garantir
anulação das deformações do sistema rebolo-maquina-peca:
permitindo a peca atingir as dimensões desejadas.
“Obrigado pela atenção”.
Referências ‘
AGOSTINHO, O.L.; VILELLA, R.C. E BUTTON, S.T., 2004, Processos de Fabricação e
Planejamento de Processos, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, FACULDADE DE
ENGENHARIA MECANICA, DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE FABRICACAO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS, Apostila, Campinas, São Paulo, 98 p.
ANON, 2011, Module 1, Classification of Metal Removal Processes and Machine tools,
Introduction to Manufacturing and Machining Version 2 ME IIT, Kharagpur, 10 p.
ASHBY, M.; JONES, D., 2007, Diferentes classes de materiais de engenharia -Engenharia de
Materiais Vol 1
Kalpakjian, S.;Schmid, S.R.; Manufacturing Engineering and. Technology, 2001; 4ª edicao;
Prentice Hall.
Marinescu, I.D., Rowe, W.B., Dimitrov; B., Inasaki, I. Tribology of abrasive machining
processes.1ed. Norwich, William Andrew Inc., 2004.
OLIVEIRA, P.; LIMA, P., 2005, Automação de Processos Industriais – CAD/CAM e Maquinas
CNC, Notas de Aula, UTL, Portugal.
Rebolex, 2012, Rebolos e Ferramentas, Disponível em: http://www.rebolexrebolos.com.br,
Acesso em 12 de abril de 2012. Stoeterau, R.L., 2004, Tribologia, Apostila didática da disciplina
Tribologia EMC 5315, Centro Tecnológico, Departamento De Engenharia Mecânica,
Universidade Federal de Santa Catarina, 179p.
Stoeterau, R.L., 2004, Tribologia, Apostila didática da disciplina Tribologia EMC 5315, Centro
Tecnológico, Departamento De Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Santa
Catarina,179p.

Você também pode gostar