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(…) Trata-se de uma crítica interna muito forte que vale também para os países do
Leste: todos os programas se baseiam, com efeito, no postulado implícito segundo o
qual existe uma iniciativa privada potencial, mais manietada, que vai instantanea-
mente preencher os espaços oferecidos pelo retraimento do Estado e as privatizações.
Há uma incompreensão muito profunda das raízes sociais da eficácia económica: trata-
se do produto de uma visão tecnocrática e idealizada do capitalismo, que é o molde
comum de formação dos «ajustadores» através do mundo.
As coisas passam-se de outro modo. (…) O ajustamento passa por uma redução da
massa salarial pública, do número de funcionários, pela eliminação das empresas
públicas não rendíveis, pela caça às subvenções. Ora, mesmo que se admita que o
peso excessivo do Estado (…) a melhoria do saldo orçamental passa por um verdadeiro
desmantelamento desses redes de solidariedade que «mantinham» a sociedade e abre
o campo à revolta (…) os pobres sofreram de maneira desproporcionada os efeitos da
contracção. As economias nas despesas públicas afectaram programas que visavam
proteger os pobres. As reformas exacerbaram as desigualdades de rendimentos»
(Summers e Pritchett, 1993).