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A Evolução das Instituições Jurídico-políticos

Alguns dos aspectos jurídico-políticos que tinham caracterizado o Liberalismo e que se


orientavam pelas ideias de garantia individual e predomínio parlamentar, vão conhecer
alterações significativas, tendentes a tomar preponderantes a eficácia e a justiça substanciais.

1. Declínio da Instituição Parlamentar e Formas de Participação Diversificada

Sem que isso represente uma intenção de muitos dos seus defensores (embora o seja de
alguns), as finanças intervencionistas marca um certo declínio de instituição parlamentar (e
originam-no também). A concentração dos poderes nos Governos, a tecnocratização e a
burocratização das decisões, originam uma certa decadência dos parlamentos, reforçada pelo
predomínio dos instrumentos de planeamento e programação, e pela importância das políticas
monetárias, tratadas pela cooperação técnica Governo-Banco Central.

Pro um lado, a existência de formas mais diversificadas de participação e intervenção social


dos grupos de interesses leva uma larga pluralidade das formas de decisão e controlo da
política financeira, convertidas em uma das vertentes a política económica-social. É a
possibilidade de divergências entre estes agentes Oligopolistas e os reais interesses leva ao
multiplicar de formas de intervenção e participação directa destes, quer sob o ângulo dos
direitos de intervenção individual, quer na forma da opinião pública mediatizada pelos meios
de comunicação social, quer através dos recursos aos referendos em matéria financeira
(designadamente sobre o nível dos impostos e a afectação dos recursos por via das despesas).

2. Afirmação predominante dos direitos económicos e sociais

Sem que os direitos, liberdades e garantias do tipo clássico sejam necessariamente


subalternizados (embora possam sê-lo, quando as finanças intervencionistas se integram numa
estrutura de Estado autoritária, ou até totalitária), surgem todavia, com crescente expressão
financeira, direitos económicos e sociais. Assim o direito a segurança social, o direito ao
trabalho e ao emprego, o direito a assistência medica, o direito a educação, a nova dimensão
de igualdade de oportunidades e a qualidade de vida, exprimem-se em numerosas pretensões
que determinam prestações por parte do Estado, da Administração Publica e de outras
entidades públicas – portanto, aumento das despesas e do sector público em geral.

3. Limitações ao Princípio da Legalidade

Das duas causas antes referidas, decorre que o princípio da legalidade, podem assumir
sentidos amplamente pervertidos, se coincidir com a concepção “governamentalista” do
Governo, como fonte do poder legislativo, que surge com os Estado autoritários e totalitários,
e vão alastrando com a componente tecno-burocrática dos Estados Modernos. Pode assumir
um sentido mais limitado, com a partilha de muitos poderes entre Parlamento e Governos
(finanças e para finanças; tributos e receitas parafiscais), competência legislativa do Governo
concorrente ou subordinada a do parlamento, abuso das autorizações legislativas,
transferência do crédito público (nomeadamente externo), para instituições monetário-
financiais, imunes ao controlo publico, alastramento de empresas públicas e para-empresas
subtraídas ao controlo não-governamentais.

Instituições Financeiras
a) O Ressurgir do Património

As finanças intervencionistas são caracterizadas por um importante ressurgimento do


património e das receitas patrimoniais, sobretudo das provenientes do património mobiliário;
assume então o Estado, cada vez mais, uma posição de empresário (criando empresas
publicas), ou mesmo de capitalista, em empresas mistas, obtendo receitas provenientes de
empreendimentos produtivos, etc.

b) Saturação Fiscal

Ao mesmo tempo, a importância do imposto é grande, como nas finanças clássicas. Mas ele
passa a ser utilizado, numa perspectiva extra fiscal, como instrumento de política económica
ou de política social (servindo, por exemplo, para redistribuir a riqueza ou para combater a
inflação); e carga fiscal (real e psicológica), sobe continuamente, atingindo limites sociais e
políticos, levando-a para o problema de saturação fiscal.

c) Abandono ou limitações do princípio do equilíbrio orçamental

Também o princípio do equilíbrio orçamental e abandonado, ou pelo menos deixa de ser


unanimemente aceite e praticado com tanto rigor, passando o equilíbrio a ser defendido em
determinadas circunstâncias, como forma de o Estado, combater os aspectos mais negativas
da conjuntura (desemprego e depressão), e sendo em outras tolerado como consequência da
expansão do sector público e das suas novas responsabilidades.

 Momento actual das doutrinas e das Politicas

Tal como já se referiu a propósito da evolução recente no domínio dos factos, os oitenta
representa uma certa viragem – alguns dirão inversão – da tendência dominante das épocas
anteriores. Assiste-se ao declínio do marxismo, e, em geral, os socialismos colectivistas. Ao fim
do dirigismo e a crise do planeamento; a separações das duas gerações do keinesianismo por
correntes neo-liberais e/ou monetaristas (Hayek, Mises e Milton Friedman); a revalorização do
mercado e do lucro no âmbito de valores, políticos e instituições crescentemente
individualistas; há um certo predomínio da liberdade, da propriedade e da iniciativa privada,
em detrimento da igualdade, da solidariedade e da justiça social; a desregulação e as
privatizações em vez da direcção (planificadora ou burocrática) das estatizações; a uma certa
crise do papel e da função do Estado combinado abertura internacional e reforço das
economias fortes, dos grandes grupos e dos mercados e instituições financiais com
nacionalismos e regionalizações.

No domínio das finanças públicas, daqui resultam importantes consequências. Torna-se central
a discussão das fronteiras, e dos critérios das escolhas entre os sectores públicos e privados,
prevalecendo a aceitação duma vocação produtiva do segundo e da vocação infra-estrutural e
redistributiva do primeiro. Reabilitam-se os critérios de contenção do crescimento e da busca
da neutralidade na configuração e gestão dos instrumentos financeiros: busca-se o equilíbrio
orçamental, tenta-se conter a divida (até pela dimensão da divida nacional externa de muitos
países do terceiro Mundo…e dos Estados Unidos), visa-se limitar a burocracia e a despesa
publica corrente, procura-se aliviar a carga fiscal para estimular a despesa e a produção, reduz-
se a progressividade e duvida-se da eficiência e da justiça do imposto de rendimento,
desvaloriza-se a política orçamental e revaloriza-se a Política monetária, tenta-se limitar a
despesa social (saúde, educação e segurança social), privatizam-se empresas, participação e
bens patrimoniais estatais, reforça-se a orçamentação, o controlo parlamentar e o controlo
externo jurisdicional ou independente da receita e da despesa, tenta-se devolver aos
contribuintes o poder de “consentir” os impostos corrigindo por referendo os abusos da
tributação. O plano monetário e o orçamento reafirmam-se como instrumento por excelência
da intervenção do Estado…

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