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Biologia

Os Ciclos Biogeoquímicos

De onde partir
✓ Para esse tópico é legal que você conheça os conceitos básicos em ecologia.

Onde você vai chegar


✓ Aprender o que são e quais os principais ciclos biogeoquímicos
✓ Conseguir reconhecer e entender que elementos e processos estão envolvidos em cada ciclo
✓ Entender como os ciclos funcionam em relação aos sistemas biológicos

Teoria
Os ciclos biogeoquímicos são aqueles que relacionam elementos abióticos do meio ambiente,
elementos químicos e os seres vivos. Os ciclos importantes são: ciclo do carbono, ciclo do oxigênio, ciclo
da água e ciclo do nitrogênio.

Se liga! Quer dar aquela revisada geral antes de começar a estudar? Ou quer salvar um mapa mental pra
revisar tudo no final? Qualquer uma das opções, você encontra um mapa mental de ciclos biogeoquímicos
no YouTube do Descomplica!

Ciclo da Água
O ciclo da água mostra o caminho da água no ambiente: sua forma Não lembra das transformações
gasosa, após condensada, sofre precipitação, e então, em seu estado
físicas da água? Este mapa
líquido, pode evaporar ou se infiltrar no solo, formando lençóis
mental sobre “Estados físicos da
freáticos. Ele pode ser dividido em ciclo curto da água, onde não há
participação dos seres vivos, ou ciclo longo da água, onde os seres matéria” pode te ajudar!
vivos participam com a transpiração.

Esquema do ciclo da água. Fonte da imagem: SAAE Macaúbas

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A água é componente fundamental do corpo dos seres vivos, fazendo parte de seu metabolismo e retornando
ao ambiente pelos processos de excreção, transpiração e respiração. As plantas liberam parte da água que
absorvem através da evapotranspiração, quando perdem água devido a abertura dos estômatos. Esse é um
processo importante para resfriar o corpo da planta, além de permitir a condução de seiva bruta das raízes
até as folhas. Já os animais liberam água por meio da transpiração, excreção e fezes.

Ciclo do Carbono
O ciclo do carbono se inicia com a fixação desse elemento pelos seres autotróficos, através da fotossíntese
ou quimiossíntese, e fica disponível para os consumidores e decompositores. Durante a respiração celular e
a fermentação, o gás carbônico retorna para o meio ambiente.

Podemos relacionar o ciclo do carbono com a produtividade de um ambiente: Existe a produtividade primária
bruta (PPB), que é a taxa fotossintética total e a produtividade primária líquida (PPL), que é o resultado da
PPB subtraindo-se a taxa de respiração. Ou seja, a PPB ajuda a indicar quanto de carbono é fixado durante a
fotossíntese, e a PPL mostra o quanto de carbono realmente se mantém fixado e quanto retorna à atmosfera
pela respiração.

Esquema do ciclo do carbono

O CO2 também é liberado para a atmosfera na queima de combustíveis fósseis como carvão mineral, gasolina
e óleo diesel, e durante a queimada de florestas, contribuindo para o agravamento do efeito estufa. Outro
desequilíbrio relacionado a este ciclo é a acidificação dos oceanos, que acontece quando há um excesso
deste gás na água do mar.

Entenda mais sobre a relação do ciclo do carbono e impactos ambientais com este
resumo: “Ciclo de Carbono e Aquecimento Global”.

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Ciclo do Oxigênio
O ciclo do oxigênio também está relacionado a esses processos: durante a fotossíntese, o oxigênio é liberado
para a atmosfera, e, durante a respiração celular ocorre o consumo desse gás. A combustão (queimadas, por
exemplo) também consome oxigênio, e este elemento pode reagir com metais no solo, fazendo reações de
oxidação.

Na estratosfera, o oxigênio é transformado em ozônio (O3) por ação dos raios ultravioletas, formando a
camada de ozônio, importante contra a entrada em excesso dessa radiação no planeta. Sabe-se que a
exposição aos raios ultravioletas pode aumentar a incidência de câncer de pele, pela interferência com o
material genético. A liberação de clorofluorcarbonos (CFCs), presentes em sistemas de refrigeração e
aerossóis, estava levando à destruição da camada de ozônio. Recentemente, foram substituídos.

Esquema do ciclo do oxigênio. Fonte da imagem: Descomplica

Ciclo do Nitrogênio
O nitrogênio atmosférico (N2) forma cerca de 78% da composição do ar. No entanto, não pode ser aproveitado
dessa forma pela maior parte dos seres vivos, que precisam dele para a constituição de proteínas (função
amina dos aminoácidos) e ácidos nucleicos (em bases nitrogenadas).

Compostos bioquímicos com nitrogênio em sua composição. Fonte da imagem: Descomplica

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Leguminosas possuem uma associação mutualística com bactérias do gênero Rhizobium, que formam
nódulos em suas raízes e realizam o processo de fixação. Esse processo transforma o nitrogênio atmosférico
(N2) em amônia (NH3). Bactérias nitrificantes, Nitrosomonas e Nitrobacter, fazem o processo de conversão da
amônia em nitrito (NO2-) e posteriormente em nitrato (NO3-), respectivamente.
O nitrato é o principal produto no solo aproveitado pelos vegetais, por meio do processo da assimilação. Esse
nitrogênio é passado ao longo da cadeia alimentar para os consumidores. Bactérias e fungos decompositores
retornam ao solo esse nitrogênio presente nos seres vivos na forma de amônia (NH3). Para fechar o ciclo, há
conversão do nitrato em nitrogênio atmosférico pelas bactérias desnitrificantes.

Esquema simplificado do ciclo do nitrogênio. Fonte da imagem: Johann Dréo – adaptado. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_nitrog%C3%AAnio

Se liga! Mas afinal, o que são leguminosas? Não é qualquer legume não! Na biologia, leguminosas são plantas
de uma família conhecida como Fabaceae que tem como principal característica o fruto no formato de uma
vagem. São exemplos o feijão, ervilha, soja, grão de bico, amendoim, fava, lentilha, entre outros.

É importante saber que estas plantas também ajudam a manter uma boa qualidade do solo, já que o nitrogênio
fixado pode ficar disponível da terra e ser utilizado por outras plantas. Existem técnicas de rotação de culturas
que usam bastante leguminosas em suas plantações.

Ainda vamos estudar sobre agricultura e outras metodologias de maneira mais aprofundada, mas já
podemos ir nos preparando, né? Se quiser dar uma adiantada pra entender melhor o que é rotação de
culturas, dá uma lida neste resumo “A agricultura e seus modelos produtivos”.

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Na imagem de cima, alguns exemplos de leguminosas. Abaixo, foto dos nódulos de bactérias Rhizobium que pode ser encontrado em
raízes de leguminosas. Fonte da imagem: Agricultural Research Service, USDA e Rowan Adams, respectivamente.

Na Cultura
Bom, a verdade é que os ciclos biogeoquímicos estão presentes em praticamente tudo, afinal todos nós
participamos deles de alguma forma. Mas as vezes eles podem ganhar mais destaque – veja a seguir:
• Interstellar: Esse filme de ficção trás o ciclo do nitrogênio como trama principal – e você pode nem ter
percebido isso! Uma praga está usando o nitrogênio da Terra, e por isso ela está morrendo. Como o
nitrogênio é mais abundante que o oxigênio, os humanos não conseguem acabar com a praga, e para
conseguir sobreviver, é formada uma expedição para buscar um novo planeta.

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Exercícios

1. (Unesp) A batalha pelo elemento é impiedosa, assim como aquela por água, ar ou sexo, mas apenas de
vez em quando a verdade de suas negociações é exposta em toda sua brutalidade. As plantas que
comem animais são apenas um exemplo entre muitos para mostrar o quão competitivo o negócio deve
ser, e como a Natureza recorre às conveniências mais improváveis para tirar o máximo do pouco que
há disponível.
(Steve Jones. A Ilha de Darwin, 2009.)

No texto, o autor refere-se a um elemento químico, abundante na atmosfera, mas não no solo onde a
planta cresce. Esse elemento é essencial para o desenvolvimento das plantas, uma vez que irá
constituir suas proteínas e ácidos nucleicos. Qual é o elemento químico referido pelo autor e,
considerando que na natureza as plantas carnívoras o obtêm dos animais que capturam, explique de
que forma as espécies vegetais não carnívoras o obtêm.

Não pare por aqui! Qual a importância deste elemento químico para os animais? A forma que nós
conseguimos este elemento é mais parecida com a das plantas carnívoras ou como as outras plantas?

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2. (UFJF) Um estudo publicado em maio de 2016 na revista Science Advances mostra que as florestas
tropicais secundárias podem contribuir para mitigar as mudanças climáticas globais. Um grupo de
pesquisadores de diferentes nações, incluindo o Brasil, analisou 1.148 florestas secundárias ou em
regeneração – que voltam a crescer após terem sido convertidas em áreas de pastagem ou agrícola –
na América Latina e Caribe. Os autores observaram que em 20 anos essas florestas recuperaram 122
toneladas de biomassa por hectare. Isso corresponde à absorção de aproximadamente três toneladas
de CO2 por hectare por ano – quase 11 vezes mais do que a taxa de absorção das florestas tropicais
primárias, aquelas em estágios avançados de sucessão e maturidade florestal. Se protegido
adequadamente, esse tipo de vegetação neutralizaria as emissões da América Latina e do Caribe
acumuladas entre 1993 e 2014.
Fonte: Adaptado de: Pesquisa Fapesp (http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/06/07/florestas-secundarias-podem-
contribuir-para-mitigaras-mudancas-climaticas/). Acesso em 20/Out/2016.
Pergunta-se:
a) Por que a produção primária é maior nas florestas secundárias em relação às florestas primárias?
b) Considerando a sucessão da floresta, explique a relação entre aumento da biomassa e homeostase
nas florestas secundárias.
c) O Brasil participa do Protocolo de Quioto desde 2002. As florestas secundárias brasileiras
poderiam ser utilizadas no âmbito do Protocolo de Quioto? Explique.

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Gabaritos
1. O elemento químico citado no texto é o nitrogênio. As espécies vegetais não carnívoras o obtêm através
da absorção de compostos nitrogenados pela raiz, principalmente, o íon nitrato.

Não pare por aqui! O nitrogênio é importante pros animais para formar as mesmas substâncias: proteínas
e ácidos nucleicos, além da estrutura de outros compostos orgânicos. A forma que n[os conseguimos
este elemento é mais semelhante às plantas carnívoras, afinal humanos e os outros animais conseguem
nitrogênio pela alimentação.

2. a) As florestas primárias, em função da idade avançada, já chegaram a níveis máximos de estocagem


de carbono e deixam de absorver quantidades elevadas de CO2 da atmosfera, com um processo de ganho
(via fotossíntese) balanceado com a perda (via respiração), atingindo o ponto de compensação fótico.
Já as florestas secundárias estão em franco desenvolvimento, incorporando mais CO2 da atmosfera em
processo de ganho (via fotossíntese) superior à perda (via respiração), gerando uma elevada
produtividade primária líquida.

b) O ecossistema em sucessão secundária tende a aumentar sua biomassa, o que permite o


aparecimento de novos nichos ecológicos e ao aumento da diversidade de espécies na comunidade.
Este crescimento da teia de relações entre seus componentes permite à comunidade ajustar-se cada vez
mais às variações impostas pelo meio, aumentando sua homeostase – capacidade de manter-se estável
apesar das variações ambientais. O máximo da homeostase será atingido quando a sucessão atingir seu
clímax, como observado nas florestas primárias.

c) Sim. O Protocolo de Quioto é um Tratado Internacional para a redução de gases de efeito estufa em
escala global. Tendo em vista que o dióxido de carbono (CO2) representa um dos principais gases de
efeito estufa, e que as florestas secundárias possuem alto potencial de estocagem/sequestro deste
carbono em sua biomassa, as florestas secundárias brasileiras ajudariam na redução do carbono
atmosférico.

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